XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS
INDICADORES DE DESEMPENHO DE
FORNECEDORES: ESTUDO DE CASOS
MÚLTIPLOS EM EMPRESAS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL ESTABELECIDAS
EM GOIÂNIA.
Tatiany da Rocha Paco (UFSCar)
[email protected]
Arinéia Nogueira de Assis (PUC-Goiás)
[email protected]
João Victor Solis Barbosa (PUC-Goiás)
[email protected]
Pedro Paulo Figueiredo Parrode (PUC-Goiás)
[email protected]
A procura por empreendimentos na indústria da construção civil é
muito alta em um curto espaço de tempo, aumentando assim à
quantidade de clientes e como consequência a complexidade no que se
refere à satisfação dos mesmos. Na cadeia de supprimentos de
qualquer atividade a qualidade dos serviços prestados aos clientes está
diretamente relacionada aos fornecedores. Assim, este artigo partiu de
uma pesquisa
teórica-exploratória, utilizando uma abordagem
qualitativa, com o objetivo de analisar a utilização de indicadores de
desempenho para fornecedores, por meio de estudos de casos
mútliplos em construtoras situadas em Goiânia. As empresas
estudadas, assim como mostra a literatura, utilizam indicadores de
desempenho para fornecedores de maneira elementar necessitando
basear-se em instrumentos mais eficazes para auxiliar na avaliação de
seus fornecedores.
Palavras-chaves: Indicadores de Desempenho, Fornecedores,
Construção Civil
1. Introdução
Apesar da retração no mercado de trabalho no início de 2009 devido à crise mundial que
atingiu o mundo no final de 2008, o governo do Brasil adotou medidas mesmo antes do
agravamento da crise, visando elevar as taxas de crescimento nacional focadas no mercado de
massa doméstico e na retomada de investimentos. Assim o mercado de trabalho tem sido a
base da demanda doméstica e a construção tem o papel principal para o desenvolvimento
recente.
Segundo informações da CBIC, Câmara Brasileira da Construção (2010), estima-se que a
cadeia produtiva da construção, no âmbito nacional, representa 9,2% do PIB e é responsável
pela ocupação de mais de 10 milhões de pessoas, ou seja, a construção civil está no centro do
ambiente econômico.
Este aquecimento da indústria da construção civil brasileira se dá devido os créditos
imobiliários. Com a oferta destes recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo o
volume de contratações de crédito imobiliário totalizou em R$ 34 bilhões em 2009 superando
em 13% o valor registrado em igual período de 2008. Outro ponto importante é o ritmo de
investimentos estatais, o investimento estimado para o ano de 2010 deverá ser maior que o de
2009, representando R$ 94,4 bilhões.
A procura por empreendimentos relacionados a essa atividade é muito alto em um curto
espaço de tempo, aumentando assim à quantidade de clientes e como consequência a
complexidade no que se refere à satisfação dos mesmos.
A cadeia de suprimentos da construção é complexa gerando um conjunto de atividades
operacionais como, transportes, controle de estoques, informações utilizado na atualidade com
o objetivo de aumentar a vantagem competitiva e lucratividade de todas as empresas
integrantes de uma cadeia de suprimentos, tendo em vista atender de forma rápida e com
qualidade as exigências dos consumidores que vem se tornando cada vez mais apuradas.
Os fornecedores sejam eles de produtos ou de serviços é parte importante na cadeia de
suprimentos das construtoras, pois é por meio da qualidade dos seus serviços que a empresa
pode atingir aos requisitos dos seus clientes.
Pela busca da sobrevivência diante do aumento da competitividade as organizações
necessitam de ferramentas que possibilitam a melhoria do seu desempenho, sejam elas: (a)
novas tecnologias, (b) processos mais eficazes, (c) novos conceitos de gerência, (d) melhoria
do nível de serviço. Assim indicadores de desempenho possibilitam o aumento da
competitividade por avaliar o nível de serviço oferecido.
Os indicadores de desempenho podem ser utilizados para avaliar fornecedores no âmbito da
qualidade, custo, confiabilidade, flexibilidade e rapidez do serviço/produto oferecido. Estes
são utilizados para identificar a competência do serviço prestado, que ao ser identificado,
corrigido ou melhorado, pode garantir à organização um nível de serviço diferenciado.
As empresas que atuam hoje em Goiânia, além de estarem impulsionando a economia do
estado são grandes construtoras com inúmeras obras construídas e em construção. Assim estas
possuem uma grande gama de fornecedores tanto de materiais quanto de serviços,
necessitando de um procedimento com base em informações qualitativas e quantitativas para
tomar decisões em relação ao serviço oferecido por seus fornecedores.
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Com isso, surgiu o interesse de investigar as seguintes questões: As construtoras têm
trabalhado com indicadores voltados para fornecedores? Quem são os responsáveis em
preencher esses indicadores? Existe uma formalização dos mesmos? Quais aspectos são
cogitados como importantes para essa avaliação?
Logo, o objetivo deste artigo é analisar se as indústrias de construção civil localizadas em
Goiânia utilizam indicadores de desempenho para avaliar os seus fornecedores e quais
aspectos são considerados importantes para realizar a avaliação.
2. Referencial Teórico
2. 1 Logística e Cadeia de Suprimentos
Na segunda guerra mundial ao se deparar com as dificuldades de distribuição dos suprimentos
nas diversas frentes de batalha, buscou-se os conceitos de logística então conhecidos, para
otimizar o deslocamento das tropas, suprimentos bélicos e os mantimentos necessários. Desde
então a logística destacou-se em outros segmentos, como por exemplo, o mundo empresarial.
Conforme os novos métodos e conceitos vão sendo desenvolvidos ao longo dos anos a
logística vai se evoluindo e ganhando maior atenção por parte das empresas. Para esta
atividade iniciar sua evolução e desempenhar um papel de relevância nas organizações, foi
necessário o desenvolvimento da tecnologia de informação.
Após o processo de desenvolvimento da integração econômica, social, cultural e político,
mais conhecido como globalização, as atividades logísticas unificadas com a tecnologia de
informação se tornaram de fundamental importância, pois como seria possível disponibilizar
os produtos por todo o mundo a um baixo custo e ainda satisfazer os clientes, ou seja, oferecer
um serviço de qualidade.
No que tange as operações logísticas, o CLM (Council of Logistics Management) define
logística como o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz
de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de
consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes.
Segundo Bowersox, Closs & Cooper (2006) logística também pode ser definido como: o
processo que gera valor a partir da configuração do tempo e posicionamento do inventário; é a
combinação da gestão de pedidos de uma empresa, do inventário, do transporte, do
armazenamento do manuseio e embalagem de materiais, enquanto procedimentos integrados
em uma rede de instalações.
De acordo com Ballou (2006) o gerenciamento da cadeia de suprimentos é a captação da
essência de logística integrada. A logística busca basicamente gerenciar o produto proveniente
de um determinado fornecedor, sua entrada em uma empresa, seu fluxo dentro dela até a sua saída
em direção ao próximo consumidor. Já o gerenciamento da cadeia de suprimentos busca controlar
e gerir o fluxo não só do produto proveniente de fornecedores, mas também o fluxo de recursos e
informações provenientes destes até chegar ao consumidor final.
A discussão sobre Cadeia de Suprimentos iniciou na década de 90, a qual foi primeiramente
aderida pelo setor industrial devido ao aumento da competitividade entre as empresas, a
necessidade de reduzir custos não só de produção e satisfazer sempre o consumidor,
garantindo assim seu sucesso perante o acirrado e disputado mercado.
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Mas a priori este novo conceito, que mais tarde seria definido pelo CLM, emergiu grande
quantidade de dúvidas confusões a respeito do seu verdadeiro objetivo, verdadeiro escopo, ou
seja, o que é de fato.
Deste modo uma Cadeia de Suprimentos pode ser definida como uma rede de empresas
autônomas, ou semi-autônomas, que são efetivamente responsáveis pela obtenção, produção e
liberação de um determinado produto e/ou serviço ao cliente final. Logo, uma Cadeia de
Suprimentos abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto
final, desde o (primeiro) fornecedor do fornecedor até o (último) cliente do cliente (PIRES,
2004).
