UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FERNANDO PROTTI BUENO AS RELAÇÕES ENTRE ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PÓLO DE ECOTURISMO DA ILHA DE SANTA CATARINA Balneário Camboriú 2006 2 FERNANDO PROTTI BUENO AS RELAÇÕES ENTRE ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PÓLO DE ECOTURISMO DA ILHA DE SANTA CATARINA Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires Balneário Camboriú 2006 3 FERNANDO PROTTI BUENO AS RELAÇÕES ENTRE ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PÓLO DE ECOTURISMO DA ILHA DE SANTA CATARINA Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre, no Programa de Mestrado Acadêmico, do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria na Linha de Pesquisa Planejamento e Gestão dos Espaços para o Turismo, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú, a seguinte banca examinadora: Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas Sub-área: Turismo Balneário Camboriú, 22 de novembro de 2006 Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires UNIVALI – CE de Balneário Camboriú Orientador Prof. Dr. Marcus Polette UNIVALI – CE de Balneário Camboriú Membro Profª. Dra. Célia Maria Toledo Serrano UNIBERO – Centro Universitário Ibero-Americano Membro 4 Dedico esse trabalho àqueles que são o equilíbrio entre a razão e a emoção da minha vida, dos quais honro-me e orgulho-me de compartilhar os momentos dessa vida. À meus pais, José Roberto e Rebeca; às minhas avós, Ruth e Yolanda (in memorian); e, carinhosamente, à Maria Helena. 5 Agradeço, primeiramente, a uma força divina por me iluminar e me proteger, além de me impulsionar e de me fazer crer, cada dia mais, que as limitações do potencial humano estão relacionadas às novas formas de aprendizado e a novas possibilidades de amadurecimento pessoal. Agradeço, em especial, aos meus admiráveis pais, José Roberto e Rebeca, acima de tudo pelos constantes ensinamentos, pelo companheirismo e amor. Saibam que essa é apenas mais uma etapa de um ciclo e, que nesse processo, vocês foram e sempre serão essenciais. Eu me orgulho e amo vocês! Agradeço também aos familiares Raquel e José Eduardo, Raul e Márcia, e Tio Antônio, pelo constante apoio e entusiasmo. Agradeço também à minha sogra Maria, por ter me acolhido com carinho e aos demais membros dessa minha segunda família, que me enchem de alegria, Camila, Juliana, Marília e o ‘pequeno’ Gustavo. Agradeço também aos Tios José Luis e Nicácio, às suas companheiras Candice e Marjorie, e às avós Maria Ofélia e Waldomira, pelo constante apoio e entusiasmo. Em especial, agradeço à minha fiel e amada companheira, Maria Helena, pelo amor e constante carinho, pela paciência, pelos momentos de reflexão e de diversão e também, por compartilhar os momentos de alegria e de tristeza da minha vida. Agradeço também aos velhos e bons amigos (as) que a vida me proporcionou, Bruno e Camila, Carlos, Carol e Adriano, Daniel, Diogo, Fernando (Little), Gabriela, Helena, Janderli, Marcatto, Maria Tereza, Mariana, Oswaldo, Rejane, Ricardo... pelos momentos de descontração e pela amizade. Agradeço também aos amigos e professores da graduação, Ana Paula, Célia, Claudinha, Garcez e Reinaldo, e do mestrado Emil, Everton, Francisco, Guerra (Educação), Josildete, Polette, Raquel, Roselys (in memoriam), Trigo e Yolanda, pelos momentos de reflexão e entusiasmo. Agradeço, em especial, ao professor, orientador e amigo, Paulo dos Santos Pires, por compartilhar reflexões e preocupações nesse glorioso e angustiante caminho e também, por saber ser e saber conviver, por respeitar e (por) incentivar o desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional. 6 “O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a co-participação de outros sujeitos no ato de pensar sobre o objeto. Não há um ‘penso’, mas um ‘pensamos’. É o ‘pensamos’ que estabelece o ‘penso’ e não o contrário. Esta co-participação dos sujeitos no ato de pensar se dá na comunicação. O objeto, por isso mesmo, não é a incidência terminativa do pensamento de um sujeito, mas o mediador da comunicação” Paulo Freire 7 RESUMO A presente pesquisa teve por objetivo analisar as possíveis relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental, no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC), localizado na Ilha de Santa Catarina, porção territorial em que se situa Florianópolis, cidade integrante do Estado de Santa Catarina e, consequentemente, da Região Sul do Brasil. Essa análise delimitou as possíveis inter-relações entre as áreas supracitadas, com o intuito de vislumbrar as possibilidades de conservação da natureza, bem como, de identificar as formas e os locais em que, tanto o ecoturismo quanto à educação ambiental, ocorrem no pólo. Por tratar-se de uma pesquisa interdisciplinar, composta de duas etapas, uma teórica e outra empírica, adotou-se como procedimentos metodológicos o método qualitativo e a utilização das técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e de entrevista estruturada, com roteiro de perguntas abertas, aplicado aos agentes e operadores de turismo na natureza do PEISC e aos gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do PEISC. Os dados obtidos por meio dessas duas etapas de pesquisa foram analisados por meio das técnicas de análise documental e de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Evidencia-se como resultados finais da pesquisa, primeiramente, a existência de uma relação histórica entre ecoturismo e educação ambiental, principalmente, em função de serem fruto do movimento ambientalista, assim como, de disporem de características e princípios relacionados à conservação da natureza. Posteriormente, evidencia-se o fato do ecoturismo ser um meio de desenvolvimento da educação não-formal, bem como, da educação ambiental ser uma ferramenta ao planejamento e ao desenvolvimento de atividades denominadas de ecoturismo. Além disso, identificou-se a existência de distintas modalidades de educação ambiental (aprendizado seqüencial, interpretação ambiental, educação experiencial e educação no processo de gestão ambiental) e de um escopo teórico-metodológico aplicado a cada uma destas, as quais são passíveis de serem aplicadas ao ecoturismo, com o intuito de formação e transformação dos valores e das atitudes ambientais dos indivíduos envolvidos nas atividades de ecoturismo. Por fim, como resultados provenientes dos DSC, pode-se mencionar que, entre os atores sociais direta e indiretamente envolvidos nos processos de planejamento e desenvolvimento do ecoturismo no PEISC, há um distanciamento entre as áreas de ecoturismo e educação ambiental. Palavras-chave: ecoturismo; educação ambiental; conservação da natureza; Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina. 8 ABSTRACT The research presented here aimed at analysing the possible existent relations between ecoturism and environment education in the Ecoturism Center of Santa Catarina Island (PEISC), which is located in the Island of Santa Catarina - the territorial land where Florianópolis is located. Florianópolis is a city which integrates the State of Santa Catarina, and, consequently, a city which integrates the South Region of Brasil. This analyses set the boundaries between the possible interrelations of the this areas mentioned above with the intention to glimpse at the possibilities to conserve the nature, as well as to identify the ways and the places where the ecoturism as the enviroment education ocurred in this Center. Once it is an intersubject research, it is composed of two phases: one theoretical and the other empirical. The methodological procedure adopted was the qualitative method and the use of bibliographic research technic documental, and structured interviews holding a script of open questions ran with tourism operators in the field of PEISC and also with administrators or managers of the ecoturism destinations of PEISC. The data obtained by the means of these two phases of the reasearch were analysed by the documental analyses technic and by the analyses of the Discourse of the Colective Subject (DSC). As final results of the research we evidenciate: Firstly, the existence of a historical relationship between ecoturism and enviroment education, mainly due to the fact of theses two issues being a result of the environmental movement, as well as of holding characteristics and principles related to the conservation of nature. Secondly, we evidenciate the fact of ecoturism being a way of development of non-formal education; as well as being a tool to plan and develop activities named under ecoturism. Besides that, we identified the existence of distinct modalities of environment education - sequencial learning, environment interpretation, experiencial education and education within the environment management process - and of a range of method-theoretical frames applied to each of these instances mentioned before, which can be applied to ecoturism aiming at forming and transforming the values and attitudes toward the environment of the individuals involved in the ecoturism activities. Finally, based on the results from the Discourse of the Colective Subject (DSC) data, we can mention that among the main social roles, direct or inderectly involved in the process of planning and development of ecoturism at PEISC, there is a gap between the areas of ecoturism and environment education. Key words: ecotourism; environmental education; conservation of nature; Ecoturism Center of Santa Catarina Island. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Análise sistêmica do contexto socioambiental ............................................. 28 Figura 2 – Modelo de desenvolvimento econômico ...................................................... 29 Figura 3 – Critérios para sustentabilidade .............. ...................................................... 31 Figura 4 – Tipos de paisagem ........................................................................................ 35 Figura 5 – O ecoturismo como segmento de mercado turístico .................................... 39 Figura 6 – O mercado alternativo do turismo ................................................................ 40 Figura 7 – Espectro da atividade turística ...................................................................... 41 Figura 8 – A velha-nova concepção – mercado mutante ............................................... 42 Figura 9 – Identificando as diferentes necessidades e interesses .................................. 50 Figura 10 – Quatro passos no processo de planejamento do ecoturismo ...................... 51 Figura 11 – Categorias de objetivos da educação ambiental ......................................... 65 Figura 12 – A dimensão ambiental na educação ........................................................... 66 Figura 13 – Pretensão da educação ambiental ............................................................... 69 Figura 14 – Planejamento em educação ambiental ........................................................ 70 Figura 15 – Estrutura da educação experiencial ............................................................ 78 Figura 17 – Mata Atlântica no Brasil ............................................................................ 87 Figura 18 – Fluxograma da pesquisa ............................................................................. 96 Figura 19 – O processo de educação ambiental aplicado ao ecoturismo ...................... 109 10 LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Localização do Estado de Santa Catarina e dos Pólos de Ecoturismo do Estado de Santa Catarina ............................................................................................... 83 Mapa 2 – Unidades de Conservação no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina 84 Mapa 3 – Cidade de Florianópolis e sua vegetação original . ....................................... 88 Mapa 4 – Cidade de Florianópolis e sua vegetação atual .............................................. 88 Mapa 5 – Mapa fitogeográfico ...................................................................................... 89 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Possibilidades de impactos positivos e negativos do ecoturismo em áreas naturais ........................................................................................................................... 45 Quadro 2 – Possibilidades de impactos positivos e negativos do ecoturismo em unidades de conservação ................................................................................................ 46 Quadro 3 – A tipologia das concepções sobre o meio ambiente na educação ambiental ........................................................................................................................ 60 Quadro 4 – Os benefícios educativos da interpretação ambiental ................................. 75 Quadro 5 – Os benefícios da interpretação ambiental para a administração da área de conservação e proteção .................................................................................................. 76 12 SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................... vii ABSTRACT .................................................................................................................. viii LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix LISTA DE MAPAS ...................................................................................................... x LISTA DE QUADROS ................................................................................................ xi 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14 2 AS RAÍZES AMBIENTAIS DO ECOTURISMO ................................................. 20 2.1 Ambientalismo: um dos precursores históricos do ecoturismo ...................... 20 2.2 Sustentabilidade: o pilar de desenvolvimento do ecoturismo ........................ 27 2.3 O espaço natural enquanto cenário para o ecoturismo ................................... 32 2.4 Concepções sobre ecoturismo ........................................................................ 36 3 AS BASES CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................ 54 3.1 Concepções sobre educação ........................................................................... 54 3.2 Evolução da educação ambiental ................................................................... 56 3.3 Concepções sobre educação ambiental .......................................................... 60 3.4 Modalidades de educação ambiental não formal ao ar livre .......................... 71 3.4.1 Aprendizado seqüencial ......................................................................... 71 3.4.2 Interpretação ambiental .......................................................................... 74 3.4.3 Educação experiencial ............................................................................ 77 3.4.4 Educação no processo de gestão ambiental ............................................ 79 4 O PÓLO DE ECOTURISMO DA ILHA DE SANTA CATARIANA (PEISC) .. 82 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 92 5.1 O método e as técnicas da pesquisa ............................................................... 93 5.2 Seleção e coleta de dados junto aos atores sociais entrevistados ................... 97 5.3 Análise qualitativa dos dados ......................................................................... 99 6 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 105 6.1 Tecendo relações entre o ecoturismo e a educação ambiental ....................... 105 6.2 Análise dos Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) ......................................... 111 6.2.1 DSC dos agentes e operadores de turismo na natureza do PEISC ........ 111 6.2.2 DSC dos gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do PEISC ................................. ............................................................................ 121 13 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 138 8 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 142 9 APÊNDICES ............................................................................................................. 154 Apêndice A – Roteiro de entrevista com os agentes e operadores de turismo na natureza de Florianópolis ..................................................................................... 155 Apêndice B – Roteiro de entrevista com os gestores e ou responsáveis pelas Unidades de Conservação existentes no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina ................................................................................................................ 156 Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................. 157 Apêndice D – Transcrições das ECH, IC e AC das entrevistas realizadas aos agentes e operadores de turismo na natureza do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina ...................................................................................................... 158 Apêndice E – Transcrições das ECH, IC e AC das entrevistas realizadas aos gestores e ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina ...................................................................................... 169 10 ANEXOS .................................................................................................................. 184 Anexo A – Matriz de problemas do segmento de ecoturismo ............................. 185 Anexo B – Ações estratégicas para o desenvolvimento do ecoturismo ............... 186 Anexo C – Ação nº8 – Conscientização e informação do turista ........................ 187 Anexo D – Educação ambiental não formal ......................................................... 188 Anexo E – Quadro do aprendizado seqüencial .................................................... 189 Anexo F – Modelo de Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) ................................ 190 Anexo G – Áreas naturais protegidas .................................................................. 192 Anexo H – Unidades de proteção integral .......................................................... 193 Anexo I – Unidades de uso sustentável ............................................................... 194 Anexo J – Tabela preliminar das áreas protegidas em Santa Catarina ................. 195 14 1 INTRODUÇÃO O turismo, enquanto atividade humana, envolve o deslocamento de pessoas para as localidades denominadas destinos turísticos devido às motivações intrínsecas ao comportamento humano, bem como, devido às atrações disponíveis naquele espaço, sejam elas culturais ou naturais. O aumento crescente dos deslocamentos turísticos, nos últimos anos, tem feito com que essa atividade seja identificada como um dos maiores e principais setores econômicos no mundo, sendo que, para tanto, este tem sido planejado e desenvolvido, principalmente nos países em desenvolvimento, como uma alternativa econômica (muitas vezes tornando-se a principal) e como estratégia ao desenvolvimento de cidades com potenciais turísticos e, consequentemente, de suas comunidades. Atualmente, o turismo cresce e desenvolve-se em grandes proporções, o que permite à Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003, p. 17) afirmar que o turismo “[...] tornou-se um dos principais setores sócio-econômicos mundiais [...]”, pressupondo inclusive, com base em cálculos realizados por essa instituição, que até o ano de 2020 “[...] haja cerca de 1,6 bilhões de chegadas de turistas internacionais e que a receita turística internacional atinja 2 trilhões de dólares”. Sob o ponto de vista econômico, este cenário representa cifras incalculáveis, assim como, remete a um intenso movimento de pessoas em busca de destinos e serviços realizados direta ou indiretamente pelo setor em questão. Fazendo uso das palavras de Trigo (2003, p. 54) pode-se, portanto, ressaltar que “o crescimento do turismo é uma realidade inexorável [...]” e que contemplar essa atividade apenas em seu aspecto econômico seja algo pretencioso e pouco comprometido com os demais aspectos que compõem essa atividade (social, cultural e ambiental). Afinal, apesar do turismo ser considerado uma atividade global, talvez seja relevante considerar que essa atividade, em essência, constitui-se das intrínsecas relações sociais estabelecidas entre as pessoas e suas diferentes culturas. Desse modo, analisar o fenômeno turístico diante desses e de outros aspectos a ele relacionados, induz à sua compreensão como uma área diversificada, interdisciplinar e complexa, que utiliza outras variadas e importantes áreas do conhecimento para se estruturar e que, por isso, figura como uma área de conhecimento das ciências sociais aplicadas, sendo que a sua configuração enquanto área do conhecimento científico ainda apresenta-se pautada por uma fase de construção e possível evolução. 15 Diante disso, Beni (2003) entende o turismo como um fenômeno relacionado ao contexto do lazer e que, por isso, é detentor de um enorme potencial no processo de mudança de valores, deixando de ser apenas uma atividade utilitarista, para compor espaços qualitativos e propícios às trocas sócio-culturais. Para que seja possível compreender e analisar mais detidamente o turismo em seus aspectos econômicos, sócio-culturais ou mesmo sócio-ambientais é necessário evidenciar que o mercado turístico é composto por segmentos ou grupos de atividades com características semelhantes, em razão às diferentes motivações de viagem, sendo aqui especialmente consideradas àquelas relacionadas ao campo ecológico, ou também denominado ecoturismo. Esse destaque justifica-se porque a OMT (2003) evidencia como uma tendência para a área de viagens a busca por áreas naturais protegidas, com o intuito de contemplação da natureza, a busca por atividades que envolvam uma certa dose de aventura, assim como, a popularização do ecoturismo. Isto porque, tem sido crescente o número de turistas interessados por questões relacionadas ao meio ambiente natural, fato que pode ser justificado pelos inúmeros problemas ambientais que assolam o Planeta Terra, bem como, em virtude da propagação das discussões ambientais mundiais. O ecoturismo, atividade que pode ser considerada com um dos resultados indiretos das ações dos movimentos ambientalistas, toma corpo e se solidifica na sociedade pósmoderna por conciliar a satisfação da necessidade de práticas humanas em ambientes naturais, em função da fuga do cotidiano e da busca por alternativas sustentáveis, e por contrapor-se, ao menos teoricamente, às práticas de turismo tradicionalmente caracterizadas como de massa ou convencional. A atual importância do ecoturismo na sociedade não está apenas baseada no aspecto econômico, mas principalmente, por acreditar-se em seu potencial para a conservação da natureza e em seu potencial educativo, ambos potencializados pelas possíveis sensações e experiências realizadas diretamente com e na natureza. O caráter educativo do ecoturismo reside no fato de esta ser uma atividade composta de diferentes ações que apresentam a importância do ambiente (natureza) por meio da própria atividade à humanidade e que, necessita da participação responsável dos ‘ecoturistas’ para que se atinja os seus objetivos, inclusive o da conservação da natureza. Porém nesse caso, questiona-se: como uma atividade, em essência educativa, estimula e, ao mesmo tempo, contém o consumo dos atrativos naturais? Assim como, quais são as formas pelas quais pode-se educar para a conservação da natureza? 16 No mercado ecoturístico tem-se identificado atividades nem sempre comprometidas e que atendam às suas potencialidades, pois os aspectos econômicos imediatistas sobrepõem-se aos aspectos sociais, culturais e ambientais. Em decorrência disso, pressupõe-se que a educação ambiental torna-se uma importante ferramenta para a promoção do desenvolvimento sustentável do ecoturismo sem que, contudo, esse segmento da atividade turística deixe de ser valorizado economicamente. Desse modo, a adoção do ecoturismo como tema central dessa pesquisa, na sua relação específica com a educação ambiental procurou compreender como o ecoturismo incorpora essa vertente educacional ao seu planejamento e, consequentemente, ao seu desenvolvimento, bem como, quais os objetivos que a incorporação dessa vertente educacional acrescem aos objetivos iniciais do ecoturismo. Entende-se que a vertente educacional do ecoturismo concretiza-se por meio da educação ambiental e, em função disso, questiona-se: como a educação ambiental é aplicada ao ecoturismo? A educação ambiental é aplicada por meio de algum processo ou metodologia específica? E por fim, como desenvolvem-se esses processos ou metodologias? Para tanto, escolheu-se como objeto de estudo o Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC), para que nesse pólo fosse possível elucidar os destinos de ecoturismo que possivelmente desenvolvem a educação ambiental, bem como, proporcionam à este processo, resultados em benefício da conservação da natureza. Os Pólos de Ecoturismo, no qual inclui-se o PEISC, de acordo com o Projeto Pólos de Desenvolvimento de Ecoturismo no Brasil, de 2001, foram caracterizados como espaços propícios ao desenvolvimento do ecoturismo por possuir, além de recursos naturais e culturais, uma infra-estrutura necessária para a realização dessa atividade. O PEISC, localizado na região Sul do Brasil, especificamente na Ilha de Santa Catarina, compreende a cidade de Florianópolis e seu entorno e é delimitado pela disposição geográfica das unidades de conservação existentes na região, tendo ao norte a Reserva Biológica do Arvoredo, ao sul o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e a noroeste a Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim (MAGALHÃES, 2000a; MELLES, 2001). Diante disso, salienta-se que a presente pesquisa está vinculada ao Programa de Mestrado Acadêmico Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria e enquadra-se na Linha de Pesquisa I (Planejamento e Gestão dos Espaços para o Turismo), que tem seu principal enfoque nos impactos e transformações psico-sócio-culturais, econômicas e ambientais ocorridas nos locais que se desenvolvem as atividades turísticas. Na tentativa de refletir sobre os contextos e os questionamentos supracitados e em especial, sobre as temáticas da linha de 17 pesquisa supracitada, teve-se por objetivo geral analisar as relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina. Para a realização desta pesquisa utilizou-se o método qualitativo, por meio do uso das técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, para a coleta de dados, que são consideradas indispensáveis à formação de um referencial teórico e fundamentais à composição das reflexões propostas por essa pesquisa. Além das técnicas supracitadas, para a etapa empírica da coleta de dados, utilizou-se da aplicação da técnica de entrevista estruturada, com perguntas abertas, sendo as informações coletadas por esta técnica foram posteriormente analisadas por meio da técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O material coletado nas entrevistas, analisado por meio da técnica de análise do DSC (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003), procurou evidenciar as perspectivas de relação entre o ecoturismo e a educação ambiental no PEISC, a partir dos discursos individuais, que por fim compõem um discurso coletivo, representativo do ideário coletivo de uma sociedade. Desse modo, a pesquisa divide-se em duas etapas, a etapa teórica e a empírica, e salienta-se que essas partes são indissociáveis, sendo que apenas são colocadas dessa forma para que facilite o entendimento de seus procedimentos metodológicos. Sendo assim, a etapa teórica foi orientada pelos seguintes objetivos específicos: 1. Verificar as relações entre o ecoturismo e a educação ambiental com vistas a conservação da natureza e 2. Identificar as modalidades de educação ambiental aplicadas no ecoturismo. Para esses dois objetivos iniciais, utilizou-se as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental para a coleta de dados e a análise documental, para a posterior análise de seu conteúdo. A etapa empírica, mediante a aplicação da técnica de entrevista estruturada analisada por meio da técnica de análise do DSC, teve como objetivos específicos 3. Levantar junto aos agentes e operadores de viagem do segmento de turismo na natureza do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina, os destinos de ecoturismo que desenvolvam a educação ambiental. A partir do levantamento desses destinos ecoturísticos, foram aplicadas novas entrevistas, agora com o objetivo de 4. Reconhecer junto aos gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina a importância da educação ambiental no ecoturismo para a conservação da natureza desses locais. Salienta-se que, a concepção de turismo na natureza, adotada por essa pesquisa, baseia-se nos estudos de Pires (2002) e Serrano (2000b), que o compreendem como um segmento de atividades turísticas e como um conjunto das possíveis formas de turismo realizadas no meio ambiente, com enfoque principal ao aspecto natural, na qual inclui-se o 18 ecoturismo. Por isso, o levantamento das agências e operadoras indicado no terceiro objetivo específico, baliza-se pela evidência dessa representação do mercado sem, contudo, restringirse apenas às agências e operadoras voltadas especificamente ao ecoturismo, o que seria extremamente complexo e quiçá utópico. Salienta-se também que durante o processo de coleta de dados, utilizou-se informações advindas de dissertações produzidas pelo Mestrado em Turismo e Hotelaria da referida Instituição, assim como, de dissertações e teses produzidas por outros programas acadêmicos dessa e de outras instituições de ensino. Entretanto, constatou-se que, em sua maioria, as produções tanto acerca da temática do ecoturismo quanto da educação ambiental, não contemplavam a inter-relação dessas duas áreas, podendo, dessa forma, contribuir apenas indiretamente e inicialmente à realização dessa pesquisa. Verificou-se, portanto, que tal lacuna constituiria uma importante justificativa para a realização dessa pesquisa, inclusive porque toda a atividade de ecoturismo pressupõe a aplicação da educação ambiental e, consequentemente, toda pesquisa acerca desse segmento prescinde da consideração dessa variável. A apresentação da presente pesquisa está estruturada em capítulos que se completam e que abordam as relações entre as áreas temáticas de estudo – ecoturismo e educação ambiental, juntamente com o objeto de estudo da pesquisa – o Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina. Desse modo, o capítulo inicial apresenta uma síntese da compreensão de diferentes autores sobre ‘As raízes ambientais do ecoturismo’, com o intuito de evidenciar as bases ambientais que originaram o ecoturismo, enquanto um dos resultados dos movimentos ambientalistas, que pode ser considerado como uma alternativa de atividade sustentável para as práticas capitalistas na natureza e, devido a isso, uma atividade consumidora de espaços naturais. Assim como, evidencia também as bases conceituais relacionadas aos princípios, aos componentes e às possíveis interfaces do ecoturismo com o seu componente educativo (educação ambiental), observadas a partir de percepções elaboradas por autores acadêmicos e por informações presentes em bases documentais. No capítulo ‘As bases conceituais da educação ambiental’ teve-se o objetivo de esclarecer as propostas dessa educação no, para e com o ambiente natural, assim como, identificar as modalidades de educação ambiental não-formal, evidenciadas ao longo da pesquisa e, possivelmente, aplicadas nos espaços naturais, bem como, aplicadas no ecoturismo. A intenção era explicar os componentes teóricos e metodológicos das modalidades, que possibilitassem uma compreensão do processo educativo, o qual 19 supostamente proporciona o desenvolvimento de atitudes e comportamentos ambientais não nocivos à conservação da natureza. O espaço escolhido para a compreensão da temática que constitui o objeto de estudo dessa pesquisa é apresentado no capítulo ‘O Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina’, o qual reúne informações acerca do espaço físico que forma o PEISC, para que a partir disso fosse possível vislumbrar uma base potencial para as relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental. Na seqüência o capítulo denominado ‘Procedimentos metodológicos’ evidencia e explica os caminhos percorridos para a execução das etapas de pesquisa teórica e empírica, assim como, submete o leitor à compreensão da importância da utilização da técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo nas entrevistas aplicadas às amostras escolhidas. Por fim, o capítulo que trata dos ‘Resultados da pesquisa’ revela as possíveis relações entre as áreas do ecoturismo e da educação ambiental em suas perspectivas teóricas, que contemplam os objetivos específicos 1 e 2, bem como, em uma análise pautada pelos discursos (DSC) dos atores sociais entrevistados e envolvidos, direta e indiretamente, no desenvolvimento dessas atividades no PEISC, que contemplam os objetivos específicos 3 e 4. 20 2 AS RAÍZES AMBIENTAIS DO ECOTURISMO 2.1 Ambientalismo 1 : um dos precursores históricos do ecoturismo Ao longo da história humana no Terra, parece sempre ter havido uma relação, por vezes harmoniosa e por outras conflituosa, entre os âmbitos social e natural e isto se explica, como informa Viola (1987) pela humanidade fazer parte e depender da natureza para sobreviver. Porém este ressalta que a civilização tem o poder de modificar a natureza, fato que ocorre em escala sempre crescente, e apresenta aspectos positivos e negativos, sendo considerados enquanto efeitos negativos, por exemplo a destruição do solo, as alterações climáticas, a poluição das águas e atmosfera, a superpopulação, entre outros. Assim, Toynbee (1982 apud VIOLA, 1987) atenta que o comportamento humano pode e gera diversas e, por vezes, profundas crises ecológicas, bem como, desastres naturais ao longo da história do ser humano. Viola (1987) acrescenta que esse comportamento não é algo novo, bem como, não se restringe ao final do século XX, mas sim reflete a escala de poder dos instrumentos de degradação, já que, na visão do autor, quatro catástrofes ameaçariam a vida humana no final desse século: a guerra nuclear, o lixo atômico, o efeito estufa e o esvaziamento da camada de ozônio. Chegado o século XXI, tem-se o registro de diferentes desastres ambientais, que marcam a humanidade e colocam em pauta os impactos causados pelas agressões humanas à natureza. Normalmente, esses desastres ocorrem devido aos processos naturais, mas creditase a responsabilidade total desses fatos ao poder humano, que na verdade, tem sim a sua parcela de responsabilidade, principalmente, quando utiliza indiscriminadamente os recursos naturais para fins supérfluos. Como exemplos desses desastres naturais podem ser citados os ocorridos no ano de 2005, o Tsunami asiático, o furacão Katrina nos Estados Unidos e o terremoto na Caxemira, que proporcionaram a humanidade, além de destruição, um momento de reflexão sobre a ação do homem no processo de causa e efeito dos mesmos (D’AMARO, 2005; REVISTA VEJA, 2005; SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, 2005). 1 A temática do ambientalismo será tratada nesse texto de acordo com sua base funcional, sugerindo-se assim, as obras de Castells (1999), Pellicioni (1994), Viola (1987; 1992) e Viola e Leis (1995) para uma maior delimitação dos componentes e das tipologias dos movimentos ambientalistas. 21 Segundo Carvalho (2002) a relação da sociedade (homem) versus natureza 2 (ambiente natural) é alimentada há tempos por uma utopia de relação simétrica entre os interesses das sociedades e os processos da natureza, havendo portanto, uma relação conflituosa entre ética e racionalidade ambiental, no que tange ao objetivo de organizar a vida em sociedade na direção de influir decisivamente na produção das condições ambientais. Nesse sentido, esta autora infere ainda que os movimentos ecológicos tendem a buscar um ideário ambiental em contraponto ao progresso e ao capitalismo industrial, na crítica aos valores da modernidade ocidental e na busca de um novo modo de organizar a vida individual e coletiva. Castells (1999, p. 143), explicita que os movimentos ecológicos (movimento ambientalista) referem-se a “[...] todas as formas de comportamento coletivo que tanto em discursos como em sua prática visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e institucional atualmente predominante”. Além disso, Viola e Leis (1995, p. 136) salientam que [...] os comportamentos individuais estão muito aquém dos conteúdos dos discursos, sendo muito poucas as pessoas (inclusive entre os ambientalistas militantes) que pautam conscientemente seu cotidiano pelos critérios da eficiência energética, reciclagem de materiais, redução do consumo suntuário e participação voluntária em tarefas comunitárias de limpeza ambiental. Contudo, Viola (1992) pondera que o ambientalismo constitui um movimento histórico que parte da idéia de que a sociedade contemporânea é insustentável, a médio e longo prazo, devido aos fatores como crescimento populacional, a depreciação da base de recursos naturais, os sistemas produtivos (tecnologias poluentes e de baixa eficiência energética) e o sistema de valores que propicia a expansão ilimitada do consumo material. É com base nas características desse cenário que este autor evidencia a busca nascente por uma sociedade ecologicamente sustentável, onde o setor mais educado da população começa a pensar na qualidade de vida ao invés de pensar na expansão do consumo de bens materiais, uma vez que já há a plena satisfação das necessidades materiais básicas. Em complemento, Castells (1999) cita que os ideais do século XIX que estavam centrados na preservação da natureza e na busca de qualidade ambiental com perspectivas 2 Nesse caso, a natureza, assim como no senso comum, será entendida como algo natural, diferente do artificial (construído), mas conforme ressalta a obra de Carvalho (1991, p.30) a história da natureza não seria desvendada se a história dos homens não conduzisse a isso, considerando assim, que o homem e a sua espécie são também obras da natureza. Esclarece-se com isso, que em relação a sua origem a natureza não é algo natural, mas sim “[...] fruto do longo processo de superação de um espaço primitivo e selvagem, onde não havia lugar para qualquer produção excedente, pelo espaço de uma outra sociedade [...]”. 22 ecológicas, por muito tempo mantiveram-se restritos as elites de países dominantes. Observase, a partir dessas considerações que, atualmente, as preocupações em relação ao meio ambiente foram e por vezes ainda são ideais de uma sociedade elitista, pois sabe-se que uma grande parcela da sociedade mundial ainda sobrevive abaixo dos limites da pobreza. Desse modo, Castells (1999, p. 158) observa que o pensamento ecológico, proveniente e idealizador dos movimentos ecológicos, vislumbra a evolução ocasionada pela interação entre todas as formas de matéria, sendo que a idéia de utilizar única e exclusivamente recursos renováveis, crucial para o ambientalismo, está justificada precisamente pela noção de que qualquer alteração nos mecanismos básicos do planeta, e do universo, poderá ao longo do tempo, desfazer um delicado equilíbrio ecológico, trazendo conseqüências desastrosas. Viola (1987, p. 06) evidencia que a consciência ecológica mundial foi despertada na década de 1970, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo (1972), onde “pela primeira vez os problemas de degradação ambiental do meio ambiente provocados pelo crescimento econômico são percebidos como um problema global que supera amplamente diversas questões pontuais que eram arroladas nas décadas de 50 e 60 [...]”. Em contrapartida, na visão de Vigevani (1997) essa foi a primeira tomada de consciência internacional sobre a fragilidade dos ecossistemas e sobre as necessidades de se reunir esforços para garantir sua manutenção, pois como afirma o autor ainda, a Conferência pretendia encontrar soluções para a diminuição da qualidade de vida, em função da escassez e do esgotamento dos recursos naturais, alertando desse modo, para o fato de que a sociedade deveria conhecer melhor a sua relação com o seu ambiente, de modo a aprender formas inteligentes de utilização dos recursos naturais. Principalmente, desse período em diante, a temática relacionada ao meio ambiente 3 passa a ser inserida como tema de inúmeras discussões internacionais, o que acarretou em 1983, a criação da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) pela Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Essa comissão, em 1987 elaborou o relatório denominado ‘Nosso Futuro Comum’ ou também conhecido como ‘Relatório Brundtland’, que identificou as principais causas e efeitos dos problemas ambientais e os diferentes tipos de desenvolvimento dos países, chegando à conclusão de que 3 Compartilha-se aqui o entendimento sobre meio ambiente, conforme a definição de Reigota (1998b, p. 14): “o lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em 23 os problemas ambientais com que nos defrontamos não são novos, mas só recentemente sua complexibilidade começou a ser entendida. Antes, nossas maiores preocupações voltavam-se para os efeitos do desenvolvimento sobre o meio ambiente. Hoje, temos de nos preocupar também com o modo como a deterioração ambiental pode impedir ou reverter o desenvolvimento econômico [...] (CMMAD, 1988, p. 38). Viola (1987, p. 07) coloca ainda que, em sua maioria, os ecologistas são favoráveis “[...] a um desenvolvimento ecologicamente equilibrado que inclui a utilização prudente da maioria das tecnologias contemporâneas, rejeitando somente aquelas intrinsecamente predatórias”. Como conseqüência da emergência das questões ambientais, a partir de 1970, há no mundo um repensar da relação empreendida entre o ser humano e o meio ambiente, especialmente no tocante à manutenção e conservação do meio ambiente, para o bem estar das populações e a sobrevivência das gerações futuras. Assim, o surgimento do ambientalismo se dá no contexto das transformações ocorridas na sociedade ocidental, com a passagem da modernidade à pós-modernidade (SERRANO, 2000a). Dessa forma, no período que corresponde à passagem da modernidade à pósmodernidade, são implementadas mudanças sociais, econômicas e culturais, geradas pela sociedade capitalista que, posteriormente, são repensadas de acordo com o surgimento de um novo paradigma de qualidade de vida, que inclui a questão ambiental como fator a ser considerado. Para uma compreensão dessa passagem, Featherstone (1997, p. 196) cita que “[...] o termo “modernidade” é usado amplamente nas ciências sociais” em razão da [...] insatisfação com a capacidade de outros termos, tais como “capitalismo”, para cobrir todos os aspectos da vida social contemporânea [...]; o crescimento do interesse pelo pós-modernismo [...]; o ressurgimento do interesse pela cultura e pela natureza da experiência contemporânea e moderna. Em complemento Harvey (2000) ressalta que o modernismo é uma fuga estética e perturbada das condições modernas, produzidas pelo próprio processo de modernização. Já o termo pós modernismo é entendido por Featherstone (1997, p. 30) “[...] como algo que aponta o processo de fragmentação cultural e [...] se baseia em um movimento desenvolvimentista de tradição e da modernidade, construído a partir da experiência ocidental”. Este autor (Ibid., p. 269 grifos do autor) completa ainda que o pós modernismo interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído”. 