XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
BONECAS ABAYOMI: UMA PROPOSTA LÚDICA PARA TRABALHAR AS
RELAÇÕES ETNICAS RACIAIS NA ESCOLA.
Maria Claudene da Silva Cruz/UEPA
Denise Sena da Silva/UEPA
RESUMO
O presente trabalho apresenta o resultado de um projeto de pesquisa no qual buscou
contribuir para a formação de professores do Município de Igarapé-Açu, no estado do
Pará. O mesmo foi executado durante a VIII Semana Acadêmica do Campus X da
Universidade do Estado do Pará – UEPA localizado no respectivo município, através de
oficina desenvolvida junto aos acadêmicos do campus e de outros campi, bem como,
com professores das escolas públicas. O tema proposto teve como objetivo contribuir
para a formação continuada de professores das series iniciais do ensino fundamental por
meio da construção de bonecas Abayomi numa perspectiva de fortalecer as relações
étnicas raciais na escola a partir do lúdico. O projeto teve como base o processo
metodológico interdisciplinar onde as atividades consistiram-se inicialmente de um
estudo acerca da literatura especializada e reflexão sobre a lei nº 10.639, de 09 de
janeiro de 2003 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir
no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura
Afro-Brasileira", seguida de dinâmicas de grupos e confecção das bonecas Abayomi. Tal
projeto inseriu-se no contexto escolar objetivando combater o racismo, a discriminação
e o preconceito tão presentes nas relações dos sujeitos educativos e, portanto, nas
práticas pedagógicas das escolas públicas. Todas essas observações uma vez detectadas
demonstraram a necessidade de levar essa proposta para além dos muros da
Universidade para a melhoria da práxis docente nas escolas públicas da rede municipal
de sentido, de sensibilizar e auxiliar os professores para o enfrentamento do desafio de
construir uma educação pública de qualidade e que de fato atue numa perspectiva de
inclusão social.
Palavras-Chave: Formação de Professores. Relações Étnico-Racias. Inclusão Social.
Lúdico
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APRESENTAÇÃO
O presente trabalho socializa resultados de uma oficina realizada durante a VIII
Semana Acadêmica da Universidade do Estado do Pará -UEPA- Campus X, com
professores da rede pública de Ensino do Município de Igarapé-Açu-Pa no que tange ao
atendimento à lei 10.639/2003 de se trabalhar a temática étnico-racial nas escolas. Para
muitos professores que se depararam pela primeira vez com esta temática, encontra-se
com um fazer pedagógico sem uma fundamentação teórica e prática necessárias para a
condução de ações que norteiem saberes e fazeres de uma educação em diversidade.
Como sabemos, a Lei nº10.639/2003 determina em seu art.26,
§ 1o - O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá
O estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil,
a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e
política pertinentes à História do Brasil;
§ 2o - Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-brasileira serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
Neste sentido, entendemos serem necessárias ações que possibilitem e subsidiem o
pensar docente acerca das políticas pertinentes a cultura Afro-Brasileira, e de como
atuar em seu contexto escolar rompendo com o silencio que tem se estabelecido sobre o
preconceito e a discriminação racial, que só tem contribuído para que as diferenças entre
as pessoas se fortaleçam e a desigualdade seja entendida de forma naturalizada.
Para Romão (2001), a reversão desse quadro será possível pelo reconhecimento da
escola como reprodutora das diferenças étnicas, investindo na busca de estratégias que
atendam às necessidades específicas de alunos negros, incentivando-os e estimulando-os
nos níveis cognitivo, cultural e físico. O processo educativo pode ser uma via de acesso
ao resgate da auto-estima, da autonomia e das imagens distorcidas, pois a escola é ponto
de encontro e de embate das diferenças étnicas, podendo ser instrumento eficaz para
diminuir e prevenir o processo de exclusão social e incorporação do preconceito pelas
crianças negras.
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Assim, ao observarmos as relações raciais dentro do espaço escolar, questionamonos até que ponto ele está sendo coerente com a sua função social quando se propõe a
ser um espaço que preserva a diversidade cultural, responsável pela promoção da
igualdade. Dessa forma, compreendemos que a escola tanto pode ser um espaço de
disseminação quanto um meio eficaz de prevenção e diminuição do preconceito.
TRABALHANDO AS RELAÇÕES ÉTNICAS RACIAIS NAS ESCOLAS
Cavaleiro (2000) considera que o silencio escolar sobre o racismo cotidiano não
só impede o florescimento do potencial de milhares de mentes brilhantes nas escolas
brasileiras, tantos de alunos negros quanto de alunos brancos, como também nos
embrutece ao longo de nossas vidas impedindo-nos de sermos seres realmente livres.
Ademais não só o preconceito racial na escola se restringe as relações étnicas
como também os diversos materiais produzidos e utilizados pelos docentes contribuem
para o acirramento do processo discriminatório e, portanto, se faz necessário que as
informações e conhecimentos façam sentido no processo ensino-aprendizagem. É
preciso que os sujeitos educativos tomem posse deles.
È necessário que o educador e educando, ultrapassem posições passivas de
meros expectadores, mas que sejam participantes da ação educativa e que a escola seja
uma escola plural em que não ceda espaço a conceitos e preconceitos.
E é sob esta ótica que urge a necessidade do desenvolvimento constante de
atividades de ensino que favoreçam o pensar pluralista, diversificado, como rupturas de
práticas alienantes e cristalizadas.
Souza (2000), destaca neste sentido, que a escola realize em seu processo
educativo, por ser uma atividade eminentemente instrutiva e reflexiva, o trabalho com
projetos oferece aos sujeitos educativos interação de experiências vividas, obtendo
novos conhecimentos, desenvolvendo competências e formação de habilidades.
O racismo, que deveria ser tratado como um tema a ser trabalhado em diversas
áreas, somente é discutido quando ocorre algum caso de discriminação, e muitas vezes é
considerado um problema que diz respeito apenas aos negros ou a organizações de
defesa dos direitos desta população. Para muitos (as) educadores (as), o descarte da
palavra raça é a garantia de que uma educação igualitária está sendo propiciado, o que
serve apenas para ocultar o racismo que também ocorre na escola.
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Para Borges (2002), o fato é que a sociedade brasileira encontra-se marcada
pela exclusão social e pela discriminação racial. Essa situação reflete a
existência de um racismo efetivo, com repercussões negativas na vida
cotidiana da população negra, principalmente quando cidadania é o tema em
questão.
A realidade brasileira de crença e absorção da divisão da sociedade em raças é
um fato consumado que contraria discurso nacional da democracia racial, isto porque,
os brasileiros não só acreditam nas raças como também agem em consonância com elas,
fundamentando preconceito, discriminação e segregação, ao passo que "o resultado da
crença de que não temos racismo foi, de acordo com muitos cientistas, um dos piores
tipos de racismo que se conhece. A forma mais eficiente de reforçar o preconceito é
achar que ele não existe, que é natural" (KENSKI, 2003 p.49).
A problemática da diversidade no Brasil, embora apareça nas discussões
educacionais nos anos 1990, é antiga, acompanha a história de lutas por inserção cidadã
na sociedade, empreendidas por indígenas, negros, sem-terra, empobrecidos, outros
marginalizados pela sociedade (SILVA, 1993, 2002; 2004).
Dessa maneira, propormos para esta nova formação e habilidades o movimento
vivo de ensinar brincando bonecas abayomi é importante que a escola assuma de fato
sua função social ao contribuir significativamente para a construção de uma
aprendizagem prazerosa, em que o lúdico possa ser meio e instrumento eficaz à
participação interativa, ultrapassando as meras atividades de rotina das escolas.
É por este motivo que, trabalhar as relações étnicas raciais por meio da
construção das bonecas abayomi, abre possibilidades para novas situações pedagógicas
em que o aluno possa construir valores, transformar pensamentos discriminatórios, sem
imposições. Construir seus conhecimentos e acima de tudo exercer seus atos de
cidadania, compreendendo que somente pelo respeito ao próximo criará novos
significados para transpor barreiras que ainda persistem nos espaços escolares acerca
das relações étnicas raciais.
Destaque-se ainda que a respeito da escolha pelo recurso didático boneca de
pano abayomi se dá ao fato não apenas por ser, segundo Escobar apud Martins(2010 ),
somente uma técnica, mas acima de tudo por representar um “movimento de negritude,
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do feminismo, de mulheres negras e de seu ambiente que Abayomi nasce, como um
grito de um povo de não pode e não irá se calar” em meio a um contexto macro em que
as políticas neoliberais se fazem presentes e contribuem para o fortalecimento e
acirramento da pobreza, da discriminação especialmente dos povos negros e por isso
enfrentar o desafio.
Brasil(1997) ressalta que respeitar e valorizar as diferenças étnicas, culturais e
religiosas não significa aderir aos valores do outro, mas, sim, respeitá-los como
expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua
dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação.
O discernimento é indispensável, de maneira particular quando ocorrem
situações de discriminação no cotidiano da Escola... A problemática que
envolve a discriminação étnica, cultural e religiosa, ao invés de se manter
em uma zona de sombra que leva à ambigüidade nas falas e atitudes,
alimentando com isso o preconceito, pode ser trazida à luz, como elemento
de aprendizagem e crescimento do grupo escolar como um todo.(BRASIL)
DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA OFICINA
Com base na oficina realizada na VIII semana acadêmica do Campus X (UEPA),
desenvolvemos o projeto Brincando com Bonecas Abayomi: trabalhando as relações
étnicas raciais na escola, trabalhando a formação continuada dos docentes das series
iniciais com a perspectiva de fortalecer as relações étnicas raciais nas escolas por meio
do lúdico (bonecas Abayomi) no combate ao racismo, discriminação e preconceito ainda
muito presente nas relações escolares bem como nas práticas pedagógicas das escolas
públicas.
Sendo assim o projeto teve os seguintes objetivos: contribuir para o
desenvolvimento e implementação de novas posturas docentes e discentes frente à
temática, mobilizar e sensibilizar educadores para a construção e desenvolvimento de
ações pedagógicas por meio da construção de bonecas negras priorizando a temática
étnico racial e possibilitar a partir das construção das bonecas abayomi no contexto de
sala de aula, o estudo sobre conceitos e fundamentos e o reconhecimento da cultura
afro-brasileira.
O projeto teve inicio com a abordagem do tema e dos objetivos através de
exposições dialogadas. Em seguida, apresentamos a lei nº10.639/2003, e fizemos
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comentários referentes a implementação da cultura afro-brasileira no currículo escolar
nas disciplinas Educação Artística, Literatura e Historias Brasileiras. Debatemos como
tal lei é aplicada e se realmente está sendo de fato efetivada. Onde cada participante
expressou qual a importância da cultura afro-brasileira nas escolas.
Realizamos um estudo do texto intitulado “Racismo e anti-racismo: repensando
nossa escola”, com intuito de aprofundar teoricamente o tema. Com a finalidade de
avaliar aprendizagem dos participantes, propusemos atividades nas quais deviam, contar
historia na qual ressalta-se os personagens negros, para que pudesse despertar o
interesse de trabalhar a temática com as crianças das series inicias, escrever frases,
desenhos e narrativas sobre as relações étnico-raciais em um caderno de registro, onde
foi relatada a produção de atividades todos os dias durante a oficina.
No segundo momento, formaram-se grupos de estudo com objetivo de discutir
leituras para reflexão da prática pedagógica no contexto étnico racial. E em seguida a
socialização dos grupos de trabalho, a apresentação de vídeo sobre traços da cultura
africana e a história da boneca abayomi, como uma introdução para o fazer brincando,
onde foi muito produtivo, pois percebemos que os participantes ficaram surpresos com a
origem e o significado das bonecas abayomi, e a finalidade proposta na oficina para
trabalhar em sala de aula como recurso pedagógico trabalhando o étnico-racial.
No ultimo momento, falamos sobre a importância das bonecas abayomi para a
cultura afro-brasileira e como foi difundida no Brasil, confeccionamos junto com os
participantes as bonecas e demonstramos como trabalhar as diferenças raciais na
construção de uma boneca totalmente negra e o porquê de termos escolhido as abayomis
como representação da cultura afro-brasileira, já que as abayomis não tem olhos, boca
e nariz, por isso é uma representação, uma bandeira do movimento negro. É importante
salientar que quem trouxe para o Brasil especificamente na região nordeste São Luiz do
Maranhão, foi a artesã Lena Martins, na qual tem uma associação de mulheres e as
bonecas de retalho é a bandeira de luta do movimento feminino no Brasil, onde a artesã
ministra oficina combatendo o preconceito racial em todo o mundo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no projeto de pesquisa e com o desenvolvimento da oficina na VIII
Semana Acadêmica do Campus X (Universidade do Estado do Pará), concluímos que
foi de extrema relevância a pesquisa, as discussões e os trabalhos desenvolvidos a partir
da temática Brincando com Bonecas abayomi e trabalhando as relações étnicas raciais
na escola. Destacamos a contribuição
para os docentes através de propostas de
atividades, sugeridas no decorrer desta oficina na qual deveria ser inserido no projeto
pedagógico da escola, como meios que possibilitem construir, ampliar e compartilhar
saberes enriquecendo as
propostas dos educadores, isto é fundamental para que se
discuta as suas dificuldades com a temática. Para tanto, faz-se necessário o despertar da
consciência dos alunos a respeito da valorização dos povos negros, da cultura africana e
afro-brasileira na sociedade, enfatizar a relevância
dos mesmos na construção da
identidade do povo brasileiro.
Percebemos o desconhecimento da Lei nº10.639/2003, em relação aos docentes
tendo em vista que esta Lei foi implementada no ano de 2003, portanto, percebeu-se
uma grande surpresa por parte dos ouvintes quando mencionamos a obrigatoriedade da
cultura afro-descendente nas escolas públicas e privadas nas disciplinas: Educação
Artística, História e Literatura, sendo que não há efetivação da Lei mencionada acima
no currículo escolar.
A partir da experiência do projeto, notamos a necessidade de levarmos para as
escolas o conhecimento da Lei supracitada, e a importância de trabalhar as relações
raciais nas salas de aula, para com isso amenizar o preconceito nas escolas, auxiliando o
professor na práxis docente, corroborando o quanto é importante a prática e o ensino da
cultura afro-descendente.
Faz-se importante destacar que durante a execução do projeto houve uma
relevante demonstração de interesse, não somente dos ouvintes (39 pessoas), mas
também dos participantes de outras oficinas que tiveram curiosidades para saber como
trabalhar o lúdico nas relações étnicas raciais com as bonecas abayomi. Abrimos para
exposição ao público a confecção das bonecas, não esquecendo da teoria-prática
também para os nossos convidados.
Outrossim, demonstramos que a prática do ensino da cultura afro-descendente é
possível de ser trabalhada nas escolas, não de forma esporádica como vemos somente
no dia da Consciência Negra e sim a partir da inserção no projeto político pedagógica
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da escola, que é garantido por Lei no ensino da cultura afro-descendente, que dessa
forma, impulsionará o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Educação Anti-Racista: caminhos abertos pela lei
Federal Nº10.639/2003.Brasilia,MEC , 2005.
BRASIL.
SECRETARIA
DE
EDUCAÇÃO
FUNDAMENTAL.
Parâmetros
Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília:
MEC/SEF, 1997.
CAVALEIRO, Elianne. Racismo e anti-racismo: repensando nossa escola. São Paulo
:Summus , 2001.
DIRETRIZES CURRICULARES. Para a Educação das Relações Étnico-Raciais e
para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Brasília, MEC,
outubro, 2005.
GARCIA, R. L. Currículo Emancipatório e multiculturalismo: reflexões de viagens.
In: SILVA, T. T e MOREIRA, A. F (orgs) Territórios Contestados: O Currículo e os
Novos Mapas Políticos e Culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
MUNANGA, Kabenguele.Superando o racismo na escola. Brasília, MEC,2005.
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ANEXO
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