O que é a Família: dicas para ter
uma boa relação familiar !
Famílias há muitas e não há duas iguais. Problemas todos vivem. Discussões todos
temos. Mal entendidos, confusões, birras, todos vivemos. Mas então porque é que umas
famílias funcionam melhor do que outras? Porque é que algumas superam bem os seus
problemas e outras não?
Poderíamos fazer uma distinção entre famílias nucleares, monoparentais, alargadas,
reconstruidas etc. e, compará-las para procurar saber qual o ‘formato’ que resulta melhor.
Mas será mesmo isso necessário…ou será mais importante procurar a singularidade da
família. O que é que há em comum em todos os membros? O que é que os une? O que os
torna uma família para além dos laços de sangue?
A família é uma identidade e, na nossa sociedade, constitui-se com algumas exceções,
como o primeiro grupo de referência para as crianças. Vygotsky (2001) observou que a
criança aprende a dar significado às suas primeiras acções, internalizando os estímulos e
símbolos que são proporcionados pelos outros à sua volta, adquirindo capacidades
cognitivas a nível da ordem e estrutura do pensamento. À medida que se vai desenvolvendo,
assimila experiências por meio da relação com adultos e outras crianças mais velhas ou
mais experientes, desenrolando-se um processo de individuação, isto é, de afirmação
enquanto sujeito único. Querendo isto dizer que a adaptação da criança ao mundo exterior é
feita através dos primeiros cuidadores que vão devolver à criança o significado e a
interpretação dos símbolos (ex: Linguagem) e estímulos exteriores.
Desde pequenos que os pais procuram educar os filhos de acordo com os valores e
princípios que pensam ser os mais adequados. No entanto, esquecem-se muitas vezes de
fundamentar essas exigências colmatando as discussões com o ‘porque sim’ e ‘não volto a
repetir’. Até uma certa idade a criança (nem todas) podem aceitar e interiorizar tais
exigências, sem questionar muito nem apresentar problemas. Outras não, recusam-se
veemente a fazer o que é dito e entram num autêntico ‘pé-de-guerra’ com os pais.
É aqui que está o centro dos problemas futuros da família. A incompreensão e resignação
por parte dos filhos.
No fundo, os pais ao constituírem família sonham com um modelo familiar, com filhos
educados e respeitadores, que não deem muito trabalho. E no decorrer dos anos de
desenvolvimento dos filhos vão colocando em prática esses princípios. Criando assim uma
identidade familiar. Esta identidade é muitas vezes quebrada ou pelos próprios pais, por
problemas na relação entre os dois ou, por não se identificarem mais com este paradigma;
bem como pelos filhos que não se vão revendo e acabam por se revoltar e não identificar com
a família que têm.
É assim que se dá a crise familiar, que pode ser agravada por inúmeros fatores externos
como dificuldades financeiras, doenças etc.
Entra-se aqui numa espiral de acontecimentos que levam ao desgaste emocional e
psicológico de todos os membros: falta de comunicação, discussões frequentes, perda de
confiança, perda de respeito pelos outros, perda de identificação de um ou mais membros
com o grupo.
Trabalhar estes conflitos nem sempre é fácil, pois vai trazer ao de cima muitas coisas
ditas injustamente ou que magoaram alguém, muitos sentimentos de angústia e frustração,
e muitas vezes contínua falta de compreensão entre os membros que pode levar à ruptura
total das relações. A superação da crise familiar, após uma situação de ruptura, só é possível
deixando passar algum tempo e após uma fase de aceitação individual dos outros tal como
são, aceitando os seus defeitos, qualidades e modos de estar na vida. Emergiram então,
novas formas de relacionamento, a que chamamos a fase de construção. A qual poderá ter
alguns retrocessos mas a predisposição das pessoas nestas situações é para uma maior
abertura e recetividade.
Devemos procurar não chegar a esta fase da ruptura procurando trabalhar precocemente
esta dinâmica relacional. Nomeadamente, proporcionando aos mais novos, não um mundo de
exigências, em que predominam os certos ou errados, mas uma cultura de incentivos,
aprendizagem, gosto pelo conhecimento, interesse e abertura.
A participação dos pais é pois fundamental, e se procurarem ter um papel ativo de
abordagem de valores, discussão de situações que ocorreram na escola ou noutro local,
compreender o que sentiram, o que acharam, o que pensam que é mais correto ou não,
conseguem conhecer melhor o seu próprio filho como também fazer com que este se sinta
ouvido e compreendido, em vez de criticado.
Com os media e o acesso fácil a tudo, estamos muitas vezes condenados a uma cultura
de facilitismo, em que se não conseguimos determinados objetivos desistimos facilmente e
tentamos outra coisa, em vez de procurarmos trabalhar e lutar por aquilo que queremos. Este
modelo de vivência vem muitas vezes de casa. Logo para se procurar ter uma dinâmica
familiar saudável, devem ser os próprios pais a ter uma postura de cooperação, colaboração,
entusiasmo e dedicação.
É certo que, nem sempre é fácil porque as exigências do trabalho fazem com que se
chegue ao fim do dia cansado e sem forças para mais, contudo simples gestos como
jantarem todos sentados à mesa a conversar sobre o dia-a-dia, nem que seja só 2/3 vezes
por semana, fazem toda a diferença e produzem um bem-estar comum.
Quer queiramos quer não dizemos sempre “a minha família”…”minha” é algo que é só
“nosso”.
Dicas para um relacionamento familiar saudável:
 Abertura ao diálogo;
 Procura ativa de conhecimento e
explicações (não dizer só ‘porque
sim’, ou ‘não sei’)
 Ter uma postura de abertura com
os filhos, relembrando-os o que são
formas de agir que vão de acordo
com aquilo que somos ou não
 Procurar atividades que possam
todos fazer (exemplo ao domingo
fazer um calendário da semana em
que cada um escreve uma atividade
que gostava de fazer com todos: ver
um filme, ir passear, jogar um jogo,
fazer uma receita)
 Ter também programas em
separado com cada um dos filhos, e
até só os pais;
 Cooperar e colaborara em vez de
‘mandar fazer’
 Procurar que haja entreajuda entre
todos;
 Haver reciprocidade e respeito;
 Relembrar o quanto gosta dos
seus filhos;
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