24 [...] é um movimento que se afasta das ambições universalísticas das narrativas mestras, em que a ênfase se aplica a totalidade, ao sistema e à unidade, e caminha em direção a uma ênfase no conhecimento local, na fragmentação, no sincretismo, na “alteridade” e na “diferença”; [...] é a dissolução das hierarquias simbólicas que acarretam julgamentos canônicos de gosto e de valor, indo em direção ao colapso populista da distinção entre a cultura e a cultura popular; [...] é uma tendência à estetização da vida cotidiana, que foi impulsionada pelos esforços, no âmbito da arte, a fim de diluir as fronteiras entre a arte e a vida [...] e o movimento em direção a uma cultura de consumo simuladora, na qual o véo das imagens, reduplicado de maneira alucinatória e interminável, apaga a distinção entre a aparência e a realidade; [...] é uma descentralização do sujeito, cujo senso de unidade e cuja continuidade biográfica dão lugar à fragmentação e a um jogo superficial com imagens, sensações e “intensidades multifrênicas” . Ortiz (1992 apud SERRANO, 2000b, p. 209) por sua vez, ressalta que pós modernidade pode também ser considerada “[...] uma das expressões de um rearranjo dos processos sociais e societários ‘pós-industriais’”. Neste rearranjo prevalece o setor de serviços, que segundo Serrano (2000b, p. 209) “[...] coloca a produção e o consumo de signos como elementos centrais da dinâmica sociocultural”, sendo que a autora destaca ainda como componentes dessa dinâmica, o consumo de bens e serviços, signos e imagens relacionados ao prazer e ao corpo, entre os quais pode-se colocar aqueles relacionados às atividades físicas. Featherstone (1997, p. 109) atenta que diante desse cenário há ainda o termo cultura de consumo, o qual “[...] assinala a produção e o relevo cada vez maiores dos bens culturais enquanto mercadoria, mas também o modo pelo qual a maioria das atividades culturais e das práticas significativas passam a ser mediadas através do consumo”. Por fim, este autor salienta também que a cultura do consumo e o pós modernismo são sinais de mudanças dramáticas que alteram a natureza da sociedade como resultado da relação do tradicional com o moderno. Já em relação as transformações ocorridas em certas práticas corporais Betrán & Betrán (1995 apud SERRANO, 2000a, p. 09) salientam que cada sociedade, em cada época, tem sua própria cultura corporal relacionada aos seus parâmetros ideológicos, tecnoeconômicos, sociais e, é claro, culturais. A idéia de corpo e tratamentos do corpo, os usos, hábitos e costumes, movimentos que suscitam, práticas corporais e atividades físicas recreativas que aparecem nesse período se inscrevem na mentalidade da época. Assim, Bruhns (1999) observa que as experiências do corpo em contato com a natureza representam um reconhecimento do espaço que o corpo ocupa, uma relação com o mundo, uma revisão de valores e um encontro do homem consigo mesmo, sendo que o corpo humano atua recebendo as informações de uma cultura. 25 Cabe ressaltar ainda que, para Baudelaire (1972 apud FEATHERSTONE, 1997), a novidade é a principal característica da experiência na vida moderna e, em complemento, Featherstone (1997, p. 204) cita que “a viagem pode ser entendida como um paradigma da experiência e devemos lembrar que a raiz da palavra “experiência” é per, que significa tentar, testar, arriscar”. Tendo como base essas transformações, o ecoturismo surge e se desenvolve pautado por [...] um traço de consumo de cunho narcisita-hedonista – a busca do bem-estar e do prazer físico e mental, pela “adrenalina” ou pela contemplação – ao qual, paralelamente coloca-se a disseminação do ambientalismo, que deixa de ter um caráter apenas reivindicativo de proteção de espécies e ecossistemas ou de mudanças estruturais da relação sociedade-natureza e passa a englobar debates mais gerais como direitos das minorias, questões de gênero e qualidade de vida (SERRANO, 2000b, p. 210). O ecoturismo 4 , nesse caso, é entendido por Serrano (2000b) como o turismo pósmoderno, que é caracterizado por Munt (1994 apud SERRANO, 2000a, 2000b, 2000c) pela resistência das classes médias à homogeneização do turismo de massa e é marcado por locais com culturas resguardadas e ou por locais de rara beleza cênica, com objetivo atlético, aventureiro ou de contemplação. Ressalta-se que esse contexto de surgimento e desenvolvimento do ecoturismo, intensificou-se e concretizou-se, principalmente, a partir da década de 90 e como afirma Irving (2001, p. 44 grifos do autor), o retorno e ou a ida do ser humano à natureza passou a ser visto como um [...] mecanismo de “sobrevivência subjetiva” e de revitalização das tradições rurais pelo olhar urbano [...] que abre espaço para o ecoturismo, em relação direta com as oportunidades de turismo rural (e seu componente cultural), modalidades “alternativas” não urbanas, não massificantes e não “desumanizantes”. Posteriormente à Conferência de 72 e à outros diálogos estabelecidos sobre a temática, deu-se início, em 1992, no Rio de Janeiro, a mais importante das reuniões realizadas até então pela Organização das Nações Unidas (ONU), sobre as preocupações com o meio ambiente, que foi conhecida como RIO-92 ou Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A RIO-92 provocou o predomínio do pensamento ambientalista nas grandes cidades, e contribuiu para a ressignificação do campo, enquanto reserva natural e cultural, mantendo 4 Esse assunto em específico será melhor delimitado e caracterizado no item 2.4 Concepções sobre o ecoturismo. 26 grande parte do meio ambiente natural conservado, como local de resgate, de natureza, de silêncio, de ‘lugar’ idealizado, a partir da crítica ao processo de urbanização e da idéia de progresso, que vincula a cidade à velocidade, ao estresse, à crise e ao individualismo (IRVING, 2001). Segundo Vigevani (1997) essa Conferência, a exemplo da de 72, pretendia discutir o papel e o posicionamento humano em relação as preocupações vinculadas ao desenvolvimento sustentável (uso sustentável dos recursos naturais), sendo que, para tanto, elaborou-se um plano de ação denominado Agenda 21, o qual previa uma mudança nos padrões de desenvolvimento. Viola e Leis (1995), comentam que a partir desse momento o movimento ambientalista disseminou-se e transformou-se em um movimento multissetorial, envolvendo os principais setores como: o stricto sensu; o governamental; o social; o da ciência; o privado; o público; o religioso; e o educacional, passando assim, a pensar na necessidade de haver melhores relações entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental, em diversos setores da sociedade. Como salienta Pelicioni (2004a, p. 450), apesar de sua importância, a principal crítica que se faz à Rio-92 refere-se ao fato de as causas estruturais dos problemas ambientais – o capitalismo, o modelo de desenvolvimento econômico dos países, os valores sociais, as relações de poder entre os países – não terem sido discutidos em profundidade. Após 10 anos da realização da RIO-92, a ONU realizou em 2002 em Johannesburgo o encontro internacional intitulado ‘Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável’, que ficou popularmente conhecido como RIO+10, e teve por objetivo analisar os resultados implantados a partir dos acordos estabelecidos na RIO-92 (PELICIONI, 2004a). Mais uma vez, observou-se os diálogos em torno dos diversos problemas ambientais, sendo que a novidade é que agora os mesmos passaram a ser relacionados à globalização (DINIZ, 2002). Como marcante predominância do pensamento ambientalista em diversos setores, também observa-se suas interferências no turismo, pois em 2001 realizou-se em Cuiabá a ‘Conferência da Organização Mundial do Turismo para o Desenvolvimento e o Gerenciamento do Ecoturismo nas Américas’, com o intuito de discutir idéias e experiências para maximizar os benefícios econômicos, ambientais e sociais e, concomitantemente, minimizar os impactos negativos do ecoturismo nas Américas. Além disso, o ano de 2002 foi declarado como ‘Ano Internacional do Ecoturismo’ em função de ter-se presenciado a rápida 27 expansão de suas atividades nas últimas duas décadas e também de se tentar delinear o seu futuro (WTO, 2001). Com isso, o movimento ambientalista e, consequentemente, o pensamento ambientalista, chegam à atualidade sendo abordados em diversos setores, inclusive no turismo e isso conduz à reflexão de que as mudanças ocorridas na sociedade moderna referem-se à ascensão e confirmação de um reposicionamento dos anseios humanos perante as questões ambientais. 2.2 Sustentabilidade: o pilar de desenvolvimento do ecoturismo Apesar de haver uma discussão polêmica e não consensual acerca da temática sustentabilidade (desenvolvimento sustentável), nesse momento, pretende-se estabelecer um diálogo sobre as suas características e suas implicações para o surgimento e desenvolvimento do ecoturismo. Há também que se evidenciar o fato de que em sua maioria os referenciais de sustentabilidade estão relacionados diretamente ao conceito de desenvolvimento sustentável. Inicialmente, o relatório ‘Nosso Futuro Comum’, produzido em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1988, p. 09) e amplamente conhecido como Relatório Brundtland, estabeleceu o conceito de desenvolvimento sustentável, caracterizado como a satisfação das “[...] necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas”. Em complemento Binswanger (1999, p. 41) esclarece que o desenvolvimento sustentável “[...] significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente”. Nesse sentido, a Comissão (CMMAD, 1988, p. 40) esclarece que meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva em conta as conseqüências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas. Eles fazem parte de um sistema complexo de causa e efeito. Em complemento, Leff (2001, p. 15) pontua que o princípio de sustentabilidade surge no contexto da globalização como a marca de um limite e o sinal de reorienta o processo civilizatório da humanidade. A crise 28 ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza. O mesmo autor (Ibid., 17) esclarece que nesse contexto “[...] a degradação ambiental se manifesta como sintoma de uma crise de civilização, marcada pelo modelo de modernidade regido pelo predomínio do desenvolvimento da razão tecnológica sobre a organização da natureza”. Acredita-se assim, que esse desenvolvimento seja, exatamente, fruto do paradigma moderno de um sistema econômico que se utiliza, indiscriminadamente, dos recursos naturais para a satisfação de suas necessidades básicas e supérfluas. Dias (2000) apresenta esse sistema capitalista analisado sistemicamente em um contexto socioambiental, pautado pelo Modelo de Desenvolvimento Econômico (MDE) vigente mundialmente e imposto pelos países ricos, por meio dos diferentes processos e instituições (Sistema Financeiro Internacional – SFI; Fundo Monetário Internacional – FMI; Banco Mundial – BM; etc.) com influências nos campos políticos, educativos e informativos (figura 1). Figura 1: Análise sistêmica do contexto socioambiental Fonte: Dias (2000, p. 95) Nesse sentido, o que observa-se é um desenvolvimento econômico que produz duas das grandes facetas da pós-modernidade, a exclusão social e a cultura de consumo de bens materiais (industrializados), provocando o embate nos aspectos social e econômico, que refletem diretamente ao ambiental. Afinal, conforme a citado anteriormente, a degradação enquanto uma crise da civilização ocasionará a ela mesma a perda da qualidade e do significado da vida. 29 Em continuidade à análise do MDE, Dias (2000) apresenta o funcionamento do MDE (figura 2) e salienta que este se fundamenta no lucro a qualquer preço e está relacionado ao aumento desenfreado da produção, o que acarreta a necessidade de consumo proporcionado por uma divulgação em massa. Essa relação produção – consumo gera pressão sobre os recursos naturais e ocasiona a degradação ambiental que, consequentemente, será refletida com a perda da qualidade de vida, sendo necessário ‘recuperar’ o que se ‘perdeu’. A solução lógica desse processo é garantir novos investimentos e empréstimos com as mesmas instituições que já lucraram com a degradação ambiental e que lucrarão novamente, formando um ciclo que só terminará devido a provável extinção dos recursos naturais. Assim, pode-se constatar uma representação do sistema capitalista insustentável citado anteriormente. Figura 2: Modelo de desenvolvimento econômico Fonte: Dias (2000, p. 97) Em complemento Binswanger (1999, p. 41) cita que “[...] a natureza é a base necessária e indispensável da economia moderna, bem como das vidas das gerações presentes 30 e futuras [...]”, para tanto, salienta-se que sob o paradigma da sustentabilidade a natureza tem sido considerada como um fator de produção e, ao mesmo tempo, como fator de qualidade de vida pelas sociedades. O mesmo autor esclarece ainda que mesmo na economia moderna a sustentabilidade não é assegurada, pura e simplesmente, pela substituição dos recursos não renováveis por recursos renováveis, mas sim ao vislumbrar-se indícios de redução no consumo de matéria e energia em geral, assim como, por mudanças nos padrões pessoais e societários de bens e serviços. Para tanto, Leff (2001, p. 17) enfatiza que a questão ambiental problematiza as próprias bases da produção; aponta para a desconstrução do paradigma econômico da modernidade e para a construção de futuros possíveis, fundados nos limites das leis da natureza, nos potenciais ecológicos, na produção de sentidos sociais e na criatividade humana. No turismo, a sustentabilidade recai sobre a necessidade de se gerenciar os impactos ambientais e sócio-econômicos promovidos pelos atores envolvidos na atividade, dessa forma, o intuito de um turismo sustentável é aumentar o entretenimento dos visitantes e os benefícios locais e, ao mesmo tempo, diminuir os impactos nocivos sobre os recursos naturais e sobre a população local (OMT, 2003). No caso do ecoturismo, a sustentabilidade é vista como uma preocupação explícita em seu conceito, mas que em alguns casos tem sido pautada por práticas ecoturísticas que são desenvolvidas muito mais para suprir uma demanda de um modismo ambiental (segmento de viagens a natureza), do que para colocar em prática o conceito da atividade. Nesse sentido, Serrano (2000b) salienta que a incorporação do conceito de sustentabilidade pelo ecoturismo, apresenta a dupla contradição de uma atividade potencialmente sustentável, localizada no contexto insustentável do sistema capitalista e de uma viabilização das práticas educativas em atos de consumo. Desse modo, para que possa-se estabelecer uma compreensão do que seja a sustentabilidade e sua aplicação ao turismo, ao ecoturismo, é necessário, conforme pontua Sachs (2000, p. 85-88), abordá-la diante de seus diversos campos de atuação, caracterizados como critérios para sustentabilidade (figura 3). Sachs (2000) aborda essa temática enfatizando cada um desses critérios como aspectos que estão intimamente relacionados. Afinal, torna-se impensável abordar questões ambientais sem relacioná-las as sociais e ou econômicas, assim como, relacioná-las à questões políticas e territoriais. De modo a compreender esses critérios, descreve-se brevemente as idéias de Sachs para cada um deles. 31 O autor (Ibid.) pauta o critério social pelo alcance da homogeneidade social (justa distribuição de renda, qualidade decente de vida, trabalho/emprego a todos e recursos e serviços sociais iguais para todos). Nesse sentido, o cultural visa a elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno focado no sentimento de pertencimento da sociedade àquela nação. Figura 3: Critérios para sustentabilidade Fonte: Elaborado pelo autor com base em Sachs (2000, p. 85-88). Acredita-se que os critérios para a sustentabilidade ecológica e ambiental estão intimamente relacionados, o que dificulta abordá-los em separado. Nas idéias de Sachs (2000) são explanados pontos semelhantes que impossibilitam uma diferenciação. Assim sendo, o ecológico está relacionado a preservar a natureza para a produção de recursos renováveis e a limitar a utilização dos não-renováveis. Já o ambiental, enfatiza o respeito à capacidade de autorecomposição dos ecossistemas naturais, ou possivelmente, entendido como a capacidade de resiliência ambiental. O territorial relaciona-se a uma melhoria do meio ambiente urbano e ao mesmo tempo, enfatiza a necessidade de haver uma igualdade inter-regiões e estratégias, chamadas de ambientalmente seguras, para as áreas frágeis ecologicamente. Já o critério econômico, um dos mais polemizados, aborda um equilíbrio no desenvolvimento intersetorial, uma capacidade de modernizar continuamente os instrumentos de produção e uma inserção na economia internacional. 32 Os critérios relacionados às políticas, estão nacionalmente vinculados à coesão social e a capacidade do Estado implementar o projeto nacional (anteriormente citado no cultural), e os internacionais estão vinculados desde a prevenção de guerras e garantias de paz até um pacote igualitário de desenvolvimento entre Norte e Sul. Coloca também a necessidade de terse um controle efetivo da gestão do meio ambiente, inclusive o natural, enquanto patrimônio global e herança comum da humanidade. Diante disso, acredita-se que provavelmente o alcance de todos os critérios interrelacionados seja um longo e trabalhoso caminho a ser atingido em uma escala de tempo e nas diferentes áreas econômicas de atuação. Em relação ao turismo, talvez pudessem ser acrescentados ou adaptados alguns critérios, mas a maior dificuldade de se verificar a sustentabilidade do turismo recai sobre o fato de ainda se identificar comportamentos nocivos e inadequados advindos de turistas e de outros envolvidos nessa atividade. Nesse sentido, especificamente no ecoturismo acredita-se que, obviamente, tenha-se a necessidade de integração desses critérios para que se assuma uma postura sustentável, podendo-se, então, adicionar o componente educativo ou o critério educacional com a finalidade de nortear as práticas ecoturísticas, como também, garantir a manutenção da sustentabilidade no desenvolvimento humano, o que poderá ocasionar as mudanças e as transformações tão desejadas nos padrões pessoais de vida. Em contraponto, Binswanger (1999) afirma que a perfeita sustentabilidade não pode ser efetivada pois já são considerados irreversíveis os inúmeros estragos realizados no meio ambiente, mas esta poderá colaborar na diminuição da acelerada destruição dos recursos naturais. Por fim, salienta-se que um turismo benéfico, juntamente com os segmentos que o compõem, somente será possível em uma sociedade participativa, integrada e pautada nos critérios supracitados, em que o conhecimento e o capital são e serão importantes mas, a revalorização do humanismo será fundamental para que a vida seja dignificada e preservada, sendo que nesse caso, a educação poderá proporcionar essa revalorização à sociedade, desde que sensibilize as suas crianças, adolescentes e adultos acerca das reais problemáticas de seus cotidianos (TRIGO, 2003). 2.3 O espaço natural enquanto cenário para o ecoturismo Até aqui já se delimitou as preocupações que houveram e que ainda estão em pauta relacionadas ao meio ambiente e aos recursos naturais, não só para a vida mas também para o 33 desenvolvimento de inúmeras atividades econômicas, inclusive o turismo e o ecoturismo. Entretanto, cabe ainda esclarecimentos sobre os elementos e as características do cenário onde o ecoturismo ocorre para que possa-se compreendê-lo enquanto atividade sócio econômica e cultural realizada no meio ambienta natural. Nesse sentido, inicia-se o desvelar do cenário do ecoturismo e, para tanto, utiliza-se da idéia de Santos (1997, p. 05) que diz que o “espaço deve ser considerado como uma totalidade [...]”. Boullón (2002) corrobora com essa idéia e identifica sete tipos de espaços físicos que possivelmente são utilizados pelo turismo, são eles: real, potencial, cultural, natural, virgem, artificial e vital. Lembra ainda que os espaços real e potencial estão relacionados diretamente ao planejamento do espaço, o vital pertence a ecologia e os cultural, natural, virgem e artificial correspondem especificamente ao espaço físico. Em função das temáticas da pesquisa, os espaços natural e virgem serão enfatizados, sendo que Boullón (2002) os considera enquanto espaços naturais, diferenciando-os por entender o natural como um espaço adaptado, composto pelas partes da crosta terrestre com o predomínio de espécies dos reinos vegetal, animal e mineral, porém, está sob as condições estabelecidas pelo homem. Já o espaço natural virgem são as áreas naturais sem a presença humana e que estão cada vez mais raras no planeta. A partir desse contexto, este autor (Ibid., p. 114) caracteriza os espaços em duas grandes categorias: o espaço natural e o espaço urbano. Novamente a atenção recairá apenas ao espaço natural, composto pelo meio ambiente natural, que nas palavras do autor “[...] é um sistema único e complexo, formado por muitos componentes orgânicos e inorgânicos, que se influenciam reciprocamente e se mantém em equilíbrio dinâmico, porque todas as suas partes estão em contínua evolução”. Essa dinamicidade e contínua evolução são interrompidas muitas vezes pelas transformações ocorridas no meio ambiente por meio da interferência humana marcada em função do rápido crescimento populacional mundial associado, ao mesmo tempo, ao incremento das tecnologias da sociedade moderna e, principalmente, à intervenção do ‘homem’ no meio ambiente natural com objetivo de adaptá-lo às suas necessidades. Neste caso, Molina (2001, p. 70) percebe e salienta que “[...] o homem não se contenta em poluir; demonstra também suas faculdades de depredador destruindo árvores e plantas, matando aves e animais e, em numerosíssimos casos, provocando sérios incêndios florestais, que significaram duras perdas, às vezes humanas”. Essas ações são realizadas nos elementos que Boullón (2002) define como básicos do meio ambiente natural, compostos pela crosta terrestre (Terra – montanhas, desertos etc.; 34 Água – oceanos, mares, rios, lagos etc.), pelo clima (temperatura; ventos, chuvas, umidade) e pelos organismos vivos (o homem; os animais; e os vegetais). Inevitavelmente, a degradação desses elementos influenciam o que o mesmo autor define enquanto elementos básicos da paisagem, compostos pela topografia (relevo e morfologia do terreno), pela vegetação (original ou plantada), pelo clima (as situações atmosféricas perceptíveis) e pelo habitat (efeitos da ação do homem e condições de habitabilidade do mundo biótico), que normalmente, compõem os atrativos turísticos de determinada localidade. Na tentativa de esclarecer alguns pontos, este autor (Ibid.) chama a atenção para o significado de atrativo turístico, que é entendido enquanto matéria-prima para o turismo, ou seja, sem o atrativo não há como atrair seus visitantes. O mesmo autor, classifica os atrativos turísticos e chama a atenção que apenas uma das classificações propostas está relacionada a natureza, a dos sítios naturais, pois as demais classificações estão relacionadas as áreas de cultura (material e imaterial), de eventos e a realizações técnicas e científicas. Nesse sentido, a visita do turista a um meio ambiente natural é em grande parte influenciada pelo atrativo natural, com a finalidade de apreciar e contemplar a natureza. Para tanto, Serrano (2000a) salienta que uma das motivações e ou expectativas do turista em relação às viagens a natureza, é o consumo de imagens produzidas tanto pela mídia, pela memória ou por meio das relações pessoais. Cruz (2002) corrobora quando salienta que o turismo enquanto prática social é a única que consome o espaço e isto se dá pela apropriação do espaço pelas formas de consumo turístico (os serviços relacionados à área). Na realidade, esse consumo, principalmente, relacionado ao turismo na natureza ou ecoturismo ocorre como salientado logo acima sobre os elementos da paisagem que são constantemente relacionados ao espaço natural e que na visão de Pires (1996) constitui o principal apelo de atratividade de um destino. A paisagem, então, constitui um dos mais importantes elementos da atratividade turística, sendo que Yázigi (1998, p. 74) a considera como uma porção visível do espaço e, por isso, é constantemente refeita de acordo com os padrões locais de produção, da sociedade, da cultura, com os fatores geográficos e tem importante papel no direcionamento turístico. Não se trata de dizer que ela seja a única forma de atração, mas que pesa muito no contexto de outros fatores (meios de hospedagem, bons preços etc.). 35 A partir disso, Boullón (2002) coloca que sob o enfoque visual é possível distinguir as paisagens naturais, culturais e urbanas 5 , sendo que para Petroni e Kenigsberg (1968 apud BOULLÓN, 2002, p. 118) a paisagem natural é considerada “conjunto de caracteres físicos de um lugar que não foi modificado pelo homem”. É pela paisagem que se dá o primeiro contato do turista com a natureza, e por isso esta representa o centro da atratividade do local turístico ou ecoturístico. Mas, Luchiari (1998 apud CRUZ, 2002, p. 110) salienta que as paisagens turísticas “[...] só existem em relação a sociedade. Elas não existem a priori, como um dado da natureza [...] é a ação social que dá sentido às paisagens, não ao contrário”. Nesse sentido, Boullón (2002, p. 119) por acreditar que há um inter-relação entre os tipos de paisagem, propõe a classificação, conforme a figura 4, e esclarece que a existência desses tipos de paisagem depende da observação atenta de uma pessoa, ou seja, sem a presença humana a paisagem desaparece, pois a “[...] paisagem se vai com o observador porque não passa de uma idéia da realidade que este elabora quando interpreta esteticamente o que está vendo”. Ao entender as paisagens como reflexos dos espaços, toda transformação no espaço representa simultaneamente alguma transformação na paisagem, senão em sua fisionomia, certamente em seus significados (CRUZ, 2002). Desse modo, as paisagens e os espaços revelam uma dinamicidade intrínseca, ambos portanto, construídos socialmente tanto em função de sua dinâmica própria / natural quanto em decorrência das transformações ocasionadas pelos ‘homens’. Figura 4: Tipos de paisagem Fonte: Boullón (2002, p. 119) 5 Para Petroni e Kenigsberg (1968 apud BOULLÓN, 2002, p. 118) a paisagem cultural é considerada uma “paisagem modificada pela presença e atividade do homem (lavouras, diques, cidades etc.)” e a paisagem urbana são “conjuntos de elementos plásticos naturais e artificiais que compõem a cidade: colinas, rios, edifícios, ruas, praças, árvores, focos de luz, anúncios, semáfaros etc.” 36 Desse modo, o meio ambiente natural, assim como, os elementos que o compõem passam a ser considerados como ‘atrativos turísticos’ a partir do momento em que a sociedade expressa valor e interesse pelo mesmo e a escolha de um determinado espaço para prática do ecoturismo é feita por meio do reconhecimento da qualidade paisagística do meio ambiente natural. Contudo, como salienta Boullón (2002), não é possível definir com exatidão a qualidade de uma paisagem, pois trata-se de uma avaliação subjetiva, efetuada involuntariamante no pensamento individual, variando de cultura para cultura, de indivíduo para indivíduo. A veiculação dessa imagem percebida (paisagem), normalmente, está inserida em um contexto de reforço do modismo turístico que exalta os espaços naturais e os qualifica como prioritários à manutenção da qualidade de vida. Cruz (2002, p. 110) corrobora salientando que “[...] para o turismo, é o valor estético da paisagem que está em pauta, e a estética da paisagem turística é aquela ditada pelos padrões culturais de uma época. Hoje, essa estética tem uma estreita relação com modismos e com cultura de massa”. Por isso, ao visitar uma paisagem natural, o turista engana-se, pensando realizar ecoturismo, termo tão em moda ultimamente e dentro das principais mídias de divulgação. Em razão desse modismo estabelecido pela própria sociedade, as viagens à natureza estão sendo chamadas de ecoturismo, constituindo atividades nem sempre comprometidas com questões socioambientais. Esse posicionamento sugere, então, que a motivação e ou expectativa do ecoturista está baseada principalmente na fuga do cotidiano, do ambiente urbano, em busca de qualidade, da rusticidade, da simplicidade (ao contrário de precariedade), de diferenças culturais e ambientais, de atividades lúdicas, do risco calculado, das relações humanas, do aprendizado e do consumo de imagens, proporcionados pela qualidade visual da paisagem natural e pelas avaliações subjetivas realizadas pelo turista (SERRANO, 2000b). 2.4 Concepções sobre o ecoturismo O ecoturismo caracteriza-se por viagens realizadas em meio à natureza, ou também chamada, de meio ambiente natural, utilizando-se predominantemente dos recursos naturais como forma de atração turística, o que se constitui como matéria-prima para o desenvolvimento do ecoturismo. 37 Trata-se de um movimento turístico recente, que tem obtido relevância tanto econômica, social, cultural quanto ambiental. Serrano (2000b) relembra que mesmo antes das definições dos termos e da comercialização de atividades relacionadas ao ecoturismo, as viagens à natureza já se destacavam, como é o caso do montanhismo nos Alpes (séc. XVIII) e dos parques nacionais norte-americanos (Yellowstone em 1872 e Yosemite em 1896), assim como, Western (2002) completa destacando a procura pelos safáris de caça (no início do séc. XX) e pelos safáris fotográficos, ambos na África (a partir da metade do séc. XX). A natureza enquanto produção social e natural comporta a idéia do homem e sua espécie como obra da própria natureza (CARVALHO, 1991). Cascino (1998, p. 09) salienta que “[...] as pessoas estão ávidas pelo novo, inédito, alternativo e, por isso, buscam reaproximar-se da natureza, já que ela é fonte e razão inesgotável do novo e espaço de recriação”. Nesse sentido, Pires (2002, p. 29) completa dizendo que “a curiosidade e o sentimento de nostalgia em relação a regiões longínquas sempre estiveram entre as necessidades básicas e imediatas do ser humano”, Essa busca do cenário natural para a realização de atividades relacionadas ao lazer e ou turismo sempre esteve no subconsciente humano, representando o que Rodrigues (2003) denomina como o mito do eterno retorno caracterizado como sendo um reencontro do paraíso perdido. De acordo com os estudos produzidos por Ziffer (1989 apud BARROS II; LA PENHA, 1994) e pela The International Ecotourism Society (2000 apud MASTNY, 2002) verifica-se um índice de crescimento do ecoturismo superior a outros segmentos do turismo, estimado então, com um crescimento médio de 20% a 30% ao ano. Em complemento, a OMT (1998 apud MASTNY, 2002, p. 131) prevê como tendência que os destinos mais procurados para práticas turísticas serão “[...] os cumes das montanhas mais altas, as profundezas dos oceanos e os confins da Terra”. Essa crescente intensificação pela busca de destinos naturais para práticas turísticas, no caso brasileiro, pode ser justificada pelo fato de reunir cerca de 70% de todas das espécies animais e vegetais do planeta distribuídas em seus biomas e ecossistemas, sendo por isso, considerado um país megabiodiverso (IBAMA, 2006a). No intuito de se apresentar apenas uma breve característica de um dos componentes do objeto de estudo 6 dessa pesquisa, salienta-se que o bioma Mata Atlântica localiza-se ao longo da faixa litorânea do Brasil, estendendo-se praticamente do Rio Grande no Norte ao Rio Grande do Sul, tendo uma pequena porção de seus remanescentes, cerca de 2%, encontrados sobretudo em áreas naturais protegidas (IBAMA, 2006a; SOS MATA ATLÂNTICA, 2006). 38 As áreas naturais protegidas, com dimensões e limites definidos, também conhecidas como unidades de conservação, de proteção integral ou de uso sustentável, são definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) como sendo o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Essas áreas podem ser consideradas privilegiadas para o desenvolvimento do ecoturismo, pois mantém grande parte da biodiversidade conservada. Ceballos-Lascuráin (2002, p. 26) corrobora quando cita que as áreas naturais, em particular as protegidas legalmente, sua paisagem, fauna e flora – juntamente com os elementos culturais existentes – constituem grandes atrações, tanto para os habitantes dos países aos quais as áreas pertencem como para turistas de todo o mundo. Por esse motivo, as organizações para a conservação reconhecem a enorme relevância do turismo e estão cientes dos inúmeros danos que um turismo mal-administrado ou sem controle pode provocar no patrimônio natural e cultural do planeta. Para tanto, as atividades turísticas na natureza, assim como, as ecoturísticas são vistas, principalmente, como alternativas para o desenvolvimento econômico das localidades, e em contrapartida, como uma efetiva ferramenta para a conservação da natureza por proporcionar receitas advindas das taxas pagas pelos turistas. Pressupõe-se que o ecoturismo proporcione a conservação da natureza também por outros meios, mas cabe aqui ressaltar que a conservação da natureza pode ser entendida, segundo a IUCN (1984) como [...] a gestão da utilização da biosfera pelo ser humano, de tal sorte que produza o maior benefício sustentado para as gerações atuais, mas que mantenha sua potencialidade para satisfazer às necessidades e às aspirações das gerações futuras. Portanto, a conservação é positiva e compreende a preservação, a manutenção, a utilização sustentada, a restauração e a melhoria do meio ambiente natural. Observa-se assim, que a definição de conservação da natureza tem uma relação intrínseca com a de desenvolvimento sustentável, vista anteriormente. Já em caráter nacional, o SNUC (BRASIL, 2000) incorpora a definição de conservação da natureza da IUCN e a diferencia do processo de preservação da natureza, pois este utiliza-se de um “conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats 6 Essa temática será melhor delimitada no capítulo ‘O Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC)’. 39 e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais”. Em relação ao ecoturismo, Serrano (2000b) salienta ser uma prática sustentável em um contexto insustentável (o da lógica capitalista, conforme visto anteriormente), sendo assim, Serrano e Luchiari (2005) corroboram quando citam que os espaços que devem ser preservados e mantidos longe dessa lógica capitalista, são considerados como potenciais atrativos das regiões, exatamente, por valorizarem o patrimônio ambiental. Enquanto segmento turístico, o ecoturismo representa um segmento derivado do turismo na natureza, conforme demonstrado na figura 5, que caracteriza-se por viagens que colocavam os turistas em contato com os atrativos naturais com a intenção de diferenciar-se do turismo convencional massificado, produzido em larga escala, ávido por lucros elevados e indiferente a deterioração ambiental (PIRES, 2002). Figura 5: O ecoturismo como um segmento do mercado turístico Fonte: Strasdas (2000 apud WOOD, 2002, p. 11, tradução nossa) O turismo na natureza ocupa espaço na expressão ‘turismo alternativo’, que segundo Pires (2002, p. 111) pode ser entendida como uma expressão “[...] impregnada de anseios e ideais de mudanças e inovação do turismo convencional de massas, ou ainda como estandarte dos movimentos e ações pioneiras nesse sentido [...]” e como “[...] chave designativa de um turismo diferenciado em relação ao convencional ou tradicional [...]”. Desse modo, o ecoturismo enquanto segmento de mercado turístico poderia ser adaptado a partir da concepção do turismo alternativo, conforme mostra a figura 6. 40 Figura 6: O mercado alternativo de turismo Fonte: Adaptado a partir de Strasdas (2001 apud WOOD, 2002, p. 11) A partir disso, Pires (2002, p. 139, grifos do autor) afirma que se tem uma variedade de tipos alternativos de turismo que evidenciam alternativas turísticas ao turismo convencional, como turismo participativo, turismo responsável, turismo suave/brando, turismo ambiental, turismo sustentável, turismo ecológico, turismo baseado na natureza, ecoturismo e turismo rural. Desse modo, salienta que o ecoturismo [...] surge e se impõe como uma ‘rotulação’ ampla e indiscriminadamente utilizada para representar um conjunto variado e não bem definido de atividades e atitudes no campo das viagens turísticas, que se posicionam na interface turismo-ambiente, este último compreendo especialmente ambientes naturais pouco alterados e culturas autóctones presentes em seu entorno. Serrano (2000b, p. 208, grifo do autor) detecta uma pluralidade de termos e conceitos tratados sobre o turismo em áreas naturais, o que sugere que o ecoturismo seja [...] uma idéia ‘guarda-chuva’, pois envolve uma multiplicidade de atividades como trekking, hiking, escaladas, rappel, espeleologia, mountain biking, cavalgadas, mergulho, rafting, floating, cayaking, vela, vôo livre, paragliding, balonismo, estudos do meio, safári fotográfico, observação de fauna e flora, pesca (catchrelease), turismo esotérico e turismo rural [...]. Diante dessa diversidade de termos e de atividades que o ecoturismo concentra, Fennell e Eagles (1990 apud FENNELL, 2002) elaboraram um espectro da atividade turística, conforme mostra a figura 7, com a intenção de estabelecer diferenças potenciais entre as atividades desenvolvidas em meio a natureza, tais como viagem de aventura, ecoturismo e turismo de massa. 41 Figura 7: Espectro da atividade turística Fonte: Fennell e Eagles (1990 apud FENNELL, 2002, p. 62) Nesse caso, Fennell (1999, p. 61) sugere que “[...] a preparação e o treinamento, os resultados e riscos conhecidos/desconhecidos, a certeza e a segurança são variáveis que podem ser usadas para diferenciar essas formas de turismo”, assim como, esses “[...] três tipos de atividades não são mutuamente excludentes; o ecoturismo pode compartilhar alguns elementos das outras duas experiências e permanecer distinto do turismo de massa e do turismo de aventura”. A partir disso, Ramos (2005) adaptou e completou esse espectro, conforme mostra a figura 8, estabelecendo as distinções entre o turismo na natureza 7 , o ecoturismo 8 e o turismo de aventura 9 , e ressaltou que para a identificação e a classificação de qualquer uma das atividades supracitadas é necessário analisá-las de acordo com o contexto em que determinadas atividades estão inseridas. Esses contextos estão relacionados tanto ao planejamento quanto a logística operacional da viagem ou de determinada atividade. Além desses contextos, Ramos (2005, p. 475) explicita que “quanto menos intensa no sentido de esforço e mais educativa no sentido de interpretação do ambiente visitado, mais próxima a atividade estará do ecoturismo”, bem como, “[...] quanto mais imersiva, incerta, de risco e com o componente de ‘adrenalina’, mais próxima essa atividade estará dos elementos que definem a aventura”. Também destaca que “[...] quanto menor a logística somada à menor habilidade específica requerida e menor a necessidade de segurança da atividade, mais próxima estará do turismo na natureza, em que os clientes terão baixo compromisso com as atividades e as questões ambientais”. 7 Para uma maior compreensão dessa temática sugere-se a obra de MCKERCHER, Bob. Turismo de natureza: planejamento e sustentabilidade. São Paulo: Contexto, 2002. 8 Para uma maior compreensão dessa temática sugere-se a obra de PIRES, Paulo dos Santos. As dimensões do ecoturismo. São Paulo: Editora SENAC, 2002. 9 Para uma maior compreensão dessa temática sugere-se a obra de SWARBROOKE, John et al. Turismo de aventura: conceitos e estudos de caso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 42 Para finalizar, o autor (Ibid.) evidencia que ao observar-se o espectro da direita para a esquerda evolui-se no desenvolvimento da educação ambiental, o que aproximará a atividade do ecoturismo, assim como, será mais elevado o risco e as habilidades específicas e, juntamente com a incerteza, aproximará a atividade do turismo de aventura. Lembrando que essas classificações podem e devem ser observadas de forma não excludente. Figura 8 – A velha-nova concepção – mercado mutante Fonte: Ramos (2005, p. 475) Apesar dessa diversidade de atividades e dessas variações de termos cabe ressaltar, conforme Serrano (2000b, p. 209) evidencia, que o ecoturismo enquanto prática alternativa de turismo, surge “[...] no contexto das transformações mais gerais da sociedade ocidental que tem sido identificadas como a passagem da modernidade à pós-modernidade”, o que revela um contexto sócio cultural que diferencia as viagens à natureza do ecoturismo, enquanto um desdobramento do ambientalismo e um segmento de mercado. Em complemento Pires (2002) cita que o ecoturismo passa a ser idealizado como sustentável com base em princípios ambientalistas, sendo fomentador de práticas de cunho ambientalista. Portanto, a partir dos referenciais expostos tem-se a intrínseca relação e uma não consensual delimitação que varia de caso para caso, de tipologias de atividades e de seus conteúdos entre o turismo de natureza, o ecoturismo e o turismo de aventura. Constatando-se assim, a interface turismo-ambiente evidenciada por Pires e a idéia guarda-chuva de Serrano, 43 o que sugere que os ambientes e as atividades relacionadas a natureza ou a aventura configuram, possivelmente, as características relacionadas a um contexto de ecoturismo. Para tanto, com o intuito de estabelecer uma melhor compreensão acerca da temática de ecoturismo será realizado uma breve apresentação de suas referências conceituais, assim cabe salientar que o mesmo começou a ser conceituado10 por Ceballos-Lascuráin (1987 apud PIRES, 1998, p. 79) como uma [...] viagem a áreas naturais que se encontram relativamente sem distúrbios ou contaminação com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar a paisagem juntamente com suas plantas e animais silvestres, assim como qualquer manifestação cultural (passada ou presente) que ocorra nestas áreas. Esse mesmo autor aperfeiçoou tal conceito afirmando que o ecoturismo é uma forma de ecodesenvolvimento que representa um meio prático e efetivo de atrair melhorias sociais e econômicas para todos os países, e é um poderoso instrumento para a conservação das heranças naturais e culturais pelo mundo (1991 apud PIRES, 1998, p. 79). A partir desses conceitos já tem-se a possibilidade de identificar algumas características que compõe o ecoturismo mas, na intenção de realizar uma abordagem mais ampla, Fennell (2002, p. 52-53) também corrobora definindo ecoturismo como [...] uma forma sustentável de turismo baseado nos recursos naturais, que focaliza principalmente a experiência e o aprendizado sobre a natureza; é gerido eticamente para manter um baixo impacto, é não predatório e localmente orientado (controle, benefícios e escala). Ocorre tipicamente em áreas naturais, e deve contribuir para a conservação ou preservação destas. Wood (2002, p. 07, 10, tradução nossa) caracteriza o ecoturismo como “[...] um crescente nicho de mercado no maior setor de viagens, com o potencial de ser uma importante ferramenta no desenvolvimento sustentável”. Além disso, define o ecoturismo por meio de seus resultados para o desenvolvimento sustentável, que são a “conservação de áreas naturais, a educação dos visitantes sobre a sustentabilidade e o benefício da população local” e, conclui, ao evidenciar que o ecoturismo apresenta como componentes 10 A contribuição para a conservação da biodiversidade; A manutenção do bem estar da população local; Segundo o próprio Ceballos-Lascuráin o termo ecoturismo seria uma forma mais simples de se dizer turismo ecológico, significando que os termos são sinônimos (depoimento cedido em setembro de 1996 em Florianópolis/SC a Paulo dos Santos Pires (2002). 44 A inclusão de uma interpretação / conhecimento pela experiência; O envolvimento de ações responsáveis pela parte dos turistas e pelo setor turístico; O desenvolvimento, principalmente, por pequenas empresas com pequenos grupos; A requisição de baixa possibilidade de consumo de recursos não renováveis; A ênfase na participação local, posse e oportunidade de negócios, particularmente para a população rural. A Sociedade Internacional de Ecoturismo – TIES (2004, tradução nossa) define ecoturismo como uma “viagem responsável para áreas naturais que conserva o ambiente e promove o bem-estar da população local” e, além disso, deve seguir os seguintes princípios Minimizar impactos; Construir a consciência e o respeito ambiental e cultural; Proporcionar experiência positiva para visitantes e anfitriões; Proporcionar benefícios financeiros diretos para a conservação; Proporcionar benefícios financeiros e empregabilidade para a população local; Elevar a sensibilidade dos países anfitriões para a situação política, ambiental e social; Apoiar internacionalmente os direitos humanos e os contratos de trabalho. Já no Brasil, as discussões oficiais e governamentais sobre ecoturismo são iniciadas em 1985, mas é em 1987 que é criado o Projeto de Turismo Ecológico com o objetivo de ordenar e compreender o segmento e as atividades do mesmo. Somente em 1994, após estudos e análises de um Grupo de Trabalho Interministerial (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo e o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), foi produzido o documento intitulado ‘Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo’ (BARROS II; LA PENHA, 1994, p. 10) que pretendia [...] nortear o desenvolvimento regional do ecoturismo e servir de base para uma Política Nacional de Ecoturismo, que assegure À comunidade: melhores condições de vida e reais benefícios; Ao meio ambiente: uma poderosa ferramenta que valorize os recursos naturais; À nação: uma fonte de riqueza, divisas e geração de empregos; Ao mundo: a oportunidade de conhecer e utilizar o patrimônio natural dos ecossistemas onde convergem a economia e a ecologia, para o conhecimento e uso das gerações futuras. Esse mesmo grupo, por meio do mesmo documento definiu ecoturismo como [...] um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bemestar das populações envolvidas (Ibid., p. 19). 