Matéria: Literatura
Assunto: parnasianismo
Prof. Ibirá costa
Literatura
Parnasianismo (Séc. XIX)
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Movimento que nasceu em meados do séc. XIX, na França
Anti-romântico
O Realismo na poesia
Universalismo
Seguia os princípios da Belle Époque, euforia e otimismo
Características
a) Objetivismo e Descritivismo
Elimina-se o EU da poesia. O foco poético recai agora em objetos
como muros, vasos, colares e outras quinquilharias. É um movimento
antiromântico e que presa pela impessoalidade.
b) Arte pela Arte
Para elas, a arte não tem qualquer compromisso com a política, a moral,
a religião ou com a ideologia. A arte vale em si mesma, em sua beleza.
c) Culto a Forma
Zelo pelo esteticismo. Para os parnasianos a perfeição formal é o
elemento chave da atividade poética. Entendiam forma como um
conjunto de dados objetivos e exteriores. Portanto, forma:
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Métrica rigorosa
Rimas ricas
Verso de ouro
Fórmulas fixas de versificação (predileção pelo soneto)
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Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias e sua
obsessão pela “deusa forma”. “Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, ilustra
esta concepção formalista.
Invejo o ourives quando escrevo
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor. (...)
Por isso, corre por servir-me
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel (...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma
Por te servir, Deusa Serena
Serena forma.
d) Valorização da História e da Mitologia Greco-Romana (Classicismo)
Pela ausência de uma temática empenhada com seu tempo, valorizaram
o universo da Antigüidade Clássica, conforme podemos observar em “A
Sesta de Nero”, de Olavo Bilac:
Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.
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Nero no toro ebúrneo estende-se indolente
Gemas em profusão no estrágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.
Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumado,
Arde a mirra da Arábia em rescendente pira.
Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia.
O Parnasianismo no Brasil
A primeira manifestação parnasiana no Brasil data de 1882, quando da
publicação de “Fanfarras”, de Teófilo Dias. O movimento se estrutura e
ganha prestígio popular com Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de
Oliveira, que constituem a famosa tríade parnasiana. Junto à pequena
elite leitora de fins do século XIX (no máximo, 5% da população), o
Parnasianismo se impôs de tal forma que, durante mais de vinte anos,
o poeta que se recusasse a aceitar os princípios do movimento era
considerado artista inferior. Os simbolistas que surgiram na última
década do século foram ridicularizados ou ignorados.
Tamanho foi este domínio que a semana de Arte Moderna de 1922
teve, do ponto de vista literário, a preocupação básica de destruir os
resíduos parnasianos, ainda atuantes e envolventes.
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Olavo Bilac (1865-1918)
Obras: Poesias (1888) e Tarde (1918)
A exemplo de quase todos os parnasianos, Olavo Bilac versou com
grande habilidade técnica sobre temas greco-romanos. Sem jamais
abandonar a sua meticulosa precisão, acabaria destruindo aquela
impassibilidade, exigida pela estética parnasiana. Fez numerosas
descrições da natureza, ainda dentro do mito da objetividade absoluta,
porém os seus melhores textos estão permeados por conotações
subjetivas.
No caso acima, incluem-se os seus poemas de amor. Bilac encara o
amor sob dois ângulos. Um, platônico, outro, sensual. A concepção
espiritualizada está presente no famoso “Via Láctea”:
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila, e, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto,
Direi agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
Eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas”.
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Mas, em sua quase totalidade, os textos amorosos de Olavo Bilac
tendem à celebração dos prazeres sensuais. Isso se dá principalmente
no livro “Sarças de Fogo”, em que abundam beijos abrasadores e
abraços escaldantes. “Satânia” é ilustrativo:
Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um meio-dia a luz
Entra e se espalha, palpitante e viva. (...)
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco
Sobe... cinge-lhe a perna longamente,
Para abranger todo o quadril! prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca. (...)
E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios
Satânia... abre um curto sorriso de volúpia.
Um dos seus mais famosos sonetos é “Última Página”:
Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o solde outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amarmos.
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Verão. (Lembras-te, Dulce?) A beira-mar, sozinhos;
Tentou-nos o pecado: olhaste-me... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...
Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...
carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passam as estações e passam as mulheres...
E eu tenho amado tanto! E não conheço o Amor!
Finalmente aparecem os poemas de exaltação nacionalista, os
poemas em que canta a Pátria, seu idioma, etc. O mais famoso entre
eles é O Caçador de Esmeraldas. Embora tenha alguns versos inspirados,
o texto fracassa como tentativa épica.
Alberto de Oliveira (1857-1937)
Obras: Meridionais (1884) e Versos e Rimas (1895)
O mais característico dos parnasianos brasileiros. Ficou atado aos
rigores técnicos e formais do movimento. Dos componentes da tríade
parnasiana é o mais significativo. Repare-se na banalidade temática e
no preciosismo de escrita desse “Vaso Grego”, pura descrição:
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
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Raimundo Correia (1859-1911)
Obras: Sinfonias (1883) e Aleluias (1891)
Sua poesia possui um acento pessimista, uma atmosfera melancólica,
uma certa dimensão filosófica que lhe confere originalidade relativa.
Enquanto poeta da natureza, mostra-se descritivo e objetivo, conforme
as exigências da escola. Mesmo assim há uma forte plasticidade nessas
descrições:
Delineiam-se, além da serraria
Os vértices da chama aureolados.
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...
Seus poemas mais conhecidos, que expressam uma visão dolorida
da existência, são “As Pombas” e “Mal Secreto”. Embora seja quase
um plágio de uma poesia do francês Theóphile Gautier. “As Pombas”
tornou-se um dos poemas mais declamados do país:
Vai-se primavera pomba despertada...
Vai-se oura mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas
Voltam todas em bando e em revoada
Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um por um, célebres voam,
Como voam as pombas dos pombais,
No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...
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