A MODERNIZAÇÃO DAS CASAS DE COMÉRCIO EM JATAÍ Carolina Oliveira e Oliveira (Universidade Federal de Goiás) 1. Introdução Este texto, elaborado para a apresentação de comunicação no I Congresso do Curso de História UFG/Jataí, tem como objetivo, comunicar sobre o projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido para elaboração de tese de mestrado no Programa de PósGraduação em História da UFG. A pesquisa está em andamento e o texto a seguir levanta alguns aspectos do projeto de pesquisa elaborado para realizar a tese. 2. Projeto de Pesquisa: A modernização das casas de comércio em Jataí. O projeto em questão tem como tema, o processo de modernização das casas de comércio em Jataí. E para tratarmos deste tema, é importante analisarmos este processo como sendo um movimento amplo, que por vários motivos, decretaram uma mudança da forma de vida dos habitantes de Jataí, das relações de trabalho que a cidade possuía até, aproximadamente, início da segunda metade do século XX. Como tratamos aqui de um processo, não queremos fixar datas, sugerimos apenas alguns marcos que serão devidamente analisados dentro do contexto estudado, os quais julgamos ter contribuído para que Jataí deixasse de ser uma cidade predominantemente rural com economia calcada na pecuária, e passasse a ter a maioria de sua população vivendo na zona urbana, e dependendo assim, do comércio para compra de produtos o que reforçou a formação de uma economia baseada no comércio, agricultura e pecuária. Entre estes marcos, podemos levantar a Revolução de 30, mudança da capital de Goiás, a construção de Brasília: A partir da Revolução de 30, entre outros benefícios, Goiás consegue a transferência da sua capital para uma região mais ao sul do estado, em Goiânia. Implanta a estrada de ferro interligando definitivamente o centro-oeste ao centrosul. É iniciada a construção de rodovias (...) A comunicação também se desenvolve, com a implantação do telegrafo. (LEMES E OLIVEIRA, 2005, p. 51). Até por volta da primeira metade do século XX, a cidade de jataí possuía casas de comércio organizadas diferente das que hoje, no século XXI encontramos. Elas possuíam uma grande variedade de produtos, entre eles ferragens, armarinho, querosene, chapéus, sal, Fósforos, entre outros (artigos que não eram produzidos nas fazendas), organizados geralmente em um pequeno cômodo, com um balcão que dividia de um lado o comerciante e os produtos que seriam vendidos, e do outro, os clientes que tinham assim, um atendimento personalizado. A relação mantida entre proprietário/comerciante e seus clientes era bem próxima. Os comerciantes concediam a seus clientes até um ano para pagarem suas dívidas (até a época de venda do gado), e não era raro o fato de vários clientes utilizarem o estabelecimento como ponto para deixar recados. Estes fatos levantados por Lemes e Oliveira (2005) ilustram bem as relações mantidas entre comerciante e cliente, numa época em que havia poucos moradores em Jataí. Os clientes em geral eram fazendeiros da região que produziam em suas fazendas tudo que necessitavam para sua subsistência, e compravam apenas produtos que necessitavam. Percebemos, assim, comparando com os dias atuais, o quanto as relações estabelecidas entre casas de comércio e clientes se modificaram nos dias atuais. Jataí cresceu consideravelmente, abrigando pessoas de várias partes de país e do mundo. As casas de comércio se especializaram, e se dirigiram para o comércio de artigos para os habitantes da cidade. Levantamos então as seguintes problematizações: Estando Jataí num contexto maior do sistema capitalista, quais foram os fatores que levaram a estas mudanças? O que mudou e o que ainda permanece destas formas de comércio? Como os moradores da cidade de Jataí perceberam estas transformações e se adequaram a elas? Até que ponto os próprios moradores exigiram mudanças e adequação do comércio do município com o comércio dos grandes centros urbanos? Estas são algumas das questões que colocamos para serem estudadas. O projeto de pesquisa tem como metodologia o estudo de fontes bibliográficas que tratam de cidades, memória, e da cidade de Jataí em especial. Entre estes, destacamos: Simmel (1976), Ledrut (1971), Pesavento (2002), Lefebvre (1991), Menezes (2000), Lynch (1997), Chaul e Duarte (2004), Halbwachs (2006), Benjamin (1994), Bérgson (1999), França (1972, 1994), Borges (2002), Mello (2001, 2002), Chastan, Faria e Nascimento (2001). Também iremos analisar, fontes documentais e a história oral. A previsão do termino deste trabalho é para o final do ano 2008. 3. Bibliografia: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. BERGSON, Henri. Matéria e Memória: Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Coleção tópicos). BORGES, Filadelfo. Prefeitos de Jataí: de Carlos Raimundo a Humberto Machado. 2002. CHASTAN, Lita; FARIA, José; NASCIMENTO, Elvis. Goiás – Extremo Sudoeste – III: Os precursores e o cerrado. Goiânia: Gráfica O Popular, 2001. CHAUL, N. F.; DUARTE, L. S.(Orgs.) As cidades dos sonhos: desenvolvimento urbano em Goiás. Goiânia: Editora UFG, 2004. FRANÇA, Basileu Toledo. O triângulo dos diamantes. Goiânia: Editora UFG, 1994 (Coleção Documentos Goianos nº 25). __________. Pioneiros. 2ª ed. Goiânia: Gráfica do Livro Goiano, 1972 HALBWACHS, Maurice. A memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006. LEDRUT, Raymond. Sociologia Urbana. Rio de Janeiro: Forense, 1971 LEFEBVRE, Henry. O direito à cidade. São Paulo: Moraes, 1991. LEMES, Cláudia G. F.; OLIVEIRA. Carolina Oliveira e. Casas de Comércio em Jataí: início do século XX. In: Boletim – Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos. Ano 7, n. 1, 2005. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. MELLO, D. C. Nos porões do passado: a descoberta de Jataí. Jataí: Sudográfica, 2002. __________. Jatahy : Páginas esquecidas. Jataí: Sudográfica, 2001. MENEZES. Marcos Antônio de. Olhares sobre a cidade. III Festival Universitário de Literatura. Texto premiado na categoria ensaio. São Paulo: Cone Sul, 2000. PESAVENTO. Sandra Jatahy. O imaginário da cidade : Visões literárias do urbano. 2ª ed. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS, 2002. SIMMEL, Georg. A Metrópole e a Vida Mental. In: VELHO. Otávio Guilherme (Org). O Fenômeno Urbano. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.