COPPE/UFRJ ANÁLISE DE FUNDAÇÕES RASAS EM ARGILA PARA PLETs Mariana Duncan Schmid Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientadores: Murilo Augusto Vaz Maria Cascão Ferreira de Almeida Rio de Janeiro Setembro de 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. ANÁLISE DE FUNDAÇÕES RASAS EM ARGILA PARA PLETs Mariana Duncan Schmid DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D. ________________________________________________ Prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Márcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D. ________________________________________________ Dr. Rafael Familiar Solano, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 2009 Schmid, Mariana Duncan Análise de Fundações Rasas em Argila para PLETs/ Mariana Duncan Schmid. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009. XVII, 109 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Murilo Augusto Vaz Maria Cascão Ferreira de Almeida Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2009. Referências Bibliográficas: p. 77-80. 1. Fundações rasas. 2. PLET. 3. Equipamentos submarinos. I. Vaz, Murilo Augusto et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título. iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família e aos meus amigos. iv AGRADECIMENTOS Primeiro de tudo, obrigada aos meus pais e irmão, pelo suporte, amor, carinho e compreensão ao longo de toda a minha existência. A todos os meus amigos, em especial: Fátima, Juliana, Bruna e Márcio, pela paciência, quando eu dizia que não podia ir aos encontros, viagens, escaladas, mergulhos etc., porque tinha que estudar. Ao Huei pelo companherismo ao longo do Mestrado e ao Maurício pelo incentivo de iniciar e terminar esta jornada. Ao Alexandre por ter me emprestado o seu micro novo, antes mesmo de utilizá-lo, para eu rodar as análises necessárias à dissertação. À FMC Technologies por permitir a dedicação de parte do meu tempo ao mestrado. Ao Programa de Engenharia Oceânica pela oportunidade de aprendizado. Aos professores Murilo Vaz, Maria Cascão e Márcio Almeida pelos ensinamentos, orientação e ajuda necessários à conclusão do mestrado. Em especial a professora Maria que sempre, muito solícita, me orientou, inclusive em horários nada convencionais: à noite, nos fins-de-semana etc.. Ao aluno de doutorado Bruno Lima pela ajuda e tempo dispensado. A todos os meus amigos, familiares e colegas de trabalho que não foram mencionados, mas que participaram, contribuíram e torceram para a minha formação. v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) ANÁLISE DE FUNDAÇÕES RASAS EM ARGILA PARA PLETs Mariana Duncan Schmid Setembro/2009 Orientadores: Murilo Augusto Vaz Maria Cascão Ferreira de Almeida Programa: Engenharia Oceânica O presente trabalho compara metodologias utilizadas nos projetos de fundações rasas de equipamentos submarinos do tipo PLET (Pipeline End Termination), muito utilizado na indústria do petróleo em sistemas submarinos de produção de óleo. As análises efetuadas simulam etapas de instalação e operação do equipamento ao longo da sua vida. A interação solo-estrutura é analisada, considerando a influência de esforços verticais e laterais sobre uma base assentada em solo argiloso, característico do fundo do mar na região da Bacia de Campos, Campo de Roncador. Os resultados obtidos utilizando o método analítico proposto pela norma internacional API RP-2A-WSD (American Petroleum Institute – Recommended Practice – Working Stress Design) são comparados com os obtidos por meio de uma análise numérica, em estado plano de deformação, com a utilização do programa PLAXIS-2D v.8, próprio para a análise de problemas geotécnicos e de interação soloestrutura. Os resultados numéricos obtidos corroboram e completam os resultados previstos analiticamente. vi Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) ANALYSIS OF SHALLOW FOUNDATIONS ON CLAY APPLIED TO PLETs Mariana Duncan Schmid September/2009 Advisors: Murilo Augusto Vaz Murilo Augusto Vaz Maria Cascão Ferreira de Almeida Department: Ocean Engineering This work compares different methodologies used for the design of shallow foundations of PLET (Pipeline End Termination) seabed equipments, typically used in the oil and gas industry. The analyses undertaken are representative of different stages of the installation and operation of the PLET equipment along its design life. Aspects associated with soil-structure interaction are taken into account, and the influences of vertical and lateral loads are also considered in the design of a PLET equipment on soft clay, typical of the seabed in the Campos Basin, Roncador Field. The results obtained according to the analytical method proposed in the international code API (American Petroleum Institute) are compared with those obtained through numerical analyses using the software PLAXIS-2D v.8, suitable for geotechnical and soil-structure engineering problems. The numeric results agree well with those analytically predicted. vii Sumário CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.......................................................................... 1 1.1 GENERALIDADES .......................................................................................................... 1 1.2 EQUIPAMENTOS SUBMARINOS DE INTERLIGAÇÃO ................................................ 2 1.2.1 Manifolds...................................................................................................................... 3 1.2.2 PLEM (Pipeline End Manifold) ..................................................................................... 5 1.2.3 PLET (Pipeline End Termination) ................................................................................ 6 1.2.4 ILT (In Line Tee)........................................................................................................... 7 1.3 ARRANJO SUBMARINO ................................................................................................ 9 1.4 MOTIVAÇÃO.................................................................................................................. 12 1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 12 1.5.1 A origem da Mecânica dos Solos .............................................................................. 12 1.5.2 Capacidade de carga em fundação rasa................................................................... 15 1.5.3 A Mecânica dos Solos Offshore................................................................................. 21 CAPÍTULO 2 – DESCRIÇÃO DO PLET .......................................................... 24 CAPÍTULO 3 – DESCRIÇÃO DO PROBLEMA............................................... 32 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PLET..................................................................................... 33 3.2 CASOS ANALISADOS.................................................................................................. 34 3.3 PARÂMETROS DO SOLO ............................................................................................ 37 CAPÍTULO 4 – MÉTODO ANALÍTICO ............................................................ 40 4.1 ESTABILIDADE DE FUNDAÇÕES RASAS ................................................................. 41 4.1.1 Capacidade de carga não drenada (φ= 0) ................................................................. 41 4.1.2 Estabilidade ao escorregamento ............................................................................... 45 4.2 DEFORMAÇÃO ESTÁTICA DE FUNDAÇÕES RASAS .............................................. 46 4.2.1 Deformações imediatas ............................................................................................. 46 4.2.2 Deformações ao longo do tempo............................................................................... 47 4.3 RESUMO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS.............................................................. 51 CAPÍTULO 5 – MÉTODO NUMÉRICO............................................................ 52 5.1 DADOS DE ENTRADA.................................................................................................. 52 5.1.1 Malha e condições de contorno ................................................................................. 53 5.1.2 Solo ............................................................................................................................ 54 5.1.3 Carregamentos .......................................................................................................... 55 5.1.4 Critérios de convergência .......................................................................................... 57 5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 62 5.2.1 CASO 1 – Instalação do PLET .................................................................................. 62 5.2.2 CASO 2 – Instalação do MCV ................................................................................... 65 5.2.3 CASO 3 – Expansão térmica do duto ........................................................................ 68 viii CAPÍTULO 6 – ANÁLISES E RESULTADOS ................................................. 71 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................................ 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 77 ANEXOS .......................................................................................................... 81 A.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOTÉCNICA PARA PROJETO DA FUNDAÇÃO DO PLET .............................................................................. 81 A.2 MEMÓRIA DE CÁLCULO ANALÍTICO ................................................ 92 ix Lista de Figuras Figura 1.1 – Manifold sendo embarcado na balsa de transporte (cortesia FMC Technologies)..................................................................................................................4 Figura 1.2 – Manifold sendo transportado para a sonda de instalação (cortesia FMC Technologies)..................................................................................................................4 Figura 1.3 – PLEM sendo instalado via cabo (cortesia FMC Technologies)...................5 Figura 1.4 – PLEM projetado para facilitar traçado do arranjo submarino (cortesia FMC Technologies)..................................................................................................................5 Figura 1.5 – PLET no início do lançamento (cortesia FMC Technologies).....................6 Figura 1.6 – PLET com válvula de bloqueio e mandril para conexão vertical (cortesia FMC Technologies).........................................................................................................7 Figura 1.7 – ILT com duas derivações para conexões horizontais futuras (cortesia FMC Technologies)..................................................................................................................8 Figura 1.8 – ILT com derivação “pigável”........................................................................8 Figura 1.9 – Exemplo de aplicação de PLET................................................................10 Figura 1.10 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLEM, PLET e ILT.................................................................................................................................10 Figura 1.11 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLET e Manifold (cortesia FMC Technologies)........................................................................................11 Figura 1.12 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLET e Manifold (cortesia FMC Technologies)........................................................................................11 Figura 1.13 (A) – Superfície de ruptura do solo – Ruptura Geral (FELTEN, 2009).......16 Figura 1.13 (B) – Curva Carga x Recalque – Ruptura Geral (FELTEN, 2009).............16 Figura 1.14 (A) – Superfície de ruptura do solo – Ruptura Local (FELTEN, 2009).......17 Figura 1.14 (B) – Curva Carga x Recalque – Ruptura Local (FELTEN, 2009)..............17 Figura 1.15 (A) – Superfície de ruptura do solo – Ruptura por Puncionamento (FELTEN, 2009)............................................................................................................17 x Figura 1.15 (B) – Curva Carga x Recalque – Ruptura por Puncionamento (FELTEN, 2009).............................................................................................................................17 Figura 1.16 – Modo de ruptura para sapata a uma profundidade D – TERZAGHI (1943)............................................................................................................................21 Figura 2.1 – PLET típico (cortesia FMC Technologies).................................................25 Figura 2.2 – Teste de abertura e travamento das varandas – Içamento do PLET (cortesia FMC Technologies)........................................................................................26 Figura 2.3 – Teste de abertura e travamento das varandas – Abertura das varandas (cortesia FMC Technologies)........................................................................................27 Figura 2.4 – Teste de abertura e travamento das varandas – Travamento das varandas (cortesia FMC Technologies)........................................................................................27 Figura 2.5 – PLET sendo manuseado no navio de instalação......................................29 Figura 2.6 – PLET sendo posicionado para lançamento...............................................29 Figura 2.7 – Exemplo de PLET com dois mandris – hubs (cortesia FMC Technologies)................................................................................................................29 Figura 2.8 – Teste de conexão vertical do Jumper no PLET........................................30 Figura 2.9 – Teste de conexão de um Jumper em dois PLETs....................................30 Figura 2.10 – PLET instalado com uma linha de gas lift conectada (cortesia FMC Technologies)................................................................................................................31 Figura 3.1 – PLET estudado (dimensões em mm)........................................................33 Figura 3.2 – PLET instalado, antes da conexão do MCV (cortesia FMC Technologies)................................................................................................................35 Figura 3.3 – PLET com o MCV conectado (cortesia FMC Technologies).....................36 Figura 3.4 – PLET com deslocamento prescrito imposto (cortesia FMC Technologies)................................................................................................................36 Figura 3.5 – Índice de compressão do solo...................................................................39 Figura 4.1 - Fatores recomendados para capacidade de carga, conforme API (2007)............................................................................................................................42 xi Figura 4.2 - Cargas equivalentes..................................................................................43 Figura 4.3 – Área efetiva de uma base retangular, conforme API (2007).....................43 Figura 5.1 – Malha gerada para o solo modelo 1..........................................................53 Figura 5.2 – Malha gerada para o solo modelo 2..........................................................53 Figura 5.3 – Malha gerada para o solo modelo 3..........................................................54 Figura 5.4 – Carregamento do Caso 1..........................................................................56 Figura 5.5 – Carregamento do Caso 2..........................................................................57 Figura 5.6 – Carregamento do Caso 3..........................................................................57 Figura 5.7 – Tela do Plaxis com os parâmetros de controle do procedimento de interação........................................................................................................................58 Figura 5.8 – Solucão computacional X solução exata (Plaxis, 2002)............................59 Figura 5.9 (A) – Processo de iteração com abrandamento (Plaxis, 2002)....................60 