CEGUEIRA, UM UNIVERSO PROXIMAL Autora: Tianna Lima Fernandes¹ Co-autora: Julliana Cynthia de Souza¹ 1 Discentes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. E-mail:; [email protected]; [email protected] Natal-RN, 2014. RESUMO As pessoas com deficiência visual, atualmente atinge mais de 45 milhões de indivíduos, estes que batalham diariamente por uma melhor aceitação social. Em que, seu desenvolvimento, possa ser melhor compreendido e aprimorado, tanto pedagogicamente como socialmente, tendo a família papel importante e de grande base para a introdução e acompanhamento das pessoas com deficiência visual a sociedade. Há projetos de inclusão e casas de apoio para estes, facilitando o desenvolvimento e a inclusão dessas pessoas, cegas como de outras tantas pessoas especiais. Como também, foi instituída uma lei que amplia os direitos dos cegos e introduzem estes em escolas “comuns”, incentivando estas a se adaptarem a este “novo mundo”. Instrumentos da escrita Braille (como pulção e reglete), toque e formas em autorrelevo são utilizados por estes se sintam a vontade no espaço vivente, e assim consigam se comunicar com o próximo. Vale salientar que os cegos, em geral, não possuem problemas de aprendizagem, conseguindo responder aos estímulos oferecidos de forma amplificada. A cegueira não é um problema para aqueles que são cegos, pois os mesmos aprendem desde cedo a conviver e adaptar-se a um mundo em que a imaginação é fértil e os sentidos que possuem sejam aguçados. Possuindo assim, uma forma mais tátil, olfativa e auditiva de ver e entender o mundo. PALAVRAS CHAVES: Deficiência visual, social, pedagogicamente, inclusão, Braille. ABSTRACT: People with visual disabilities, today reaches more than 45 million individuals, those who strive every day for better social acceptance. In that its development can be better understood and improved, both educationally and socially, with family role and great base for the introduction and monitoring of people with visual disabilities to society. There are projects for inclusion and support homes for these, facilitating the development and inclusion of these people, blind as so many other special people. As also instituted a law that expands the rights of blind and introduce 2 these into "common" schools, encouraging these to adapt to this "new world". Braille writing instruments (as pulção and reglete), touch and forms are used by these autorrelevo feel comfortable in the living space, and so can communicate with others. It is noteworthy that the blind in general do not have learning problems, managing to respond to stimuli offered amplified form. Blindness is not a problem for those who are blind, as they learn early to live and adapt to a world where imagination is fertile and the senses which have to be sharp. Thus having a more tactile form, olfactory function and hearing to see and understand the world. KEYWORDS: Visual impairment, social, pedagogical, inclusion, Braille. INTRODUÇÃO Este trabalho é destinado a ampliar os conhecimentos dos leitores a respeito da deficiência visual, “A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente” (Sá, 2007; Campos,2007; Silva, 2007). Sendo assim, esta abrangia em 1996 a quantidade de 45 milhões de cegos (acuidade da visão menor que 3/60) – e 135 milhões de indivíduos portadores de baixa visão (com acuidade entre 3/60 e 6/60 no menor olho) de acordo com a OMS. De acordo com Frik & Foster, os mesmos afirmam que em 2020 este número aumentará para 75 milhões de pessoas em todo o mundo. As pessoas que possuíam esta ou algum tipo de deficiência, por um longo período de tempo foram julgadas e condenadas à morte pela sociedade que não entendia como poderiam conviver com estes indivíduos. Muitas vezes matavam-os, escondiam, e rejeitavam por algo básico, falta de informação. . ”A ocorrência da cegueira e seus diferentes significados inserem-se na própria história da humanidade. As mudanças de atitudes da sociedade para com a pessoa cega ocorrem da mesma forma, em função da organização social à qual estão submetidas. A pessoa cega tem sido na maioria das vezes, excluída da sociedade e, de um modo geral, os estigmas se fazem presentes nos grupos minoritários (Goffman, 1982; Amiralian, 1986; Amaral, 1994; Anache, 1994; Brasil, 1994b).” Atualmente, muitos destes preconceitos foram cessados e a inserção na sociedade da pessoa cega está cada vez mais presente além de estarem com uma maior possibilidade de inclusão social. Pode-se presenciar nas ruas sinais com bipe (para que os cegos saibam a hora certa de travessar na faixa de pedestre), o chão deve ser em 3 autorrelevo indicando onde haverá declínio, banheiros adaptados, celulares com leitores, computadores que ao passar o mouse ler-se em voz alta, entre outras adaptações que incluem as pessoas deficientes na sociedade. No Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, foi criado por D. Pedro II, no século XIX um instituto destinado às pessoas cegas, este que atualmente recebe o nome de Instituto Benjamin Constant. A partir deste, as portas para a criação de novos institutos de ensino para as pessoas cegas se abriram facilitando o aprimoramento das metodologias de ensino. Ocorrendo também, a criação da escrita utilizada até os dias atuais pelos cegos, o Braille. DESENVOLVIMENTO As metodologias de ensino utilizadas pelas pessoas cegas para aprender a ler e a escrever são consideradas por eles fáceis de interpretação e rápida leitura, em que alegam que é uma questão de prática (relatado por Marcos Antônio na visita ao Instituto dos cegos em 2012). Em todas as partes do mundo foram criadas instituições para que as pessoas cegas fossem acolhidas e seus conhecimentos ampliados, tem-se como exemplo o Instituto Benjamin Constant criado no século XIX por D. Pedro II, quando este foi fundado o nome era Imperial Instituto dos Meninos Cegos, já na década de 20 do século XX, foi criado às unidades: IERC-RN, União dos Cegos do Brasil no Rio de Janeiro (1924), o Instituto Padre Chico em São Paulo e o Sodalício da Sacra Família também no Rio de Janeiro, os dois em 1929. Nas décadas de 30 e 40 foram criadas instituições como finalidade de assistência a pessoas com necessidades especiais (Mariano, 2006). Em 1829, Louis Braille que estudava no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris (criado por Valentin Hauy em 1784), criou o Braille, sistema de escrita e leitura utilizados pelas pessoas cegas para se comunicar através da escrita. Tendo como base a criação da signografia, esta que foi inventada por Charles Barbier, por ter nome “escrita noturna” sendo um código secreto militar que suas combinações formavam os símbolos fonéticos (Mariano, 2006) ”Louis Braille inventou seu código com uma combinação de seis pontos, dispostos em duas filas verticais de três pontos cada uma que, combinados de acordo 4 com o número e a posição, geraram sessenta e três símbolos, suficientes para todo o alfabeto, números, símbolos matemáticos, químicos, físicos e notas musicais. Tal invenção abriu um novo horizonte para os cegos: a utilização de um mecanismo concreto de instrução e de integração social. A partir da invenção do referido sistema, em 1825, seu autor desenvolveu estudos que resultaram, em 1837, na proposta que definiu sua estrutura básica, ainda hoje utilizada mundialmente (Mecloy, 1974; Rocha, 1987; Anache, 1994; Sombra, 1994; Ferreira & Lemos, 1995; Cerqueira & Lemos, 1996; Kirk & Gallagher, 1996; Mazzotta, 1996). Para que estas metodologias didáticas sejam utilizadas, é necessária a utilização de instrumentos, como o reglete, punção, máquina de escrever em Braille, impressora específica, máquinas especiais de datilografia, e a folha de papel utilizada é diferente da convencional. O Reglete e punção (Figura 1) são utilizados em conjunto para a escrita Braille. A leitura do texto é realizada da esquerda para a direita. O reglete possui duas placas, estas que são furadas, podendo ser de diversos materiais, como madeira, plástico e metal. Possuindo uma dobradiça fixa para evitar o movimento.Tem-se produzidos em vários tipos, como de bolso ou de mesa. Já o punção tem formato de uma pêra, podendo ser de plástico ou metal na sua extremidade superior, este instrumento também possui uma ponta fina metálica servindo para a perfuração do papel e construção dos pontos da escrita Braille. A escrita é feita da direita para a esquerda. (Mariano, 2006). Outro material utilizado para se produzir a escrita Baille é a máquina de datilografia (figura 2), possui sete teclas e cada uma é composta por um ponto. O papel utilizado é especial, pois o papel comum é muito fino e iria rasgar mais facilmente. Impressora em Braille (figura 3), é elétrica e imprimi o papel em duas faces para que seja feita a leitura, esta impressão é toda em autorrelevo para que possa ser feita a leitura e interpretação do que foi escrito. As pessoas com deficiência visual, para espanto de muitos, também utilizam computador, através de aplicativos que possibilitam a leitura, ocorrendo à sonorização do que está sendo digitado. Programas como DosVox (Criado pela UFRJ); Virtual Vision (desenvolvido pela Micropower, utilizado para a conexão com a internet), e Jaws 5 (desenvolvido por uma empresa americana), possibilitam a conexão do deficiente visual com o meio internauta. Para a descoberta de novas imagens e sensações, as pessoas com cegueira, utilizam-se do toque como forma de reconhecimentos, pode-se perceber quando alguns são surpreendidos ao serem pedidos para ser tocado no rosto, porém, esta é uma das formas que os cegos tem de reconhecer e identificar o outro. Ao se falar em metodologias de ensino, estas são diversas, tem-se como exemplo a “caneta maluca”, que é uma caneta Bic e serve para desenhar sobre um velcro. Dentro desta caneta tem um fio de lã enrolado em um carretel estando em autorrelevo para perceber ao tocar no velcro em que se obteve o desenho (Sá,2007; Campos,2007; Silva,2007). Como também, formas em alto relevo, como caixa de ovos, baralho em Braille, sorobã e instrumentos que agucem a audição e o olfato dessas pessoas. Deve-se se ter em mente que as pessoas que perderam ou já nasceram sem a visão, tiveram que para melhor adaptar-se ao meio, desenvolver os outros sentidos e devido a isso, conseguem reconhecer uma pessoa pelo cheiro, voz, barulhos de carro o que para algumas pessoas que conseguem ver, não é tão comum. Com isso, nota-se que o desenvolvimento das pessoas com algum tipo de deficiência pode ser amplificado através do estímulo e a forma que a família trata seus filhos/parentes, pois se estimulados desde cedo, as possíveis dificuldades serão facilmente superadas implicando em um favorável ambiente social sem que o indivíduo especial tenha problemas relacionados à autoestima e aprendizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do trabalho elaborado, foi possível ampliar os conhecimentos a respeito da deficiência visual e outras deficiências em geral, sendo descobertas novas formas de socialização, apoio pedagógico e metodologias de ensino para os que não conseguem enxergar com os olhos. Para a confecção do trabalho foi visitado o IERC-RN (Instituto de Educação e Reabilitação dos Cegos), em que tivemos o contato direto com pessoas cegas e mães de alguns. O trabalho além de muito produtivo para o crescimento pessoal, nossos conhecimentos foram aprimorados para que nossos futuros alunos não sintam problemas de aprendizado, pois estes possuem a mesma capacidade dos ditos 6 “normais”, só precisam que sejam ensinados da melhor forma para que a captação do conhecimento seja fortificada. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Zamy Ferreira Lima (Figura 4) pelo auxílio no contato com o IERC-RN, ao Presidente do IERC-RN (Figura 5) Marcos Antônio (Figura 4), por ter cedido o espaço para a visitação das estudantes. Somos gratas a estes e a todos que nós auxiliaram para a realização do trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fernandes, Tianna Lima; Fotos do Instituto dos Cegos, 2012 Franco, João Roberto; Dias,Tárcia Regina da Silveira; A PESSOA CEGA NO PROCESSO HISTÓRICO: UM BREVE PERCURSO; Mariano, Gilmar de Freitas; Atendimento da Pessoa com Deficiência Visual e o Uso das tecnologias Assistidas, Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba em 2006; Sá, Elizabet Dias de; Campos, Izilda Maria de; Silva, Myriam Beatriz Campolina; Atendimento educacional especializado deficiência visual, 2007; http://www.hotfrog.com.br/Empresas/F%C3%AAnix-Produtos-e-Servi%C3%A7os-pCegos/Reglete-De-Mesa-P-Deficientes-Visuais-Com-Pun%C3%A7%C3%A3o-Braile224712, acessado em 21 de agosto de 2014. ANEXOS 7 Figura1 Figura 2 Figura 3 8 Figura 4 Figura 5