Dissertação PACIENTES COM PLACA CALCIFICADA NA AORTA ABDOMINAL APRESENTAM DEZ VEZES MAIS CHANCE DE TER PLACA NAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS Carlos Jesus Pereira Haygert INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Medicina: Área de Concentração: Cardiologia e Ciências da Saúde PACIENTES COM PLACA CALCIFICADA NA AORTA ABDOMINAL APRESENTAM DEZ VEZES MAIS CHANCE DE TER PLACA NAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS Autor: Orientador: Co-Orientador: Carlos Jesus Pereira Haygert Prof. Dr. Juarez Neuhaus Barbisan Prof. Dr. Alexandre Antônio Naujorks Dissertação submetida como requisito para obtenção de grau de Mestre ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, área de Concentração: Cardiologia ou Ciências Cardiovasculares, da Fundação Universitária de Cardiologia/Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre 2011 H412a Haygert, Carlos Jesus Pereira. Pacientes com placa calcificada na aorta abdominal apresentam dez vezes mais chance de ter placa nas artérias carótidas / Carlos Jesus Pereira Haygert ; orientação [por] Juarez Neuhaus Barbisan ; AlexandreAntônio Naujorks – Porto Alegre, 2011. 75 f; tab. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia - Programa de PósGraduação em Ciências da Saúde, 2011. 1.Aorta abdominal.2. Artériascarótidas. 3. Aterosclerose. I. Juarez Neuhaus Barbisan.II.Alexandre Antônio Naujorks.III.Título. CDU: 616.13-004.6 Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva CRB 10/1850 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às pessoas que confiaram em meu profissionalismo e seriedade, dando-me a oportunidade de estudar este tema que tanto causa dano para a humanidade, especialmente aos pacientes que aceitaram fazer parte da amostra. Dedico também para minha querida família; minha esposa Simone e minhas princesas Luísa e Sophia, pela compreensão da minha ausência e do carinho no momento necessário. À minha Mãe Iloisa Maria, pela confiança que depositou em mim, e às minhas irmãs Ione e Iole, pelo apoio de sempre. Ao meu pai Carlos Juvenal, infelizmente não mais conosco, por ter me ensinado a ter garra e vontade de vencer. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Gostaria de agradecer a Deus por ter colocado em meu caminho pessoas com tamanho conhecimento e dedicação. Ao Dr. Carlos Jader Feldman, chefe do setor de radiologia do IC-FUC, pelo amor à profissão, com especial dedicação ao diagnóstico por imagem das patologias cardiovasculares, por me despertar o interesse neste tema e compartilhar seu profundo conhecimento. Ao Dr. Alexandre Naujorks, incansável e grande parceiro na avaliação dos pacientes. Ao Prof. Dr. Juarez Barbisan por ter acreditado na minha proposta e aceitado ser meu orientador. AGRADECIMENTOS Na execução de um trabalho científico, existem inúmeros obstáculos que muitas pessoas nos ajudam a ultrapassar, direta ou indiretamente. Gostaria de citar todas, mas não poderia deixar de agradecer nominalmente as que abaixo identifico. Às técnicas de radiologia Aline Gouvea, Sabrina Arosio e Valesca Aragones que foram responsáveis pela realização de todos os exames de tomografia computadorizada de nosso trabalho. Às técnicas de enfermagem Dorli, Izabel, Adriana e Sandra que junto com a enfermeira Leila realizaram todos os interrogatórios clínicos com os pacientes. Às auxiliares administrativos Claudia, Lisiane e Enira que ajustaram a logística/agendamento dos pacientes. Aos alunos monitores de Diagnóstico por Imagem Mariele Bevilaqua, Henrique Abelin e Rafael Coelho o profundo agradecimento pela eficiência, disposição e prontidão. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AF ATIVIDADE FÍSICA AVC ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO CAC CALCIFICAÇÃO DAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS ERF ESCORE DE RISCO DE FRAMINGHAM EUA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA CAM CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL DCC DOENÇA CARDÍACA CORONARIANA DCV DOENÇA CARDIOVASCULAR DM DIABETE MELITO ERF ESCORE DE RISCO DE FRAMINGHAM HAS HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA HF HISTÓRIA FAMILIAR HUSM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA IAM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO IMC ÍNDICE DE MASSA CORPORAL PAA PLACA NA AORTA ABDOMINAL PAC PLACA NA ARTÉRIA CARÓTIDA TC TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA US ULTRASSOM Sumário 1 2 BASE TEÓRICA .............................................................................................. 1 1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 2 1.2 ATEROSCLEROSE ..................................................................................... 7 1.3 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DA ATEROSCLEROSE ......................... 11 1.4 RELAÇÃO ENTRE DIFER. SÍTIOS DE ACOMET. ATEROSCLE. ........... 16 1.5 QUESTÃO DE PESQUISA ........................................................................ 19 1.6 REFERÊNCIAS DA BASE TEÓRICA ....................................................... 20 ARTIGO EM PORTUGUÊS........................................................................... 26 2.1 RESUMO .................................................................................................. 28 2.2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 29 2.3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 30 2.3.1 Modelo de estudo e população de pacientes ....................................... 30 2.3.2 Avaliação de aterosclerose em artéria aórtica abdominal .................. 31 2.3.3 Avaliação de aterosclerose em artéria carótida .................................. 32 2.3.4 Estimativa dos fatores de risco ........................................................... 32 2.3.5 Análise estatística ............................................................................... 32 2.3.6 Aspectos éticos .................................................................................... 34 2.4 RESULTADOS.......................................................................................... 34 2.5 DISCUSSÃO ............................................................................................. 38 2.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 40 3 4 ARTIGO EM INGLÊS .................................................................................... 45 3.1 ABSTRACT .............................................................................................. 47 3.2 INTRODUCTION...................................................................................... 48 3.3 MATERIAL AND METHODS .................................................................. 49 3.3.1 Model of study and patient population............................................... 49 3.3.2 Evaluation of atherosclerosis in the abdominal aortic artery ............ 50 3.3.3 Evaluation of atherosclerosis in the carotid artery ............................ 50 3.3.4 Risk factor estimates .......................................................................... 51 3.3.5 Statistical analysis .............................................................................. 51 3.3.6 Ethical aspects .................................................................................... 52 3.4 RESULTS.................................................................................................. 53 3.5 DISCUSSION ............................................................................................ 54 3.6 REFERENCES .......................................................................................... 56 3.7 TABLES .................................................................................................... 61 ANEXOS ......................................................................................................... 63 4.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................... 64 4.2 TERMO DE CONFIDENCIALIDADE DOS DADOS................................. 67 1 BASE TEÓRICA 2 1.1 INTRODUÇÃO A doença cardiovascular (DCV) aterosclerótica é a causa mais frequente de morte em homens e mulheres nos Estados Unidos da América - EUA (1 de cada 2.8 mortes). Em 2003, aproximadamente 37% dos adultos americanos tinham dois ou mais fatores de risco. Estima-se que a redução em aproximadamente 47% das mortes por doença cardíaca coronariana, nos EUA, deva-se a terapias médicas baseadas em evidência e que 44% desta redução se dê por mudança nos fatores de risco da população1. A estimativa de custo direto e indireto com DCV, em 2009, nos EUA, foi de 475.3 bilhões de dólares americanos1. Durante os últimos trinta anos houve um declínio razoável da mortalidade por causas cardiovasculares em países desenvolvidos, enquanto em países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil, elevações rápidas e substanciais foram identificadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) faz projeções de persistência na tendência de aumento da DCV nestes países1. Este perfil de risco de DCV da população brasileira é justificado pelos dados do IBGE (1991) que demonstraram uma alta prevalência dos fatores de risco para aterosclerose e consequentemente DCV. Dentre eles podemos citar o tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabete melito (DM), obesidade e dislipidemias2. DCV aterosclerótica refere-se a condições de aterotrombose e envolve o coração (artérias coronárias), o cérebro (artérias carótidas, vertebrais e cerebrais), a aorta e as artérias periféricas2. Um evento coronariano agudo é a primeira manifestação da doença aterosclerótica em, pelo menos, metade dos indivíduos que apresentam essa complicação. Desse modo, é importante a identificação de casos assintomáticos, com a 3 finalidade de reduzir danos determinados a longo prazo, muitas vezes irreversíveis ou mesmo fatais2. Para a prevenção primária