Figura 5.9 (B) – Processo de iteração sem abrandamento (Plaxis, 2002)....................60 Figura 5.10 (A) – Procedimento iterativo com controle normal do carregamento (Plaxis, 2002).............................................................................................................................61 Figura 5.10 (B) – Procedimento iterativo com controle de carga por comprimento de arco (Plaxis, 2002).........................................................................................................61 Figura 5.11 – Tela do Plaxis com as etapas de cálculo do Caso 1...............................62 Figura 5.12 – Gráfico da capacidade de carga para o Caso 1......................................63 Figura 5.13 – Resultado de análise numérica no Plaxis mostrando a formação da superfície de ruptura prevista por Terzaghi (1943).......................................................64 Figura 5.14 – Malha deformada com o carregamento real – Caso 1............................65 Figura 5.15 – Gráfico da capacidade de carga para o Caso 2......................................66 Figura 5.16 – Malha deformada com o carregamento real – Caso 2............................68 Figura 5.17 – Gráfico da força necessária ao deslocamento prescrito.........................69 Figura 5.18 – Malha deformada – Caso 3.....................................................................70 Figura A.1.1 – Mapa batimétrico e de EDGE da área de interesse..............................83 Figura A.1.2 – Mapa de declividade do fundo marinho.................................................83 xii Figura A.1.3 – Projeção das locações do GT-668 e do Ponto de Interesse em perfil sísmico de alta resolução (SBP)...................................................................................84 Figura A.1.4 (A) – Variação de γsub com a profundidade...............................................86 Figura A.1.4 (B) – Variação de índice de vazios com a profundidade..........................86 Figura A.1.5 – Perfil de variação de Su com a profundidade........................................87 Figura A.1.6 – Discretização do perfil de resistência não drenada...............................89 xiii Lista de Tabelas Tabela 1.1 – Fatores de forma – TERZAGHI (1943).....................................................20 Tabela 1.2 – Fatores de Capacidade de Carga – TERZAGHI (1943)...........................20 Tabela 3.1 – Cálculo da Resistência não drenada do Solo para atender a API RP 2A (2007)............................................................................................................................38 Tabela 4.1 - Resultados da análise de recalque consolidado.......................................50 Tabela 4.2 – Resumo dos resultados............................................................................51 Tabela 5.1 – Parâmetros de entrada para caracterização do solo................................55 Tabela 5.2 – Carregamento analisados........................................................................56 Tabela 5.3 – Resultados encontrados para a análise do Caso 1..................................64 Tabela 5.4 – Resultados encontrados para a análise do Caso 2..................................67 Tabela 5.5 – Resultados encontrados para a análise do Caso 3..................................69 Tabela 6.1 – Capacidade de carga vertical...................................................................71 Tabela 6.2 – Capacidade de carga horizontal...............................................................72 Tabela 6.3 – Deslocamento vertical imediato................................................................73 Tabela 6.4 – Tombamento............................................................................................73 Tabela A.1.1 – Distribuição granulométrica em diferentes profundidades do testemunho....................................................................................................................85 Tabela A.1.2 – Parâmetros de compressibilidade obtidos em amostras......................90 xiv Notações SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANM Árvore de Natal Molhada API American Petroleum Institute FPSO Floating Production Storage and Offloading FS Fator de de segurança ILT In Line Tee MCV Módulo de Conexão Vertical PIG Pipeline Inspection Gauge PLEM Pipeline End Manifold PLET Pipeline End Termination ROV Remotely Operated Vehicle RP Recommended Practice SBP Sub Bottom Profiler (sísmica de alta resolução) WSD Working Stress Design xv SÍMBOLOS A’ Área efetiva da fundação A_linha Área efetiva da fundação bc Fator de correção devido à inclinação da base B Largura da fundação B’ Largura efetiva da fundação B_linha Largura efetiva da fundação c Resistência não drenada do solo, o mesmo que “Su” Cc Índice de compressão do solo Ce Índice de expansão do solo Cr Índice de recompressão do solo dc Fator de correção devido à profundidade dq Fator de correção devido à profundidade D Profundidade de recalque da fundação e Excentricidade e0 Índice de vazios do solo E Módulo de Young FS Fator de segurança gc Fator de correção devido à inclinação do solo G Módulo de cisalhamento elástico h Espessura de camada de solo H Carga horizontal aplicada ao equipamento ic Fator de correção devido à inclinação Kc Fator de correção L Comprimento da fundação L’ Comprimento efetivo da fundação L_linha Comprimento efetivo da fundação M Momento atuante sobre fundação xvi Nc Fator de capacidade do solo, depende de φ Nq Fator de capacidade do solo, depende de φ Nγ Fator de capacidade do solo, depende de φ Q Máxima carga vertical para ruptura do solo Qmcv Peso do MCV Qplet Peso do PLET Qt Peso total R Raio equivalente da fundação sc Fator de correção devido à forma da fundação uh Deslocamento horizontal da fundação uv Deslocamento vertical da fundação z Profundidade Su Resistência não drenada do solo, o mesmo que “c” σ’vm Tensão de pré-adensamento do solo β Inclinação do solo (talude) φ Ângulo de atrito do solo γ Peso específico do solo γsub Peso específico submerso do solo π Constante circular, dada pela razão entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência, valor aproximado de 3,14159 ν Coeficiente de Poisson θ Ângulo entre H e o eixo maior da fundação θr Rotação devido ao tombamento θt Rotação devido à torção xvii CAPÍTULO 1 – Introdução O presente trabalho apresenta o estado atual da indústria de equipamentos submarinos para exploração de óleo e gás, enfatizando a importância dos equipamentos de interligação submarina. Neste primeiro capítulo são apresentados os equipamentos de interligação submarina mais típicos, com suas características principais. Em seguida a motivação para a escolha do tipo de equipamento aqui analisado e a revisão bibliográfica de problemas geotécnicos relacionados a equipamentos submarinos. O capítulo 2 descreve o equipamento estudado, PLET (Pipeline End Termination), definindo as necessidades que levaram ao desenvolvimento do projeto deste tipo de equipamento, suas funções / aplicações e seus principais componentes. O capítulo 3 descreve o problema, caracterizando o PLET, os casos de carregamento ao qual o equipamento é submetido ao longo de sua instalação e operação, citando a importância do cálculo de fundação na concepção do projeto e as consequências de um mal dimensionamento e definindo o solo adotado nas análises. Os métodos analítico e numérico são descritos nos capítulos 4 e 5, respectivamente, sendo os resultados obtidos analisados e comparados no capítulo 6. Finalmente o capítulo 7 apresenta as conclusões e propostas para trabalhos futuros. 1.1 GENERALIDADES A exploração de petróleo e seus derivados no mar tem se tornado cada vez mais atrativa. Este fato é impulsionado pela crescente alta nos preços do petróleo e pelo declínio da produção dos poços em terra. Explorar petróleo no mar, no entanto, apresenta uma série de dificuldades, aumentando os custos de extração e diminuindo as margens de lucro. Desta forma, a 1 exploração começou em águas rasas, e, à medida que os preços do barril aumentam, a exploração em águas profundas torna-se mais viável a profundidades cada vez maiores. Dentre as dificuldades de exploração em águas profundas e ultra-profundas, encontram-se o desenvolvimento e o aprimoramento dos equipamentos de interligação submarina, uma vez que o uso de mergulhadores para esta função fica descartado. 1.2 EQUIPAMENTOS SUBMARINOS DE INTERLIGAÇÃO Plataformas e navios convertidos são utilizados para escoar a produção do mar e controlar a produção. Em águas rasas, as plataformas costumam ser fixas ao fundo do mar, controlando poucos poços ou mesmo apenas um poço. A produção é escoada através de um duto rígido do poço à plataforma, sendo os controles residentes nas próprias plataformas (árvores de natal secas) e todas as conexões submarinas são feitas por mergulhadores. Com o aumento da profundidade de exploração dos poços, as plataformas passam a ser flutuantes, ancoradas ao fundo de alguma forma. Sendo este tipo de fixação pouco rígida, a interligação poço-plataforma passa a ser preferivelmente feita utilizando linhas flexíveis. As plataformas começam a ganhar tamanho para poderem controlar e receber a produção de vários poços de uma vez e em profundidades cada vez maiores, o que, limitando o uso de mergulhadores, fez surgir a necessidade de equipamentos para conexão submarina por ROV (Remotely Operated Vehicle). A utilização de linhas flexíveis, no entanto, tem suas desvantagens quando comparadas às linhas rígidas: maior preço e menor resistência ao colapso por pressão externa. Além disso, para otimizar a utilização das plataformas e navios, a maior quantidade possível de poços deve ser explorada por uma única embarcação. De forma a otimizar a exploração das reservas energéticas, o uso inteligente de linhas rígidas e flexíveis se faz necessário, assim como a conexão de vários poços 2 em uma única linha. Desta necessidade surgiram os equipamentos submarinos de interligação, onde os mais típicos são: Manifold, PLEM (Pipeline End Manifold), PLET (Pipeline End Termination) e ILT (In Line Tee). Cada um destes equipamentos surgiu para atender a uma necessidade específica e à medida que a indústria evolui, novas aplicações são adaptadas. A seguir será dada uma breve explicação sobre esses equipamentos. 1.2.1 Manifolds São os maiores equipamentos do sistema de interligação submarina, utilizados para reunir diversar linhas, permitindo várias conexões submarinas. Uma de suas funções é reunir diversos poços a uma quantidade menor de linhas que vão à superfície ou a outro equipamento, reduzindo a quantidade necessária de linhas no fundo do mar. Os manifolds são os equipamentos mais complexos por apresentarem vários sistemas de conexão, módulos de controles, sistemas de medição etc. Na Figura 1.1 pode-se observar um manifold sendo embarcado na balsa que o transportará para a sonda responsável por fazer a sua instalação. Este transporte é ilustrado na Figura 1.2. 3 Figura 1.1 – Manifold sendo embarcado na balsa de transporte (cortesia FMC Technologies) Figura 1.2 – Manifold sendo transportado para a sonda de instalação (cortesia FMC Technologies) 4 1.2.2 PLEM (Pipeline End Manifold) É um equipamento de final de linha, porém sua instalação independe da instalação da linha, é feita por cabos, conforme pode-se observar na Figura 1.3. O PLEM é um “mini manifold”, ou seja, um manifold simplificado que permite a junção de mais de uma linha, dando alternativas para o arranjo submarino. Outra aplicação para este equipamento, no que diz respeito a arranjo submarino, é que este facilita o traçado do mesmo, permitindo curvas com raios bem menores do que os permitidos para as linhas, tanto rígidas quanto flexíveis. Na Figura 1.4 pode-se observar um PLEM projetado para esta aplicação específica. Outra função do PLEM é permitir direcionar a passagem de PIG (Pipeline Inspection Gauge) e/ou produção utilizando-se de válvulas direcionais, ou seja, este equipamente permite a inclusão de válvulas direcionais no sistema submarino. Figura 1.3 – PLEM sendo instalado via Figura 1.4 – PLEM projetado para facilitar traçado cabo (cortesia FMC Technologies) do arranjo submarino (cortesia FMC Technologies) 5 1.2.3 PLET (Pipeline End Termination) O PLET, assim como o PLEM, é um equipamento de final de linha, sendo porém instalado junto com a linha. Este equipamento foi originalmente projetado para fazer a transição entre linha rígida e linha flexível. Os PLETs podem ser instalados tanto em primeira ponta, ou seja, ele é lançado antes da linha e esta em seguida, quanto em segunda, quando a linha desce antes do equipamento. Na Figura 1.5 pode-se observar o início do lançamento (instalação) de um PLET em primeira ponta (ou extremidade). Normalmente os PLETs possuem ao menos uma válvula de bloqueio para permitir que a linha seja instalada vazia, dimuindo assim a carga no navio de instalação. Na Figura 1.6 pode-se observar um exemplo de PLET que será soldado a um duto rígido, que possui uma válvula de bloqueio e que permite uma conexão vertical futura. Outra característica deste equipamento é permitir o deslocamento horizontal, durante a produção, acomodando as expansões térmicas dos dutos. Figura 1.5 – PLET no início do lançamento (cortesia FMC Technologies) 6 Figura 1.6 – PLET com válvula de bloqueio e mandril para conexão vertical (cortesia FMC Technologies) 1.2.4 ILT (In Line Tee) São equipamentos de meio de linha, sendo por isso, instalados junto com a linha. A principal função do ILT é permitir a inclusão de uma ou mais derivações no meio da linha. Essas derivações são realizadas através de conexões futuras, após o término do lançamento da linha. A Figura 1.7 mostra um exemplo deste equipamento com duas derivações, para conexões horizontais e a Figura 1.8 outro exemplo que apresenta uma derivação “pigável”, ou seja, que permite a passagem de PIG, esta derivação é preparada para uma conexão vertical. 7 Figura 1.7 – ILT com duas derivações para conexões horizontais futuras (cortesia FMC Technologies) Figura 1.8 – ILT com derivação “pigável” 8 Todos estes equipamentos possuem uma característica comum: utilizam uma base de fundação para não afundarem no solo marinho. Por serem responsáveis por permitir conexões futuras, todos eles têm o requisito de possuirem uma estabilidade quando assentados no solo marinho. Este requisito é fundamental para possibilitar as conexões futuras. A base destes equipamentos, além de seu próprio peso, deve suportar as cargas provenientes das linhas e as cargas de instalação das futuras conexões. Desta forma, existe uma grande variedade de combinações de ações para os cálculos das fundações destes equipamentos, já que são submetidos aos mais variados tipos de carregamentos, podem possuir duas ou mais saídas, podem ser instalados em solos arenosos, siltosos ou argilosos, além de sofrerem com as diferentes inclinações do leito oceânico. 1.3 ARRANJO SUBMARINO Variados tipos de arranjos submarinos podem ser utilizados, conforme a profundidade, o tipo e o tamanho do reservatório, as experiências anteriores da operadora, os equipamentos e os navios disponíveis entre outros aspectos. A Figura 1.9 ilustra um arranjo submarino simples, com a utilização de PLETs na linha que escoa a produção de uma árvore de natal molhada (ANM) para um navio convertido para receber produção de petróleo, FPSO (Floating Production Storage and Offloading). 9 Figura 1.9 – Exemplo de aplicação de PLET A Figura 1.10 mostra o arranjo submarino de um campo onde são utilizadas somente linhas flexíveis e a opção pela utilização dos PLETs possibilitou que estas linhas fossem lançadas antes do término da perfuração e completação dos poços. Sendo os PLETs o foco do presente trabalho, estes econtram-se assinalados, com um círculo branco, para facilitar a identificação dos mesmos. Figura 1.10 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLEM, PLET e ILT (cortesia FMC Technologies) 10 As Figuras 1.11 e 1.12 ilustram outras configurações de campo, com a utilização de vários tipos de equipamentos de interligação e combinações de linhas rígidas e flexíveis, mas sempre com a utilização de PLETs. Figura 1.11 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLET e Manifold (cortesia FMC Technologies) Figura 1.12 – Exemplo de arranjo submarino com utilização de ANM, PLET e Manifold (cortesia FMC Technologies) 11 1.4 MOTIVAÇÃO O PLET está presente na grande maioria dos arranjos submarinos em águas profundas e ultra-profundas e a sua fundação é de extrema relevância na concepção do projeto do equipamento, uma vez que este precisa respeitar as limitações de espaço do navio de instalação da linha, tem que ter o peso otimizado para minimizar o uso de flutuadores durante a instalação, facilitando esses procedimentos e não sobrecarregando a linha. Existem algumas normas que regulamentam os cálculos de fundação. No entanto, à medida que a indústria evolue, novas combinações de fatores ocorrem que já não são bem cobertas por estas normas. O objetivo deste estudo é fazer uma análise de caso, obtendo resultados numéricos com a utilização de um software específico para solução de problemas geotécnicos – PLAXIS versão 8 – e confrontá-los com os obtidos em formulações analíticas, recomendadas pela norma API RP 2A – SWD (Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing Fixed Offshore Platforms – Working Stress Design, 2007). Objetiva-se a validação da utilização das análises numéricas como uma alternativa mais sofisticada e menos conservadora, possibilitando o estudo de um número crescente de casos. 1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.5.1 A origem da Mecânica dos Solos A necessidade do estudo de solos remonta do início das civilizações com o início das grandes obras arquitetônicas como as pirâmides do Egito, os templos da Babilônia, a Grande Muralha da China, o Coliseu, as estradas e os aquedutos do Império Romano. 12 No entanto, os primeiros registros de estudos sobre o comportamento quantitativo dos solos ocorrem a partir do século XVII com VAUBAN (1687), COULOMB (1773) e RANKINE (1856), por exemplo, que consideraram os solos como “massas ideais de fragmentos”, com propriedades de material homogêneo. Esses estudos realizados foram mais matemáticos do que físicos, ou seja, as conclusões encontradas não foram ajustadas à realidade física. Sendo assim, apesar de suas limitações sabidas atualmente, esses estudos deram origem às “teorias clássicas” sobre o equilíbrio dos maciços terrosos. Porém, a não consideração do comportamento físico do solo teve como consequência sérios acidentes ocorridos com grandes obras de engenharia. Dando fim ao período clássico, ou, como denomina o VARGAS (1977), à “engenhariamatemática do Século XIX”, e dando lugar ao “caminho fecundo da engenharia-ação do Século XX”, inicia-se o período atual, que caracteriza-se, essencialmente, pelo desenvolvimento baseado em dados fornecidos pela experiência e pela observação interpretada dos fenômenos ocorridos na natureza. Pode-se citar alguns exemplos de acidentes ocorridos ao redor do mundo e as providências adotadas visando esclarecer as razões. Sucessivos escorregamentos de taludes de terra durante a construção do Canal do Panamá e rupturas de barragens de terra e vários recalques de grandes edifícios nos Estados Unidos fizeram com que a American Society of Civil Engineers, em 1913, nomeasse uma comissão, sob a presidência de Cummings, para analisar esses fatos. exprimir Uma das conclusões centrais do trabalho foi a necessidade de se quantitativamente as propriedades dos solos, estabelendo-se uma classificação e enfatizando-se a importância das partículas coloidais dos solos. No mesmo ano, na Suécia, foi nomeada a Comissão Geotécnica Sueca, presidida pelo Prof. Fellenius, preocupada com uma série de escorregamentos de taludes de ferrovias. Em 1916 ocorreu o escorregamento de Goteborg, onde um muro 13 de cais se deslocou 5m para o lado do mar, notando-se, a cerca de 90m, um levantamento do fundo de alguns metros. Então, em 1922 foi publicado o relatório desta comissão com as suas conclusões, onde destaca-se a origem do método sueco de verificação da estabilidade de taludes, extremamente difundido nos dias atuais. Enquanto isso, na Alemanha, Krey realizava importantes estudos, devido aos acidentes com muros de cais e escorregamentos de terra, em particular na construção do Canal de Kiel. Destacam-se os estudos de resistência ao cisalhamento dos solos e os relativos à teoria dos suportes laterais. Também tem-se exemplos de acontecimentos indesejados, devido ao desconhecimento do comportamento dos solos, anteriores ao período clássico. Um deles é a Torre de Pisa um campanário autônomo da catedral da cidade italiana de Pisa que teve o início da sua construção em 1173 e que, devido à falta de conhecimento do comportamento dos solos, inclinou e, ironicamente, transformou-se em um ponto turístico muitíssimo visitado na atualidade. Com todos esses acontecimentos, em 1925 nasceu a “Mecânica dos Solos”, ou seja, a mecânica dos sistemas constituídos por uma fase sólida granular e uma fase fluida. Esse marco se deu com a publicação do livro Erdbaumechanik, pelo Prof. Karl Terzaghi que foi definitivo para a nova orientação a ser seguida na análise do comportamento dos solos. Porém, somente em 1936, os seus princípios fundamentais – alguns já revistos – foram pubicados no Primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos e Fundações, consagrando de forma definitiva esta ciência aplicada e sendo assim, oficialmente batizada. O processo evolutivo da Mecânica dos Solos tem sido extraordinário, com contribuições de quase todas as partes do mundo, inclusive do Brasil, com Ortenblad (1926), onde sua tese de doutorado contribuiu no desenvolvimento matemático da teoria do adensamento de TERZAGHI (1943) e FROHLICH (1940). 14 Os estudos de TAYLOR (1948) foram de muito interesse para o desenvolvimento dos fundamentos da Mecânica dos Solos, principalmente no que tange a consolidação, cisalhamento e estabilidade de taludes. O Prof. Karl Terzaghi, considerado o principal criador da Mecânica dos Solos, contribuiu com mais de duzentas publicações, com investigações, teorias e técnicas para aplicação de método científicos ao projeto e construção de fundações e obras de terra. A Mecânica dos Solos constitui uma ciência relativamente jovem, achando-se ainda em pleno desenvolvimento. 1.5.2 Capacidade de carga em fundação rasa Segundo a NBR 6122 (1996), tensão admissível é a carga que, aplicada à sapata, provoca recalques que não produzem inconvenientes à estrutura e, simultaneamente, oferece segurança satisfatória à ruptura ou escoamento da fundação. As fórmulas de capacidade de carga são hoje um instrumento bastante eficaz na previsão da tensão admissível, destacando-se dentre as inúmeras formulações a deTerzaghi, de Meyerhof, de Skempton, e de Brinch Hansen (com colaborações de Vesic). As fórmulas de capacidade de carga são determinadas a partir do conhecimento do tipo de ruptura que o solo pode sofrer, dependendo das condições de carregamento. TIPOS DE RUPTURA Ao se aplicar uma carga sobre uma fundação, pode-se provocar três tipos de ruptura no solo, considerado como meio elástico, homogêneo, isotrópico, semi-infinito: • Ruptura geral; • Ruptura local e • Ruptura por puncionamento. 15 Ruptura Geral Na ruptura geral, ocorre a formação de uma cunha, que tem movimento vertical para baixo, e que empurra lateralmente duas outras cunhas, que tendem a levantar o solo adjacente à fundação. Na Figura 1.13 (A) pode-se ver que a superfície de ruptura é bem definida e na Figura 1.13 (B) nota-se bem um ponto de carga máxima na curva Carga x Recalque. Figura 1.13 (A) – Superfície de ruptura do Figura 1.13 (B) – Curva Carga x solo – Ruptura Geral (FELTEN, 2009) Recalque – Ruptura Geral (FELTEN, 2009) A ruptura geral ocorre na maioria das fundações em solos pouco compressíveis de resistência finita e para certas dimensões de sapatas. Este tipo de ruptura ocorre nos solos mais rigidos, como areia compactada e muito compactas e argilas rijas e duras. Ruptura Local Neste tipo de ruptura, forma-se uma cunha no solo, mas a superfície de deslizamento não é bem definida, a menos que o recalque atinja um valor igual à metade da largura da fundação (Figura 1.14). A ruptura local ocorre em solos mais deformáveis, como areias fofas e argilas médias e moles. O presente trabalho trata de argila mole, por isso espera-se que os gráficos encontrados na análise numérica simulem este tipo de ruptura, apresentando o mesmo comportamento da curva 16 mostrada na Figura 1.14(B), este comportamento foi confirmado nas Figuras 5.12 e 5.15, conforme esperado. Figura 1.14 (A) – Superfície de ruptura do Figura 1.14 (B) – Curva Carga x solo – Ruptura Local (FELTEN, 2009) Recalque – Ruptura Local (FELTEN, 2009) Ruptura por Puncionamento Quando ocorre este tipo de ruptura nota-se um movimento vertical da fundação e a ruptura só é verificada medindo-se os recalques da fundação (Figura 1.15). A ruptura por puncionamento ocorre em solos muito compressíveis, em fundações profundas. Figura 1.15 (A) – Superfície de ruptura do solo Figura 1.15 (B) – Curva Carga x – Ruptura por Puncionamento (FELTEN, 2009) Recalque – Ruptura por Puncionamento (FELTEN, 2009) 17 CAPACIDADE DE CARGA A capacidade de carga é a tensão limite que o terreno pode suportar sem escoar (sem romper). A determinação da capacidade de carga pode ser feita tanto teoricamente, empregando fórmulas teóricas ou semi-empíricas existentes ou experimentalmente, através da execução de provas-de-carga. A seguir é apresentada a teoria de TERZAGHI (1943) para o cálculo da capacidade de carga dos solos. Esta teoria é a mais difundida para o caso de fundações diretas ou rasas que é o objeto deste estudo. Teoria de Terzaghi TERZAGHI (1943) desenvolveu uma teoria para o cálculo da capacidade de carga baseado nos estudos de PRANDTL (1920) para metais. Para tal admitiu algumas hipóteses: • Resistência ao cisalhamento do solo definida em termos da coesão c e do ângulo de atrito φ entre as partículas do solo; • Peso específico γ constante; • Material com comportamento elasto-plástico perfeito; • Material homogêneo e isotrópico; • Estado plano de deformação. Coesão c e ângulo de atrito φ são características intrínsecas do solo, sendo determinados por suas propriedades e atributos, tais como textura, estrutura, teor de matéria orgãnica, densidade, mineralogia e teor de água. A coesão do solo é a resistência ao cisalhamento de um solo, quando sobre ele não atua nenhuma força externa. A coesão é resultado da atração eletrostática entre as superfícies de partículas que estão muito próximas, e, ou, resultante do efeito de agentes cimentantes (óxidos e argila) (MITCHELL, 1976; KIMPE et al., 1983). Outra parcela da coesão do solo é resultado da tensão superficial da água nos capilares do solo, que 18 tende a aproximar as partículas entre si, sendo uma parcela da resistência ao cisalhamento de solos parcialmente saturadas (FREDLUND et al., 1993). A coesão é a principal parcela da resitência ao cisalhamento dos solos finos e coesivos, como por exemplo as argilas, já para os solos granulares ou não coesivos, como as areias, a maior parcela é devida ao ângulo de atrito interno φ. O ângulo de atrito interno do solo é a amplitude do ângulo de deslocamento dos solos. A determinação do ângulo de atrito interno de um solo pode ser realizada em laboratório através de ensaio de compressão triaxial. A formulação de Terzaghi para capacidade de carga é apresentada na Equação (1.1), onde o primeiro termo representa a parcela devida à coesão do solo, o segundo devida à sobrecarga e o terceiro ao atrito. Q = s c ⋅ c ⋅ Nc + s q⋅ q ⋅ Nq + s γ ⋅ γ ⋅ B ⋅ Nγ 2 (1.1) onde: Sc, sq e sγ são coeficientes de forma, definidos na Tabela 1.1; c é a coesão do solo; γ é o peso específico do solo onde se apóia a fundação; B é a largura, menor dimensão, da sapata; q é a pressão efetiva do solo na cota de apoio da fundação. Nc, Nq e Nγ são os fatores de carga (funções do ângulo de atrito interno φ), definidos na Tabela 1.2. 19 Tabela 1.1 – Fatores de forma – TERZAGHI (1943) Coeficiente de Forma Forma da Fundação sc, sq Sγ 1,0 1,0 Corrida 1 + 0,3 ⋅ Retangular (B < A) Quadrada (A = B) B A 1− 0,4 1,3 Circular (D = B) B A 0,6 onde: A é o comprimento da sapata, maior dimensão; B é a largura da sapata, menor dimensão; D é o diâmetro da sapata. Tabela 1.2 – Fatores de Capacidade de Carga – TERZAGHI (1943) φ 0° 5° 10° 15° 20° 22,5° 25° Nc 5,1 6,5 8,3 11,0 14,8 17,5 20,7 Nq 1,0 1,6 2,5 3,9 6,4 8,2 10,7 Nγ 0,0 0,3 0,7 1,6 3,5 5,0 7,2 φ 27,5° 30° 32,5° 35° 37,5° 40° 42,5° Nc 24,9 30,1 37,0 46,1 58,4 75,3 99,2 Nq 13,9 18,4 24,6 33,3 45,8 64,2 91,9 Nγ 10,4 15,2 22,5 33,9 54,5 81,8 131,7 A Figura 1.16 mostra como a ruptura do solo ocorre para uma sapata a uma profundidade D. 20 Figura 1.16 – Modo de ruptura para sapata a uma profundidade D – TERZAGHI (1943) 1.5.3 A Mecânica dos Solos Offshore Segundo RANDOLPH et al. (2005) o desenvolvimento das práticas de engenharia geotécnica offshore deu-se a partir das práticas utilizadas onshore. No entanto essas duas áreas de aplicação vêm divergindo durante os últimos 30 anos, em parte pela escala das fundações utilizadas offshore e, principalmente, pelas diferenças nas técnicas de construção e instalação. Por exemplo: grupos de várias estacas de tamanhos moderados vem sendo substituídos por poucas estacas com grandes diâmetros; ao invés do uso de escavação de sedimentos leves, utilização de saia nos equipamentos, transferindo a profundidade efetiva da fundação para a profundidade da ponta da saia. Operações submarinas permitem o uso de sucção como recurso na instalação de estacas, saias etc. SUKUMARAN (1998) mostra em seu estudo que a ancoragem feita com a utilização de estacas de sução se mostra a melhor opção para aplicações em águas profundas, devido a maior facilidade de instalação e a maior resistência ao carregamento lateral, uma vez que permite a utilização de diâmetros de estacas maiores. Os projetos offshore dão mais ênfase à capacidade de carga no que diz respeito às cargas cíclicas do que os projetos onshore que preocupam-se mais com as deformações. Essas diferenças fizeram com que as normas evoluíssem em separado. O mercado de equipamentos submarinos com fundação rasa adota as recomendações de projeto das normas internacionais, tais como API, DNV, NORSOK, 21 entre outras. A norma a ser adotada para o projeto, normalmente, é definida pela operadora do campo. As recomendações mais utilizadas são: • API-RP 2A-WSD – Norma do American Petroleum Institute, mais adotada pelas empresas que operam no Brasil, Golfo do México e África. Esta norma foi emitida em 2000 e está no suplemento 3, de 2007. • DNV-OS-C101 – Norma da Det Norske Veritas, geralmente adotada pelas empresas que operam no Mar do Norte. Esta norma foi emitida em 2008 foi revisada em 2009. A interface entre equipamentos submarinos e o fundo do mar tem sido objeto de vários estudos apresentados em Congressos específicos da área exemplo: Offshore, a ISFOG (International Symposium on Frontiers in Offshore Geotechnics), DOT (Deep Offshore Technology) e OTC (Offshore Technology Conference). A seguir citam-se alguns trabalhos publicados nestes congressos e em outras publicações relacionados à fundação de equipamentos submarinos. WATSON et al. (2000) estudaram por quatro anos a fundação de estacas cilíndricas, com profundidade de 40 a 50% do diâmetro, sob o efeito de cargas combinadas: horizontal, vertical e momento, em diversos tipos de solos. O estudo incluiu análise física, em centrífuga, análise numérica, em elementos finitos, e testes de laboratório (cisalhamento simples, compressão triaxial e tração indireta). Fundações de estruturas offshore sofrem grandes carregamentos horizontais e de momento devido às condições ambientais (isto é, vento, ondas e forças de correnteza) que atuam lateralmente nas estruturas junto ao carregamento vertical do peso próprio da estrutura/fundação. Fundações rasas convencionais não se comportam satisfatoriamente quando submetidas a grandes momentos, ocorrendo uma separação na interface fundação/solo submarino. Uma das soluções para este fenômeno é a utilização de fundação cilíndrica com saia que penetre no solo e confine parte deste no seu interior, porque enquanto 22 solo não drenado, uma carga de sucção é gerada no interior da saia, evitando a separação estrutura/solo. GOURVENEC et al. (2003) investigaram este tipo de fundação sob carregamentos verticais, horizontais e de momento, através de análises tridimensionais com elementos finitos e comparou com as recomendações utilizadas na indústria offshore, concluindo serem estas análises muito conservadoras e não representativas da possível gama de combinações de carregamentos que este tipo de fundação pode estar sujeito. ZHAO et al. (2005) investigaram, numa análise de elementos finitos bidirecional, a influência da componente vertical de um carregamento combinado (cargas verticais, horizontais e de momento) na definição da envoltória do mecanismo de falha do solo. GOURVENEC et al. (2007) apresentaram, baseados em resultados de análises com elementos finitos, uma envoltória de falha e mecanismos cinemáticos para o limite último não drenado de uma fundação circular com saia, num solo uniforme e heterogêneo, sob carregamento combinado (cargas verticais, horizontais e de momento). OSMAN et al. (2007) calcularam fundações circulares, aplicando modelo não linear para solos não drenados. ALLERSMA (2005) utilizou testes em centrífuga não apenas para estudar o comportamento de estacas de sucção em areia e sob diversas formas de carregamento, mas também para otimizar o seu projeto, definindo uma forma de aumentar a resistência ao escorregamento deste tipo de estrutura. WHITE et al. (2005) avaliaram a influência das furações em mudmats instaladas em argila mole, na capacidade de carga vertical da fundação. PARKER et al. (2009) realizaram estudo sobre as consequências de falhas geotécnicas (terremotos, deslizamento de terra etc.) na capacidade de carga da fundação e deslocamento de manifolds submarinos. 23 CAPÍTULO 2 – Descrição do PLET O PLET é um equipamento de terminação de linha que permite a conexão da linha a outro equipamento. É utilizado no final de uma tubulação, permitindo a instalação em trechos separados. Este equipamento foi desenvolvido para facilitar a instalação de linhas submarinas. A utilização deste equipamento permite o lançamento e a completação das linhas submarinas em partes, diminuindo a carga nas embarcações de instalação e permitindo uma flexibilidade no cronograma de lançamento das linhas. A partir deste conceito básico, o PLET foi adaptado para diferentes funções, permitindo uma grande flexibilidade para o projeto submarino, incluindo: • Transição entre linhas rígidas e flexíveis; • Lançamento das linhas vazias, evitando uma sobrecarga nos navios de lançamento de linha; • Incorporação de válvulas e outros elementos de controle da produção; • Deslocamento, durante a operação, para absorver as expansões térmicas dos dutos. Uma vez que é adotado em praticamente todos os arranjos submarinos, existem diferentes projetos para PLET, conforme os parâmetros que se apresentam, tais como: condições de trabalho e instalação, vida útil esperada, lâmina d’água, fluido escoado, tipo de solo onde ficará apoiado, equipamentos e trechos de linhas que serão suportados. Apesar das inúmeras variações de projetos de PLETs, alguns componentes são comuns a todos, conforme descrito a seguir. ESTRUTURA CENTRAL Estrutura rígida dimensionada para resistir as cargas de instalação, tanto em primeira ponta/extremidade quanto em segunda. 24 Além disso ela suporta a tubulação, uma terminação que permite uma conexão futura (mandril ou hub), e uma base que apoia no leito marinho, evitando que o PLET seja enterrado. Na Figura 2.1 pode-se identificar a estrutura central. Flutuador Mandril Estrutura Central Varanda Varanda Garfo Figura 2.1 – PLET típico (cortesia FMC Technologies) GARFO (YOKE) Estrutura articulada, fixa a estrutura central que visa facilitar a instalação e diminuir o momento no flange de conexão da linha. BASE ARTICULADA (VARANDAS) O PLET é um equipamento de linha, ou seja, ele é instalado junto com a linha seja ela flexível ou rígida, por isso as suas dimensões precisam ser compatíveis com os navios de instalação das linhas. Sendo assim, uma característica comum à maioria dos projetos de PLETs é que a sua base (mudmat) possua varandas articuladas, possibilitando-se que o PLET seja instalado com essas varandas fechadas, conforme ilustrado na Figura 1.5. 25 Normalmente essas varandas são abertas antes do PLET assentar no leito marinho, por isso um requisito para a instalação é que sejam feitas furações nas suas chapas de fundo para minimizar o arrasto – efeito vela – do equipamento durante o lançamento. Essa base (mudmat) é importante para garantir a área de fundação necessária para que o PLET não recalque no fundo do mar. As Figuras 2.2, 2.3 e 2.4 mostram os testes executados para o ensaio da abertura e travamento dessas varandas. Na Figura 2.2 o PLET é içado para simular a posição de descida durante a instalação, na Figura 2.3 as varandas são abertas e na Figura 2.4 é checado se elas foram travadas nesta posição. Figura 2.2 – Teste de abertura e travamento das varandas – Içamento do PLET (cortesia FMC Technologies) 26 Figura 2.3 – Teste de abertura e travamento das varandas – Abertura das varandas (cortesia FMC Technologies) Sistema de travamento das varandas Mandril Figura 2.4 – Teste de abertura e travamento das varandas – Travamento das varandas (cortesia FMC Technologies) 27 MANDRIL (HUB) Permite a conexão futura de uma interligação (jumper). Esta conexão pode ser vertical ou horizontal e o jumper pode ser flexível ou rígido. OLHO DE BOI Medidor de inclinação, permite identificar a inclinação do PLET e, assim garantir que inclinação máxima permitida seja respeitada. SWIVEL Equipamento que permite absorver as torções residuais do lançamento da linha e carregamentos ambientais e, assim, garantir que o PLET chegue ao fundo do mar na posição correta. E caso o PLET chegue fora de posição que esta seja restaurada sem dano à linha ou ao equipamento. As Figuras 2.5 e 2.6 mostram dois PLETs sendo preparados para o transbordo e as demais figuras algumas variações de PLETs. A Figura 2.7 mostra detalhes de um PLET com dois mandris (hubs) e que é soldado ao duto, ou seja, não utiliza junta flangeada. As Figuras 2.8 e 2.9 ilustram testes de conexões verticais de jumpers rígidos em PLETs, nota-se que esses PLETs não precisaram de varandas articuladas. A Figura 2.10 apresenta uma foto de um PLET instalado com uma conexão horizontal de um jumper flexível. 28 Garfo Figura 2.5 – PLET sendo manuseado no navio Figura 2.6 – PLET sendo posicionado para de instalação lançamento Olho de boi Mandril Garfo Conexão com o dutro Varanda Estrutura central Figura 2.7 – Exemplo de PLET com dois mandris – hubs (cortesia FMC Technologies) 29 Figura 2.8 – Teste de conexão vertical do Jumper no PLET Figura 2.9 – Teste de conexão de um Jumper em dois PLETs 30 Conexão horizontal Figura 2.10 – PLET instalado com uma linha de gas lift conectada (cortesia FMC Technologies) 31 CAPÍTULO 3 – Descrição do problema Com as crescentes descobertas de reservatórios de óleo e gás em águas profundas e ultra-profundas, cada vez mais, o PLET vem sendo adotado nas soluções para os arranjos submarinos de exploração dos reservatórios. Esta escolha se dá pela flexibilidade que este equipamento oferece ao sistema, permitindo a otimização da utilização de linhas rígidas e flexíveis, além facilitar a instalação das mesmas, uma vez que este permite a instalação das linhas vazias, diminuindo as cargas nos navios de lançamento. No entanto, o aumento da lâmina d’água faz com que se tenha equipamentos mais pesados, como consequência do dimensionamento para resistir à pressão hidrostática, e solos mais argilosos, com menor capacidade de carga. Essa combinação de fatores gera uma necessidade de área de fundação maior. A área de fundação do PLET é um dos itens mais relevantes no projeto do equipamento, pois o PLET por ser lançado junto com a linha e precisa ser compatível com as dimensões do navio de instalação. Além disso o aumento de peso torna necessário o uso de bóias para não danificar a linha, o que é um acréscimo de custo e um dificultador ao procedimento de instalação. Uma vez instalado, o acréscimo de área necessário para garantir a capacidade de carga no solo pode se tornar um problema, pois, como o PLET é parte integrante da linha, ele precisa deslocar com a expansão térmica da mesma, para que esta não seja danificada. Neste capítulo descreve-se o PLET utilizado na análise, os casos de carga estudados, definidos de forma a abranger todas as etapas de instalação e produção de um PLET típico. São também definidas as propriedades do solo característico da região de estudo. O caso estudado é a capacidade de carga não drenada (φ = 0) do solo. Adotou-se este tipo de análise porque objetiva-se a resitência do solo, na maneira 32 como ele se encontra no fundo do mar, antes de ocorrer qualquer drenagem, visto que a fundação precisa ser dimensionada para evitar a ruptura do solo nesta condição. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PLET O PLET a ser analisado é uma estrutura metálica com área de fundação de 30m2 (5m x 6m) e peso próprio centrado de 18,5 toneladas, ou seja o centro de gravidade do equipamento coincide com o centro geométrico da fundação. Após o assentamento do PLET no fundo do mar, é instalado um MCV (Módulo de Conexão Vertical) em seu mandril de conexão. O MCV pesa 6 toneladas e induz uma carga horizontal de 1 tonelada no mandril (hub) de conexão. O mandril fica alinhado com o flange de conexão do duto, sendo assim, centrado em relação ao comprimento do PLET e deslocado 250mm do CG do PLET em relação à largura. A carga horizontal gerada é na direção e sentido da excentricidade do mandril e a 2,5m de altura do solo marinho, conforme ilustrado na Figura 3.1. Figura 3.1 – PLET estudado (dimensões em mm) 33 Ao longo da vida útil do PLET é esperado um deslocamento total de 1 metro, devido à expansão térmica do duto com a produção de óleo. Este deslocamento não ocorre de uma única vez, é consequência de várias paradas de produção ao longo da vida útil do equipamento, a cada parada de produção o duto se contrai, porém não retorna ao comprimento original e quando se reinicia a produção o duto expande novamente, a este comportamento, dá-se o nome de “walking”. Como são poucas paradas ao longo do ano, o solo se acomoda entre uma ocorrência e outra, não sendo necessário avaliar as etapas intermediárias e, por isso, optou-se por avaliar o comportamento do solo considerando o deslocamento total. 3.2 CASOS ANALISADOS Serão analisados três casos correspondentes às fases de instalação do PLET. Caso 1: Instalação do PLET. Nesta etapa é verificado o assentamento do PLET no fundo do mar, conforme ilustrado na Figura 3.2, além do recalque é importante observar a inclinação do equipamento (máxima de 3 graus), de forma que esta não inviabilize a conexão posterior do MCV. 34 Figura 3.2 – PLET instalado, antes da conexão do MCV (cortesia FMC Technologies) Caso 2: Instalação do MCV. Nesta fase, a instalação do MCV impõe à fundação uma carga vertical excêntrica e uma carga horizontal na direção da largura (menor dimensão) do PLET, que coincide com a direção do duto (Figura 3.3). Nesta etapa, também é importante garantir a inclinação máxima de 3 graus do PLET, após o assentamento do MCV, porque pode ser necessária a retirada deste módulo, devido a algum problema na instalação, como falha no teste de vedação da conexão, ou devido a algum problema futuro, seja na linha ou em qualquer outra parte do sistema. E uma vez recuperado o MCV, ele poderá ser instalado novamente. 35 Figura 3.3 – PLET com o MCV conectado (cortesia FMC Technologies) Caso 3: Deslocamento Prescrito de 1m. Esta fase corresponde ao deslocamento que o PLET sofrerá ao longo de toda a sua vida útil, devido à expansão térmica do duto com a produção de óleo. O comportamento do PLET será analisado impondo-se um deslocamento prescrito de 1m, conforme ilustrado na Figura 3.4. Figura 3.4 – PLET com deslocamento prescrito imposto (cortesia FMC Technologies) 36 3.3 PARÂMETROS DO SOLO Como o objetivo deste trabalho é avaliar a interação solo-estrutura, o solo precisa ser bem caracterizado e uma avaliação geotécnica criteriosa precisa ser feita. Os parâmetros aqui adotados baseiam-se na caracterização geológica e geotécnica de uma área localizada na transição entre os contextos fisiográficos do Talude Continental e do Platô de São Paulo, na região de desembocadura dos cânions submarinos Grussaí e Itapemirim. Uma descrição detalhada pode ser consultada no anexo A.1. Os parâmetros do solo necessários às análises encontram-se resumidos a seguir. Peso específico submerso Conforme evidenciado na Figura A.1.4 (A), adotou-se um valor médio de γsub=4,5kN/m3. Resistência do solo O perfil de resistência não drenada do solo (Figura A.1.6) conduziu à adoção das seguintes equações para a obtenção de “Su” em função da profundidade “z”: Su = 5 kPa para 0m < z < 2m Su = (0,7 + 1,8z) kPa para 2m < z < 10m Como o cálculo analítico, segundo a norma API RP 2A (2007), considera um valor fixo para resistência do solo, adotou-se um valor médio (ponderado), apresentado na Tabela 3.1, que considera a zona de influência do bulbo de tensões (ou isóbaras, que são superfícies unindo pontos de mesmo acréscimo de tensões). Menor dimensão da fundação: B=5m Zona de influência: B tan(30º) = 2,89 m Esta média ponderada é feita da seguinte forma: definida a zona de influência, calcula-se a resistência do solo para cada camada de 0,5m, ao longo da zona de influência, atribui-se um peso para esta resistência, considerando-se o somatório da 37 resistência ao longo de toda essa zona de influência, em seguida define-se um valor de contribuição de “Su” para cada camada e o somatório desses valores será o valor médio ponderado de “Su” adotado. Desta forma o valor constante de 5,21 kPa foi considerado. Tabela 3.1 – Cálculo da Resistência não drenada do Solo para atender a API RP 2A (2007) Média ponderada de Su z (m) Su (kPa) % do total 0 a 2,0 5 x 5,00 0,69 3,45 2,5 5,20 14,3 0,74 3,0 6,10 16,8 1,02 Somatório 36,30 (kPa) 5,21 Índice de vazios Um valor médio, considerado constante ao longo da profundidade de e0=2,5 foi adotado (conforme indica a Figura A.1.4 (B)). Inclinação do solo (talude) Foi adotada uma inclinação do solo marinho de 2 graus para o assentamento do PLET. Índice de Compressão Adotou-se um valor crescente do índice de compressão “Cc” até a profundidade de 5m e depois um valor médio, conforme observa-se na Figura 3.5 (de acordo com a Tabela A.1.2). 38 1 0.9 Cc 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Profundidade (m) Figura 3.5 – Índice de compressão do solo Módulo de Young Considera-se uma faixa proporcional à resistência do solo: 200.Su < E < 400. Su Coeficiente de Poisson Para a condição não drenada do solo, adotou-se o coeficiente de Poisson: ν = 0,495 39 CAPÍTULO 4 – Método analítico Este capítulo apresenta a metodologia para os cálculos analíticos dos 3 casos propostos no capítulo anterior e, ao final do mesmo, um resumo de todos os resultados encontrados. A memória de cálculo encontra-se no Anexo A.2. Cálculos conforme a norma internacional API RP 2A-WSD (2007), itens 6.12 a 6.17 – Fundações Rasas. A norma considera fundação rasa aquela que enterre menos do que a menor de suas dimensões laterais. O projeto de uma fundação rasa deve levar em conta os seguintes aspectos: 1. Estabilidade, incluindo falhas durante tombamento, rotação no plano da fundação, deslizamento ou uma combinação destes itens. 2. Deformações estáticas da fundação, incluindo possíveis danos aos seus componentes estruturais e acessórios. 3. Características dinâmicas da fundação, considerando a influência de cargas dinâmicas na sua estrutura. 4. Instabilidade hidráulica, exemplo das variações de pressão que podem causar danos estruturais. 5. Instalação e remoção, incluindo a penetração e retirada das saias de apoio das fundações e as cargas geradas pelo solo aderido à estrutura e as cargas de pressão geradas pela água aprisionada abaixo da base da fundação. O objetivo deste estudo é a avaliação da estabilidade, incluindo estabilidade ao tombamento, rotação no plano da fundação, deslizamento ou uma combinação destes itens. 40 4.1 ESTABILIDADE DE FUNDAÇÕES RASAS 4.1.1 Capacidade de carga não drenada (φ φ = 0) O desenvolvimento das equações de capacidade de carga, apresentado a seguir, considera o solo como sendo um material rígido e perfeitamente plástico que respeita o critério de Mohr-Coulomb. Esta formulação é descrita por Vesic (1975). Para as análises de capacidade de carga, o comportamento não drenado é o adotado devido ao fato do carregamento no solo ocorrer de forma rápida o suficiente para que não haja drenagem e assim não aconteça a dissipação do excesso de poro pressão. A máxima carga vertical que uma fundação (Figura 4.2) pode suportar, sob condição não drenada, é: Q = ( c Nc Kc + γ D ) A’ (4.1) onde: c é a resistência não drenada do solo ao cisalhamento (= Su). Nc é um fator de capacidade de carga que depende do ângulo de atrito do solo φ. O valor deste fator é extraído do ábaco apresentado na Figura 4.1. Kc é o fator de correção que leva em consideração a inclinação da carga, o formato da base da fundação, a profundidade de recalque, a inclinação da base e a inclinação do solo. γ é o peso específico do solo. D é a profundidade de recalque da fundação. A’ é a área efetiva da base, calculada conforme indicado na Figura 4.3. 