2.2 Indicadores de Desempenho
Considerando a complexidade e a importância da cadeia de suprimentos, passa a existir cada
vez mais a necessidade de monitorar seus membros e para isso são utilizados os indicadores
de desempenho.
Indicadores de desempenho devem ser definidos de maneira alinhada à estratégia pretendida
pela organização e permitir o registro de dados sobre o desempenho, que avaliados contra
determinados padrões, servem para apoiar a tomada de decisão. (CORRÊA & CORRÊA,
2006).
Como toda ferramenta efetiva e de boa aplicabilidade, os indicadores de desempenho são
marcados por uma evolução, de acordo com Martins, Mergulhão & Leal (2006) apud
Ghalayini & Noble (1996) pode ser divida em duas etapas.
A duração da primeira fase desta evolução se deu entre os anos de 1880 e 1980, a qual
acompanhou o paradigma da produção em massa e abordava somente medidas de
desempenho financeiras e de produtividade que gerava deficiência nas estratégias
organizacionais devido a falta de qualidade das informações, tempo de resposta e flexibilidade
necessitando assim, de um aperfeiçoamento que originou a segunda fase.
O início da segunda fase se deu em 1980 e segue até os dias de hoje, esta considera os ativos
intangíveis e destaca as medidas de desempenho financeiras, não financeiras e de
produtividade integradas entre si.
Em 1999 o Programa de Melhores Práticas do Reino Unido desenvolveu os indicadores chave
para a construção civil, estes indicam informações acerca do desempenho alcançado em todas
as atividades de construção, sendo composto pelos seguintes indicadores: satisfação do cliente
- produto; satisfação do cliente - serviço; defeitos; previsão - custo; previsão - tempo;
lucratividade; produtividade; segurança; custo de construção; tempo de construção
(KAGIOGLOU; COOPER & AOUAD, 2001).
Os indicadores de desempenho podem avaliar quantitativamente ou qualitativamente, o nível
de serviço, qualidade dos produtos oferecidos, lead time, preço, relacionamento e a
flexibilidade que estão relacionados na cadeia de suprimentos.
2.3 Indicadores de desempenho de fornecedores
A adoção de sistema de avaliação do desempenho de fornecedores é primordial para o pleno
funcionamento da cadeia de suprimentos e consequentemente de todo o processo produtivo.
De acordo com Siqueira (2005) o relacionamento de fornecedores pode ser entendida como
uma estratégia, alicerçada em princípios de compras, no desenvolvimento de parcerias de
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longo prazo, em ferramentas de Tecnologia de Informação e nos processos internos simples e
eficazes.
A existência de um sistema que possa checar o desempenho da operação como um todo se
torna imprescindível. Estes fatos, quando analisados de acordo com as teorias sobre medição
de desempenho, permitem entender a importância de se definir adequadamente os indicadores
que serão monitorados, com o objetivo de gerenciar o sistema de coleta. Estas informações,
aliadas às estratégias definidas pela empresa, são necessárias para a tomada de decisões que
leve a resultados adequados para cada situação (FONSECA & AZEVEDO, 2003).
A avaliação de desempenho dos fornecedores desempenha dois papeis, o primeiro é
proporcionar ao fornecedor um feedback de suas ações. O segundo é permitir que as empresas
possam desenvolver sistemas para qualificação de fornecedores e a padronização de processos
de compras, com parâmetros bem definidos.
A indústria da construção civil carece de sistemas estruturado de medição de desempenho,
para Costa et al (2003) as barreiras são devido as dificuldades de implantação, dificuldade de
determinar o que e como medir, e a dificuldade de alinhas os medidores com o processo de
negocio.
Os critérios de desempenho de fornecedores de materiais e componentes devem ser baseados
na qualidade dos produtos, garantindo atendimento às normas assim como o controle
tecnológico, a padronização, a modularidade, a adequação ao uso e a melhoria continua, e
integração das cadeias produtivas (JOBIM & JOBIM, 2003).