45 Essa definição é utilizada praticamente por todos os setores do turismo nacional e será utilizada também nessa pesquisa, como definição e conceito base, por entender-se que a mesma sintetiza os princípios, os valores e as características desse tipo de viagem. Mas, cabe também ressaltar, que Mowforth (1993 apud PIRES, 2002, p. 158), infere que para uma atividade ser considerada ecoturismo é necessário atentar-se a alguns critérios como a sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica; aspecto educativo; a participação da comunidade local. Assim como, Wearing e Neil (2001) evidenciam enquanto elementos fundamentais para o ecoturismo a determinação que as áreas sejam naturais, relativamente tranqüilas ou protegidas, que esteja baseado na natureza, que induza a conservação e que tenha um papel educativo. A partir das exposições clarificam-se algumas das características, dos componentes e dos princípios que estão compreendidos no termo e na atividade de ecoturismo, podendo ser sintetizados como a sustentabilidade, a educação, o envolvimento com a comunidade local e o apoio à conservação ambiental. Mas, apesar dos conceitos abarcarem os princípios para o desenvolvimento sustentável do ecoturismo, é notável como em outras atividades humanas realizadas em ambientes naturais, a geração dos impactos, principalmente, os negativos dessa atividade. Apesar de todas as relações inerentes ao ecoturismo e mesmo não sendo uma temática tão bem delimitada, tenta-se compreendê-lo por meio de seus princípios e por meio de algumas de suas características, diferenciando-se assim, dos demais tipos de turismo realizados na natureza. Serrano (2000b) entre outros autores, como por exemplo Soldatelli (2005) e Pires (2006), reconhece que o ecoturismo produz impactos com diversas características e por vezes em sentidos contraditórios, e que para cada impacto positivo identifica-se um negativo, conforme apresentado no quadro 1. IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS Geração de emprego, renda e estímulo ao Aumento do custo de vida, supervalorização dos desenvolvimento econômico em vários níveis bens imobiliários e conseqüente perda da (local, regional, estadual, nacional); propriedade de terras, habitações e meios de produção por parte das populações locais; Substituição de ocupações tradicionais por subempregos; Geração de fluxos migratórios para áreas de concentração turística; 46 Estímulo à comercialização de produtos locais de Incremento do consumo de recursos naturais, qualidade; podendo levar ao seu esgotamento; Estímulo ao consumo de suvenires produzidos a partir de elementos naturais raros; Fixação das populações locais graças à geração de Adensamentos urbanos não planejados e emprego e renda; favelização; Possibilidade de melhoria de equipamentos Aumento do consumo de combustíveis para os urbanos e de infra-estrutura (viária, sanitária, deslocamentos; Poluição do ar, visual e dos médica, de abastecimento e de comunicações); recursos hídricos; Aumento da produção de lixo e detritos nas localidades receptoras; Ampliação dos investimentos voltados à proteção Alteração de ecossistemas naturais devido à de áreas naturais e bens culturais; introdução de espécies exóticas de animais e plantas; Sensibilização de turistas e populações locais para a proteção do ambiente, do patrimônio histórico e de valores culturais; Melhoria do nível sociocultural das populações Perda de valores tradicionais em conseqüência da locais; e homogeneização das culturas; Intercâmbio de idéias, costumes e estilos de vida. Perda de valores tradicionais em conseqüência da homogeneização das culturas; Quadro 1 – Possibilidades de impactos positivos e negativos do ecoturismo em áreas naturais Fonte: Elaborado pelo autor com base em Serrano (2000b, p. 216-217) Em uma breve análise sobre o evidenciado por Serrano (2000b) observa-se que a partir de cada impacto negativo proporcionado no ambiente é que podem surgir outros impactos positivos, que são tidos como a solução para o problema dos impactos negativos. Percebe-se também, que contraditoriamente à idéia apresentada, alguns impactos positivos não geram outros negativos como no caso da sensibilização de turistas e populações locais quanto a proteção do meio ambiente, onde vê-se que o mesmo pode ser tido como solução aos impactos negativos. O mesmo caso pode ser evidenciado quando a autora trabalha com os impactos positivos e negativos ocasionados em unidades de conservação, conforme apresentado no quadro 2. IMPACTOS POSITIVOS Sustentação econômica da unidade de conservação; Integração da unidade de conservação com as populações locais; Circulação de informações sobre o meio ambiente; Aumento da oferta de atividades de lazer e recreação; IMPACTOS NEGATIVOS Necessidade de “sacrifício” instalação de infra-estrutura; de áreas para Pisoteamento, compactação, erosão e abertura de atalhos em trilhas; Depredação da infra-estrutura e de atrativos e elementos naturais; Estresse e desaparecimento da fauna em razão da presença humana; Aumento e/ou deposição inadequada do lixo; Aumento do risco de incêndios; Necessidade 47 de “sacrifício” de áreas para instalação de infraestrutura; Ampliação da capacidade de fiscalização; Controle sobre grupos organizados; e Divulgação da unidade de conservação Pisoteamento, compactação, erosão e abertura de atalhos em trilhas; Depredação da infra-estrutura e de atrativos e elementos naturais; Estresse e desaparecimento da fauna em razão da presença humana; Aumento e/ou deposição inadequada do lixo; Aumento do risco de incêndios; Quadro 2 - Possibilidades de impactos positivos e negativos do ecoturismo em unidades de conservação Fonte: Elaborado pelo autor com base em Serrano (2000b, p. 217-218) O que se tem dito sobre a atividade ecoturística, conforme relembra Wood (2002, tradução nossa), é que muitas viagens e outros negócios turísticos têm sido convencionalmente utilizados com o termo ‘ecoturismo’ na literatura e alguns governos tem promovido destinações sem tentar implementar os princípios básicos do ecoturismo, como apresentado anteriormente. Nesse mesmo sentido, o governo brasileiro por meio do documento ‘Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo’ evidenciou que a atividade desenvolvida no Brasil, ainda está desordenada e tem sido impulsionada por oportunidades mercadológicas, o que não ocasiona benefícios sócio-econômicos e ambientais, comprometendo o conceito e a qualidade do produto ecoturístico (BARROS II, LA PENHA, 1994). Desse modo, esse documento (BARROS II; LA PENHA, 1994, p. 21) estabelece ações com suas devidas estratégias de execução, para que atenda aos seguintes objetivos básicos propostos compatibilizar as atividades de ecoturismo com a conservação de áreas naturais; fortalecer a cooperação interinstitucional; possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no setor; promover e estimular a capacitação de recursos humanos para o ecoturismo; promover, incentivar e estimular a criação e melhoria da infra-estrutura para a atividade de ecoturismo; promover o aproveitamento do ecoturismo como veículo de educação ambiental. De acordo esses objetivos, observa-se que o último item está relacionado ao aproveitamento do ecoturismo como veículo da educação ambiental, ou subjetivamente entendido como a utilização da educação ambiental como ferramenta de desenvolvimento do ecoturismo. Isso se dá, pois entende-se que o grupo interministerial identificou os problemas 48 do desenvolvimento do ecoturismo, conforme mostra o anexo A, onde evidenciou-se a partir da premissa de que essa atividade está desorganizada e desarticulada, a problemática do comportamento inadequado do turista, o que tem causado inúmeros outros impactos negativos. Dentre as ações e estratégias propostas pelo documento (conforme mostra o anexo B) para a solução dos problemas identificados, está a ação nº08 nomeada de ‘Conscientização e informação ao turista’ (anexo C), que tem por objetivo “divulgar aos turistas atividades inerentes ao produto ecoturístico e orientar a conduta adequada nas áreas visitadas” (BARROS II; LA PENHA, 1994, p. 30). O desenvolvimento dessa ação, de modo geral, passaria a informar melhor o turista sobre os produtos e ou destinos relacionados ao ecoturismo, assim como, orientá-los sobre as condutas, os comportamentos e os hábitos e atitudes ambientais em pról da conservação dos ambientes visitados, tentando-se minimizar os impactos nocivos causados. Essa ação ao se referir especificamente a educação ambiental, propõe a estratégia de “apoiar programas de educação ambiental formal, em todos os níveis, de maneira interdisciplinar” (Ibid., p. 30). Porém, ressalta-se que o ecoturismo é desenvolvido e realizado em áreas supostamente naturais, que compreendem espaços diferenciados dos espaços da educação ambiental formal (escola). Nesse caso, é necessário desenvolver-se a educação ambiental nos espaços destinados ao desenvolvimento das atividades de ecoturismo, ao ar livre, constatando-se um educação ambiental não formal (melhor delimitada adiante). Diante do exposto, acredita-se que essa ação governamental está dissociada das definições e dos conceitos de ecoturismo em relação ao desenvolvimento da educação ambiental na atividade. Com isso, questiona-se a efetiva aplicação da educação ambiental no ecoturismo, afinal, se uma prática genuinamente ecoturística necessita do desenvolvimento de seu componente educacional, como é possível constatar seu desenvolvimento por meio da política que norteia a atividade no país? Acredita-se também que uma forma de potencializar a sustentabilidade na atividade ecoturística é recorrer a educação ambiental apesar desta prática ser vislumbrada ainda como uma questão bastante ideológica e conceitual, ao invés de ser incorporada como um instrumento à ação do planejamento ecoturístico sendo capaz de elucidar valores e atitudes comportamentais, comprometidas efetivamente com a conservação do meio ambiente natural. Na tentativa de descortinar a visão parcial e lacunar que existe no mercado ecoturístico, Ruschmann (1995) relatou por meio de um estudo algumas das características do perfil dos clientes e das agências e operadoras de ecoturismo em nível nacional. Após um 49 intervalo de sete anos, Ruschmann (2002) analisou e avaliou novamente as características do mercado ecoturístico evidenciando uma pequena melhora na definição desse mercado, o que possibilitou identificar um mercado um pouco mais sério, competitivo e profissionalizado, possuindo turistas mais condizentes da importância da conservação ambiental e cultural 11 . Atualmente, ainda pode-se afirmar que as dimensões do mercado ecoturístico ainda são pouco conhecidas e pouco delimitadas. Apesar dessa falta de delimitação e compreensão do mercado ecoturístico, Pires (1998) afirma que uma experiência verdadeiramente ecoturística além de necessitar do meio ambiente natural como cenário, dos atrativos naturais e também culturais, depende do comprometimento com o manejo, com a conservação e com a sustentabilidade dos espaços promovidos por meio da efetiva participação de comunidades locais e da difusão de uma consciência ecológica proporcionada pela educação ambiental. Nesse sentido, Ruschmann (2002, p. 133) corrobora enfatizando que ainda se busca um verdadeiro turismo ecológico, entendido por ela como “[...] aquele que permite a apreciação e o estudo da natureza e suas singularidades, sem comprometer a originalidade e autenticidade dos meios visitados”. Para tanto, acredita-se que a evidência das relações supracitadas em uma atividade ou mesmo em um destino de ecoturismo só possa ser alcançada por meio de ações e estratégias devidamente vinculadas ao um processo de planejamento da atividade, mas contudo, também é necessário estimular ações governamentais a fim de direcionar políticas públicas para seu desenvolvimento. Assim, Salvatti (2003, p. 34) entende o planejamento “[...] como a definição de estratégias e meios para sair de uma situação atual visando alcançar uma situação futura desejada”. A partir disso, acredita-se que tratar do planejamento do ecoturismo, é incorporar a essa idéia os componentes de sustentabilidade, de educação ambiental e o envolvimento comunitário, para que possa-se sair da realidade de uma atividade impactante e de uma degradação ambiental para tornar-se, possivelmente, uma atividade e ou destino específico de ecoturismo, ou mesmo nas interfaces com o meio natural e com uma gama variada de atividades relacionadas aos esportes. Salvatti (2003, p. 34; 47) também coloca que o planejamento é “[...] um processo dinâmico e contínuo de definição de objetivos, metas e ações de forma integrada entre os diversos agentes sociais de interesse”. Completa ainda que o planejamento do ecoturismo “[...] deve ser apoiado em atividades que resultem no conhecimento das necessidades e 11 Para uma visão mais detida sobre o estudo ver Ruschmann (1995; 2002). 50 expectativas dos atores sociais, do efetivo potencial ecoturístico em termos atrativos, financeiros e de mercado e dos benefícios para a conservação e para as comunidades locais”. Assim, sugere-se uma reflexão sobre as possíveis condições de que se o ecoturismo é apropriado ao local, das potenciais e efetivas vantagens para a conservação da natureza e também das necessidades e das expectativas dos atores sociais envolvidos. Desse modo, tenta-se reunir essas reflexões, conforme mostra a figura 9, no estabelecimento de um diálogo exatamente entre os envolvidos no processo planejamento do ecoturismo. Segundo Salvatti (2003), isso possibilitará as definições das etapas desse processo, mostradas conforme a figura 10. Sucintamente, a primeira etapa – análise da situação – compreende o conhecimento da realidade e deve ser enfocada de modo a integrar os âmbitos políticos, sociais, econômicos e ambientais (o que pode ser comparado com uma análise sobre os critérios da sustentabilidade). Figura 9 – Identificando as diferentes necessidades e interesses Fonte: Salvatti (2003, p. 50) Tendo-se a realidade em mãos é possível determinar os objetivos e as metas a serem alcançadas, bem como, o tempo necessário para isso. Posteriormente, decide-se as maneiras que serão adotadas para o alcance dos objetivos propostos, podendo estar pautada por ações, planos e programas. Por fim, deve-se avaliar o todo proposto e executado com a intenção de evidenciar os aspectos positivos e negativos de cada etapa, bem como, de verificar os 51 resultados efetivamente alcançados e os que ainda estão por vir. Nesse momento, também é possível refletir e repensar sobre os objetivos, as ações e sobre todo o processo de planejamento no intuito de se replanejar esse processo (Ibid.). Figura 10 – Quatro passos no processo de planejamento do ecoturismo Fonte: Salvatti (2003, p. 46) Diante dessa caracterização de um suposto processo de planejamento do ecoturismo, cabe salientar que o governo federal, juntamente com outras instituições, identificou em 2001 os conjuntos de unidades territoriais com recursos naturais e culturais de significativa expressão e potencial para a elaboração de produtos ecoturísticos qualificados, o qual denominou de Projeto Pólos de Desenvolvimento do Ecoturismo no Brasil (MAGALHÃES, 2001a). O programa tinha por objetivo [...] identificar as localidades brasileiras onde a prática do ecoturismo já vinha ocorrendo com algum sucesso e fazer um levantamento das características, das potencialidades e das condições de infra-estrutura nos locais onde o ecoturismo se apresentava como uma nova alternativa de desenvolvimento (MAGALHÃES, 2001b, p. 65). Essa identificação promoveria condições para que o país alcançasse, por intermédio de planejamento e ações conscientes, a condição de um dos principais destinos de ecoturismo do mundo (MELLES, 2001). 52 O Projeto Pólos de Ecoturismo do Brasil compreende os pólos como as “[...] áreas onde as atividades ecoturísticas já vêm sendo desenvolvidas com sucesso, sendo promovidas por um número variável de agentes, ou locais com condições naturais especiais mas poucas atividades devido à falta de infra-estrutura e de organização” (MAGALHÃES, 2001a, p. 68). O Projeto esclarece ainda que para ser considerado como pólo é necessária a existência de um pacto de interesse e intenções que resulte em um modelo de gestão específica para estas localidades e na oferta de determinados produtos a um público que, passando a aceitá-los, estabelecerá a prática do ecoturismo no território em questão (Ibid., p. 68-69). A realização do Projeto Pólos de Ecoturismo iniciou-se em 1997, quando a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e o IEB (Instituto de Ecoturismo do Brasil) estabeleceram parceria e definiram uma equipe multidisciplinar para atuar e identificar os pólos nas regiões brasileiras. No intuito de desenvolver um programa que pudesse contribuir para a formação de uma rede sistêmica do ecoturismo; facilitar a interação dos agentes públicos e privados que atuam no setor; estimular novos negócios; promover a capacitação de recursos humanos; e difundir conhecimentos que possibilitem a conscientização ambiental, organizou-se as fases de desenvolvimento do programa (Ibid.). Na primeira fase, caracterizada como conceituação, vislumbrou-se o cenário dos possíveis pólos e das possíveis atividades de ecoturismo desenvolvidas. Também identificouse as unidades de conservação existentes em cada um dos pólos, bem como, efetivou-se contato com as autoridades locais, com isso, elaborou-se e definiu-se o roteiro de visitas para a fase seguinte, o levantamento (Ibid.). Na fase de levantamento, coletou-se dados referentes aos aspectos, ambientais, sócioeconômicos, infra-estruturais, turísticos, legais e políticos. Com o processamento desses dados, iniciou-se a terceira fase e elaborou-se um diagnóstico sobre a situação dos locais pesquisados (Ibid.). Dessa situação, resultou-se a fase das proposições que de modo geral recomendou aos estados e municípios a - implementação de uma política de desenvolvimento sustentado que seja norteada pela e para o ecoturismo; - instalação de Comitês em cada pólo para a gestão dessa política; 53 - atuação nos principais desafios apontados pelos estudos de campo e diagnósticos realizados (vias de acesso; orientação e oferta dos produtos turísticos; e sinalização) (Ibid.). Diante dessas propostas sugeriu-se a utilização de uma matriz de avaliação, expressa graficamente e interpretada qualitativamente, sendo pautada pela atribuição de pesos relativos aos elementos territoriais que compõem o pólo e as atividades ecoturísticas, como forma de auxiliar o comitê gestor a efetuar o monitoramento e a planejar as ações propostas aos aspectos turísticos do pólo. Sugeriu-se ainda a criação de um centro de interpretação ambiental e de informações aos visitantes como forma de estruturar o processo de implantação do pólo (Ibid.). Diante disso, acredita-se ainda que seja necessário inserir a educação ambiental nesse processo de planejamento do ecoturismo para possa permear todas as etapas do planejamento e auxilie, de acordo com suas possibilidades, o alcance dos objetivos de sensibilização da sociedade, bem como, de conservação da natureza. 54 3 AS BASES CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 Concepções sobre educação Para que possa-se definir as bases que compõe a educação ambiental é preciso atentase para o fato da mesma constituir-se como um prolongamento ou mesmo como uma vertente da educação em si, assim sendo, primeiramente pretende-se delimitar as concepções da educação. A educação se faz como uma ferramenta, meio ou fim, indispensável à sociedade na construção de seus ideais de paz, de liberdade e de justiça social, assim como também, no seu contínuo desenvolvimento para atingir-se altos níveis de cultura. (PELICIONI, 2004b; TRIGO, 2002). Porém, como já salientava Durkheim (1978, p, 41) a educação tem sido realizada de modo amplo para demonstrar o exercício dos homens acerca de suas vontades e inteligências para com os outros homens, ou seja, salientava que em cada sociedade havia uma determinada forma ou um momento para se desenvolver a educação, e a entendia como a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, centro número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine. Ao mesmo tempo, o autor (Ibid., p. 41-42) via que o ser humano era composto por dois seres, o ser individual “[...] constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pessoal”. E o ser social constituído por “[...] um sistema de idéias, sentimentos e hábitos, que exprimem em nós, não a nossa individualidade, mas o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie”, assim sendo, este constituiria a finalidade essencial da educação. As idéias de Durkheim (1978) sugerem uma educação voltada à ação do adulto sobre o indivíduo, entendendo-o como uma ‘tábua rasa’ que ao surgir herda sua natureza de indivíduo, mas ainda assim, necessita da ação social para que se construa enquanto ser individual e social. O autor (Ibid., p. 81) lembra também que “o homem que a educação deve 55 realizar, em cada um de nós, não é o homem que a natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja [...]”. Trigo (2002) aponta que a educação relaciona-se aos problemas sociais, culturais, políticos e comportamentais, tendo manifestado-se durante o seu curso de diferentes maneiras, mas sempre voltada à condição de melhoria da vida humana. Conforme Freire (1980, p. 25) já salientava, a educação “[...] é um ato de conhecimento, uma aproximação crítica da realidade”. O autor caracteriza que o ser humano é tido como sujeito da educação e, por isso, reflete criticamente sobre o ambiente concreto e sobre a realidade que o cerca, tornando-se consciente e comprometido, sendo capaz de intervir e transformar o mundo. Mas, essa aproximação da realidade / mundo em um primeiro momento traduz-se numa posição ingênua e espontânea, sendo necessário que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera critica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica. A conscientização é, nesse sentido, um teste de realidade. Quanto mais conscientização mais se “des-vela” a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisado. [...] A conscientização não pode existir fora da “práxis”, ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dialética constitui, de maneira permanente, um modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE, 1980, p. 26). O autor (Ibid., p. 26-27) acrescenta ainda que “a conscientização não está baseada sobre a consciência, de um lado, e o mundo de outro; por outra parte não pretende uma separação. Ao contrário, está baseada na relação consciência-mundo”. Ou como explica Guimarães (2005, p. 194) é a “[...] consciência em ação – conscientização”, um processo individual em que não dissocia-se a razão e a emoção, a teoria e a prática e a reflexão e a ação, no sentido de compreender as realidades do mundo, e de se transformar, transformandose assim, a sociedade. Dessa forma, Delors et al (2002, p. 47) chamam a atenção para que “a compreensão deste mundo, passa evidentemente, pela compreensão das relações que ligam o ser humano ao seu meio ambiente”, dessa forma, a educação procura tornar os indivíduos conscientes de si mesmos e dos outros, bem como de suas raízes culturais para que se respeite as outras culturas, evidenciando assim, a responsabilidade solidária e ética dos valores iminentes à cultura humana. Em complemento, Loureiro (2004, p. 16) cita que 56 a educação não é o único, mas certamente é um dos meios de atuação pelos quais nos realizamos como seres em sociedade – ao propiciarmos vivências de percepção sensível e tomarmos ciência das condições materiais de existência; ao exercitarmos nossa capacidade de definirmos conjuntamente os melhores caminhos para a sustentabilidade da vida; e ao favorecermos a produção de novos conhecimentos que nos permitam refletir criticamente sobre o que fazemos no cotidiano. Direcionando-se para o foco dessa pesquisa Taglieber (2003) coloca que a relação humana entre sociedade e natureza faz parte da educação na formação da cidadania. Essa educação localizada na inter-relação entre sociedade, educação e natureza é denominada de educação ambiental, e caracteriza-se como um fenômeno social que iniciou-se a mais de trinta anos, portanto, não sendo algo novo. 3.2 Evolução da educação ambiental Leonardi (1999) pautada nos ideais de Rousseau e Freinet, ressalta que a educação para e com o meio ambiente, não é nova e inicia-se a partir do século XVIII quando insistia-se na eficácia do meio ambiente como uma estratégia de aprendizagem, onde via-se a natureza diferentemente de algo a ser conquistado e dominado. Isso justifica o porquê as histórias de meio ambiente e educação ambiental se articulam e por vezes se confundem, e têm nas Conferências e nos eventos mundiais suas inter-relações. Serrano (2000b, p. 211) corrobora com essa exposição quando cita que o contexto do surgimento dessas práticas é o mesmo daquele onde se originou a idéia de desenvolvimento sustentável, como um dos desdobramentos das discussões sobre os rumos da apropriação dos recursos naturais nos moldes praticados na sociedade urbano-industrial, estabelecidas a partir da década de 1960. Cabe nesse momento, um destaque aos principais eventos relacionados, direta ou indiretamente, a educação ambiental em ordem mundial. O primeiro deles a ser destacado é a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo, que segundo Dias (2000) e Diaz (2002), fez uma profunda reflexão sobre as causas dos problemas ambientais e evidenciou a importância da educação ambiental ao referenciar a responsabilidade do ser humano sobre esses problemas, recomendando assim, o estabelecimento de um Programa Internacional de Educação Ambiental. Esse Programa estabeleceu-se a partir do Encontro Internacional de Educação Ambiental promovido em Belgrado (1975), que formulou os princípios e as orientações para 57 um efetivo Programa Internacional de Educação Ambiental. Desse evento resultou ainda a Carta de Belgrado que recomendava que os recursos fossem utilizados em benefício de toda humanidade, proporcionando a todos um aumento na qualidade de vida (Ibid.). Posteriormente, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental ocorrida em Tbilisi (1977) , tornou-se referência internacional para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, pois contribuiu para a definição de seus princípios, objetivos e características. Após dez anos, em 1987, realizou-se em Moscou, o Congresso Internacional de Educação e Formação Ambiental com o objetivo de retomar as discussões sobre os ainda insistentes e crescentes problemas ambientais, assim como, de analisar os sucessos e as dificuldades dos países no desenvolvimento da educação ambiental (Ibid.). Já em 1992 há a realização da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro que propôs uma estratégia global, a chamada Agenda 21, como instrumentalização de uma política ambiental, relacionada a educação ambiental e a capacitação com os problemas mais urgentes do desenvolvimento humano, no qual vislumbra-se a importância de uma mudança nos hábitos e comportamentos dos seres humanos (Ibid.). Outro resultado a se destacar é o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global que reconheceu o importante papel da educação ambiental na formação de valores e na ação social, assim como, também delimitou seus princípios e seu plano de ação (VIEZZER; OVALLES, 1994). Após isso, realizou-se em 1997 em Thessaloniki a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, que mais uma vez alertou para a necessidade da realização de ações de educação ambiental na defesa do meio ambiente (CASCINO, 2003). Por fim, em continuidade a Conferência de 92 (RIO-92) realizou-se em 2002 em Johannesburg a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como RIO+10, tinha por propósito a obtenção de criar um efetivo plano de ação para a contenção dos diversos problemas ambientais de caráter global e associados ao processo de globalização (DINIZ, 2002). Em relação ao Brasil a educação ambiental surge antes mesmo de sua institucionalização com o movimento preservacionista / conservacionista no início dos anos 70 e, concomitantemente, a sua institucionalização vem logo em seguida em 1973 com a criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) que evidencia a educação como forma de garantir o uso adequado dos recursos naturais (ProNEA, 2005). 58 Em 1981 é estabelecida a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) que coloca a educação ambiental em todos os níveis de ensino, assim como, em 1988 a Constituição Federal também evidencia essa tendência. Já em 1991, duas instâncias foram criadas para cuidar desse assunto, o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura (MEC) – que em 1993 se transformaria em Coordenação Geral de Educação Ambiental – e a Divisão de Educação Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e, em seguida, o IBAMA cria os Núcleos de Educação Ambiental para que pudesse operacionalizar as ações educativas no processo de gestão ambiental (Ibid.). Em 1994 foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) que responsabilizava-se pelas ações voltadas ao sistema de ensino e à gestão ambiental. Já em 1999 é então aprovada a lei nº9.795 que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que passaria a constituir um importante marco da educação ambiental no país (Ibid.). O ProNEA (2005) salienta também a importância das redes de educação ambiental para o fortalecimento da institucionalização da educação ambiental no país. Para tanto, em 2001 o governo federal por meio do FNMA (Fundo Nacional de Meio Ambiente) apoiou o fortalecimento da REBEA 12 (Rede Brasileira de Educação Ambiental), da REASul 13 (Rede de Educação Ambiental da Região Sul), entre outras. Cabe esclarecer que esses são alguns dos principais eventos e acontecimentos nacionais e internacionais que aparecem sucintamente na pesquisa, pois marcam pontos de evolução nas delimitações acerca da educação ambiental. A partir disso, conforme observa Dias (2000, p. 98), houve uma evolução nos conceitos devido ao processo histórico e discursivo sobre as inúmeras questões ambientais mundiais, porém, essa evolução sempre esteve relacionada aos conceitos de meio ambiente e ao modo como esse era percebido pela sociedade. O autor ressalta ainda, que “o conceito de meio ambiente, reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais, não permitiria apreciar as inter-dependências nem a contribuição das ciências sociais e outras à compreensão e melhoria do ambiente humano”. Por isso, salienta-se que é necessário compreender e esclarecer as representações sociais, de indivíduos e grupos, sobre o meio ambiente e, consequentemente, sobre sua problemática ambiental e suas soluções sustentáveis, pois essas poderão modificar e 12 13 Para maiores informações sobre a REBEA indica-se a consulta do site: www.rebea.org.br Para maiores informações sobre a REASul indica-se a consulta do site: www.reasul.org.br 59 direcionar as atuais práticas e teorias de educação ambiental, sem necessariamente, haver a insistência em modificar-se as representações sociais para que a sociedade se ‘conscientize’ dos problemas ambientais (GUERRA, 2001; SATO, 2002; SAUVÉ, 1997). A representação social pode ser entendida, conforme pontua Moscovici (1978 apud REIGOTA, 2002, p. 124) “[...] como sendo o conhecimento do senso comum, sobre um determinado tema [...]”, e como afirma Jodelet (1984 apud REIGOTA, 2002, p. 124) “[...] são como sistemas de pensamentos que sustentam as práticas sociais”. A mesma autora em outro momento (1989 apud REIGOTA, 2002, p. 124) completa ainda que [...] as representações sociais devem ser estudadas articulando elementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação, a consideração das relações sociais que afetam as representações e a realidade material, social e ideal sobre as quais elas vão intervir. Dessa forma, cabe dizer que há uma relação de causa e efeito nas relações pautadas pela prática social no meio ambiente, pois pressupõe-se que dependendo de como a sociedade entende o meio ambiente, isso explicará suas ações em pról ou em descaso para com o mesmo. Desse modo, Sauvé (1992, 1994 apud SAUVÉ, 1997) apresenta as tipologias de concepções de meio ambiente que, possivelmente, possam nortear as práticas de educação ambiental, conforme mostra o quadro 3. A autora ressalta que esses arquétipos se constituem como complementares e podem ser combinados com um ou mais elementos, o que possibilita além de identificar as representações, verificar suas características e suas formas de atuação. Coloca ainda, que essas concepções “[...] podem ser consideradas numa perspectiva sincrônica: elas coexistem e podem ser identificadas nos diferentes discursos e práticas atuais. Mas elas podem ser enfocadas diacronicamente, porque são resultados da evolução da história”. Ambiente Como natureza Como recursos Como problema Como lugar para viver Relação Características para ser apreciado e natureza como catedral, preservado ou como um útero, pura e original para ser gerenciado herança biofísica coletiva, qualidade de vida para ser resolvido ênfase na poluição, deteriorização e ameaças ea para, sobre e no para a natureza com os seus cuidar do ambiente componentes sociais, Metodologias exibições; imersão na natureza campanha dos 3 Rs; auditorias resolução de problemas; estudos de caso projetos de jardinagem; lugares ou lendas sobre 60 Como biosfera Como comunitário históricos e tecnológicos como local para ser espaçonave Terra. dividido “Gaia”, a interdependência dos seres vivos com os inanimados projeto para ser envolvido a natureza com o foco na análise crítica, na participação política da comunidade a natureza estudos de caso em problemas globais; estórias com diferentes cosmologias pesquisa(ção) participativa para a transformação comunitária; fórum de discussão Quadro 3: A tipologia das concepções sobre o meio ambiente na Educação Ambiental Fonte: SAUVÉ (1992, 1994 apud SAUVÉ, 1997) Identificar uma ou mais dessas concepções em indivíduos ou grupos de indivíduos representaria identificar a representação social dessa população o que possibilitaria, no caso da educação ambiental, um desenvolvimento mais detido nas possibilidades de solucionar os problemas ambientais. Assim, Tuan (1980, p. 68) afirma que para compreender a preferência ambiental de uma pessoa, necessitaríamos examinar sua herança biológica, criação, educação, trabalho e os arredores físicos. No nível de atitudes e preferências de grupo, é necessário conhecer a história cultural e a experiência de um grupo no contexto de seu ambiente físico. Em nenhum dos casos é possível distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente físico. Guerra (2001, p. 303) complementa ressaltando que a história brasileira retrata a concepção da natureza e do meio ambiente enquanto fonte de recursos infinitos, pois não se tem uma “[...] cultura ou sentimento de preservação”. Por isso, Sato (2002) salienta que a educação ambiental deve ser recriada, avaliando-se o convívio coletivo e a relação da sociedade perante o mundo, ou seja, deve-se observar a educação ambiental como um conjunto de relações sociais que determinam a dinamicidade do mundo. Afinal, como Tuan (1980) já atentava, que somente à medida em que a sociedade e sua cultura evoluem com o tempo é que pode-se haver uma mudança de atitude para com o meio ambiente. 3.3 Concepções sobre educação ambiental Uma parte da evolução supracitada pode ser percebida ao momento em que as discussões mundiais sobre meio ambiente evidenciam as definições e também evoluem nos 61 conceitos sobre educação ambiental, tendo-a como uma parte do processo de evolução, bem como, de mudança de atitudes. Desse modo, a evolução dos conceitos de educação ambiental se dá a partir do momento em que a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977 apud SATO, 1999, p. 23-24) define a educação ambiental como um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisão e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida. Em complemento Viezzer e Ovalles (1994, p. 20) colocam que a educação ambiental é “[...] uma proposta de filosofia de vida que resgata valores éticos, estéticos, democráticos e humanistas”. Para tanto, Guimarães (2001, p. 15) evidencia que a educação ambiental [...] tem o importante papel de fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente. Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico na natureza, possibilitando, por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de transformação do atual quadro ambiental do nosso planeta. Sato (2002, p. 17) corrobora entendendo a educação ambiental como [...] um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Esta afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica, além de estimular a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e diversidade, fato que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário. Conforme atenta Dias (2000) o Brasil privilegia-se por dispor de uma política nacional específica de educação ambiental, e isto faz com que além de conceituá-la, a educação ambiental seja institucionalizada. Em relação a isto salienta-se que em virtude dos compromissos assumidos com a Constituição Federal de 1988 e com a Rio-92 foi criado em 1994 o Programa Nacional de Educação Ambiental que é executado pela Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) / IBAMA (ProNEA, 2003). A diretoria do ProNEA (2003, p. 06) com a intenção de “[...] promover a articulação das ações voltadas às atividades de proteção, recuperação e melhoria socioambiental, e de potencializar a função da educação para as mudanças culturais 62 e sociais [...]” inseriu em 1999 a educação ambiental no planejamento estratégico do governo federal, por meio da Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. Essa política considerou a educação ambiental como [...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, sem número de página). Em termos práticos e conceituais esse é o conceito nacionalmente aceito e utilizado política ou academicamente e acredita-se que compila as principais idéias dos outros conceitos, pois evidencia o processo educativo como uma das formas de conservação da natureza, bem como, que para alcançar esse objetivo é necessário a construção de valores e a ação da coletividade em pról da sustentabilidade. No ponto de vista de Reigota (1998, p. 10) a educação ambiental “[...] deve ser entendida como educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigirem justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza”. O mesmo autor (Ibid., p. 12) evidencia que a educação ambiental si só não resolverá os complexos problemas ambientais, mas poderá influir decisivamente para isso, quando forma cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, tendo consciência e conhecimento da problemática global e atuando na sua comunidade, havendo uma mudança no sistema, que se não é de resultados imediatos visíveis, também não será sem efeitos concretos. Para uma maior delimitação sobre a educação ambiental, Sorrentino (1995 apud LEONARDI, 1999) classificou as variadas correntes de educação ambiental em quatro categorias, sendo a conservacionista; a educação ao ar livre; a gestão ambiental; e a economia ecológica. Sem a intenção de aprofundar os estudos sobre essas categorias, justifica-se por ser foco dessa pesquisa, apresentar a corrente da educação ao ar livre e por estar relacionada e presente entre os naturalistas que incentivavam as caminhadas ecológicas, as trilhas de interpretação da natureza, o turismo ecológico e o autoconhecimento na relação com a natureza. Leonardi (1999, p. 397) relembra que essas correntes estão diretamente relacionadas as diferentes formas de se fazer educação ambiental, também classificadas em quatro conjuntos de temas ou objetivos da educação ambiental, os biológicos; os espirituais/culturais; os políticos; e os econômicos. Com isso, a autora propõe como um objetivo geral da educação ambiental, “[...] contribuir para a conservação da biodiversidade, para a auto-realização 63 individual e comunitária e para autogestão política e econômica, mediante processos educativos que promovam a melhora do meio ambiente e da qualidade de vida”. Além dos objetivos, a educação ambiental pode ser classificada segundo Leonardi (1999, p. 397) em função do espaço onde é desenvolvida, sendo formal, não formal e informal. A educação ambiental formal ocorre sempre em âmbito escolar, enquanto a não formal é “[...] exercida em outros e variados espaços da vida social, com metodologias, componentes e formas de ação diferentes da formal [...]” e a informal ocorre ‘informalmente’ no cotidiano da sociedade, principalmente, promovida pelos diversos meios de comunicação. Em complemento ao exposto acerca da educação ambiental não formal, a PNEA (BRASIL, 1999) a entende como “[...] as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente”. E dentre os incentivos governamentais à educação ambiental não formal, relacionados a essa pesquisa, estão “a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação” e “o ecoturismo” (os demais constam no anexo D). Ao mesmo tempo que a PNEA apresenta o trabalho da educação ambiental não formal, observa-se que há a necessidade de uma maior delimitação, assim como, de evidenciar formas pela qual a educação ambiental não formal sensibilize efetivamente a sociedade e também a forma como é aplicada ao ecoturismo. Desse modo, contata-se uma incompatibilidade dessas ações, pois não tornam-se claras as estratégias e as formas como essas efetivamente ocorrerão. Ao acreditar na educação ambiental como um caminho para a tomada de consciência ambiental e garantia de um futuro sustentável, Leff (2001) cita que a educação ambiental fomenta novas atitudes nos sujeitos sociais, guiados pelos princípios de sustentabilidade ecológica e cultural, que contradizem o desenvolvimento econômico atual, o que implica em educar para formar um pensamento crítico e prospectivo, capaz de analisar as complexas relações existentes entre processos naturais e sociais. Contudo, Serrano (2000a) e Capra (2003) salientam a importância do desenvolvimento de uma relação vivencial e afetiva da sociedade, em um ambiente multisensorial, voltado à vivência de experiências que estimulem a reflexão e a sensibilidade para a consolidação do aprendizado e a construção de um futuro sustentável. Portanto, a educação ambiental segundo Dias (1993, p. 02) tem “[...] a tarefa de estimular o desenvolvimento de uma nova consciência a respeito das relações do homem com o seu ambiente, e produzir novas condutas capazes de levar as pessoas a se envolverem com as questões ambientais”. 64 Nesse caso, Mendonça (2005a, p. 537) cita que as experiências ecoturísticas possuem elevado potencial para a interiorização de princípios da educação ambiental, pois “[...] promovem o aprimoramento das relações dos indivíduos, consigo mesmos e auxiliam a tornar conscientes as relações que as pessoas têm umas com as outras e com o meio natural”. Além disso, a mesma autora (2005b, p. 169) afirma também que essas experiências podem [...] ativar um energia mental totalmente nova e levar o visitante a experimentar, a partir da possibilidade e do estímulo à criatividade e à afetividade, novos sentimentos capazes de dar origem a novos pensamentos e, assim, a novas possibilidades de compatibilização e harmonização da presença humana no planeta. Esse sentimento interiorizado e apreendido pelas experiências ecoturísticas (em contato direto com a natureza) proporciona a possibilidade de novos comportamentos e de novas atitudes nos indivíduos em função não somente do sentido, mas também do percebido. Esse processo educativo, segundo Tuan (1980, p. 05) é tido como um “[...] elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico”, denominado de topofilia, onde a atitude representa uma postura cultural, formada pela sucessão de percepções, também entendidas como experiências. Nesse sentido, Cascino (1998, p. 09) afirma que o contato com a natureza é sempre uma ruptura. Sentir medo do horizonte, da altura, da profundidade, do vento, do frio, do sol escaldante, do mato fechado, do barulho dos animais, do poder dos insetos, da precariedade e do desconforto remete-nos a rompimentos como nossos comportamentos mais ‘assentados’. E essas rupturas abrem ‘brechas’ para a introdução/construção de novas leituras/discursos sobre o que somos, o que gostamos, o que acreditamos. Romper com formas consagradas de falar, ver e sentir é um caminho saudável de construir o novo. E o novo só aparece quando se lhe dá espaço. Forçar rupturas enfrentando voluntariamente situações inesperadas fundamenta mudanças. Para tanto, esse processo pode ser considerado um processo educativo, pois promove a aprendizagem e pode ser explicado pelo diagrama de Cooper (1993 apud DIAS, 1993, p. 03; DIAS, 2000, p. 111) que apresenta as categorias dos objetivos da educação ambiental, conforme mostra a figura 11. Percebe-se que as categorias de objetivos que compõe o diagrama (consciência, conhecimento, comportamento, habilidades e participação) estão integradas e interrelacionadas, o que nos submete ao entendimento que seu funcionamento ocorra de modo sistêmico, ou seja, indicam que há uma relação direta entre cada uma das categorias sendo possível alcançar os objetivos propostos por determinada atividade e ou situação de educação 65 ambiental. Como exemplificação, entende-se que a sensibilização e a conscientização 14 só serão possíveis se integradas a partir do conhecimento e da compreensão de uma determinada situação, onde haja um ação e ou interação dos envolvidos no intuito de desenvolver habilidades, atitudes, valores e comportamentos em pról da solução de determinada situação. Figura 11: Categoria de objetivos da educação ambiental Fonte: Cooper (1993 apud DIAS, 1993, p. 03; DIAS, 2000, p. 111) Guerra (2001, p. 318) corrobora com o entendimento sobre o processo educativo quando apresenta a dimensão ambiental na educação, conforme mostra a figura 12, como forma indissociável de ação – reflexão – ação no processo de aprendizagem. O autor (Ibid., p. 314, grifo do autor) ressalta ainda que o processo de ensino e aprendizagem supõe, basicamente, a comunicação e a transmissão tanto de informações como a construção e reconstrução de conhecimentos, habilidades e competências, o que implica mudanças de hábitos e valores que constituem o que denominamos de “conteúdo” desse processo educativo. Em seu estudo, o autor (Ibid.) evidenciava a inserção da dimensão ambiental no currículo de uma educação ambiental formal vinculada ao processo de escolarização, mas acredita-se que esse seja um meio efetivo para analisar a vertente ambiental na educação e que seja também possível, futuramente, adaptá-lo à outras áreas. 14 Apesar de aqui, em outros referenciais ou mesmo pelo senso comum, sensibilização e conscientização são tratados como termos semelhantes mas, ressalta-se como diferenciação que sensibilizar é tocar profundamente os sentidos de alguém, e conscientizar é o processo que esse alguém passa ao interiorizar os valores e a agir de acordo com o mesmo. 66 Nesse sentido, o mesmo autor (Ibid.) relata que o planejamento e a organização do caminho educativo percorrido pelo ser humano é pautado pelo desenvolvimento das dimensões do conteúdo para a educação ambiental – conhecimentos e outros saberes; habilidades; competências; atitudes e valores éticos e estéticos; e relações inter e intra pessoais. Figura 12: A dimensão ambiental na educação Fonte: Guerra (2001, p. 317) Esses conteúdos da educação ambiental interagem e sofrem interações de modo sinérgico com os processos de aprendizagens, que Delors et al (2002) classificaram como os quatro pilares da educação – aprender a conhecer, a fazer, a viver juntos e a ser. Delors et al (2002) compreendem o pilar aprender a conhecer com um domínio dos instrumentos do conhecimento que são considerados como um meio e como uma finalidade à vida humana. É considerado um meio pois tem o intuito de que cada um compreenda o mundo que o cerca e é considerado uma finalidade pois fundamenta-se no prazer que se tem em compreender o mundo. 67 Guerra (2001) denomina esse processo de aprendizagem como pensar globalmente e saber, e relaciona-o à dimensão cognitiva do conteúdo da aprendizagem, que é representada tanto pelos conhecimentos adquirido e construído, quanto pelos conhecimentos culturais proporcionados pelas crenças, tradições e saberes locais. Esse autor acrescenta ainda que esses saberes norteiam a compreensão de mundo de cada um por estarem inscritos na corporeidade e por serem resultantes da interação do aprendente com o meio que o cerca. Já o pilar da educação aprender a fazer é compreendido por Delors et al (2002) como uma questão relacionada à formação profissional, ou seja, ensinar o aluno a praticar profissionalmente os seus conhecimentos teóricos. Guerra (2001) além de manter a mesma denominação a esse pilar, ainda corrobora quando o trata como um processo de aprendizagem associado à dimensão metodológica do conteúdo da aprendizagem. O mesmo autor (Ibid.) esclarece que a dimensão metodológica relaciona-se ao desenvolvimento de habilidades e competências que, consequentemente, leva o aprendente ao desenvolvimento da autonomia, da percepção estética e da sensibilização para os problemas sócio-ambientais. O autor (Ibid., p. 317) ressalta ainda que “esse saber fazer permite um saber-poder capaz de, pela ação – reflexão – ação, pela vontade e participação (engajamento), buscar soluções criativas para a resolução desses problemas e transformar a realidade e mudar a própria história”. Entretanto, Guerra (2001) salienta que para haver uma articulação entre as dimensões cognitiva e metodológica, é necessário desenvolver-se a dimensão afetiva, afinal, o processo de sensibilização que leva à conscientização necessita da subjetividade e da corporeidade para a mudança de atitudes e valores. Ao mesmo tempo, o autor (Ibid.) esclarece que nesse processo o aprendente sozinho pouco altera a realidade, sendo necessário a presença do outro, ou seja, a educação ocorre na ação – reflexão – ação em conjunto aos grupos sociais, pautada por meio da cooperação, da solidariedade e da reflexão acerca das responsabilidades inerentes aos indivíduos da sociedade (para consigo, com o outro e com o meio como um todo). Diante dessas responsabilidades, Guerra (2001) coloca que a dimensão ecosófica 15 está intimamente relacionada a ação – reflexão – ação, pois além de recompor as práticas sociais e individuais, também desenvolve o processo de aprendizagem do saber sentir, querer e agir. Por isso, evidencia-se que os processos de aprendizagem saber sentir, querer e agir, e 15 Guerra (2001) relata que a dimensão ecosófica, das “três ecologias” de Guattari (1994) está relacionada aos níveis da ética e da cidadania por permear as relações entre as ecologias da subjetividade humana, a social e a ambiental. 68 novas formas de saber ser e conviver estão diretamente relacionadas às dimensões afetiva e ecosófica da aprendizagem. Delors et al (2002) complementam essas idéias evidenciando que o pilar da educação aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros está relacionado à tomada de consciência dos indivíduos sobre as relações de inter-dependência entre os seres humanos e o ambiente como um todo. Isso demonstra as possibilidades de respeitar-se os seus limites e os limites do ambiente, tendo-se claramente as responsabilidades de cada um no processo de convívio consigo e com os outros. Da mesma forma, Delors et al (2002) esclarecem que o pilar da educação aprender a ser está relacionado ao desenvolvimento do conhecimento do ser humano em relação a si e ao outro. Para tanto, os autores (Ibid., p. 101) afirmam que “[...] a educação é antes de mais nada uma viagem ao interior, cujas etapas correspondem às da maturação contínua da personalidade”. Nesse sentido, a educação tem o papel de “[...] conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos do seu próprio destino” (Ibid., p. 100). Diante disso, Guerra (2001, p. 318) enfatiza que todo esse processo de educação, com sua dimensão ambiental, “[...] gera um saber-poder de mudança que nos conduziria a novas formas de aprender e saber fazer, e também de saber ser e de conviver com os outros”. Mais especificamente em relação a educação ambiental, o autor (Ibid., p. 318) ressalta que é “[...] um processo de (re)educação, ou seja, significa que precisamos reaprender a viver e nos (re)integrarmos consigo mesmo, com o outro, na e com a natureza, sentindo, pensando e agindo como partes integrantes dela mesma”. Com isso, o que a educação ambiental pretende fazer é com que a sociedade aprenda como está organizado e como funciona o meio ambiente natural e, ao mesmo tempo, o quanto a mesma depende dele, como o afeta e também como pode-se promover a sua sustentabilidade (figura 13) (DIAS, 2000). Todo esse processo característico da educação ambiental é para Guimarães (2001, p. 28) a concepção de uma educação ambiental crítica da realidade, pois a considera transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, criadora de uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora para as relações integradas ser humano/sociedade/natureza objetivando o equilíbrio local e global, como forma de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida. 69 Figura 13: Pretensão da educação ambiental Fonte: Dias (2000, p. 100) Guimarães (2001) também evidencia a educação ambiental a partir de um processo de planejamento (figura 14) que parte de uma análise crítica da realidade local inserida numa visão global e que, posteriormente, possibilita o desenvolvimento das etapas de diagnóstico, de plano de ação e de execução. Para tanto, percebe-se que esse planejamento foi desenvolvido com base na educação formal, mas acredita-se que possa ser aplicado também a educação não formal, por exemplo, desenvolvida em um destino ecoturístico. Sucintamente, a partir das idéias de Guimarães (2001) pensa-se que a etapa diagnóstico evidenciará a realidade e, consequentemente, os problemas ambientais existentes naquele local, sendo necessário a elaboração de um plano de ação para sensibilizar a sociedade local e os visitantes de forma prazerosa, informativa e criticamente sobre a realidade do local. Desse modo, passa-se a etapa de execução do plano de modo a construir a práxis em educação ambiental, ou seja, um processo pelo qual desenvolve-se uma educação ativa a partir de práticas sociais sobre o meio vivenciado onde estabelece-se um ciclo e retorna-se ao final do processo dessa prática social com uma compreensão e um ação devidamente alterada. Em complemento a isso, o autor (Ibid., p. 48) esclarece que o processo da práxis da educação ambiental concretiza-se no momento em que “[...] educando e educador exercitam a 70 reflexão / ação na construção desses novos valores e atitudes que integram os ser humano / natureza”. Figura 14: Planejamento em educação ambiental Fonte: Guimarães (2001, p. 49) Reigota (1998b) salienta que pensar em mudanças na sociedade perante a natureza é uma utopia, porém não entendida como ingênua ou impossível, mas como um conjunto de idéias que podem proporcionar atividades que modifiquem o atual sistema (social, econômico, ambiental e cultural). Nesse sentido, esse processo educativo por meio das experiências (ecoturísticas ou não) realizadas em meio ambiente natural (natureza), pode proporcionar novas expectativas e novas perspectivas no sentido sensitivo, ou seja, inicia-se assim, um processo de sensibilização ou a chamada topofilia, do indivíduo ou do grupo a ele relacionado, que aprende com a experiência devido a originalidade de seu meio e que poderá proporcionar a conscientização. Lembrando que ninguém conscientiza ninguém, a conscientização é uma autogestão do próprio indivíduo que atinge um ponto racional perante determinado tema ou problemática. 71 Portanto, a partir de então, identifica-se as formas como os outros processos educativos relacionados à educação ambiental estão organizados, bem como, as suas possibilidades de aplicação ao ecoturismo e as potencialidades que os mesmos possuem para sensibilizar a sociedade aos problemas ambientais, assim como, as novas formas de se sentir integrado à natureza. 3.4 Modalidades de educação ambiental não formal ao ar livre As formas de se realizar a educação ambiental, ganham aqui o termo ‘modalidades’ por convencionalmente serem utilizadas como as maneiras, os instrumentos, as ferramentas ou, em seu termo mais acadêmico e contemplativo, as metodologias empregadas ao desenvolvimento de tais práticas educativas. Tem-se a pretensão de apresentá-las sucintamente, exatamente pautadas em seus enfoques de escopo teórico-metodológicos, assim como, em suas práticas. Cabe salientar que as modalidades denominadas de aprendizado seqüencial, interpretação ambiental e educação experiencial compõem as práticas relacionadas à educação ambiental não formal ou também chamadas de educação ambiental ao ar livre. Pressupõe-se que, provavelmente, existam outras modalidades de educação ambiental, porém as aqui apresentadas caracterizam-se como as modalidades até então identificadas e que se aplicam ou que podem ser aplicadas ao ecoturismo. Essa aplicação tem o intuito de compor o processo educativo relacionado ao aprendizado proporcionado pelas sensações e experiências advindas do contato com a natureza que, supostamente, modificam os comportamentos e consequentemente as atitudes dos indivíduos perante a natureza perfazendo assim, o possível benefício de conservação da natureza das áreas visitadas. 3.4.1 Aprendizado seqüencial (AS) As possíveis experiências na natureza, fizeram um naturalista, profundo conhecedor de percepções na natureza e da educação ao ar livre, elaborar segundo Mendonça (2000, p. 135) “[...] uma metodologia original para facilitar e aprofundar a interação que podemos ter com a natureza”. Joseph Cornell difundiu seu trabalho e sua metodologia por meio da Fundação 72 Sharing Nature, com sede nos Estados Unidos e representada em vários países, inclusive no Brasil, pelo Instituto Romã e por sua coordenadora Rita Mendonça. Segundo Cornell (1997, p. 17) o aprendizado seqüencial é considerado uma maneira pela qual a educação ambiental organiza suas atividades com o objetivo de proporcionar mudanças de comportamentos, por meio da elucidação de valores. Possui como objetivo “[...] proporcionar uma experiência genuinamente positiva com a natureza”. Mendonça (2000) salienta que a forma pela qual se desenvolve a metodologia e suas atividades representam uma reflexão e a construção de conhecimentos sobre as possibilidades de interações humanas com a natureza, revelando que essas são inúmeras e que devem ser aprimoradas. Cornell (1997, p. 13) preocupa-se com a compreensão e o sentido que as pessoas possuem em relação a conservação das áreas naturais e lembra que “[...] a sensibilidade em relação à vida é o fruto mais precioso da educação”, desse modo, ressalta que “[...] à medida que começamos a sentir uma comunhão com os seres vivos que nos rodeiam, nossas atitudes tornam-se mais harmoniosas e fluem com naturalidade, e, por conseguinte, passamos a nos preocupar com as necessidades e o bem-estar de todas as crianças”. Porém, Mendonça (2000, p. 138) salienta que não há como possuir uma “[...] consciência conservacionista da natureza se a relação afetiva com ela não estiver impregnada na cultura de um povo”, desse modo, atenta-se para a questão de que “se o ecoturismo visa ser o motivador da conservação da natureza e das culturas locais, ele não pode deixar de ser, entre outras coisas, o facilitador desse diálogo”. Por isso, as experiências diretas com a natureza possibilitam penetrar de maneira completa no espírito do mundo natural e auxiliam na descoberta individual do profundo sentimento de pertinência e compreensão. Assim como cita Cornell (1997, p. 38) “[...] as experiências diretas são necessárias para desenvolver sentimentos de amor e preocupação pela terra, caso contrário, as pessoas passarão a conhecê-la de modo superficial e teórico, sem nunca serem tocadas profundamente”. Assim, Cornell (1997) desenvolveu um conjunto de princípios denominado ‘Aprendizado Seqüencial’, que descreve como usar as atividades de conscientização na natureza de modo gradativo e direcionado. O conjunto de princípios é composto de quatro estágios: o despertar do entusiasmo; o concentrar a atenção; o dirigir a experiência; e o compartilhar a inspiração. Essa denominação, aprendizado seqüencial, é justificada pelo fato de que os estágios fluem de um para o outro, suave e naturalmente, fazendo com que o indivíduo passe pelos diferentes estágios e alcance estruturas mentais proporcionadas pelas 73 experiências diretas e profundas com a natureza. O mesmo autor (Ibid., p. 17) ressalta ainda que após “[...] uma sessão conduzida com sucesso, cada participante adquire uma nova, agradável e sutil conscientização de sua unidade com a natureza e uma intensa empatia com a vida”. Nesse sentido, o Instituto Romã ([2005?]) esclarece que a metodologia “[...] consiste na proposição de dinâmicas e jogos organizados em uma seqüência, conduzindo os participantes a um estado de concentração da atenção cada vez maior. De forma sutil e divertida, a técnica promove experiências profundas para os participantes e é uma eficaz ferramenta de trabalho para o educador”. Cornell (1997) explica que o estágio do entusiasmo é marcado pelo fluxo calmo e intenso de interesse com grande dose de vitalidade; o estágio atenção é necessário para se concentrar em determinada atividade; o estágio experiência é voltado a experimentar o contato direto com a natureza; e por fim, o estágio inspiração é proporcionado pela experiência que aguça a percepção. Mendonça (2000) completa que, para experienciar a natureza, necessita-se ampliar as capacidades de percepção. Assim, o aprendizado seqüencial possui “[...] o poder de ajudar as pessoas a eliminar as preocupações de modo que possam se descontrair, se divertir e apreciar a natureza” (CORNELL, 1997, p. 25-26). De forma a elucidar com maiores detalhes as qualidades e as vantagens proporcionadas pelos estágios caracterizados acima, apresenta-se no anexo E o quadro do aprendizado seqüencial desenvolvido por Cornell (1997, p. 46-47). O aprendizado seqüencial possibilita às pessoas o aprendizado direto com a natureza, a partir de experiências também diretas, propiciadas pelo desenvolvimento dos diferentes estágios. Isto elucida o principal fator para efetiva conservação das áreas naturais: a afetividade. No Brasil o intuito de aplicar a afetividade e o aprendizado pelos sentidos em diversas atividades tem possibilitado o desenvolvimento de experiências, que segundo Mendonça (2000, p. 152), constituem-se em adaptações da metodologia aplicadas em atividades de ecoturismo, justificadas pela “[...] observação de que a simples visita à natureza nem sempre é suficiente para proporcionar ao visitante uma empatia com as outras formas de vida e uma interação pessoal com elas”. A autora coloca ainda que [...] a grande vantagem em se buscar promover uma visita mais consciente está no conhecimento de seu potencial transformador dos indivíduos que, ao voltar renovados para a casa possam desejar a busca de estruturar sua vida com maior qualidade e responsabilidade (Ibid., p. 153). 74 As práticas do aprendizado seqüencial de que se tem notícias, segundo Mendonça (2000; 2005b), são realizadas pelo Instituto Romã nos parques de São Paulo: o PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira) e o Parque Estadual da Cantareira, e consistem em atividades lúdicas que vão desde uma simples contemplação da beleza natural até a prática de exercícios físicos, na forma de esportes radicais (rafting, rappel, entre outros). A autora (2005a) explica ainda que essas práticas consistem na aplicação de um roteiro de atividades, antecipadamente planejadas, de acordo com o perfil do público e com o espaço físico disponível, tem duração média de duas horas e seguem os estágios propostos por Cornell. 3.4.2 Interpretação ambiental (IA) A interpretação ambiental é utilizada como uma maneira de se realizar as atividades de educação ambiental nas experiências de ecoturismo. Lembrando, que no ecoturismo o objetivo é proporcionar ao visitante uma compreensão dos recursos naturais do local visitado, possibilitando comportamentos sociais conscientes. A partir disso, pretende-se conceituar interpretação ambiental e posteriormente, apresentar algumas formas de como é realizada. Interpretar, então, constitui-se como uma forma de comunicação, por meio de mensagens e emoções, entre receptor e emissor, através de um texto, uma fala etc.. Assim, segundo Murta e Goodey (2003, p. 13), interpretar é entendido como “[...] o processo de acrescentar valor à experiência do visitante, por meio do fornecimento de informações e representações que realcem a história e as características culturais e ambientais de um lugar”. Ao refletir a interpretação no campo ambiental, Ham (1992, p. 03, tradução nossa) a coloca como uma “[...] tradução da linguagem técnica de uma ciência natural ou área relacionada em términos e idéias que as pessoas em geral, que não são cientistas, possam entender facilmente e implica em fazê-la de forma que seja entretida e interessante para eles”. Tilden (1957 apud HAM, 1992, p. 03, tradução nossa) acrescenta que a interpretação ambiental é também “[...] uma atividade educacional que objetiva revelar significados e relações por meio do uso de objetos originais, através de experiências de primeira mão e meios ilustrativos ao invés de simplesmente comunicar informações literais”. Murta e Goodey (2002, p. 14) também ressaltam que “[...] mais do que informar, interpretar é revelar significados, é provocar emoções, é estimular a curiosidade, é entreter e 75 inspirar novas atitudes no visitante, é proporcionar uma experiência inesquecível com qualidade”. Desse modo, verifica-se que o objetivo da interpretação ambiental é realizar a compreensão da relação sociedade - natureza, possibilitando mudanças de atitudes para a conservação ambiental e elevação da qualidade de vida local, consequentemente desenvolvendo uma consciência ambientalista no participante (DELGADO, 2000; WEARING; NEIL, 2001). Contudo, o alcance da consciência ambientalista depende também da obtenção dos benefícios educativos da interpretação, pois é no conhecimento que está o caminho para as mudanças de atitudes e consequentemente, as mudanças comportamentais, como ilustrado a seguir no quadro 4. Benefício educativo Oportunidade de aprendizado Oportunidade de autodescoberta Explicação do benefício A interpretação gera experiências de aprendizado para os visitantes, aumentando seu conhecimento e entendimento do meio ambiente. A interpretação gera experiências para os visitantes obterem um entendimento mais claro do seu papel no meio ambiente, e isso ajuda no processo de autodescoberta e auto-realização. Quadro 4: Os benefícios educativos da interpretação ambiental Fonte: Wearing; Neil (2001, p. 106) A característica educacional da interpretação é dada pelo modo como a mesma está organizada e seu processo metodológico é explicado por Ham (1992, p. 07, tradução nossa) quando cita que a interpretação se diferencia de outros modos de transmissão de informações por ser amena, pertinente, organizada e com um tema. O mesmo autor explica que a interpretação é amena porque entretêm, mesmo sem ser o seu objetivo, mas com isso mantém a atenção do participante, sendo pertinente por revelar significados pessoais, e desse modo, ser capaz de estabelecer relações à alguma experiência particular. É organizada por ser fácil de se seguir, não sendo necessário grandes esforços do público participante. E é temática por possuir um tema principal nas mensagens transmitidas. Esse esforço de sistematização e de organização do processo de interpretação ambiental torna-se pertinente quando vislumbra-se, como objetivo maior, os benefícios proporcionados à conservação de determinado local, como mostra o quadro 5, em que os benefícios advindos da interpretação servem como ferramentas ao processo de administração de áreas naturais e também como estímulo ao adequado comportamento, que ocasiona os benefícios específicos a conservação ambiental. 76 Benefícios da conservação Explicação dos benefícios Estímulo para consciência ambiental e uma ética A interpretação estimula conceitos e de conservação mais ampla. responsabilidade pessoal na utilização dos recursos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Aumento da consciência da regulamentação e dos Os programas de interpretação, como campanhas códigos idealizados para minimizar os impactos. de mínimo impacto, podem apresentar condições sutis para a mudança do comportamento do visitante, sem confrontação. Estímulo à mudança comportamental, A interpretação apresenta idéias que as pessoas minimizando os impactos pessoais sobre o meio podem adotar. ambiente. Apoio às tarefas de proteção. Apoio às organizações administrativas das áreas de proteção. A interpretação apresenta o valor das áreas de A interpretação apresenta os desafios à proteção a partir de uma variedade de administração de modo imparcial, expondo as perspectivas. restrições que enfrentam as agências administrativas responsáveis pelas áreas de proteção. Quadro 5: Os benefícios da interpretação ambiental para a conservação ambiental das unidades de conservação Fonte: Wearing; Neil (2001, p. 107) Contudo, o que foi visto até aqui constitui o corpo metodológico da modalidade interpretação ambiental aplicada a educação ambiental. Vasconcelos (2003) com o intuito de apresentar orientações para o desenvolvimento de um efetivo programa de educação e interpretação ambiental para o ecoturismo, cita que é necessário atentar-se a três etapas distintas: o planejamento, a implementação e a avaliação. Nesse caso, o planejamento é identificado como o processo que definirá os objetivos e as opções alternativas da atividade interpretativa quanto à sua justificativa e pertinência, ao seu público, à localidade, à maneira como será desenvolvida a atividade e aos valores econômicos da mesma. Após a conclusão do planejamento deve-se colocar a atividade em prática e posteriormente avaliar seus aspectos e suas desenvolturas. Em relação ao ecoturismo a mesma autora evidencia que as trilhas interpretativas, guiadas ou autoguiadas, são comumente atividades realizadas em áreas naturais, principalmente nos Parques Nacionais, e que tem-se utilizado diferentes estratégias para transformar as caminhadas nas trilhas em oportunidades de educação, com o intuito de desenvolver novas percepções nos visitantes, proporcionando-os explicações sobre as interrelações sociais e naturais. Vasconcelos (2003, p. 277) esclarece que as trilhas guiadas necessitam de um intérprete (guia ou monitor) para levar os visitantes “[...] a observar, sentir, experimentar, 77 questionar e descobrir os fatos relacionados ao tema estabelecido”. Já as trilhas autoguiadas “são trilhas com pontos de parada marcados onde o visitante, auxiliado por placas, painéis ou por folhetos contendo informações em cada ponto, explora o percurso sem o acompanhamento de um guia". Portanto, cabe ressaltar que a interpretação ambiental proporciona relações das pessoas com o ambiente natural, traduzindo suas características e relacionando lazer com educação. Porém, não há maneiras corretas ou incorretas de realizá-la, depende-se dos objetivos propostos, das condições disponíveis e em alguns casos do talento de um guia. O principal objetivo é proporcionar estímulos e entendimentos que garantam afinidades para com o ambiente visitado, resultando em benefícios a todos os envolvidos. 3.4.3 Educação experiencial (EE) Um dos primeiros programas de educação ao ar livre no Estados Unidos surgiu segundo Barros (2000), quando o educador alemão chamado Kurt Hahn em 1941, fundou a primeira escola Outward Bound, com o intuito de treinar jovens marinheiros que iriam à guerra para que percebessem e acreditassem em seu potencial e sua força, pois estavam morrendo em maior quantidade do que os marinheiros mais velhos. A autora descreve que Hahn escolheu o nome Outward Bound por ser um jargão náutico que refere-se ao momento em que o navio deixa a segurança do porto e lança-se aos perigos e aventuras advindas do mar aberto. Atualmente, a Outward Bound é uma organização internacional sem fins lucrativos que atua em 32 países, estabelecendo padrões para a educação ao ar livre. Para tanto, utilizase da metodologia de educação experiencial que consiste no uso dos ambientes naturais, enquanto ambiente pedagógico e na interação do indivíduo consigo, com seu grupo e com o ambiente (BARROS, 2000). Segundo a Outward Bound Brasil – OBB (2005) a metodologia experiencial é utilizada como principal ferramenta de desenvolvimento humano por visar essencialmente a promoção de uma experiência a um indivíduo e posteriormente o auxílio à reflexão desta experiência, já que a condução ao aprendizado depende não só da experiência e de seu desafio intrínseco, mas também da reflexão transformadora. Assim, Barros (2000, p. 13) salienta que “a aprendizagem se dá pela vivência de determinadas situações e não pela assimilação de conceitos”. 78 Segundo a Associação de Educação Experiencial – AEE (2006, tradução nossa) a educação experiencial é definida como “[...] uma filosofia e metodologia na qual os educandos estão propositadamente engajados com o processo de aprendizado da experiência direta e com foco na reflexão para incrementar o conhecimento, desenvolvendo habilidades e elucidar valores”. Para a OBB (2005) a aplicação dessa metodologia depende da existência de diferentes elementos e de sua aplicação sistematizada, mesmo que não de forma linear, como pode ser visualizado na figura 15. Figura 15 – Estrutura da educação experiencial Fonte: OBB (2005) Desse modo, visualiza-se o ciclo de aprendizado experiencial que pode se explicado por Luckner & Nadler (1992 apud BARROS, 2000, p. 99) quando citam que no estágio experiência o indivíduo participa de atividades planejadas com a intenção de atingir um certo aprendizado. No estágio reflexão, salienta-se que a experiência é insuficiente para a concretização do aprendizado, sendo necessário refletir sobre a experiência vivida e as do passado. Os autores colocam ainda que “é o processo da reflexão que torna a experiência em aprendizado experiencial”, sendo necessário refletir sobre o que “[...] viram, sentiram e pensaram [...]” durante a atividade, fazendo-o individual ou coletivamente. Em continuação, evidenciaram o estágio denominado estrutura, composto pela busca de padrões, “[...] feita ao explorar emoções, pensamentos, comportamentos e observações que ocorram com alguma regularidade”. A partir da compreensão desses padrões em outras situações, pode-se generalizá-lo ou aplicá-lo às mesmas. E o estágio desafio compreende a aplicação do aprendido ao mundo externo. Além desses elementos, a OBB (2005) ressalta dois outros também importantes, que são o suporte e o retorno (feedback), sendo que pressupõe-se a existência do primeiro em todas as experiências, já que este permite que do estímulo à confiança o indivíduo realize 79 constantes tentativas de superação e experimentação e que em contrapartida, o retorno de informações do instrutor para o participante, sobre o que este último vem fazendo, funciona como uma ferramenta de equilíbrio da responsabilidade entre ambos, esta entendida nesse contexto, como a autonomia na tomada de decisões, a capacidade de resolução de situações inesperadas e novas, enfim a habilidade de resposta à estímulos. De acordo com Barros (2000, p. 101), esse envolvimento o indivíduo com a natureza por meio da educação experiencial pode ter a duração de poucas horas ou mesmo durar meses. Isso faz com que as experiências diretas sejam capazes de “[...] promover uma maior sentimento de empatia e níveis maiores de interesse por problemas relacionados aos recursos naturais”. Em complemento Ewert (1996 apud BARROS, 2000, p. 101) evidencia que a “[...] educação experiencial pode ser um poderoso instrumento na promoção de comportamentos pró-ambientais em três estágios diferentes: construção de consciência ambiental; formação de atitude; e capacitação”. Até então, não se tem notícias da aplicação dessa metodologia em atividades de ecoturismo, mas segundo Barros (2000) outras atividades advindas do turismo de aventura ou da contemplação da natureza tem se utilizado de áreas naturais por meio do uso dessa metodologia. 3.4.4 Educação no processo de gestão ambiental (EPGA) O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por meio da Coordenação Geral de Educação Ambiental ao longo de dez anos construiu uma proposta de educação ambiental denominada educação no processo de gestão ambiental, sendo materializada em 2002 no documento ‘Como o Ibama exerce a educação ambiental’ e que no ano de 2006 teve a publicação de sua 2º edição 16 . Na visão de Quintas (2006, p. 08) essa proposta toma “[...] o espaço de gestão como o lugar de ensino-aprendizagem para propiciar condições à participação individual e coletiva, nos processos decisórios sobre o acesso e uso dos recursos ambientais no país”. Em complemento, tratam-se de [...] ações educativas realizadas com grupos sociais relacionados com unidades de conservação, ordenamento de recursos florestais e pesqueiros, licenciamento ambiental, prevenção de desmatamentos e incêndios florestais, proteção e manejo de fauna e outras atividades de gestão ambiental de competência do Ibama. 16 Documentos esses que forneceram a base para a confecção do texto dessa modalidade. 80 Com isso, o Ibama (2006b, p. 07) acredita fazer valer o preceito constitucional que garante um meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito da sociedade, bem como, atribui a responsabilidade de conservação e preservação dos recursos naturais não apenas ao poder público, mas também, à coletividade entendida, nesse caso, não como um todo homogêneo, mas como “[...] uma multiplicidade de partes com visões diferenciadas sobre a destinação dos recursos ambientais da sociedade”, e isso com que o uso e apropriação dos recursos naturais não ocorra da maneira mais simples, pois há diferentes interesses e conflitos entre os grupos da coletividade. Para tanto, o Ibama (2006b, p. 16) entende a gestão ambiental como [...] um processo de mediação de interesses e conflitos entre os atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, por meio de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente [...]. Dessa forma, o Ibama (2006b, p. 11) quando pensa em educação no processo de gestão ambiental deseja garantir o “[...] controle social na elaboração e execução de políticas públicas, por meio da participação permanente dos cidadãos, principalmente, de forma coletiva, na gestão do uso dos recursos ambientais e nas decisões que afetam à qualidade do meio ambiente”. Para tanto, são realizadas ações educativas com diferentes segmentos sociais, principalmente, a chamada comunidade local, afetada por atividades relacionadas a gestão ambiental do Ibama. Assim, organizam-se espaços, caracterizados como pedagógicos, onde possa-se produzir e adquirir conhecimentos e habilidades, bem como, desenvolver as atitudes, sendo que o Ibama (2006b, p. 11) entende que “todo processo educativo é antes de tudo um processo de intervenção na realidade vivida, em que o educador e educando, numa prática dialógica, constroem o conhecimento sobre ela, objetivando a sua transformação”. Nesse sentido, tem-se os atores da educação, os educandos que são membros da comunidade local e os educadores, que são membros do Ibama capacitados com conhecimentos básicos sobre a gestão ambiental pública e capazes de planejar e coordenar os processos educativos desenvolvidos com os educandos. Nesses espaços, parte-se de uma análise dialogada da realidade socioambiental vivida por essas comunidades, de acordo com três possíveis situações: problema, conflito e potencialidade ambiental. 81 Salienta-se que o Ibama (2006b, p. 11-12) se utiliza dos conceitos de Carvalho & Scotto (1995) como base para a compreensão das situações supracitadas, caracterizando-as como: • Problema ambiental – “aquela situação onde há risco e/ou dano social/ambiental, mas não há nenhum tipo de reação por parte dos atingidos ou de outros atores da sociedade civil, face ao problema”; • Conflito ambiental – “aquela situação onde há confronto de interesses representados em torno da utilização e/ou gestão do meio ambiente”; • Potencialidade ambiental – “um conjunto de atributos de um bioma/ecossistema (recursos pesqueiros, recursos florestais, manguezais, praias, rios, paisagens, áreas com potencial ecoturístico etc.), passíveis de uso sustentável por grupos sociais”. A partir dessa compreensão, tem-se os diálogos pautados pelos eixos temáticos do qual o Ibama (2006b, p. 12) exerce sua competência, que são “ecoturismo; estudo, proteção e manejo de cavernas; gestão de unidades de conservação federais; licenciamento ambiental; manejo de flora; manejo de fauna; gestão de recursos pesqueiros; políticas públicas; prevenção de desmatamento e incêndios florestais; recuperação de áreas degradadas; e recursos hídricos federais”. O Ibama (Ibid.) parte da premissa de que as ações educativas devam proporcionar autonomia, e promove aos educandos, mediante auxílio do educador e de acordo com os diálogos estabelecidos acerca das situações e dos eixos temáticos, a construção coletiva de uma agenda de prioridades que será transformada, pelo próprio grupo, em projetos com objetivos, metas e resultados, planejados a curto, médio e longo prazos. Desse modo, observa-se que a modalidade de educação ambiental do Ibama está voltada à participação comunitária, sendo planejada e desenvolvida por ela mesmo, a partir dos problemas ambientais reais que a cercam, afinal a comunidade conhece efetivamente a sua realidade. Acredita-se assim, que esse processo de envolvimento proporciona ao poder público e, ao mesmo tempo, à população a possibilidade de uma intervenção com o intuito de transformar o ambiente em um espaço de qualidade e convidativo ao convívio humano. 82 4 O PÓLO DE ECOTURISMO DA ILHA DE SANTA CATARINA O Projeto Pólos de Desenvolvimento de Ecoturismo no Brasil desenvolvido em 1997 pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) em parceria com o IEB (Instituto de Ecoturismo Brasileiro), teve o intuito de identificar as localidades em território nacional que já desenvolviam práticas consideradas ecoturísticas ou mesmo àquelas com potenciais naturais para o desenvolvimento de tais práticas e de inventariar as características, as potencialidades e a infra-estrutura necessária para uma efetiva implantação do ecoturismo. (MAGALHÃES, 2001a). Como resultado desse processo, este Projeto identificou 96 possíveis pólos distribuídos pelo território nacional nos 26 estados brasileiros (Ibid.). No entanto, relembra-se que este Projeto considera como pólo de ecoturismo, a região formada por um ou mais municípios, que já desenvolve ou que tem condições naturais, além de infra-estrutura adequada, para desenvolver atividades de ecoturismo. Nesse sentido, este Projeto pondera que não basta que uma área apresente um grande potencial representado por seus atrativos naturais e culturais para que seja considerada um pólo. Sem dúvida, a existência desses atrativos é fundamental, mas é preciso que eles estejam atendidos por facilidades tais como vias de acesso, serviços de hospedagem, alimentação e informação. Além da disponibilidade de infra-estrutura, serviços e roteiros adequados, é fundamental a vontade política dos dirigentes em buscar o desenvolvimento local através da gestão dos empreendimentos ecoturísticos (MAGALHÃES, 2001b, p. 69). Segundo o Projeto, no Estado de Santa Catarina, localizado na Região Sul do Brasil, foram identificados três pólos de ecoturismo: o SC 1 – Alto Vale do Itajaí; o SC 2 – Ilha de Santa Catarina; e o SC 3 – Planalto Serrano, conforme mostra o mapa 1. O Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC), caracterizado como objeto de estudo dessa pesquisa, segundo o Projeto Pólos compreende, principalmente o município de Florianópolis e seu entorno (MAGALHÃES, 2001a). Essa região tem sido indicada pelos dados da Embratur (2005), como uma das cidades mais visitadas do país, sendo que em relação às cidades do sul do país, está atrás apenas das cidades de Foz do Iguaçu e de Porto Alegre. Segundo as pesquisas de demanda turística da Santur (2005) o principal motivo dessas visitas está relacionado as viagens com fins turísticos e, principalmente, a busca por atrativos naturais. Isso explica, em partes, o por que a Ilha de Santa Catarina e seu entorno 83 foram identificados pelo Projeto Pólos de Desenvolvimento de Ecoturismo no Brasil como um dos pólos e, também, como um local propício ao desenvolvimento do ecoturismo. Mapa 1: Localização dos Pólos de Ecoturismo do Estado de Santa Catarina Fontes: IBGE (2005); Magalhães (2001a) Nesse sentido, o Projeto Pólos informa que os atrativos identificados no levantamento das características naturais desse pólo foram as praias, as ilhas, as montanhas, as lagoas etc., além de, um diversificado ecossistema, ainda conservado em função das diversas unidades de conservação instituídas no município de Florianópolis e seu entorno (MAGALHÃES, 2001a). Este Projeto esclarece ainda que a configuração do PEISC é demarcado e delimitado pelo alinhamento das unidades de conservação existentes em Florianópolis e em seu entorno, e limita-se ao norte pela Reserva Biológica do Arvoredo, ao sul pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e a noroeste pela Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim (Ibid.), conforme mostra o mapa 2. No entanto, diferentemente da ponderação feita por Magalhães (2001a) quanto ao município envolvido nesse pólo ser somente Florianópolis, nota-se que o pólo possui sua delimitação demarcada pelas unidades de conservação localizadas fora da Ilha de Santa Catarina (na porção continental) e, com isso, acredita-se que o PEISC envolva também os outros municípios que abrigam e a qual pertencem as unidades de conservação supracitadas, conforme informa o anexo J. 84 Legendas: 85 Mapa 2 – Unidades de conservação compreendidas pelo Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina Fonte: Fatma (2004a) Para garantir a preservação da vegetação dos ecossistemas foram criadas nos decênios de 1960 e 1970 as primeiras unidades de conservação da Ilha de Santa Catarina (CECCA, 1997). Em um contexto geral, as unidades de conservação brasileiras relacionam-se ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que tem por finalidade contribuir para a conservação da natureza e da biodiversidade, proporcionando o uso sustentável dos recursos naturais. O Ibama define as unidades de conservação por meio do SNUC como porções do território nacional, incluindo as águas territoriais, com características naturais de relevante valor, de domínio público ou propriedade privada, legalmente instituídas pelo poder público, com objetivos e limites definidos, e sob regimes especiais de administração, às quais aplicam-se garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000). 