Calçadas Íngremes do Centro de Porto Alegre
IX Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Bolsista Apresentador Laura Martins Sanseverino, Colaborador Celso Oliveira Guimarães Junior
Orientador Arquiteto Professor Me. José Carlos Barcellos Campos
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Acessibilidade e Mobilidade Urbana da FAU
PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Resumo
A investigação consiste do levantamento preliminar das inclinações dos logradouros
do Centro de Porto Alegre, visando identificar passeios construídos com extremo grau de
inclinação das calçadas. Foram selecionadas as calçadas de ruas, avenidas, praças, parques,
passagens de pedestres e demais espaços públicos que as pessoas usam para os seus
deslocamentos diários no centro da capital gaúcha. Nesta primeira etapa de pesquisa analisase somente o material do levantamento preliminar. Numa segunda etapa de pesquisa,
deveremos detalhar as condições mediante dados mais específicos de observação de campo e
aprimorados por geoprocessamento da área. Na conclusão de tudo pretende-se produzir um
documento que aponte recomendações e medidas visando minorar o problema das pessoas
que residem nestes logradouros e outras que necessitam circular naquelas calçadas.
Introdução
A calçada é a parte da via pública na qual está inserido o passeio público, por sua vez,
o passeio é parte essencial do espaço que as pessoas usam para os seus deslocamentos na
cidade. A outra parte reservada para as pessoas é a travessia devidamente sinalizada sobre o
leito de circulação dos veículos nas ruas e avenidas.
As condições favoráveis de segurança e conforto e o adequado estado técnico
construtivo do passeio é que certifica uma calçada para ser considerada rota urbana acessível.
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Uma das qualidades requeridas para uma rota acessível é a calçada possuir as suas inclinações
limitadas, tanto o ângulo paralelo ao percurso como o ângulo perpendicular. Conforme o
artigo 6.10.3,
“Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres que tenham
inclinação superior a 8,33% (1:12) não podem compor rotas
acessíveis”. (NBR 9050:2004, p.53)
A cidade de Porto Alegre, denominada primeiramente de Freguesia de São Francisco
do Porto dos Casais e depois Vila do Porto de São Pedro, foi construída nesse lugar devido à
possibilidade de fácil acesso do mar pela Lagoa dos Patos e pela boa condição de navegação
terras acima pelos rios do estuário do Rio Guaíba. Não precisou muito tempo para que os
próprios fundadores implantassem as edificações mais importantes nos sítios mais elevados
do promontório, visando também configurar a indispensável cidadela.
A linha longa e alta da Rua Duque de Caxias, certamente foi á preferida porque dela
era possível ver tudo de um ângulo de duzentos e setenta graus: a sudeste a Lagoa dos Patos e
a sudoeste as terras para o interior cogitado para ser desbravado e ocupado.
Os açorianos e os construtores que ergueram as primeiras edificações da Rua Formosa
– nome do século XVIII –, depois de pouco mais de 250 anos, não podiam saber que as vias
públicas mais elevadas daquele novo povoado seriam consideradas portadoras de um
problema urbano de acessibilidade!
Grande parte das ruas e passagens de pedestres que descem pelos dois lados do eixo
dorsal da Rua Duque de Caxias, possuem abruptas inclinações que estão muito acima dos
parâmetros mínimos previstos para as rotas urbanas acessíveis.
O que fazer?
Metodologia
No momento procedemos à identificação dos logradouros do Centro de Porto Alegre,
que apresentam inclinação acima do parâmetro a NBR 9.050:2004. Para isto utilizamos como
apoio de registro as cópias oficiais do Mapa Cadastral do Município de Porto Alegre1 na
escala 1:1000. O registro gráfico do grau e percentagem de inclinação deverá ser medido por
1
Documento também conhecido como levantamento aerofotogramétrico Porto Alegre, trabalho realizado pela
Prefeitura de Porto Alegre e Fundação Metropolitana de Planejamento, produção do esteio em junho de 1982 e
produção de aerofoto em fevereiro de 1987.
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leitura das curvas de nível e das cartas do levantamento aerofotogramétrico e, como apoio
complementar, a indicação das cotas de nível indicadas nos cruzamentos das ruas e avenidas
do mesmo.
Concluída a identificação, serão processados os dados matemáticos dos logradouros
íngremes, devidamente classificados nos intervalos de inclinação definidos no decorrer da
investigação. Todos os trechos de severa inclinação deverão ser desenhados identificados em
planta e corte longitudinal.
Resultados
Busca-se como produto da pesquisa produzir o mapeamento das calçadas íngremes do
Centro de Porto Alegre. O material poderá instruir iniciativas de planejamento municipal da
cidade, projetos e obras das diversas secretarias e concessionárias de serviços públicos, ações
da Secretaria de Turismo, Empresa Pública de Transporte e Circulação e outros órgãos
públicos e empresas que estão envolvidas com a concessão das vias públicas de Porto Alegre.
Conclusão
Nesta primeira etapa da pesquisa concluí-se o levantamento planimétrico e altimétrico
preliminar de todos os logradouros do Centro de Porto Alegre, considerados íngremes à
acessibilidade e mobilidade urbana. O levantamento planimétrico são os desenhos de plantas
que mostram toda a via: o espaço de circulação dos carros; os meios-fios; os rebaixos para
acesso de carros às edificações; as travessias com as sinalizações e os rebaixos existentes. O
levantamento altimétrico são os desenhos que mostram as linhas de corte da superfície das
calçadas.
Os desenhos planimétrico e altimétrico de cada trecho de via são apresentados juntos,
acompanhados de tabela que apresenta os dados matemáticos do trecho íngreme. Também
serão produzidos dois mapas: um como índice geral –situação– dos logradouros de calçadas
íngremes e outro, na mesma escala 1:1000 das plantas e cortes.
As condições de todas as vias são comparadas visando às considerações finais da
primeira etapa e o prognóstico para a segunda etapa da investigação.
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Referências
BRASIL. ABNT NBR 9050:2004 - Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamento urbanos. Rio de Janeiro:
ABNT, 2004.
BRASIL. Decreto Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Brasília: D.O.U. 2004.
ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação pós-ocupação do ambiente construído. São Paulo: Studio
Nobel, 1992.
PORTO ALEGRE. Prefeitura Municipal. PDDUA Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental de Porto Alegre: Porto Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
1998.
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62684 - Laura Martins Sanseverino