41 Figura 4.1 - Fatores recomendados para capacidade de carga, conforme API (2007) A área efetiva da fundação A’ depende da excentricidade da carga. Este tipo de carregamento diminui a capacidade de carga vertical da fundação. Este efeito é 42 considerado na análise de capacidade de carga reduzindo-se a área efetiva da base, conforme a orientação – empírica – apresentada a seguir. A Figura 4.2 mostra uma fundação com carga excêntrica. A excentricidade "e" é a distância entre o centro da área da fundação ao ponto de atuação da força vertical resultante, medida paralelamente ao plano de contato solo-base da fundação. O ponto de atuação da resultante é o centróide da área reduzida, a distância "e" vale "M/Q", onde "M" é o momento de tombamento e "Q" a carga vertical. Figura 4.2 - Cargas equivalentes Para uma base com área retangular, a excentricidade pode ocorrer nas duas direções, com as dimensões reduzidas determinadas conforme ilustrado na Figura 4.3. Figura 4.3 – Área efetiva de uma base retangular, conforme API (2007) 43 Na Figura 4.3 "L" é o comprimento da base, "B" a largura e "e1" e "e2" são as excentricidades em relação ao comprimento e à largura, respectivamente. B’ e L’ são as dimensões efetivas. O fator de correção Kc leva em consideração a inclinação da carga (coeficiente ic), o formato da fundação (sc), a profundidade de recalque (dc), a inclinação da base (bc) e a inclinação do solo (gc). Kc = ic . sc . dc . bc . gc (4.2) onde, para φ = 0: ic = 1 − M⋅H B'⋅L'⋅c ⋅ Nc (4.3) B' Nq s c = 1 + ⋅ L' N c dc = d q − (4.4) 1 − dq (4.5) Nc ⋅ tan(φ ) 2 d q = 1 + 2 ⋅ tan(φ) ⋅ (1 − sen(φ )) ⋅ D B' (4.6) bc = 1− 2⋅α Nc (4.7) gc = 1 − 2 ⋅β Nc (4.8) onde: M é uma função adimensional de B’/L’ e do ângulo (θ) entre a força "H" e o eixo maior da base da fundação. Esta função está definida no Anexo A.2. H é a componente horizontal dos esforços na fundação. B’ é a largura efetiva da fundação, conforme mostrada na Figura 4.3. L’ é o comprimento efetivo da fundação, conforme ilustrado na Figura 4.3. c é a resistência não drenada do solo ao cisalhamento. 44 Nc é um fator de capacidade de carga que depende do ângulo de atrito do solo φ. O valor deste fator é extraído do ábaco apresentado na Figura 4.1. Nq é outro fator de capacidade de carga que também varia com o ângulo de atrito do solo φ. Assim como Nc o seu valor é retirado do ábaco ilustrado na Figura 4.1. α é a inclinação da base. β é a inclinação do solo. Uma vez calculada a capacidade de carga vertical da fundação pela Equação (4.1), esta é comparada com as cargas verticais de projeto e o fator de segurança, dado pela razão entre essas duas cargas, deve ser igual ou superior a 2. 4.1.2 Estabilidade ao escorregamento O limitante da capacidade de carga da fundação, com respeito às cargas inclinadas, é a ruptura por escorregamento. Nesta análise a norma API RP 2A (2007) recomenda o fator de segurança de 1,5. A máxima força horizontal de ruptura é dada por: H=cLB (4.9) onde: c é a resistência não drenada do solo ao cisalhamento. L é o comprimento total da fundação. B é a largura total da fundação. No Caso 3, o fator de segurança abaixo do indicado pela norma API RP 2A (2007) é aconselhável, uma vez que o PLET precisa deslizar no leito marinho para não danificar o duto quando este sofre expansão térmica. 45 4.2 DEFORMAÇÃO ESTÁTICA DE FUNDAÇÕES RASAS A máxima deformação da fundação sob carregamento estático ou equivalente afeta a integridade da estrutura, sua resistência e a de seus componentes. A seguir são apresentadas as equações aplicáveis em condições idealizadas. 4.2.1 Deformações imediatas Assumindo que o material da fundação é isotrópico e homogêneo e que a base da fundação é circular, rígida e totalmente apoiada no solo, a deformação da base sob vários carregamentos segue as equações fornecidas abaixo. Apesar desta formulação ter sido elaborada para fundações circulares, ela também se aplica às fundações retangulares quando estas possuem a largura e o comprimento na mesma ordem de grandeza. Em geral utiliza-se um raio equivalente, de forma que as áreas sejam iguais. Para deslocamento vertical, é recomendado o cálculo de acordo com: 1− ν uv = ⋅Q 4 ⋅ G ⋅R (4.10) onde: ν é o coeficiente de Poisson do solo. G é o módulo de cisalhamento elástico do solo (Teoria da Elasticidade), conforme equação (4.11). R é o raio equivalente, conforme equação (4.12). Q é a carga vertical na fundação G= E 2(1 + ν ) (4.11) onde: E é o módulo de Young do solo R= (B ⋅ L ) π (4.12) 46 Para deslocamento horizontal é sugerido o cálculo conforme: 7 −8⋅ν uh = ⋅H 32 ⋅ (1 − ν ) ⋅ G ⋅ R (4.13) O cálculo da rotação, em radianos, devida ao tombamento é recomendado que seja feito de acordo com: 3 ⋅ (1 − ν ) θr = ⋅ M 3 8 ⋅ G ⋅ R (4.14) A rotação, em radianos, devida à torção é calculada por: 3 θ t = ⋅ T 3 16 ⋅ G ⋅ R 4.2.2 (4.15) Deformações ao longo do tempo No cálculo da deformação a longo prazo apenas as cargas verticais são consideradas. No presente estudo, apenas o Caso 2 foi calculado por representar a condição do equipamento ao longo de toda a sua vida útil. A formulação descrita a seguir permite estimar um recalque vertical da camada de solo sob um carregamento vertical imposto. De acordo com a teoria válida para solos compressíveis com comportamento não linear e sendo argila, normalmente adensada, a magnitude do recalque por adensamento abaixo da estrutura (ε) que ocorrerá ao longo de toda a vida útil do equipamento é dada pelas equações: Cc ε = 1+ e0 ε= ∆q + q0 ⋅ log q0 (4.16) ∆h h (4.17) onde: Cc é o índice de compressão do solo. 47 e0 é o índice de vazios do solo. ∆q é o aumento da tensão vertical efetiva devido à carga aplicada à estrutura. q0 é a tensão efetiva vertical do solo na condição natural. Em fundações retangulares, carregadas e recalcadas no leito marinho, a carga vertical que é transferida ao solo é medida em cada camada de solo (com espessura "h", aqui adotado 1m) abaixo da linha do leito marinho. Esta avaliação é feita ao longo da diagonal da fundação (∆qcorner) e esses valores são definidos na Teoria da Elasticididade pelas seguintes relações: ∆qcorner = σ appl ⋅ Iσ m= n= B z L z (4.18) (4.19) (4.20) a = m2 + n2 +1 (4.21) b = m2 . n2 (4.22) para b > a tem-se: Iσ = 2 ⋅ a ⋅ m ⋅ n 1 2 ⋅ a ⋅m ⋅n a + 1 ⋅ ⋅ + π + a tan 4 ⋅ π a + b a a −b (4.23) para a > b tem-se: Iσ = 2 ⋅ a ⋅ m ⋅ n 1 2 ⋅ a ⋅m ⋅n a + 1 ⋅ ⋅ + a tan 4 ⋅ π a + b a a −b (4.24) onde: σappl é a tensão vertical aplicada, considerando que a força está atuando em toda a área da fundação. m, n, a e b são coeficientes necessários ao cálculo. B é a largura da fundação (menor dimensão). L é o comprimento da fundação (maior dimensão). 48 z é a profundidade abaixo da fundação. Iσ é o fator de influência da carga. Além da avaliação feita ao longo da diagonal da fundação (∆qcorner) é considerada a avaliação ao longo da linha que passa pelo centro geométrico da fundação (∆qcenter). Este cálculo é feito considerando as equações a seguir: ∆qcenter = 4 ⋅ σ appl ⋅ Iσ (4.25) B 2 m= z (4.26) L 2 n= z (4.27) onde: σappl é a tensão vertical aplicada, considerando que a força está atuando em toda a área da fundação. m, n são coeficientes necessários ao cálculo. B é a largura da fundação (menor dimensão). L é o comprimento da fundação (maior dimensão). z é a profundidade abaixo da fundação. Iσ é o fator de influência da carga, calculado pelas equações (4.23) ou (4.24), com a utilização dos coeficientes definidos nas equações (4.26) e (4.27). Considerando a espessura de camada (h) de 1m, da equação (4.17) obtém-se que o valor do recalque consolidado de cada camada abaixo da estrutura será dado pela equação (4.16). Esta avaliação é feita nos cantos da estrutura, utilizando-se as equações (4.18) à (4.24) e no centro da estrutura, com as equações (4.23) à (4.27). 49 Esses cálculos precisam ser repetidos para todas as camadas de solo, e os resultados obtidos encontram-se sintetizados na Tabela 4.1. A Tabela 4.1 apresenta os resultados do cálculo de recalque consolidado no centro e nos cantos da fundação, considerando o efeito da carga aplicada na estrutura até 20 metros abaixo do leito marinho e subdividindo essa massa de solo em camadas de 1 metro de espessura. Tabela 4.1 - Resultados da análise de recalque consolidado Observar que o recalque total no centro da fundação é de 177mm e nos cantos 76mm. Como a estrutura tem um comportamento rígido, pode-se considerar um 50 recalque médio de, aproximadamente, 127mm, abaixo da fundação. Este resultado indica o quanto o PLET estará enterrado no final de sua vida útil. 4.3 RESUMO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS A Tabela 4.2 apresenta um resumo dos resultados obtidos nas análises efetuadas no Anexo A.2. Tabela 4.2 – Resumo dos resultados 51 CAPÍTULO 5 – Método numérico Para a análise numérica foi utilizado o PLAXIS-2D v.8, um programa de elementos finitos para análises bidimensionais de problemas de deformação, de estabilidade e de fluxo de águas subterrâneas na Engenharia Geotécnica. Aplicações geotécnicas requerem avançados modelos constitutivos para simular o comportamento do solo – não linear e dependente do tempo. Como o solo é um material multifásico, são necessários procedimentos especiais para tratar as poro pressões hidrostáticas e não hidrostáticas no solo. Por isso a modelagem do solo é de extrema importância. Vários projetos de engenharia geotécnica envolvem a modelagem de estruturas e a interação entre estruturas e solos. O PLAXIS possui recursos para tratar vários problemas geotécnicos complexos. Este programa foi selecionado por ser específico para tratamento de problemas geotécnicos e permitir a simulação do comportamento do solo segundo modelos: Linear elástico, Mohr-Coulomb, Modelos Avançados ou ainda Modelo de solo definido pelo usuário. Além de possuir geração automática de malha. 5.1 DADOS DE ENTRADA O PLET foi modelado considerando um bloco com as suas dimensões máximas, ou seja, 5m x 6m x 2,5m. Como foi feita uma análise bidimensional, em estado plano de deformação, os resultados fornecidos pelo programa são para faixas de 1 metro, ou seja, para obtenção da capacidade de carga da fundação do PLET, os resultados encontrados devem ser multiplicados pela largura do mesmo, isto é, 5 metros. 52 5.1.1 Malha e condições de contorno A malha gerada automaticamente pelo programa forma elementos triangulares com 6 ou 15 nós. Elementos triangulares de 15 nós foram adotados por serem mais precisos e fornecerem resultados de alta qualidade. Foi feito um estudo de sensibilidade para definir o grau de refinamento de cada malha, como o solo do tipo 2 foi o que apresentou os piores resultados, este modelo foi descartado e por isso a sua malha, apresentada na Figura 5.2, é a que apresenta o menor grau de refinamento. As Figuras 5.1, 5.2 e 5.3 mostram as malhas geradas para cada um dos tipos de solo analisados e as condições de contorno adotadas: restrições às translações horizontais nos limites laterais do modelo e restrições ás translações nas duas direções – horizontal ou vertical – na base do modelo. Figura 5.1 – Malha gerada para o solo modelo 1 Figura 5.2 – Malha gerada para o solo modelo 2 53 Figura 5.3 – Malha gerada para o solo modelo 3 5.1.2 Solo O solo foi modelado conforme descrito a seguir: • Modelo 1: em camadas, cuja espessura varia com a profundidade, atribuindo-se um valor médio de resistência do solo para cada camada; • Modelo 2: uma camada única, atribuindo-se os valores médios ponderados definidos para o cálculo analítico; e • Modelo 3: em 2 camadas, a superior com espessura de 2m e a segunda camada com uma resistência do solo crescente com a profundidade, seguindo a equação c= 0,7 + 1,8z. Nas 3 situações, foram consideradas áreas geométricas (clusters), conforme podem ser observadas nas Figuras 5.1, 5.2 e 5.3, para possibilitar o refinamento da malha em regiões de concentrações de tensões. O programa, após geração automática da malha, permite refinamento da mesma, tanto em áreas, quanto em linhas. Para simular o comportamento do solo argiloso foi adotado o modelo elastoplástico de Mohr-Coulomb e a análise foi realizada com a utilização do recurso de 54 atualização de malha (Updated Mesh), levando em consideração os efeitos das grandes deformações. Os parâmetros que caracterizam os solos do modelo 1 ao modelo 3 foram definidos conforme apresentados na tabela Tabela 5.1. Tabela 5.1 – Parâmetros de entrada para caracterização do solo Solo 1 2 Camada (z) Modelo Comportamento do Solo Peso específico [kN/m3] Módulo de Elasticidade [kN/m2] Coeficiente de Poisson (ν) Capacidade de carga [kN/m2] Ângulo de atrito (φ) 0 a 2m MohrCoulomb Não drenado 14,5 1000 0,300 5,00 0° 2 a 4m MohrCoulomb Não drenado 14,5 1220 0,300 6,10 0° 4 a 8m MohrCoulomb Não drenado 14,5 2300 0,300 11,50 0° 8 a 14m MohrCoulomb Não drenado 14,5 4100 0,300 20,50 0° 14 a 22m MohrCoulomb Não drenado 14,5 6620 0,300 33,10 0° 0 a 60m MohrCoulomb Não drenado 14,5 1042 0,350 5,21 0° 0 a 2m MohrCoulomb Não drenado 14,5 1000 0,300 5,00 0° 2 a 40m MohrCoulomb Não drenado 14,5 860 + 360z 0,495 4,3 + 1,8z 0° 3 5.1.3 Carregamentos O programa permite a entrada dos carregamentos através da utilização de forças pontuais, forças distribuídas e deslocamentos prescritos. Para cada um dos casos analisados, foi considerada uma combinação de carregamentos que melhor representasse o fenômeno. Os tipos de carregamentos utilizados estão resumidos na Tabela 5.2, e as Figuras 5.4 a 5.6 mostram como estes carregamentos foram aplicados. Nestas figuras aparecem as regiões delimitada pelos nós numerados. O carregamento distribuído é representado por várias setas sobre a base e setas isoladas representam forças concentradas. 55 Tabela 5.2 – Carregamento analisados Caso analisado Carregamento 1) Instalação do PLET Força distribuída – peso do PLET (181kN/m) ao longo da fundação 2) Instalação do MCV Forças pontuais vertical (58,8kN) e horizontal (9,8kN) – esforços devido à instalação MCV no mandril (hub) de conexão 3) Operação ao longo Deslocamento prescrito (1m) – devido à expansão térmica da vida útil do duto ao longo da vida útil do equipamento. Figura 5.4 – Carregamento do Caso 1 56 Figura 5.5 – Carregamento do Caso 2 Figura 5.6 – Carregamento do Caso 3 5.1.4 Critérios de convergência Os cálculos no Plaxis são divididos em etapas, conforme apresentado no próximo item. Para as primeiras etapas foram adotados os critérios padrões de convergência do programa. 57 A última etapa de cada caso analisado objetiva a ruptura do solo. Para definir quando o programa deve considerar a ruptura, adotou-se a utilização do recurso de atribuir, manualmente, os parâmetros necessários ao controle do procedimento de iteração. Desta forma obteve-se o comportamento esperado para o rompimento do solo, conforme observado nas Figuras 5.12, 5.15 e 5.17. Os parâmetros adotados para este controle manual estão apresentados na Figura 5.7. Figura 5.7 – Tela do Plaxis com os parâmetros de controle do procedimento de interação Esses parâmetros infuenciam o procedimento de interação da seguinte forma: Erro tolerado – Tolerated error Numa análise não-linear, onde um número finito de etapas do cálculo é utilizado, existe alguma diferença da solução exata, conforme observado na Figura 5.8. A finalidade de um algoritmo de solução é assegurar um equilíbrio dos erros – local e global – ou seja, que estes permaneçam dentro dos limites aceitáveis. 58 Figura 5.8 – Solucão computacional X solução exata (Plaxis, 2002) Dentro de cada etapa, o programa continua a realizar iterações até que os erros calculados estejam menores do que o valor especificado. Se o erro tolerado é ajustado a um elevado valor, então o cálculo é relativamente rápido, porém pode ser impreciso. Se um baixo erro tolerado é adotado então o tempo de computador pode tornar-se excessivo. Geralmente, o ajuste padrão de 0,03 é apropriado para a maioria de cálculos. Abrandamento – Over relaxation Para reduzir o número de iterações necessárias à convergência, o PLAXIS adota um procedimento de abrandamento como mostrado na Figura 5.9. O valor teórico máximo para este parâmetro é 2,0, mas este valor não deve ser considerado. Para baixos ângulos da fricção do solo, por exemplo φ<20º, um fator de abrandamento de aproximadamente 1,5 tende a aperfeiçoar o procedimento iterativo. Se o problema contem o solo com ângulos de fricção mais elevados, entretanto, um valor mais baixo pode ser exigido. O ajuste padrão de 1,2 é aceitável na maioria dos cálculos. 59 Figura 5.9 (A) – Processo de iteração Figura 5.9 (B) – Processo de iteração sem com abrandamento (Plaxis, 2002) abrandamento (Plaxis, 2002) Máximo número de iterações – Maximum iterations Este valor representa o máximo número permitido de iterações dentro de cada etapa do cálculo. Geralmente, o procedimento da solução restringe o número de iterações que ocorrem. Este parâmetro é necessário para garantir que o tempo computacional de processamento não fique excessivo devido aos erros tolerados para o cálculo. O valor padrão de iterações máximas é de 50, mas este número pode variar de 1 a 100. Mínimo desejado – Desired minimum e Máximo desejado – Desired maximum Em análises plásticas ou de redução Phi-c, o PLAXIS emprega um algoritmo que define o tamanho de cada etapa automaticamente, tanto o avanço de aplicação da carga, quanto ao número de passos de cada etapa. Este procedimento é controlado por esses dois parâmetros: mínimo desejado e máximo desejado, que definem o número mínimo e máximo desejado de iterações por etapa. Os valores padrão destes parâmetros são 4 e 10 respectivamente, mas podem ser mudados dentro da faixa de 1 a 100. Ocasionalmente é necessário ajustar esses valores de mínimo e máximo desejados. Por exemplo, quando o procedimento automático gera passos 60 demasiadamente grandes e não consegue resultar numa curva suave de carregamento versus deslocamento. Isso ocorre, frequentemente, quando os solos são modelados com ângulos de atrito muito baixos. Nestes casos, para gerar uma resposta mais suave, os cálculos devem ser repetidos com valores menores do que os padrões. Quando os ângulos de atrito do solo são relativamente elevados, pode ser apropriado aumentar o mínimo e o máximo desejados para obter-se uma solução sem o uso excessivo de tempo computacional. Controle por comprimento de arco – Arc-length control O procedimento de controle por comprimento de arco é o método padrão para cálculos plástico ou de redução Phi-c para obtenção de cargas de colapso confiáveis em cálculos com carregamento controlado. O procedimento iterativo adotado quando não se utiliza o controle por comprimento de arco é mostrado na Figura 5.10 (A), onde o valor da carga de colapso está próximo, mas o algoritmo não converge. No entanto, quando o controle por comprimento de arco é adotado, o programa avalia a parcela da carga externa que deve ser aplicada para chegar a carga de colapso, conforme indicado na Figura 5.10 (B). Figura 5.10 (A) – Procedimento iterativo Figura 5.10 (B) – Procedimento iterativo com controle normal do carregamento com controle de carga por comprimento (Plaxis, 2002) de arco (Plaxis, 2002) 61 5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 5.2.1 CASO 1 – Instalação do PLET A análise numérica ocorre em 4 etapas, conforme indicado na Figura 5.11. Na primeira etapa (Initial phase) são calculadas as tensões in situ no solo. Na segunda etapa (Phase 1) o assentamento do PLET é simulado. Na terceira etapa (Phase 2), uma carga unitária distribuída ao longo da extensão da fundação é aplicada, para em seguida ser amplificada até a ruptura do solo (Phase 3). Figura 5.11 – Tela do Plaxis com as etapas de cálculo do Caso 1 Na continuidade das análises optou-se por não mais utilizar o solo 2, dando-se maior ênfase ao modelo de solo 3, visto ser esse o que mais se aproxima da realidade. No solo 3 a resistência varia com a profundidade de forma crescente, segundo uma função linear e não de forma escalonada, conforme adotado no solo 1. 62 Sendo assim o gráfico apresentado na Figura 5.12 mostra apenas os resultados dos modelos solo 1 e solo 3. O módulo de elasticidade do solo pode ser estimado entre 200 e 400 vezes a coesão do solo c (POULOS et al., 2006). A Figura 5.12 mostra a variação da curva do solo 3 com a alteração deste parâmetro. Caso 1 - Capacidade de carga vertical 1200 1000 C a rre g a m e n to (k N ) 800 600 400 200 0 0 47 92 129 177 281 409 549 704 Deslocamento (mm) Cálculo Analítico Solo 1 E=200c Solo 3 E=200c Solo 3 E=400c Solo 3 E=300c Carregamento Real Figura 5.12 – Gráfico da capacidade de carga para o Caso 1 Nota-se que a o solo 3 com módulo de elasticidade E = 400c teve o seu processamento interrompido precocemente, quando comparado com o comportamento das demais curvas deste mesmo tipo de solo, sendo assim, este resultado não será considerado neste trabalho. A Tabela 5.3 consolida os dados apresentados na Figura 5.12. 63 Tabela 5.3 – Resultados encontrados para a análise do Caso 1 Tipo do modelo de solo Modulo de Elasticidade do solo Capacidade de carga do solo (kN) Fator de segurança em relação ao carregamento real Deslocamento imediato com o carregamento real (mm) 1 200c 1075 5,94 16 3 200c 1048 5,79 13 3 300c 1041 5,75 11 A Figura 5.13 ilustra o resultado da análise numérica para o modelo 1 de solo, mostrando o comportamento do solo sob o carregamento crescente até a sua ruptura, quando se forma a superfície de ruptura do solo prevista por TERZAGHI (1943). Figura 5.13 – Resultado de análise numérica no Plaxis mostrando a formação da superfície de ruptura prevista por Terzaghi (1943). 64 Após o assentamento do PLET, é feita uma conexão vertical, por isso é importante que o PLET não fique com uma inclinação superior a 3 graus. Esta verificação foi feita para o solo 3 com o menor módulo de elasticidade de forma a ser mais conservador. Chegou-se a esta inclinação realizando, apenas as duas primeiras etapas do cálculo numérico, medindo os deslocamentos verticais nas extremidades do PLET e calculando a angulação por trigonometria. A Figura 5.17 mostra a malha deformada para este cálculo ampliada por um fator 100. O valor encontrado foi desprezível, aproximadamente, 0,0002 graus, ou seja, pode-se considerar que o PLET não sofre inclinação na fase da instalação, e, assim, não compromete a fase seguinte: conexão do MCV. Figura 5.14 – Malha deformada com o carregamento real – Caso 1 5.2.2 CASO 2 – Instalação do MCV Neste caso a análise numérica ocorre em 4 etapas. Na primeira etapa (Initial phase) são calculadas as tensões in situ no solo, na segunda etapa (Phase 1) é simulado o assentamento do PLET, em seguida (Phase 2) é aplicada uma carga vertical pontual excêntrica e outra carga pontual horizontal que representam a conexão do MCV, na última etapa a carga excêntrica é majorada até a ruptura do solo (Phase 65 3). Nesta etapa a definição dos parâmentros de controle do procedimento de iteração foram definidos manualmente, conforme Figura 5.7. Conforme apresentado anteriormente, a análise utilizando o solo 3 foi a selecionada para esta etapa da instalação e foram avaliados os deslocamentos verticais do ponto localizado no centro da fundação e no ponto de aplicação da carga excêntrica. Os resultados obtidos estão apresentados no gráfico da Figura 5.15. Caso 2 - Capacidade de carga vertical do solo 1200 1000 C a rre g a m e n to (kN ) 800 600 400 200 0 0 85 150 291 449 618 798 985 Deslocamento (mm) Cálculo Analítico E=200c (Centro da fundação) E=400c (Centro da fundação) E=200c (Ponto de aplicação da carga) E=400c (Ponto de aplicação da carga) Carregamento Real Figura 5.15 – Gráfico da capacidade de carga para o Caso 2 A Tabela 5.4 consolida os dados apresentados na Figura 5.15 e apresenta os fatores de segurança para cada uma das curvas, assim como o deslocamento vertical imediato. Como o PLET inclinou com a aplicação da carga excêntrica, nota-se uma 66 pequena variação do deslocamento vertical imediato medido no centro da fundação e no ponto de aplicação da carga excêntrica. Tabela 5.4 – Resultados encontrados para a análise do Caso 2 Ponto da estrutura observado Modulo de Elasticidade do solo Capacidade de carga do solo (kN) Fator de segurança em relação ao carregamento real Centro Aplicação da força excêntrica 16.9 200c 1064 4.43 17.1 Centro Aplicação da força excêntrica Deslocamento imediato com o carregamento real (mm) 8.5 400c 1070 4.45 8.6 Como o MCV é um módulo de conexão e pode ser removido, caso haja uma necessidade de manutenção ou mudança do arranjo submarino, este precisa poder ser reinstalado e para isso o PLET não pode exceder 3 graus de inclinação, assim sendo o procedimento descrito para o caso 1 foi repetido para o caso 2 e uma inclinação de 0,031 grau foi encontrada. Esta inclinação não compromete uma reconexão do MCV. A Figura 5.16 mostra a malha deformada ampliada de um fator 100. 67 Figura 5.16 – Malha deformada com o carregamento real – Caso 2 5.2.3 CASO 3 – Expansão térmica do duto A análise do caso 3 tem como resultado o carregamento horizontal necessário para a ruptura do solo e qual foi o deslocamento horizontal do PLET até o momento da ruptura. Estas informações não impactam no projeto da fundação, mas sim no projeto da estrutura do PLET como um todo, pois define-se quanto a estrutura do equipamento vai ter que resistir antes que este comece a deslocar. Estes resultados estão apresentados no gráfico da Figura 5.17 e consolidados na Tabela 5.5. 68 Caso 3 - Capacidade de carga horizontal do solo 200 180 160 Força horizontal (kN) 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Deslocamento horizontal (mm) E=400c E=200c Cálculo analítico Figura 5.17 – Gráfico da força necessária ao deslocamento prescrito Tabela 5.5 – Resultados encontrados para a análise do Caso 3 Modulo de Elasticidade do solo Máxima carga horizontal necessária ao processo de ruptura do solo (kN) Máximo deslocamento horizontal do PLET antes da ruptura do solo (mm) 200c 183 643 400c 165 452 A Figura 5.18 mostra a malha deformada para o carregamento prescrito, considerando o modelo de solo 3 e o módulo de elasticidade do solo E = 400c. 69 Figura 5.18 – Malha deformada – Caso 3 70 CAPÍTULO 6 – Análises e resultados Comparando os resultados analítico e numérico para capacidade de carga vertical, apresentados na Tabela 6.1, observa-se que os resultados encontrados pelo método numérico são 13% a 17% maiores que os resultados analíticos, caracterizando o método analítico como um pouco mais conservador. Tabela 6.1 – Capacidade de carga vertical Capacidade de carga vertical do solo (kN) Etapa da Instalação/ Produção CASO 1 CASOS 2 e 3 Método analítico 921 817 Método numérico Aumento da capacidade Solo 1 (E=200c) 1075 17% Solo 3 (E=200c) 1048 14% Solo 3 (E=300c) 1041 13% Solo 3 (E=200c) 1064 15,5% Solo 3 (E=400c) 1070 16,2% Considerando que a fundação no projeto do PLET representa uma grande parte do seu peso, este ganho de pelo menos 13% da capacidade de carga pode vir a representar uma economia relevante no custo direto do equipamento e indiretos, como logística e facilidade nos procedimentos instalação. Ainda quanto à capacidade de carga vertical, o método numérico comprovou que a variação do módulo de elasticidade não afeta de forma substancial a capacidade de carga vertical da fundação, ficando compatível com o método analítico que não considera esta variação. A Tabela 6.2 mostra os valores encontrados para capacidade de carga horizontal. 71 Tabela 6.2 – Capacidade de carga horizontal Capacidade de carga horizontal do solo (kN) Etapa da Instalação/ Produção Método analítico CASO 3 Método numérico Aumento da capacidade Solo 3 (E=200c) 183 17,3% Solo 3 (E=400c) 165 5,8% 156 A capacidade de carga horizontal encontrada pelo método numérico varia de 5,8% a 17,3% a mais da calculada analiticamente. Este valor de carga superior não compromete o projeto do PLET que é feito para suportar cargas de instalação bem superiores a esta, como por exemplo a carga de instalação para segunda extremidade, quando o PLET precisa suportar todo o peso da linha ao longo da lâmina d’água. No entanto este valor deve ser informado à lançadora/ fabricante da linha para garantir que esta não se danifique antes do PLET começar a deslocar, antes de ocorrer a ruptura do solo. Os deslocamentos verticais imediatos encontrados nos cálculos pelo método numérico ficaram de 3 a 11mm menores do que pelo método analítico, conforme indicado na Tabela 6.3. Estes valores representam uma variação percentual de menos 21% a 53% e também evidencia que o método analítico é mais conservador do que o numérico. 72 Tabela 6.3 – Deslocamento vertical imediato Deslocamento vertical imediato (mm) Etapa da Instalação/ Produção Método analítico E=200c Método numérico Variação Solo 1 (E=200c) 16 - 5mm -24% Solo 3 (E=200c) 13 - 8mm -38% 21 CASO 1 CASOS 2 e 3 E=300c 14 Solo 3 (E=300c) 11 - 3mm -21% E=400c 11 Solo 3 (E=400c) 8 - 3mm -27% Solo 3 (E=200c) 17 - 11mm -39% Solo 3 (E=400c) 9 -10mm -53% E=200c 28 E=400c 19 A Tabela 6.4 indica os valores encontrados para a verificação ao tombamento do PLET. Tabela 6.4 – Tombamento Rotação devida ao tombamento (graus) Etapa da Instalação/ Produção CASO 1 CASO 2 CASO 3 Método analítico Método numérico Variação E=200c 0,00 Solo 3 (E=200c) 0,00 0% E=400c 0,00 Solo 3 (E=400c) 0,00 0% E=200c 0,03 Solo 3 (E=200c) 0,03 0% E=400c 0,01 Solo 3 (E=400c) 0,01 0% E=200c 0,12 Solo 3 (E=200c) 0,03 -75% E=400c 0,06 Solo 3 (E=400c) 0,04 -33% Nos casos onde o deslocamento prescrito não foi imposto, as inclinações do PLET devido aos esforços de tombamento foram as mesmas para os dois métodos de análise. E no caso 3, quando há ao deslocamento prescrito devido à expansão 73 térmica do duto este valor variou e caracterizou mais uma vez o método analítico como mais conservador. Por todos estes resultados o método numérico se caracteriza menos conservador, favorecendo à otimização do projeto do PLET. 74 CAPÍTULO 7 – Conclusões e propostas para trabalhos futuros Cada vez mais a indústria do petróleo está se expadindo para os oceanos, em águas profundas e ultra-profundas, onde os solos submarinos, em sua maioria, são argila mole, o que torna a análise de fundações submarinas neste tipo de solo de grande relevância para o desenvolvimento da indústria. A logística e o custo das operações neste ambiente é complicada e de custos muito elevados. Desta forma, é importante que os equipamentos tenham seus projetos otimizados, conduzindo a menores dimensões e peso. A fundação destes equipamentos tem influência direta nesta otimização e por isso estudos mais aprofundados do comportamento dos solos argilosos e dos mecanismos de interação solo-estrutura são fundamentais. Os resultados mostraram que a metodologia sugerida pela API RP 2A (2007) é um pouco mais conservadora do que os obtidos por meio das análises numéricas utilizando o pelo programa PLAXIS-2D v.8, específico para a análise de problemas geotécnicos e de interação solo-estrutura. Para um equipamento no qual a fundação representa o maior percentual de peso, o ganho com este método pode ser relevante. O método analítico utilizado complementa as informações necessárias ao projeto do equipamento como um todo e não somente ao dimensionamento da fundação. Como forma de refinar o método numérico, novas análises podem ser realizadas visando a avaliação de alguns fatores, tais como: influência de carregamentos em outros eixo, por meio de análise tridimennsional; interface entre solo e equipamento, através de elementos de interface. 75 Nos casos de carregamento centrado sugere-se a comparação dos resultados de uma análise axissimétrica, com os aqui obtidos em estado plano de deformação. Faz-se necessário também o estudo do comportamento da fundação a longo prazo, ou seja, comportamento drenado. Esta dissertação foi baseada na norma internacional API (American Petroleum Institute), amplamente adotada no Brasil e nos Estados Unidos, porém existem outras, dentre elas a DNV (Det Norske Veritas), muito utilizada pelas operadoras européias. Outra sugestão é a comparação do método numérico com a metodologia sugerida por essa norma. Propom-se para trabalhos futuros a avaliação do cálculo de fundação de PLETs para novos casos de carregamentos e análises de outros tipos de equipamentos submarinos. Resumindo, devido aos diversos fatores que influenciam os cálculos dos equipamentos e suas fundações, a utilização de análises numéricas para otimização de projetos pode ser considerada prematura, necessitando de mais estudos para ser consolidada. Estes estudos complementares devem incluir: • Análise tridimensional. • Análise considerando elementos de interface entre solo e estrutura. • Avaliação de um modelo axissimétrico para carregamento centrado. • Análise com comportamento drenado para deformações de longo prazo. • Comparação com outras normas aplicáveis. • Análises numéricas de novos casos de carregamento. • Análises de outros equipamentos submarinos. Como o mercado de óleo e gás está se expandindo e, principalmente no Brasil, cada vez mais em águas profundas e ultra-profundas, a otimização da estrutura dos equipamentos submarinos se torma extremamente relevante, acarretando grande economia paras as empresas operadoras de campo e instaladoras de equipamentos. 