86 O SNUC apresenta ainda como um de seus objetivos “favorecer condições e promover a educação ambiental e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico” (BRASIL, 2000). Com isso, identifica-se a possibilidade da realização de atividades turísticas em meio a natureza conduzidas por ações educativas, como forma de garantir à sociedade o contato com a natureza, a recreação e o aspecto educativo, bem como, possibilidades de conservação da natureza, tanto em função das taxas pagas pela visitação quanto pelo pressuposto desenvolvimento de ações educativas. Diante das relações sobre os intuitos e as possibilidades dessa visitação, cabe salientar que essas ações tem a intenção de minimizar os possíveis impactos negativos causados pela atividade ecoturística, conforme pontua Serrano (2000b). Além disso, as áreas naturais protegidas são divididas em dois grupos básicos, as protegidas em função de suas características naturais sem dimensões e limites definidos e as áreas protegidas, também em função de suas significativas características naturais com definição de suas dimensões e limites ou também conhecidas como unidades de conservação (MAGALHÃES, 2001b). A partir disso, o SNUC subdivide as áreas naturais protegidas com dimensões e limites definidos em unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. As primeiras têm o intuito de preservar a natureza admitindo-se somente o uso indireto dos recursos naturais e sendo compostas pelas categorias de unidades: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. Já as demais, têm o intuito de relacionar sustentavelmente a conservação da natureza e o uso dos recursos naturais, sendo composta pelas categorias de unidades de conservação: Área de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural (BRASIL, 2000) 17 . A partir dos intuitos de conservação da natureza proporcionados pelas categorias de unidades de conservação, esclarece-se que a formação vegetal que compreende o PEISC tem o predomínio do bioma Mata Atlântica, que originalmente localizava-se, principalmente, nas faixas litorâneas, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, compreendendo 17 estados e sendo caracterizado pelos ecossistemas e formações florestais como a Floresta Ombrófila Densa, a Mista e a Aberta, as Florestas Estacionais Semideciduais 17 Para uma maior compreensão acerca dos detalhes inerentes às características, objetivos, domínios, atividades permitidas e proibições exercidas em cada categoria, sugere-se uma análise das tabelas comparativas elaboradas por Magalhães (2001b) e disponíveis nos anexos G, H, e I. 87 e Deciduais, os manguezais, as restingas e os campos de altitude (IBAMA, 2006a; MEDEIROS, 2002; SCHÄFFER, PROCHNOW, 2002), conforme apresentado na figura 16. Figura 16 – Mata Atlântica no Brasil Fonte: SOS MATA ATLÂNTICA (2006) Atualmente, estudos revelam restar aproximadamente 7% da cobertura florestal do bioma Mata Atlântica original, fato esse promovido por um processo histórico iniciado desde o descobrimento do Brasil, passando pelos ciclos econômicos como da cana-de-açúcar, do ouro, da produção de carvão vegetal, da extração de madeira, do café, entre outros, além do contínuo e degradador processo de urbanização (IBAMA, 2006a; SCHÄFFER, PROCHNOW, 2002; SOS MATA ATLÂNTICA, 2006). O Estado de Santa Catarina insere-se totalmente no domínio do bioma Mata Atlântica por possuir 85% de seu território coberto pelo bioma, sendo o terceiro Estado do país em número de hectares relacionados ao bioma, mas estudos salientam restar em média 17% de florestas relacionadas à Mata Atlântica nesse território (MEDEIROS, 2002; SCHÄFFER, PROCHNOW, 2002). 88 Já na Ilha de Santa Catarina, Caruso (1990) esclarece que, originalmente, esse território possuía em média de 90% de sua área coberta por vegetação, sendo 74% de Mata Atlântica, 9% de Manguezais, 7% de vegetação de praia, dunas e restingas e o restante ocupado por dunas sem vegetação e pelas lagoas, conforme apresentam e comparam os mapas 4 e 5. Mapa 4 – Cidade de Florianópolis e sua vegetação original Fonte: SOS MATA ATLANTICA (2006) Mapa 5 – Cidade de Florianópolis e sua vegetação atual Fonte: SOS MATA ATLANTICA (2006) 89 Legenda dos mapas 4 e 5 (SOS MATA ATLANTICA, 2006): Destacam-se no PEISC e, concomitantemente, na Ilha as formações vegetais de Mata Atlântica relacionadas a Vegetação Litorânea, a Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista (FATMA, 2001), conforme ilustra o mapa 3. Mapa 3 – Mapa Fitogeográfico Fonte: FATMA (2001) 90 Legenda do mapa 3 (FATMA, 2001): Segundo Caruso (1990) a vegetação litorânea ou também denominada de formações vegetais edáficas, são determinadas pelas condições do solo, sendo subdividida em subformações, como o mangue, a vegetação de praia, duna e restinga, e a Floresta de Planícies Quaternárias 18 . A formação vegetal relacionada a Floresta Ombrófila Densa é aquela que é fechada e influenciada pelas chuvas, onde as copas das árvores encostam umas nas outras (SEVEGNANI, 2002). Esta formação está subdividida em Floresta Tropical do Litoral e Encosta Centro-Norte e Floresta Tropical do Litoral e Encosta Centro-Sul (FATMA, 2001), que são caracterizadas por Caruso (1990) como formações vegetais climáticas em função do clima ser o elemento dominante em suas caracterizações. Ainda segundo esta autora (Ibid.) essas florestas se caracterizam pela elevada densidade e heterogeneidade vegetal. Já a formação vegetal relacionada a Floresta Ombrófila Mista é aquela também influenciada pelas chuvas, porém com características de espécies latifoliadas (com largas folhas) e associadas com a Araucária Angustifolia (pinheiro do Paraná) e com a Poducarpus Lambertii (pinheiro bravo) (SEVEGNANI, 2002). Essa formação se subdivide na Floresta de Faxinal na Serra do Tabuleiro e a Floresta de Faxinal ao longo das ramificações da Serra Geral e outras serras isoladas (FATMA, 2001). Essas formações vegetais destacam-se pelas formações dos faxinais, caracterizados por arbustos mais baixos e esparsos (SEVEGNANI, 2002). 18 CECA (1996) esclarece que as Planícies Quaternárias são áreas arenosas com vegetação que varia entre a restinga e a Floresta Ombrófila Densa, havendo uma maior semelhança com esta última. 91 Diante das características naturais que compõem o PEISC, Caruso (1990, p. 144) salienta que no caso da Ilha de Santa Catarina, “[...] mais de 90% da sua vegetação pode ser considerada de preservação permanente”, sendo portanto, de acordo com o artigo 2º do Código Florestal, proibido toda e qualquer forma de exploração de seus recursos naturais. Porém, como evidencia Caruso (1990) a Ilha de Santa Catarina foi constantemente submetida ao processo de desmatamento, que se iniciou durante o século XVIII devido a chegada dos colonos açorianos e madeirenses e que se estende até os dias atuais. Em relação ao processo de desmatamento e aos usos dos recursos naturais da ilha, Hauff (1997, p. 56) já evidenciava que as condições naturais da Ilha de Santa Catarina geralmente mostram um ambiente sensível a alterações, determinando grandes limitações de uso e exigindo padrões de ocupação que mantenham a qualidade do meio. Atualmente, a tendência de usos é essencialmente urbana, predominando o crescimento desordenado que não respeita as normas de zoneamento, as necessidades de infra-estrutura básica e, principalmente, os condicionantes naturais. Nesse sentido, Pereira (2003) salienta que o processo de turistificação da Ilha de Santa Catarina e a busca por seus atributos naturais, principalmente, de sua orla marítima, iniciou-se em função de uma demanda turística sazonal, proveniente do fluxo migratório de pessoas nos períodos de verão para o veraneio, que também eram utilizados como segundas residências, o qual caracterizou um intenso processo de urbanização e, consequentemente, a geração de grandes impactos sócio-ambientais. Desde os anos 70 tem-se intensificado os fluxos turísticos à Ilha de Santa Catarina (ALEXANDRE, 2003; CECA, 1996; PEREIRA, 2003), mas somente a partir dos anos 90 há uma explosão desse fluxo (PEREIRA, 2003). CECA (1996) refere-se ao turismo na ilha como um fenômeno não acidental, pois é também a partir da década de 70 que a ilha e, particularmente, a cidade de Florianópolis, começam a despertar para o turismo e a planejar o desenvolvimento da cidade por meio do turismo. Esse processo de planejamento articulado as fatores como, por exemplo, a explosão do turismo nacional e o fomento público e privado ao setor na melhoria da infra-estrutura de apoio e turística, fazem eclodir na década de 90 um crescente e intensificado fluxo turístico a ilha (CECA, 1996; PEREIRA, 2003). Desse modo, o desenvolvimento turístico na ilha acelerou a expansão urbana e gerou impactos no contexto sócio-ambiental, em função disso, Pereira (2003, p.126) evidencia no turismo a necessidade de haver um “[...] planejamento de alternativas para o setor, 92 contemplando as possibilidades de uma ação conjunta entre as iniciativas privadas e pública e envolvendo nos debates as comunidades locais”. Para tanto, o Projeto Pólos, apesar de segmentar a atuação do planejamento e do desenvolvimento turístico ao ecoturismo, tenta ser um articulador e, ao mesmo tempo, um promotor de iniciativas que visem a organização do turismo na Ilha de Santa Catarina e em seu entorno. 93 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1 O método e as técnicas da pesquisa O fenômeno social denominado turismo tem sido foco de estudo de inúmeras áreas do conhecimento, isto porque tem assumido relevância nas esferas econômica, social, cultural, ambiental, política entre outras possíveis, e também, por na visão de Dencker (2001) não constituir uma ciência com um campo de princípios devidamente organizado e definido, passando assim, a ser compreendido como uma sub-área com conhecimento que utiliza métodos e conceitos advindos de outras consolidadas ciências sociais. Por isso, para compreender o processo de desenvolvimento do fenômeno turístico, foi necessário analisá-lo diante das complexas inter-relações ocorridas entre os sujeitos sociais, os setores econômicos e suas implicações ao meio ambiente, pois como evidencia Beni (2003) o turismo possui um campo de estudo abrangente, complexo e pluricausal. Desse modo, para a realização de estudos sobre as diversas áreas do conhecimento são utilizadas metodologias, compostas em síntese de “[...] procedimentos e regras utilizadas por determinado método” capazes de garantir a relevância científica da pesquisa, sendo esta compreendida como a maneira concreta pela qual se realiza a busca de determinado conhecimento (RICHARDSON, 1999, p. 22). A busca desse conhecimento ocorre de forma sistemática, mas a sua construção necessita da reflexão proporcionada por meio do uso de métodos e técnicas (DENCKER, 2001). Sendo assim, a presente pesquisa, que se insere na área do conhecimento das Ciências Sociais Aplicadas, a qual compreende o estudo do turismo, pressupõe a interação com outras áreas como meio ambiente, educação e sociedade e tem por objetivo geral analisar as relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina. No intuito de atingir o objetivo geral proposto e para que se garanta a cientificidade e a confiabilidade das informações analisadas, utilizou-se de um método científico, compreendido por Richardson (1999, p. 22; 80) como o “[...] caminho ou a maneira para chegar a determinado fim ou objetivo [...]”, sendo que o caminho a ser percorrido nessa pesquisa será pautado pelo uso do método qualitativo, o qual procura 94 [...] descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos unidos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. Este autor acrescenta ainda que o método qualitativo caracteriza-se como uma “[...] tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção e medidas quantitativas de características ou comportamentos” (Ibid., p. 90). Nesse sentido, Marconi e Lakatos (2004, p. 269) salientam que a principal diferença entre os métodos qualitativo e quantitativo está na forma de coleta e análise dos dados, pois o método qualitativo está preocupado “[...] em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.”. A escolha e a utilização do método de pesquisa qualitativo justificam-se na tentativa de compreender o processo de desenvolvimento do fenômeno turístico, visto por Dencker (2001, p. 18) como sendo “[...] um trabalho de natureza multi ou interdisciplinar [...]” e, para tanto, torna-se necessário analisá-lo pautado pela abordagem sistêmica que prevê a superação das limitações de um pensamento fragmentado, pois segundo Beni (2003), essa abordagem realiza a interação de um conjunto de partes com o intuito de atingir um determinado fim, ou seja, a partir de um conjunto de procedimentos e de princípios tem-se a intenção de analisar e descrever o funcionamento complexo de um todo. Então, o ecoturismo, enquanto tema central dessa pesquisa é compreendido como um segmento do turismo que deve ser analisado levando-se em consideração os critérios préestabelecidos para seu desenvolvimento, no qual inclui-se a educação ambiental, assim como, os critérios que determinam a sua sustentabilidade, com enfoque nos critérios ambientais, conforme os evidenciados por Sachs (2000), que foram mencionados anteriormente. Para que se possa analisar esse complexo e multivariado contexto, além do método qualitativo, utilizou-se as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e de entrevista estruturada para a coleta de dados (DENCKER, 2001). Desse modo, teve-se a possibilidade de verificar como o ecoturismo é desenvolvido, sob a ótica de seu componente educativo, e como essa atividade pode gerar benefícios à conservação da natureza, assim como, teve-se a possibilidade de identificar as modalidades de educação ambiental que, possivelmente, são aplicadas ao ecoturismo. 95 Conforme descrito anteriormente, tem-se aqui a pretensão de evidenciar os procedimentos metodológicos adotados nessa pesquisa, assim como, classificar as etapas da pesquisa descrevendo-se os caminhos metodológicos percorridos para o alcance de cada um dos objetivos propostos. A visualização e maior compreensão desse processo pode ser auxiliada pelo fluxograma, conforme mostra a figura 17. A pesquisa está dividida em duas partes distintas, mas não dissociadas, no que tange às reflexões proporcionadas e os resultados alcançados, sendo que a etapa I representa a parte teórica da pesquisa, enquanto a etapa II, representa a parte empírica. Na parte teórica consta o objetivo específico 1, que era verificar as relações entre o ecoturismo e a educação ambiental com vistas à conservação da natureza, e o objetivo específico 2., que era identificar as modalidades de educação ambiental aplicadas no ecoturismo. Essa parte é caracterizada como teórica, pois utilizou-se das técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, para coleta de dados. Para a análise dos dados bibliográficos e documentais acerca das temáticas de ecoturismo, educação ambiental e suas possíveis interfaces, recorreu-se à análise documental, que é descrita por Richardson (1999, p. 228; p. 230) “[...] como a observação que tem como objeto [...] as manifestações que registram [os] fenômenos e as idéias elaboradas a partir deles”. Além disso, a análise documental “[...] consiste em uma série de operações que visam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir as circunstâncias sociais e econômicas com as quais podem estar relacionados”. Pretendeu-se com isso, confrontar a análise e a interpretação das informações advindas das referências bibliográficas e documentais, com o intuito de produzir um referencial teórico acerca dessas temáticas que comportasse um arcabouço teórico-metodológico para o desenvolvimento e, posterior, análise da parte empírica da pesquisa. Cabe salientar que apesar de não se tratar de uma pesquisa quantitativa, em nenhum dos processos (teórico ou empírico) foram descartados dados e/ou informações oriundos dessa abordagem de pesquisa, pois algumas destas poderiam ser imprescindíveis para a análise qualitativa. Em continuidade, a parte empírica da pesquisa é representada pelo objetivo específico 3, que era levantar junto aos agentes e operadores de viagem do segmento de turismo na natureza do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC) os destinos de ecoturismo que desenvolviam a educação ambiental, e pelo objetivo específico 4, que era reconhecer, junto aos gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC), a importância da educação ambiental no ecoturismo para a conservação da natureza desses locais. 96 Figura 17 – Fluxograma da pesquisa Fonte: elaborado pelo autor 97 No intuito de atingir os objetivos propostos nessa etapa, utilizou-se a técnica de entrevista para a coleta de dados, pois Richardson (1999, p. 207), afirma que essa técnica “[...] permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas” – entrevistado e entrevistador – a qual refere-se “[...] ao ato de perceber entre duas pessoas”. Desse modo, Dencker (2001, p. 137) a compreende como “[...] uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa”. Para tanto, utilizou-se nas entrevistas roteiros de perguntas compostos por perguntas não-estuturadas, que de acordo com Richardson (1999, p. 208), visam “[...] obter do entrevistado o que ele considera ser os aspectos mais relevantes de determinado problema [...] [pois] pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas em uma análise qualitativa”. A formulação desses roteiros de entrevista e, consequentemente, de suas perguntas, foram baseados no modelo de pergunta ideal proposto por Lefèvre & Lefèvre (2003) que propõe ao entrevistado a produção de um discurso referente ao assunto pesquisado, que permite uma livre exposição de suas idéias a partir da apropriada compreensão da questão e que sugere a realização de um pré-teste em sujeitos compatíveis com a pesquisa. Cabe salientar que a aplicação do pré-teste dos roteiros de entrevista, mostrou-se inviável devido ao número estatístico do universo e da amostra determinada pela pesquisa, bem como, por se tratar de perguntas abertas e abrangentes que, supostamente, proporcionam a compreensão das mesmas e revelam respostas coerentes com a investigação. 5.2 Seleção e coleta de dados junto aos atores sociais entrevistados Essa técnica de entrevista foi utilizada em dois momentos distintos, sendo que o primeiro contemplou a aplicação do roteiro de entrevista (apêndice A) em diálogos realizados com 05 (cinco) agentes e operadores do segmento de turismo na natureza do PEISC, compondo assim, o objetivo específico 3. Esses atores sociais (entrevistados) foram selecionados com base nos dados disponíveis em ABAV (2006), Guia Floripa (2006a e b), Guia Panrotas (2005) e Picasso (2005), sendo que a sua escolha justificou-se pelo fato de que no ecoturismo as agências e operadoras do segmento de turismo na natureza exercem importante papel na intermediação da comunicação entre o turista e o destino, bem como, no desenvolvimento e planejamento de atividades relacionadas ao ambiente natural que compõe 98 determinado destino turístico, pressupondo-se, também, no desenvolvimento do componente educativo (educação ambiental) nesses locais ou nessas práticas. Inicialmente, na base de dados que serviu para a escolha dos atores sociais entrevistados, constava um universo de 18 (dezoito) agentes e operadores relacionados ao turismo de natureza (ecoturismo), pelo fato de conterem em seus nomes e ou nas descrições institucionais, palavras elucidativas desse segmento, tais como ecoturismo, turismo na natureza, aventura, rafting, rappel, entre outras. Dessas 18 (dezoito) possíveis entrevistas, foram realizadas 07 (sete) entrevistas efetivas, sendo que 02 (duas) destas não enquadravamse no perfil proposto, desse modo, 05 (cinco) foram consideradas para a análise desse objetivo da pesquisa. Em relação às demais agências e operadoras cabe salientar que, a técnica de análise das entrevistas (a ser delimitada posteriormente) evidencia o trabalho com dados qualitativos e, por isso, é dispensável um número estatisticamente representativo da amostra em relação ao universo da pesquisa. É evidente também que haveria a possibilidade de se trabalhar em pesquisas qualitativas com o universo inicialmente detectado, mas especificamente nessa pesquisa, a amostra de 03 a 05 entrevistados já conformou uma real representação do mercado de agências e operadoras de turismo na natureza do PEISC e, portanto, representativa deste universo de atores sociais. Além disso, constatou-se situações que inviabilizaram a entrevista das demais agências e operadoras, tais como o agendamento da entrevista sem o comparecimento do entrevistado, a constatação de que somente trabalhava-se em períodos de alta temporada, a dificuldade na efetivação do contato por telefone, sites e outros estarem errados ou ‘fora do ar’, e também a evidência das que se demonstravam fora do perfil, pois apesar de intitularem-se agentes e operadores especializados em atividades turísticas realizadas em ambientes naturais, estavam voltadas à outros segmentos ou a outros setores turísticos. O segundo momento da utilização da técnica de entrevista contemplou a aplicação do roteiro de entrevista (apêndice B) aos gestores ou outros atores sociais responsáveis pelos destinos identificados como resultados da primeira etapa da pesquisa e do objetivo específico 3 – que poderão ser observados adiante – os quais referiam-se majoritariamente às unidades de conservação localizadas na Ilha de Santa Catarina e em seu entorno, administradas pelas esferas municipal, estadual e federal do setor público, e que em síntese conformam o PEISC. Ressalta-se que, os resultados do primeiro momento de aplicação da técnica de entrevista – destinado aos agentes e operadores de turismo na natureza – levaram indiretamente à escolha dos gestores e ou responsáveis pelas unidades de conservação do 99 PEISC como universo para o segundo momento da aplicação da técnica de entrevista, que corresponde à resolução do objetivo específico 4. Nesse momento teve-se como universo da pesquisa o número estatístico de 32 unidades de conservação que formam o pólo e, para tanto, aplicou-se entrevista a amostra de 13 unidades de conservação, administradas conforme as esferas do setor público (FATMA, 2004b), nas respectivas instituições Floram (9 unidades de conservação), Fatma (1 unidade de conservação) e Ibama (3 unidades de conservação). Apesar dos resultados do primeiro momento de aplicação da técnica de entrevista também mencionarem outros destinos relacionados inclusive à outras unidades de conservação, que não aquelas pertencentes ao PEISC, a opção feita por restringir-se às unidades de conservação do PEISC e aos seus gestores como objeto de pesquisa e como amostra para as entrevistas, deveu-se ao fato destas representarem a maioria do universo de pesquisa e possibilitarem uma real representação dos destinos (unidades de conservação) utilizados pelo e para o ecoturismo, além de, a partir destas escolhas pressupor-se a possibilidade de uma análise teórico-metodológica mais assertiva acerca das relações entre ecoturismo e a educação ambiental. O fato dessa pesquisa envolver atores sociais como fonte para a obtenção de parte dos dados a serem analisados, tornou-se necessário o uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice C), o qual ao dissociar os interesses do entrevistado e do entrevistador, resguardou a integridade da pesquisa e evidenciou o seu caráter ético, conforme as normas do Comitê de Ética da Universidade do Vale do Itajaí. 5.3 Análise qualitativa dos dados Para a análise dos dados obtidos por meio da aplicação dos roteiros de entrevista aos dois grupos supracitados, utilizou-se a técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que consiste em obter discursos (respostas) advindas da expressão subjetiva (consciência) do entrevistado, por meio da aplicação de perguntas abrangentes (abertas). A técnica supracitada, segundo Lefèvre e Lefèvre (2003, p. 11), busca [...] dar conta da discursividade, característica própria e indissociável do pensamento coletivo, buscando preservá-la em todos os momentos da pesquisa, desde a elaboração das perguntas, passando pela coleta e pelo processamento dos dados até culminar com a apresentação dos resultados. 100 Para a aplicação do discurso do sujeito coletivo, os autores salientam ser necessária a aplicação de perguntas abertas ao conjunto de indivíduos que representam a coletividade, com o intuito de que se produzam discursos de maneiras ‘livres’, que representam melhor e mais adequadamente os pensamentos dos indivíduos entrevistados. O discurso do sujeito coletivo [...] é uma proposta de organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal, obtidos de depoimentos [...]. A proposta [...] consiste [...] em analisar o material verbal coletado extraindo-se de cada um dos depoimentos [...], as idéias centrais e/ou ancoragens e as suas correspondentes expressões-chave; com as expressões –chave das idéias centrais ou ancoragens semelhantes compõe-se um ou vários discursos síntese na primeira pessoa do singular (Ibid., p. 15-16). A coleta do material (discurso) a ser analisado foi realizada por meio do uso de um microgravador portátil, para que as respostas registradas no momento da entrevista fossem idênticas ao mencionado pelo entrevistado. O registro dessas respostas gravadas foi literalmente transcrito em papel, para que com base nesse material escrito fossem identificadas as expressões chave das idéias centrais (ECHIC) e as expressões chave da ancoragem (ECHAC) (disponíveis nos apêndices D e E). Lefèvre e Lefèvre (2003, p. 17, grifo do autor) nomeiam as expressões chave das idéias centrais e da ancoragem como figuras metodológicas que são necessárias para a confecção dos discursos do sujeito coletivo (DSC), e determina que as expressões-chave (ECH) são pedaços, trechos ou transcrições literais do discurso, [...] que revelam a essência do depoimento [...] do conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento [...] ou seja, as expressões chave são uma espécie de prova discurso-empírica da verdade das idéias centrais e das ancoragens e vice-versa. É com a matéria-prima das expressões chave que se constroem os discursos do sujeito coletivo. Já a idéia central (IC) é entendida pelos autores (Ibid.) como sendo “[...] um nome ou expressão lingüística que revela e descreve, da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o sentido de cada um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que vai dar nascimento, posteriormente, ao DSC”. Nesse caso, ressalta-se a importância de que a idéia central “[...] não é uma interpretação, mas uma descrição do sentido de um depoimento ou de um conjunto de depoimentos”. Além disso, esses autores completam que “essas ICs podem ser resgatadas através de descrições diretas do sentido do depoimento, revelando o que foi dito ou através de descrições indiretas ou mediadas, que revela o tema do depoimento ou sobre o que o sujeito enunciador está falando” (Ibid.). 101 Dentro desse processo de evidenciar as figuras metodológicas, os autores (Ibid.) afirmam que algumas ECH remetem não a uma IC correspondente, mas a uma figura metodológica que, sob a inspiração da teoria da representação social, denomina-se ancoragem (AC), que é a manifestação linguística explícita de uma dada teoria, ou ideologia, ou crença que o autor do discursos professa e que, na qualidade de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para “enquadrar” uma situação específica. Desse modo, os autores (Ibid., p. 18, grifo do autor) ressaltam ainda que “[...] quase todo discurso tem uma ancoragem na medida em que está quase sempre alicerçado em pressupostos, teorias, conceitos e hipóteses”. Entretanto, salientam que para que se tenha uma análise mais detalhada dos discursos é conveniente “[...] destacar e distinguir os discursos nos quais se encontram marcas lingüísticas claras de ancoragem, aqueles nos quais essa ancoragem é, digamos, genérica”. Por fim, com as ECH, as IC e as AC identificadas, passa-se a elaborar o ou os DSCs, compreendido pelos autores (Ibid., p. 18) como “[...] um discurso-síntese redigido na primeira pessoa do singular e composto pelas ECH que têm a mesma IC ou AC”. Para tanto, evidenciam que para a construção do DSC é necessário considerar os princípios de coerência, de posicionamento próprio, de distinção entre DSC e de artificialidade natural. Sucintamente, no princípio coerência deve-se atentar para que a soma dos depoimentos forme um “[...] todo discursivo coerente, em que cada uma das partes se reconheça enquanto constituinte desse processo e o todo constituído por essas partes”. O posicionamento próprio é marcado pela presença e pela expressão de “[...] um posicionamento próprio, distinto, original, específico frente ao tema que está sendo pesquisado”. Há também a distinção entre os DSCs, ou seja, por vezes a resposta do entrevistado apresenta mais de um DSC, podendo assim, distinguí-los em relação às diferenças/antagonismos ou por complementaridade. Desse modo, quando se trata de discursos antagônicos é obrigatória sua apresentação em separado, em contrapartida, quando se trata de discursos complementares, pode-se apresentá-los em conjunto, uns completando os outros ou em separado, para obter-se resultados mais detalhados. Em relação à artificialidade natural, relembra-se que o DSC é um discurso falado por um indivíduo que representa assim, um conjunto de indivíduos (a coletividade) e, por isso, deve-se construí-lo artificialmente, ou seja, deve-se limpar os discursos de suas 102 particularidades, encadeá-los em uma narrativa lógica e coerente e aproveitar todas as idéias disponíveis. Com isso, a proposta de Lefèvre e Lefèvre (2003, p. 19, grifos do autor) do DSC é “[...] resgatar o discurso como signo de conhecimento dos próprios discursos”, entretanto, salientam que com o DSC [...] os discursos dos depoimentos não se anulam ou se reduzem a uma categoria comum unificadora já que o que se busca fazer é reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como em um quebra-cabeça, tantos discursos-síntese quantos se julgue necessários para expressar uma dada “figura”, ou seja, um dado pensar ou representação social sobre um fenômeno. Um modelo extraído da obra de Lefèvre e Lefèvre (2003) está disponível no anexo F, como forma de exemplificar a construção e a posterior apresentação de um DSC. Essa apresentação estará disponível no capítulo ‘Resultados da pesquisa’ e será configurada por uma ‘moldura’ em torno do DSC para facilitar a identificação do leitor. Pretendeu-se, com o uso da técnica do DSC, revelar os pensamentos e as representações dos ‘atores sociais’ (entrevistados) envolvidos no processo de desenvolvimento do ecoturismo no PEISC, pois verificou-se o que estes pensam e entendem sobre o ecoturismo, onde ocorre, como é desenvolvido, qual a relação entre o ecoturismo e educação ambiental, como esta é desenvolvida, quais são as suas modalidades e quais são os benefícios proporcionados à conservação da natureza, entre outros. Reigota (1998b), ao corroborar com a temática da representação social infere que as representações sociais estão normalmente relacionadas com os sujeitos de fora da comunidade científica, fato que indica que as formas de se pensar relacionam-se a um processo histórico social que deve ser compreendido a partir de uma configuração coletiva social. Desse modo, evidencia-se também a necessidade de consideração da teoria da representação social, que é caracterizada por Moscovici (1976, 1978 apud REIGOTA, 1998b, 2002), como o conhecimento do senso comum que se tem acerca de um determinado tema, amplamente debatido pela ciência e reconhecido em espaço público, incluindo os preconceitos, as ideologias e as características sócio-culturais das pessoas. Em complemento, Jodelet (1989 apud LANE, 1995, p. 61) afirma que [...] as representações sociais devem ser estudadas articulando elementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação, a consideração das relações sociais que afetam as representações e a realidade material, social e ideal sobre as quais elas vão intervir. 103 Lane (1995, p. 71) acrescenta que “[...] as representações sociais são os dados empíricos dos quais se parte para um procedimento de análise que os insere no movimento histórico [...] permitindo assim chegar às categorias construtivas do psiquismo humano [comportamento humano]”. A partir do exposto, justifica-se o uso da técnica do discurso do sujeito coletivo como forma de detectar a compreensão sobre a importância da educação ambiental para o ecoturismo, apresentada, no âmbito do senso comum, pelos atores entrevistados, o que é possível na medida em que se compreendem os comportamentos humanos relacionados ao ecoturismo e à educação ambiental, já que a educação ambiental trabalha com atitudes e valores ambientais, partindo de um problema ambiental e caminhando em direção à sua respectiva solução. Para tanto, Ruscheinsky (2002, p. 04) complementa esta idéia quando cita que a compreensão de meio ambiente de cada indivíduo enquanto membro de um grupo social consolida uma representação social, portanto, o ponto de partida para o trabalho com educação ambiental deve ser a própria representação do educador e das pessoas envolvidas nesse processo. Nesse sentido, “a ação ou pensamento do indivíduo, compartilhado com um grupo ou em diferentes grupos sociais, exerce influência sobre o contexto social. Em outros termos, as representações sociais fundam a prática social” (Ibid., p. 06). Apesar de ter-se utilizado uma fundamentação advinda da educação ambiental, pressupõe-se que o mesmo possa ser aplicado ao ecoturismo, e que, portanto, com o DSC e com as representações sociais advindas dos agentes e dos gestores (tidos como envolvidos e responsáveis pelas práticas de ecoturismo e educação ambiental PEISC), pode-se analisar as relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental, de um modo geral, nos espaços destinados ao ecoturismo, possivelmente caracterizados como unidades de conservação, pois acredita-se que a representação social desses indivíduos acerca dessas temáticas norteiam suas práticas sociais. Essas práticas sociais referem-se aos momentos pelos quais os indivíduos empreendem processos de aprendizado, realizados com base em novas percepções ambientais, que garantam a transformação de seus valores e suas atitudes em relação ao meio ambiente natural, passando assim, a elucidar uma nova relação com o ambiente e seu entorno. Tuan (1980, p. 04-05) refere-se a esse processo como topofilia, “[...] o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico”, sendo que esse elo afetivo será construído a partir do momento em 104 que uma sucessão de percepções – “[...] resposta dos sentidos aos estímulos externos [...]” – formar as atitudes, entendidas como “[...] uma postura cultural, uma posição que se toma frente ao mundo”. Nesse sentido, a escola contemporânea da percepção, a gestáltica, se fundamenta no fato da percepção ser formada por sensações, ou seja, a percepção é o início do processo de conhecimento, nada pode estar na inteligência, ser aprendido, sem ter passado pelos sentidos. O aprendizado só acontece pelo sentido e a natureza, enquanto ambiente, produz sensações deleitáveis, estímulos sensoriais que dão formas às atitudes humanas (COIMBRA, 2004; HAGEN, 1980 apud SANTAELLA, 1998; TUAN, 1980). Com isso, pressupõe-se que o ecoturismo, enquanto uma atividade turística, que trabalha com a percepção dos envolvidos para com seu ambiente natural, facilitada por atividades proporcionadas pelas modalidades de educação ambiental, promove atitudes ambientais valorizadas pelo aprendizado que podem ocasionar o elo efetivo com a natureza e, consequentemente, a sua conservação. Justifica-se assim, o uso do DSC pautado pelos referenciais da representação social como forma de atingir os objetivos propostos para essa etapa da pesquisa, assim como, para toda uma análise das temáticas envolvidas. Portanto, após a aplicação das técnicas de pesquisa e a constatação de evidências teóricas e empíricas, será realizada a interpretação dos dados e, consequentemente, dos seus resultados, com o intuito de tecer diálogos que aprofundem as relações acerca das temáticas propostas (ecoturismo e educação ambiental), assim como, com seu objetivo de estudo, o PEISC. 105 6 RESULTADOS DA PESQUISA 6.1 Tecendo relações entre o ecoturismo e a educação ambiental Nesse momento, apresentam-se os resultados provenientes das reflexões teóricas (Etapa I dos ‘Procedimentos Metodológicos’) sobre as temáticas de ecoturismo e educação ambiental, e as suas possíveis relações, bem como, a identificação das modalidades de educação ambiental aplicadas ao ecoturismo, que contemplam os objetivos específicos 1 e 2, propostos inicialmente. Diante das interfaces e do ideário contemporâneo da relação entre homem e natureza, há o rompimento de uma convivência harmônica e o estabelecimento de novos padrões conflituosos, o que explicita a consideração da dependência entre o homem e a natureza (CASTELLS, 1999; VIOLA, 1987; VIOLA 1992; VIOLA e LEIS, 1995), e que pode explicar a importância da relação entre o ecoturismo e a educação ambiental. Os termos ecoturismo e educação ambiental não são novos, mas evoluíram de acordo com a evolução do conceito de meio ambiente (DIAS, 2000; LEONARDI, 1999; TAGLIEBER, 2003), assim como, com o desvendar da consciência ambiental, pela qual a sociedade evidencia a história do surgimento humano e a sua inter-dependência com o mundo natural, além da preocupação com os elementos que possibilitam a sobrevivência humana na Terra. O ecoturismo além de representar economicamente um segmento do mercado turístico que se utiliza dos elementos paisagísticos da natureza para uma demanda ávida ao consumo da ‘beleza’ natural (BINSWANGER, 1999; BOULLÓN, 2002), também representa uma postura ideológica que se afina aos ideais ambientalistas (conservacionistas ou preservacionistas) (PIRES, 2002), ambas representações marcadas pelas mudanças na sociedade pós-moderna, onde valoriza-se o novo e a autêntica experiência humana, pautada pelo significado das práticas corporais, pelo valor estético e pela ressignificação do ambiente natural, enquanto espaço de fuga do cotidiano urbano e de superação de limites proporcionados pelos desafios da natureza (CASCINO, 1998; SERRANO, 2000a; 2000b) . Então, o ecoturismo, prática marcada por princípios éticos, educativos e sustentáveis, tem o intuito de conciliar o equilíbrio da área econômica com a área ambiental, a chamada sustentabilidade (OMT, 2003; SACHS, 2000), sendo que para tanto, tem apresentado 106 conceitos, princípios e componentes que retratam uma possível incógnita quanto aos seus efetivos benefícios relacionados, por exemplo, à conservação da natureza, ao desenvolvimento comunitário e também à promoção da educação. O documento principal e oficial do setor, as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, de 1994, já retratava o ecoturismo como sendo um segmento do mercado turístico com atividades ainda desordenadas e promovidas em função das oportunidades mercadológicas, o que não proporciona os esperados e reais benefícios sócio-econômicos e sócio-ambientais, e sinaliza suas possibilidades de impactos nocivos aos ambientes onde é realizado. Mas, em relação à essas conseqüências, destaca-se apenas a sugerida preocupação do documento com a imagem da qualidade do produto ecoturístico brasileiro nos mercados nacional e internacional. E, diante disso, questiona-se o fato do mercado turístico (trade) e o governo (poder público) instituírem tais oportunidades mercadológicas como norteadoras do desenvolvimento do ecoturismo. No caso brasileiro, o ecoturismo, seus conceitos e seu ordenamento, tem sido discutido pela sociedade civil e no âmbito governamental há cerca de vinte anos, o que sugere a possibilidade de vislumbrar o estabelecimento claro de critérios e regras para o desenvolvimento da atividade. Mas observa-se a descontinuidade do processo, quando se têm diretrizes propostas há doze anos sem que se busque o efetivo alcance de seus resultados, além dessas diretrizes não serem adotadas como de interesse comum a toda sociedade, o que dificulta também o estabelecimento de um planejamento ordenado e talvez a freqüente produção de diálogos atuais acerca de um termo não necessariamente antigo, afinal referem-se à novas atividades de um antigo contexto. A partir do momento que considera-se uma atividade, motivada pelo lazer e realizada em ambientes naturais como uma prática turística, remete-se a isso que as antigas atividades relacionadas à natureza, são não menos ecoturísticas. Diante das faces de um turismo relacionado ao ambiente natural (PIRES, 2002) e ao mesmo tempo relacionado a diversas atividades esportivas, como uma ‘idéia guarda-chuva’ (SERRANO, 2000b), coloca-se em evidência a dificuldade de se estabelecer um planejamento e uma definição para essa atividade. Uma das formas de distinguir as atividades ecoturísticas de outras atividades turísticas, realizadas em meio à natureza, é tentar identificar na atividade em questão se há o desenvolvimento de seu componente educativo (educação ambiental) (PIRES, 1998, 2002; RAMOS, 2005). Dessa forma, quanto mais uma atividade ou um destino turístico promover 107 ações educativas em benefício da conservação da natureza, mais próximo estará de ser considerado ecoturismo. Em função disso, acredita-se que a educação ambiental passa a ser ao mesmo tempo um componente e uma ferramenta do ecoturismo, tanto para o alcance de seus objetivos propostos, quanto na contenção dos impactos nocivos gerados nos ambientes naturais. Essa inserção da educação ambiental no ecoturismo possibilita um processo de educação que remete o indivíduo (turista e educando) a uma ação – reflexão – ação, no sentido de compreender as conseqüências ocasionadas por seus comportamentos e por suas atitudes perante a natureza (DELORS et al, 2002; GUERRA, 2001; GUIMARÃES, 2005). Esse momento de ação – reflexão – ação só é possível de ser realizado por meio da aplicação de um processo educativo, que ganha repercussão no momento em que a este se aliam as percepções e as sensações proporcionadas pelo potencial natural em que está inserido (MENDONÇA, 2000, 2005a, 2005b; REIGOTA, 1998b, 2002). Nesse caso, tem-se a configuração de um sujeito ecológico, que estabeleceu sua afinidade com o meio ambiente natural, sensibilizou-se acerca das questões ambientais e que está consciente de seus atos, assumindo um papel de destaque na conservação da natureza. Assim, o ecoturismo pode ser visto como promotor de experiências privilegiadas de educação, que estimulam a elucidação de valores e incentivam atitudes em pról da conservação da natureza e da consolidação de um novo comportamento social. Reportando-se novamente às Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, agora sob o olhar da inserção da educação ambiental na atividade, observa-se que diante do objetivo de promover o ecoturismo como veículo da educação ambiental e da específica ação estratégica para isso – conscientização e informação ao turista – tem-se algumas distorções quanto às propostas e quanto aos meios efetivos para seu alcance. Conforme já explicitado, sabe-se que a educação ambiental é um componente e uma ferramenta para o planejamento e o desenvolvimento do ecoturismo, mas ainda se desconhecem as formas pelas quais esta ferramenta pode ser desenvolvida, o que ocasiona muitas vezes a promoção das informações ambientais no ecoturismo, que nada revelam ou proporcionam ao turista, enquanto desenvolvimento do processo educativo. Essa ação – conscientização e informação ao turista – propôs estratégias para divulgar atividades ecoturísticas ao turista e para orientá-los em sua adequada conduta na natureza. Contudo, tais estratégias estão, principalmente, relacionadas à veiculação de informação ambiental e à divulgação do destino de ecoturismo, especialmente em meios de comunicação de massa, assim como, relacionada à educação ambiental formal. 108 Mas, se o ecoturismo for ideologicamente considerado como uma concepção de viagem, que objetiva, por meio da interação do homem com a natureza, propiciar experiências, contatos, vivências diferenciadas, no que tange à compreensão do meio ambiente natural, de quê valeria ou o quê agregaria ao turista, nessa situação de viagem, ter contato com informações acerca do meio ambiente que estivessem sendo propagadas em meios de comunicação de massa, de modo informal. A educação ambiental trabalhada no ecoturismo deve ser a não formal, por estar relacionada aos diferentes espaços não escolarizados (espaços naturais) e por, ao mesmo tempo, não ser promovida de modo informal, ou seja, por meio dos canais de comunicação em massa. Para tanto, há que se ter formas específicas de desenvolvê-la, sendo que nessa pesquisa revela-se quatro modalidades de educação ambiental não-formal, o aprendizado seqüencial (CORNELL, 1997), a interpretação ambiental (HAM, 1992), a educação experiencial (OBB, 2005) e a educação no processo de gestão ambiental (IBAMA, 2006), ou também chamadas de educação ao ar livre, que podem ser aplicadas ao ecoturismo. Salienta-se que as três iniciais estão mais relacionadas a atividades de lazer, enquanto a última tem ênfase no desenvolvimento comunitário, e que, essas modalidades têm, em geral, semelhança com o processo de ação-reflexão-ação pautado nos pressupostos de Freire (1980), que Guimarães (2005) coloca como uma educação ambiental crítica. A própria Política Nacional de Educação Ambiental, de 1999, já colocava que a educação ambiental deve ser desenvolvida de maneira integral e que deve proporcionar à sociedade a formação de valores, atitudes e habilidades na solução de problemas ambientais. Apesar de diferentes nas relações e em suas formas de desenvolvimento, essas modalidades de educação ambiental proporcionam aos indivíduos uma formação ambiental e, consequentemente, a possibilidade de transformação social. No caso do turismo, por exemplo, a transformação de atividades convencionais em atividades turísticas mais sustentáveis, além da própria transformação individual. Outro detalhe a destacar é que, no ecoturismo, trabalha-se exclusivamente com os ambientes naturais e, sendo assim, identifica-se um poder ainda maior de sensibilizar seus participantes, pois o ambiente natural dispõe de um significativo e intrínseco potencial à educação (MENDONÇA, 2000, 2005a, 2005b; SERRANO, 2000a, 2000b). Na tentativa de estabelecer inter-relações entre as práticas de ecoturismo e educação ambiental em um processo de planejamento (GUIMARÃES, 2001; SALVATTI, 2003) para futuras atividades de ecoturismo, sugere-se com base nos apontamentos de Guerra (2001) e conforme mostra a figura 18, ‘O processo de educação ambiental aplicado ao ecoturismo’, 109 que pretende nortear um efetivo planejamento de ecoturismo pautado exclusivamente nos ideais educacionais, tendo na educação ambiental e na inserção das modalidades de educação ambiental (AS, IA, EE, EPGA), as efetivas ferramentas ao processo de desenvolvimento e ao alcance dos objetivos do ecoturismo, inclusive a conservação da natureza. Isto porque, o ecoturismo é freqüentemente considerado como um meio de conservação da natureza, mas tal consideração normalmente restringe-se a relacionar esse potencial de conservação ao que poderá ser feito, em pról desse objetivo, com a receita arrecadada pela visitação turística nos atrativos e ou nas unidades de conservação, sem que se vislumbre um alcance mais efetivo desse objetivo, por meio da implementação de práticas educacionais, já que o turista, ao visitar o local ou ao realizar uma atividade pautada pelas modalidades de educação ambiental, leva consigo o aprendido e isso fará parte de seu legado, possivelmente, parte até de comparações em suas próximas viagens, diferentemente das taxas que são pagas uma única vez. Figura 18 – O processo de educação ambiental aplicado ao ecoturismo Fonte: Adaptado da ‘Dimensão ambiental na educação’ (GUERRA, 2001) 110 Então, esse processo de educação ambiental aplicado ao ecoturismo (figura 18) estrutura-se em uma relação horizontal entre os elementos que o compõem, bem como, em um sistema periférico, que parte das relações estabelecidas no centro do processo para as áreas periféricas, com a intenção de atingir as dimensões que norteiam o processo como um todo. Desse modo, tem-se no centro do processo o ecoturismo, que é permeado pelas relações estabelecidas entre os envolvidos em seu processo de planejamento e de desenvolvimento (trade turístico, turistas, comunidade local e poder público). A partir disso e conforme um processo de educação (conduzir para fora (CORNELL, 1997; MENDONÇA, 2005b)), o ecoturismo e as interações estabelecidas entre os envolvidos tendem a seguir em direção a cada um dos processos de aprendizagens (GUERRA, 2001) ou aos pilares necessários à educação (DELORS et al, 2002), como formas de se atingir os processos de pensar, sentir, querer, ser, conviver, fazer e, por fim, poder. Esses processos interagem simultaneamente e são pautados pelas dimensões do conteúdo da aprendizagem (afetiva, cognitiva, metodológica e ecosófica), ou seja, são as formas pelas quais os envolvidos no processo de ecoturismo irão adquirir conhecimentos e exercer habilidades e competências, mediante as dimensões do conteúdo para a educação ambiental (relações intra e interpessoais, atitudes e valores éticos e estéticos, conhecimentos e outros saberes, habilidades e competências) e a influência de seus respectivos componentes (conhecimento, saberes locais, tradições culturais e espirituais, autonomia, percepção estética, sensibilização, participação, resolução de problemas, ação/reflexão/ação, cooperação, solidariedade, responsabilidade, e corporeidade), bem como, do processo metodológico inerente às modalidades de educação ambiental não-formal ao ar livre (AS, IA, EE e EPGA). As relações estabelecidas nesse processo têm o intuito de promover o processo educativo (ação – reflexão – ação) por meio do e para o ecoturismo, para que os envolvidos nessa atividade transformem seus valores (suas representações sociais) em relação ao convívio e a utilização da natureza, e para que atinjam a esfera do poder, da ação (prática social), da transformação dos valores em atitudes e da transformação crítica da realidade que os cercam. Acredita-se que esse processo possa ser aplicado ao desenvolvimento ecoturístico de regiões, como as delimitadas pelo Projeto Pólos de Ecoturismo, afinal, pretendem desenvolver o ecoturismo e, para tanto, torna-se necessário a inserção de um modo sistemático de educação ambiental. 111 6.2 Análise dos Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) Na tentativa de tecer diálogos mais assertivos em relação aos discursos dos atores sociais entrevistados na pesquisa, referente aos objetivos 3 e 4, se disponibiliza a seguir os Discursos do Sujeito Coletivo (DSCs) desses mesmos atores, compostos pelo conjunto das expressões-chave das idéias centrais (ECHIC) e das expressões-chave das ancoragens (ECHAC). Os DSCs estão organizados de acordo com a ordem das perguntas realizadas e separados pelo conjunto das idéias centrais (IC) antagônicas, vislumbradas em cada uma das respostas às questões. Atenta-se para o fato de que algumas IC aparecerão compostas pela nomenclatura idéia individual entre parênteses, o que representará uma idéia antagônica mencionada apenas uma vez pelo grupo de atores sociais entrevistados, ou seja, a idéia mencionada foi única no grupo entrevistado, não podendo ser complementada em nenhuma outra IC e, devido a sua importante representação não poderia ser excluída. Salienta-se também, que Lefèvre e Lefèvre (2003) em nenhum momento tratam desse possível aspecto ou característica na técnica do DSC, pressupondo-se assim, a possibilidade de sua consideração em função das condições específicas para os dados trabalhados na presente pesquisa. A seguir, então, além dos DSCs apresentados, inicialmente com a exposição da questão, também serão apresentados os pressupostos e os intuitos que levaram o pesquisador a confeccionar e aplicar tal questão aos entrevistados, bem como, posteriormente, será apresentado ao DSC de uma IC, os comentários e os aspectos daquele DSC e daquela IC pautados pela relação teórica a que remetem. 6.2.1 Discursos dos agentes e operadores de turismo na natureza do PEISC O primeiro DSC apresentado refere-se aos agentes e operadores de turismo na natureza do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina (PEISC) que tinha o intuito de levantar os destinos de ecoturismo que desenvolvem a educação ambiental no pólo, conforme o objetivo específico 3 proposto pela pesquisa. Para tanto, elaborou-se quatro questões, sendo que a primeira delas, tratava-se de uma pergunta ‘filtro’, ou seja, uma pergunta inicial para situar a atuação da empresa entrevistada. Ao mesmo tempo, a idéia também era de que fosse uma pergunta base para a elaboração da segunda, afinal, se há a utilização do ecoturismo 112 como um produto da empresa, então, necessita-se compreender o que se entende por ecoturismo. Lembra-se, apenas, que duas das entrevistas realizadas foram excluídas, principalmente, em função das respostas que foram obtidas com a aplicação desta pergunta. Questão 1 – O Sr. (a) utiliza-se do ecoturismo como produto de venda ao consumidor / turista? DSC da IC – ecoturismo como produto de venda da empresa. Eu utilizo, né? o ecoturismo é o produto de venda da minha empresa. E se utiliza não só do ecoturismo mas de toda a filosofia da atividade, sendo o ecoturismo uma das bases da empresa, então, é ecoturismo, cultura e aventura, é um tripé, e isso gera as viagens pedagógicas. Mas a gente começou a tomar uma outra conotação aí. Tá utilizando de atividades de aventura em meio a natureza. Eu trabalho, digamos, formalmente com o ecoturismo, com firma e cnpj já a aproximadamente 12 anos e informalmente, né? desde 86. Primeiramente, esse DSC apresenta uma concepção de que o ecoturismo não é apenas um segmento de mercado, voltado ao lado comercial, há uma filosofia por trás da atividade. Enquanto atividade comercial, nota-se que para a região do pólo, o ecoturismo tem sido trabalhado, mesmo informalmente, há pelo menos vinte anos, o que confirma que sua prática é ainda anterior às discussões acerca dessa prática. Já a filosofia abarca as áreas de atuação do ecoturismo e retoma um ponto inicial do surgimento de uma relação entre ecoturismo e educação ambiental, o desenvolvimento das viagens pedagógicas, além de, ao mesmo tempo, mostrar uma tendência de mercado, que é a ênfase nas atividades de aventura em meio a natureza. Nessas relações também é possível identificar uma polissemia de termos para tratar de assuntos correlatos ao ecoturismo. Na segunda questão, houve a intenção de compreender o significado do ecoturismo, partindo-se do pressuposto de que a concepção que se tem dessa atividade se trata de uma representação social, ou seja, de uma concepção sobre o assunto, e isso possivelmente norteia a prática social do indivíduo, e consequentemente, o planejamento e a execução da atividade. Questão 2 – Para o Sr. (a) o que quer dizer ecoturismo? DSC da IC A – íntima relação homem e natureza É seria um turismo mais é junto a natureza né? e uma forma mais íntima, assim né? Pra mim, o ecoturismo além disso, envolve muito mais com o sentimento de descoberta que as pessoas, é... só passam a sentir a partir do momento que conseguem intimamente entrar em contato 113 com a natureza. Busca talvez estreitar, assim um pouco, o... resgatar o contato do homem com a natureza, uma forma mais íntima, né? O discurso da IC A retoma o diálogo da busca do pertencimento do homem ao meio ambiente natural, enquanto fruto da natureza, ou seja, um retorno às suas origens que está pautado em um sentimento de descoberta, ou melhor, de redescoberta dos sentidos e do potencial que a natureza tem na ruptura de formas de vida urbanas. O estabelecimento dessa relação mais íntima representa a possibilidade de uma relação harmoniosa, de respeito e cumplicidade com um dado espaço, provavelmente, em função da descoberta de seu pertencimento. DSC da IC B – sustentabilidade do ecoturismo É uma prática de atividades ligadas à natureza, é uma integração com a natureza, é o respeito à natureza, então, é toda uma questão que você está se utilizando da natureza, você tá respeitando a natureza, você está integrado a natureza e você tá... é o seu limite e o limite da natureza, é o equilíbrio do que você consegue...de forma cuidada, elaborada, pensada, né? sincronizada até. É uma relação entre a sociedade, a parte econômica, a parte ambiental nas quais se tem como um dos principais objetivos a conservação da natureza, de forma que você tenha rendimentos, tenha lucros, né? que você prejudique de forma nenhuma o local. Aí a gente entra em toda essa questão de sustentabilidade né? de você garantir que isso seja mantido para as próximas gerações, enfim... Ecoturismo tá dentro de turismo sustentável, né? turismo sustentável é um círculo maior e ecoturismo se insere dentro dele. Dentro do ecoturismo se insere os esportes de aventura ou turismo de aventura, que permeiam os dois, dentro de ecoturismo e turismo sustentável. Já o discurso da IC B remonta a idéia de que apesar da íntima relação existente entre homem e natureza, esta não é apresentada como um meio de equacionar as atividades, principalmente as econômicas, com a conservação do meio ambiente natural, por meio de seu desenvolvimento planejado, para que não haja degradação do local, sendo que o que se verifica na prática é muito mais a identificação das atividades como fonte de lucros e de rendimentos, configurando assim, o embate entre a sustentabilidade e o ecoturismo. Apesar disso, a atividade de ecoturismo é apresentada pelo discurso como parte da vertente do turismo sustentável e como uma atividade potencialmente sustentável, que deveria efetivamente conciliar os interesses econômicos e a conservação da natureza. DSC da IC C – banalização do ecoturismo (idéia individual) Eu acho que é complicado o fato como... a forma como o ecoturismo, a palavra eco foi banalizada, né? Hoje em dia assim, as pessoas se utilizam da palavra eco, ecologia, ecoturismo pra tá vendendo e pra tá criando uma imagem de que respeita a natureza, tudo isso. 114 Na IC C há uma representação que em parte explica o embate entre a sustentabilidade e o ecoturismo, afinal, essa atividade tem sido desenvolvida muito mais em função de um modismo ambiental, de uma busca incessante por lazer e turismo nos espaços naturais e também, como meio para o desenvolvimento econômico, ao invés de ter a preocupação de ser uma atividade comprometida efetivamente com os seus reais benefícios de conservação da natureza e de melhoria da qualidade de vida da comunidade local. Isso gera, como mostra o discurso, a banalização da palavra, ou seja, a ampla divulgação de um termo que, para alguns, já não tem mais o mesmo significado que poderia ter. A elaboração da terceira questão partiu do pressuposto de que um dos componentes do ecoturismo, a educação ambiental, seria mencionada justamente em algum momento da segunda questão e, a partir disso, tinha-se o interesse de compreender como as agências e operadoras, supostamente ditas de ecoturismo, trabalham com esse componente educativo do ecoturismo. Ao mesmo tempo, tinha-se também o intuito de enfatizar a inserção dessa idéia de componente educativo, especialmente relacionando-o ao conceito de ecoturismo, e por isso, optou-se por contextualizar a pergunta na forma de afirmação para, em um segundo momento, questionar a opinião do entrevistado. Ao primeiro passo, observou-se que a educação ambiental ainda não é considerada um dos elementos essenciais ao desenvolvimento do ecoturismo, mesmo que na segunda questão, tenha-se comentado sobre as viagens pedagógicas. Tais viagens podem ser entendidas muito mais como uma segmentação de mercado da agência, do que como uma filosofia, ou até mesmo, do que um componente do ecoturismo. Questão 3 – Um dos critérios para as atividades turísticas serem denominadas de ecoturismo é a existência do componente educativo (educação ambiental). Como o Sr. (a) trabalha com a educação ambiental? DSC da IC A – sensibilização pela própria natureza As pessoas vem pra se divertir, mas automaticamente elas tão emergindo na natureza, tão recebendo as informações, a natureza realmente ali de uma forma original e sempre tem algumas coisas meia degradadas e a pessoa só nesse parâmetro e ali olhando ali, ela já tem essa sensibilização né? é a própria força da natureza que alimenta a pessoa e a pessoa realmente fica é... revaloriza a natureza né?, só pelo simples fato de entra em contato com ela. Esse primeiro DSC sugere a idéia de que a natureza dispõe de um enorme potencial para naturalmente estimular as pessoas envolvidas em atividades ao ar livre à compreender 115 seu espaço, seu funcionamento e seus problemas, bem como, aproveitar esse momento para a diversão, para o entretenimento. Dessa forma, o discurso sugere uma ‘educação’ de modo recreacional, onde a pessoa por meio de sua percepção pode vislumbrar o ‘belo’ (forma original) e o ‘feio’ (as ‘coisas’ degradadas) e, com isso, estabelecer um parâmetro de análise, de reflexão sobre as atitudes e as ações que ao mesmo tempo tornam aquele espaço ‘belo’ ou ‘feio’. Em contrapartida, questiona-se que para a efetivação da educação é necessário a presença de um educador ou um indivíduo mediador que por meio de sua percepção consiga sistematizar ações de sensibilização dos participantes sobre a realidade ao seu redor e o mesmo tempo auxiliá-los a se conscientizar da sua importância para melhorar aquela situação. DSC da IC B – educação ambiental formal Escolas sejem públicas, sejem particular que vem fazê alguma saída de campo de ordem é... de educação. A gente busca tá inserindo a questão da educação ambiental durante todo o processo, desde o momento que a gente pega os alunos no colégio, uma conscientização camuflada de como se deve... como eles devem se portar... é um trabalho em conjunto com a escola, é uma coisa que os monitores e a empresa não fazem tão diretamente com os alunos, mas é um trabalho que já vem da sala de aula. A vontade é de fazê um trabalho mais nas escolas públicas né, que é assim de grátis, fazê essas atividades, mas tem que arrumá um parceiro pra pode custear. Já no DSC da IC B, tem-se a idéia equivocada de que o ecoturismo comporta a educação ambiental em seu modo formal. No senso comum, sempre que se trata de educação pensa-se em escolas, alunos e professores. É importante salientar que o ecoturismo, assim como, as atividades por este desenvolvidas, são realizadas em espaços não escolarizados, por isso, em espaços não formais. A educação ambiental não formal ou também compreendida como educação ao ar livre ocorre exatamente no cenário para o desenvolvimento do ecoturismo, ou seja, nos espaços naturais, ou seja, no meio ambiente natural. Cabe esclarecer que a compreensão de que o ecoturismo não comporta a educação ambiental formal, advém, principalmente, da identificação dos espaços para sua realização, assim como, do fato de que para a educação ambiental formal compor o ecoturismo, é necessário que haver um efetivo planejamento desta última no intuito de envolver todos os outros aspectos da educação, o formal, o informal e o não formal, de forma a desenvolver um programa de educação ambiental aplicado ao ecoturismo. Um exemplo disso, poderia ser vislumbrado em um destino turístico que tivesse planejado e desenvolvido atividades relacionadas à natureza e que nas escolas desse destino fossem trabalhados conteúdos sobre 116 questões ambientais aplicadas ao turismo, de modo transversal, assim como, houvesse a divulgação de idéias sensibilizadoras e potencializadoras da conservação do meio ambiente natural, nos meios de comunicação de massa, bem como, houvesse o desenvolvimento de formas específicas de educação ambiental a serem aplicadas as atividades de ecoturismo. DSC da IC C – não se tem formas específicas de educação ambiental Nós não temos uma metodologia né? Não tem uma forma específica, tem é digamos, é uma, uma... a gente procura ter, digamos, os parceiros. No DSC da IC C observa-se que o mercado ecoturístico desconhece e, consequentemente, não utiliza formas específicas de desenvolvimento da educação ambiental, possibilitando assim, a compreensão de que algumas das práticas de educação ambiental, desenvolvidas no ecoturismo, ocorrem de maneira não sistemática, o que sugere que não sejam formas efetivas de educação. O discurso sugere ainda que há uma parceria desenvolvida entre a empresa e um suposto guia, ou seja, enquanto a empresa se preocupa com a comercialização da atividade de ecoturismo, o guia tem a responsabilidade de trabalhar as informações sobre o local visitado, reportando assim, a uma transmissão de informações, prestada nem sempre por um profissional qualificado para tal. DSC da IC D – conhecimento sobre o componente ambiental (consciência ambiental) Todas as atividades que a gente promove tem educação ambiental, ou seja, eu não consigo fazer uma atividade sem o componente ambiental. Então, temos uma consciência ambiental, que é justamente explicar ou tentar explicar como funciona a questão do ambiente ali, do ecossistema. No DSC da IC D apresenta-se o fato de que para se desenvolver uma atividade de ecoturismo é necessário conhecer e compreender a realidade daquele ambiente, seu funcionamento e sua formação e, com isso, há o equivoco de que se tem realizado educação ambiental no ecoturismo. Essa compreensão do ambiente que cedia a atividade de ecoturismo, pelo turista, é importante, mas não deve ser tratada dissociada de um processo de educação ambiental não formal. DSC da IC E – interpretação ambiental É trabalhada em conjunto né? se é uma trilha, existe as paradas onde o instrutor, o guia de ecoturismo, vai parar e vai fazer essa interpretação, que a gente chama de interpretação ambiental. Então, ele vai explicando, vai falando, vai mostrando, vai ensinando sobre o local, então quer dizer vai fazendo com que as pessoas pensem e reflitam sobre tudo aquilo que eles tão fazendo. 117 Já no DSC da IC E tem-se a constatação do trabalho das agências e operadoras com uma das modalidades de educação ambiental, possivelmente, aplicada ao ecoturismo. É interessante notar a presença de um instrutor enquanto elo de ligação entre o ambiente e o turista, mas em contrapartida, observa-se que o discurso remete a uma interpretação ambiental dissociada da sistemática proposta por Ham (1992), afinal, o que o grupo das agências demonstra é que essa educação ambiental é desenvolvida ainda de modo a explicar os conteúdos relacionados ao ambiente visitado, sem, contudo, proporcionar ao visitante uma sensação de compreensão do ambiente. DSC da IC F – aprendizado seqüencial (idéia individual) A educação é trabalhada a partir do livro do ambientalista americano, Joseph Cornell – Aprender brincando com a natureza. O cara, justamente, consegue usar uma metodologia de descobertas e desafios que a própria natureza oferece, trabalhando sempre a questão indagativa, onde as pessoas vão tentando se aproximar e a gente vai peneirando, peneirando, peneirando... e aí eles vão pensando, elaborando, elaborando, elaborando uma resposta e ali é feita a gravação como se diz no... através dos nossos sentidos, audição, visão e tudo mais, nesse sentido o pensamento vai sendo elaborado, quer dizer, as respostas vão sendo cada vez mais internalizadas. Diferentemente do anterior, o DSC da IC F além de proporcionar a identificação da modalidade de educação ambiental aplicada ao ecoturismo, também descreve subjetivamente seu escopo teórico-metodológico, quando cita o trabalho desenvolvido de maneira indagativa, no qual os aprendizes refletem e elaboram respostas para as questões/situações problema apresentadas, ao mesmo tempo em que recebem estímulos sensoriais proporcionados pelas experiências. Dessa forma, acredita-se que por mais que nesse discurso não sejam evidentes os estágios do aprendizado seqüencial, desenvolvidos por Cornell (1997), observa-se à compreensão e, supostamente, a incorporação dos ideais preconizados por essa modalidade. DSC da IC G – adestramento ambiental (idéia individual) A gente procura fazer trilhas que explora toda a questão da... do respeito ao meio ambiente no sentido de não arrancar nada, de não levar nada, de não deixar nada, é... não fazer nada que vá prejudicar. Contraditoriamente, o DSC da IC G apresenta uma forma de educação ambiental bastante popularizada e discutida, bem como, ainda bastante utilizada pelo senso comum, que procura evidenciar o certo e o errado, o que pode e o que não pode ser feito, por exemplo, em um ambiente natural. Dessa forma, as inúmeras negações tem pouco significado a quem as 118 ouve e propiciam um condicionamento (adestramento) desse indivíduo, que é levado, afinal, a não se questionar sobre o não fazer, o não poder, fazendo com que a menção do vocábulo não se torne uma advertência sobre o que pode se ou não realizar. Após essas perguntas iniciais, a pesquisa, por meio da questão 4, teve o intuito de levantar quais os possíveis locais no PEISC que desenvolviam ecoturismo juntamente com a educação ambiental. Inicialmente, conforme evidenciado na afirmação da questão, partiu-se do pressuposto de que havia a necessidade de caracterizar a Ilha de Santa Catarina como um Pólo de Ecoturismo, e que essa caracterização, devia-se ao fato de existirem nesse espaço unidades de conservação. Ao mesmo tempo, pressupunha-se que os locais revelados pelas respostas pudessem estar relacionados às unidades de conservação que compreendem o pólo. Questão 4 – A Ilha de Santa Catarina foi caracterizada como ‘Pólo de Ecoturismo’ devido aos recursos naturais existentes e, possivelmente, salvaguardados na forma de Unidades de Conservação. Quais são os locais em que a realização do ecoturismo ocorre juntamente com a educação ambiental? DSC da IC A – a natureza é mestre (idéia individual) Praticamente, quase todos os locais, da nossa parte, isso já é meio que acontece, dessa forma meio que até indireta, pois as pessoas vão assimilá as coisas da natureza. A natureza é mestre, né? Então, de alguma forma de certo grau sempre a educação ambiental acontece, sempre! Nesse primeiro DSC tem-se a constatação de que em todos os locais, independente de sua localização, ocorre educação ambiental, basta esse local estar relacionado à natureza para que a educação ambiental aconteça, afinal, a natureza é mestre na forma de ensinar. Aparentemente, acredita-se na possibilidade de haver uma ‘educação’ indireta, proporcionada pela natureza em estado puro, mas deve-se relembrar que o processo educacional necessita de uma pessoa, um mediador, para que efetivamente aconteça. A educação e inclusive a educação ambiental não ocorre por si só, ocorre na relação entre os indivíduos de uma sociedade em busca de um determinado objetivo. DSC da IC B – desconhecimento do pólo (idéia individual) Mas em Floripa, na Grande Floripa, né? É o pólo está na grande Floripa, né? 119 Já nesse DSC, há a constatação inicialmente pressuposta de que ainda há o desconhecimento da localização e, consequentemente, do conteúdo relacionado ao Programa Pólos de Ecoturismo do Brasil, principalmente, no PEISC. Esse desconhecimento é, possivelmente, resultante da falta de iniciativas e de divulgação dos destinos que compõem o pólo, bem como, da falta de planejamento ou atenção a esse segmento do turismo, o que pode ocasionar uma desestruturação na organização e no planejamento da atividade de ecoturismo na região e em seu entorno. DSC da IC C – locais que desenvolvem ecoturismo juntamente com educação ambiental Os lugares que acontecem o ecoturismo são normalmente as áreas de parque, mas a gente não trabalha só com os parques mas as áreas, as APPs também, tipo o Morro dos Ingleses, a RPPN das Aranhas, arvorismo no Costão do Santinho e no Engenho Velho, o Parque Florestal do Rio Vermelho, a trilha da Barra da Lagoa, a própria Barra da Lagoa, sund board nas Dunas da Joaquina, no próprio Costão do Santinho, as trilhas da Moçambique, o Parque Municipal da Galheta, as trilhas do Parque da Lagoinha do Leste, o Parque da Lagoa do Peri, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, o entorno da Estação Ecológica do Carijós, a APP da Costa da Lagoa, a APA de Anhatomirim, a Área de Proteção da Baleia Franca e a Ilha do Campeche. No DSC da IC C foram descritos os locais e as atividades que relacionam ecoturismo com educação ambiental. Em relação aos locais, constata-se a menção à diferentes tipologias de unidades de conservação, todas consideradas como enquanto espaços que abrigam o desenvolvimento do ecoturismo e de suas atividades, as quais estão relacionadas tanto à contemplação da natureza por meio das trilhas, quanto ao desenvolvimento de esportes com certo grau de aventura, com risco e desafio, como o sund board e o arvorismo. DSC da IC D – unidades de conservação sem planos de manejo (idéia individual) Nenhuma das unidades de conservação que compõe o Arquipélago de Santa Catarina tem plano de manejo, ou seja, nenhuma dessas unidades de conservação tem especificado as áreas onde pode-se atuar ou não turisticamente, tá? O DSC da IC D apresenta uma idéia equivocada sobre a falta de planos de manejo nas unidades de conservação pertencentes ao ‘Arquipélago de Santa Catarina’. Efetivamente, a falta de planos de manejo dificulta o desenvolvimento de qualquer atividade a ser realizada naquele espaço, porém cabe salientar, por exemplo, que as unidades de conservação REBIO Arvoredo e a Estação Ecológica Carijós dispõe de planos de manejo, e a APA de Anhatomirin tem trabalhado no desenvolvimento de seu plano de manejo. 120 DSC da IC E – educação ambiental ocorre em função da empresa (idéia individual) A gente faz em todos os lugares, onde tem atividade da Adrenailha ocorre educação ambiental, mesmo aqui na praia dos Ingleses que não é uma unidade de conservação, entendeu? Mesmo não sendo uma unidade de conservação, mas existe a parte de educação ambiental, né? Já no DSC da IC E atenta-se para o fato do comprometimento da empresa no desenvolvimento da educação ambiental, ou seja, nesse caso a educação ambiental somente ocorre em função da empresa escolher desenvolvê-la. DSC da IC F – não há ecoturismo e educação ambiental no pólo (idéia individual) Que eu me lembre, exatamente de fazer todas as relações de ecoturismo e educação ambiental no polo, não me recordo. Não me recordo mesmo de existir essa relação direta. Nesse último DSC da questão 4, atenta-se para o fato de que na visão desse agente e ou operador de turismo na natureza, o PEISC não dispõe de atividades que relacionem ecoturismo e educação. Desse modo, verifica-se a existência de uma variedade de discursos, desde àqueles em que a educação ambiental ocorre em todas as atividades ecoturísticas, assim como, esse discurso que nega a existência essa relação. Ao mesmo tempo, possibilita a evidência de que há no PEISC atividades turísticas realizadas na natureza, mas que estas não comportam a idéia e a filosofia do ecoturismo, por não desenvolverem o seu caráter educativo. Diante dessa multiplicidade de resultados e das possibilidades de inter-relações provenientes das idéias dos DSCs apresentados, pretende-se, sucintamente, delimitar as temáticas apresentadas na tentativa de uma melhor visualização dos resultados e para se estabelecer um fechamento sobre as concepções desse grupo de entrevistados. Então, nessa tentativa de ponderar as relações entre ecoturismo, educação ambiental e o PEISC, salienta-se que, inicialmente, os agentes e operadores apresentam uma concepção de ecoturismo que está dissociada do seu componente educação ambiental, da mesma forma que a suposta educação ambiental desenvolvida por essas agências e operadoras ainda está voltada ao nível escolar (formal) e em alguns casos remetam ao nível não formal, por apresentarem características das modalidades de educação ambiental (AS e IA) porém, sugestivamente, dissociadas de seus escopos teórico-metodológicos, o que as caracteriza como um conglomerado de informações ambientais, descaracterizadas de um processo educativo. 121 Ao tentar, então, relacionar essas representações em um contexto prático, visualizou-se que os espaços do PEISC apesar de disporem de significativos atrativos turísticos naturais, ainda não relacionam as atividades, até então desenvolvidas, nesses espaços à idéias de ecoturismo com seu componente educação ambiental. Os destinos que, supostamente, conseguem promover essa relação estão inseridos no contexto das áreas naturais protegidas (unidades de conservação), nesse sentido, justifica-se a aplicação de um roteiro de entrevista aos gestores e ou responsáveis por esses espaços para compreender essa interação. 6.2.2 Discursos dos gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do PEISC Os DSCs dos gestores e ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo no PEISC tinha o intuito de reconhecer a importância da educação ambiental no ecoturismo para a conservação da natureza desses locais, conforme o objetivo específico 4 proposto nessa pesquisa. Para tanto, elaborou-se oito questões, sendo que a primeira delas aplicada a esse grupo referia-se ao entendimento dos mesmos quanto ao termo meio ambiente. Primeiramente, pressupôs-se que os responsáveis pelo desenvolvimento da educação ambiental no ecoturismo seriam exatamente os indivíduos diretamente relacionados aos destinos, muito mais do que os agentes e operadores de turismo na natureza. Por isso, teve-se o intuito de realizar essa primeira questão, pois pautado nos pressupostos de Guerra (2001), Sato (2002) e Sauvé (1997), acreditou-se que a forma pela qual este grupo de indivíduos entende o meio ambiente (representação social) seria a forma pela qual os mesmos efetuariam suas práticas sociais relacionadas tanto ao ecoturismo quanto à educação ambiental, já que esses dois termos e atividades supostamente desenvolvem-se em um dos espaços que compõem o meio ambiente, o natural. Acreditou-se também que essa mesma questão pudesse ter sido realizada ao grupo dos agentes, pois verificou-se que os mesmos além de intermediários na venda e na relação entre o turista e os espaços para as práticas turísticas, também são àqueles que desenvolvem e que executam as práticas de educação ambiental no ecoturismo. Os DSCs dessa questão, apresentados abaixo, tiveram suas ancoragens (AC) relacionadas principalmente, às concepções de meio ambiente desenvolvidas por Sauvé (1997), pois acreditou-se que desse modo haveria uma maior possibilidade de análise. 122 Questão 1 – Para o Sr. (a) o que quer dizer meio ambiente? DSC da IC A – como lugar para viver Meio ambiente é o lugar como um todo, meio em que a gente vive. Tudo é meio ambiente, a gente tá inserido no meio ambiente. É considerado o conjunto de elementos, tudo que é natural (natureza), o que é construído, o que é social, o que é cultural e o que é histórico, e as relações que envolvem tanto a parte física, biológica, parte sócio-econômica, a parte humana, sócio-ambiental. Diante das concepções de meio ambiente desenvolvidas por Sauvé (1997), tem-se o DSC da IC A caracterizado como lugar para se viver, o que representa a idéia do espaço de vida e de inter-relações entre diversos elementos e que traz ao homem um sentimento de pertencimento àquele espaço. Essa representação supostamente indica as relações existentes entre a sociedade e a natureza e, ao mesmo tempo, indica o posicionamento que deve-se ter em relação ao espaço a que se pertence, levando em conta as formas de conhecer, de planejar e de cuidar desse espaço. Apesar de não ter sido pontuado na forma de um DSC pode-se afirmar que a IC A, quando cita que o meio ambiente é um conjunto de elementos que se relacionam com as partes biofísicas, humanas, sócio-ambientais e sócio-econômicas, sugere a idéia de meio ambiente como recurso para ser utilizado e gerenciado, balizado por uma relação pautada pela sustentabilidade. Afinal, para essa concepção, o meio ambiente e principalmente os recursos naturais, são bens de uso comum da sociedade e, por isso, devem ser usados de modo sustentável. DSC da IC B – como biosfera (idéia individual) Seria as relações que ocorrem no Planeta, desde a biosfera, litosfera, hidrosfera, enfim... Já o DSC da IC B relaciona o conceito de meio ambiente com o de biosfera, o que representa a inter-relação entre os seres vivos e outros seres inanimados que habitam o Planeta Terra. Essa compreensão proporciona a idéia de que é necessária uma consciência planetária sobre a interdependência das relações desses seres, pois, de um modo geral, os seres humanos também dependem desses ambientes, mesmo que indiretamente, para viver. Para tanto, salienta-se como um dado interessante, que a concepção de meio ambiente enquanto natureza em seu estado original (virgem), não foi evidenciada pelos entrevistados, o que remete a uma idéia de mudança nas compreensões desse termo e isso, consequentemente, poderá ocasionar novas formas de atuação em benefício, por exemplo, da conservação desses 123 espaços naturais, afinal, tem-se uma noção holística do que compreende o meio ambiente (como um todo). Cabe salientar também que essas concepções, na visão de Sauvé (1997), são complementares, podendo ser relacionadas em diversas vertentes de atuação, como por exemplo, nas áreas de educação ambiental e do ecoturismo. A próxima questão, inclusive para o grupo de agentes, teve o intuito de compreender o significado do ecoturismo, pressupondo-se tratar de uma representação social que, possivelmente, nortearia a prática social e, consequentemente, o planejamento e a execução da atividade nos destinos evidenciados na questão 4 do grupo dos agentes. Questão 2 – Para o Sr. (a) o que quer dizer ecoturismo? DSC da IC A – relação do turismo ao meio ambiente com mínimo impacto Seria essa relação do turismo ao meio ambiente, principalmente, natural, né? que enfatiza como atrativo as características naturais. Um turismo de mínimo impacto, um turismo que respeite o meio ambiente que degrade ele o mínimo possível, que vise a... eu acredito que seja a conservação da natureza. Inicialmente, tem-se no DSC da IC A a menção de que o ecoturismo constitui um turismo relacionado ao meio ambiente, principalmente o natural, mas também constitui um tipo de turismo que incorpora o desenvolvimento de práticas de mínimo impacto, visando a conservação da natureza do ambiente utilizado. Essa idéia é possivelmente marcada pelo reconhecimento e adoção do documento que, instituído pelo setor público em âmbito nacional, norteia o desenvolvimento do ecoturismo no país. Esse documento, intitulado Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, evidencia no conceito de ecoturismo essa preocupação com o meio ambiente natural visitado, bem como, enfatiza o benefício de conservação da natureza como um dos objetivos e princípios do ecoturismo. DSC da IC B – banalização do ecoturismo Essa palavra vem sendo utilizada de maneira aleatória, simplesmente, por agregar valor a um tipo de trabalho, então, tem alguns lugares que você usa a palavra ecoturismo pra dizer que você tá fazendo um turismo que se preocupa com a natureza e no fundo você só quer explorar a natureza. Tanto o cara que trabalha na cavalgada, tanto o cara que trabalha com trilha de moto no meio da selva, com a moto de dois tempos que polui pra caramba, o cara muitas vezes pode falar que é ecoturismo. Então, eu acho que estão acontecendo muitas distorções do quê que é ecoturismo mesmo e de quem faz realmente ecoturismo. 124 Conforme já visto em um DSC do grupo dos agentes, a banalização desse termo e, consequentemente, da atividade de ecoturismo, também é vista no DSC da IC B pelo grupo dos gestores. Isso pode ter sido ocasionado, tanto pela pluralidade dos termos, quanto pela respectiva pluralidade de seus significados, o que evidencia um setor turístico ainda em busca de seus ideais teóricos, apesar destes já terem sido academicamente preconizados, mas também e talvez principalmente, em busca de constatações práticas do que efetivamente seja ecoturismo. Esse posicionamento é visto na última frase do DSC que ao mesmo tempo que instiga, remete a uma reflexão do questionamento, afinal, quem efetivamente faz ecoturismo de acordo com o que é conceituado como ecoturismo? (supostamente entendido conforme os pressupostos do documento coordenado por Barros II e La Penha, 1994, p. 19). DSC da IC C – exploração sustentável do meio natural com o turismo A exploração desse meio natural que nós temos hoje com o turismo, pra dali tirar o seu sustento. Uma coisa que seja econômica e ecologicamente sustentável do ponto de vista da atividade. Já no DSC da IC C o posicionamento sugere a idéia tanto de exploração do meio ambiente como recurso, como de uma atividade que ‘explora’ esse meio ambiente de modo sustentável, em função dos interesses e necessidades turísticas, ou seja, o ecoturismo embute na atividade uma noção econômica, ao mesmo tempo em que tenta manter ecologicamente sustentável o espaço explorado. Nesse sentido, retoma-se os diálogos acerca das concepções de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade do turismo, ou de modo redundante, do ecoturismo, já que o ecoturismo, historicamente, surge como uma alternativa contrária a um turismo de massa, degradador da natureza. Ao mesmo tempo retoma-se as possibilidades de relacionar os critérios de sustentabilidade propostos por Sachs (2000), como forma de tentar fazer do ecoturismo uma atividade econômica e ao mesmo tempo ecologicamente sustentável, sendo também necessária à inserção dos demais critérios para uma efetiva sustentabilidade da atividade. DSC da IC D – ecoturismo como processo educacional (idéia individual) Seria o turismo em áreas naturais com o processo educacional em conjunto, né? e também como o desenvolvimento das comunidades locais. 125 Nesse último DSC da questão, tem-se um posicionamento diferente dos demais, pelo fato de apresentar o ecoturismo como atividade diretamente relacionada a um processo educativo, assim como comprometida com o desenvolvimento da comunidade local, conforme também já preconizava o conceito da atividade exposto no documento coordenado por Barros II e La Penha (1994, p. 19). A aplicação da terceira questão para esse grupo de entrevistados, teve o intuito de compreender a forma como os estes entendem a educação ambiental e, supostamente, a forma como a desenvolvem nos destinos (ao qual) em que são responsáveis pelo gerenciamento. Ao mesmo tempo, pressupôs-se que com seus respectivos discursos, fosse possível identificar algumas das características das modalidades de educação ambiental direta ou indiretamente por estes aplicadas no turismo ou no ecoturismo, desenvolvido nas unidades de conservação. Questão 3 – Para o Sr. (a) o que quer dizer educação ambiental? DSC da IC A – processo de sensibilização É um processo de sensibilização, tem que ser construído ao longo do tempo, um processo pedagógico, que insira educação ambiental. Sem a sensibilização, o conhecimento não chega, por que as pessoas, também, se elas não desejarem elas podem ter o conhecimento e faltar a vontade de trabalhar com esse meio ambiente, isso tá dentro do trabalho de educação ambiental, lógico que as formas de conscientização isoladas elas são uma sensibilização, quer dizer, menos que uma conscientização. O DSC da IC A retrata a educação ambiental como um processo de sensibilização construído a longo prazo, assim como todo processo educacional, que leva o indivíduo a se conscientizar, conforme os pressupostos de Freire (1980) e Guimarães (2005). Dessa forma, o indivíduo tem a possibilidade de adquirir informações e conhecimentos sobre o ambiente que o cerca, sensibilizar-se diante dessa situação e agir por meio de novos valores e atitudes. Esse pode ser considerado um processo de ação – reflexão – ação que a educação ambiental proporciona, quando sensibiliza os envolvidos e faz com que os mesmo possam repensar seus valores e suas atitudes, de modo que em um processo interior, consigam se auto-conscientizar. DSC da IC B – educação ambiental crítica A educação ambiental ela passa por toda e qualquer atividade que possa fazer com que a pessoa ela avalie suas atitudes com relação ao ambiente em que ela está inserida e reflita sobre isso, mudando o seu comportamento, visa a transformação, a sensibilidade das pessoas no caso ambiental para a questão ambiental. 