Analisando as informações obtidas na literatura e nos estudos de casos pode ser verificada a
importância de medir o nível de serviço dos fornecedores da construção civil, pois se a
satisfação do cliente é tão almejada, é necessário que aqueles que são responsáveis pela
entrega do produto sejam no mínimo qualificados para exercer tal função.
3. Método Científico
Segundo Lakatos & Marconi (2000), a ciência é uma sistematização de conhecimentos, um
conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos
fenômenos que se deseja estudar. Porém não há desenvolvimento de ciência sem o emprego
de métodos. “Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos
constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas,
traçando de modo ordenado à forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para
alcançar um objetivo”.
A escolha de um método científico de pesquisa adequado ao escopo do trabalho é
fundamental para o bom andamento do mesmo, como também, para uma maior credibilidade
dos resultados encontrados. Para isso, o presente item classifica a pesquisa quanto: a forma de
abordagem do problema, aos objetivos (propósitos) e aos procedimentos técnicos.
Segundo Lakatos & Marconi (2000), a abordagem de pesquisa pode ser: quantitativa,
qualitativa ou a combinação das duas. Comparando as três abordagens está pesquisa deu
enfoque à abordagem qualitativa, pois os dados foram coletados a partir de múltiplas fontes de
dados, o pesquisador estava presente em uma organização, à pesquisa dará atenção ao
contexto da organização, houve observação participante, entrevista/conversação transcrita e
documentos.
Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classifica de três formas: explanatória, exploratória
e explicativa (GIL, 1999). Como o objetivo deste estudo é familiarizar-se com conceitos de
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indicadores de desempenho para fornecedores na busca de descobrir novas possibilidades e
qual as extensões do interesse do setor da construção civil em explorar o tema, então a
pesquisa é classificada em exploratória.
Alguns dos procedimentos técnicos são: survey, estudo de caso, pesquisa-ação e simulação.
Essa pesquisa se enquandra no estudo de caso que segundo Jung (2004) é um procedimento
que investiga um fenômeno dentro do contexto local, real e especialmente quando os limites
entre fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
Foram realizados estudos de casos múltiplos, em quatro empresas da construção civil situadas
em Goiânia que serão chamadas de A, B, C e D, sendo que oss instrumentos adotados em
cada empresa foram: entrevistas pré-estruturadas, análise de documentos e observação direta.
As entrevistas foram realizadas na empresa A com o Engenheiro de Obras, na empresa B com
Gerente Compras, na empresa C com a Gerente do Planejamento e Controle de Produção
auxiliada pelo Gerente de Suprimentos e na D Gerente de Planejamento e Suprimentos. No
momento da entrevista foram coletados alguns documentos com os dados necessários para
complementar a análise qualitativa dos indicadores utilizados. A observação direta foi
realizada em canteiros de obras das empresas em momentos julgados oportunos pelos
entrevistados.
4. Caracterização das empresas estudadas
A empresa A foi fundada em 1969, é uma das maiores empresa do setor no país, conquistou
mercado Latino americano e Africano, em 2001 foi certificada ISO 9001 e ISO 9002. A
questão ambiental é baseada nos desejos dos clientes.
A empresa B deu inicio as suas atividades em 1954, e hoje é uma das lideres nacionais no
setor, estando presente em 18 estados brasileiros. No ano de 2007 a empresa aderiu PBQP-H,
e criou o comitê de Responsabilidade Social, a fim de estimular o comportamento ambiental
nos projetos; a mesma destina cerca de 4% do valor da obra a questões ambientais.
A empresa C foi criada em 1986, sendo que em 2003 aderiu ao PBQP-H (Programa Brasileiro
da Qualidade e Produtividade do Habitat) e foi certificada ISO 9001, atua no mercado em
Goiás e no Distrito Federal.
A empresa D criada em 1996, aderiu ao PBQP-H, e em 2001 obteve certificação ISO 9001. A
empresa desenvolveu um código de conduta ambiental, baseado na agenda 21 (Rio 92), o qual
rege a parte ambiental dos projetos e condutas da empresa.
5. Estudos de Casos
Os resultados obtidos serão apresentados a seguir, por meio da descrição dos casos estudos
nas empresas A, B, C e D.
Empresa A
A primeira empresa onde foi explorado o tema denomina-se como uma montadora de
apartamentos, já que quase todo o processo de produção é terceirizado, logo eles trabalham
mais com fornecedores de serviços que fornecedores de matéria-prima.
Os produtos adquiridos são os blocos de concreto além dos considerados agregados tais como:
areia, brita, cimento, aço. Sendo que toda a quantidade desses produtos utilizada na obra é
comprada pela própria empresa, isso independente se será utilizada pelos terceirizados ou pela
empresa.
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Para a escolha de qualquer fornecedor são utilizadas pacerias informais e as informações de
qual fornecedor uma determinada obra em Goiás ou em outra região escolheu. A pesquisa dos
dados nas obras é feita pelo sistema ERP/SAP, que foi implantando há um ano, que segundo o
entrevistado foi a primeira e até o momento a única construtora que conseguiu realizar a
implantação desse sistema no setor da construção civil.
No entanto, para ser um fornecedor de qualquer serviço é necessário utilizar produtos que
contenham as marcas que são pré-estabelecidas pela construtora, como por exemplo, o serviço
de pintura, pode utilizar as marcas X, Y ou Z de produtos necessários para esse processo.
Depois de estabelecido o fornecedor, os mesmos são avaliados por indicadores de
desempenho os quais são colocados em um quadro que é ficcionado em um corredor entre a
obra e o escritório da mesma, podendo assim todos os funcionários complementar os dados e
verificar os resultados. O quadro 1 é a representação do que é utilizado nas obras, o qual foi
observado durante uma das visitas a um dos canteiros situado em Goiânia.
Empresas
Qualidade
Prazo
Atendimento
Segurança
Cumprimento
Do Contrato
Limpeza
Desperdício
Fonte: Adaptado da Empresa A
Quadro 1: Indicadores de Desempenho dos Fornecedores de Serviço da Empresa A
No quadro são relacionadas às empresas fornecedoras de serviço e os indicadores, que são
avaliados como: Bom , Regular
e Ruim . A análise dos indicadores é realizada em
reuniões mensais por engenheiros e diretores da empresa e repassada para o quadro.
Empresa B
A segunda empresa analisada trabalha com obras de grande porte como construção e
pavimentação de estradas e rodovias, viadutos, pontes, obras de saneamento e canais de
irrigação.
Devido ao porte das obras executadas pela empresa o volume de compras de determinados
materiais, como cimento e aço, é elevado, tornando o leque de fornecedores desses materiais
limitado, pois, as compras devem ser realizadas direto com a indústria. Porém, existe a
vantagem de trabalhar com economia de escala e retirar o intermediário da negociação que
seria o distribuidor.
O primeiro quesito de avaliação da empresa na escolha de seus fornecedores é a qualidade do
produto, mesmo que às vezes isso custe um pouco mais à empresa, pois um produto que é
rejeitado pela fiscalização interna da obra causa dois problemas, primeiro a questão da
devolução do material e depois o atraso na entrega da obra devido ao tempo de espera da
reposição do mesmo, porém, outros quesitos como preço, agilidade, acessibilidade comercial,
flexibilidade na negociação e disponibilidade de entrega também são analisados.
A empresa não vê vantagem em trabalhar com parcerias formais, ou seja, por contrato, tendo
em vista que parte da matéria-prima são commodities que possuem grande variação de preços,
podendo preços previstos em contrato estarem superiores aos praticados pelo mercado. Outra
problemática é o lote mínimo de compra que nem sempre é vantajoso para a empresa. Eles
utilizam um sistema denominado de leilão inverso onde a negociação se dá com o fornecedor
que se adequar as especificações de qualidade e entregar maior quantidade de itens com
menor preço.
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Por uma questão de segurança a empresa trabalha com compras programadas, com demanda
prevista por meio da demanda média do mês anterior e previsão de utilização do mês
seguinte, isso possibilita que os pedidos sejam realizados com quatro ou cinco dias de
antecedência conforme o volume de material. Essa prática faz com que a empresa acumule
um estoque chamado de pulmão, uma justificativa para se utilizar desse artifício é
incapacidade dos fornecedores de atenderem a demanda com rapidez e flexibilidade devido ao
“boom” apresentado pela construção nos últimos tempos, impossibilitando assim utilizar os
princípios do JIT.
Quanto ao sistema de informação a empresa iniciou a pouco a implantação de um sistema
que já era utilizado pela matriz, porém, o foco de planejamento foi invertido, o que antes era
passado da matriz para as obras, agora é passado das obras para matriz. A primeira parte da
implementação foi o sistema de compras e a segunda parte a ser implantada contemplará as
áreas de almoxarifado e estoque, possibilitando que o próprio sistema calcule o consumo da
obra e possa fornecer a previsão de consumo do mês seguinte. A intenção é que todas as áreas
da empresa sejam englobadas pelo sistema, pois a empresa por possuir certificação ISO 9000,
deve manter a gestão e organização dos processos, que em parte é feito de forma isolada, mas
com o novo sistema todos serão vinculados.
A empresa não possui um sistema de medição de desempenho específico, a avaliação de
desempenho principalmente na área de compras é feita de forma empírica, ou seja, com o
tempo os fornecedores que atendem as necessidades da empresa como prazo de entrega,
qualidade do produto, entrega conforme pedido, entre outros, vão sendo excluídos da carteira
da empresa, não de forma sistêmica, mas conforme análise do departamento de compras. A
intenção agora com o novo sistema é que se desenvolva um módulo de avaliação dos
fornecedores conforme medidores próprios a serem desenvolvidos pelo departamento de
compras.
Empresa C
A terceira empresa que foi estudada trabalha com muitos forncedores de produtos, sendo sua
mão de obra própria e apenas recentemente começou a trabalhar com tercerização de serviços.
Nos anos anteriores apenas serviços especializados como colocação de elevadores e
impermeabilização eram tercerizados, atualmente algum serviço de pintura e gesso são
realizados por outras empresas, portanto sentem a necessidade de utilizarem indicadores de
desempenho para os seus fornecedores de produto.
Para escolher os fornecedores a empresa utiliza permutas, onde por exemplo, um fornecedor
de gesso troca o material por algum apartamento sendo que até o momento não foi relatado
nenhum problema com esse tipo de prática. As parcerias são apenas com uma construtora e
imobiliária.
Para todos os fornecedores primeiro é preenchida pelo coordenador de obras uma planilha
contendo os seguintes dados:
 Identificação do Fornecedor: Nome Fantasia, Razão Social, CGC, Endereço, Contatos e
Material e/ou serviço que fornece;
 Qualificação para fornecimento: Qual sistema de Gestão de Qualidade utiliza? Três
empresas para as quais fornecem;
 Assinatura do Fornecedor;
 Se existe a necessidade de visitar o fornecedor e a assinatura de aprovação.
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Depois que o fornecedor é escolhido, o seu desempenho é avaliado por meio de uma planilha
de avaliação que está demonstrada no quadro 2.
MÊS:
TIPO DE FORNECIMENTO
MATERIAL
ITEM
FOLHA:
OBRA:
SERVIÇO
FORNECEDOR
CÓDIGO
AVALIAÇÃO
REQUISITOS DE
AVALIAÇÃO
1
2
3
4
5
ESPECIFICAÇÃO
PRAZO
ATENDIMENTO
Fonte: Adaptado da Empresa B
Quadro 2 – Planilha de Avaliação de Fornecedores
Uma ficha de verificação de materiais também é utilizada para avaliar a entrega dos produtos
conforme o quadro 3.
FORNECEDOR / FABRICANTE:
OBRA:
MATERIAL:
QUANTIDADE :
ENSAIO E/OU VERIFICAÇÃO
NF N⁰ :
RESULTADO OBTIDO
APROVAÇÃO
DISPOSIÇÃO DO PRODUTO NÃO CONFORME
AVALIAÇÃO DA ENTREGA
PRAZO
BOM
RUIM
ATENDIMENTO
BOM
RUIM
QUALIDADE
BOM
RUIM
MOTIVO DE AVALIAÇÃO "RUIM"
Fonte: Adaptado da Empresa C
Quadro 3 – Ficha de Vericação de Materiais
Os dados coletados na planilha de avaliação e na ficha de verificação de materiais são
analisados em uma reunião mensal, com os engenheiros, diretores, estagiários, um
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representante do RH e representante do departamento de suprimentos. Nessa reunião os dados
são colocados em uma planilha de relação de fornecedores com avaliações ruins que está
representada no quadro Z, sendo que os fornecedores consideros ruins são aqueles que
obtiverem em algum dos requisitos de avaliação uma média inferior a três.
A definição de qual procedimento tomar em relação aos fornecedores com avaliações ruins é
colocada em uma segunda reunião com os engenheiros, diretores, acionistas, representante do
RH, contabilidade e tecnologia de informação que a princípio formalizam uma carta que é
enviada para os fornecedores com problema de desempenho, não resolvendo o problema os
mesmos são retirados da carteira de fornecedores.
Empresa D
A quarta empresa analisada por ser certificada pela ISO 9001, é bastante criteriosa ao escolher
seus fornecedores para atender à obra dentro do prazo, com qualidade e dentro do orçamento
estipulado na planilha financeira. Como quase toda indústria de construção civil trabalha com
uma vasta gama de fornecedores de produtos, como por exemplo: cimento, areia, brita,
ferragem, metais, louças, materiais contra incêndios.
No processo de escolha dos fornecedores a empresa analisa tópicos como: preço, qualidade,
atendimento, relação do fornecedor com o meio ambiente e um quinto requisito que depende
do cronograma de entrega da obra, o estoque disponível. Mas na maioria das vezes o fator que
mais influência é o preço, pelo fato da empresa trabalhar com um sistema de cotação.
A relação com seus fornecedores é bem informal, ou seja, a relação não é regida por meio de
contrato. São mínimos os casos de parceria na empresa, em alguns casos utilizam-se
permutas, com a finalidade de conseguir um melhor preço e um melhor atendimento. Essas
permutas na maioria das vezes são realizadas com: fornecedores de gesso, cimento,
ferragistas, areia e alguns prestadores de serviço.
A empresa utiliza um sistema de informação integrado entre as áreas de compras, orçamento,
financeira, planejamento, engenharia é utilizado para facilitar a gestão da obra. Este sistema
fornece todo um aparato para verificar índices ou indicadores de desempenho.
Para concluir uma obra de boa qualidade, entregando-a no prazo determinado e para cumprir
também exigências da ISO 9001, primeiramente a empresa analisa os fornecedores no que diz
respeito à qualidade do produto acertado, prazo de entrega, atendimento e o preço deste
fornecedor em relação ao mercado. Após a conclusão dessa análise, é repassado o parecer do
nível de serviço do fornecedor analisado ao departamento de suprimento onde é feita uma
segunda análise.
Esta preocupação em relação ao nível se serviço e preço se dá devido ao vício (ocasionado
pela facilidade de relacionamento) que e empresa tem em relação alguns fornecedores e à
quantidade limitada de fornecedores goianos de alguns produtos, e que muitas vezes são os
produtos principais.
Apesar dessas restrições e necessidade de sempre estar avaliando seus fornecedores, a
utilização de indicadores é empírica e são usados de acordo com a necessidade. Não houve
relatos sobre busca de medidores em alguma bibliografia.
O processo que envolve os fornecedores que não atendem às exigências da empresa ou os
critérios (preço, qualidade, prazo, atendimento) estabelecidos por ela, é composto pelas
seguintes etapas:
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 Na primeira vez o fornecedor é alertado verbalmente;
 Em uma segunda avaliação ruim este fornecedor é advertido formalmente;
 Já na terceira avaliação ruim, seja ela consecutiva ou não, o fornecedor é suspenso do
cadastro da empresa. Feito isso ele fica durante três meses suspenso e só poderá vender
novamente depois desse prazo.
Em alguns casos a empresa tem que se submeter aos fornecedores, mesmo que eles consigam
sobrepor às três avaliações ruins, sendo que isso ocorre justamente pela falta de opção.
Não é comum a devolução de materiais, mas quando acontece uma eventualidade a qualidade
do produto é responsável pela maioria dos casos. Outro fator considerável também é o erro de
entrega do próprio fornecedor. Quanto a esse erro de entrega a empresa tenta renegociar com
o fornecedor, para o mesmo emitir uma nova nota, evitando assim o atraso da obra.
Quanto à satisfação da empresa em relação aos seus fornecedores de materiais está
consideravelmente boa. Os fornecedores estão entregando na maioria das vezes os produtos
corretamente, com uma acuracidade das notas fiscais considerável, e um preço de frete
coerente com a tabela da empresa, resultando em um bom nível de serviço. Mas já os
prestadores de serviço, estão deixando a desejar segunda a visão do responsável.
6. Considerações Finais
As empresas analisadas buscam aproveitar ao máximo seus recursos, concluir uma obra com a
melhor qualidade possível, com o menor prazo de entrega e ao menor custo, e sabem da
necessidade do estreitamento de relações com seus fornecedores para alcançar esses objetivos,
porém, algumas dificuldades em melhorar o desempenho dos fornecedores são encontradas
durante o processo, muitas vezes por falta de engajamento da empresa no processo de
avaliação do nível de serviço dos seus fornecedores ou por falta de conhecimento de técnicas
e ferramentas que auxiliariam nessa avaliação.
Para facilitar a percepção do nível de serviço oferecido, dever-se-ia utilizar indicadores de
desempenho para quantificar a ação, onde a medição é o processo de quantificação e a ação
conduz ao desempenho. Entretanto as construtoras estudadas nessa pesquisa, de uma menira
geral, avaliam o desempenho de seus fornecedores utilizando indicadores de forma muito
elementar, ou até mesmo, empiricamente, ou seja, baseiam-se na experiência dos seus
profissionais, deixando de utilizar um sistema estruturado de indicadores de desempenho.
Um fato relevante e um tanto quanto preocupante é a falta de integração dos agentes que
compõe a cadeia de suprimentos da indústria da construção goianiense. Não foi identificado
nenhum tipo de parceria formal entre empresa - fornecedor, sendo detectada a utilização de
parceria informal somente pela empresa “A”, além de mínimos casos de permuta que
acontecem na empresa “C” e “D”.
As empresas analisadas “A” e “D” além de utilizarem softwares para otimizar a gestão das
obras, utilizam esses sistemas de modo que as áreas da empresa estejam integradas, havendo
assim um compartilhamento e atualização direta de informações. A empresa “B” utiliza um
software em áreas restritas, porém está em processo de expansão do sistema para integrar
todas as áreas da mesma. Já empresa “C” não repassou tal informação.
Os principais critérios analisados pelas empresas e comuns entre elas na seleção e avaliação
dos fornecedores são relacionados à qualidade do produto oferecido, prazo de entrega,
atendimento e preço, sendo o último critério priorizado pela empresa “D” e o critério
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qualidade é o fator determinante que a empresa “B” utiliza para avaliar o nível de serviço dos
seus fornecedores.
Em geral os fornecedores das construtoras que não atendem à obra segundo os critérios
estabelecidos pela empresa são primeiramente advertidos, e caso o problema persista estes são
retirados da carteira de fornecedores. Salvo os casos onde não exista outro fornecedor que
possa atender à demanda solicitada da construtora.
Fica evidente a necessidade de se desenvolver um método melhor estruturado, pelas empresas
estudadas, para avaliar e selecionar os fornecedores, com o objetivo de melhorar o
relacionamento entre empresa e fornecedor.
REFERÊNCIAS
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos –Logística Empresarial . 5º ed. Bookman.2006.
BOWERSOX D. , CLOSS, D. & COOPER, M. .. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. Bookman,
2006.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. Construindo o Futuro. Disponível
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ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO