1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO PRÁTICA PARTICIPATIVA POR: LUCIANA DA MOTA FERNANDES PROFESSOR ORIENTADOR: MARY SUE RIO DE JANEIRO 2003.2 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO PRÁTICA PARTICIPATIVA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Supervisão Escolar para disciplina Metodologia de Pesquisa. Por Luciana da Mota Fernandes 3 AGRADECIMENTOS À professora Mary Sue pela paciência e aos amigos pela compreensão. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de pesquisa a todos os colegas que desejam aprender. 5 RESUMO Muitas Instituições de ensino ao serem evolvidas com o projeto político- pedagógico como uma necessidade da escola resolvem impô-lo a todos. Em geral ele é feito por um ou dois membros da equipe pedagógica (normalmente o diretor junto ao coordenador ou supervisor escolar) e chega pronto às mãos dos professores, alunos e funcionários da escola. Muitos professores até mesmo desconhecem o que vem a ser o projeto político-pedagógico e sua importância para a prática educativa, sendo visto simplesmente uma formalidade burocrática e deixando-o engavetado. Há um vácuo na prática pedagógica entre o pensar e o agir, que só poderá ser preenchido pelo projeto político-pedagógico. E para que o projeto se efetive, duas características são indispensáveis: primeiro é preciso que haja conhecimento metodológico do que é o projeto por parte de todos os profissionais de educação e, em segundo lugar, faz-se necessária a participação de todos os seguimentos da instituição de ensino: direção, coordenação, professores funcionários, alunos, responsáveis, comunidade, etc. Portanto, para que o projeto político-pedagógico seja autêntico, passe a ser implementado com sucesso e demonstre a real identidade da escola é indispensável a participação de representantes de cada segmento da instituição de ensino, pois, caso contrário, ele será as idéias de uma única pessoa, e não a síntese de toda totalidade, deixando de ser uma construção coletiva e perdendo sua característica de ''político''. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I - Definido o Projeto Político Pedagógico 9 CAPÍTULO II - Elaboração do Projeto Político Pedagógico 11 2.1 Elaborando o Marco Referencial 13 2.1.1 Marco Situacional 13 2.1.2 Marco Doutrinal 14 2.1.3 Marco Operativo 14 2.2. Elaborando o Diagnóstico 15 2.3. Elaborando a Programação 16 2.4. Avaliação 18 CAPÍTULO III - A Prática Participativa na Construção do Projeto Político Pedagógico 19 CONCLUSÃO 21 ANEXOS 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 ÍNDICE 31 FOLHA DE AVALIAÇÃO 32 7 INTRODUÇÃO Para muitas instituições o projeto político-pedagógico trata-se de um modismo educacional, sem se darem conta de sua importância para a melhoria da qualidade de ensino, como mais uma tarefa burocrática a ser feita, sem qualquer vínculo ao dia-a-dia da sala de aula. Os falsos pressupostos colocados a acima dão ao projeto políticopedagógico uma visão fragmentada não permitindo a compreensão do que realmente ele representa: o compromisso da escola com a educação, a organização escolar como um todo, a essência do trabalho no contexto sócio-histórico, a identidade da própria escola. O projeto político-pedagógico deveria ser visto pelos profissionais como um facilitador da prática pedagógica , porém estes preferem evitá-lo por acreditarem ser uma tarefa a mais a ser realizada dentro da sala de aula. Este comportamento em relação ao projeto político-pedagógico deve-se a vários fatores. Em primeiro lugar a falta de conhecimento por parte dos professores da instituição, acreditando muitas vezes, ser Centro de Interesse, Temas Geradores e etc. A falta de conhecimento é também um desses fatores, tendo somente a visão parcial do projeto, onde é considerado umas elaboração de idéias, sem executar as etapas e não avaliando os resultados, tornando-o um formalismo arquivado e esquecido, ao invés de vivenciado. 8 A elaboração é um fator importantíssimo, porque muitos projetos políticos-pedagógicos são elaborados por aqueles que não irão executá-lo. Há uma grande divisão entre planejadores e os executores. Geralmente uma pequena equipe, ou mesmo uma pessoa, direção, coordenação ou supervisor elabora o projeto e o entrega pronto para os professores, sendo que outros setores da escola nem chegam a ver ou conhecer o projeto. Algumas escolas encomendam um projeto a terceiros, muitas vezes pessoas que não tem haver com a realidade da instituição, para que façam o projeto. Em ambos os casos o projeto político-pedagógico não será efetivo, não representando um a obra comum de todos os envolvidos no cotidiano escolar, não demonstrando sua real identidade. Portanto, o presente trabalho visa refletir acerca da construção, auxiliando profissionais de educação no que diz respeito à necessidade da participação efetiva de todos os setores envolvidos com a vida escolar, buscando qualidade no trabalho pedagógico. " ... todos crescem juntos, transformam a realidade, criam novo, em proveito de todos e com o trabalho coordenado". (Gandim, 2002). 9 CAPÍTULO I DEFININDO O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Atualmente há uma falta de qualidade no processo ensino-aprendizagem e questões relacionadas ao fracasso escolar são crescentes. Para que este quadro seja revertido necessita-se pensar ações eficazes que contribuam para a construção de um ensino de qualidade. O projeto político-pedagógico não é apenas um modismo, mas uma necessidade da escola em buscar constante reflexão sobre a prática educativa. O projeto político-pedagógico não é um simples documento agrupando idéias fantásticas e planos de ensino com múltiplas atividades, ele definirá a identidade da instituição como um todo, suas finalidades e filosofia de trabalho, esclarecendo quais as ações que deverão ser tomadas em busca de um ensino de qualidade. "A importância do projeto político-pedagógico próprio é condição para que se afirme (ou se construa simultaneamente) a identidade da escola, como espaço pedagógico necessário à construção do conhecimento e da cidadania". (BUSSAMAN,1998). 10 De acordo com Veiga (1998) o projeto político-pedagógico é uma ação intencional, com o sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. No projeto duas esferas estão inseridas e articuladas: a prática pedagógica e a política. Na dimensão pedagógica do projeto estão as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo). Na dimensão política encontra-se a articulação da prática pedagógica ao compromisso sócio-político e aos interesses reais e coletivos da população. Portanto, o político e o pedagógico têm uma significação indissociável: não é possível que um projeto político-pedagógico efetivo esteja dissociado de um compromisso social. Para Castro Neves (1998) o projeto político-pedagógico é um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem, para chegar a resultados. Explica uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da escola, dando-lhe autonomia e definindo seu compromisso com a clientela. Bussman (1998) considera o projeto não apenas como a elaboração de um documento, porém uma implantação de um processo de ação-reflexão, ao mesmo tempo global e setoriado que exigirá uma força conjunta. A construção do projeto político-pedagógico traz a discussão sobre o fracasso escolar, a reflexão sobre as questões sociais, culturais, políticas, epistemológicas e metodológicas que estão envolvidas no processo ensinoaprendizagem. Como é colocado por alguns autores, sua elaboração servirá como uma organização da escola, com a identidade e a coerência das ações, "imprimindo a esta instituição a dimensão da qualidade almejada no momento atual histórico (SANTIAGO, 1998)." 11 CAPÍTULO II A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO O projeto político-pedagógico é o plano global da instituição. Ele é a sistematização de um planejamento participativo que se aperfeiçoa e se concretiza ao longo da caminhada da instituição, definindo que tipo de ação se quer realizar. Além de se compreender o que vem a ser o projeto político-pedagógico, é preciso também um certo conhecimento sobre a elaboração, não perdendo de vista que o planejamento é uma ação coletiva sobre a metodologia e sobre os instrumentos, que estuda e indica processos para se chegar a resultados efetivos. Não se espera que todos os envolvidos no processo de elaboração tornem-se "donos" do assunto, para isso deve existir em cada instituição equipe de coordenadores que compreenda o planejamento, desde suas questões mais globais até o procedimento e técnicas. Torna-se necessário uma análise dos pontos primordiais desse processo de construção do projeto para que se possibilite a eficiência de todos as etapas e para que todos os participantes compreendam a cada momento o que está sendo elaborado. O planejamento não pode ser pensado somente como uma reunião de idéias, somente na elaboração, têm-se uma compreensão parcial do plano deixam-se de lado outras etapas importantes, que são a execução e a avaliação. Danilo Gandin (2002) afirma que "o planejamento participativo, enquanto instrumento e metodologia, isto é, enquanto processo técnico, abre os espaços especiais para a questão política". Dessa forma, o autor nos indica uma proposta instrumental, técnica e metodológica que pode servir de base da ação coordenada no processo de construção do projeto, com o objetivo de dar um sentido científico, porém global e mais participativo ao longo do processo. 12 O modelo de planejamento apresentado por Danilo Gandin pode ser resumido no quadro abaixo. Partes 1. Marco Referencial Significado É o ideal. Aspectos a considerar a) Realidade global existente; Três aspectos b) Realidade global desejada; a) Marco situacional c) Realidade desejada do ação da b) Marco doutrinal campo da c) Marco operativo instituição em processo de planejamento. 2. Diagnóstico É a comparação entre Confronto o ideal e o real. institucional entre realidade desejada e a realidade existente. 3. Programação É a proposta de ação. Transformações propostas para a realidade institucional existente. 13 2.1. Elaborando o marco referencial O marco referencial é um momento onde se define os princípios, valores e as crenças que dão base a identidade da escola, expressando o caminho, a direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia, da fé e das ciências. Esse marco nasce como resposta a um forte questionamento que os educadores enfocam, procurando expressar o sentido do trabalho da escola e as perspectivas para o caminho. O marco referencial se desdobra em três partes aspectos: o marco situacional, o marco doutrinal e o marco operativo. 2.1.1. Marco Situacional Compreensão do grupo sobre o mundo atual e a realidade global na qual a instituição está inserida, buscando uma visão geral da realidade e não uma simples análise. Neste marco serão descritos e julgados os aspectos social, econômico, político, cultural, religioso e educacional. Os pontos que terão realce serão aqueles que o grupo considerar necessários. Podendo resumir que o marco situacional com uma pergunta a ser respondida: Como se apresenta o mundo que estamos inseridos? 14 2.1.2. Marco doutrinal É a proposta de ideal de homem, de sociedade e de educação que o grupo expressa. Gandin (2002) adverte que, ao falar de ideal, pretende mesmo que sejam descritos os ideais, as mais altas aspirações, que servirão de utopia como orientação, idéias alcançáveis, porém difíceis a serem atingidas plenamente, que serão os norteadores do trabalho. (...) dizer ideal não significa dizer coisas lúdicas. Não se trata de estabelecer algo imaginando, sem ligação com o momento, sem a força da teoria, sem a justificativa da realidade. Antes, pelo contrário, trata-se de propor algo enraizado, possível e realizável, enquanto proposta da qual o nosso esforço possa nos aproximar gradativamente. (Danilo GANDIN, 2002) Neste marco são estabelecidos os critérios gerais de orientação da instituição, expressos pelo grupo. O plano é importante, mas a presença da teoria não pode faltar, pois a doutrina nada mais é do que a teoria adotada para a ação. 2.1.3. Marco operativo O marco operativo será o momento em que o grupo terá que observar detalhadamente o que é adequado, a fim de que o seu posicionamento seja fator eficiente na aproximação da realidade existente e da desejada. O trabalho reunirá o que o grupo definiu incluindo à descrição do tipo de educação que se supõe adequada e também coerente com os ideais de homem e sociedade, descritos no marco doutrinal, além da ação e da organização, a metodologia. 15 Observa-se que o marco doutrinal situa-se no nível dos fins, ou seja, objetivos que se deseja alcançar, enquanto o marco operativo situa-se no nível dos meios, ou seja, o grupo irá trabalhar, que rumo irá tomar e qual enfoque será dado ao trabalho. O marco operativo não constam as ações concretas que vai se realizar, pois está na programação do quadro onde estão as pessoas que compõem o grupo. O marco operativo será proposta dos critérios de ação para os diversos aspectos da Instituição, sendo, os posicionamentos que guiarão a escola, quanto à organização, aos seu modo de agir e sua metodologia, percebendo as três dimensões: a pedagógica, a comunitária e a administrativa, considerando tudo que deve estar em coerência com o marco doutrinal a fim de realizar os ideais traçados neles. 2.2. Elaborando o diagnóstico O diagnóstico é confronto entre a situação que vivemos e a situação que desejamos viver. O diagnóstico é o resultado da comparação entre o que se traçou como ponto de chegada, que é o marco referencial, a descrição da realidade da instituição como ela se apresenta. Ele reproduz o juízo que o grupo faz da realidade em confronto com o ideal traçado para o seu ser, seu agir, seu fazer. Neste caso as necessidades devem ficar bem claras. Por isso, não é possível realizar um diagnóstico sem saber o que se quer alcançar no final (marco doutrinal) ou sem saber como se pretende que seja a instituição (marco operativo), uma vez que os aspectos do marco referencial serão os parâmetros para que o grupo possa julgar a realidade, e não apenas sem nenhum critério. 16 Então, é importante, no diagnóstico, o julgamento da realidade a partir de critérios estabelecidos segundo aquilo que se disse "deve ser". Assim, o médico faz um diagnóstico: diz que algo está mal (vai depois em busca das causas) quando constata 39 graus de temperatura em um paciente (descrição da realidade, porque julga esta realidade com o critério do que deveria ser (os 36), qualquer coisa que é temperatura normal do corpo humano). Essa temperatura normal é dada pela teoria. No caso do marco doutrinal e operativo de uma instituição social é também a teoria que vai dar o "dever ser", embora com possibilidades de posicionamento pessoais muito importantes, que nosso médico não tem ( mas que mesmo o médico tem em outros pontos). (Danilo GANDIN, 2002.) O diagnóstico não é a descrição da realidade, como já foi colocado, mas só será possível a partir da descrição. Se não se conhecer a realidade, não poderá se realizar um diagnóstico. Portanto duas etapas complementares são necessárias para que ocorra: a pesquisa (para se alcançar uma descrição da realidade existente) e a análise (para comparar o que realiza com o que se pretende, estabelecendo a distância). Usando estes critérios estabelece um ponto coerente entre os marcos operativo e doutrinal. 2.3. Elaborando a Programação A programação é a proposta de ação para satisfazer as necessidades apresentadas pelo diagnóstico, afim de se aproximar a realidade existente à realidade desejada, diminuindo a distância entre a realidade da escola e o que se estabelece o marco operativo. 17 As propostas na programação precisam ser as mais concretas possíveis, contando com os recursos e o tempo que se dispões. Segundo Gandin (2002) se não é viável sanar todas as necessidades, propõe-se o que é mais necessário, mais oportuno ou mais urgente, dentro do que é necessário. Para que haja satisfação, atendendo todos as necessidades, a programação terá quatro funções: as ações concretas (objetivos), as orientações para as ações (políticas e as estratégias), as determinações gerais (norma) e as atividades permanentes. Destacam-se abaixo as características de cada dimensão. As ações concretas são os objetivos da programação, podem ser gerais ou específicos. São as propostas de ação com caráter de terminalidade, determina a ação e se esgota ao ser executada. Devem conter o que se vai fazer indicando o resultado que se pretende alcançar. As orientações para as ações também são chamadas de políticas e estratégias. São princípios das ações propostas para darem uma direção própria a tudo que se faz dentro da instituição. Indicando sempre um comportamento, uma atitude, um modo de ser ou agir. As atividades permanentes são propostas de ação que se repetem, ocorrendo com uma determinada freqüência na instituição, atendendo sempre uma necessidade da mesma. Essas propostas ao se realizarem mantêm em funcionamento certos serviços da instituição e também são chamadas de rotinas. As determinações gerais são normas marcadas por um caráter de obrigatoriedade, atingindo a todos ou alguns sujeitos. A norma só tem sentido se for satisfazer alguma necessidade apontada no diagnóstico. 18 2.4. Avaliação A avaliação é feita ao término de um período previsto. Acompanhar as atividades e avaliá-las leva à reflexão, a partir de dados concretos sobre a instituição. Discutir a avaliação é realizá-la periodicamente dão uma visão crítica ao trabalho que está sendo desenvolvido, portanto, acompanhar e avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico. Segundo Gandin (2002) a avaliação tem diferentes enfoques ou significados, podendo servir para: diagnóstico, controle ou classificação. É importante que se pense na avaliação do projeto político-pedasgógico visando o diagnóstico em primeiro lugar, a fim de que se verifique até o ponto de uma determinada ação ou prática global são os instrumentos para a concretização de uma idéia, porém a avaliação - controle também estará presente, de forma a se verificar se as ações da programação foram realizadas. Contudo, é preciso que as escolas afastem de suas rotinas a avaliação - classificação, que não tem significado nenhum no planejamento e só serve para incluir determinado componente do grupo em alguma posição de uma escola pré-determinada. Ao se incluir a avaliação na construção do projeto político-pedagógico a escola terá em mãos um instrumento para verificar a qualidade de suas ações, integrando um todo em que as três faces do planejamento serão contempladas: a elaboração, a execução e a avaliação. 19 CAPÍTULO III A PRÁTICA PARTICIPATIVA NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO Os problemas educacionais são muitos e não podem ser discutidos buscando as suas raízes apenas no campo pedagógico, mas na teia das relações que se estabelece o contexto histórico-social onde a escola está inserida. Ao construir o projeto político pedagógico busca-se criar uma parceria junto a comunidade, estabelecendo bases para uma educação mais justa e de acordo com as necessidades e de sua clientela. Mudanças concretas na busca da resolução de tais problemas educacionais só se darão a partir de um projeto político-pedagógico coletivo. A escola é o ponto de encontro das pessoas envolvidas no processo educativo que formam a comunidade escolar. Todos que estão envolvidos com a instituição além dos alunos e dos professores, mas também equipe pedagógica e administrativa, funcionários, pais e responsáveis, membros do conselho escolar entre outros. Um trabalho coletivo movimentará vários segmentos dessa comunidade escolar e será fundamental para sustentar a ação da escola em torno de um projeto político-pedagógico, pois serão os anseios da comunidade escolar que irão direcionar as ações a serem tomadas ao longo do processo. Uma vez sendo considerado a própria identidade da escola, o projeto só será efetivo se representativo de todos os segmentos tiverem voz e vez ao longo da sua construção, havendo contribuições de cada um e reflexão conjunta. Por isso, que os especialistas de uma escola não podem elaborar o projeto sozinhos, e também não destiná-los a outros que não pertencem a instituição, pois tais profissionais estão fora do contexto; mas a elaboração de seu projeto precisa ser uma obra comum de todos. 20 A ausência da construção coletiva dessa identidade redunda em que as escolas não escolham, não arbitrem sobre seu fazer, porque apenas "engavetam" projetos que são de pessoas anônimas e para uma instituição imaginária. Por essa razão muitas escolas usam máscaras, possuem falsas identidades, apresentam-se como abertas aos novos conhecimentos, mas agem como fontes de manutenção da verdade, cerceando tantas outras verdades. Escolas assim não conseguem que seus integrantes se identifiquem institucionalmente, de forma que jamais chegarão à compreensão da cultura do grupo do qual fazem parte. (RESENDE, 1998) Veiga (1998) cita a gestão democrática como um dos princípios norteadores do projeto político-pedagógico. Tal prática administrativa histórica de centralização do poder, partindo para uma busca da socialização deste e propiciando a prática da participação coletiva. Conforme a autora (1998) a busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a ampla participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Na gestão democrática o projeto político-pedagógico aparece como vontade da coletividade dos segmentos da comunidade escolar e não de forma fragmentada entre os que ocupam diferentes cargos e funções, pois estarão envolvidos no processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola e na busca de procedimentos viáveis à concretização dos objetivos coletivos. Somente a participação de todos da comunidade escolar irá assegurar a transparência nas decisões relacionadas a construção do projeto, assegurando a busca da qualidade desejada no processo educativo. É através do desenvolvimento do cooperativismo que nossos alunos se tornarão elementos ativos na transformação da sociedade. 21 CONCLUSÃO A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico, precisa criar condições para gerar uma outra forma de organização do trabalho pedagógico. A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro para fora. O sucesso para a realização dessa tarefa será o empenho coletivo na construção do projeto político-pedagógico. Para que o projeto político-pedagógico se efetive, duas características são indispensáveis: primeiro é preciso que haja conhecimento metodológico do que é o projeto por parte de todos os profissionais de educação e, em segundo, faz-se necessário a participação de todos os segmentos da instituição de ensino. Deve haver uma pessoa da equipe que compreenda o processo de construção, para que com a participação de todos os envolvidos seja traçado um caminho para que o objetivo final seja alcançado. Porém é necessário que cada participante compreenda a cada momento, o que está sendo realizado. Um projeto político-pedagógico correta e metodologicamente construído, não é a garantia de transformação automática de uma instituição de melhor qualidade, mas certamente permitirá a todos os seus integrantes a aproveitarem melhor suas potencialidades e pensarem em um processo de ensino-aprendizagem com melhor qualidade, aberto para uma sociedade em constante mudança. Portanto, verifica-se a atual necessidade de uma constante reflexão sobre a prática educativa. Não importa o nome que se dê a isso: projeto políticopedagógico, um plano Global ou outro adotado por alguns autores; o importante é a percepção de que a melhoria da qualidade da escola se dará pela elaboração e execução de um projeto dessa natureza. 22 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1: Elaboração do Projeto de Pesquisa Anexo 2: Problema Anexo 3: Justificativa Anexo 4: Objetivos Anexo 5: Hipóteses Anexo 6: Procedimentos metodológicos Anexo 7: Referências Bibliográficas do Projeto de pesquisa 23 ANEXO 1 Elaboração do Projeto de Pesquisa UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO: SUPERVISÃO ESCOLAR ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PROFESSORA MARY SUE A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO PRÁTICA PARTICIPATIVA 24 ANEXO 2 Problema Mudança da filosofia da instituição definindo-se construtivista quando era tradicional. 25 ANEXO 3 Justificativa As instituições de Ensino ao se verem envolvidas com o projeto políticopedagógico como necessidade de impor e quando chega as mãos dos demais funcionários já está tudo pronto sem que eles possam usar sua participação para alguma contribuição. Para que este projeto se torne viável deve contar com a participação de todos da instituição e que demonstre a real identidade da escola. 26 ANEXO 4 Objetivos Os objetivos definem-se por: • Proporcionar qualidade na instituição; • Delinear o caminho a ser seguido pela instituição como uma totalidade; • Participação ativa do corpo docente, discente, dos funcionários e da comunidade; • Compromisso com a responsabilidade social da comunidade que está inserida; • Utilização da capacidade de crítica e criatividade voltada para a educação. 27 ANEXO 5 Hipóteses Um projeto capaz de delinear uma participação efetivo do corpo dos funcionários tornando-o uma prática participativa. 28 ANEXO 6 Procedimentos metodológicos A pesquisa será qualitativa. A pesquisa qualitativa, para autores como Chizzotti e Minayo (1993), está centrada na idéia de que os dados não se constituem como "coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em só instante de observação". Nela, ainda de acordo com estes autores há uma constante de interação entre sujeito e objeto. Pode ocorrer o caso em que, nela, o sujeito e objeto se confundam em alguns momentos. Ela não busca leis gerais de causa e feito mas principalmente captar o sentido subjetivo que o ator social empresta à sua ação (Weber, 1994). Além do mais os resultados a que chegar ao fim dessa minha investigação não serão submetidos a uma análise estatístico-matemático. Quanto as técnicas de coletas de dados empregadas neste trabalho, emprega-se aqui técnicas de pesquisas bibliográficas, pesquisa documental e análise de conteúdo. Por pesquisa bibliográfica entende-se a identificação, localização e compilação dos dados escritos em livros, artigos e revistas, publicação de órgãos oficiais etc., não fazendo-se a conclusão o resumo do material e sim estabelecendo novas relações entre os elementos que constituem o tema. Por pesquisa documental entende-se a pesquisa através de documentos cientificamentes autênticos a fim de descrever e comparar fatos sociais. Por análise de conteúdo entende-se a aplicação à análise de textos escritos ou qualquer comunicação fazendo assim a influência desse contexto no estilo. Como pesquisa não prevê ida a campo, estas técnicas de coletas de dados mostraram mais aconselháveis, nesse caso, como afirmam Chizzotti (1998) e Minayo (1993). 29 ANEXO 7 Referência Bibliográfica do Projeto de Pesquisa CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisas em Ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez Editora, 1995. GANDIN, Danilo. Planejamento como prática participativa. São Paulo: Loyola, 2002. VEIGA, Ilma Passos de Alencastro. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1998. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUSSAMAN, Antônia Carvalho. O projeto político-pedagógico e a gestão da escola. Campinas, SP: Papirus, 1998. GANDIN, Danilo. Planejamento como prática participativa. São Paulo: Loyola, 2002. ______________ . A prática do planejamento participativo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. VEIGA, Ilma Passos de Alencastro. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1998. 31 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 SUMÁRIO 6 INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I - Definido o Projeto Político Pedagógico 9 CAPÍTULO II - Elaboração do Projeto Político Pedagógico 11 2.1 Elaborando o Marco Referencial 13 2.1.4 Marco Situacional 13 2.1.5 Marco Doutrinal 14 2.1.6 Marco Operativo 14 2.2. Elaborando o Diagnóstico 15 2.3. Elaborando a Programação 16 2.4. Avaliação 18 CAPÍTULO III - A Prática Participativa na Construção do Projeto Político Pedagógico 19 CONCLUSÃO 21 ANEXOS 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 ÍNDICE 31 32 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação "Latu Sensu" A construção do projeto político pedagógico como prática participativa Autor: Luciana da Mota Fernandes Data da entrega: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: Rio de Janeiro,