da aterosclerose, a identificação dos fatores de risco deve ser estimulada a nível populacional na tentativa de reduzir, ou mesmo evitar, a exposição aos mesmos, com a finalidade de não desenvolver, ou retardar, os eventos clínicos decorrentes da DCV2. Na prevenção secundária, o indivíduo já se expôs aos fatores de risco para aterosclerose, porém ainda não tem a doença aterosclerótica. Em alguns casos já se identificam achados preditores, que ainda não definem doença, mas auxiliam na estratificação de risco de DCV 2. A prevenção terciária tem como finalidade reduzir danos determinados pela aterosclerose já existente, sendo um desafio a identificação de pacientes assintomáticos que já possuem aterosclerose, mas que ainda não apresentaram eventos clínicos decorrentes de DCV2-5. As campanhas de prevenção da aterosclerose (prevenção primária), como as que abordam os riscos da obesidade, inclusive a infantil, da dislipidemia, da HAS, da DM, do tabagismo, do sedentarismo, entre outras, são determinantes na redução dos casos futuros de DCV e devem ser estimuladas pelo governo e pelas entidades de saúde 2. Os métodos diagnósticos de imagem contribuem na identificação de fatores preditores de aterosclerose (prevenção secundária). Como exemplo podemos citar o espessamento da camada mioentimal das artérias carótidas, identificado no exame de ultrassom (US), que, apesar de não ser marcador de aterosclerose, é preditor de doença aterosclerótica e na identificação de achados da própria doença aterosclerótica (prevenção terciária), como é o Escore de Cálcio das artérias coronárias, realizado na tomografia computadorizada multidedectores (TCMD)6-9. 4 Dos níveis de prevenção da aterosclerose, o primário já é bem conhecido e determinado. Os níveis secundário e terciário de prevenção estão sendo muito estudados e novos conceitos estão surgindo2. Como a doença aterosclerótica tem um potencial de lesão multissistêmico, podendo acometer vários locais, os métodos diagnósticos podem avaliar vários sítios e órgãos, contribuir na identificação de indivíduos predispostos à doença aterosclerótica, na identificação de doença aterosclerótica e na estratificação de risco de DCV nestes pacientes5. Dos métodos de imagem usados no diagnóstico da aterosclerose, o RX em perfil da coluna lombar teve, historicamente, uma contribuição. A radiação X é atenuada pela calcificação da placa aterosclerótica, contida na parede da aorta abdominal, e possibilita a identificação da mesma10. Outro método de imagem, cada vez mais utilizado para a detecção de aterosclerose, é o US que permite estudar a morfologia dos vasos sanguíneos, caracterizando trajeto, diâmetro, perviedade, parede e ainda fluxo sanguíneo. A tomografia computadorizada (TC), assim como o RX que utiliza a radiação X como fonte formadora de imagem, possui a característica de atenuação do raio pela calcificação da placa aterosclerótica contida junto à parede dos vasos sanguíneos. A diferença da TC para o RX é que nessa as estruturas anatômicas não se sobrepõem na imagem captada, pois são feitas de forma seccional, o que permite assim uma alta sensibilidade/especificidade para a identificação do cálcio da placa aterosclerótica 3, 11. Dos vasos sanguíneos acometidos pela aterosclerose, as artérias carótidas e coronárias estão entre os mais estudados e aparecem como fatores preditores de DCV em adição aos fatores de riscos tradicionais, citados nas escalas, entre elas o Escore de Framingham. Desta forma, a identificação, pelos métodos de imagem, de aterosclerose 5 nestes sítios tem aplicabilidade na prática clínica, com suporte teórico da literatura, sendo os mesmos utilizados como fatores de risco para DVC aterosclerótica e estratificando os pacientes em graus diferentes de risco12-15. Trabalhos têm demonstrado a relação de alguns sítios de aterosresclerose com a aterosclerose das artérias carótidas e coronárias3. No entanto, a relação da aterosclerose da aorta abdominal (placa calcificada), identificada pela TC de abdômen, com a aterosclerose das artérias carótidas (placa), identificada no US, não é bem definida na literatura. Os fatores determinantes para saber a relação existente entre aterosclerose da aorta abdominal (placa calcificada identificada pela TC) e aterosclerose das artérias carótidas (placa identificada pelo US) são: 1- Alta morbimortalidade da DCV; 2- Desafio das prevenções a nível secundário e terciário para aterosclerose, uma vez que o nível primário já é bem determinado; 3- Aplicabilidade dos novos métodos diagnósticos de imagem para aterosclerose, com maior acurácia, em adição aos fatores tradicionais das escalas de estratificação de risco para DCV; 4- A definição do sítio aterosclerótico carotídeo, assim como o coronariano, como sendo um critério de risco para DCV, bem definido pela literatura, podendo ser utilizado como referência de acometimento aterosclerótico; 5- Alta frequência de calcificação da aorta abdominal identificada pela TC de abdômen, realizada por motivos variados, muitas vezes em pacientes assintomáticos, no que diz respeito à DCV (achado incidental); Todos estes fatores permitem saber se existe uma relação de acometimento aterosclerótico entre estes dois sítios, o que possibilita, através de um exame, feito por 6 outros motivos clínicos (TC de abdômen), identificar indivíduos com calcificação na aorta abdominal que possam apresentar também placa carotídea (US de artérias carótidas). Isso torna possível a prevenção terciária, com redução dos danos de uma doença muito frequente e com alta morbimortalidade. 7 1.2 ATEROSCLEROSE A palavra aterosclerose deriva do grego atero, que significa caldo ou pasta, e esclerose, que corresponde a endurecimento. Aterosclerose é uma complexa doença multissistêmica, lenta e progressiva, resultante de uma série de respostas celulares e moleculares altamente específicas16. O acúmulo de lípides, células inflamatórias e elementos fibrosos, depositados na parede das artérias, são os responsáveis pela formação de placas de gordura e podem determinar obstrução das mesmas17. A aterosclerose é uma doença progressiva caracterizada pelo acúmulo de lípides, elementos fibrosos e inflamatórios, especificamente de resposta à injúria endotelial vascular resultante de várias forças, entre elas anormalidades metabólicas e nutricionais, como hiperlipidemias, forças mecânicas, como HAS, toxinas exógenas, como aquelas encontradas no tabaco, proteínas anormalmente glicosiladas associadas com o DM, lípides ou proteínas modificadas oxidativamente e, possivelmente, infecções virais e bacterianas18. Estudos têm sugerido uma fase “aterosclerótica”, em que predomina a formação anatômica da lesão aterosclerótica, que leva décadas para evoluir e depende da exposição aos fatores de risco, e uma fase “trombótica”, que está diretamente ligada aos eventos agudos12. A fase aterosclerótica está ligada aos processos patológicos cardiovasculares relacionados ao envelhecimento, cuja incidência aumenta a partir dos 45 anos de idade. Atualmente, está estabelecido que aterosclerose não é uma simples e inevitável consequência degenerativa do envelhecimento, mas uma condição inflamatória que pode determinar um evento clínico ocasionado pela ruptura da placa e formação de trombos12. A formação da placa aterosclerótica se dá a partir do depósito de partículas de LDL na parede das artérias, que quando oxidadas podem atrair monócitos circulantes, 8 que se transformam em macrófagos (células inflamatórias) no espaço sub-intimal. Estes macrófagos englobam as partículas de LDL e são chamados de células espumosas, que são recobertas por uma capa de fibras. Com a progressão da placa, há a morte de células espumosas no centro da lesão. O crescimento da placa reduz o diâmetro luminal do vaso sanguíneo e consequentemente aumenta a velocidade de fluxo sanguíneo neste segmento vascular. A placa pode se romper para o interior do vaso e liberar trombos que migram perifericamente determinando eventos isquêmicos no órgão irrigado pela artéria 17, 19-20 . A aterosclerose parece poder iniciar na vida intrauterina e progredir durante a vida adulta. Existem fatores de riscos e predisposição genética que influenciam no aparecimento e velocidade de progressão desta entidade21. Até o início dos anos 90, o conceito de fatores de risco, advindo dos estudos observacionais, era traduzido para a prática das ações de prevenção como a intervenção direta sobre um único fator de risco. Destaque-se que existiam duas diretrizes, de origem americana, que rivalizam a sua aplicação: uma focalizava a hipertensão arterial os Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure, atualmente na sétima revisão22 – e outra, os valores elevados de colesterol – National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults, atualmente na terceira edição. A primeira tentativa em vencer a visão unifocal dos fatores de risco veio da diretriz da Nova Zelândia com um documento introdutório em 1993 23 e uma proposta de ação publicada em 1995, em que se apresentava uma tabela em que eram correlacionados fatores de risco cardiovascular (pressão arterial sistólica com intervalo de 20 mm Hg e pressão arterial diastólica com intervalo de 10 mm Hg; razão colesterol total sobre HDL colesterol; presença ou não de diabetes; tabagismo atual ou não) e o 9 risco de evento cardiovascular (fatal e não-fatal) em cinco anos. Obteve-se, então, uma categorização de risco variando de 2,5% a 30%. Indivíduos que alcançassem um risco igual ou superior a 20% foram considerados de alto risco. Em 1994, as sociedades européias de cardiologia, de hipertensão e de aterosclerose lançam também uma proposta baseada na avaliação de hipertensão e valores de colesterol 24. Em 1995, publicou-se o estudo escocês da cidade de Sheffi eld, que se tornou base para várias outras diretrizes britânicas e européias25-26. O principal avanço na utilização conjunta de fatores de risco veio em 1998 com a publicação de um “seminal paper”, escrito pela equipe do Framingham Heart Study, que sintetiza de forma mais avançada o conhecimento empírico27. O Framinghanm Heart Study, pioneiro entre as grandes coortes, que começou em 1948 e ainda está em atividade, inicialmente estudou 5.209 indivíduos (homens e mulheres), entre 30 e 62 anos de idade, assintomáticos da parte CV, na cidade de Framingham, Massachusetts, EUA. Atualmente são seguidos os filhos dos participantes originais de Framingham. O estudo está na terceira geração de pesquisadores. Apesar de antigo, os dados de Framingham continuam trazendo novas informações como os escores para os vários tipos de doença vascular, muito utilizados em epidemiologia e na prática clínica. O Framingham Heart Study de acordo com faixa etária, sexo, valores de pressão arterial sistólica, valores da razão entre o colesterol total e a fração HDL, presença de tabagismo e diagnóstico de diabetes, possibilita estabelecer o risco de infarto do miocárdio e angina do peito em dez anos. Há uma tabela para homens e outra para mulheres, que estima pontuações, resultando numa somatória dos valores, estratificando o risco para DCV em 10 anos como muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto28. 10 Novas tecnologias de diagnóstico, como ecocardiograma, ultrassom das artérias carótidas, ressonância magnética (RM) do coração e cérebro, TC do coração e seus vasos (ex: escore de cálcio das artérias coronárias) e densitometria óssea, foram adicionados aos fatores de estratificação de risco tradicionais para DCV. 11 1.3 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DA ATEROSCLEROSE O diagnóstico de aterosclerose inicia com avaliação clínica criteriosa. Na anamnese, a história familiar de doença aterosclerótica e a presença dos fatores de risco para aterosclerose devem ser questionados, entre eles o tabagismo e o sedentarismo. No exame físico, a identificação da obesidade e a verificação da pressão arterial sistêmica são fundamentais. A avaliação laboratorial identifica as dislipidemias e a DM 27. Métodos auxiliares no diagnóstico da aterosclerose podem ser utilizados, entre eles o teste de esforço e métodos diagnósticos de imagem. Os métodos de imagem, por estudarem as alterações cardiovasculares decorrentes da aterosclerose, são técnicas que identificam as alterações morfoestruturais, que representam achados já avançados no espectro patológico da DCV, ou seja, para aparecer alguma alteração nos exames significa que algumas etapas fisiopatológicas já ocorreram17, 20, 29. A TC teve seu início na década de 70, utilizando o mesmo tubo do RX, com radiação ionizante, no entanto com várias aquisições em um mesmo local, permitindo assim uma imagem seccional, sem sobreposição das estruturas, com maior acurácia diagnóstica, porém com maior dose de radiação. A primeira geração de equipamentos sequenciais apresentava somente uma linha de poucos detectores (faziam uma imagem seccional, a mesa do paciente andava, e outra imagem era adquirida, e assim sucessivamente), conferindo-lhe um longo tempo de exame. As demais gerações de equipamentos permitiram que as imagens fossem adquiridas de forma contínua com a mesa do paciente em movimento, de aspecto helicoidal, e acrescentaram mais detectores na mesma linha, tornando o exame mais rápido. No final da década de 90, os equipamentos helicoidais receberam mais linhas de detectores, numa forma crescente de duas, quatro, oito, dezesseis, trinta e duas, sessenta e quatro, cento e vinte oito e chegando, até o momento, em duzentos e sessenta e quatro, em âmbito comercial, com 12 possibilidade de cortes mais finos das estruturas, maior número de imagens e tempo mais curto de exame, com isso uma melhor acurácia diagnóstica. A desvantagem deste progresso foi o aumento significativo da dose de radiação ionizante. O contraste que pode ser utilizado na TC, que é à base de iodo, não se modificou neste período, no entanto o tipo de menor peso molecular, determinado como não iônico, reduziu o número de reações alérgicas, especialmente as graves, por exemplo, as cardiorrespiratórias (ex: parada cardiorrespiratória). O que realmente modificou em relação ao contraste é que, com o tempo mais rápido de aquisição das imagens e com os corte mais finos, pode-se melhor definir e acertar o momento adequado para estudar estruturas vasculares, mesmo as de pequeno diâmetro. Apesar do movimento da estrutura a ser estudada determinar artefato, a rápida realização do exame permite que o movimento se torne menos provável, especialmente os movimentos voluntários. Os movimentos involuntários, como o batimento cardíaco, também foram retirados das imagens com a sincronia dos mesmos com o momento de registro dessas11, 30. A ressonância magnética (RM) teve seu início na década de 70. O primeiro exame realizado em ser humano foi em 1977. Assim como o US, esta não utiliza radiação ionizante. Os átomos de hidrogênio das moléculas de água do corpo humano são magnetizados e, através de um arranjo dos mesmos em relação ao campo magnético da sala, sofrem um alinhamento, com posterior decaimento em tempos característicos de eco e de repetição para cada tecido, dando-lhe a capacidade de formação de imagem em três planos (axial, sagital e coronal). Para aquisição das imagens, é necessário que as estruturas tenham uma quantidade razoável de moléculas de água e que o tempo de aquisição não seja pequeno (30 minutos em média). Além disso, é necessário que o paciente fique imóvel e em algumas situações utiliza-se contraste paramagnético para melhor definição das estruturas em estudo (gadolíneo). Este contraste, diferentemente 13 do iodado utilizado na TC, raramente apresenta reações alérgicas e quando apresenta são leves; no entanto, existe o risco, mesmo que pequeno, de fibrose nefrogênica sistêmica, que é mais frequente em pacientes com insuficiência renal. Componentes metálicos podem ser atraídos pelo campo, sendo uma contraindicação, no entanto os stents e a maioria das próteses valvares não são mais contraindicados 11, 30. A avaliação do sistema cardiovascular foi muito influenciada pela evolução dos métodos de diagnóstico por imagem. O RX permitiu a visualização das sombras cardiovasculares, inferindo trajeto e a suspeita de alteração de tamanho das mesmas, tendo a capacidade de identificar, por atenuação, as placas calcificadas, entre elas as identificadas nas paredes vasculares. O US permitiu, além da avaliação morfológica, sem sobreposição, uma avaliação do interior das estruturas e a avaliação do fluxo sanguíneo, este através do efeito Doppler. A desvantagem do US é que as estruturas profundas não são bem avaliadas. A TC permite uma ótima avaliação das estruturas cardiovasculares, identificando muito bem as placas calcificadas, os trajetos e diâmetros, tanto de estruturas superficiais quanto profundas, com curto tempo de exame, no entanto com os riscos da radiação ionizante e da substância de contraste. A RM permite uma ótima resolução anatômica, sem uso de radiação ionizante, com o contraste pouco alergênico, no entanto ainda com o tempo de exame muito longo e com pouca capacidade de identificar cálcio, devido à ausência de prótons de hidrogênio. Esta tem sido utilizada para estudar as características das placas vasculares, de modo a fazer a diferença entre estáveis e instáveis e na avaliação do miocádio30. Dessa forma, o RX tem a capacidade de identificar as calcificações parietais vasculares, porém com baixa sensibilidade devido à sobreposição das estruturas anatômicas na imagem radiográfica. No entanto, tentativas foram feitas com o exame de RX da coluna lombar para identificar placas na aorta abdominal e RX de tórax para 14 identificar placas na aorta torácica. A especificidade do achado é alta, concedendo-lhe um alto valor preditivo positivo7. O US é um excelente método para estudar estruturas vasculares superficiais. Permite avaliar trajeto, diâmetro, parede e até mesmo o fluxo através do vaso sanguíneo. É um método que não utiliza radiação ionizante. Desse modo, não apresenta risco ao paciente. As artérias carótidas são facilmente acessadas pelo método. A literatura é ampla sobre o assunto e os conceitos sobre a realização do exame; critérios a serem avaliados e representação dos mesmos estão bem definidos. O aumento da espessura miointimal da artéria carótida representa um marcador pré-clínico de aterosclerose31. O espessamento da camada miointimal destes vasos é um fator independente de risco de DCV, sendo também adicionado aos fatores de risco do ERF para DCV 1. A placa carotídea já significa doença aterosclerótica, sendo as lesões ateroscleróticas focais com mais de 1,4 mm de espessura identificadas no estudo por US. 31. A TC utiliza a mesma radiação do RX e tem uma alta capacidade de identificar cálcio. No entanto, como faz imagens seccionais, não apresenta a sobreposição de estruturas anatômicas, o que permite uma ótima acurácia diagnóstica na identificação de placas calcificadas nas paredes arteriais6-7, 28 . Muitas técnicas de imagem têm sido avaliadas para identificar e quantificar as calcificações vasculares na rotina clínica. A TCMD tem sido mostrada como padrão ouro para estas calcificações14. A TC é um método de diagnóstico por imagem que possui grande aplicabilidade em várias áreas da medicina. Atualmente este método é utilizado em grande escala. Outra aplicação da TC é na avaliação de patologias abdominais (fígado, pâncreas, glândulas adrenais, rins, retroperitônio, bexiga, entre outros) 11. Nos exames de TC de abdômen, é relativamente frequente a identificação de calcificações parietais na aorta 15 abdominal. Essas calcificações representam placas de aterosclerose (ateromas) 11. Diferentemente das placas das artérias carótidas, identificadas pelo US, não existem diretrizes que determinam conceitos sobre a realização dos exames, como medir as placas e qual o verdadeiro significado das mesmas no modelo clínico. 16 1.4 RELAÇÃO ENTRE DIFERENTES SÍTIOS DE ACOMETIMENTO ATEROSCLERÓTICO Embora qualquer artéria possa ser acometida na DCV, os principais sítios são aorta, coronárias e cerebrais, tendo como principais consequências o aneurisma aórtico, infarto do miocárdio e isquemia cerebral, respectivamente12. A relação entre diferentes sítios de acometimento aterosclerótico vem sendo estímulo de estudo de vários grupos67, 28, 32-36 . Trabalhos já demonstraram a associação entre alterações na parede da artéria carótida com placas em aorta torácica 34, 37-38 . Também foi descrito por Reaven a associação da aterosclerose em artéria coronária e calcificação na aorta abdominal com o risco de problemas cardíacos em pacientes com diabete do tipo 2 39 , assim como Rohani relaciona achados de alterações em paredes da aorta e espessamento intimal da carótida com estenose em artérias coronárias 40. Quanto à relação entre a aterosclerose carotídea e aórtica, Kallikazaros e colaboradores41 demonstraram uma estreita relação entre ateroma da artéria carótida e da aorta ascendente, usando o modo B da ultrassonografia transesofágica. Kardys et al 42 , no estudo em Rotterdam de base populacional, evidenciou as diferenças de gênero entre calcificação da artéria coronária, espessura da parede da artéria carotídea, placa carotídea e calcificação da aorta abdominal através de radiografias. Nesse trabalho mostraram que a presença de placa na carótida é mais frequente no sexo masculino e a calcificação da aorta é semelhante entre os gêneros. Houve uma pequena diferença entre homens e mulheres em relação à espessura da parede da carótida e a calcificação aórtica43. Allison e colaboradores44 demonstraram a relação entre calcificação coronariana e extracoronariana pela TC. Eles apresentaram uma prevalência semelhante entre calcificação carotídea e em artéria aórtica torácica em homens, enquanto nas 17 mulheres, a prevalência de calcificação carótida foi significativamente inferior comparada à calcificação em artéria aórtica torácica. A associação entre HAS e alterações ateroscleróticas das carótidas é bem conhecida. Allison e colaboradores45 evidenciaram que a HAS é fator de risco para aterosclerose em carótidas (OR:3,2) e aorta proximal (OR:2,7). Junichiro e colaboradores já haviam descrito a necessidade da utilização desses dois métodos não invasivos (TC e US) para mensuração de aterosclerose, pois a calcificação na aorta torácica está associada ao aumento da espessura da parede carotídea38. O espessamento da camada miointimal das artérias carótidas, identificado pelo US, está diretamente associado com o aumento do risco de IAM e AVC com ou sem história de DCV34, assim como existe uma correlação entre calcificações coronárias e eventos CV. A calcificação de arco aórtico é um preditor independente forte para eventos CV8, 46. A relação das calcificações parietais na aorta torácica, identificadas pela TC, com a severidade da aterosclerose carotídea, determinada pela avaliação ultrassonográfica da espessura da camada miointimal, também já foi demonstrada34. Em 2006, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, na Diretriz de Ressonância e Tomografia Cardiovascular, colocou que estudos consistentes publicados demonstraram que a calcificação das artérias coronárias (CAC), através do escore de cálcio, adicionada, de forma complementar, às informações de estratificação de risco clínico, pode alterar condutas, especialmente nos pacientes considerados como risco intermediário pelos escores de Framingham. O trabalho MESA investigou a prevalência, correlação e progressão da DCV subclínica. Este estudo foi uma coorte prospectiva no qual todos os pacientes realizaram 18 TC sem contraste do coração e ultrassom das artérias carótidas, demonstrando relação entre calcificações coronarianas e aterosclerose carotídea14. Dessa forma, apesar de existirem associações entre vários sítios de acometimento aterosclerótico, entre eles da aorta torácica, artérias carótidas e artérias coronárias, também há relação dos mesmos com comorbidades e mortalidade de origem cardiovascular. No entanto, a relação das PAA com as PAC pode ser melhor estudada. 19 1.5 QUESTÃO DE PESQUISA Relacionar a presença do achado incidental tomográfico computadorizado de calcificação parietal na aorta abdominal em exames realizados por motivos variados, com a presença das placas das artérias carótidas, identificadas pelo estudo complementar de US. 20 1.6 1. REFERÊNCIAS DA BASE TEÓRICA Greenland P, Alpert JS, Beller GA, et al. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in asymptomatic adults: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 56(25):e50-103. 2. Sposito AC, Caramelli B, Fonseca FA, et al. 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Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004; 24(2):331-6. 46. Hollander M, Hak AE, Koudstaal PJ, et al. Comparison between measures of atherosclerosis and risk of stroke: the Rotterdam Study. Stroke 2003; 34(10):2367-72. 2 ARTIGO EM PORTUGUÊS ASSOCIAÇÃO ENTRE ATEROSCLEROSE DA AORTA ABDOMINAL E DAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS 27 Artigo Original – Atherosclerosis Agosto 2011 PACIENTES COM PLACA CALCIFICADA NA AORTA ABDOMINAL APRESENTAM DEZ VEZES MAIS CHANCE DE TER PLACA NAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS Carlos Jesus Pereira Haygert M.D a, Bruna Helena Suzigan b, Lucas Vieira de Souza b, Alexandre Naujorks M.Dc, Juarez Barbisan M.D d. Instituições: A Professor de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal de Santa Maria, Médico Radiologista do Hospital Universitário de Santa Maria- Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. B Departamento de Tilt Test do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil. C Médico Cardiologista/Ultrassonografista do Hospital Universitário de Santa Maria – Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. D Médico Cardiologista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil. Autor Correspondente: Carlos Jesus Pereira Haygert Tuiuti, 1919 – Santa Maria / RS CEP: 97015663 - Brasil [email protected] 28 RESUMO Introdução: A aterosclerose é uma doença sistêmica prevalente e responsável pelo maior número de mortes no mundo desenvolvido. Os eventos clínicos e o tratamento dependem dos sítios acometidos. Tanto a doença aterosclerótica aórtica como a carotídea podem resultar em desfechos clínicos graves. A associação dessas duas entidades não está claramente demonstrada. Desenvolvemos um estudo para verificar a associação entre placa aterosclerótica da artéria aorta abdominal (PAA) e placa aterosclerótica das artérias carótidas (PAC). Metodologia: Realizou-se um estudo transversal, prospectivo, no período de março de 2009 a agosto de 2010. Foram selecionados pacientes consecutivos que realizaram tomografia abdominal total, por razões diversas, e ultrassonografia (US) das artérias carotídeas. Procurou-se, através de análises uni e multivariada, a associação independente entre o achado incidental de PAA e PAC. Resultados: Cento e dezoito pacientes foram analisados. A idade média foi de 55 ±13 anos (30-70), e 66/118 (55,9%) eram do sexo feminino. A PAA esteve presente em 53/118 (44,9%) pacientes e PAC em 69/118 (58,4%). Após terem sido ajustadas por regressão logística múltipla com as co-variáveis sexo, tabagismo, dieta, circunferência abdominal, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes e história de acidente vascular cerebral isquêmico, observou-se que PAA e HAS associaram-se à PAC com OR de 10,75 (IC: 3,95-29,3 e p=0,0001) e 5,65 (IC:2,06-12,5 e p=0,001), respectivamente. Conclusão: O achado incidental tomográfico de PAA está fortemente associado à presença de PAC pela US. HAS também está associada à presença da PAC. Palavras-chave: Aorta abdominal, computadorizada abdominal. artéria carótida, aterosclerose, tomografia 29 INTRODUÇÃO A aterosclerose é uma doença sistêmica prevalente e responsável pelo maior número de mortes no mundo desenvolvido. Os eventos clínicos determinados pela aterosclerose dependem dos sítios acometidos pela doença1. Vários trabalhos demonstraram que pacientes com doença aterosclerótica em um sítio têm grande probabilidade de apresentá-la em outro local 2-10 . Wollford evidenciou que pacientes com doença aterosclerótica em artérias coronárias têm grande chance de apresentarem lesões ateroscleróticas em artérias carótidas, visualizadas por exames de imagem 11 . Um estudo publicado em 2002 concluiu em autópsias a alta frequência de placas de gordura na aorta abdominal, tanto em adultos jovens quanto em crianças, e a relação entre as calcificações da aorta abdominal com as placas calcificadas nas artérias coronárias 12. Calcificações em aorta, principalmente em aorta torácica, são comuns em idosos. Estudos prospectivos têm mostrado que pacientes com calcificação em aorta torácica têm um aumento significativo de doenças coronarianas e acidente vascular cerebral3, 13-15 . Portanto, as alterações ateroscleróticas em aorta torácica se associam com outros sítios importantes como coronárias, mas nenhum trabalho estudou a associação das alterações ateroscleróticas na aorta abdominal e carótidas. Para a avaliação de lesões arteriais existem exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a ultrassonografia (US). As novas tecnologias de imagem, como a tomografia computadorizada multi-slice (TCMS), têm sido aplicadas para a avaliação da aterosclerose carotídea e coronariana. As imagens da aorta, incluindo o segmento abdominal, têm tido menos atenção 16-18. É muito frequente o achado de hiperdensidades parietais na aorta abdominal na TC, devido à sensibilidade deste método ao cálcio2, 10, 19-21. A verdadeira valorização dessa informação não é bem definida na literatura. 30 A alta resolução dos equipamentos atuais permite não somente fornecer o grau de uma estenose carotídea, mas também as características de paredes arteriais. Nesse contexto, estudos já demonstraram que a US avalia a severidade do acometimento aterosclerótico carotídeo, mostrando que o espessamento miointimal é um forte preditor de eventos cardiovasculares futuros, mas é a placa carotídea a doença aterosclerótica definida 22. Tanto a doença aterosclerótica aórtica como a carotídea podem resultar em desfechos clínicos muito graves2, 4-5, 19, 23 . O diagnóstico precoce pode modificar o tratamento e, em consequência, os desfechos1. A associação dessas duas entidades não está claramente demonstrada. Portanto, o objetivo desse trabalho é verificar a associação do acometimento aterosclerótico nesses dois sítios a partir da utilização da TC abdominal e da US de carótidas. MATERIAL E MÉTODOS Modelo de estudo e população de pacientes Este estudo caracteriza-se por ser transversal prospectivo, com uma população de pacientes entre 30 e 70 anos de idade, que após aceitarem participar do estudo e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, realizaram TC do abdômen (incluindo seguimento aórtico do tronco celíaco e bifurcação aórtica) por causas diversas e, em seguida, submeteram-se à US das artérias carótidas no serviço de diagnóstico por imagem do HUSM e no Instituto de Radiologia São Lucas, no período de março de 2009 a agosto de 2010. Foram excluídos do estudo pacientes que não 31 realizaram ambos os exames e pacientes com déficits neurológicos sem familiares para responderem o consentimento informado. Os resultados da TC abdominal e da US das artérias carótidas foram comparados quanto à presença de aterosclerose. Avaliação de aterosclerose em artéria aórtica abdominal Os pacientes realizaram as TCs, por indicações clínicas variadas, em equipamentos helicoidais single slice; Siemens modelo Somaton Emotion (Siemens Medical Solutions, Malvern), Shimadzu modelo SCT 7000ts (Shimadzu, Kyoto, Japan) e General Electric modelo Hispeed (GE Medical Systems, Milwaukee, Wis). Os protocolos de aquisição de imagem variaram de espessura de corte de 3 a 10 milímetros, da transição tóraco-abdominal até as cristas ilíacas. Os filtros utilizados foram para tecidos moles. O armazenamento das imagens de TC foi feito em servidores, para posterior avaliação em programas de visualização. As imagens foram manipuladas no formato DICOM (Digital Imaging Communications in Medicine), permitindo ferramentas de adequação dos tons de cinza e zoom. Os exames de TC foram analisados por um médico radiologista, que identificou as imagens hiperdensas (calcificações) parietais na aorta abdominal, desde a transição com o segmento torácico (diafragma) até a bifurcação ilíaca. As calcificações da bifurcação ilíaca não foram incluídas. Dessa forma, os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo 1 - sem calcificações parietais na aorta abdominal, e grupo 2 - com calcificações parietais na aorta abdominal. 32 Avaliação de aterosclerose em artéria carótida Foram consideradas placas as lesões ateroscleróticas focais com mais de 1,4 mm de espessura. Os exames de US das artérias carótidas foram realizados no equipamento Philips, modelo Envisor HD (Philips Medical Solutions, Malvern), utilizando transdutor linear multifrequêncial (7-10 MHz), conforme técnica usual de avaliação, por um médico ultrassonografista, que classificou as lesões carotídeas. Esse médico, no momento do exame, não detinha a informação do exame de TC (cegado). Estimativa dos fatores de risco As co-variáveis, no presente estudo, incluíram os fatores de risco para aterosclerose, com potencial de serem fatores de risco associados à PAC. Foram considerados sexo, cor, tabagismo, etilismo, diabetes mellitus, HAS (Pressão sistólica 140 e pressão diastólica 90 – alterada, normal), dieta, prática de atividade física, circunferência abdominal (homens: normal se mulheres: normal se 102 cm, alterada se >102 cm e 88 cm, alterada se >88 cm), classificação do IMC (<24,9: normal; ≥25: sobrepeso), histórico familiar de doença cardiovascular, AVC isquêmico, angioplastia coronariana e cirurgia de revascularização. O achado tomográfico incidental de PAA foi classificado como ausente ou presente. Análise estatística Nesse estudo, a variável dependente (desfecho dicotômico) foi a aterosclerose carotídea (sem placa ou com placa) em pacientes entre 30 e 70 anos de idade que realizaram TC do abdômen. Os dados clínicos e as informações dos exames de imagem de TC de abdômen e US das artérias carótidas foram tabulados no programa Excel (Microsoft Office Excel, Lols Smoken Microsoft). Nas situações em que os pacientes 33 fizeram estudo tomográfico do abdômen de follow-up, somente o primeiro exame foi incluído no trabalho. Algumas co-variáveis foram categorizadas em faixas, com base na revisão bibliográfica, com o objetivo de possibilitar uma melhor interpretação e discussão dos resultados. O IMC foi classificado em normal e sobrepeso a fim de facilitar a categorização. Foram realizados os cruzamentos entre as co-variáveis categóricas e a variável dependente dicotômica. As associações entre as co-variáveis categóricas e o desfecho foram verificadas pelo teste de independência do qui-quadrado. As co-variáveis com nível de significância de 0.20 foram consideradas fatores de risco e entraram no modelo múltiplo. Nesse estudo, optou-se pela análise de regressão logística univariada no critério de seleção das co-variáveis para o modelo múltiplo. Na modelagem para obtenção dos dados tem-se: 1º) Seleção dos possíveis fatores de risco associados a lesões carotídeas para a construção do modelo de regressão múltipla. A regressão logística univariada possibilitou a estimação das razões de chance (OR bruto) e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). 2º) Para a análise de regressão logística múltipla, foi utilizada a estratégia de análise não-condicional que incluiu, simultaneamente, no modelo todas as co-variáveis independentes significativas da análise de regressão logística univariada, método forward stepwise e nível de significância de 0,20, verificados pelo teste de Wald. 3º) Foram eliminadas do modelo múltiplo, uma a uma, as co-variáveis não significativas (p > 0,05), verificando-se o efeito da saída de cada co-variável nos coeficientes que permaneciam no modelo. Nesse estudo, optou-se pelo teste de Wald para decidir pela permanência das co-variáveis no modelo. 4º) O modelo final foi o que apresentou todas as co-variáveis significativas em 34 nível de 5% de significância e cujo IC 95% não incluiu o valor de OR = 1. 5°) A validação do modelo foi feita por meio do teste de Hosmer e Lemeshow. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do aplicativo computacional SPSS 15.0 (SPSS Inc., Chicago, EUA). Aspectos éticos Esse trabalho foi aprovado pelos comitês de ética do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul - Fundação Universitária e pelo Hospital Universitário de Santa Maria, em consoante à Declaração de Helsinki e o International Committee of Medical Journal Editors. Os pacientes da amostra foram convidados a participar do estudo e, após assinarem o Consentimento Livre e Esclarecido, iniciava-se o primeiro exame. RESULTADOS Foram analisados 118 pacientes que realizaram TC de artéria aorta abdominal e US de artérias carótidas. A idade média foi de 55 ±13 anos (30-70), e 66/118 (55,9%) eram do sexo feminino. Houve 69/118 (58,4%) indivíduos com PAC, tal lesão acometendo 46/69 (66%) dos com PAA. A tabela 1 apresenta características demográficas, comorbidades, fatores de risco e tratamentos prévios da amostra estratificados para aterosclerose carotídea. São apresentados também os resultados da análise de regressão logística uni-variada, considerando-se as co-variáveis correspondentes às características desses pacientes. 35 Tabela 1 – Análise descritiva dos fatores de risco para aterosclerose carotídea e de regressão logística univariada, tendo como desfecho placa carotídea. (n = 118). Variáveis independentes Lesão carotídea OR Bruto Não (%) Sim (%) Masculino 25 (48,1) 27 (51,9) 1 Feminino 24 (36,4) 42 (63,6) 1.62 Branca 44 (42,3) 60 (57,7) 1 Não- Branca 5 (35,7) 9 (64,3) 1.320 42 (44,2) 53 (55,8) 1 7 (30,4) 16 (69,6) 1.811 Não fumante 36 (46,8) 41 (53,2) 1 Fumante/ ex-fumante 13 (31,7) 28 (68,3) 1.891 48 (47,5) 53 (52,5) 1 1 (6,2) 15(93,8) 13.585 Normal 40(58,0) 29 (42,0) 1 Hipertenso 8 (17,4) 38 (82,6) 6.552 Com dieta controlada 46 (48,9) 48 (51,1) 1 Sem dieta controlada 3 (12,5) 21 (87,5) 6.708 Faz atividade física 35 (39,3) 54 (60,7) 1 Não faz atividade 14(48,3) 15 (51,7) 0.694 IC (95%) P 0.773– 3.396 0.193 * 0.414 – 4.212 0,638 0.682 – 4.808 0.229 0.853 – 4.191 0.114* 1.729 – 30.067 0.002* 2.664 – 15.113 0.001* 1.874 – 24.020 0.001* 0.299 – 1.614 0.396 Sexo Cor Etilismo Não consumo de álcool Consumo de álcool Tabagismo Diabetes Mellitus Não - diabético Diabético Hipertensão Dieta Atividade Física 36 física Circunferência Abdominal Normal 29 (50,0) 29 (50,0) 1 Alterada 20(33,3) 40 (66,7) 2.000 Ausente 25 (46,3) 29 (53,7) 1 Presente 22 (40,0) 33 (60,0) 1.293 Normal 21 (38,9) 33 (61,1) 1 Sobrepeso 28 (43,7) 36 (56,3) 0.818 Não 48 (43,6) 62(56,4) 1 Sim 1 (12,5) 7 (87,5) 5.419 Não 49 (42,6) 66 (57,4) Sim 0 (0,0) 3 (100,0) Não 49 (42,2) 67 (57,8) Sim 0 (0,0) 2 (100,0) Não 42 (64,6) 23 (35,4) 1 Sim 7 (13,2) 46 (86,8) 12.000 0.951– 4.207 0.066* 0.605 – 2.764 0.507 0.392– 1.710 0.593 0.645 – 45.553 0.084* 4.670 – 30.837 0.001* Histórico familiar Classificação do IMC AVC isquêmico Angioplastia coronariana Cirurgia de revascularização Calcificação Aórtica OR: Odds ratio; IMC: Índice de massa corporal; OR Bruto = 1: Categoria de referência; IC 95%: Intervalo de Confiança de 95%; * p 0,20 37 A Tabela 2 demonstra que as duas variáveis, HAS e PAA, continuaram tendo uma associação independente com PAC após ajuste do modelo de regressão logística múltipla. Tabela 2: Análise de regressão logística múltipla, tendo como desfecho a placa aterosclerótica carotídea Variáveis independentes OR ajustado * IC (95%) P Hipertensão Normal 1 Hipertenso 5.653 0.001* 2.063 – 15.490 Calcificação Aórtica Não 1 Sim 10.752 0,0001* 3.944 – 29.307 * Odds ratio ajustado para as outras co-variáveis da tabela por meio da regressão logística múltipla; OR ajustado =1: categoria de referência; IC 95%: Intervalo de Confiança de 95%. Para o modelo que inclui as duas co-variáveis apresentadas na Tabela 2, nas quais todas são significativas, o valor obtido para a quantidade -2 ln da verossimilhança é igual a 109,984 com 2 g.l. Considerando a hipertensão, a OR = 5.653 indica que a ocorrência de PAC de pacientes hipertensos é aproximadamente seis vezes a ocorrência desse evento em pacientes não hipertensos. Quando testada a validade preditiva do modelo de regressão logística estimado, observou-se que houve diferença significativa entre o valor real e o previsto pelo modelo (p=0, 801). 38 DISCUSSÃO Esse trabalho mostrou uma forte associação independente da PAA, encontrada de forma incidental em TC abdominal, realizada por motivos diversos, e da HAS com PAC, diagnosticada através da US, confirmando a hipótese de que PAA apresenta associação com PAC, bem como a HAS. Outros trabalhos já haviam identificado a associação entre alterações na parede da carótida com placas em aorta torácica 9-10 . Também foi descrito por Reaven a associação da aterosclerose em artéria coronária e calcificação na aorta abdominal com o risco de problemas cardíacos em pacientes com diabete do tipo 2 7. Além disso, Rohani relaciona achados de alterações em paredes da aorta e espessamento intimal da carótida com estenose em artérias coronárias 24. A calcificação em vasos sanguíneos é parte de uma lesão aterosclerótica complicada e aparece mais tarde que os chamados ateromas. A calcificação da aorta é demonstrada como um processo ativamente regulado 25-26 que representa a aterosclerose aórtica. Quanto à relação entre a aterosclerose carotídea e aórtica, Kallikazaros e colaboradores6 demonstraram uma estreita relação entre ateroma da artéria carótida e da aorta ascendente, usando o modo B da ultrassonografia transesofágica. Kardys et al 27, no estudo em Rotterdam de base populacional, evidenciaram as diferenças de gênero entre calcificação da artéria coronária, espessura da parede da artéria carotídea, placa carotídea e calcificação da aorta abdominal através de radiografias. Mostraram também que a presença de placa na carótida é mais frequente no sexo masculino e a calcificação da aorta é semelhante entre os gêneros. Houve uma pequena diferença entre homens e mulheres em relação à espessura da parede da carótida e a calcificação aórtica28. Allison e colaboradores20 demonstraram a relação entre calcificação coronariana e extracoronariana pela TC. Eles apresentaram uma prevalência semelhante entre 39 calcificação carotídea e artéria aórtica torácica em homens, enquanto nas mulheres, a prevalência de calcificação carótida foi significativamente inferior comparada à calcificação em artéria aórtica torácica. A associação entre HAS e alterações ateroscleróticas das carótidas é bem conhecida. Allison e colaboradores29 evidenciaram que a HAS é fator de risco para aterosclerose em carótidas (OR:3,2) e aorta proximal (OR:2,7). Em nosso estudo, a relação entre PAA com PAC é quase o dobro que HAS com PAC, resultado não evidenciado ainda na literatura. Além disso, nesse trabalho a ocorrência de lesão carotídea em pacientes hipertensos é aproximadamente seis vezes a ocorrência desse evento em pacientes não hipertensos. Junichiro e colaboradores já haviam descrito a necessidade da utilização desses dois métodos não invasivos (TC e US) para mensuração de aterosclerose, pois a calcificação na aorta torácica está associada ao aumento da espessura da parede carotídea9. A identificação incidental de calcificações parietais na aorta abdominal em exames de TC é frequente e não vem sendo suficientemente valorizada na prática médica cotidiana. Esse trabalho mostrou uma associação forte sugerindo que uma abordagem diagnóstica de outros sítios, em busca de alterações ateroscleróticas, deva ser realizada, com especial atenção às carótidas, pois poderá ser utilizada como preditora de PAC. Essa informação permitirá a identificação de casos clínicos de aterosclerose, reduzindo potenciais riscos de eventos cardiovasculares maiores no futuro. Portanto (in summary), identificamos uma associação independente e significante entre PAA, observada pela calcificação identificada incidentalmente pelo método tomográfico, e PAC diagnosticada através da US. Além disso, também confirmamos uma importante associação entre HAS e PAC. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in asymptomatic adults: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2010;56(25):e50-103. 2. Iijima K, Hashimoto H, Hashimoto M, Son BK, Ota H, Ogawa S, et al. Aortic arch calcification detectable on chest X-ray is a strong independent predictor of cardiovascular events beyond traditional risk factors. Atherosclerosis 2010;210(1):137-44. 3. Witteman JC, Kannel WB, Wolf PA, Grobbee DE, Hofman A, D'Agostino RB, et al. 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The association between coronary calcification assessed by electron beam computed tomography and measures of extracoronary atherosclerosis: the Rotterdam Coronary Calcification Study. J Am Coll Cardiol 2002;39(11):174551. 21. j l, r s, s s, j h. Tomografia computadorizada do corpo em correlação com ressonância magnética. 1998. 43 22. Brott TG, Halperin JL, Abbara S, Bacharach JM, Barr JD, Bush RL, et al. 2011 ASA/ACCF/AHA/AANN/AANS/ACR/ASNR/CNS/SAIP/ SCAI/SIR/SNIS/SVM/SVS Guideline on the Management of Patients With Extracranial Carotid and Vertebral Artery Disease: Executive Summary. Vasc Med 2011;16(1):35-77. 23. Walsh CR, Cupples LA, Levy D, Kiel DP, Hannan M, Wilson PW, et al. Abdominal aortic calcific deposits are associated with increased risk for congestive heart failure: the Framingham Heart Study. Am Heart J 2002;144(4):733-9. 24. Rohani M, Jogestrand T, Ekberg M, van der Linden J, Källner G, Jussila R, et al. 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D Cardiologist at Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brazil. Address for correspondence Bruna Helena Suzigan Departamento de Tilt Test do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Avenida Princesa Isabel, 395 Bairro: Santana Porto Alegre-RS CEP: 90620-001 Tel: +55 51 81068198 e-mail: [email protected] 47 ABSTRACT Introduction: Atherosclerosis is a prevalent systemic disease, responsible for the greatest number of deaths in the developed world. Clinical events and treatment depend on the sites involved. Both aortic and carotid atherosclerotic disease may result in grave clinical outcomes. The association of these two entities has not been clearly demonstrated. We developed a study to look at the association between abdominal aortic atherosclerotic plaque (AAP) and carotid artery atherosclerotic plaque (CAP). Methodology: A prospective cross-sectional study was performed from March 2009 to August 2010. Consecutive patients who underwent total abdominal computed tomography for several reasons and ultrasonography of the carotid arteries were selected. An independent association between the incidental findings of AAP and CAP was sought using uni and multivariate analyses. Results: One hundred and eighteen patients were analyzed. Mean age was 55 ±13 years (30-70) and 66/118 (55.9%) were female. AAP was present in 53/118 (44.9%) patients and CAP in 69/118 (58.4%). After they were adjusted by multiple logistic regression with the covariables sex, smoking, diet, abdominal circumference, systemic arterial hypertension (SAH), diabetes and history of ischemic stroke, it was observed that AAP and SAH were associated with CAP, with an OR of 10.75 (CI: 3.95-29.3 and p=0.0001) and 5.65 (CI:2.06-12.5 and p=0.001), respectively. Conclusion: The incidental finding of AAP at CT scan is strongly associated with the presence of CAP according to US. SAH is also associated with the presence of CAP. Keywords: Abdominal aortic, carotid artery, atherosclerosis, abdominal computed tomography. 48 INTRODUCTION Atherosclerosis is a prevalent systemic disease and it accounts for the greatest number of deaths in the developed world. Clinical events and treatment depend on the sites involved in the disease (1). Several studies have demonstrated that patients with atherosclerotic disease at one site, are very likely to present it at another site (2-10). Wollford showed that patients with atherosclerotic coronary artery disease are very likely to present atherosclerotic lesions in the carotid arteries, viewed by imaging exams (11). A study published in 2002 concluded from autopsies that there is a high frequency of fat plaques in the abdominal aorta, both in young adults and in children, and that there is a relationship between abdominal aortic calcifications and calcified plaques in coronary arteries (12). Aortic calcifications, especially in the thoracic aorta, are common in the elderly and prospective studies have shown that patients with a calcification in the thoracic aorta have a significant increase of coronary diseases and stroke (3,13-15). Therefore, the atherosclerotic alternations in the thoracic aorta are associated with other important sites such as the coronaries, but the association between atherosclerotic alterations in the abdominal aorta and carotid artery has not been studied. Imaging exams, such as computed tomography (CT) and ultrasound (US) evaluate arterial lesions. The new imaging technologies such as multislice computed tomography (MSCT), have been applied to evaluate carotid and coronary atherosclerosis. Images of the aorta, including the abdominal segment, have received less attention (16-18). Often parietal hyperdensities are found in the abdominal aorta at CT, due to the sensitivity of this method to calcium (2, 10, 19-21). The true value of the information has not been well defined in the literature. 49 The high resolution of current equipment not only supplies the grade of a carotid stenosis, but also the characteristics of arterial walls. In this context, studies have already demonstrated that US evaluates the severity of carotid atherosclerotic involvement, showing that myointimal thickening is a strong predictor of future cardiovascular events, although carotid plaque is the defined atherosclerotic disease (22). Both aortic and carotid atherosclerotic disease may result in very grave clinical outcomes (2, 4, 5, 19, 23). Early diagnosis can modify treatment and, consequently, outcomes (1). The association of these two entities has not been clearly demonstrated. Therefore, the objective of this study is to look at the association of atherosclerotic involvement at these two sites using abdominal CT and carotid US. MATERIAL AND METHODS Model of study and patient population Prospective cross-sectional study with a population of patients aged 30 to 70 years who, after accepting to participate in the study and signing the free and informed consent, had an abdominal CT (including the aortic segment of the celiac trunk and aortic bifurcation) for various reasons, and were then submitted to US of the carotid arteries at the HUSM imaging diagnosis service and at the Instituto de Radiologia São Lucas, from March 2009 to August 2010. Patients who did not undergo both exams and patients with neurological deficits who had no family to answer the informed consent were excluded from the study. 50 The results of abdominal CT and carotid artery US were compared for the presence of atherosclerosis. There is no conflict of interest in this research. Evaluation of atherosclerosis in the abdominal aortic artery The patients underwent the CT for various clinical indications, in single slice helicoidal equipment; Siemens model Somaton Emotion (Siemens Medical Solutions, Malvern), Shimadzu model SCT 7000ts (Shimadzu, Kyoto, Japan) and General Electric model Hispeed (GE Medical Systems, Milwaukee, Wis). The slice thickness of the image acquisition protocols varied from 3 to 10 millimeters, from the thoracoabdominal transition to the iliac crests. Soft tissue filters were used. The CT images were stored in servers for later evaluation in viewing programs. The images were manipulated in DICOM (Digital Imaging Communications in Medicine) format, enabling the use of gray tone and zoom adjustment tools. The CT exams were analyzed by a physician specialized in radiology who identified the hyperdense parietal images (calcifications) in the abdominal aorta, from the transition with the thoracic segment (diaphragm) to the iliac bifurcation. The iliac bifurcation calcifications were not included. The patients were, thus, divided into two groups: group 1: without parietal calcifications in the abdominal aorta and group 2: with parietal calcifications in the abdominal aorta. Evaluation of atherosclerosis in the carotid artery Focal lesions more than 1.4 mm thick were considered plaques. The US exams of the carotid arteries were performed on Philips equipment, model Envisor HD (Philips Medical Solutions, Malvern), using the multifrequency linear transducer 7-10 MHz), according to the usual evaluation technique, by a physician specialized in 51 ultrasonography, who classified the carotid lesions. This physician, at the time of the exam, did not have any information concerning the CT (blinded). Risk factor estimates The covariables in this study included the risk factors for atherosclerosis that are potential risk factors associated with CAP. Sex, color, smoking, drinking, diabetes mellitus, SAH (systolic pressure 140 and diastolic pressure 90 – altered, normal ), diet, physical activity, abdominal circumference (men: normal if >102 cm and women: normal if 102 cm, altered if 88 cm, altered if >88 cm), BMI classification (<24.9: normal; ≥25: overweight), family history of cardiovascular disease, ischemic stroke, coronary angioplasty and revascularization surgery. The incidental tomographic finding of AAP was classified as absent or present. Statistical analysis In this study, the dependent variable (dichotomic outcome) was carotid atherosclerosis (without and with plaque) in patients aged from 30 to 70 years, who underwent an abdominal CT. The clinical data and the information from the abdominal CT imaging exams and carotid artery US were tabulated in the Excel program (Microsoft Office Excel, Lols Smoken Microsoft). In situations where the patients underwent a follow up abdominal tomographic study only the first exam was included in the study. A few covariables were categorized in ranges, based on a review of literature in order to enable a better interpretation and discussion of results. The BMI was classified as normal and overweight to make categorization easier. The categorical covariables and dichotomic dependent variable were crossmatched. 52 Associations between categorical covariables and outcome were verified by the Chi-square independence test. Covariables with a 20% level of significance were considered risk factors and included in the multiple model. In this study, univariate logistic regression analysis was chosen in the covariable selection criterion for the multiple model. When modeling is performed to obtain data we have: 1) Selection of possible risk factors associated with carotid lesions to construct the multiple regression model. Univariate logistic regression enabled estimation of the odds ratio (raw OR) and the respective confidence intervals of 95% (CI 95%); 2) The non-conditional analysis strategy was used for multiple logistic regression analysis, which simultaneously included in the model all the significant independent covariables of univariate logistic regression analysis, with the forward stepwise method, and a 0.20 level of significance verified by the Wald tests; 3) the non-significant covariables were eliminated from the multiple model one by one (p > 0.05), and the effect of the exit of each covariable was verified in the coefficients that remained in the model. In this study, the Wald test was used to decide whether the covariables would remain in the model; 4) The final model presented all the significant covariables at a 5% level of significance, whose CI 95% did not include the value of OR = 1; 5), model validation using the Hosmer-Lemeshow test. The statistical analyses were performed using computational application SPSS 15.0 (SPSS Inc., Chicago, EUA). Ethical aspects This study was approved by the ethics committees at Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul-Fundação Universitária and Hospital Universitário de Santa Maria, according to the Declaration of Helsinki and the International Committee of Medical 53 Journal Editors. The patients in the sample were invited to participate in the study and the first exam began after signing the Free and Informed Consent. RESULTS One hundred and eighteen patients who underwent abdominal aortic artery CT and carotid artery US were analyzed. The mean age was 55 ±13 years (30-70) and 66/118 (55.9%) were female. There were 69/118 (58.4%) individuals with CAP, and this lesion affected 46/69 (66%) of those who had AAP. Table 1 shows demographic characteristics, comorbidities, risk factors and previous treatments of the sample stratified for carotid atherosclerosis and the results of univariate logistic regression analysis are presented, considering the covariables corresponding to the characteristics of these patients. Table 2 shows that the two variables SAH and AAP, continued to have an independent association with CAP after adjustment of the multiple logistic regression model. For the model that includes the two covariables presented in Table 2, in which all are significant, the value obtained for quantity - 2 ln of likelihood is equal to 109,984 with 2 g.l. Considering hypertension, OR = 5.653 indicates that the occurrence of CAP in hypertensive patients is approximately six times greater than the occurrence of this event in non hypertensive patients. When the predictive validity of the estimated logistic regression model was tested, it was found that there was a significant difference between the real value and the value forecast by the model (p=0. 801). 54 DISCUSSION This study showed a strong independent association of AAP found incidentally at abdominal CT performed for various reasons, and of SAH with CAP diagnosed by US, confirming the hypothesis that AAP presents an association with CAP as well as with SAH. Other studies had already identified the association between alterations in the carotid wall and thoracic aortic plaques (9, 10). Reaven also described the association between coronary artery atherosclerosis and abdominal aortic calcification with a risk of cardiac problems in patients with type 2 diabetes (7), and Rohani relates findings of alterations in the aortic walls and intimal thickening of the carotid with coronary artery stenosis (24). Calcification in blood vessels is part of a complicated atherosclerotic lesion and appears later than the so-called atheromas. Aortic calcification is shown as an actively regulated process (25, 26) which represents aortic atherosclerosis. As to the relation between carotid and aortic atherosclerosis, Kallikazaros et cols(6) showed a close relationship between atheroma of the carotid artery and of the ascending aorta, using mode B of transesophageal ultrasonography. Kardys et al (27), in the Rotterdam population base study, showed the gender differences between calcification of the coronary artery, thickness of the carotid artery wall, carotid plaque and abdominal aortic calcification using X-rays. They showed that the carotid plaque occurs more frequently in males and aortic calcification is similar among sexes. There was a small difference between men and women regarding thickness of the carotid wall and aortic calcification (28). Allison et cols(20) demonstrated the relation between coronary and extra-coronary calcification by CT. They presented a similar prevalence between carotid calcification and calcification in the thoracic aortic artery in men, while in women the prevalence of 55 carotid calcification was significantly lower compared to calcification in the thoracic aortic artery. There is a well-known association between SAH and atherosclerotic alterations of the carotids. Allison et cols (29) showed that SAH is a risk factor for atherosclerosis in the carotid arteries (OR:3.2) and proximal aorta (OR:2.7). In our study the relationship between AAP and CAP is almost double that of SAH and CAP, a result that had not yet been seen in the literature. Besides, in this study, the occurrence of carotid lesion in hypertensive patients is approximately six times greater than the occurrence of this event in non-hypertensive patients. Junichiro et cols had already described the need to use these two non invasive methods (CT and US) to measure atherosclerosis, since thoracic aortic calcification is associated with increased thickness of the carotid wall (9). Parietal calcifications in the abdominal aorta are often incidentally identified at CT exams , and this has not been sufficiently valued in daily medical practice. This study showed a strong association suggesting that a diagnostic approach to other sites looking for atherosclerotic alterations should be performed, with special attention to the carotids. This can be used to predict CAP. This information will allow the identification of clinical cases of atherosclerosis, reducing potential risks of major cardiovascular events in future. In summary, we identified an independent and significant association between AAP, observed by calcification incidentally identified by the tomographic method and CAP diagnosed by US. We also confirmed an important association between SAH and CAP. 56 REFERENCES 1. Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in asymptomatic adults: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2010 Dec;56(25):e50-103. 2. Iijima K, Hashimoto H, Hashimoto M, Son BK, Ota H, Ogawa S, et al. Aortic arch calcification detectable on chest X-ray is a strong independent predictor of cardiovascular events beyond traditional risk factors. Atherosclerosis. 2010 May;210(1):137-44. 3. Witteman JC, Kannel WB, Wolf PA, Grobbee DE, Hofman A, D'Agostino RB, et al. Aortic calcified plaques and cardiovascular disease (the Framingham Study). Am J Cardiol. 1990 Nov;66(15):1060-4. 4. Iribarren C, Sidney S, Sternfeld B, Browner WS. 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Independent variables Sex Male Female Color White Non-White Alcoholism Non drinker Drinker Smoking Non smoker Smoker/ex-smoker Diabetes Mellitus Non - diabetic Diabetic Hypertension Normal Hypertensive Diet With controlled diet Without controlled diet Physical Activity Performs physical activity Does not perform physical activity Abdominal Circumference Normal Altered Family History Absent Present BMI Classification Normal Overweight Ischemic stroke No Yes Coronary angioplasty No Yes Revascularization surgery No Yes Aortic calcification No Yes Carotid lesion No (%) Yes (%) Raw OR CI (95%) P 25 (48.1) 24 (36.4) 27 (51.9) 42 (63.6) 1 1.62 0.773– 3.396 0.193 * 44 (42.3) 5 (35.7) 60 (57.7) 9 (64.3) 1 1.320 0.414 – 4.212 0.638 42 (44.2) 7 (30.4) 53 (55.8) 16 (69.6) 1 1.811 0.682 – 4.808 0.229 36 (46.8) 13 (31.7) 41 (53.2) 28 (68.3) 1 1.891 0.853 – 4.191 0.114* 48 (47.5) 1 (6.2) 53 (52.5) 15(93.8) 1 13.585 1.729 – 30.067 0.002* 40(58.0) 8 (17.4) 29 (42.0) 38 (82.6) 1 6.552 2.664 – 15.113 0.001* 46 (48.9) 3 (12.5) 48 (51.1) 21 (87.5) 1 6.708 1.874 – 24.020 0.001* 35 (39.3) 54 (60.7) 1 0.299 – 1.614 0.396 14(48.3) 15 (51.7) 0.694 29 (50.0) 20(33.3) 29 (50.0) 40 (66.7) 1 2.000 0.951– 4.207 0.066* 25 (46.3) 22 (40.0) 29 (53.7) 33 (60.0) 1 1.293 0.605 – 2.764 0.507 21 (38.9) 28 (43.7) 33 (61.1) 36 (56.3) 1 0.818 0.392– 1.710 0.593 48 (43.6) 1 (12.5) 62(56.4) 7 (87.5) 1 5.419 0.645 – 45.553 0.084* 49 (42.6) 0 (0.0) 66 (57.4) 3 (100.0) 49 (42.2) 0 (0.0) 67 (57.8) 2 (100.0) 42 (64.6) 7 (13.2) 23 (35.4) 46 (86.8) 1 12.000 4.670 – 30.837 0.001* OR: Odds ratio; BMI: Body Mass Index; Raw OR = 1: Reference category; CI 95%: 95% Confidence Interval; * p 0.20 62 Table 2: Multiple logistic regression analysis with a carotid atherosclerotic plaque as outcome Independent variables Adjusted OR * CI (95%) P Hypertension Normal Hypertensive 1 5.653 0.001* 2.063 – 15.490 Aortic Calcification No 1 Yes 10.752 0,0001* 3.944 – 29.307 * Odds ratio adjusted for the other covariables in the table by means of multiple logistic regression; adjusted =1: reference category; CI 95%: 95% Confidence Interval. 4 ANEXOS 64 4.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário de uma pesquisa. Este termo lhe trará informações sobre o estudo a ser realizado e caso você compreenda todas as informações e queira participar responda os dados do formulário. Vale lembrar que caso você não aceite participar, não será penalizado de forma alguma. O(A) Sr(a). poderá se recusar a participar da pesquisa ou retirar o seu Consentimento de uso das informações coletadas sem que ocorra nenhum tipo de prejuízo ao seu cuidado. Este documento é composto por duas vias: uma delas é sua e a outra do pesquisador responsável. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA Título: “Associação entre aterosclerose da aorta abdominal e das artérias carótidas.”. Instituição de origem : Universidade Federal de Santa Maria Pesquisador responsável: Prof. Dr. Carlos Jesus Telefone para contato: 55- 3218 1131 A pesquisa busca determinar a relação entre aterosclerose da aorta abdominal e artérias carótidas. Existe a possibilidade de que você possua calcificações na artéria aorta e também nas artérias carótidas. Isso poderá ser comprovado mediante a realização de uma tomografia computadorizada de abdome, que mostrará a presença de tais calcificações e também de um exame de ultrassonografia de artérias carótidas, o qual mostrará as calcificações nas suas artérias carótidas. Para confirmar essa hipótese, será necessário que você realize esses exames. A TC e a ECO serão feitas no HUSM por um médico experiente....colocar algo a mais que seja relevante. O tempo de duração previsto para a sua participação na pesquisa é apenas o necessário para a realização desses exames de imagem. Os riscos dos procedimentos são 65 poucos e reações mais graves são raras e, se ocorrerem, você receberá atendimento médico no Hospital Universitário de Santa Maria. Caso seja constatada alguma alteração em seus exames de imagem, você será informado e terá à disposição o acompanhamento necessário com encaminhamento para tratamento no Hospital Universitário de Santa Maria. Como voluntário você tem o direito de não participar ou de se retirar do estudo a qualquer momento sem qualquer punição. Durante todo o período do estudo, o Sr(a). será acompanhado(a) pelo grupo de pesquisa que ficará a sua disposição para qualquer tipo de esclarecimentos que o Sr(a). necessite envolvendo informações mais aprofundadas do que está sendo estudado e do modo (metodologia) de como está sendo feito o estudo. O Sr(a). pode optar por não ser informado sobre os resultados dos exames de imagem que foram realizados. Para tanto, após ler este Termo, nós iremos questioná-lo sobre este aspecto para anotarmos na sua pasta de dados (formulário). A qualquer momento o Sr (a). poderá se recusar a participar da pesquisa ou retirar seu consentimento. Garantimos que apenas os pesquisadores responsáveis terão acesso às informações pessoais e aos resultados dos exames. Os dados dos exames serão utilizados em conjunto com os das outras pessoas que realizaram a pesquisa para avaliação do estudo e para publicações científicas. Você tem direito de acesso a seus dados e pode retirá-los da pesquisa caso seja a sua vontade. Sua identidade e seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e não serão divulgados sem sua autorização. O projeto não lhe trará custos financeiros e também não haverá recompensa de qualquer espécie pela sua participação na pesquisa. Sua participação poderá estar ajudando muitas pessoas no futuro que se beneficiarão direta ou indiretamente com os resultados desta pesquisa. 66 DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO Eu, ................................................, RG................................ e CPF ......................................................., após ler as informações sobre a pesquisa esclarecer minhas dúvidas, concordo em participar do estudo “......”. Santa Maria, ......... de ....................... de.......... _____________________________________________ Assinatura do participante -------------------------------------------------Prof Carlos Jesus Haygert -------------------------------------------------Pesq Alexandre... -------------------------------------Pesq -------------------------------------Pesq. e 67 4.2 TERMO DE CONFIDENCIALIDADE DOS DADOS Os pesquisadores envolvidos no projeto comprometem-se a utilizar os dados coletados nessa pesquisa somente para meios científicos e, dessa forma, garantem manter o sigilo e a confidencialidade dos mesmos. Esse projeto de pesquisa foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria em. Santa Maria, ---de --- de 2008. -----------------------------------------------Prof Carlos Jesus Pereira Haygert -----------------------------------------------Pesq. Alexandre Naujorks