UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM HIGIENE E INSPEÇÃO EM PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE LEITE CRU REFRIGERADO ENTREGUE EM UMA COOPERATIVA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO ANO DE 2002. Maitê Figueiredo Freire Rio de Janeiro, out. 2006 MAITÊ FIGUEIREDO FREIRE Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em Higiene e Inspeção em Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária ATIVIDA ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE LEITE CRU REFRIGERADO ENTREGUE EM UMA COOPERATIVA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO ANO DE 2002. Trabalho monográfico do curso de pós-graduação "Lato Sensu" em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária sob a orientação Professor Marco Antônio Sloboda Cortez. Rio de Janeiro, out. 2006 do SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2 2.1 DEFINIÇÕES E ASPECTOS IMPORTANTES 2 2.2 ALTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DE CONTROLE DE QUALIDADE 4 2.2.1 Temperatura de recebimento 4 2.2.2 Alizarol 5 2.2.3 Acidez titulável 6 2.2.4 Densidade relativa à 2.2.5 Gordura 8 2.2.6 Índice crioscópico 9 15º C 7 3. MATERIAIS E MÉTODOS 10 3.1 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA 10 3.2 TESTE DO ALIZAROL 11 3.3 DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ 11 3.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE 12 3.5 DETERMINAÇÃO DA GORDURA 13 3.6 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE CRIOSCÓPICO 14 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 16 4.1 TEMPERATURA DE RECEBIMENTO 17 4.2 ALIZAROL 18 4.3 ACIDEZ 19 4.4 DENSIDADE 19 4.5 GORDURA 20 4.6 INDICE CRIOSCÓPICO 20 CONCLUSÃO 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23 LISTA DE FIGURAS Fig. 1 – Porcentagem de conformidade da temperatura 18 Fig. 2 – Porcentagem de conformidade da estabilidade ao alizarol a 78% 19 Fig. 3 – Porcentagem de conformidade ao índice crioscópico 20 RESUMO Durante dez dias do mês de dezembro de 2002 foram coletadas 55 amostras de leite cru refrigerado entregue em uma cooperativa de leite no estado do Rio de Janeiro. O estudo teve o objetivo de avaliar características físico-químicas como: temperatura de chegada ao estabelecimento, alizarol, acidez, densidade relativa, gordura e índice crioscópico. Com a finalidade de garantir a qualidade e o comércio legal dos produtos de origem animal, torna-se fundamental a verificação sistemática do atendimento aos requisitos estabelecidos nos regulamentos específicos, por parte das indústrias e dos órgãos fiscalizadores. As amostras foram analisadas no laboratório dessa cooperativa de acordo com os critérios estabelecidos pelo LANARA. Os resultados demonstraram que a média dos valores de temperatura encontrada foi de 9,44 ºC; 15% das amostras apresentaram resultado não conforme aos padrões de temperatura e de estabilidade ao alizarol a 78%; a média encontrada da acidez foi de 15,44 ºD, sendo que todas as amostras apresentaram-se dentro no limite pré-estabelecido pela Instrução Normativa n. 51; as análises que tiveram apurados seus índices quanto à densidade e gordura, todas elas apresentaram-se dentro dos padrões de conformidade com a IN n. 51; das amostras analisadas quanto ao índice crioscópico, apenas duas apresentaram limite não conforme. Considerando os resultados obtidos, observa-se a necessidade de serem trabalhados aspectos a fim de melhorara a qualidade do leite produzido, para isso ações educacionais e uma atuação mais efetiva dos serviços de inspeção são importantes ferramentas que podem ser utilizadas como uma forma de auxiliar a melhora das condições produtivas e influenciar positivamente a qualidade do leite produzido e consumido no Brasil. Isto está diretamente relacionado com o cumprimento das normas relativas quanto aos requisitos previstos nos regulamentos específicos. Palavras chave: leite cru refrigerado; qualidade; análises físico-químicas ABSTRACT During 10 days of December 2002, were colected 55 samples of chilly crude milk delivered in one cooperative in the State of Rio de Janeiro-Brazil. The Study had the objective to evaluate the chemical-physical characteristics like: arrivel temperature in the stablishment, "alizarol", acidity, relative density, fat and "crioscópico" index. With the objective to assure the quality and the legal comerce of the products of animal origin, becomes fundamental the systematic checking of services and the requirements that is set-up in specific rules, by industries and invigilators. Samples were analysed in the lab of this cooperativer acording with the criterion stabilished by the "LANARA". The results shows that the average of the temperature values founded were 9,44 ºC, 15% of the samples showed results that were against the standarts of temperature and the stability of the "ALIZAROL" in 78%, the average of acidity were 15,44º D, but all the samples were in the pre-stablish with the "IN nº 51" by the "crioscópico" index, just two of them were not in the limits. Considering the results, it is possible to check the necessity to work in aspects to improve the quality of the produced milk, for that education actions and one efective performance in the spection services are pretty much important tools that can be used to help to get better productive conditions and positive influences in the quality of the produced milk and consumed in Brasil. That has a directly relationship in the fulfilment of the rules by the requirements foresee in the specific rules. Key words: chilly crude milk, quality, chemical-physical analisys 1. INTRODUÇÃO A qualidade do leite é muito importante para as indústrias e produtores, tendo em vista sua grande influência nos hábitos de consumo e na produção de derivados. No ponto de vista industrial, a qualidade da matéria-prima está diretamente relacionada às características do produto final, que irá então apresentar melhores características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. Já para o produtor, essa referência vai implicar em uma melhor remuneração e ainda uma maior procura ao seu leite, já que isto reflete a boa sanidade de seu rebanho. Atingindo o consumidor final, a salubridade do leite gera uma maior segurança do consumo do produto “in natura”, assim como de seus derivados lácteos. Buscando uma alimentação mais saudável, cada vez mais os consumidores buscam informações sobre o que consomem. Desta forma, exigem melhor qualidade dos produtos disponíveis e fiscalizam a adequação dos produtos às informações indicadas nos rótulos ou veiculadas em meios de comunicação. Além disso, muito importante para a melhora da qualidade dos produtos lácteos é a aprovação e exigência legal de padrões físico-químicos e microbiológicos mais rigorosos. Com a entrada em vigor da Instrução Normativa nº 51 de 2002, que vem determinando os níveis aceitáveis de qualidade e normalidade do leite cru refrigerado, consegue-se hoje encontrar padrões mais rígidos do que os previamente estabelecidos. Desta forma, tende a crescer a demanda por produtos de boa qualidade e certificados, não apenas no mercado nacional, mas assim como no mercado internacional. Uma das grandes vantagens da Instrução Normativa nº 51 é a adequação dos nossos produtos ao comércio internacional, o que auxilia na conquista de novos mercados de consumidores. Além disso, como pode ser exemplificado com a Instrução Normativa nº 51, o objetivo crescente dos governos e das empresas tem sido garantir a qualidade dos alimentos. Para assegurar a qualidade do leite a ser comercializado, é fundamental que seja feita uma avaliação das características sensoriais, físico-químicas e microbiológicas do leite cru a ser utilizado como matéria-prima. A qualidade do produto final vai depender diretamente da matéria-prima empregada, ou seja, um leite apresentando sua composição físico-química dentro dos padrões de normalidade, assim como níveis microbiológicos aceitáveis, irá posteriormente gerar produtos finais com uma melhor qualidade, o que significa alimentos mais seguros, saudáveis, que permanecem inalterados durante o prazo de validade. O objetivo deste estudo foi analisar as características físico-químicas de leite cru refrigerado, entregue em uma cooperativa no estado do Rio de Janeiro, durante dez dias do mês de dezembro, no ano de 2002, e assim possibilitar traçar um pequeno perfil regional da qualidade da produção de leite. Foram feitas análises físico-químicas como: temperatura de chegada ao estabelecimento, alizarol, acidez, densidade relativa, gordura e índice crioscópico. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 DEFINIÇÕES E ASPECTOS IMPORTANTES O leite é um líquido branco opaco, resultante da ordenha de fêmeas de espécie mamíferas no período de lactação. Sendo um alimento muito rico em nutrientes, a sua conservação sem intervenção tecnológica é praticamente impossível sendo, portanto, uma substância altamente perecível. Ao ser armazenado em condições ambientais, o leite sofre uma série de alterações, devido basicamente, à ação dos microorganismos contaminantes. Tais alterações e/ou transformações levaram ao descobrimento de vários derivados do leite, que passaram a ser utilizado como alimento (OLIVEIRA, 1986). Destacam-se entre derivados lácteos importantes: os leites fermentados, queijos, leites desidratados, sobremesas lácteas, entre outros. Define-se leite, sem especificar a espécie animal, como sendo o produto obtido da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas leiteiras sãs, bem alimentadas e em repouso. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie da qual proceda (BRASIL, 1952). O leite também pode ser definido como um sistema coloidal constituído por uma solução aquosa com 5,0% de lactose; 0,7% de sal; 3,2% de proteínas; 13,1% de extrato seco e 9,2% de extrato seco desengordurado (AMIOT, 1991). De acordo com Oliveira (1986), a composição centesimal do leite varia conforme a espécie, raças, idade, período de lactação, etc. Uma das principais características que define a aceitação do leite é o conjunto de suas características sensoriais, sendo as principais o sabor e aroma. Segundo ARCURI et al., (2005), o leite de cada espécie tem sabor e aroma próprios, de caráter inconfundível e único, conferidos pelos seus constituintes. Por exemplo, o leite bovino de qualidade deve apresentar sabor ligeiramente adocicado, limpo, agradável, característico da espécie. Os constituintes do leite que contribuem para isso são principalmente a lactose (sabor adocicado) e os sais inorgânicos (salgado), e também outros, como álcoois, ácidos graxos, lactonas e compostos formados ou ativados durante o tratamento térmico. O leite é um alimento cuja popularidade é devida principalmente ao seu sabor e aroma. Desta forma, somente se o leite for adequadamente obtido e processado é que ele terá conservado a suas características sensoriais e nutricionais e, portanto, sua qualidade (SÁ, 2004). A composição do leite é determinante para o estabelecimento da sua qualidade nutricional e adequação para processamento e consumo humano. A biossíntese do leite ocorre na glândula mamária, sob controle hormonal. Muitos dos constituintes são sintetizados nas células secretoras e alguns são agregados ao leite diretamente a partir do sangue e do epitélio glandular. Estima-se que o leite possua em torno de 100 mil constituintes distintos, embora a maioria deles não tenha ainda sido identificados. Sendo os principais constituintes a água, lactose, gordura, substâncias minerais, ácidos orgânicos, dentre outros (ibid). Para jovens mamíferos, incluindo o homem, o leite é o primeiro alimento ingerido e na maioria dos casos, continua sendo à base de uma dieta por um considerável período de tempo. O leite se caracteriza por ser um complexo biológico fluído com composições e características físicas que variam de espécies para espécies, refletindo na necessidade da dieta diária de um jovem mamífero (VARNAM & SUTHERLAND, 1994). Segundo o Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade entende-se por Leite Cru Resfriado tipo C, o leite que pode ser entregue em temperatura ambiente até as 10:00 (dez) horas da manhã do dia de sua obtenção, em posto de refrigeração de leite ou estabelecimento industrial adequado e nele ser resfriado e mantido em temperatura igual ou inferior a 4ºC (quatro graus Celsius), por no máximo 24 (vinte e quatro) horas, até ser transportado para uma indústria visando processamento final, onde deverá apresentar, no momento do seu recebimento, temperatura igual ou inferior a 10ºC (dez graus Celsius). Deverá ser transportado em vasilhame adequado e individual com capacidade de 50 litros, se mantendo integral quanto ao teor de gordura. Admiti-se a manutenção do leite cru refrigerado tipo C em uma determinada indústria por no máximo 12 horas, até ser transportado para outra, visando processamento final, onde deve apresentar no momento de seu recebimento, a temperatura igual ou superior a 7ºC. Já o leite cru tipo C, obtido em segunda ordenha, deve sofrer refrigeração na propriedade rural e ser entregue no estabelecimento beneficiador até as 10:00 horas (BRASIL, 2002). Todos os países da América do Sul produzem e industrializam leite. Um dos maiores produtores é o Brasil, com seu vasto território e climas apropriados que tem desenvolvido sua produção, possuindo também indústrias de grande porte com variadas linhas de produção. Outros países como Argentina, Uruguai e Chile são também grandes produtores da América do Sul, embora não sejam chamados de auto-suficientes (GUIMARÃES, 2006). Segundo estudo realizado pela FAERJ/SEBRAE-RJ (2003), durante o período de 1991 a 2001, no Estado do Rio de Janeiro, a produção de leite ocorreu, predominantemente, em pequenas propriedades. A ordenha mecânica era utilizada por apenas 6,7% dos entrevistados, resultado explicado pelo baixo custo de mão-de-obra (familiar e contratada) e pelo pequeno volume de produção. O número médio de vacas em lactação (19,88 cabeças) corresponde a apenas 63% do número total de vacas (31,32 cabeças), relação que em sistemas eficientes está em torno de 80%. O baixo percentual de vacas em lactação reflete as deficiências do manejo e da alimentação do rebanho. Desta forma, o estado do Rio de Janeiro apresenta a ordenha de seu rebanho basicamente manual, além de mão-de-obra não especializada, o que conseqüentemente gera baixos níveis de produção leiteira, uma vez que, seu rebanho não tem um manejo eficiente, acarretando em uma alimentação não balanceada, animais desnutridos e provavelmente com a sanidade comprometida. MARTINS (a) (2006), explica que exigências sanitárias são colocadas como mecanismos para inibir a entrada de produtos importados. As empresas vêem na questão da qualidade uma forma de diferenciação de seus produtos, um instrumento para expandir seus mercados e conquistar novos consumidores. E ainda ressalta que nos próximos quinze anos, certamente a busca por qualidade irá se elevar ainda mais. Os países desenvolvidos não têm apresentado significativa elevação na produção de alimentos, caracterizando que, se ainda não atingiram o ponto de saturação na produção, estão muito próximos disso. Nesse quadro de estabilidade ou de saturação de produção e consumo, o natural é que o consumidor revele, cada vez mais, o interesse em consumir alimentos saudáveis, com características nutricionais e funcionais apropriadas. Ainda relacionado à qualidade da matéria-prima, vale ressaltar a importância da higiene na hora da ordenha. Segundo, GOUVEIA et al (2000), o local deve estar limpo, arejado e sem odor ativo; o ordenhador deve apresentar hábitos de higiene pessoal; os tetos devem ser adequadamente limpos e secos, sendo inclusive recomendado à imersão em solução sanitizante antes da ordenha. Durante a ordenha, deve-se desprezar os primeiros jatos de leite, não escovar os animais, não utilizar leite de animais que estejam doentes (mamite, brucelose, aftosa, tuberculose etc.) ou em tratamento, não utilizar leite de animas nos primeiros dias após o parto (colostro), coar e resfriar adequadamente o leite. Depois da ordenha, usar solução de iodo glicerinado nos tetos e realizar lavagem cuidadosa dos latões e dos diversos utensílios utilizados durante a ordenha. A composição do leite é um dos critérios mais avaliados na definição da qualidade do produto, principalmente em relação à concentração de gordura e de proteína. Cabe destacar que tais parâmetros, assim como os parâmetros relacionados com a qualidade microbiológica do leite são utilizados como critério mínimo para aceitação da matéria-prima por parte da indústria. Os parâmetros são muito variados e incluem desde o mais básico, como contagem bacteriana total ou contagem global até contagem de células somáticas. Também são utilizados outros parâmetros que refletem direta ou indiretamente a qualidade higiênica do leite, tais como alizarol, redutase, álcool, acidez, lacto-filtração e temperatura (MARTINS (b), 2006). 2.2 ALTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DE CONTROLE DE QUALIDADE 2.2.1 Temperatura de recebimento A temperatura de chegada do leite na indústria é importante para o controle da multiplicação de microrganismos, os quais são capazes de influenciar negativamente a qualidade do leite (ROOS et al, 2002). O leite já sai do úbere com uma certa carga de microrganismos, podendo ainda sofrer mais contaminações devido à presença de microrganismos nos utensílios e equipamentos. Desta forma, se o leite não for adequadamente resfriado, estes microrganismos poderão encontrar excelentes condições de desenvolvimento, levando a rápida deterioração do produto. A saúde do rebanho leiteiro, as boas práticas durante a ordenha e a conservação do leite em baixa temperatura até o momento do processamento são ações fundamentais para evitar o desenvolvimento dos microrganismos responsáveis pela sua deterioração. Esses cuidados são essenciais para a fabricação de bons produtos derivados, já que a qualidade deste depende, em primeiro lugar, da boa qualidade do leite utilizado como matéria-prima (PONSANO et al., 1999). A qualidade do leite cru está intimamente relacionada com o grau de contaminação inicial e com o binômio tempo/temperatura em que o leite permanece desde a ordenha até o processamento. Em geral, quanto maior o número de contaminantes e quanto mais alta for à temperatura na qual o leite permanece (principalmente se próxima de 30º C), menor será o seu tempo de conservação (SILVEIRA et al, 2006). Em um trabalho realizado por ROOS et al (2002), foi determinada a temperatura do leite de 18.587 tanques isotérmicos na chegada do caminhão à indústria, de janeiro a dezembro de 1998. Os resultados foram confrontados com a Instrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002), que estabelece a temperatura máxima permitida para chegada do leite na indústria como 10°C. Do total de tanques, somente 12.491 (67,20%) apresentaram temperatura de acordo com a legislação, pela média dos meses de janeiro a dezembro. O percentual de tanques com temperatura superior à exigida foi maior durante os meses de verão, particularmente janeiro (51,24%) e fevereiro (55,92%), quando a temperatura ambiental é elevada. Com isso, concluiu a necessidade de maior controle da refrigeração do leite desde o momento de sua obtenção, até a sua chegada na indústria. A taxa de multiplicação bacteriana significa a velocidade com que os microorganismos se multiplicam, em função do tempo e da temperatura de armazenamento. Quanto maior a temperatura de armazenamento, maior será a taxa de multiplicação. Recomenda-se que a temperatura de armazenamento seja de 4°C, podendo chegar no máximo até 7°C, dentro de duas horas após o término da ordenha, e menor que 10°C, durante a adição de leite da ordenha consecutiva. Vale ressaltar que todo o sistema de frio deve ser adequadamente dimensionado e mantido, além de estar em perfeito funcionamento (DIAS, 2000). 2.2.2 Alizarol O princípio baseia-se na ocorrência de coagulação por efeito da elevada acidez ou do desequilíbrio salino, quando se promove desestabilização das micelas pelo álcool e na mudança de colocação da mistura. O alizarol, pela presença da alizarina, atua como indicador de pH, auxiliando a diferenciação entre o desequilíbrio salino e a acidez excessiva (BRASIL, 1981). O teste do alizarol pode apresentar resultados relevantes nas seguintes condições: se o leite está ácido; se o índice de mastite no rebanho estiver elevado; se houver muitas vacas próximas da secagem ou recém-paridas e se houver desequilíbrio salino do leite (excesso de cálcio e magnésio em relação a fosfato e citrato). Quando o teste de alizarol der positivo, deve-se pesquisar qual foi a causa. Esta pode estar relacionada a um desequilíbrio salino que pode ser influenciado por diversos fatores, como por exemplo, mastite, estágio da lactação, mudança brusca na alimentação, individualidade da vaca, raça, estação do ano ou baixa qualidade da alimentação (BRITO, 2005). Segundo CASTRO (2005), o teste do alizarol pode apresentar os seguintes resultados: amarelo pardo quando a acidez estiver > 21º D (leite ácido fermentado, pH < 6.0); vermelho castanho quando a acidez estiver entre 19º D e 21º D (leite pouco ácido, pH em torno de 6.4); vermelho lilás quando a acidez estiver entre 16º D e 18º D (leite normal, pH em torno de 6.8) e violeta quando a acidez estiver < 16º D (leite alcalino, pH > 6.8). A prova do álcool-alizarol não mede exatamente a acidez do leite, mas sim, verifica sua tendência a coagular. O leite que coagula nessa prova não resiste ao calor, portanto, não pode ser misturado aos demais (VIEIRA et al., 2005). Desta forma, o leite ácido não resistiria aos tratamentos térmicos utilizados geralmente pelas indústrias, sendo então uma importante característica a ser controlada. 2.2.3 Acidez titulável (g ácido láctico/ 100 ml de leite) O princípio da determinação consiste na titulação de determinado volume de leite por uma solução alcalina de concentração conhecida, utilizando como indicador a fenolftaleína (BRASIL, 1981). As bactérias láticas são geralmente os responsáveis pela a acidificação, devida à transformação da lactose em ácido lático. Se o fenômeno é espontâneo se deve principalmente ao Streptococcus lactis, que se desenvolve perfeitamente a temperatura ambiente. Quando a acidez alcança 35º a 40º D, a caseína flocula ao submeter o leite em ebulição. Já na faixa de 60º a 70º D, o fenômeno ocorre em temperatura ambiente. Além das bactérias lácticas, há outros grupos de bactérias que podem produzir a acidificação do leite: Coliformes, Enterococos, Estafilococos, Micrococos, etc. (VEISSEYRE, 1980). Ao ser ordenhado, o leite não apresenta nenhuma fermentação, ou seja, sua acidez natural é decorrente dos componentes presentes no próprio leite: Caseína, 6º D; Fosfatos, 6º D; CO2,1-2º D; Albumina,1º D; Citrato, 1º D (VIEIRA et al., 2005). Depois de algum tempo, com a ação da temperatura e com a perda dos inibidores naturais, o leite passa a apresentar elevação da acidez devido à acidificação da lactose, em decorrência do metabolismo de microrganismos presentes. Portanto, é atribuída à acidez a perda do leite pelo produtor nas usinas, quando a acidificação produzida ultrapassa a 1,8 gramas por litro de leite, que é igual 18º D (18 graus Dornic) (ibid). Os valores de pH e acidez do leite não são proporcionais, embora haja uma relação inversa, ou seja, à medida que a acidez se eleva, ocorre abaixamento do pH. A dificuldade de uma boa obtenção de correlação esta ligada no fato que na determinação da acidez são quantificados os prótons hidrogênio livres (íons) e acessíveis (ionizáveis/dissociáveis); por outro lado, apenas os prótons hidrogenios livres (íons) são quantificados na determinação do pH (SILVA, 2004 apud SILVA,1995; TORRES, 1995). Uma acidez acima de 18º Dornic é proveniente da acidificação do leite, causada pelo desdobramento da lactose provocada por bactérias que se encontram em intensa multiplicação no leite. Esse leite é impróprio para consumo e industrialização. À medida que o tempo passa, a acidez aumenta, por influência da temperatura e, principalmente, pela falta de higiene com os equipamentos utilizados durante a ordenha (SCARLATELLI, 1996). O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado cita que o limite de acidez titulável g/ ácido láctico/ 100 ml deve estar entre 0,14 – 0,18 (BRASIL, 2002). 2.2.4 Densidade relativa à 15º C (g/mL) O princípio consiste na imersão de um densímetro de massa constante no líquido provocará deslocamento de uma quantidade deste, que será, em massa, igual à do densímetro utilizado e, em volume, proporcional à densidade da amostra. Esse deslocamento fará o líquido alcançar um valor na escala graduada em graus densitométricos (BRASIL, 1981). Segundo PENNA et al (2004), a densidade pode ser medida através de densímetros ou aerômetros consiste no método mais rápido e prático de se determinar a densidade relativa de diferentes soluções, apresentando resultados bastante exatos. Este equipamento apresenta escala apropriada para a leitura da densidade de cada material específico a ser testado. Quando o destino é a análise de leite recebe o nome de lactodensímetro. Se apresentar um termômetro acrescido ao equipamento, é designado como termolactodensímetro. São vários os modelos existentes, mas o densímetro de Quevenne é o mais comum. A densidade é uma propriedade física dos corpos e, dependendo da natureza, da quantidade e do estado de dissolução coloidal ou verdadeira das partículas, apresentará oscilação em seus valores. Para o leite, a densidade é considerada como uma propriedade aditiva, dependendo diretamente da matéria dissolvida e suspensa no volume pesquisado. Na realidade, a densidade do leite consiste da soma das densidades do estrato seco desengordurado, gordura e água. Segundo o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1952), o leite normal apresenta densidade variando entre 1,028 a 1,033 g/mL, medida a 15ºC. Porém, segundo os Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade, Qualidade, Coleta e Transporte de Leite (Instrução Normativa nº 51) para Leite tipo A, tipo B, tipo C e leite cru refrigerado, os valores normais de densidade variam entre 1,028 a 1,034 g/mL. (BRASIL, 2002). Além disso, segundo a legislação brasileira, a densidade do leite deverá sempre ser expressa a 15ºC, sendo que, caso não seja medida com o leite nessa temperatura, correções deverão ser feitas nos valores lidos, ajustando-os às Normas (o MAPA não recomenda a correção em amostras com temperaturas inferiores a 10ºC ou superiores a 20ºC) (PENNA et al., 2004). Esta correção deverá ser realizada, uma vez que quanto menor estiver a temperatura, maior será a densidade e vice-versa. O valor da densidade estará aumentado se a temperatura da amostra estiver mais baixa, o inverso sendo também verdadeiro. A temperatura irá interferir no estado físico do leite, promovendo, por exemplo, a contração dos constituintes sólidos sob o frio, o que leva à redução do volume ocupado pelos mesmos e conseqüentemente, ao aumento da densidade final do leite. A maior densidade do leite é obtida a 0,3ºC, sujeita a pequenas variações em função da composição. Uma correção aproximada de 0,0002 por grau centígrado, aditiva para temperaturas superiores a 15ºC e subtrativa para as inferiores a 15ºC, pode ser aplicada para a correção dos valores (PENNA et al., 2001). Segundo PENNA (2004), a amostra fraudada com água terá densidade menor do que a amostra normal. Como a densidade da água é estabelecida como 1,0, o resultado final no leite tende a se aproximar desse valor. Uma das aplicações práticas da determinação da densidade é justamente a pesquisa de fraude por adição de água ou desnate na propriedade. 2.2.5 Gordura (g/100 mL de leite) O princípio do método utilizado para determinação da gordura baseia-se no ataque seletivo da matéria orgânica por meio de ácido sulfúrico, com exceção da gordura que será separada por centrifugação, auxiliada pelo álcool amílico, que modifica a tensão superficial (BRASIL, 1981). A gordura do leite em comparação com outras gorduras é uma fonte rica de energia servindo de meio de transporte para as vitaminas lipossolúveis: A, D, E e K. A gordura está sob forma de emulsão e seu coeficiente de digestibilidade é de 95%. O glóbulo de gordura é rodeado por uma membrana protéica, da qual se isolaram já duas frações: uma solúvel e outra insolúvel em solução aquosa. Estas frações têm uma composição diferente das outras proteínas do leite. Esta matéria gorda é constituída por cerca de 99,5% de compostos lipídicos e 0,5% de compostos lipossolúveis. Os primeiros subdividem-se em lipídios simples, lipídios complexos e ácidos graxos livres. Os segundos são constituídos por colesterol, vários hidrocarbonetos, o grupo das vitaminas lipossolúveis e alguns álcoois (VALSECHI, 2001). Os lipídeos do leite podem ser definidos como compostos orgânicos de alto peso molecular, constituídos basicamente de moléculas de C, H e O que são formados pela ligação éster entre uma molécula de glicerol e ácidos graxos. Essas substâncias são insolúveis na água e solúveis em solventes orgânicos, tais como o éter e o clorofórmio (PENNA et al., 2004). A gordura do leite representa um de seus macro-componentes, com valores médios de 3,9% e está diretamente ligada a diversas características físico-químicas e sensoriais do leite e dos seus derivados. Assim, a determinação da porcentagem de gordura pode auxiliar na interpretação de algumas dessas características. No entanto, devemos estar sempre atentos aos fatores que modificam a porcentagem da gordura do leite, uma vez que, dentre os componentes do leite, este é o mais variável e geralmente o primeiro a sofrer alterações diante de qualquer fator de origem genética, ambiental e fisiológica que esteja afetando o metabolismo normal da vaca (ibid). O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado cita que o limite de teor original da matéria gorda g/100 g é de no mínimo 3,0 g (BRASIL, 2002). Originalmente idealizada pelo Dr. Gerber, químico suíço, por volta de 1880, o método de Gerber é hoje um dos métodos volumétricos mais utilizados na indústria de laticínios de vários países. O princípio do método baseia-se na quebra da emulsão do leite com ácido sulfúrico concentrado (densidade 1,820 – 1,830) e na utilização de uma substância desemulsificante, o álcool amílico. A reação ocorre em uma vidraria própria, chamada butirômetro, que é basicamente um bulbo com uma haste comprida e graduada para os teores percentuais de gordura. O ácido sulfúrico deverá dissolver ou decompor as proteínas e a lactose do leite aumentando a densidade da fase aquosa. A gordura será então liberada e sua separação acontecerá pela ação do álcool amílico e pela centrifugação na centrífuga de Gerber. Uma vez que a gordura foi totalmente separada, o resultado será obtido por leitura direta na haste graduada do butirômetro (PENNA, et al., 2004). 2.2.6 Índice crioscópico (o C) O princípio da medição do índice crioscópico baseia-se no super congelamento de uma amostra de leite a uma temperatura apropriada e aplicação de uma agitação mecânica, o que ocasiona um rápido aumento da temperatura até um patamar o qual corresponde ao ponto de congelamento da amostra (BRASIL, 1981). A crioscopia do leite corresponde à medição do ponto de congelamento ou da depressão do ponto de congelamento do leite em relação ao da água. A composição normal do leite gera um valor aproximado de -0,531º C (-0,550º H) para o ponto crioscópico. Este valor depende de uma série de fatores relacionados ao animal, ao leite, ao ambiente, ao processamento e as técnicas crioscópicas, ocasionando dificuldades para o estabelecimento de padrões crioscópicos (SILVA, 2004). A leitura pode ser realizada em duas diferentes unidades: graus Celsius (ºC) ou graus Hortvest (ºH), dependendo de ajustes prévios do equipamento. A detecção da maioria das fraudes é delicada e exige muita atenção por parte do encarregado que vai efetuar as análises. Em particular, a interpretação dos resultados pode causar confusão com graves conseqüências. Uma das principais falsificações do leite é a aguagem. Ela é uma das mais freqüentes e também uma das mais graves, pois não só diminui o valor nutritivo do produto, mais também pode ser fonte de contaminação por perigosos germes patogênicos (VEISSEYRE, 1980). Essa aguagem irá fazer com que o leite congele mais rapidamente, ou seja, que ao ser aplicado o frio, este o congelará com menor quantidade quando comparado a um leite normal, ficando com um ponto de congelamento mais próximo da água. Pela Instrução Normativa nº 51, o limite do índice crioscópico é a -0,530º H (equivalente a -0,512º C) (BRASIL, 2002). 3. MATERIAIS E MÉTODOS Este estudo foi realizado em uma Cooperativa do Estado do Rio de Janeiro, durante o mês de Dezembro de 2002. Neste período, 55 amostras de leite cru refrigerado, foram analisadas quanto as características físico-químicas: Temperatura, Alizarol, Acidez, Densidade, Gordura e Índice Crioscópico. As técnicas analíticas seguiram procedimentos descritos no LANARA (1981). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando-se o Programa Microsoft Excel (média e desvio padrão). Para determinar a homogeneidade entre os conjuntos de dados foi calculado o Coeficiente de Variação (CV), a partir da seguinte equação: CV = desvio padrão/ média. 3.1 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA Para a determinação da temperatura a amostra deve ser previamente homogeneizada. Após esse procedimento coloca-se o termômetro e aguarda alguns segundos para que a temperatura se estabilize, e posteriormente possa ser feita a leitura. 3.2 TESTE DO ALIZAROL 1. Material 1.1. Vidraria, utensílios e outros: - Tubo de ensaio. 1.2. Reagentes: Solução de 1,2 dihidroxiantraquinona (C14H8O4) a 0,2 % (m/v) em álcool etílico (C2H5OH) neutralizado de concentração variável entre 68 a 80 % (depende do tratamento térmico a ser aplicado ao leite e a vida de prateleira que se pretende obter do produto a ser elaborado). Estas concentrações de alizarina ou do álcool etílico neutralizado, podem variar de acordo com especificações da legislação sanitária ou o interesse da indústria. Para a neutralização do álcool etílico (C2H5OH) deve-se transferir o volume de álcool etílico desejado para um béquer. Adicionar 5 gotas de solução alcoólica de fenolftaleína (C20H14O4) (m/v) a 1 %. Agitar lentamente com um bastão de vidro. Não ocorrendo alteração de cor, gotejar solução de hidróxido de sódio 1 N ou 0,1 N até leve coloração rosada. Agitar lentamente com o bastão. Desaparecendo a cor, continuar com a adição de solução de hidróxido de sódio 0,1 N até leve coloração rósea persistente. 2. Procedimento Misturar partes iguais da solução de alizarol e de leite fluído em um tubo de ensaio, agitar e observar a coloração e o aspecto (formação de grumos, flocos ou coágulos grandes). 3. Resultado a) O Leite com resposta normal (boa resistência): coloração vermelho tijolo. Aspecto das paredes do tubo de ensaio sem grumos ou com uma ligeira precipitação, com poucos grumos muito finos. b) O Leite ácido: tendência a um esmaecimento da cor, passando para uma tonalidade entre o marrom claro e amarelo. Na acidez elevada ou no colostro, a coloração é amarela, com coagulação forte. c) O Leite com reação alcalina (indicativo de mastites, presença de neutralizantes de acidez): coloração lilás a violeta (BRASIL, 1981). 3.3 DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ ACIDEZ TITULÁVEL DE LEITE FLUÍDO: Método B do LANARA 1. Material 1.1. Vidraria, utensílios e outros: - Béquer de 100 mL; - Bureta de 10 ou 25 mL ou acidímetro de Dornic; - Pipeta volumétrica de 10 mL. 1.2. Reagentes: Solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 N ou solução Dornic (0,11 N ou N/9); Solução alcoólica de fenolftaleína (C20H14O4) a 1 % (m/v); Padrão de coloração para acidez titulável: dissolver 0,12 g de rosanilina (fucsina C.I. 42510) (C20H20ClN3) p.a. em 50 mL de álcool etílico (C2H5OH) p.a. contendo 0,5 mL de ácido acético (CH3COOH) p.a., completar o volume para 100 mL com álcool etílico p.a. (solução estoque). Diluir 1 mL dessa solução para 500 mL com uma mistura de álcool etílico p.a. e água em iguais proporções por volume (solução de trabalho). Ambas as soluções devem ser estocadas em local escuro, em garrafas âmbar tampadas com rolhas de borracha. Adicionar 1 mL da solução de trabalho a 10 mL da amostra a ser titulada, agitar bem e adotar a coloração obtida como referência para o término da titulação. 2. Procedimento Transferir 10 mL da amostra para o béquer e adicionar 4 - 5 gotas da solução de fenolftaleína a 1 % e titular com solução de hidróxido de sódio 0,1 N ou com a solução Dornic, até aparecimento de coloração rósea persistente por aproximadamente 30 segundos. 3. Cálculos 3.1. Usando solução de hidróxido de sódio 0,1 N: Acidez (Dornic) = V x f x 0,9 x 10 Onde: V = volume da solução de hidróxido de sódio 0,1 N gasto na titulação, em mL; f = fator de correção da solução de hidróxido de sódio 0,1 N; 0,9 = fator de conversão do ácido lático; 10 = transformação de ácido lático para grau Dornic. 3.2. Usando Solução Dornic: 1 mL de NaOH 0,1 N = 0,0090 g de ácido lático Acidez (Dornic) = V x f x 10 Onde: V = volume da solução de hidróxido de sódio 0,1 N gasto na titulação, em mL; f = fator de correção da solução de hidróxido de sódio 0,11 N ou N/9. 10 = transformação de ácido lático para grau Dornic (BRASIL, 1981). 3.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE 1. Material 1.1. Vidrarias, utensílios e outros: - Proveta de 500 mL ou de 1000 mL; - Papel toalha absorvente; - Termolactodensímetro. 2. Procedimento Transferir cerca de 500 mL (ou cerca de 1000 mL) de leite para uma proveta de capacidade correspondente, evitando incorporação de ar e formação de espuma. Introduzir o termolactodensímetro perfeitamente limpo e seco na amostra, deixar flutuar sem que encoste na parede da proveta. Observar a densidade aproximada, erguer cuidadosamente o termolactodensímetro e enxugar sua haste com papel absorvente, retornando o aparelho à posição anteriormente observada. Deixar em repouso por 1 a 2 minutos e fazer a leitura da densidade na cúspide do menisco. Observar a temperatura sempre que possível, fazer a leitura da densidade a 15oC. Pode-se fazer a correção para 15oC acrescentando à leitura 0,0002 para cada grau acima de 15oC ou subtraindo 0,0002 para cada grau abaixo. De qualquer forma não deverão ser feitas leituras de densidade em amostras com temperatura inferior a 10oC ou superior a 20oC. Observação: Calibração do termolactodensímetro: dessecar cloreto de sódio (NaCl) p.a. em forno mufla a 300 ºC por 2 horas ou em estufa a 105 ºC por 24 horas. Pesar rápida e exatamente 44 g de cloreto de sódio. Dissolver e transferir para balão volumétrico de 1000 mL, completando o volume com água destilada. Esta solução deverá apresentar a densidade de 1,030 g/mL a 20 ºC. Introduzir o termolactodensímetro na solução a 20 ºC e calcular a correção. C=D–L Onde: C = fator de correção; D = densidade da solução preparada (1,030) L = leitura no termolactodensímetro. O fator de correção deverá ser adicionado ao valor da leitura da densidade da amostra de leite previamente a correção da densidade para 15 ºC (BRASIL, 1981). 3.5 DETERMINAÇÃO DA GORDURA PROCEDIMENTO PARA REALIZACAO DO TESTE DE GERBER 1. Material 1.1. Equipamentos: - Banho-maria; - Centrífuga de Gerber. 1.2. Vidraria, utensílios e outros: - Butirômetro de Gerber para leite com rolhas; - Medidores automáticos de 1 e 10 mL; - Pipeta volumétrica de 11 mL. 1.3. Reagentes: Solução de ácido sulfúrico (H2SO4) densidade de 1,820 a 1,825 a 20 ºC: adicionar 925 mL de ácido sulfúrico p.a. com densidade de 1,840 sobre 125 mL de água, lenta e cuidadosamente, em banho de gelo. Esfriar até temperatura de 20 ºC e conferir a densidade com o densímetro. Álcool isoamílico (C5H12O) densidade = 0,81 a 20 ºC. 2. Procedimento a) Adicionar a um butirômetro, 10 mL da solução de ácido sulfúrico. Transferir 11 mL de amostra homogeneizada, para o butirômetro lentamente e pela parede deste, para evitar sua mistura com o ácido. b) Acrescentar 1 mL de álcool isoamílico. Limpar as bordas do butirômetro com papel de filtro e fechar com rolha apropriada. Envolver o butirômetro em um pano, colocando o bulbo maior na palma da mão de forma tal que o dedo polegar exerça pressão sobre a tampa, impedindo sua (saída) projeção; agitar o butirômetro, de modo a promover a mistura completa dos líquidos no interior do aparelho, tomando precauções para evitar acidentes e mantendo o polegar sobre a tampa. Centrifugar durante 5 minutos de 1000 a 1200 rpm e transferir para banho-maria a 65º C por 5 minutos; repetir as operações de centrifugação e de incubação. 3. Cálculos Ler a porcentagem de gordura diretamente na escala do aparelho e na base do menisco formado pela camada de gordura, imediatamente após retirar o aparelho do banho-maria. Se a coluna não estiver bem delineada, misturar novamente o conteúdo do aparelho e repetir os procedimentos de centrifugação e aquecimento (BRASIL, 1981). 3.6 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE CRIOSCÓPICO 1. Material 1.1. Equipamento: Crioscópio eletrônico. 1.2. Vidraria, utensílios e outros: Pipeta graduada de 5 mL; Tubo de vidro. 1.3. Reagentes: Soluções de cloreto de sódio (NaCl) a 0,6859 % (m/v) (-0,422 ºH) ou (-0,408 ºC) e a 1,0155 %(m/v) (- 0,621 ºH) ou (-0,600 ºC): secar o cloreto de sódio p.a em forno mufla a 300 C por 5 horas ou em estufa a 130 ºC por 24 horas, esfriar em dessecador e pesar, exata e rapidamente 6,859 g e 10,155 g do sal. Dissolver e transferir para balões de 1000 mL, completando o volume com água fervida e resfriada a 20 ºC. Estocar as soluções em frasco plástico rígido, com tampa interna de pressão e externa rosqueável. Conservar em geladeira. 2. Procedimento Seguir atentamente as instruções do fabricante do aparelho, especialmente no que se referir ao banho de refrigeração, o agitador e o procedimento de calibração com as soluções padrões -0,422 º H e -0,621 ºH ou as recomendadas pelo fabricante. Realizar calibração com os padrões na mesma temperatura das amostras. De modo geral o volume recomendado de solução de calibração e de amostra é de 2,5 mL para cada determinação. Efetuar três determinações para cada amostra em 3 tubos distintos. Os resultados dos testes devem ser próximos, com uma tolerância de mais ou menos 2 miligraus (±0,002 ºH). Após cada leitura, limpar cuidadosamente o sensor e o agitador com água e secar delicadamente com papel absorvente fino. 3. Cálculos Uma vez obtida as três leituras, calcular a média aritmética. Considerar apenas as leituras dentro dos limites de tolerância de mais ou menos 2 miligraus. Equivalência entre as escalas Hortvet (ºH) e Celsius (ºC) T(ºC) = 0,9656 x T(ºH) T(ºH) = 1,0356 x T(ºC) Observação: Uma solução de cloreto de sódio (NaCl) 0,8646 % (-0,530 ºH ou -0,512 ºC) servirá para verificar a calibração do aparelho (BRASIL,1981). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das principais análises realizadas no leite recebido em uma cooperativa no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2002 podem ser observados na Tabela 1. TABELA 1 – Valores das análises físico-químicas de Leite Cru Refrigerado entregue em uma Cooperativa no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2002. AMOSTRAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 TEMPERATURA (oC) 8,7 9,2 10,0 10,0 13,0 11,0 10,9 8,8 8,0 8,0 9,0 9,0 10,6 8,9 12,0 10,0 9,5 9,8 8,5 10,0 10,0 10,0 8,0 9,0 11,0 10,0 8,8 9,0 8,0 10,0 8,9 10,0 11,0 13,0 8,0 ALIZAROL (78%) ACIDEZ (oD) Conforme Conforme Conforme Conforme Não conforme Não conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Não conforme Não conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Não conforme Não conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Não conforme Não conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme 15,0 15,0 15,0 15,0 18,0* 18,0* 15,0 15,0 15,0 18,0* 18,0* 18,0* 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 16,0 18,0* 18,0* 15,0 15,0 15,0 15,0 17,0* 18,0* 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 14,0 DENSIDADE GORDURA (mg/L) (g/100mL) 1032,2 1032,4 1028,0 1032,0 ND ND 1032,4 1032,4 1032,2 1032,6 ND ND 1032,0 1032,0 1032,2 1032,0 1032,4 1032,6 1032,4 1032,0 1032,0 1032,0 1032,0 1032,4 1032,0 1032,2 1032,6 ND 1032,2 1032,0 1032,4 1032,6 1028,6 1031,8 1032,0 3,5 3,5 3,5 3,5 ND 3,6 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,6 3,6 3,6 3,5 3,5 3,6 3,6 3,7 3,6 3,6 3,6 3,6 3,5 3,5 3,5 ND 3,6 3,6 3,5 3,5 3,5 3,6 3,7 ÍNDICE CRIOSCÓPICO o ( C) -0,543 -0,540 -0,465** -0,537 ND ND -0,542 -0,538 -0,544 -0,548 ND ND -0,538 -0,537 -0,536 -0,536 -0,538 -0,544 -0,541 -0,539 -0,543 ND ND -0,540 -0,535 -0,542 -0,544 ND -0,539 -0,545 -0,543 -0,541 -0,480** -0,534 -0,535 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 8,5 12,0 15,0 5,0 7,0 8,9 7,5 9,1 8,6 7,8 8,2 10,0 10,0 7,9 8,5 8,9 9,5 7,0 10,0 Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme Conforme 14,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 14,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 1032,3 1032,0 1031,0 1032,6 1032,4 1032,2 1032,0 1032,2 1032,0 1031,8 1032,4 1032,6 1032,8 1032,6 1032,0 1032,4 1032,6 1032,4 1032,0 3,7 3,8 3,8 3,6 3,6 3,6 3,6 3,5 3,8 4,0 3,6 3,6 3,5 3,5 3,6 3,6 3,7 3,7 3,5 -0,541 -0,539 -0,541 -0,540 -0,542 -0,538 -0,547 -0,520 -0,539 -0,536 -0,547 -0,541 -0,535 -0,539 -0,543 -0,538 -0,542 -0,539 -0,545 55 Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação (%) 10,0 9,44 1,63 Conforme - 15,0 15,44 1,13 1032,0 1032,06 0,83 3,6 3,59 0,10 -0,544 -0,537 0,014 0,1728 - 0,0735 0,0008 0,0284 0,0268 * Leite ácido: fins industriais ** Leite alterado: fins industriais ND Não Determinado 4.1 TEMPERATURA DE RECEBIMENTO Todas as 55 amostras de leite cru resfriado foram analisadas quanto à temperatura de recebimento, sendo que 8 delas apresentaram temperatura não conforme com o recomendado pela Instrução Normativa número 51 de 2002, já que apresentaram temperatura acima dos 10 graus centígrados. A média de temperatura encontrada foi de 9,44º C, com um coeficiente de variação relativamente baixo (Tabela 1). Mesmo a média estando dentro do permitido pela legislação, devido a observação de alguns valores maiores que o padrão desejado (acima de 10oC), podemos identificar problemas em relação à conservação do leite nestes estabelecimentos específicos. Isto pode ser um indicativo de má conservação do leite fluido após a ordenha, já que por se tratar de um alimento tão perecível deve ser mantido a temperaturas baixas e controladas (sem grandes oscilações) para uma melhor garantia de qualidade e segurança do produto final (leite pronto para o consumo) que neste caso apresentou valores em torno de 15% das amostras com temperaturas mais elevadas do que o indicado. Como pode ser observado na Figura 1, em relação às amostras pesquisadas, foi detectado um índice de conformidade de 85%. Temperatura 15% Não conforme Conforme 85% Figura 1 – Porcentagem de conformidade da temperatura. 4.2 ALIZAROL (78%) Das 55 amostras analisadas, todas foram submetidas ao teste de alizarol sendo que 8 delas apresentaram-se não estáveis ao alizarol com 78 % (v/v), ou seja, sofreram coagulação durante a execução do teste (Tabela 1). Estas mesmas amostras foram às mesmas que tiveram níveis de acidez no seu limite máximo (uma com 0,17 e sete com 0,18 g de acido lático/ 100 ml). Na Figura 2 podemos observar que 85% das amostras estavam dentro dos padrões exigidos pela Instrução Normativa nº 51 de 2002. Vale ressaltar que o teste do alizarol e uma prova de rotina rápida e muito aplicada no recebimento na matéria-prima pelas industrias de laticínios. Ele tem como função a indicação do pH do leite, fator que pode gerar diversas interpretações, pois pode indicar leite ácido ou leite alcalino. Desta forma, de acordo com a avaliação dos resultados da amostras, outras pesquisas devem ser realizadas para determinar o que realmente está ocorrendo, principalmente relacionando-se à sanidade do rebanho, a higiene e comportamento do ordenador, desinfecção dos latões, ocorrência de fraudes, etc. Estabilidade ao alizarol 15% Não conforme Conforme 85% Figura 2 - Porcentagem de conformidade da estabilidade ao alizarol a 78%. 4.3 ACIDEZ (o D) Das 55 amostras analisadas, todas foram submetidas ao teste de acidez sendo que 8 delas apresentaram-se no limite máximo permitido que é 18,0 º D da amostra (Tabela 1). Vale ressaltar que todas estão em conformidade pela Instrução Normativa numero 51 de 2002. A média encontrada foi de 15,4 º D e o coeficiente de variação 0,0735, mostrando que houve pouca variação entre os valores encontrados. Mesmo assim, algumas amostras apresentaram-se próximas ao limite máximo permitido (18,0 º D), o que parece ter relação com a temperatura na qual estas amostras foram transportadas, uma vez que em temperatura mais elevadas, as bactérias intensificam sua multiplicação e seu metabolismo atuando na composição do leite, como na degradação da lactose gerando ácido lático. 4.4 DENSIDADE Observando a Tabela 1, temos que das 55 amostras analisadas, apenas 5 delas não tiveram sua densidade analisada, devido o seu desvio para fins industriais por estarem fora dos padrões para o teste do alizarol, sendo que das 50 amostras restantes, todas apresentaram conforme o padrão médio de densidade estabelecido pela Instrução Normativa número 51 de 2002, que e de 1028,0 a 1034,0 mg/L. A média encontrada foi de 1032,06 mg/L e o coeficiente de variação bem baixo, mostrando que não houve muita variação dos valores da densidade do leite neste experimento (Tabela 1). 4.5 GORDURA Das 55 amostras analisadas, apenas 2 não tiveram seu índice de gordura analisado, devido a não utilização destes leites pela indústria. Das 53 analisadas, todas se apresentaram conforme o padrão médio de gordura estabelecido pela Instrução Normativa número 51, que é de 3,0 g/100 ml. Sendo que a média encontrada foi de 3,59 g/100 ml (Tabela 1). 4.6 ÍNDICE CRIOSCÓPICO Das 48 amostras analisadas, apenas 2 tiveram seu índice crioscópico fora dos padrões de conformidade, o que sugere um indicativo de fraude, provavelmente por aguagem, já que os níveis encontrados estavam mais próximos ao ponto de congelamento da água. Sete amostras não foram analisadas, devido a não conformidade ao teste de alizarol. As demais amostras (41) apresentaram conforme o padrão definido de índice crioscópico estabelecido pela Instrução Normativa número 51, que é de -0,512 º C. Sendo que a média encontrada foi de -0,537 º C (Tabela 1). Índice crioscópico 5% Não conforme Conforme 95% Figura 3 - Porcentagem de conformidade do Índice crioscópico. CONCLUSÃO O agronegócio do leite, no Brasil, representa uma das principais cadeias produtivas do país, seja no aspecto econômico, geração de renda, ou pelo aspecto social como a geração de empregos e fixação de mão-de-obra rural e agricultura de subsistência. Considerando os resultados obtidos, conclui-se que um dos principais problemas relacionado ao entrave à melhora da qualidade do leite é a temperatura de chegada ao estabelecimento beneficiador. Este fator é de grande importância para a qualidade da matériaprima e conseqüentemente para o produto final, uma vez que o aumento da temperatura está diretamente relacionado com a multiplicação bacteriana e desta forma, o leite, por se tratar de um alimento altamente perecível, acaba sendo degradado rapidamente por esses microrganismos, podendo causar alterações sensoriais, físico-químicas e microbiológicas irreversíveis. Os dados obtidos sugerem uma grande correlação entre a utilização de temperaturas mais elevadas com a acidificação do leite, uma vez que diversos microrganismos, principalmente bactérias lácticas, irão se multiplicar mais rapidamente e degradar a lactose em ácido lático, gerando o aumento da acidez da amostra, como foi observado neste experimento. É pertinente ainda correlacionar alguns aspectos observados, como no caso das amostras de leites com níveis de acidez no seu limite máximo permitido, apresentarem problemas no teste do alizarol. Estes dois últimos parâmetros associados servem como um indicador de um leite com indícios de acidez elevada. Isto pode se dar por vários motivos, dentre os mais comuns estão à falta de higiene na ordena, falta de higiene dos ordenhadores, falta de desinfecção dos latões, etc. Porém, vale lembrar que o leite ácido pode ser utilizado pela indústria. Desta forma, das amostras que tiveram seus índices apurados, as análises quanto à Densidade e Gordura apresentaram-se dentro dos padrões de conformidade com a Instrução Normativa número 51. Já a Temperatura, das 55 amostras, 8 apresentaram acima do padrão préestabelecido pela norma, o que pode estar relacionado com as 8 amostras submetidas ao teste de Acidez que apresentaram-se no limite pré-estabelecido pela norma, podendo indicar uma multiplicação bacteriana acelerada no leite, desde a ordenha até a sua chegada na indústria de beneficiamento. Quanto ao teste do Alizarol, todas foram submetidas às análises e 8 delas consideradas fora dos padrões de conformidade, o que pode ter sido causado por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos. E por último o Índice crioscópico que das amostras analisadas, 2 apresentaram-se fora dos padrões de conformidade, o que pode suspeitar de fraude, principalmente por aguagem que é uma das formas mais utilizadas para aumentar a quantidade de leite vendido as indústrias. Assim sendo, há muitos aspectos que devem ser trabalhados a fim de melhorar a qualidade do leite produzido. Para isto, campanhas educacionais de higiene, profissionais capacitados, recursos financeiros, incentivos aos pequenos produtores rurais e também para as cooperativas são dentre muitos fatores que devem ser empregados visando estas melhorias. Ações educacionais e uma atuação mais efetiva dos serviços de inspeção também são importantes ferramentas que podem ser utilizadas como uma forma de auxiliar a melhora das condições produtivas e influenciar positivamente a qualidade do leite produzido e consumido no Brasil. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AMIOT.J. Ciência y Tecnologia de la leche. Ed. Acribia, S.A. Zaragoza, Espanha, 1991. ARCURI, E. F.; BRITO, J. R. F.; BRITO, M. A. V. P. Como Preservar o Sabor e o Aroma do leite. Revista Balde Branco. Publicada em 3 de dez. de 2005. Disponível em: <http://www.laticinio.net/inf_tecnicas.asp?cod=66> BRASIL. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Ministério da Agricultura da Pecuária e Abastecimento. Inspeção Industrial e Sanitária do Leite e Derivados, cap. I, art. 475. Ano 1952. BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Laboratório Nacional de Referência Animal. 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