Influência do índice de forma na resistência de uma mistura asfáltica padrão. Maximiliano Muñoz Cavalcanti Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul [email protected] Rodrigo Santos da Silva Técnico em formação do Curso Técnico em Estradas da Escola Técnica Parobé [email protected] Jorge Augusto Pereira Ceratti Professor Universidade Federal do Rio Grande do Sul [email protected] Lélio T. Brito Professor Pesquisador do Laboratório de Pavimentação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LAPAV/UFRGS) [email protected] Resumo. O seguinte trabalho apresenta a importância da forma e textura do agregado asfáltico, que compõem a maior parte da mistura, visando avaliar a influência do formato do agregado, se ele é angular, lamelar ou cúbico, na resistência de uma mistura asfáltica padrão, que será submetida a uma tração indireta por compressão diametral. Analisando, no fim, se a forma do agregado interfere ou não. Devido à variabilidade nas características dos agregados será feita uma avaliação na capacidade do corpo de prova resistir a tração indireta por compressão diametral. Essa diferença será estudada e avaliada levando em consideração a forma do agregado, sendo ele mais cúbico ou mais lamelar. 2. OBJETIVO DA PESQUISA Palavras-chave: Forma do Agregado. Resistência. Mistura Asfáltica. 1. INTRODUÇÃO Misturas asfálticas, em geral, são compostas por agregados e ligante asfáltico. Os agregados formam o esqueleto mineral e são responsáveis por cerca de 90 a 95% das mesmas, em peso. A correta caracterização de agregados com relação às propriedades de forma (forma, angularidade e textura) conduzirá a uma melhor previsão de desempenho de pavimentos. O ensaio utilizado para caracterizar a forma do agregado, utilizado na pesquisa, determina a variação dos eixos multidirecionais das partículas que compõem o agregado, definindo-a pelo índice de Forma. Este trabalho tem como objetivo, analisar a variabilidade apresentada nas misturas asfálticas devido à diferença na forma e textura de agregados graúdos de origens basálticas de diferentes pedreiras. Para tanto, vai-se utilizar uma mistura padrão, usando como referência o centro da faixa C estabelecida pelo DNIT. 3. METODOLOGIA Segundo a Norma rodoviária DNER-ME 086/94 a granulometria do material e a faixa escolhida para separação dos agregados foi a faixa C, onde foi separado 2000 g de agregado passante da peneira circular com crivo de 19,0 mm e retido no crivo de 16,0 mm, 2000 g de agregado passante da peneira circular com crivo de 16,0 mm e retido no crivo de 12,7 mm, 2000 g de agregado passante da peneira circular com crivo de XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil 12,7 mm e retido no crivo de 9,5 mm Após o material ser separado nas peneiras circulares, o mesmo é submetido ao crivo redutor de abertura igual à metade do tamanho diretriz correspondente, anotando o peso retido no primeiro crivo. O material que passar no primeiro crivo, deverá ser testado em um segundo crivo redutor de abertura igual a 1/3 do tamanho diretriz da fração. Anota-se o peso do material retido nesse segundo crivo. Essa operação se repete em todas as frações que compõem a graduação escolhida. O resultado é determinado em relação ao seu peso inicial e ao percentual retido em cada crivo redutor, sendo calculado pela expressão: F= [ P1 + 0,5 P2 ] ÷ 100 n F = Índice de forma P1 = soma das percentagens retidas no primeiro crivo, de todas as frações que compõem a graduação. P2 = soma das percentagens retidas no segundo crivo, de todas as frações que compõem a graduação. n = número de frações (ou de tamanhos diretrizes) que compõem a graduação escolhida. Tabela 1. Índice de forma da pedreira CONCEPA Retido (g) % Retida Retido (g) % Retida 1447,3 72,93 399,4 20,13 1479,3 74,46 375,8 18,92 921,1 66,25 374,3 26,92 Índice de Forma 0,82 446,3 44,47 387 38,56 355,4 36,42 385,4 39,50 Índice de Forma 0,56 Seguindo a norma brasileira ABNT BNR 15087, foi medido a altura do corpo de prova com paquímetro em quatro posições diametralmente opostas e foi feita uma média aritmética das quatro leituras. Após a medição da altura, mediu-se o diâmetro do corpo de prova, em quatro posições, com duas leituras perpendiculares entre si em cada uma das faces do corpo de prova. O diâmetro é o valor da média aritmética das quatro leituras. Tabela 3. Leitura média das dimensões dos corpos de prova. Identific. Dimensões nº CP h CP d CP 1 RB 6,11 10,20 2 RB 6,16 10,20 3 RB 6,17 10,20 1' C 6,50 10,20 2' C 6,45 10,20 3' C 6,42 10,20 Retido (g) % Retida Retido (g) % Retida 1686,3 84,32 278,3 13,92 1282 64,10 583,8 29,19 1115,9 55,80 780,4 39,02 Índice de forma 0,82 222,1 22,21 626,4 62,64 238,5 23,85 553,9 55,39 Índice de forma 0,52 Tabela 2. Índice de forma da pedreira Rio Bonito Após a medição do corpo de prova, ele é apoiado sobre uma de suas geratrizes em compartimento, câmara ou ambiente com a temperatura controlada de (25 ± 0,5) C, por, no mínimo, 4 horas antes da realização do ensaio por compressão diametral. Após a climatização, posicionou-se o corpo de prova no dispositivo centralizador em contato com dois frisos metálicos. Caso a prensa mecânica não se encontre em ambiente climatizado à mesma temperatura do ensaio, o início da aplicação de carga dever ser feito, no máximo, em 10 minutos após a retirada do corpo de prova da câmara ou compartimento climatizado. Após posicionar o corpo de prova, aplica-se uma XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil carga de compressão progressivamente, a uma velocidade de deslocamento de (0,8±0,1) mm/s, até que se dê a ruptura por separação do corpo de prova em duas partes similares. Identific. Det. da Densidade Dens. Aparente P. Imerso Sup. Seca PS/(PSSPI) 749,30 1244,50 2,512 nº CP Peso AR 1 RB 1243,80 2 RB 1249,60 755,70 1250,20 2,527 RT = [2F] ÷ πDH 3 RB 1251,70 755,70 1253,50 2,514 1' C 1255,90 735,70 1256,60 2,411 RT é a resistência à tração por compressão diametral à temperatura do ensaio, expressa em (MPa), com precisão de 0,01 MPa; 2' C 1248,80 731,00 1249,90 2,407 Tabela 5. Massa Específica Máxima Medida F é a carga de ruptura, expressa em (N), com precisão de 20N; Pedreira DMM (g/cm3) H é a altura do corpo de prova, expressa em (mm), com precisão de 0,1 mm A resistência à tração por compressão diametral deve ser a média de três corpos de prova moldados em laboratório nas mesmas condições e ensaiados sob os mesmos procedimentos. Tabela 3. Leitura das dimensões dos corpos de prova. Identific. Leitura nº CP mm 1 RB 2 RB 3 RB 1' C 2' C 3' C 0,29 0,31 0,3 0,33 0,35 0,34 RT 0,70 0,74 0,72 0,75 0,80 0,78 Para fins práticos a determinação da densidade aparente dos corpos de prova e a massa específica máxima medida foram calculadas e podem ser verificadas na tabela abaixo. Tabela 4. Densidade aparente 2,538 2,63 Concepa D é o diâmetro do corpo de prova, expresso em (mm), com precisão de 0,1 mm; Rio Bonito Tabela 6. Volume de Vazios Identific. nº CP Dens. Aparente DMM (g/cm3) 1 RB PS/(PSSPI) 2,512 2 RB 2,527 3 RB 2,514 1' C 2,411 2' C 2,407 3' C 2,409 Volume Volume de Vazios de Vazios Média 2,63 2,63 2,63 2,538 2,538 2,538 4,48 3,92 4,41 5,00 5,16 5,08 4. CONCLUSÃO Há um consenso de que as propriedades dos agregados tem influência direta no comportamento dos revestimentos asfálticos quanto a deformações permanentes, e afetam, embora em menor grau, o comportamento relacionado ao trincamento por fadiga e por baixas temperaturas. A angularidade do agregado graúdo garante o atrito entre as partículas que propicia a resistência à deformação permanente. Devido à fixação do teor de ligante e da faixa fixada, a diferença entre um agregado mais angular e um mais cubico, acarretará em um corpo de prova com maior ou menor intertravamento dos agregados, gerando, assim, uma mistura asfáltica com maior ou menor resistência. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil 4,27 4,27 4,27 5,08 5,08 5,08 Diante dos resultados apresentados, duas propostas foram feitas. É de comum conhecimento que a resistência de uma mistura asfáltica não depende somente da forma em si do agregado, e sim, de múltiplos fatores. Dentro desde trabalho foram desenvolvidas diversas suposições para minimizar a influência dessas outras características na resistência da mistura. O centro de faixa foi escolhido para os dois agregados basálticos a fim de não existir influência da granulometria do material. Foi escolhido um teor de 5% de ligante asfáltico para a mistura para que não existisse maior ou menor quantidade do mesmo, influenciando, assim, na capacidade de resistência. Por fim, foi testada a resistência dos corpos de prova, e averiguou-se que existe uma diferença na resistência do material, porém, ela não pode ser, exclusivamente, explicada por meio da forma do agregado. Por esse motivo, outros ensaios foram realizados para averiguar a real causa da diferença nas resistências. Diante das evidências, duas observações foram feitas. Em um material que foram realizadas todas as intervenções antes citadas para direcionar a influência para a forma do agregado, e que contêm capacidade de absorção e densidades parecidas, o índice de forma afetou a resistência à tração, devido ao fato de que partículas mais achatadas quando sujeitas a tração quebram com maior facilidade. Porém quando analisados dois materiais, com capacidades de absorção diferentes e densidades que diferem entre si, a influência do índice de forma não pode ser separada e analisada com exclusividade, a capacidade de absorver o ligante e a densidade do agregado influenciam diretamente na densidade da mistura, o que tem uma relevância ainda maior que a forma do agregado para a resistência da mistura. Diante disso, a simples análise da forma não seria suficiente para entender a diferença nas resistências à tração. REFERÊNCIAS LIEDI, B. B.; MOTTA, L.M.G.; CERATTI, J.A.P.; SOARES, J.B. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: PETROBRAS: ABEDA, 2010. Norma ABNT NBR 15573; Densidade Aparente. Norma DNER-ME 086/94; Determinação do Índice de forma. Norma ABNT NBR 15087/2012 e DNERME 136/2010; Resistência à tração por compressão diametral de misturas asfálticas. Norma DNER-ME 195/97 e ABNT NBR 6458/84; Determinação da Absorção, massa específica real e aparente de agregados graúdos. Norma NBR 15619/2012; Massa Específica Máxima Medida MEMM – RICE. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil