34 Brasil Econômico Segunda-feira, 6 de agosto, 2012
FINANÇAS PESSOAIS
PREVENIR
Contratar seguro contra deslize
profissional protege o patrimônio
Apólices arcam com custas de processos e indenizações por erros cometidos por empresários e executivos
Murillo Constantino
Flávia Furlan
[email protected]
O empresário Gino Correa Lima mudou de lado do balcão
quando viu alguns de seus concorrentes se tornarem alvo de
processos por conta de erros
na emissão de contratos de seguro. Lima, dono de uma corretora de seguros, saiu da pele do
vendedor e adquiriu uma apólice de responsabilidade civil
profissional para sua empresa
faz um ano. Paga R$ 890 anuais
pela proteção de R$ 100 mil.
“Esse seguro dá um respaldo
caso eu seja processado judicialmente”, afirma. Há 20
anos no mercado segurador e
com uma carteira de mil clientes, Lima diz, no entanto, que
isso nunca aconteceu. Mas decidiu contratar a apólice quando percebeu que a maioria dos
juízes considera o corretor solidário em danos causados aos
segurados, quando uma apólice é emitida com erro e a seguradora se nega a pagar indenização, por exemplo.
O seguro contratado pelo empresário pode ser feito em nome de uma pessoa física ou de
uma empresa, como um escritório de advocacia, um laboratório ou uma corretora, a exemplo da empresa de Lima, que
tem dois funcionários.
“Todo o seguro tem duas garantias básicas: a parte indenizatória a quem abrir o processo e a outra relacionada a custos da ação judicial”, explica
Fernando Coelho dos Santos,
sócio da BR Insurance. O especialista afirma, porém, que a
contratação por pessoas físicas é menos comum do que
por empresas.
Vinicius Jorge, superintendente de linhas financeiras da
Zurich Seguros, conta que a
contratação da modalidade em
geral tem crescido. “Quem está puxando são os profissionais
de engenharia e arquitetura,
pelas grandes obras que estão
sendo feitas no Brasil”, diz.
Nem sempre foi assim. Felippe Paes Barretto, advogado
que atua na consultoria da área
médica Zênite, diz que no passado existia grande resistência
e ninguém sequer falava em seguro, mas com a população re-
Lima paga R$ 890 anualmente, por uma proteção de R$ 100 mil
correndo mais ao judiciário pa85% dos casos são julgados imra reclamar seus direitos, os
procedentes. No entanto, até
profissionais foram levados a
lá, gasta-se com a defesa, e é aí
contratá-lo. Na área médica, a
que o seguro ajuda.
procura é maior entre os ortoEntre os advogados, a contrapedistas e cirurgiões.
tação do seguro é maior nos esEle conta que possui 1,3 mil
critórios, conta Carlos Roberto
processos contra médicos e
Mateucci, presidente do Ceninstituições de saúde na contro de Estudos da Sociedade de
sultoria em que trabalha (que
Advogados, entidade que ajufaz desde oriendou no desenvoltação técnica
Processos contra vimento das apóaos médicos em
para a profismédicos chegam lices
caso de processão. “O seguro
a R$ 4,5 milhões, dá uma tranquilisos até inspeção
dos estabelecidade maior aos
segundo a
mentos de saúde
escritórios para
consultoria na
para avaliação
desenvolverem
área Zênite
de riscos para as
suas atividades,
seguradoras). As
principalmente
indenizações dos processos lenaqueles que têm volume de
vantados vão de R$ 20 mil a
processos maior. “
R$ 4,5 milhões.
Outra modalidade que prote“Quando toma conhecimenge o patrimônio em caso de desto do processo, o médico fica
lizes é o de responsabilidade citranstornado pelo abalo à sua
vil para executivos, que difere
reputação, principalmente no
do anterior por ser contratado
interior. E a assessoria tem papor quem assume posição de lipel importante neste momento
derança em uma corporação.
de estresse, o que faz parte das
Antes apenas direcionados a
apólices em algumas seguradoempresas, ele agora já é vendiras.” De acordo com Barretto,
do diretamente às pessoas físicas. A ideia é que o profissional
possa carregar a sua apólice, independentemente da empresa
em que esteja atuando.
Muitas vezes as companhias
contratam um limite de seguro
que não dá segurança à diretoria. “Além disso, às vezes, só
um executivo da empresa está
interessado na apólice”, afirma
Vinicius Jorge, da Zurich.
Ele indica o seguro de responsabilidade civil profissional
quando a pessoa atua em uma
área técnica, como advogado,
engenheiro e contador, enquanto a modalidade responsabilidade civil para executivos é
mais direcionado a consultores, conselheiros e líderes de
empresas em geral.
Além dos danos causados a
clientes, os seguros permitem
também que sejam reparados
danos causados a funcionários.
Existe uma apólice de práticas
trabalhistas indevidas, por
exemplo, que a empresa contrata em caso de os líderes serem
acusados de assédio moral, sexual ou discriminação. O seguro de responsabilidade civil para executivos também tem uma
cobertura opcional para isso. ■
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