76 Referências Bibliográficas ALLERSMA, H. G. B., 2005, “Centrifuge tests on improving offshore foundation systems”. In: Proceedings of the First International Symposium on Frontiers in Offshore Geotechnics, ISFOG, Perth, Austrália, 19 a 21 de Setembro de 2005. API RP 2A-WSD, 2007, “Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing Fixed Offshore Platforms – Working Stress Design”, 21st edition, december 2000, Errata and Supplement 3, october 2007. COLLIAT, J. L., 2002, “Anchors for Deepwater to Ultra deepwater Moorings”. In: Proceedings of the Annual Offshore Technology Conference, Paper 14306, Houston, Texas, 6 a 9 de Maio de 2002. DAS, B.M., 2007, “Fundamentos de Engenharia Geotécnica”, Tradução da 6ª edição norte-americana, São Paulo, Ed. Thomson Learning. DNV-RP-H103, 2009, “Modelling and Analysis of Marine Operations”, Abril de 2009. FELTEN, D., 2009, “Mecânica dos Solos – Introdução”, Paraná, Ed. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. FREDLUND, D.G., RAHARDJO, H., 1993, “Soil Mechanics for Unsaturated Soils”, New York, John Wiley. FROEHLICH, O. K., 1940, La Repartición de Presiones en el Terreno de Cimentación com EspecialExamen del Fenómeno de Plasticidad, New York, John Wiley & Sons. GOURVENEC, S., 2007, “Failure Envelopes for Offshore Shallow Fondations Under General Loading”, Géotechnique, v. 57, n. 9, pp. 715-728. 77 GOURVENEC, S., RANDOLPH, M.F., 2003, “Bearing Capacity of a Skirted Foundation under VMH Loading”. In: Proceedings of the 22nd International Conference on Offshore Mechanics and Arctic Engineering (OMAE), Paper OMAE-37014, Cancun, Mexico, 8 a 13 de Junho. MITCHELL, J.K., 1976, “Fundamentals of soil behavior”, New York, John Wiley. NBR 6122, 1996, “Projeto e execução de fundações”, Rio de Janeiro, ABNT, Abril de 1996. OLIVEIRA, J.R.M.S.,2005, Modelagem em Centrífuga de um problema de interação solo estrutura, Tese de doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil ORTENBLAD, A., 1926, Mathematical Theory of the Process of Mud Deposits, Tese de doutorado, Instituto de Tecnologia de Massachusetts – M.I.T. OSMAN, A.S., WHITE, D.J., BRITTO, A.M., BOLTON, M.D., 2007, Simple Prediction of the Undrained Displacement of a Circular Foundation on Non-linear Soil, Géotechnique, v.57, n°9, pp. 729-737. PARKER, E. J., TRAVERSO, C.M., GIUDICE, T.D., 2009, “Geohazard Risk Assessment – Vulnerability of Subsea Structures to Geohazards – Some Risk Implications”. In: Proceedings of Offshore Technology Conference (OTC), Paper OTC 20090, Houston, Estados Unidos, 4 a 7 de Maio. PINTO, C.S., 2006, “Curso Básico de Mecânica dos Solos”, 3ª ed., São Paulo, Brasil, Oficina de textos. PLAXIS, 2002, “Plaxis Version 8 Refence Manual”. PLAXIS, 2002, “Plaxis Version 8 Scientific Manual”. 78 POULOS, H.G., DAVIS, E.H., 2006, “Elastic Solutions for Soil and Rock Mechanics”, Austrália, Universidade de Sidney. SUKUMARAN, B., 1998, “Suction Caisson Anchors – A better option for deep water applications”, SWE Rowan University RANDOLPH, M. C. et al., 2005, “Challenges of Offshore Geotechnical Engineering”. In: Proceedings of 16th International Symposium on Frontiers I Soil Mechanics and Foundation Engineering (ICSMGE), 123-176, Osaka, Japão. TAYLOR, D. W., 1948, “Fundamentals of Soil Mechanics”, New York, John Wiley & Sons. TAYLOR, R.N., 1995, “Geotechnical Centrifuge Technology”, Glasgow, Blackie Academic & Professional. TERZAGHI, K., 1943, Theoretical Soil Mechanics, New York, John Wiley & Sons. VARGAS, M., 1978, “Introdução à Mecânica dos Solos”, São Paulo, Brasil, McGrawHill. VELLOSO, D. A.; LOPES, F.R., 2004, “Fundações”, São Paulo, Brasil, Oficina de textos. VESIC, A. S., 1975, “Bearing Capcity of Shallow Foundations, Foundation Engineering Handbook”, Ed. H. F. Winterkorn and H. Y. Fang, Van Nostrand Plublishing Company. WATSON, P.G., RANDOLPH, M.F., BRANSBY, M.F., 2000, “Combined Lateral and Vertical Loading of Caisson Foundations”. In: Proceedings of Offshore Technology Conference (OTC), Paper OTC 2000, Houston, Estados Unidos, 4 a 7 de Maio. 79 WHITE, D. J., MACONOCHIE, A. J., CHEUK, C.Y., BOLTON, M.D., JORAY, D., SPRINGMAN, S.M., 2005, “An investigation into the vertical bearing capacity of perforated mudmats”. In Proceedings of the First International Symposium on Frontiers in Offshore Geotechnics (ISFOG), Perth, Australia, 19 a 21 de Setembro de 2005. ZHAO, S. F., LUAN, M. T., LU, A. Z., 2005, “Numerical analysis of bearing capacity of foundation undercombined loading”. In: Proceedings of the First International Symposium on Frontiers in Offshore Geotechnics (ISFOG), Perth, Australia, 19 a 21 de Setembro de 2005. 80 ANEXOS A.1 Caracterização geológica e geotécnica para projeto da fundação do PLET Exemplo de relatório apresentado pelas empresas operadoras de campos de petróleo às empresas fabricantes de equipamentos submarinos. FISIOGRAFIA Observações: Os dados geotécnicos utilizados nas análises referem-se a uma área localizada na transição entre os contextos fisiográficos do Talude Continental e do Platô de São Paulo, na região de desembocadura dos cânions submarinos Grussaí e Itapemirim. O fundo do mar no entorno da locação é regular e sua inclinação varia entre 1 e 3 graus, com direção do mergulho regional para leste, sendo que na área de interesse para a instalação do PLET varia entre 1 e 2 graus. É importante atentar para o fato de que as informações de declividade foram obtidas em levantamento com resolução de 3 metros de cela. A Figura A.1.1 apresenta o mapa batimétrico e de EDGE da área de interesse. A Figura A.1.2 apresenta o mapa de declividade da mesma área. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA A interpretação integrada dos dados geofísicos e geológicos permitiu a identificação de dois tipos de sedimentos na área de interesse: lama normalmente adensada (drape) e lama heterogênea (diamictito). A lama normalmente adensada é a cobertura típica do talude continental, apresentando espessura aproximada de 8,5 metros nesta área. Esta camada é constituída predominantemente por sedimentos nos tamanhos silte a argila e foi formada pela deposição contínua e homogênea destes sedimentos. 81 A lama heterogênea encontra-se abaixo da lama normalmente adensada e é formada por depósitos de movimentos de massa ocorridos no passado geológico. Estes depósitos são constituídos predominantemente por sedimentos finos (argila e silte) dispostos em forma de blocos endurecidos (pré-adensados) ou em forma de matriz onde esses blocos estão dispersos. A heterogeneidade destes depósitos é decorrente dos diferentes tamanhos e graus de adensamento que os blocos apresentam. Na parte superficial da lama normalmente adensada, a aproximadamente 1 metro abaixo do leito marinho, é verificada a ocorrência de uma camada onde os sedimentos foram enriquecidos com óxido de ferro. A esta camada dá-se o nome de “Crosta Ferruginosa” e a mesma é conseqüência da elevação do nível do mar ao final da última glacial (transição entre os períodos Pleistoceno e Holoceno). Com a elevação do nível do mar, o aporte de sedimentos nas águas profundas reduziu bruscamente, aumentando o tempo de exposição dos sedimentos do fundo do mar às ações de oxidação, formando essa crosta. As locações dos pontos de investigação distam cerca de 85 metros na direção nordeste em relação à locação desejada. A Figura A.1.3 apresenta a imagem de SBP (Perfil Sísmico de Alta Resolução) interpretada nas locações de interesse e dos pontos de investigação. 82 Figura A.1.1 – Mapa batimétrico e de EDGE da área de interesse Figura A.1.2 – Mapa de declividade do fundo marinho 83 Figura A.1.3 – Projeção das locações do GT-668 e do Ponto de Interesse em perfil sísmico de alta resolução (SBP) CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA A caracterização geotécnica para o projeto da fundação do PLET é baseada nos dados obtidos com o ensaio de piezocone penetrômetro (PCPT), assim como nos dados obtidos a partir do testemunho a pistão. De acordo com as classificações tácteis-visuais realizadas em amostras do testemunho, o solo marinho é caracterizado como argila siltosa com fragmentos de valvas, areia fina e mica. A cor do solo superficial é marrom claro, passando para cinza claro entre 1 e 2 metros abaixo do leito marinho. A coloração mais viva dos sedimentos superficiais é decorrência da maior oxidação deste material, onde se inclui a Crosta Ferruginosa, descrita no item de Caracterização Geológica. De acordo com o Sistema Unificado de Classificação de Solos (USCS), o solo marinho apresenta comportamento de argila de alta compressibilidade (CH). 84 A composição granulométrica do solo é predominantemente fina, com as frações silte e argila geralmente correspondendo a cerca de 90% do material. A Tabela A.1.1 apresenta a distribuição granulométrica em diferentes profundidades para as amostras do testemunho. Tabela A.1.1 – Distribuição granulométrica em diferentes profundidades do testemunho As determinações de peso específico submerso (γsub) das amostras do testemunho apresentaram valores entre 3,3 e 6,8 kN/m³, sendo possível identificar uma leve tendência de aumento de γsub com a profundidade, assim como um ligeiro aumento de γsub a 1 metro de profundidade, decorrente da Crosta Ferruginosa. O índice de vazios (e) apresentou variação entre 1,66 e 3,02. A Figura A.1.4 (A) apresenta a variação das medidas de γsub com a profundidade e a Figura A.1.4 (B) apresenta a variação das medidas de índice de vazios com a profundidade. 85 Figura A.1.4 (A) – Variação de γsub com a Figura A.1.4 (B) – Variação de índice de profundidade vazios com a profundidade O perfil de variação da resistência ao cisalhamento não drenada (Su) do solo marinho, determinado a partir dos dados obtidos com o ensaio, é apresentado na Figura A.1.5. Nesta Figura observa-se um pico de resistência a um metro de profundidade, com valor máximo de 15 kPa e com influência entre 0,3 e 1,8 metros de profundidade. A maior resistência nesta faixa de profundidade é devida à cimentação provocada pela oxidação de seus materiais constituintes. O pico de resistência coincide com a Crosta Ferruginosa. Abaixo deste material oxidado, até a base da lama normalmente adensada, o perfil de resistência apresenta comportamento típico de solos normalmente adensados, no qual há aumento linear da resistência com a profundidade. A lama normalmente adensada apresenta homogeneidade lateral e o perfil de resistência na 86 locação de interesse não deve apresentar diferença considerável em relação ao perfil apresentado na Figura A.1.5. Abaixo de 8,5 metros de profundidade, passa a ocorrer lama heterogênea, o perfil de resistência apresenta-se irregular, porém seguindo a mesma tendência de aumento de Su com a profundidade da camada superior. Figura A.1.5 – Perfil de variação de Su com a profundidade Sugere-se que sejam considerados diferentes perfis de resistência para as avaliações de capacidade de suporte última da saia e da base do equipamento, assim como para a verificação da cravação da saia, caso esta venha a ser considerada no projeto da fundação do PLET, conforme descrito a seguir. 87 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SUPORTE Estas recomendações são aplicáveis nas avaliações da capacidade de suporte última da base e da saia do equipamento. O perfil de resistência (Su) versus profundidade do solo entre o fundo do mar e 10 metros de profundidade, para fins de avaliação da capacidade de suporte, pode ser discretizado através de duas equações. Entre o fundo do mar e 2 metros de profundidade, recomenda-se assumir o Su constante e igual 5,0 kPa (Equação A.1.1). Entre 2 e 10 metros de profundidade recomenda-se adotar a Equação A.1.2 para a obtenção do Su, que é a equação do ajuste linear do perfil de Su. Para 0 < z < 2,0: Su=5 kPa (A.1.1) Para 2,0 < z < 10,0: Su=0,7 + 1,8*h (A.1.2) onde z é a profundidade em metros e Su é dado em kPa. A Figura A.1.6 apresenta o perfil de Su. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO PARA VERIFICAÇÃO DA CRAVAÇÃO DA SAIA Na verificação da cravação da saia deve-se ter cuidado especial com os valores elevados de Su da Crosta Ferruginosa. Recomenda-se que a saia tenha altura limitada, evitando-se atingir este pico de resistência. Para os cálculos de verificação da cravação da saia, sugere-se assumir um perfil de Su bilinear entre 0 e 2,0 m de profundidade, possibilitando a representação do pico de resistência da Crosta Ferruginosa, que ocorre a 1,0 m de profundidade, de acordo com os resultados obtidos. As equações das retas que representam este perfil bilinear de Su são apresentadas na Equação A.1.3 (entre 0 e 1,0 m) e na Equação A.1.4 (entre 1,0 e 2,0 m). Para 0 < z < 1,0: Su=15*h (A.1.3) Para 1,0 < z < 2,0: Su=26 – 11*h (A.1.4) 88 onde z é a profundidade em metros e Su é dado em kPa. Recomenda-se aplicar uma margem de segurança para garantir a cravação completa da saia. Esta margem pode ser obtida através da aplicação de um coeficiente de segurança que majora a resistência ao cisalhamento do solo, nos cálculos de verificação da cravação da saia. No caso de solos argilosos, Andersen e Jostad (1999) recomendam o fator de 1,5. A Figura A.1.6 apresenta a discretização do perfil de Su para a verificação da cravação da saia. Figura A.1.6 – Discretização do perfil de resistência não drenada Para a avaliação dos parâmetros de compressibilidade do solo, há disponibilidade de dados obtidos com ensaios de adensamento edométrico realizados 89 nas amostras do testemunho. Os parâmetros de compressibilidade obtidos com estes ensaios estão apresentados na Tabela A.1.2. Tabela A.1.2 – Parâmetros de compressibilidade obtidos em amostras * Não foi possível determinar no ensaio. Legenda: Cc – Índice de compressão; Cr – Índice de recompressão; Ce – Índice de expansão; σ’vm – Tensão de pré-adensamento. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES • A área em estudo apresenta relevo regular, com inclinação que não ultrapassa 3 graus. Na locação de interesse, a inclinação do fundo marinho assume valor entre 1 e 2 graus, com mergulho para leste-sudeste. • A sequência sedimentar na locação é composta por uma camada de solo normalmente adensado (drape) com espessura de 8,5 metros, seguida por lama heterogênea (diamictito). • Atentar para a ocorrência da Crosta Ferruginosa e dos materiais também oxidados adjacentes a ela, que possuem resistência elevada. Caso seja utilizada saia na fundação do PLET, recomenda-se que a mesma seja limitada em altura, evitando atingir a porção mais resistente do solo (pico). • Na seção de caracterização geotécnica são apresentadas sugestões de equações para determinação da resistência ao cisalhamento não-drenada do solo em função 90 da profundidade. São sugeridas equações distintas para as avaliações da capacidade de suporte última e para a verificação da cravação da saia do equipamento. 91 A.2 Memória de cálculo analítico A seguir, é apresentada a memória de cálculo analítica necessária ao projeto da fundação do PLET. Cálculos conforme a norma internacional API RP 2A-WSD (2007) , itens 6.12 a 6.17 Fundações Rasas - A norma considera fundação rasa toda fundação que enterre menos do que a menor dimensão lateral da fundação. O projeto da fundação rasa deve considerar a aplicação e os fatores a seguir: 1. Estabilidade, incluindo falhas durante tombamento, rotação no plano da fundação, deslizamento ou uma combinação destes itens. 2. Deformações estáticas da fundação, incluindo possíveis danos aos seus componentes estruturais e acessórios. 3. Características dinâmicas da fundação, considerando a influência de cargas dinâmicas na sua estrutura. 4. Instabilidade hidráulica, por exemplo variações de pressão que podem causar danos estruturais. 5. Instalação e remoção, incluindo a penetração e retirada das saias de apoio das fundações e as cargas geradas pelo solo aderido à estrutura e as cargas de pressão geradas pela água aprisionada abaixo da base da fundação. O objetivo do nosso estudo será a avaliação da estabilidade, incluindo falhas durante tombamento, rotação no plano da fundação, deslizamento ou uma combinação destes itens. 1 - ESTABILIDADE DE FUNDAÇÕES RASAS 1.1 - Capacidade de carga não drenada ( φ = 0) CASO 1 : Instalação do PLET O desenvolvimento das equações de capacidade de carga a seguir, considera o solo como sendo um material rígido e perfeitamente plástico que respeita o critério de Mohr-Coulomb. Esta formulação é descrita por Vesic (1975) . Este critério é o adotado para o projeto em questão pelo carregamento no solo ocorrer de forma rápida o suficiente para que não haja drenagem e assim não aconteça a dissipação do excesso da poro pressão. 92 A máxima carga vertical que a fundação pode suportar sob condições não drenadas é: Q := ( c ⋅Nc⋅Kc + γ ⋅ D) ⋅A_linha Onde: Resistência não drenada do solo ao cisalhamento c := 5.21kPa Constante adimensional, para φ = 0 (Figura A.2.1) Nc := 5.14 Nq := 1 Figura A.2.1 - Fatores recomendados para Capacidade de Carga 93 Ângulo de atrito do solo não drenado φ := 0 deg kN Peso específico do solo γ := 14.5 Peso específico do solo (submerso) γsub := 4.5 3 m kN m Profundidade de recalque da fundação 3 D := 0 in A área efetiva da fundação (A_linha) depende da carga excêntrica, este tipo de carga diminui a capacidade de carga vertical que a fundação pode suportar. Este efeito é considerado na Análise de Capacidade de Carga reduzindo-se a área efetiva da base, conforme a orientação, empírica, apresentada a seguir. A Figura A.2.2 mostra uma fundação com carga excêntrica - excentricidade "e" - a excentricidade é a distância entre o centro da área da fundação ao ponto de atuação da força vertical resultante, medida paralelamente ao plano de contato solo-base da fundação. O ponto de atuação da resultante é o centróide da área reduzida, a distância "e" vale "M/Q", onde "M" é o momento de tombamento e "Q" a carga vertical. Figura A.2.2 - Cargas Equivalentes Para base com área retangular (Figura A.2.3) a excentricidade pode ocorrer nos dois eixos da base, sendo assim, a redução das dimensões ficam da seguinte forma: 94 Figura A.2.3 - Área da base retangular Onde "L" é o comprimento da base, "B" a largura e "e1" e "e2" as excentricidades em relação ao comprimento e largura, respectivamente. Peso do PLET no ar Qplet := 18500kgf Qplet = 181 kN Peso total Qt_1 := Qplet Qt_1 = 181.423 kN Largura da base B := 5m Comprimento da base L := 6m Excentricidade da carga concentrada em relação ao comprimento do PLET e1_1 := 0mm Excentricidade da carga concentrada em relação a largura do PLET e2_1 := 0mm Área efetiva da fundação A_linha_1 := ( L − 2 ⋅ e1_1 ) ⋅ ( B − 2 ⋅ e2_1 ) 2 A_linha_1 = 30 m 95 Largura efetiva da fundação B_linha_1 := B − 2 ⋅ e2_1 B_linha_1 = 5 m Comprimento efetivo da fundação L_linha_1 := L − 2 ⋅ e1_1 L_linha_1 = 6 m O fator de correção (Kc) leva em consideração a inclinação da carga, o formato da base fundação, a profundidade de recalque, a inclinação da base e a inclinação do solo. Kc := ic ⋅ sc ⋅ dc ⋅ bc ⋅ gc O fator de inclinação (ic) depende da projeção da força resultante no plano da base (H), de uma função adimensional (M) de B_linha/L_linha e do ângulo ( θ) entre a força "H" e o eixo maior da base da fundação. Ângulo entre H e o eixo maior da base 2+ mL := L_linha_1 B_linha_1 L_linha_1 1+ B_linha_1 2+ mB := θ := 0 deg B_linha_1 L_linha_1 B_linha_1 1+ L_linha_1 2 2 M := mL ⋅ cos ( θ ) + mB ⋅ sin ( θ ) Ângulo entre a base da fundação e a horizontal υ := 0 deg Projeção da carga resultante no plano da base da fundação H := Qt_1 ⋅ sin ( υ ) Fator de inclinação ic := 1 − Fator de forma (base retangular) sc := 1 + Fator de profundidade 2 dq := 1 + 2 ⋅ tan ( φ ) ⋅ ( 1 − sin ( φ ) ) ⋅ dq = 1 dc := dq − 96 ( M ⋅ H) ic = 1 A_linha_1 ⋅ c ⋅ Nc B_linha_1 ⋅ Nq L_linha_1 Nc ( 1 − dq ) Nc ⋅ tan ( φ ) sc = 1.162 D B_linha_1 dc := dq Fator de inclinação da base bc := 1 − Inclinação do solo (talude) β := 2 deg Fator de inclinação do solo gc := 1 − (2 ⋅ υ ) bc = 1 Nc (2 ⋅ β ) gc = 0.986 Nc Logo, os valores para o fator de correção e a máxima carga vertical que a fundação pode suportar sob condições não drenadas são: Kc := ic ⋅ sc ⋅ dc ⋅ bc ⋅ gc Kc = 1.146 Q := ( c ⋅ Nc ⋅ Kc + γ ⋅ D ) ⋅ A_linha_1 Q = 93911 kgf Q = 921 kN A norma orienta que seja adotado um fator de segurança de 2 para o cálculo de capacidade de carga. Fator de Segurança FS_1 := Q Qt_1 FS_1 = 5.076 CASO 2 : Instalação do MCV no PLET já assentado no fundo do mar Para este segundo caso, apresentam-se somente as diferenças em relação ao primeiro caso. Peso do MCV no ar Qmcv := 6000 kgf Qmcv = 58.84 kN Carga horizontal devida ao MCV Hmcv := 1000 kgf Hmcv = 9.807 kN Altura de aplicação da força horizontal dmcv := 2.5 m Peso total Qt_2 := Qplet + Qmcv Qt_2 = 240.263 kN Excentricidade da carga concentrada em relação ao comprimento do PLET e1_2 := 0 mm Excentricidade da carga concentrada em relação a largura do PLET e2_2 := 250 mm 97 A_linha_2 := ( L − 2 ⋅ e1_2 ) ⋅ ( B − 2 ⋅ e2_2 ) Área efetiva da fundação 2 A_linha_2 = 27 m Largura efetiva da fundação B_linha_2 := B − 2 ⋅ e2_2 B_linha_2 = 4.5 m Comprimento efetivo da fundação L_linha_2 := L − 2 ⋅ e1_2 L_linha_2 = 6 m 2+ mL := L_linha_2 B_linha_2 L_linha_2 1+ B_linha_2 2+ mB := B_linha_2 L_linha_2 2 2 M := mL ⋅ cos ( θ ) + mB ⋅ sin ( θ ) B_linha_2 1+ L_linha_2 Projeção da carga resultante no plano da base da fundação H := Qt_2 ⋅ sin ( υ ) Fator de inclinação ic := 1 − Fator de forma (base retangular) sc := 1 + Fator de profundidade 2 dq := 1 + 2 ⋅ tan ( φ ) ⋅ ( 1 − sin ( φ ) ) ⋅ ( M ⋅ H) A_linha_2 ⋅ c ⋅ Nc B_linha_2 ⋅ Nq L_linha_2 Nc ic = 1 sc = 1.146 D B_linha_2 dq = 1 Logo os valores para o fator de correção e a máxima carga vertical que a fundação pode suportar sob condições não drenadas são: Kc := ic ⋅ sc ⋅ dc ⋅ bc ⋅ gc Kc = 1.13 Q := ( c ⋅ Nc ⋅ Kc + γ ⋅ D ) ⋅ A_linha_2 Q = 83340.663 kgf Q = 817 kN Fator de Segurança FS_2 := 98 Q Qt_2 FS_2 = 3.402 CASO 3: Deslocamento horizontal do PLET com o MCV instalado, devido à dilatação do duto Carga horizontal devida ao duto Hduto := 18500kgf Altura do centro do flange do duto em relação ao solo dduto := 500mm Peso total Qt_3 := Qplet + Qmcv Hduto = 181 kN Qt_3 = 240.263 kN Excentricidade da carga concentrada em relação ao comprimento do PLET e1_3 := 0mm Excentricidade da carga concentrada em relação a largura do PLET e2_3 := 250mm A_linha_3 := ( L − 2 ⋅ e1_3 ) ⋅ ( B − 2 ⋅ e2_3 ) Área efetiva da fundação 2 A_linha_3 = 27 m Largura efetiva da fundação B_linha_3 := B − 2 ⋅ e2_3 B_linha_3 = 4.5 m Comprimento efetivo da fundação L_linha_3 := L − 2 ⋅ e1_2 L_linha_3 = 6 m 2+ mL := 1+ L_linha_3 B_linha_3 L_linha_3 B_linha_3 2+ mB := 1+ B_linha_3 L_linha_3 B_linha_3 L_linha_3 2 2 M := mL ⋅ cos ( θ ) + mB⋅ sin ( θ ) Projeção da carga resultante no plano da base da fundação H := Qt_3 ⋅ sin ( υ ) Fator de inclinação ic := 1 − Fator de forma (base retangular) sc := 1 + 99 ( M⋅ H) A_linha_3 ⋅ c ⋅ Nc B_linha_3 ⋅ Nq L_linha_3 Nc ic = 1 sc = 1.146 2 dq := 1 + 2 ⋅ tan ( φ ) ⋅ ( 1 − sin ( φ ) ) ⋅ Fator de profundidade D B_linha_3 dq = 1 Logo os valores para o fator de correção e a máxima carga vertical que a fundação pode suportar sob condições não drenadas são: Kc := ic ⋅ sc ⋅ dc ⋅ bc ⋅ gc Kc = 1.13 Q := ( c ⋅ Nc ⋅ Kc + γ ⋅ D ) ⋅ A_linha_3 Q = 83340.663 kgf Q = 817 kN Fator de Segurança FS_3 := Q Qt_3 FS_3 = 3.402 1.2 - Estabilidade quanto ao escorregamento CASO 1 : Instalação do PLET O limitante da capacidade de carga da fundação, com respeito às cargas inclinadas, é a falha por escorregamento. Nesta análise a norma recomenda o fator de segurança de 1,5. Carga horizontal para falha H := c ⋅ L ⋅ B H = 156 kN Carga horizontal no PLET Ht_1 := Qt_1 ⋅ sin ( β ) Ht_1 = 6 kN Fator de Segurança FS_1 := H Ht_1 FS_1 = 24.686 CASO 2 : Instalação do MCV no PLET já assentado no fundo do mar Carga horizontal no PLET Ht_2 := Qt_2 ⋅ sin ( β ) + Hmcv Fator de Segurança FS_2 := 100 H Ht_2 Ht_2 = 18 kN FS_2 = 8.592 CASO 3 : Deslocamento horizontal do PLET com o MCV instalado, devido à dilatação do duto Carga horizontal no PLET Fator de Segurança Ht_3 := Qt_3 ⋅ sin ( β ) + Hmcv + Hduto FS_3 := H Ht_3 Ht_3 = 200 kN FS_3 = 0.783 Neste caso o fator de segurança abaixo do indicado pela norma é previsto, uma vez que o PLET precisa deslizar no leito marinho para não danificar o duto quando este dilata termicamente. 2 - DEFORMAÇÃO ESTÁTICA DE FUNDAÇÕES RASAS A máxima deformação da fundação sob cargamento estático ou equivalente afeta a integridade da estrutura, sua resistência e a de seus componentes. A seguir as equações aplicáveis em condições ideais. 2.1 - Deformações imediatas CASO 1 : Instalação do PLET Assumindo que o material da fundação é isotrópico e homogêneo e que a base da fundação é circular, rígida e permanece apoiada no solo, a deformação da base sob vários carregamentos segue as equações a seguir. Apesar desta formulação ter sido elaborada para fundações circulares, ela também se aplica às fundações retangulares quando estas possuem a largura e o comprimento na mesma ordem de grandeza, neste caso utilizar um raio equivalente, de forma que as áreas sejam iguais. Carga horizontal H := Ht_1 H = 6.3 kN Carga vertical Q := Qt_1 Q = 181.4 kN Momento de tombamento M := 0kN ⋅ m Momento torsional T := 0kN ⋅ m 101 Módulo de Young do solo (E = 200 a 400 x c) E_200 := 200 ⋅ c E_200 = 1042 kPa E_300 := 300 ⋅ c E_300 = 1563 kPa E_400 := 400 ⋅ c E_400 = 2084 kPa Coeficiente de Poisson do solo (p/ argila mole, ν = 0.4 a 0.5) ν := 0.495 Módulo de cisalhamento elástico do solo (Teoria da Elasticidade) G_200 := G_300 := E_200 2( 1 + ν ) E_300 2( 1 + ν ) E_400 G_400 := Raio equivalente Deslocamento vertical R := 2( 1 + ν ) ( B ⋅ L) π G_300 = 523 kPa G_400 = 697 kPa R = 3.09 m uv_200 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅ G_200 ⋅ R uv_200 = 21 mm uv_300 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅ G_300 ⋅ R uv_300 = 14 mm uv_400 := Deslocamento horizontal G_200 = 348 kPa uh_200 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅ G_400 ⋅ R uv_400 = 11 mm 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅ ( 1 − ν ) ⋅ G_200 ⋅ R uh_200 = 1 mm uh_400 := 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅ ( 1 − ν ) ⋅ G_400 ⋅ R uh_400 = 1 mm 102 Rotação devido ao tombamento θr_200 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅M rad 3 8 ⋅ G_200 ⋅ R θr_200 = 0 deg θr_300 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅M rad 3 8 ⋅ G_300 ⋅ R θr_300 = 0 deg θr_400 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅M rad 3 8 ⋅ G_400 ⋅ R θr_400 = 0 deg Rotação devido a torção θt_200 := 3 ⋅T ⋅ rad 3 16 ⋅G_200 ⋅R θt_200 = 0 deg θt_300 := 3 ⋅T ⋅ rad 3 16 ⋅G_300 ⋅R θt_300 = 0 deg θt_400 := 3 ⋅T ⋅ rad 3 16 ⋅ G_400 ⋅ R θt_400 = 0 deg 103 CASO 2: Instalação do MCV no PLET já assentado no fundo do mar Carga horizontal H := Ht_2 H = 18.2 kN Carga vertical Q := Qt_2 Q = 240.3 kN Momento de tombamento M := Hmcv⋅ dmcv M = 24.5 kN⋅ m Momento torsional T := 0kN⋅ m Deslocamento vertical uv_200 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅G_200 ⋅R uv_400 := Deslocamento horizontal uh_200 := uv_200 = 28 mm 1−ν ⋅Q 4 ⋅G_400 ⋅R uv_400 = 14 mm 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅( 1 − ν ) ⋅ G_200 ⋅ R uh_200 = 3 mm uh_400 := 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅( 1 − ν ) ⋅G_400 ⋅R uh_400 = 2 mm Rotação devido ao tombamento θr_200 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅ M rad 3 8 ⋅ G_200 ⋅ R θr_200 = 0.026 deg θr_400 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅ M rad 3 8 ⋅ G_400 ⋅ R θr_400 = 0.013 deg 104 Rotação devido a torção θt_200 := 3 ⋅ T ⋅ rad 3 16 ⋅ G_200 ⋅ R θt_200 = 0 deg θt_400 := 3 ⋅ T ⋅ rad 3 16 ⋅ G_400 ⋅ R θt_400 = 0 deg CASO 3: Deslocamento horizontal do PLET com o MCV instalado, devido a dilatação do duto Carga horizontal H := Ht_3 H = 199.6 kN Carga vertical Q := Qt_3 Q = 240.3 kN Momento de tombamento M := Hmcv⋅ dmcv + Hduto ⋅ dduto M = 115.2 kN⋅ m Momento torsional T := 0kN⋅ m Deslocamento vertical uv_200 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅G_200 ⋅R uv_400 := Deslocamento horizontal uh_200 := 1−ν ⋅Q 4 ⋅G_400 ⋅R uv_200 = 28 mm uv_400 = 14 mm 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅( 1 − ν ) ⋅ G_200 ⋅ R uh_200 = 35 mm uh_400 := 7 − 8ν ⋅H 32 ⋅( 1 − ν ) ⋅ G_400 ⋅ R uh_400 = 17 mm 105 Rotação devido ao tombamento θr_200 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅ M rad 3 8 ⋅ G_200 ⋅ R θr_200 = 0.12 deg θr_400 := 3 ⋅( 1 − ν ) ⋅ M rad 3 8 ⋅ G_400 ⋅ R θr_400 = 0.06 deg Rotação devido a torção θt_200 := 3 ⋅ T ⋅ rad 3 16 ⋅ G_200 ⋅ R θt_200 = 0 deg θt_400 := 3 ⋅ T ⋅ rad 3 16 ⋅ G_400 ⋅ R θt_400 = 0 deg 2.2 - Deformações ao longo do tempo Neste caso, como a deformação é ao longo do tempo e apenas as cargas verticais são consideradas. Iremos calcular apenas o caso 2 que representa a condição do equipamento ao longo de toda a sua vida útil. CASO 2: Instalação do MCV no PLET já assentado no fundo do mar A formulação abaixo nos permite estimar um recalque vertical da camada de solo sob um carregamento vertical imposto. Índice de compressão Cc := 0.75 Índice de vazios e0 := 2.5 Espessura da camada h := 1m Profundidade abaixo da fundação z := 20m 106 Em Fundações retangulares, carregadas e recalcadas no leito marinho, a carga vertical que é transferida ao solo é medida em cada camada de solo (com espessura "h") abaixo da linha do leito marinho, ao longo da diagonal da fundação (∆σi_corner), esses valores são definidos na Teoria da Elasticididade pelas seguintes relações: Coeficientes para o cálculo B m1 := n1 := m1 = 0.25 z L n1 = 0.3 z 2 2 a1 := m1 + n1 + 1 a1 = 1.153 2 2 b1 := m1 ⋅ n1 b1 = 0.006 Tensão vertical aplicada, considerando que a força está atuando em toda a área da fundação σappl := 0.87Qt_2 L ⋅B σappl = 6.97 kPa Fator de influência da carga Iσ1 := if a1 > b1 , 1 2 ⋅ a1 ⋅ m1 ⋅ n1 a1 + 1 1 2 ⋅ a1 ⋅ m1 ⋅ n1 a1 + 1 ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ + π ... ... , a1 + b1 a1 + b1 a1 a1 4 ⋅π 4 ⋅π 2 ⋅ a1 ⋅m1 ⋅ n1 2 ⋅ a1 ⋅ m1 ⋅ n1 + atan a1 − b1 + atan a1 − b1 Iσ1 = 0.03177 Aumento da tensão vertical efetiva devido à carga aplicada à estrutura (canto) ∆q_corner := σappl ⋅ Iσ1 ∆q_corner = 0.22 kPa Em Fundações retangulares, carregadas e recalcadas no leito marinho, a carga vertical que é transferida ao solo é medida em cada camada de solo (com espessura "h") abaixo da linha do leito marinho, ao longo da linha de centro que passa pelo centro geométrico da fundação (∆σi_center), esses valores são definidos na Teoria da Elasticididade pelas seguintes relações: 107 Coeficientes para o cálculo B 2 m2 := m2 = 0.125 L 2 n2 := n2 = 0.15 2 2 a2 := m2 + n2 + 1 a2 = 1.04 2 2 b2 := m2 ⋅ n2 b2 = 0 z z Fator de influência na carga Iσ2 := if a2 > b2 , 1 2 ⋅ a2 ⋅m2 ⋅n2 a2 + 1 1 2 ⋅ a2 ⋅m2 ⋅n2 a2 + 1 ⋅ ⋅ ... , ⋅ ⋅ ... a2 a2 a2 + b2 a2 + b2 4 ⋅π 4 ⋅π 2 ⋅ a2 ⋅ m2 ⋅ n2 2 ⋅ a2 ⋅m2 ⋅n2 + atan a2 − b2 + π + atan a2 − b2 Iσ2 = 0.0087 Aumento da tensão vertical efetiva devido à carga aplicada à estrutura (centro) ∆q_center := 4 ⋅ σappl ⋅ Iσ2 ∆q_center = 0.24 kPa Tensão efetiva vertical do solo na condição natural q0 := z⋅ γsub q0 = 90 kPa Recalque consolidado do solo debaixo da estrutura da fundação ε_center := ε_corner := Cc ⋅log ∆q_center + q0 q0 1 + e0 Cc 1 + e0 ∆q_corner + q0 q0 ⋅ log Deslocamento vertical da camada durante a consolidação do recalque uv_center := ε_center ⋅ h uv_center = 0 mm uv_corner := ε_corner ⋅ h uv_corner = 0.229 mm 108 Esses cálculos precisam ser repetidos para todas as camadas de solo, os resultados se encontram na tabela a seguir: Tabela A.2.1 - Resultados da análise de recalque consolidado A tabela apresenta os resultados do cálculo de recalque consolidado no centro e nos cantos da fundação, considerando o efeito da carga aplicada na estrutura até 20 metros abaixo do leito marinho e subdividindo essa massa de solo em camadas de 1 metro de espessura. Podemos observar que o recalque total no centro da fundação é de 177mm e nos cantos 76mm, como a estrutura tem um comportamento rígido, o recalque se distribuirá igualmente, de forma constante, abaixo da fundação, com o valor aproximadamente igual a 127mm. 109 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo