Crescimento versus Inflação na Economia Brasileira Nilson Pimentel (*) Crescer e crescer eis a questão! Se fosse fácil, os países da Zona do Euro não estariam em crise, amargando o maior desemprego da história do capitalismo europeu, onde os 17 países que tem no Euro, sua moeda, possuem mais de 19 milhões de desempregados. Sendo que, os principais países em condições precárias são Espanha (com mais de 6 milhões de desempregados) e a Grécia, com quase a totalidade de sua população econômica ativa, em desemprego. Também, a autoridade monetária desse bloco, utiliza-se de instrumentos de Politica Econômica (PE), anunciando que a basic interest rate, ou seja, a taxa de básica de juros da Zona do Euro terá um corte de 0,75% para 0,50%, a partir desse mês de maio. Vejam essa taxa e comparem com a brasileira SELIC (7,50% aa). No conjunto do sistema econômico brasileiro as autoridades andam sem rumo adequado na aplicação dos instrumentos de Politica Econômica, visto os discursos da Presidenta Dilma, do Ministro da Economia (Guido Mantega) e do Presidente do Banco Central (BACEN), Alexandre Tombini. Há certo desencontro entre as mensagens, haja vista, a nova corrida eleitoral presidencial de 2014, faz com que a Presidenta demonstre o desejo de crescimento econômico, ou seja, fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil volte a crescer, novamente. Fala-se muito em conter a taxa inflacionária para que o Brasil volte a crescer e, tome palpites e adivinhações, mas nada concreto na aplicação de instrumentos de Politica Econômica, como os instrumentos de Politicas Fiscal, Monetária e Cambial. Como todos tem conhecimento, a inflação está nas manchetes, não faltam aqueles que contrapõem inflação e crescimento econômico de maneira falha de ver o problema, pois controlar a inflação com rigor resultaria em crescimento econômico menor, ao passo que tolerar um pouco mais de inflação seria benéfico para o crescimento econômico. Isso é uma falácia, senão observem: em primeiro lugar, há claramente uma falha lógica nesse raciocínio, se um pouco mais de inflação favorece o crescimento econômico, então muito mais inflação favoreceria muito mais, correto? Se, por exemplo, com 4,5% de inflação, o crescimento é de, digamos, 4%, uma inflação de 6% geraria um crescimento de, por exemplo, 5%. É neste gatilho que ocorre o erro, porque inflação precisa de controle rígido, dentre de certas margens ou metas para que maior grau de investimentos fixos produtivos, com taxas de juros em viés de baixa, que possa resultar em crescimento econômico. E, tome decisões (intervenções do governo na economia) pontuais, para induzir o consumo, com desonerações para alguns segmentos de produtos, desonerações em folhas de pagamentos, etc. E, tome retomada do viés de alta da taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) de 7,25% para 7,50% aa. No entanto, o que é Taxa SELICɁ Ela é utilizada nos empréstimos entre bancos e para e base para empréstimos para consumo e para investimentos, aumentando o preço do dinheiro de quem compra e para quem investe em produção, e serve de base de remuneração nas aplicações que os bancos fazem em títulos públicos federais, no mercado de capitais. Ela está sendo usada pelo Governo para controlar a inflação, além de controlar a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil. Vejam, que na prática, quanto maior o valor da taxa SELIC, mais caro será o crédito oferecido pelos bancos, tanto para o consumo, quanto para investimentos, uma vez que esta lhe serve como base. Além do cheque especial e cartões, ela afeta o crediário, poupança e financiamentos, ou seja, é um fator de restrição na oferta de crédito para consumo e para investimentos, tornando mais caro o dinheiro. Dessa forma, acreditam as autoridades monetárias do Governo que agindo assim estão utilizando adequados instrumentos de Politica Econômica para conter a Inflação. No entanto, esse “remédio” traz efeito colateral de frear o crescimento econômico, pois fazer crescer o Produto Interno Bruto, não somente se faz elevando o volume de recursos em investimentos, como os macroprogramas que o Governo colocou a disposição da economia brasileira, como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e o Brasil Maior, dentre os maiores apresentados, em assim sendo, o PIB já teria voltado a crescer sem problemas, mas nada ocorreu nesses últimos 3 anos. O fator investimento como instrumento de politica monetária, conforme alguns macroeconomistas se manifestam, acarreta algumas considerações restritivas ao crescimento econômico, para se aumentar os investimentos na economia é preciso haver poupança, coisa que o povo brasileiro apresenta baixa propensão a poupar, pois ainda é pobre, sem que se tenha satisfeita suas necessidades básicas. Outro fator é o Governo forçar a poupança via impostos, porém, com todas as pontuais desonerações havidas, não há solução a curto e nem no longo prazo. Também, o fator inibidor do crescimento dos investimentos são os riscos no ambiente de negócios, que ameaçam o retorno do capital investido, como baixo grau investimentos em educação, taxas insignificantes de aplicações de recursos em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, baixo grau de investimentos em Ciência & Tecnologia & Inovação e ausência de taxas efetivas nas construções de equipamentos infraestruturais, como portos, terminais portuários de conteiners, galpões & silos portuários, aparelhamentos marítimos de portos profundos, melhorias de piers de ancoragens, aeroportos, galpões aeroportuários, ferrovias, estações ferroviárias, rodovias asfaltadas com padrões internacionais. O ínfimo crescimento econômico nos últimos anos faz com que o Brasil fique atrás de países como a Coréia do Sul, que por elevados investimentos fixos produtivos na economia vem alcançando níveis de crescimento econômico mais satisfatórios, convergindo seu crescimento e renda per capita, `a Fronteira Tecnológica, colocando seus produtos maciçamente no amplo mercado brasileiro. Somente para efeito comparativo, se vê que na Coréia do Sul a taxa de investimentos na economia variou entre 30% a 40% do PIB nos últimos 30 anos, enquanto no Brasil essa taxa não alcançou 20%. Outro fator comparativo, a Coréia está em 8º lugar no ranking doing business, enquanto o Brasil ocupa a 126ª posição, mesmo assim, nesse ano de 2013, a Coréia localizando-se mais próxima da Fronteira Tecnológica, sua taxa de investimento permanece mais alta que a brasileira, em face de um ambiente de negócios mais favorável. Portanto, a equipe econômica do Governo deve buscar o mais adequado instrumento de Politica Econômica compatível do estágio da economia brasileira para controlar a inflação, com maiores volumes de investimentos que permita, urgentemente, o crescimento econômico e geração de novos postos de trabalho, de forma sustentável no longo prazo. (*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica (UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected].