ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA
29 e 30 de novembro de 2010
Unioeste – Campus de Cascavel
ISSN 2176-4778
ANÁLISE DO RISCO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM
GRUPO DE TERCEIRA IDADE
DUTRA, Janaína Ultado1; SILVA, Luana Aparecida Alves da2; EBERHARDT, Thaís
Dresch3; CAVALHEIRI, Jolana Cristina3; SOUZA, Alcy Aparecida Leite4.
INTRODUÇÃO: O Projeto 21 Educação Ambiental, Saúde e Sociedade atua no jardim
União, na cidade de Cascavel/PR, nas margens do afluente esquerdo do Ribeirão Quati
Chico, contando com 14 famílias que são compostas por 56 membros. Participam do
Projeto 21 acadêmicos do curso de enfermagem, fisioterapia, administração, técnicos
administrativos, técnicos administrativos e professores da área da saúde da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Cascavel.
O projeto “Hipertensão e diabetes: qualidade de vida e saúde na terceira idade” é uma
extensão do Projeto 21, tendo como objetivo promover a prevenção de agravos à saúde
e a melhoria da qualidade de vida da população. E, ainda, desenvolver atividades
assistenciais, educacionais e recreativas, com o intuito de proporcionar e/ou subsidiar
qualidade de vida a população idosa que participa do grupo da terceira idade no Bairro
Jardim União. A Organização Mundial da Saúde (OMS), citada por Duarte (2001),
define o envelhecimento como uma ação sequencial, individual, acumulativa,
irreversível, não patológica, de deterioração de um organismo maduro, própria a todos
os membros de uma espécie, de maneira que o tempo a torne menos capaz de fazer
frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.
Quando se trata da saúde da população idosa, nota-se que, com o aumento médio da
expectativa de vida mundial, houve mudanças radicais na prática da assistência à saúde,
sendo necessário um melhor acompanhamento das alterações psicológicas, sociais e
biológicas na atenção ao idoso. Por meio do projeto, pretende-se demonstrar os
benefícios da realização de atividades físicas associadas ao programa de educação para
a saúde, desenvolvido no grupo como importante meio de promoção da saúde,
1
Acadêmica de enfermagem da UNIOESTE, bolsista do Projeto Hipertensão e Diabetes: qualidade de
vida e saúde na 3ª idade.
2
Relatora. Acadêmica do Curso de enfermagem da UNIOESTE. Endereço: Rua Claudia Galante
Padovani, nº 871, Bairro Santa Felicidade, Cascavel/PR. E-mail: [email protected]. Telefone: (45)
84084596.
3
Acadêmicas de enfermagem da UNIOESTE.
4
Enfermeira, mestre, docente do Curso de Enfermagem da UNIOESTE. E-mail: [email protected].
ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA
29 e 30 de novembro de 2010
Unioeste – Campus de Cascavel
ISSN 2176-4778
prevenção de doenças, estímulo à participação popular e controle social. Consideramos,
ainda que o aprendizado ocorre em todas as fases da vida e que a educação para a saúde
busca a promoção e expansão das práticas de saúde na comunidade, como forma de
desenvolver posturas críticas em se tratando de saúde e qualidade de vida. Além disso,
no contexto familiar, devido a sua experiência, o idoso é visto, muitas vezes, como
multiplicador de opiniões e atitudes referentes à saúde. OBJETIVOS: Analisar os
fatores de risco para Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) no grupo de terceira idade
do Bairro Jardim União acompanhado pelo projeto de extensão acadêmica “Hipertensão
e diabetes: qualidade de vida e saúde na terceira idade”. METODOLOGIA: No
primeiro momento foi realizado o levantamento do perfil das participantes no ano de
2010 por meio da aplicação de um questionário. Em seguida, realizou-se o diagnóstico
da população e foram implementadas as ações de educação em saúde e ambiental de
acordo com as necessidades apontadas pelos dados obtidos. O Projeto atendeu uma
população de 14 idosas participantes do grupo de terceira idade na Associação de
Moradores do Jardim União, onde foram realizados os encontros. Os participantes
contaram com idade igual ou maior que 55 anos. As ações desenvolvidas contemplaram
assistência nos encontros, envolvendo a verificação de pressão arterial, da temperatura,
do pulso, da respiração e, para os portadores de diabetes mellitus, a realização do
Hemoglicoteste (HGT), comumente chamado de exame de glicose. Às quartas-feiras
foram realizados os encontros enfatizando os assuntos que englobam educação em
saúde e ambiental, que foram sugeridos pelos participantes, além de atividades físicas
como o relaxamento, alongamento e dinâmicas que visam maior interação e
continuidade para frequentarem os demais encontros. Os encaminhamentos foram
realizados para os serviços de planos de saúde, para os que possuíam, em parceria com a
UNIOESTE e a unidade básica de saúde (UBS) da área de abrangência onde residem os
sujeitos, de acordo com suas preferências e ou necessidades apresentadas.
RESULTADOS: De acordo com Smeltzer e Bare (2005a, p. 203), “a cardiopatia é a
principal causa de morte no idoso”, uma vez que as valvas cardíacas tornam-se mais
espessas e rígidas, perdendo músculo e as artérias cardíacas a elasticidade. Embora a
função cardíaca seja mantida normalmente, o sistema cardiovascular apresenta menor
reserva e reponde com menor eficácia ao estresse. O débito cardíaco máximo e a
frequência cardíaca (FC) máxima tendem a diminuir em aproximadamente 25% dos 20
ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA
29 e 30 de novembro de 2010
Unioeste – Campus de Cascavel
ISSN 2176-4778
anos até 80 anos de idade, e, ainda, sob condições estressantes, o débito cardíaco
máximo e a FC máxima diminuem gradativamente. Além disso, foi demonstrado que a
hipertensão é um grave fator de risco, em todas as idades, para a doença cardiovascular
e acidente vascular cerebral (AVC). O diagnóstico de hipertensão somente é feito
depois que ele for confirmado por, duas leituras subseqüentes ao menos. Nas pessoas
idosas, a hipertensão é classificada, segundo Smeltzer e Bare (2005), em hipertensão
sistólica isolada quando a leitura sistólica excede a 140 mm Hg, e a medição diastólica é
normal ou quase normal (menor que 90 mm Hg); hipertensão primária quando a pressão
diastólica é superior ou igual a 90 mm Hg, independentemente da pressão sistólica; e,
hipertensão secundária que pode ser atribuída a uma causa subjacente. Segundo Nahas
(2001, apud Lazzarotto; Carnelose, 2006) são fatores desencadeantes de HAS:
sedentarismo, tabagismo, obesidade, alcoolismo, estresse, hábitos de vida, dislipidemia
e hereditariedade. A partir da análise dos instrumentos pudemos identificar o perfil da
população. Os resultados obtidos revelam que 100% dos sujeitos são de sexo feminino.
Sendo que 7% dessas mulheres possuem idade de 55 a 60 anos, 65% de 61 a 70 anos,
21% de 71 a 80 anos, e 7% de 81 a 85 anos. Pessuto e Carvalho (1998) afirmam,
durante a revisão de literatura para realização de pesquisa do tipo Survey, que quando
idade e sexo são associados, a hipertensão arterial ocorre com maior freqüência nos
homens, entretanto, devido às mudanças de hábitos das mulheres, essa frequência vem
diminuindo. As mulheres que fumam e fazem uso de anticoncepcional, com mais de 30
anos, são as mais atingidas. No homem a hipertensão aparece depois dos 30 anos e na
mulher, depois da menopausa. Em ambos os sexos, a frequência da doença cresce com o
aumento da idade, sendo que os homens jovens têm pressão arterial mais elevada que as
mulheres, porém após a meia idade este quadro é revertido. Assim, considerando a
idade como fator de risco, pode-se dizer, segundo Pessuto e Carvalho (1998), que este é
um fator de risco importante contribuindo para o aparecimento da hipertensão arterial,
decorrente de alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como
consequência do processo de envelhecimento, conforme explicado anteriormente. Com
relação à escolaridade, 57% das entrevistadas cursaram até o ensino fundamental
completo, enquanto o ensino médio incompleto, ensino fundamental incompleto,
analfabeta e alfabetizada correspondem a 7%, 22%. 7% e 7% respectivamente. Foi
demonstrado que há menor prevalência da HAS com o aumento do nível de
ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA
29 e 30 de novembro de 2010
Unioeste – Campus de Cascavel
ISSN 2176-4778
escolaridade, sendo este dado relevante, pois irá interferir diretamente na assimilação
das orientações necessárias ao tratamento (PESSUTO; CARVALHO, 1998). Além
disso, observou-se que 79% das entrevistadas fazem o uso do cigarro e do álcool, ao
passo que o restante, 21%, não fazem uso de bebidas alcoólicas e nem de cigarro.
Segundo Smelzter e Bare (2005a), limitar a ingesta de álcool e parar de fumar são
hábitos que previnem a HAS. A partir destes dados, foram realizadas orientações para
reduzir os fatores de risco desencadeantes de HAS. As orientações realizadas foram
referentes à modificação do estilo de vida para prevenção e mesmo do tratamento da
hipertensão, além da promoção da saúde cardiovascular. Segundo Smeltzer e Bare
(2005b), as modificações no estilo de vida necessárias para prevenção e tratamento da
HAS são: perder peso; limitar a ingesta de álcool; aumentar a atividade física; reduzir a
ingesta de sódio, lipídios saturados e colesterol; manter a ingesta nutricional adequada
de potássio, cálcio e magnésio; e parar de fumar. Já em relação à promoção da saúde
cardiovascular, Smeltzer e Bare (2005a, p. 203) recomendam “[...] exercício regular,
dieta adequada, controle do peso, medições regulares da pressão arterial [PA],
gerenciamento do estresse e cessação do tabagismo”. As mesmas autoras saleientam
que se um indivíduo experimenta o edema gravitacional à medida que o dia avança, o
uso de meias de compressão elástica ajuda a diminuir o represamento venoso.
CONCLUSÕES: Analisando o fato de que a cardiopatia é a principal causa de morte
no idoso, e a hipertensão arterial pode levar a uma doença cardiovascular, é importante
a prevenção da hipertensão na população idosa. Isto justifica a atuação do projeto
“Hipertensão e diabetes: qualidade de vida e saúde na terceira idade”. O grupo atendido
pelo projeto apresenta fatores de risco para HAS e cardiopatias, conforme demonstrado
nos resultados. Portanto, é necessária a realização de orientações acerca de mudança de
estilo de vida. Através destas orientações, pode ser possível reduzir o índice de HAS e
cardiopatias no grupo em questão.
PALAVRAS-CHAVE: idoso, prevenção primária, hipertensão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, Y. A. O. O processo de envelhecimento e a assistência ao idoso. In:
LAZZAROTTO, E. M. (Coord) et al. Atenção à saúde em aldeias kaingang e
guarani: o caso do rio das cobras/PR. Cascavel: Coluna do Saber, 2007.
ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA
29 e 30 de novembro de 2010
Unioeste – Campus de Cascavel
ISSN 2176-4778
LAZZAROTTO, E. M.; CARNELOSE, C. R. Gestão do trabalho do enfermeiro na
hipertensão. Cascavel: Coluna do Saber, 2006.
PESSUTO, J.; CARVALHO, E. C. de. Fatores de risco em indivíduos com hipertensão
arterial. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 1, p. 339, jan. 1998. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v6n1/13919.pdf>. Acesso
em: 17 nov. 2010.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Cuidados de saúde do idoso. In: ______. Brunner &
Suddarth, Tratado de enfermagem medico-cirúrgica. Tradução José Eduardo
Ferreira de Figueiredo. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005a. cap. 12, vol.
1, p. 199-227.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Histórico e tratamento de pacientes com hipertensão.
In: ______. Brunner & Suddarth, Tratado de enfermagem medico-cirúrgica.
Tradução José Eduardo Ferreira de Figueiredo. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005b. cap. 32, vol. 2, p. 904-16.
Download

HIPERTENSÃO E DIABETES: QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE NA