126 Em complemento a IC A, pode-se constatar no DSC da IC B que nesse processo de educação ambiental, além da sensibilização e da conscientização, há um posicionamento crítico pelo qual o indivíduo reflete sobre uma determinada situação ambiental, modifica seu comportamento perante àquela situação e possivelmente a transforma. Esse processo também pode ser comparado com os processos de aprendizagens de Guerra (2001) e de Delors et al (2002), que resultam no saber poder, o saber da ação, da mudança social. DSC da IC C – educação relacionada com o ambiente Acho que toda educação tem a ver com o ambiente, envolve o conceito de meio ambiente e, por isso, são muitos temas que envolvem a educação ambiental, então é complexo assim, é bem amplo. Diante do DSC da IC C, percebe-se que a educação e, em especial, a educação ambiental é composta por diferentes e multi-variadas temáticas, e por isso, pode também ser considerada uma área de estudo interdisciplinar. Salienta-se também que a educação ambiental, por depender da ação de um mediador, pressupõe a adoção do conceito de meio ambiente que o educador/mediador do processo de ensino-aprendizagem possui, e por isso é importante desmistificar a compreensão de que o meio ambiente é apenas conformado pelo meio ambiente natural. Porém, ressalta-se que nessa pesquisa as relações diretas com o ambiente natural são parte do foco de estudo, por tentar-se estabelecer que as estreitas relações entre o ecoturismo e a educação ambiental ampliam as possibilidades de benefício da conservação da natureza. Ao mesmo tempo, entende-se que é necessário compreender as relações proporcionadas em outros âmbitos, como os critérios de sustentabilidade de Sachs (2000), para que se possa compreender os resultados inerentes ao aspecto natural. DSC da IC D – desenvolvimento da educação ambiental (idéia individual) É desenvolvida de várias formas né? com vários métodos desde a sala de aula até em ambientes naturais, com atividades lúdicas ou palestras ou através de atividades recreativas, jogos. O DSC da IC D representa a idéia de que há vários métodos para que a educação ambiental seja desenvolvida, variando, por exemplo, desde o trabalho em sala de aula (educação formal), até o trabalho diretamente relacionado aos ambientes naturais (educação não formal ou ao ar livre). 127 DSC da IC E – descontentamento com o termo e com seu significado (idéia individual) Até hoje eu não entendo o que é isso, ainda eu não sei porque inventaram esse termo, acho que toda educação tem a ver com o ambiente. Já o DSC da IC E reflete o descontentamento com o termo e o significado da educação ambiental, isso porque, o entrevistado entende que toda educação tem relação direta com o ambiente considerado em sua totalidade, sendo desnecessária a criação de um termo específico que represente essa relação. Diante disso, pode-se comparar esse descontentamento da educação ambiental com a banalização do ecoturismo e obter a idéia de que se torna cada vez mais necessário descobrir caminhos para a reversão dessa perda de sentido à que os termos educação ambiental, ecoturismo e outras atividades inicialmente consideradas como ecológicas e sustentáveis foram submetidos. Após a evidência das representações sobre meio ambiente, ecoturismo e educação ambiental, a quarta questão teve a pretensão de relacionar, ao menos parcialmente, essas concepções, objetivando-se inclusive instigar questionamentos acerca das possibilidades do ecoturismo, mesmo embasado nas ideologias e filosofias apresentadas, causar impactos nocivos ao ambiente em que é desenvolvido, o natural. E, a partir disso, também incitar confrontos entre as possíveis concepções preservacionistas e conservacionistas que seriam apresentadas anteriormente. Questão 4 – O Sr. (a) acredita que o ecoturismo possa ocasionar impactos nocivos no ambiente natural? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? DSC da IC A – impactos dependem do planejamento Sem dúvida pode tanto causar impactos positivos como negativos dependendo como forem implementados, né? por exemplo, uma trilha mal feita pode causar uma erosão dependendo da suscetibilidade da área, pode até causar uma perda significativa de solo, alteração na área local, alterando inclusive a parte de estuário e isso pode causar outros impactos decorrentes de uma procura assim, por exemplo, de um grande número de pessoas freqüentam o ambiente faz com que toda a economia ali possa tá desenvolvendo de forma negativa. Se você não tiver critério de como fazer isso, elas vão deixar de existir. Desse modo, foi possível identificar no DSC da IC A que o ecoturismo remete a geração de impactos positivos e negativos, dependendo a geração desses impactos apenas da forma como uma determinada atividade é planejada. Assim, dependendo de como se planeja e 128 se implementa uma atividade, supostamente relacionada ao entendimento das temáticas anteriores, pode-se prever a tipologia de impactos que será gerada. O fato é que o ecoturismo, assim como toda atividade humana, principalmente, àquelas realizadas em ambientes naturais, causa impactos tanto positivos quanto negativos. Muitas vezes, os negativos são mais visíveis e proporcionam maiores repercussões, por isso, essas atividades devem ser orientadas e planejadas na tentativa de além de prever, prevenir os possíveis impactos ocasionados. Assim, acredita-se que a educação ambiental como componente essencial do ecoturismo, possa ser utilizada como uma estratégia para a contenção de impactos negativos em ambientes naturais, bem como, possa ser utilizada também de outras diversas formas dependendo apenas da forma como tanto as atividades de ecoturismo quanto de educação ambiental são planejadas e se desenvolvem. DSC da IC B – impactos dependem do profissional Acredito, acredito... acredito porque isso são dos profissionais, é... muitas vezes o ecoturismo é feito não só por questões de quem faz ou de quem opera o ecoturismo, mas muito mais por questão de público, do público-alvo e as pessoas gostam de ir em áreas que ainda não foram visitadas, mas tudo depende do profissional que tá trabalhando, qual é a formação, qual é o entendimento dele de meio ambiente, como é que ele (ou ela) se relaciona com esse meio ambiente... Já no DSC da IC B, diferentemente da IC A, tem-se a evidência de que os impactos, supostamente os negativos, têm a sua ocorrência dependendo apenas da atuação do profissional relacionado àquela atividade, ou seja, a responsabilidade recai sobre o profissional, que como visto anteriormente, depende inclusive de suas representações sociais para compor (efetivará) a sua prática social. Essa IC B também sugere que os impactos além de estarem relacionados ao profissional, também encontram-se associados ao público que pratica determinada atividade, supondo-se haver uma co-participação de responsabilidade sobre os impactos gerados nas áreas visitadas. DSC da IC C – fazer ecoturismo é diferente de explorar a natureza Eu acredito, é aquela coisa, você querer explorar a natureza usando o conceito de ecoturismo, você realmente tem que ter o interesse de fazer ecoturismo, não de explorar a natureza, senão essa passa a ser um material de consumo, você vai visita, você acaba com o local. 129 O DSC da IC C revela que os impactos também são gerados, pois utiliza-se da terminologia e do conceito de ecoturismo para atender aos interesse econômicos, por exemplo, de utilização e exploração da natureza, sendo que por vezes também é acrescido o termo ‘sustentável’ nesse processo. Talvez esse DSC possa explicar a suposta banalização do termo ecoturismo, evidenciado pelos grupos entrevistados, afinal ao explorar a natureza utilizando-se da palavra ecoturismo, tem-se a intenção que tê-lo exclusivamente como uma material de consumo e, consequentemente, tem-se a condição de degradação do local. Pressupondo-se que nessa última questão as respostas estariam relacionadas a crença de que o ecoturismo causa impactos, inclusive nocivos à natureza, confeccionou-se e aplicouse a quinta questão no intuito de vislumbrar a educação ambiental como uma das formas de minimização desses impactos negativos e como forma de compreender o porque poderia-se considerá-la minimizadora desses impactos. Questão 5 – O Sr. (a) acredita que a educação ambiental poderia minimizar os possíveis impactos negativos advindos do ecoturismo? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? DSC da IC A – não há consciência do que se faz Com certeza os próprios executores errôneos que a gente vê hoje, se tivessem consciência do que realmente é turismo ou do que é esse processo que envolve a percepção da atividade deles e eles entendessem quais as atividades que causem mais impactos e reduzissem os impactos... Muita gente não tem consciência do que se faz. A relação hoje é muito forte ao econômico, então, as pessoas visam muito o lucro e em função do lucro as questões do meio ambiente natural elas deixam de ser prioridade. O DSC da IC A releva a necessidade dos planejadores e dos executores repensarem e ao mesmo tempo, conhecerem, entenderem o que realmente é turismo ou ecoturismo e, com isso, proporcionar atividades relacionadas a minimização de impactos. Esse DSC também demonstra o embate que se tem na relação do aspecto econômico (lucro) ao aspecto do meio natural (conservação), como sendo, um impasse para que desenvolvam-se melhores práticas ecoturísticas. DSC da IC B – interação e sensibilização no meio ambiente (idéia individual) Porque você faz as atividades de interação e sensibilização pra começar a entender o meio ambiente e não atrapalhar... 130 Da mesma forma como o DSC anterior, o DSC da IC B revela que ao começar a entender o meio ambiente, começa-se também a interagir e, ao mesmo tempo, a sensibilizarse para com as questões ambientais, esse também pode ser considerado um processo relacionado a ação – reflexão – ação de uma educação ambiental crítica. DSC da IC C – lema do ecoturismo (idéia individual) Eu penso assim sabe... você trabalha os conceitos... você ter sei lá certos... como eu posso dizer... certos lemas do ecoturismo mesmo... objetivos que... que eu nem sei se tem realmente definidos sabe... como geral, todo mundo ter aquele lema, aqueles objetivos e teria que ser trabalhado do lugar que o turista vem. Já o DSC da IC C, revela a necessidade de ter-se objetivos claramente definidos para o planejamento e desenvolvimento, por exemplo, do ecoturismo. Salienta-se então, que esse discurso provém do grupo de gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo com educação ambiental no PEISC e isso revela que nesse espaço, provavelmente, seja desenvolvido atividades turísticas relacionadas à natureza e, possivelmente, dissociadas das prerrogativas estabelecidas pelas Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo (BARROS II; LA PENHA, 1994), que definiu o conceito e os objetivos para que essa atividade fosse desenvolvida no Brasil. DSC da IC D – processo contínuo e efetivo de educação com o envolvimento comunitário Num processo contínuo e efetivo de educação com o envolvimento comunitário você tem como diminuir esses impactos, envolvendo a comunidade no processo de implementação das ações e da gestão do território, mas tem que ser através de uma qualificação e uma capacitação contínua, um processo de divulgação e informação e pesquisa nas áreas para que isso possa ser efetivamente implementado. Eu acho que esse processo de educação tem como dar uma noção de coletividade ao ser humano. Ao mesmo tempo, o DSC da IC D proporciona uma reflexão sobre o efetivo processo de educação aplicado a um espaço por meio do envolvimento comunitário e revela que o processo de educação pode minimizar os impactos negativos desde que esteja relacionado com a participação da comunidade no planejamento e no desenvolvimento do mesmo. Nesse sentido, relaciona-se esse DSC a modalidade de educação ambiental – Educação no Processo de Gestão Ambiental (EPGA), que ao inserir a comunidade no processo de planejamento do território, principalmente, relacionado às unidades de conservação, tenta vislumbrar os problemas, os conflitos e as potencialidades ambientais relacionadas àquele espaço como forma de minimizar os impactos gerados por atividades humanas, inclusive o turismo. 131 A partir desse envolvimento, é interessante perceber a possibilidade que a educação tem para proporcionar um senso de coletividade aos indivíduos relacionados direta ou indiretamente com o espaço e, por exemplo, com as atividades turísticas. Dessa forma, essa coletividade sente-se inserida e participa das ações, tornando-se responsável pelas situação ambientais que o cercam. A questão 6, foi aplicada com o intuito de vislumbrar as estratégias que poderiam ser apropriadas e adaptadas pelo ecoturismo para a conservação da natureza, pressupondo-se inclusive, que uma dessas estratégias poderia ser a educação ambiental. Questão 6 – O Sr. (a) pode me explicar quais são as estratégias utilizadas para a conservação da natureza? DSC da IC A – várias estratégias Tem várias, desde a aplicação da legislação com a criação de leis, de áreas protegidas, a fiscalização, gestão de recursos, planejamento das atividades, até a educação. Tem que caminhar com educação numa escala macro de tempo. O pessoal da muitos nomes como chamar de desenvolvimento sustentável. Inicialmente, o DSC da IC A revela que existem várias estratégias para a conservação da natureza, mas que devem ao mesmo tempo, caminhar em consonância com o desenvolvimento da educação em um planejamento a longo prazo. Por outro lado, revela também que essas várias estratégias poderiam estar relacionadas a terminologia do desenvolvimento sustentável e, desse modo, confirmar-se o posicionamento do desenvolvimento sustentável ser uma medida conservacionista que pretende gerenciar os recursos naturais para serem utilizados para e pela sociedade atual, bem como, que estejam disponíveis para as sociedades futuras. DSC da IC B – educação e conscientização Tudo tem que passar pela conscientização, tem que passar pela educação. Primeiro a sensibilização, colocar as pessoas em contato com o que é natural, a segunda é o conhecimento. O cara tem que saber o quê que acontece, o fato dele estar inserido no meio ambiente e entender qual é a função dele, meio o que ele pode estar fazendo. Depois é que se pode cobrar, fazer alguma cobrança dos órgãos competentes, se falta o conhecimento como ela vai lutar por uma área verde. O DSC da IC B revela que a educação pode ser considerada uma estratégia para a conservação da natureza e isso ocorre por um processo de conscientização do indivíduo, que 132 também pode ser considerado o processo de educação em si. O DSC proporciona o entendimento desse processo quando cita que a partir do contato com a natureza, o indivíduo sensibiliza-se e busca novos conhecimentos acerca, por exemplo, desse contato, desse ambiente, com isso, ele entende o processo de funcionamento do meio ambiente e passa a agir em benefício daquele espaço. Mais uma vez, pode-se comparar esse processo, com a ação – reflexão – ação que leva os indivíduos a transformarem a realidade. DSC da IC C – retirar o ser humano das áreas (idéia individual) É você tirar o ser humano, deslocar das áreas naturais, partindo de uma premissa que o ser humano não tem condições de cuidar do meio ambiente. Já o DSC da IC C apresenta um posicionamento radical, o de retirar o ser humano das áreas naturais ou impedir sua visitação por pressupor-se que o mesmo não tem condições para cuidar do meio ambiente, sendo considerado degradador ou possivelmente o maior responsável pelos danos ambientais. DSC da IC D – fortalecimento dos órgãos ambientais (idéia individual) No Brasil a gente sempre vê que o desenvolvimento é colocado a frente da conservação da natureza e a gente percebe isso nos procedimentos dos órgãos ambientais, tanto federais, quanto estaduais, quanto municipais, na fala de recursos, na falta de infra-estrutura, na falta de pessoal, então, talvez a estratégia seja por aí... fortalecer os órgãos de gestão. No DSC da IC D tem-se a proposta de conservação da natureza permeada a partir do fortalecimento dos órgãos ambientais e, consequentemente, das políticas relacionadas ao meio ambiente, pois os mesmos indispõem de inúmeras estruturas imprescindíveis para suas atuações. Concomitantemente, revela que o desenvolvimento, normalmente, é colocado a frente da conservação da natureza, o que demonstra uma falta de atuação política ou mesmo a falta de interesses comuns de uma sociedade. Em relação à temática das políticas ambientais e, principalmente, ao foco dessa pesquisa, evidencia-se a necessidade de haver uma estruturação e uma comunicação específica acerca das temáticas de ecoturismo e educação ambiental, nas Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo (BARROS II; LA PENHA, 1994) e na Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999). DSC da IC E – envolvimento comunitário (idéia individual) Para você conservar a natureza, as estratégias, você passa por educação ambiental, por fiscalização, por mobilização comunitária, participação da comunidade, né? 133 No DSC da IC E a estratégia para a conservação da natureza evidenciada é novamente a inserção e o envolvimento comunitário desenvolvidos juntamente com outras estratégias como a educação ambiental, a fiscalização, entre outras. É importante ressaltar que a participação da comunidade no processo de tomada de decisões ambientais, favorece tanto a própria comunidade quanto seus visitantes e, isso, explica-se pois o foco em comum não está nas pessoas mas, principalmente, na atuação das pessoas para com aquele espaço. Na tentativa de relacionar as estratégias de conservação da natureza, que não agridam o ambiente natural e, ao mesmo tempo, minimizar os impactos ocorridos por atividades direta ou indiretamente relacionadas pelo ecoturismo, propôs-se a realização da questão 7, pois trata-se de um fato ocorrido no cotidiano da sociedade e, supostamente, no interior das áreas protegidas (principal local para o desenvolvimento do ecoturismo), inclusive pelos turistas. O principal intuito dessa questão é compreender o porque esse comportamento social ocorre, inclusive nas áreas naturais. Questão 7 – Em muitos lugares se comenta sobre a conservação da natureza, mas parece que no turismo isso não ocorre. Por exemplo, continua sendo jogado lixo no chão, inclusive em áreas protegidas. Por que o Sr. (a) acha que isso acontece? DSC da IC A – educação, informação e conscientização Jogar lixo no chão não é falta de educação ambiental é falta de educação mesmo. Um pouco é falta de educação, um pouco é falta de consideração, por que o homem as vezes... ele foi muito educado nessa forma antropocêntrica de ser, né? Primeiro é a desinformação total, as pessoas não conhecem, geralmente, aonde moram e, principalmente, a natureza que está a sua volta, a biodiversidade, assim, a gente tem muita desinformação. Se a pessoa não tiver consciência do que acontece com o lixo que ela joga fora ali, ela acha que alguém vai passar e jogar no lixo. Ela não sabe da continuidade do processo, ela não tem entendimento do impacto que ela tem no meio ambiente de todo o processo dela, enquanto as pessoas não tiverem esse entendimento elas não vão conseguir fazer essa relação do porque preservar, né? E que na realidade é dar um retorno, principalmente, pro ecoturismo, como é que uma pessoa vai escolher uma praia para ir em que o empreendedor tá colocando o esgoto, tá colocando... o próprio empreendimento pro turista. Nesse sentido, o DSC da IC A proporciona a reflexão desse fato ocorrer em função da educação, da informação e da conscientização, afinal como relembra o DSC ‘jogar lixo no chão não é falta de educação ambiental é falta de educação mesmo’. A sociedade situa-se diante do dilema da falta de educação e da falta de compromisso público com os ambientes que a cercam. Nitidamente, falta a informação, falta a compreensão do processo como um todo, afinal um problema ambiental também é um problema social. 134 Para tanto, evidencia-se a importância de uma educação ambiental informal para que toda a sociedade disponha de informações sensibilizadoras e promotoras de atitudes em benefício da natureza e, ao mesmo tempo, da vida social. Em relação ao ecoturismo, deve-se tratar isso como um problema social, no qual as atividades turísticas na natureza são co-parceiras e co-responsáveis na tentativa de diminuição desse fato. Diante disso, um programa relacionado ao ecoturismo e as educações ambientais formais, não-formais e informais são de suma importância, bem como, o desenvolvimento de atividades ecoturísticas pautadas pelas modalidades de educação ambiental não-formal ao ar livre (AS, IA, EE) e baseadas no processo educativo desenvolvido por Guerra (2001) e adaptado por essa pesquisa. DSC da IC B – adestramento ambiental (idéia individual) Uma coisa é ter educação ambiental, outra coisa é adestramento ambiental... não joga lixo, não joga lixo, não joga lixo... ah tá não joga lixo porque? Tem que entender a essência da história e não as simples aparência. Essa pergunta também proporcionou o DSC da IC B que retrata, em partes, algumas iniciativas de educação ambiental que promovem o chamado adestramento ambiental, ou seja, a tentativa subjetiva de ensinar o correto comportamento social, por exemplo, em áreas naturais. Assim, o não jogue lixo, não pise nisso, não arranque isso, não... acabam por evidenciar um comportamento não aprendido, mas influenciado e adestrado dos indivíduos. DSC da IC C – descomprometimento com o local Eu não vejo as pessoas, não digo todas, mas também não sei dizer se a maioria que fazem o turismo, entendem aquela área enquanto um bem de consumo, ele tá pagando pra utilizar essa área e a pessoa acha que nada mais justo que ele tá pagando aquela área tem o direito de usar como bem entender, então, alguns conceitos já estão enraizados, mesmo nessa sociedade, vem de tempos e continua sim, mas a sociedade está cobrando mais, é uma mudança de paradigma. Entretanto, o DSC da IC C revela sem muita exatidão, mas com veracidade a falta de compromisso que a sociedade e, nesse caso, os turistas têm com o local que visitam. Afinal, pensa-se que por necessitar pagar para usufruir de um local, pode-se utilizá-lo como bem lhe convir. Nesse sentido, pode-se relacionar esse DSC com outros que retratavam que o aspecto econômico sobressai ao ambiental, o que retratava a falta de educação e, mesmo, o que retratava a necessidade de um senso de coletividade à sociedade. 135 Diante dessas exposições, a questão 8 foi elaborada a partir do pressuposto de que a educação ambiental poderia ser considerada tanto uma ferramenta, quanto um meio para o planejamento e desenvolvimento do ecoturismo em benefício da conservação da natureza. Concomitantemente a isso, pressupôs-se também que os atores sociais envolvidos com o ecoturismo desconhecessem as formas pelas quais a educação ambiental poderia ser aplicada ao ecoturismo e, com isso, tentou-se descobrir as modalidades de educação ambiental ou as características dessas modalidades no trabalho desses atores no ecoturismo. Questão 8 – Agora, eu vou dizer uma frase e quero saber se o Sr. (a) concorda ou discorda e por que. A frase é: A educação ambiental pode ser uma ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza mas, pouco se sabe sobre quais e como são desenvolvidas as modalidades (metodologias) de educação ambiental nessa atividade. DSC da IC A – A educação ambiental como ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza A educação com certeza é e pode ser uma ferramenta para a conservação da natureza dentro do ecoturismo e deve ser, né? pode haver as duas coisas, você pode trabalhar com a educação ambiental dentro do ecoturismo, pode trabalhar com o ecoturismo como uma ferramenta num planejamento de educação ambiental, uma vez que quem trabalha com essas atividades tá trabalhando com pessoas, tá trabalhando dentro de áreas, geralmente, com grande relevância ecológica e ali há um potencial gigantesco para você trabalhar diversos temas, pegar seja na escalada, no rafting, vôo livre, em trilhas ou simplesmente uma recreação no rio, uma natação, enfim... Ela é feita das mais diversas formas e tem formas que acabam sendo um adestramento da pessoa que também não leva a nada. Nós trabalhamos com palestras, por exemplo, palestras tanto aqui, dentro de sala de aula (auditório), como também em campo, a parte de jogos, atividades né? que envolvam as... por exemplo, as questões sensoriais da pessoa... tato, audição, visão, observação, desenho – a parte artística. Dentro desse processo das unidades de conservação trabalhar a educação ambiental com os turistas é muito difícil porque você não educa o turista, você sensibiliza ele, porque ele vem uma vez aqui e vai embora, de repente nunca mais vai aparecer, então, não posso falar que eu fiz uma educação. Educação é se eu tivesse um acompanhamento desse turista, ele viesse várias vezes aqui, tivesse um contato com a gente e tal. No DSC da IC A constata-se a possibilidade da educação ambiental ser, além de um dos componentes, uma ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza, bem como, do ecoturismo também ser entendido como um meio ao planejamento da educação ambiental. Dessa forma, acredita-se que essas duas áreas configuram-se simetricamente como componente e ferramenta de um processo indissociável de planejamento de suas atividades. Esse DSC apresenta ainda algumas formas pelas quais a educação ambiental pode ser trabalhada no ecoturismo, variando desde palestras em um sentido mais formal de atuação, até mesmo por meio de atividades recreativas, relacionadas ao aspecto não-formal, que envolvem 136 os jogos, bem como, os sentidos dos indivíduos. Mesmo assim, deixa de relevar a forma sistematizada de como esse processo ocorre, bem como, suas características, suas vantagens e desvantagens. O DSC levanta ainda, a questão de que trabalhar com ações educativas em atividades turísticas é algo difícil, pois não se educa o turista, apenas o sensibiliza. Ressalta-se, nesse caso, que o ato da sensibilização faz parte do processo de educação, sendo talvez a sua primeira etapa e, nesse sentido, se o indivíduo não estiver, por exemplo, sensibilizado / tocado às questões sócio-ambientais relacionadas à sua realidade, não atingirá a dimensão da aprendizagem relacionada ao saber poder. DSC da IC B – desconhecimento das metodologias de educação ambiental É eu não conheço muito as ações de educação ambiental desenvolvidas no turismo e que tenham dado os resultados... conheço muito pouco, realmente, eu não seria a pessoa ideal pra dá essa avaliação, mas acho que as metodologias de educação desenvolvidas por essas atividades, na verdade existem sistematizadas dessas informações, só que elas são muito isoladas, não é que não se sabe, é tem uma coisa lá outra coisa num sei aonde. O que talvez não se conhece não é tanto as metodologias, mas é o status, eu acho, o status dessa atividade no ecoturismo, ou seja, como é que as pessoas hoje é... tão fazendo isso, ou se tão ou não tão mas, método tem, vários tipos de métodos diferentes e tem bastante material sistematizado, só que não concentrado, se encontra num local aqui, outro lá Em complemento as idéias explanadas acima, o DSC da IC B demonstra que por mais que se tenham métodos, metodologias, enfim, que se tenha formas de realizar a educação ambiental ainda há o desconhecimento de seus escopos teóricos-metodológicos e, consequentemente, a realização de práticas educacionais despretensiosas. DSC da IC C – educação ambiental formal Concordo, concordo plenamente! A gente se coloca aí a disposição das universidades em todos os cursos pra tá fazendo sensibilização ambiental, pra tá passando conhecimento, pra tá fazendo um trabalho mais contínuo e aí sim envolver um processo de educação, por exemplo, as escolas, trabalhar a educação ambiental nas escolas. Só que o que acontece são poucas as universidades ainda hoje que colocam isso dentro do seu currículo, né? E a metodologia desse trabalho é primeiro sensibilizar, depois trabalhar com o conteúdo realmente, como o conhecimento, as informações e aí então, o contato, o contato direto. Já o DSC da IC C revela, primeiramente, a idéia sobre uma educação ambiental ainda bastante arraigada ao ensino formal (escolar), além do mais, coloca em pauta o diálogo sobre a inserção da educação ambiental no currículo escolar. Posteriormente, explicita uma forma sistematizada de trabalhar a educação, que possivelmente, pode ser adaptada às atividades de ecoturismo. 137 A partir dessa, também, multiplicidade de resultados, tenta-se delimitar e apontar as principais temáticas e inter-relações sobre as relações entre ecoturismo e educação ambiental desenvolvidos nos espaços (unidades de conservação) indicados anteriormente e a possibilidade da educação ambiental ser uma efetiva ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza por meio do desenvolvimento das modalidades de educação ambiental apresentadas. Desse modo, salienta-se que mesmo possuindo uma representação de meio ambiente relacionada a um lugar para se viver (fonte da vida), os gestores ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do PEISC ainda apresentam a dupla idéia de que o ecoturismo está voltado ao mínimo impacto, bem como, pode ser uma maneira de ‘explorar sustentavelmente’ o espaço natural, ainda sim, sem sequer vincular o ecoturismo à educação ambiental ou viceversa. Com isso, percebe-se que a educação ambiental, possivelmente diante de suas concepções teóricas, poderia auxiliar o ecoturismo no alcance do mínimo impacto ou da ‘exploração sustentável’ do espaço natural na tentativa de se conservar a natureza, para que possa-se continuar a dispor de significativos atrativos turísticos. Apesar dos discursos sugerirem um processo educativo (além de outras formas), por meio da sensibilização e da conscientização, como forma de se desenvolver a educação ambiental para a conservação da natureza, percebe-se que ao aplicá-lo no ecoturismo, vinculase o seu desenvolvimento ao ensino formal. Elucida-se também, que a educação ambiental pode e deve ser uma ferramenta ao planejamento e ao desenvolvimento do ecoturismo, bem como, o ecoturismo pode ser um dos meios para o desenvolvimento da educação ambiental, mas os discursos sugerem ainda o desconhecimento dos modos não-formais de se aplicar a educação ambiental no ecoturismo, o que dificulta o alcance de alguns dos objetivos da educação ambiental (transformação social – dos valores e atitudes ambientais), assim como, do ecoturismo (conservação da natureza). 138 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ecoturismo, mesmo sendo considerado uma atividade voltada aos ideais ambientalistas e ao critério de sustentabilidade ambiental, ainda sim, causa impactos nocivos aos ambientes naturais onde ocorre, pressupondo-se portanto, a necessidade de haver estratégias e ferramentas que auxiliem no controle desses impactos. A possibilidade, preconizada e identificada nessa pesquisa, para fazer frente a esta necessidade é a aplicação das modalidades de educação ambiental (AS, IA, EE e EPGA) ao ecoturismo, dessa forma, justifica-se por meio dos resultados os objetivos propostos no início da pesquisa, que estavam relacionados, prioritariamente, à relação entre o ecoturismo e a educação ambiental, e à identificação das modalidades de educação ambiental aplicadas ao ecoturismo. Essas modalidades foram consideradas envolventes e reveladoras de sensações e de percepções humanas que possibilitam o desenvolvimento de atitudes e de comportamentos que estejam diretamente relacionados ao benefício de conservação da natureza nas áreas utilizadas para a prática das atividades ecoturísticas. Conhecer e entender os processos inerentes e intrínsecos à essas modalidades representa uma potencial possibilidade de se planejar e se desenvolver atividades de ecoturismo efetivamente sustentáveis, pelo menos do ponto de vista educacional. Nesse sentido, revelam-se as relações existentes entre o ecoturismo e a educação ambiental, afinal, atuam simultaneamente como meio e como fim em um processo revelador e transformador de valores e atitudes que visam a formação individual e coletiva, além da manutenção da qualidade de vida humana na Terra. Isso se deve ao processo histórico percorrido por essas áreas de atuação, com a evolução dos movimentos ambientalistas e com a disseminação da consciência ambiental. Por outro lado, identifica-se a necessidade de uma maior vinculação e um maior envolvimento na institucionalização dessas relações, sendo permeadas por estratégias e ações inerentes as ‘Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo’ e a ‘Política Nacional de Educação Ambiental’. Em conseqüência desses fatos, tem-se atualmente um pensamento relacionado às temáticas ambientais muito mais em função de um posicionamento mercadológico do que de um posicionamento ideológico. E nesse sentido, as concepções de ecoturismo por vezes buscam um reposionamento frente as tendências turístico-econômicas globais. 139 Para tanto, entender as representações sociais (pensamentos e ideologias) dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento e desenvolvimento do ecoturismo no PEISC, que nesse caso, constituiu-se dos agentes e operadores de turismo na natureza, e dos gestores e ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo nesse pólo, conforme proposto pelos objetivos iniciais da pesquisa, permitiu uma tentativa de compreensão de suas práticas sociais (atuação prática), e isso, consequentemente, proporcionou novas possibilidades de direcionamento das atividades ecoturísticas, inclusive melhor relacionadas ao componente educacional. Diante disso, acredita-se que essa pesquisa possa contribuir para uma reflexão diretamente relacionada às temáticas envolvidas, bem como, para uma compreensão dos elementos que compõem essa relação, possibilitando ainda, aos interessados diferentes formas de pensamento e, consequentemente, de atuação no mercado turístico. Em relação aos discursos dos entrevistados, considera-se que esses revelam, além do posicionamento reflexivo e profissional, tendências acerca do planejamento das atividades ecoturísticas com ênfase na educação ambiental. Ao mesmo tempo, cabe evidenciar que por mais que pressuponha-se e que concorde-se com Ruscheinsky (2002) no sentido de que as representações sociais prescrevam as práticas sociais, salienta-se que essa pesquisa foi realizada sem a condição de ser uma pesquisa de campo e, por isso, não pode-se afirmar com veracidade as realidades das práticas turísticas e de educação ambiental ocorridas em campo (PEISC) e, principalmente, nas unidades de conservação formadoras do pólo. Ainda sobre os discursos, a utilização da técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) proposto por Lefèvre e Lefèvre (2003), proporcionou o alcance de uma multiplicidade de resultados acerca dos conteúdos investigados e, ao mesmo tempo, possibilitou determinar não apenas os aspectos principais dos resultados mas, sim, uma enriquecida reflexão sobre os objetivos propostos. Isso demonstra que a análise qualitativa proporcionada por essa técnica, revela um enorme e significativo potencial reflexivo sobre os resultados. Considerando pontualmente os resultados obtidos pelos DSC, verificou-se que os grupos de entrevistados vislumbram a possibilidade da educação ambiental ser uma ferramenta essencial ao planejamento e ao desenvolvimento do ecoturismo, bem como, o ecoturismo ser um dos meios de desenvolvimento da educação ambiental não-formal ao ar livre, por meio das modalidades de educação ambiental AS, IA e EE, mais voltadas a um enfoque lúdico, recreacional e reflexivo e também pela EPGA, mais voltada a um enfoque crítico (GUIMARÃES, 2005). 140 Diante dessa relação evidenciada, pode-se dizer que o PEISC caminha na direção da delimitação das atividades turísticas em função da pluralidade do ecoturismo (PIRES, 2002; SERRANO, 2000b), bem como, na tentativa de inserção de uma educação ambiental nãoformal ao ar livre no processo ecoturístico como forma de atingir objetivos econômicos, como a rentabilidade das comunidades locais, e os objetivos conservacionistas, como a proteção da natureza. Ainda em relação a técnica do DSC, acredita-se na possibilidade de ser utilizada pela área das Ciências Sociais Aplicadas, inclusive nos estudos relacionados ao turismo e, principalmente, por este ser um fenômeno social, possivelmente, melhor explicado pelos atores sociais envolvidos nesse processo. Assim como, há a possibilidade de utilizar-se a técnica do DSC na área da educação ambiental por estar diretamente relacionada e pautada pelo fenômeno social e, por ser necessário compreender seu processo de desenvolvimento por meio das representações sociais de meio ambiente de seus envolvidos. Assim, para um maior aprofundamento e expansão do conhecimento sobre as temáticas abordadas, sugere-se como novas perspectivas de investigação a possibilidade de a partir dessa pesquisa analisar em cada destino (in loco) de ecoturismo do PEISC (unidades de conservação) a relação do desenvolvimento das práticas de ecoturismo com a educação ambiental. Essa sugestão de pesquisa confrontaria as representações sociais, evidenciadas na presente pesquisa, com as práticas sociais realizadas nesses locais, possibilitando a análise de uma relação mais qualitativa entre o ecoturismo e a educação ambiental nesse pólo. Sugere-se também o estudo do desenvolvimento de atividades turísticas na natureza, em unidades de conservação desse ou de outros pólos ou, mesmo, em ‘destinos de ecoturismo’, que estejam baseadas nas modalidades de educação ambiental (AS, IA e EE), para que seja realizado um acompanhamento das transformações de valores e atitudes proporcionadas pelas modalidades de educação ambiental supracitadas em relação aos turistas envolvidos. Esse acompanhamento poderia ser efetivado pela aplicação de um roteiro de entrevistas posteriormente analisadas pela técnica do DSC, juntamente, com um formulário de análise das atitudes e comportamentos do turista, pontuados pela percepção do pesquisador no momento da atividade, bem como, em futuros contatos com aquele turista. Outra possibilidade de efetivar a inserção da educação ambiental no ecoturismo, principalmente no contexto das unidades de conservação, seria a implementação da EPGA como forma de intervenção educativa na realidade social e ambiental daquele local e, consequentemente, nas atividades turísticas de um modo geral. 141 Diante dessas possibilidades de pesquisa e da inserção das modalidades de educação ambiental em atividades turísticas em meio à natureza, recomenda-se o estudo do ‘Processo de educação ambiental aplicado ao ecoturismo’ como uma forma concreta de trabalhar a educação ambiental no ecoturismo e como uma forma de garantir o alcance das dimensões de aprendizagem pela prática turística. Com isso, portanto, acredita-se que as pesquisas acadêmicas (teórico-empíricas) enobrecem, engrandecessem e enriquecem o vasto campo do conhecimento a qual pertence o turismo, por isso, relacionar as áreas temáticas de ecoturismo e educação ambiental, identificar as modalidades de educação ambiental, possivelmente, aplicadas no ecoturismo e compreender o pensamento dos atores sociais envolvidos nos processos de planejamento e desenvolvimento dessas áreas, traz a tona novas e prósperas possibilidades de se repensar e replanejar as atuais práticas desenvolvidas. 142 8 REFERÊNCIAS ABAV – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE VIAGEM. Agências de viagens Florianópolis. Disponível em: <http://www.abav.com.br/lista_ABAVs.asp?ABAVs=Florianópolis&uf=SC>. Acesso em: 15 jan. 2006. AEE – ASSOCIATION FOR EXPERIENTIAL EDUCATION. What is experiential education? Disponível em: <http://www.aee.org/customer/pages.php?pageid-47>. Acesso em: 07 set. 2006. ALEXANDRE, Agripa Faria. 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Como o Sr. (a) trabalha com a educação ambiental? 4) A Ilha de Santa Catarina foi caracterizada como um ‘Pólo de Ecoturismo’ devido aos recursos naturais existentes e, possivelmente, salvaguardados na forma de Unidades de Conservação. Quais são os locais em que a realização do ecoturismo ocorre juntamente com a educação ambiental? 156 APÊNDICE B Roteiro de entrevista com os gestores e ou responsáveis pelas Unidades de Conservação existentes no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina 1) Para o Sr. (a) o que quer dizer meio ambiente? 2) Para o Sr. (a) o que quer dizer ecoturismo? 3) Para o Sr. (a) o que quer dizer educação ambiental? 4) O Sr. (a) acredita que o ecoturismo possa ocasionar impactos nocivos ao ambiente natural? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? 5) O Sr. (a) acredita que a educação ambiental poderia minimizar os possíveis impactos negativos advindos do ecoturismo? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? 6) O Sr. (a) pode me explicar quais são as estratégias utilizadas para a conservação da natureza? 7) Em muitos lugares se comenta sobre a conservação da natureza, mas parece que no turismo isso não ocorre. Por exemplo, continua sendo jogado lixo no chão, inclusive em áreas protegidas. Por que o Sr. (a) acha que isso acontece? 8) Agora, eu vou dizer uma frase e quero saber se o Sr. (a) concorda ou discorda e por que. A frase é: A educação ambiental pode ser uma ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza mas, pouco se sabe sobre quais e como são desenvolvidas as modalidades (metodologias) de educação ambiental nessa atividade. 157 APÊNDICE C Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Fui informado (a) de que será realizada uma pesquisa intitulada: “Ecoturismo e educação ambiental no Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina”, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires (Orientador) e do mestrando Fernando Protti Bueno (Pesquisador), respectivamente docente e discentes do curso de pós-graduação stricto sensu em turismo e hotelaria – programa de mestrado acadêmico da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Caso eu aceite participar dessa pesquisa, serei entrevistado(a) por meio de um roteiro de entrevista estruturado e durante a entrevista serão realizadas algumas perguntas de caráter pessoal e profissional. O meu nome jamais será mencionado quando forem apresentados os resultados da pesquisa, mas autorizo a mencionar o nome dessa empresa e ou dessa unidade de conservação. Para garantir o sigilo nominal, o gravador utilizado para a realização da entrevista apenas será utilizado a partir do início das perguntas, para que ninguém, além do pesquisador, possa saber quem é a pessoa que foi entrevistada. Não recebi qualquer pagamento para participar dessa pesquisa. Não sofrerei nenhum prejuízo ou punição se, mesmo depois de iniciar a entrevista, eu resolver parar ou não me dispuser a responder a alguma ou algumas perguntas. Se eu estiver de acordo em participar da pesquisa, ser-me-á pedido para assinar, junto com o pesquisador este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Caso eu prefira não assinar, minha decisão será respeitada e isso não me impedirá de participar da pesquisa. Após ter recebido as informações acima, este Termo de Consentimento foi lido e eu decidi participar desta pesquisa de forma livre e esclarecida. Balneário Camboriú, 06 de março de 2006. _____________________________________ _____________________________________ Assinatura do Entrevistado(a) Assinatura do Pesquisador Nome do Entrevistado (a) Fernando Protti Bueno 158 APÊNDICE D Transcrições das ECH, IC e AC das entrevistas realizadas aos agentes e operadores de turismo na natureza do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina Legenda: ECH da IC = está em itálico ECH da AC = está sublinhado Intervenções do entrevistador = estão em negrito Questão 1 – O Sr. (a) utiliza-se do ecoturismo como produto de venda ao consumidor / turista? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Eu utilizo, né? Eu trabalho, digamos, (1º idéia): trabalha A formalmente com o ecoturismo, com firma e formalmente; cnpj já a aproximadamente 12 anos e A informalmente, né? é ou seja, antes do registro eu trabalhava desde 86, por aí né? Sim. Sim; B Bem, se a gente parar para pensar exatamente (1º idéia): utiliza C no conceito do ecoturismo ou da palavra por estar no nome; ecoturismo, a gente... se for ver no nome da A Ekoeté (exemplo de ecoturismo) até se utiliza, (2º idéia): utilizamas a gente começou a tomar um outra se de atividades de conotação aí. Tá utilizando de atividades de aventura em meio aventura em meio a natureza, tirando um pouco a natureza; de foco a palavra ecoturismo, né? A Sim, é uma... o ecoturismo é o produto de venda (1º idéia): D da minha empresa, por isso, é Recrearte ecoturismo é Ecoturismo, entendeu? O Eco de Recrearte, né? produto de venda da empresa; A Com certeza, se utiliza não só do ecoturismo, (1º idéia): utilizaE mas de toda a filosofia da atividade. Ecoturismo se não só do é uma das bases da empresa, então é ecoturismo, mas ecoturismo, cultura e aventura. É um tripé, de toda filosofia então a empresa é baseada nesses três fatores, e da atividade; isso, gera as viagens pedagógicas que a gente A faz, que tentam sempre integrar três coisas, tem (2º idéia): empresa o lúdico, né? baseada no tripé ecoturismo, cultura e aventura, que gera as viagens pedagógicas; A 159 Questão 2 – Para o Sr. (a) o que quer dizer ecoturismo? InforExpressões Chave mantes É seria um turismo mais é junto a natureza né? A e uma forma mais íntima, assim né? o contato que busca talvez estreitar, assim um pouco, o... resgatar o contato do homem com a natureza, uma forma mais íntima, né? Eu vejo assim, o turismo as vezes massivo, o turista vai a determinados ambientes, mas o turismo não tá assim muito talvez é o foco não é a intimidade, né? o ecoturismo eu acho que é essa coisa da intimidade, né? com a natureza, com os elementos naturais. Eu acho que isso que é legal do ecoturismo, né? assim ficar íntimo da cachoeira, da água, de uma rocha né? de tocar, assim, isso é o ecoturismo. Bom, ecoturismo tá dentro de turismo B sustentável, né? turismo sustentável é um círculo maior e ecoturismo se insere dentro dele. Dentro do ecoturismo se insere os esportes de aventura ou turismo de aventura, que permeiam os dois, dentro de ecoturismo e turismo sustentável. E aí vem em cima tudo aquilo... prevê energia, prevê gastos de matériaprima, prevê impactos ambientais, sócio culturais, sócio ambientais, prevê... fazer de uma forma que o turismo realmente seja sustentável, quer dizer, você não pode matar a ‘galinha dos ovos de ouro’, você não pode destruir o ambiente, destruir os atrativos naturais com construções, com vias de acesso que as vezes deixam, tornam vamos dizer assim, seu objetivo, seu atrativo muito rápido, né? onde as pessoas as vezes antes levavam dois dias e aí com o asfalto passam a ser em um dia só visitam o ambiente. Então, quer dizer, tudo tem que ser muito bem pensado e pra mim ecoturismo é isso, principalmente, valorizar a parte ecológica, cultural, histórica e tudo que tenha maior valor do lugar de uma forma que você tenha rendimentos, tenha lucros, né? que você prejudique de forma nenhuma o local. No modo geral, sucintamente, ecoturismo é uma C relação entre a sociedade, a parte econômica, a parte ambiental nas quais se tem como um dos principais objetivos a conservação da natureza. Nesse sentido, como um turismo de aventura ou como um turismo ecológico, quando se diz na contemplação da natureza, nessas questões aí. Idéias Centrais Ancoragem (1º idéia): turismo intimidade junto a natureza; com a natureza A A (2º idéia): contato do homem com a natureza. A (1º idéia): Desenvolviecoturismo tá mento dentro de turismo sustentável sustentável; B B (2º idéia): os esportes ou o turismo de aventrura está inserido no ecoturismo ; B (3º idéia): sustentabilidade pela minimização de impactos; B (1º idéia): relação entre a sociedade, a parte econômica e a parte ambiental; B (2º idéia): a Sustentabilidade; B Conservacionista; B 160 D E Bom, aquela definição do Ceballos é... a que o Brasil passou a aceitar, eu acho que é tudo aquilo que ele colocou, de forma cuidada, elaborada, pensada, né? sincronizada até. Mas ele, ah... Pra mim, o ecoturismo além disso, envolve muito mais com o sentimento de descoberta que as pessoas, é... só passam a sentir a partir do momento que conseguem intimamente entrar em contato com a natureza. E lá naquela definição técnica, não é... não coloca isso, não escreve isso. Economicamente, socialmente, culturalmente, ok! mas não fala dessa íntima relação homem e natureza da qual nós somos filhos e não dono. Eu acho que é complicado o fato como... a forma como o ecoturismo, a palavra eco foi banalizada, né? Hoje em dia assim, as pessoas se utilizam da palavra eco, ecologia, ecoturismo pra tá vendendo e pra tá criando uma imagem de que respeita a natureza, tudo isso. Acho que o ecoturismo é uma coisa mais profunda assim né? é uma prática de atividades ligadas à natureza, é uma integração com a natureza, é o respeito à natureza, então, é toda uma questão que você está se utilizando da natureza, você tá respeitando a natureza, você está integrado a natureza e você tá... é o seu limite e o limite da natureza, é o equilíbrio do que você consegue... do que você pode fazer e do que a natureza pode te dá. Aí a gente entra em toda essa questão de sustentabilidade né? de você garantir que isso seja mantido para as próximas gerações, enfim... e acho que assim, o ecoturismo é uma prática, é uma atividade, são atividades, são saídas, são viagens ou como quiser chamar, considerar, mais de um dia, menos de um dia, mas é uma prática ligada a natureza com o deslocamento, com a viagem, é uma ligação do turismo com a ecologia e com a natureza. conservação da natureza; B (1º idéia): Intimidade no definição do contato com a Ceballos de forma natureza; cuidada, A elaborada, pensada; B (2º idéia): sentimento de descoberta, de intimidade com a natureza; A (1º idéia): a Banalização palavra ecoturismo do foi banalizada; ecoturismo; C C Sustentabili(2º idéia): prática dade; de atividades B ligadas à natureza; B (3º idéia): questão da sustentabilidade; B 161 Questão 3 – Um dos critérios para as atividades turísticas serem denominadas de ecoturismo é a existência do componente educativo (educação ambiental). Como o Sr. (a) trabalha com a educação ambiental? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes A gente trabalha aqui, digamos, é na maior parte (1º idéia): imersão - SensibilizaA do tempo, nossos serviços são requisitados para na natureza por ção pela entretenimento, para lazer né? na maior parte do meio da diversão; própria tempo. Nessa situação de entretenimento/lazer a natureza; A gente já também tá trabalhando o ecoturismo, ou A seja, tá tentando... aí essa parte de lazer e entretenimento que é a maior parte aqui das - Educação nossas operações, as pessoas vem pra se ambiental divertir, mas automaticamente elas tão formal emergindo na natureza, tão recebendo as informações, também dos guias, com relação (escolas) em aos ambientes que elas tão visitando, é isso ambientes mesmo nos programas nossos de aventura o (2º idéia): não formais; pessoal sempre passa aqui, os guias, né? a gente, sensibilização pela B é... as pessoas durante os programas sempre percepção dos tem os aspectos, é assim, bons, bonitos, aspectos intactos e intactos, a natureza realmente ali de uma forma degradados; original e sempre tem algumas coisas meia A degradadas e a pessoa só nesse parâmetro e ali olhando ali, ela já tem essa sensibilização né? e que criou o vamos cuidar da natureza, vamos... não essa natureza que ela tá visitando ali, mas (3º idéia): devido a a natureza as vezes do dia a dia, lá da natureza força da natureza da casa dele, do terreno lá do lado da casa dele, as pessoas a do que seja a natureza de uma forma abrangente revalorizam né? e bom... esse aí é um aspecto aí que a gente natureza; trabalha na maioria das vezes, né? que é a A própria força da natureza alimenta a pessoa e a pessoa realmente fica é... revaloriza a natureza (4º idéia): né?, só pelo simples fato de entra em contato educação com ela. E nós temos também aqui é alguns ambiental com exemplos de educação ambiental, né? a gente realizado tem, eventualmente, aqui né? é... aparecem escolas públicas e escolas sejem públicas, sejem particular que privadas; vem fazê alguma saída de campo de ordem é... B de educação. Mas há uma forma específica de trabalhar a educação ambiental? Não, não tem uma forma específica, tem é digamos, é (5º idéia): não há uma, uma... a gente procura ter, digamos, os forma específica parceiros, né? Na realidade a gente tem um de educação programa, que eu desenvolvi, para tentá ambiental; digamos trabalhar isso de uma forma mais C sistematizada da educação ambiental, mas não conseguimos é sei lá... patrocínios, parceiros pra pode desenvolve né? esse trabalho aqui da 162 B C gente né? que é a coisa, por exemplo, assim de Florianópolis lá das caminhadas, que nós temos aqui um projeto, uma vontade de fazê um trabalho mais nas escolas públicas né, que é assim de grátis, fazê essas atividades, mas tem que arrumá um parceiro pra pode custear, e a gente tem um programa detalhado sobre essas atividades mas não conseguimos o patrocínio, que é quem pagaria pra pode levá a gurizada pra excurcioná nos ambientes e fazê essas aulas aí né? essas saídas de campo. Bom, todas as atividades que a Adrenailha promove tem educação ambiental, ou seja, eu não consigo fazer surf, promover uma aula de surf sem eu conhecer sobre as ondas, sobre ecossistemas costeiros, sobre tipo de fundos, sobre correntes, marés, ventos e bom esse aí é o componente ambiental, mas a gente relaciona, procura relacionar também o respeito para as comunidades locais, com os pescadores, porque tem a época da tainha, agora na época da tainha algumas praias fecham por causa do surf. Eu não consigo pensar em levar as pessoas para a natureza sem que elas tenham esse respaldo, porque ir para fazer aventura pela aventura, pra mim fica um negócio sem nexo, entendeu? Há alguma forma específica no qual a educação ambiental é trabalhada? Ela é trabalhada em conjunto né? se é uma trilha, existe as paradas onde o instrutor vai parar e vai fazer essa interpretação, que a gente chama de interpretação ambiental e se é no rappel ele pode tá fazendo isso durante a preparação dos equipamentos, que é a parte mais demorada, vamos dizer assim, de um rappel, que é preparar toda a parte de segurança. Então, durante essa preparação, enquanto ele vai preparando, ele vai explicando, vai falando sobre o local, então quer dizer vai fazendo com que as pessoas pensem e reflitam sobre tudo aquilo que eles tão fazendo. Se eu te falar que nós temos educação ambiental, talvez eu esteja não mentindo, né? mas temos uma consciência ambiental, que é justamente no arvorismo, por exemplo, explicar ou tentar explicar como funciona a questão do ambiente ali, do ecossistema. Por exemplo, no Costão do Santinho, que foi construído em cima de restingas, né? são postes colocados... falar que não teve degradação? Teve mas tá (6º idéia): programa de sistematização da educação ambiental desenvolvido por parcerias para as escolas públicas; B (1º idéia): conhecimento sobre componente ambiental; D Reflexão sobre os o elementos naturais; E (2º idéia): instrutor desenvolve interpretação ambiental; E o a (3º idéia): processo de pensamento e reflexão; E (1º idéia): consciência ambiental que explica a questão ambiental; D - 163 D regenerando, a gente explica como é que é consciência, a questão de ali ser uma RPPN, por exemplo, essas relações que o hotel tem e a parte de consciência ambiental quando a gente faz a parte social, que em virtude do tempo não é uma... não explica... quer dizer explica mas não justifica de não realizarmos com freqüência, mas a gente tenta utilizar de dinâmicas, né? ou de parte um pouco mais lúdica, com as crianças, principalmente, para tá tendo esse embasamento da consciência ou da educação ambiental. Nós não temos uma metodologia né? nós temos uma metodologia, que a gente utiliza em treinamentos empresariais, que não tem nada haver com a educação ambiental. Mas pra educação específica, infelizmente, a gente não tem executado. A educação é trabalhada a partir das descobertas e desafios que a própria natureza oferece, então nunca a criança... nós da Recrearte não trabalhamos assim olha isso aqui é o pau-brasil. Mas sempre a questão indagativa, dizendo olha vocês conhecem o pau-brasil, já viram o pau-brasil, estão vendo algum pau-brasil? né? Então, a gente pára em frente ao dito cujo, seja ele o que for e começa a provocar e ali a gente tem milhares de respostas nada haver com tudo haver, até que aproximem a gente vai peneirando, peneirando, peneirando... Porque? Nessa peneira eles não são obrigados a prestar atenção em quem está falando, mas prestam atenção nos colegas, a partir dos coleguinhas, a partir dos que estão participando e aí eles vão pensando, elaborando, elaborando, elaborando uma resposta e ali é feita a gravação como se diz no... através dos nossos sentidos, audição, visão e tudo mais, nesse sentido o pensamento vai sendo elaborado, quer dizer, as respostas vão sendo cada vez mais internalizadas, então a maneira de trabalhar a educação ambiental não é simplória, né? Eu tenho como livro de cabeceira, até foi um presente do Paulo Pires, o livro do ambientalista americano, Joseph Cornell – Aprender brincando com a natureza – e quando eu li o livro eu disse eu quero ser isso amanhã, né? Por que o cara, justamente, consegue usar uma metodologia que os brasileiros não... até então ninguém, nenhum professor, nenhum palestrante, ninguém tinha... (2º idéia): não temos uma metodologia; C (1º idéia): a educação ambiental é trabalhada por meio da questão indagativa e dos sentidos; F (2º idéia): metodologia do ambientalista Joseph Cornell; F Aprendizado por meio dos sentidos e do experienciado F 164 E a não ser o Frei Leonardo Boff e o cara do livro Pedagogia da Terra... Gadotti? Isso Moacir Gadotti, que vem de Paulo Freire, quer dizer a partir do Paulo Freire, então quer dizer são os dois, são as duas vertentes no Brasil. Paulo Freire, ele dentro da educação já colocava lições de educação ambiental, consciência ecológica na preservação do ser humano e de todos os seres, da maneira como ele coloca através do respeito. Então, na maioria das vezes a gente trabalha muito em parcerias, né? com as outras empresas, então em todas as... como é uma empresa de turismo pedagógico a gente busca tá inserindo a questão da educação ambiental durante todo o processo, desde o momento que a gente pega os alunos no colégio, uma conscientização camuflada de como se deve... como eles devem se portar, tanto no dia a dia, que eu acho que é educação ambiental, não é só durante uma atividade de ecoturismo, né? Não é só durante um rafting, durante... é diária. Você ter esse respeito, esse cuidado com a natureza. Então, desde o início até o desembarque eles estão concentrados nisso. A gente procura fazer trilhas que explora toda a questão da... do respeito ao meio ambiente no sentido de não arrancar nada, de não levar nada, de não deixar nada, é... não fazer nada que vá prejudicar e também no sentido de aplicar isso no dia a dia. Quando a gente trabalha com passeios, com visitas a gente muitas vezes são utilizadas palestras, né? nos locais que a gente visita, por exemplo, quando a gente traz grupos pra Floripa para ser mais específica da região, quando a gente vai a Lagoa do Peri eles assistem a palestras, eles visitam, eles... tem laboratórios que mostra... tem estudo de impacto, né? quando a gente faz uma trilha tem guia de ecoturismo que vai tá mostrando, ensinando... tem a questão... quando a gente faz as trilhas educativas pra observação... questão do nome das plantas... e é um trabalho em conjunto com a escola, é uma coisa que nós monitores da Ecoclub e empresa não fazemos tão diretamente com os alunos, mas é um trabalho que já vem da sala de aula. (1º idéia): a educação ambiental é inserida durante todo o processo da viagem pedagógica como uma conscientização camuflada; B Adestramento ambiental; G Interpretação ambiental; Educação vem da escola; (2º idéia): respeito B ao meio ambiente; G (3º idéia): nas trilhas os guias mostram e ensinam questões relacionadas ao ambiente; E (4º idéia): a empresa não faz a educação ambiental diretamente aos alunos, é algo que já vem da escola; B 165 Questão 4 – A Ilha de Santa Catarina foi caracterizada como ‘Pólo de Ecoturismo’ devido aos recursos naturais existentes e, possivelmente, salvaguardados na forma de Unidades de Conservação. Quais são os locais em que a realização do ecoturismo ocorre juntamente com a educação ambiental? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Praticamente, quase todos os locais, da nossa (1º idéia): em Educação A parte, isso já é meio que acontece, dessa forma todos os locais a ambiental sempre meio que até indireta. Quando nós trabalhamos educação ou mesmo outras operadoras lá que trabalham ambiental sempre acontece em função da lá também, de alguma forma de certo grau acontece; natureza ser sempre a educação ambiental acontece, sempre! A mestre; mesmo se for o cara digamos, eu não quero ser estúpido, mas o guia mais ‘tapado’ é... tu vai A idéia): a levá uma pessoa, um grupinho pra fazê uma (2º caminhada, mesmo ali as pessoas vão assimila natureza é mestre; Ecoturismo está as coisas da natureza. A natureza é mestre, né? A Ali já tá acontecendo educação ambiental, né? relacionado sempre, acho sempre... existe só a necessidade, às áreas né? as vezes a forma mais leve as vezes uma naturais protegidas forma mais intensa né? Os lugares lá em Floripa que há práticas de ecoturismo... Em C Florianópolis ou no Pólo! É, é no pólo! Mas (3º idéia): o Pólo em Floripa, na Grande Floripa, né? É o pólo está na Grande está na grande Floripa, né? Na verdade o Pólo Florianópolis; B compreende desde a Arvoredo até o Parque do Tabuleiro e mais a Ilha. É então, os lugares que acontecem o ecoturismo e que tem nessa (4º idéia): escala de maior ou menos de respeito ambiental, ecoturismo ocorre é... são normalmente as áreas de parque, o nas áreas de parque municipal da Lagoa do Peri, o parque parque; municipal da Lagoinha do Leste, a reserva do C Arvoredo, a ilha do Campeche, né? a Lagoa da Conceição, as áreas das dunas... No meu conhecimento, primeiro a gente não Em todos os B chama Ilha de Santa Catarina, a gente chama locais onde Arquipélago de Santa Catarina, tá? São um trabalhamos conjunto de 30 e poucas ilhas, então, dentro há educação disso a gente tem várias unidades de (1º idéia): ambiental; conservação, nenhuma dessas unidades de unidades de E conservação tem plano de manejo, ou seja, conservação sem nenhuma dessas unidades de conservação tem plano de manejo; especificado as áreas onde pode-se atuar ou D não turisticamente, tá? Então, isso já dificulta um monte para se fazer ecoturismo. Sem você saber onde você pode ou você não pode, quer (2º idéia): todos os dizer não se foram feitas pesquisa, ninguém lugares onde sabe de nada. A gente faz em todos os lugares, trabalhamos há onde tem atividade da Adrenailha ocorre educação educação ambiental, mesmo aqui na praia dos ambiental; 166 C Ingleses que não é uma unidade de conservação, entendeu? Mesmo não sendo uma unidade de conservação, mas existe a parte de educação ambiental, né? Mas em todas as áreas que a gente utiliza, que a maior parte vamos dizer das trilhas que a gente faz são dentro dos parques municipais, né? e alguma coisa dentro do parque estadual da Serra do Tabuleiro, então dentro dessas unidades, a gente também explica sobre as unidades de conservação, o quê é um parque, porque que chama parque, né? e o que que isso tem haver dentro do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), então a gente explica tudo isso, porque que é uma unidade de conservação, porque existiu, até faz uma correlação né? de como que isso aconteceu. A gente trabalha não só com os parques mas as áreas, as APPs, tipo o Morro dos Ingleses que é uma APP a gente trabalha bastante, a RPPN das Aranhas junto com o Parque que não é nem municipal e não é parque, vamos dizer, é o parque florestal do Rio Vermelho, ele não é uma unidade de conservação, ele ainda não é, né? há um estudo para tentar transformar ele num parque estadual, aí o parque estadual do Rio Vermelho, parque municipal da Galheta, parque da Lagoinha do Leste, parque da Lagoa do Peri, parque estadual da Serra do Tabuleiro, o entorno da estação ecológica do Carijós, a gente também utiliza, que é uma APP, a APP da Costa da Lagoa, que a gente utiliza também, esses são as principais áreas que a gente atua. Ah e Governador Celso Ramos que tem a APP de Anhatomirim, a APA de Anhatomirim. E a área de Proteção da Baleia Franca, um pouco mais para baixo, começa no sul da ilha a partir do Pântano do Sul para baixo. Olha, se nós pararmos para pensar isso, nós temos os parques municipais que entrariam dentro da questão da unidades, cinco parques naturais municipais na verdade, a Galheta, Lagoa do Peri, Dunas da Joaquina, Reserva Extrativista Pirajubaé e a outra é a Estação Ecológica Carijós. Então, seriam os cinco parques que teoricamente se trabalhariam, apesar da Estação Ecológica não poder. Que eu me recorde os lugares realizados, né? que fazem educação ambiental ou que tem dentro desse contexto de unidades de conservação, seriam esses. Mas esses locais incluem o ecoturismo? E (3º idéia): mesmo não sendo unidade de conservação há educação ambiental; E (4º idéia): trabalha com os parques e com outras áreas protegidas; C (1º idéia): os cinco Não há parques ecoturismo municipais; com educação C ambiental no Pólo; F 167 D E Propriamente dito não! Então, onde o ecoturismo ocorre junto com a educação ambiental no Pólo? Olha que eu me lembre não há. Que eu me lembre, exatamente, de fazer todas essas relações, não me recordo. Não me recordo mesmo. E o que as vezes pode acontecer é que nem, por exemplo, o Costão do Santinho que tem a RPPN Morro das Aranhas e a Estação Biológica do Costão, que quando chama a comunidade ou as escolas, acabam de certa forma fazendo até uma educação ambiental misturada com atividade no meio ambiente e ecoturismo, mas não relacionado exatamente a isso. Mas que eu me recorde, assim, não há essa relação direta de ecoturismo, mesmo com a educação ambiental. É... praticamente nos parques, praticamente todos os parques nós trabalhamos essa questão né? ecoturismo e educação ambiental. Quer dizer, seja no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que é a nossa atração principal, turmas do Colégio Catarinense foram levadas periodicamente, durante 08 a 10 anos. O próprio Parque Municipal do Peri que em 91 nós fizemos o primeiro piquenique ecológico com as vovós, da vovó com netinhos de 02 a 07 anos, trabalhando com o Kiko do Projeto Larus, como biólogo com a sensibilização toda que ele tem, trabalhou com aqueles tipinhos assim, e a gente descobrindo carrochinhas, minhocas é... decompositores na areia, depois os formigueiros... Ilha do Campeche, arvorismo no Costão do Santinho e no Engenho Velho, as trilhas da Lagoinha do Leste, a trilha da Barra da Lagoa, a própria Barra da Lagoa, Lajão – aquela parte da prainha... É... que mais a gente faz? Aqui dentro da ilha tem... a Lagoa do Peri, que eu tinha comentado antes, a trilha da Lagoinha, tanto pelo matadeiro quanto pelo pântano, geralmente é o que a gente escolhe por que é uma trilha mais longa, uma trilha que dá pra explorar mais esse lado, não só a atividade física por ser mais demorado, íngreme e de grau de dificuldade maior, mas também por ser na minha opinião um dos lugares mais bonitos da ilha. Até as próprias atividades de sund board nas Dunas da Joaquina, no próprio Costão do Santinho, utilizando a estrutura dele quando faz o arvorismo, as vezes a gente se utiliza das (2º idéia): não me recordo de atividades que façam essas relações; F (1º idéia): nos parques nós trabalhamos o ecoturismo e a educação ambiental; C - (1º idéia): Ilha do Campeche, arvorismo no Costão do Santinho e no Engenho Velho, as trilhas da Lagoinha do Leste, a trilha da Barra da Lagoa, a própria Barra da Lagoa, Lajão... a Lagoa do Peri, a trilha da Lagoinha, as atividades de sund board nas Dunas da Joaquina, no - 168 dunas e das trilhas dali, a Moçambique e até as próprio Costão do dunas e seria mais... basicamente isso. Santinho, as trilhas dali, a Moçambique. C 169 APÊNDICE E Transcrições das ECH, IC e AC das entrevistas realizadas aos gestores e ou responsáveis pelos destinos de ecoturismo do Pólo de Ecoturismo da Ilha de Santa Catarina Legenda: ECH da IC = está em itálico ECH da AC = está sublinhado Intervenções do entrevistador = estão em negrito Questão 1 – Para o Sr. (a) o que quer dizer meio ambiente? InforExpressões Chave Idéias Centrais mantes Nossa casa né? tudo na verdade, se a gente pára (1º idéia): o lugar F pra pensar em meio ambiente, meio ambiente é com um todo; o lugar como um todo, toda a parte física, A biológica, parte sócio-econômica, a parte humana, sócioambiental, na verdade toda essa parte de matérias e energia encontrada no universo. Bom, a gente trabalha, não só pra mim mas, (1º idéia): G com a forma de trabalhar o meio ambiente hoje composto pelas ele tem um conceito mais amplo, né? Bem partes natural, sucinto: meio ambiente hoje é considerado o construído, social, e que é natural, tudo que é natural (natureza), o cultural que é construído, o que é social, o que é histórico. cultural e o que é histórico. Nessa abrangência é A que a gente trabalha o conceito de meio ambiente. Meio ambiente pra mim quer dizer o meio em (1º idéia): meio em H que a gente vive. Tudo é meio ambiente, a gente que a gente vive; tá inserido no meio ambiente. A Meio ambiente cara?! Eu definiria meio (1º idéia): I de ambiente como o conjunto de elementos, de conjunto dos relações que envolvem tanto o meio físico elementos meios físico e quanto o meio biótico. biótico; A Meio ambiente na minha visão, nos conceitos, (1º idéia): relações J engloba todo o planeta e suas relações, né? tudo que ocorrem no está... teria que formular melhor... mas seria as Planeta; relações que ocorrem no Planeta, desde a B biosfera, litosfera, hidrosfera, enfim... esses aspectos que estão relacionados, né? e dentro (2º idéia): envolve disso, lógico, o que está acontecendo porque as ações do hoje se fala muito em meio ambiente como uma homem; coisa que envolve o homem, as ações do homem A e tal, mas eu... em um aspecto geral seria... o Ancoragem Como lugar para viver; A Como biosfera; B Como recurso; A Como lugar para viver; A Como recurso; A Como biosfera; B 170 que mais... o Planeta e seus efeitos assim, né? num grande sistema. Questão 2 – Para o Sr. (a) o que quer dizer ecoturismo? InforExpressões Chave mantes Na parte do ecoturismo eu acredito que seja um F turismo de mínimo impacto, um turismo que respeite o meio ambiente que degrade ele o mínimo possível, pra dali tirar o seu sustento. Uma coisa que seja econômica e ecologicamente sustentável do ponto de vista da atividade. Só que a gente sabe que essa palavra vem sendo utilizada de maneira aleatória, simplesmente, por agregar valor a um tipo de trabalho, tanto o cara que trabalha na cavalgada, tanto o cara que trabalha com trilha de moto no meio da selva, com a moto de dois tempos que polui pra caramba, o cara muitas vezes pode falar que é ecoturismo. O ecoturismo no nosso entendimento, não só no G meu mas da equipe, seria essa relação do turismo ao meio ambiente, principalmente, natural, né? A exploração desse meio natural que nós temos hoje com o turismo. Seria uma relação direta, uma relação humana, né? que não deixa de ser natureza, mas o homem com a natureza, com o meio natural. H I J Ecoturismo? É um turismo que visa a... eu acredito que seja a conservação da natureza. Ele vem sendo desenvolvido, eu acho, que de uma forma um pouco rápida demais, porque tem lugares e eu cito como exemplo porque eu trabalhei no Maranhão, então tem alguns lugares que você usa a palavra ecoturismo pra dizer que você tá fazendo um turismo que se preocupa com a natureza e no fundo você só quer explorar a natureza. Então, eu acho que estão acontecendo muitas distorções do quê que é ecoturismo mesmo e de quem faz realmente ecoturismo. Eu entendo como ecoturismo é justamente o lado do turismo que enfatiza como atrativo as características naturais, no caso não diria meio ambiente porque não falo tanto, mas sim as características naturais. Ecoturismo seria essa prática de pessoas, visitantes, usuários que freqüentam as áreas Idéias Centrais Ancoragem (1º idéia): turismo de mínimo impacto; A (2º idéia): atividade econômica e ecologicamente sustentável; C (3º idéia): palavra utilizada de maneira aleatória; B (1º idéia): relação do turismo ao meio ambiente; A (2º idéia): exploração do meio natural com o turismo; C (1º idéia): turismo que visa a conservação da natureza; A Lado comercial do ecoturismo C Lado comercial do ecoturismo C Conservacionista; A (2º idéia): distorções do que é ecoturismo; B (1º idéia): turismo que enfatiza as características naturais; A (1º idéia): turismo em áreas naturais Ênfase atrativo natural; A no Processo de educacional; 171 naturais, né? e o ecoturismo também é... estaria promovendo a educação ambiental como um processo de educação. Então, seria o turismo em áreas naturais com o processo educacional em conjunto, né? e também como o desenvolvimento das comunidades locais, no caso, então pra mim o ecoturismo seria isso, eu acho que um processo de pessoas que visitam os ambientes naturais e que tenham informações, tenham um processo que participe de um processo de educação e que estejam se integrando ali também com a população local. com o processo educacional; D D (2º idéia): desenvolvimento das comunidades locais; D Questão 3 – Para o Sr. (a) o que quer dizer educação ambiental? InforExpressões Chave Idéias Centrais mantes A educação ambiental pra mim ela varia desde (1º idéia): F uma conscientização ambiental até um trabalho conscientização; onde a comunidade esteja incluída. Tudo isso tá A dentro do trabalho de educação ambiental, lógico que as formas de conscientização (2º idéia): isoladas elas são uma sensibilização, quer conscientização uma dizer, menos que uma conscientização. Isolada isolada é ela não vai gerar muitos benefícios, muita sensibilização; alteração e realmente nenhuma medida efetiva A no meio ambiente. Mas, a educação ambiental (3º idéia): ela passa por toda e qualquer atividade que avaliação, reflexão possa fazer com que a pessoa ela avalie suas e mudança de atitudes com relação ao ambiente em que ela comportamento está inserida e reflita sobre isso, mudando o seu em relação ao comportamento. Tudo isso pra mim, no meu ambiente; ponto de vista é educação ambiental. B Bom, educação ambiental, na realidade, pra nós (1º idéia): G também enquanto equipe que... nós entendemos educação que é um processo. É... a educação ambiental ambiental é um deve ter atividades que envolvam todas essas processo; questões já faladas dentro do conceito de meio A ambiente. Mas, principalmente, toda educação (2º idéia): deve ter ambiental deve começar com a sensibilização, atividades que por que sem a sensibilização, o conhecimento envolvam as não chega, por que as pessoas, também, se elas questões do não desejarem elas podem ter o conhecimento e conceito de meio faltar a vontade de trabalhar com esse meio ambiente; ambiente ou no sentido dessa pessoa com esse C meio ambiente, né? (3º idéia): deve começar com a sensibilização; A Tá, eu vou falar pra mim tá? Por que enquanto (1º idéia): H Ancoragem Educação ambiental crítica; B Sensibiliza ção; A Processo 172 I J instituição o Ibama tem todo um conceito do que é educação ambiental. Mas, é um processo, tem que ser construído ao longo do tempo, não é uma coisa que você vai lá e faz uma ação aqui, uma ação ali e tá fazendo educação ambiental. Não! Você tá fazendo uma conscientização depende da pessoa mas, você tem que construir ao longo do tempo um processo pedagógico, um processo educativo, de educação e dentro dessa educação vai estar inserida a educação ambiental. Pra te falar a verdade cara, educação ambiental até hoje eu não entendo o que é isso, ainda eu não sei porque inventaram esse termo, eu acho que... eu entendo até como desnecessário de existir, porque na minha visão... como minha visão de meio ambiente tem toda relação dos elementos, acho que toda educação tem a ver com o ambiente. Então, eu acho que esse nome de educação ambiental é por que deve ter alguma coisa haver com você ensinar as coisas de maneira mais correta. Entendeu? Mas, eu acho que não deveria nem existir. Acho que a educação deveria ser revista, acho que não continuaria a ser chamada de educação, teria que dar outro nome para isso. Educação ambiental? Na verdade educação é um processo, um processo contínuo, então, é um processo que visa a transformação, a sensibilidade de pessoas no caso ambiental para a questão ambiental, que é muito ampla também, que trabalha desde a saúde a questão econômica, a questão de recursos naturais, por exemplo, enfocando... então, são muitos temas que envolvem a educação ambiental, então é complexo assim, é bem amplo, mas eu vejo que a educação é um processo e tem que ser contínuo. E é desenvolvida de várias formas né? com vários métodos desde a sala de aula até em ambientes naturais, enfim, com vários métodos e fica até difícil de explicar, teria que pensar um pouco mais para listar assim... Nos ambientes naturais, você saberia explicar uma forma? Uma forma é com atividades lúdicas ou palestras ou através de atividades recreativas, jogos, enfim são formas que poderiam estar trabalhando a educação ambiental. processo educativo; A educativo a longo prazo; A (1º idéia): não entendo o que é e não sei porque inventaram o termo; E (2º idéia): educação tem relação com o ambiente; C Descontentamento com o termo e seu significado; E (1º idéia): Educação processo contínuo ambiental que visa a crítica; transformação, a B sensibilidade de pessoas para a questão ambiental; B (2º idéia): complexa por envolver muitos temas; C (3º idéia): desenvolvida em sala de aula; D (4º idéia): desenvolvida em ambientes naturais de forma lúdica ou com palestras; D 173 Questão 4 – O Sr. (a) acredita que o ecoturismo possa ocasionar impactos nocivos no ambiente natural? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Com certeza, por exemplo, uma trilha mal feita (1º idéia): com F pode causar uma erosão dependendo da certeza, por que a suscetibilidade da área, pode até causar uma trilha mal feita perda significativa de solo, alteração na área causa impacto; local, alterando inclusive a parte de estuário, A por exemplo aqui na Ilha, só pegá as trilhas que são feitas de maneira errada e estão em um estágio de erosão bastante avançado, a própria retiração de... por exemplo, reserva biológica tem até um artigo aqui que demonstra até certo ponto que o quê está causando um stress mesmo naquela visitação direcionada e toda regulamentada que tem em Bonito, tá causando stress. Acredito, acredito... acredito porque isso são (1º idéia): acredito Depende do G dos profissionais. Hoje nós temos... vamos fugir por que depende profissional; um pouquinho do ecoturismo mas, trabalhar dos profissionais; B com educação ambiental... o professor que pede B para fazer um trabalho de contato com o meio ambiente natural, ou seja, fazer uma trilha ecológica e que manda quarenta alunos, não entende o que é ter... então, imagine uma empresa de ecoturismo que não veja assim, então tudo depende do profissional que tá trabalhando, qual é a formação, qual é o entendimento dele de meio ambiente, como é que ele (ou ela) se relaciona com esse meio ambiente... então, eu vejo muito assim... Eu acredito, eu já visualizei isso. Eu acho que (1º idéia): acredito ConservacioH eu já coloquei um pouco do que penso mas é... é por que você tem nista; aquela coisa, você querer explorar a natureza que ter o interesse C fazer usando o conceito de ecoturismo, você de realmente tem que ter o interesse de fazer ecoturismo e não ecoturismo, não de explorar a natureza e explorar a usando ah eu faço ecoturismo! Por que hoje em natureza; dia é bonito isso, né? de você cuidar da C natureza, de você ser conservacionista e tal e tal, agora até que ponto que você tá fazendo ecoturismo. Acredito. Por que é... muitas vezes o ecoturismo (1º idéia): acredita Ecoturismo I que o feito em é feito não só por questões de quem faz ou de por do quem opera o ecoturismo, mas muito mais por ecoturismo é feito função questão de público, do público-alvo e as em função do mercado; pessoas gostam de ir em áreas que ainda não público-alvo; B foram visitadas, que não foram tocadas, por ser B pouco visitadas e pouco tocadas. E as vezes elas (2º idéia): Áreas 174 tornam visitadas por causa disso. Então, se você não tiver critério de como fazer isso, elas vão deixar de existir, passando a ser um material de consumo, você vai visita, você acaba com o local, tem impacto de todo tipo, caminhada, lixo, disse e aquilo. J Sem dúvida pode tanto causar impactos positivos como negativos dependendo como forem implementados, né? tem que ver que no Brasil... Em relação aos negativos você pode me explicar o porque isso acontece? Desde lixo, abertura de novos acesso, muita gente, assim a freqüência de visitação, assim, então a questão social da satisfação da visitação no atrativo. Por ter concentração de muita gente no atrativo, impactos visual, pichação, corte de árvores, marcação, assim pichação em pedras ou dos próprios atrativos, no caso de cavernas. Que mais que a gente vê aí? Mas, acho que isso é... barulho, som alto, questão de som também causa impactos e isso pode causar outros impactos decorrentes de uma procura assim, por exemplo, de um grande número de pessoas freqüentam o ambiente faz com que toda a economia ali possa tá desenvolvendo de forma negativa. necessidade de critérios; A (1º idéia): áreas naturais como material de consumo; C (1º idéia): sem dúvida, mas depende de como forem implementados; A naturais como material de consumo; C Impactos negativos são ocasionados pelo grande número de pessoas no local; A (2º idéia): impactos decorrentes do grande número de pessoas; A Questão 5 – O Sr. (a) acredita que a educação ambiental poderia minimizar os possíveis impactos negativos advindos do ecoturismo? O Sr. (a) poderia me explicar por quê? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Com certeza pelos próprios executores errôneos (1º idéia): com SensibilizaF que a gente vê hoje, se tivessem consciência do certeza, depende ção; que realmente é turismo ou do que é esse da consciência dos B do processo que envolve a percepção da atividade executores deles e eles entendessem quais as atividades que ecoturismo; causem mais impactos e reduzissem os A impactos... eu cheguei a ser contactado para trabalhar numa trilha de educação ambiental de um hotel conhecido, grande aqui no entorno de Floripa, que a mulher virou pra mim, a dona do hotel, veio conversar a respeito da trilha e falou (2º idéia): assim ó a gente faz a trilha assim num sei o que interação e e por que a gente raramente vê pássaros, a sensibilização no gente tem uma mata grande e tal, você tá meio ambiente; entendendo isso? Tá mas como é que vocês B fazem isso? Ah a gente pega uma equipe de trinta, quarenta crianças põe na trilha e uma 175 G H I pessoa vai com o mega fone conversando com as crianças... pô e você quer ver pássaro ainda? Certo? Você tem que entrar com um grupo de dez crianças, todo mundo quieto e você faz as atividades de interação e sensibilização pra começar a entender o meio ambiente e não atrapalhar... afinal o bicho tem muito mais medo da gente do que a gente do bicho. Então, essas são as maneiras, você ter consciência do que causa os impactos ambientais e por atividade e diminuir isso o máximo possível. Entendeu o quê que é? Com certeza, por que na realidade você teria um sentimento mesmo, né? Por exemplo, vou citar um exemplo assim, capacidade de suporte se uma trilha, né? A relação hoje é muito forte ao econômico, então as pessoas, eu vou falar das empresas mas, vou falar das pessoas elas visam muito o lucro e em função do lucro as questões do meio ambiente natural elas deixam de ser prioridade. Então, eu cito esse exemplo com o gás ecológico (CFC) você vai comprar uma geladeira na hora que vai bater no bolso você vai comprar a mais barata e você é um ambientalista, você trabalha com meio ambiente, você... mas na hora que aperta, que fala-se no financeiro, parece que a gente esquece. Eu acredito, por que muita gente não tem consciência do que se faz. Muita gente, muita! Agora como trabalhar isso eu também não saberia te dizer, porque como a educação ambiental seria um processo as vezes o turista vem e vai embora né? Então, eu acho que teria que ser trabalhado do lugar que o turista vem, talvez, no Brasil poderia trabalhar isso melhor, nos outros países eu não sei como isso é trabalhado mas, eu penso assim sabe... você trabalha os conceitos... você ter sei lá certos... como eu posso dizer... certos lemas do ecoturismo mesmo... objetivos que... que eu nem sei se tem realmente definidos sabe... como geral, todo mundo ter aquele lema, aqueles objetivos e isso ser geral no Brasil, enfim... A educação sim. A educação... eu acho que a principal ferramenta da educação que é a coisa mais difícil de colocar na cabeça do ser humano, é o ser humano entender que a balança não funciona muito racionalmente, é que nem a balança do nosso consciente ela diz o (1º idéia): relação econômico; A forte Crítica / ao oposição ao desenvolvimento sustentável; A (2º idéia): questões do meio ambiente natural deixam de ser prioridade; A (1º idéia): não se tem consciência do que se faz; A Desconhecimento da relação ecoturismo e educação (2º idéia): ambiental; educação tem que C ser trabalhada na origem do turista; C (3º idéia): objetivos ecoturismo; C (1º idéia): educação é principal ferramenta; D do a Educação a fornece um sentimento de coletividade; D 176 J quê? Eu vou saldar, eu vou te dar um benefício pra mim, causando um malefício para todos. Então, o ser humano tenta colocar inconscientemente muitas vezes isso na balança e acaba compensando, ou seja, o benefício é pra mim mas o malefício eu vou dividir em todos, então é lucro. Eu acho que num processo de educação, tem como dar uma noção de coletividade do ser humano. Sem dúvida. Ah se tiver um processo contínuo e efetivo de educação com o envolvimento comunitário você tem como diminuir esses impactos, envolvendo a comunidade no processo de implementação das ações e da gestão do território, mas tem que ser através de uma qualificação e uma capacitação contínua, um processo de divulgação e informação e pesquisa nas áreas para que isso possa ser efetivamente implementado. (1º idéia): processo contínuo e efetivo de educação com o envolvimento comunitário; D (2º idéia): papel da comunidade na implementação das ações e da gestão do território; D (3º idéia): qualificação, capacitação contínua e o processo de divulgação, informação e pesquisa; D Educação no processo de gestão ambiental. D Questão 6 – O Sr. (a) pode me explicar quais são as estratégias utilizadas para a conservação da natureza? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Tem várias, desde a criação de leis, de áreas (1º idéia): várias Educação F protegidas, até a educação e gestão de recursos desde a criação de ambiental naturais numa escala de macro de tempo, uma leis, áreas crítica; escala mais longa, a longo prazo nas atividades protegidas; B e isso dentro das escolas, fora em atividades em A grupos isolados, mas isso num faz diferença, tudo tem que passar pela conscientização, tem (2º idéia): que passar pela educação. O cara tem que saber educação e o quê que acontece, o fato dele estar inserido no conscientização; meio ambiente e entender qual é a função dele, B meio o que ele pode estar fazendo. idéia): Processo de Primeiro a sensibilização, colocar as pessoas (1º G 177 H I em contato com o que é natural e aí sim eu falo do natural, não estou falando construído, não estou falando do cultural, mas do natural. A prioridade hoje nossa enquanto educação ambiental é colocar em contato com o que realmente acontece e ter esse aspecto do... essa capacidade de vontade de admirar o que é natural, né? A sensibilização você disse que é uma das estratégias de conservação, há outras? A primeira, a segunda é o conhecimento, então o que é uma APP, o que é uma unidade de conservação, que é uma APL, depois disso, depois do conhecimento é que se pode cobrar, fazer alguma cobrança dos órgãos competentes. Porque até então... hoje se fala ah desmataram tal área, mas se vai olhar o plano diretor é uma área residencial predominante, então você pode construir naquela área, então você tem... é uma APL você pode desmatar 10% da área para construir, então as pessoas... falta o conhecimento, se falta o conhecimento como ela vai lutar por uma área verde, por exemplo. Eu acho que tem que caminhar, vamos dizer, num trilho de coisas, num... tem que caminhar com a capacitação, tem que caminhar com educação e... com proteção também, com fiscalização também. Acho que são essas três coisas que teriam que funcionar bem e se funcionando bem, acho que a gente poderia tá de repente conservando melhor a nossa natureza, aqui no Brasil a gente sempre vê que o desenvolvimento é colocado a frente da conservação da natureza e a gente percebe isso nos procedimentos dos órgãos ambientais, tanto federais, quanto estaduais, quanto municipais, na fala de recursos, na falta de infra-estrutura, na falta de pessoal, então, talvez a estratégia seja por aí... fortalecer os órgãos de gestão, também, o fortalecimento desses órgãos vai também no eixo. Posso citar algumas, eu acho que a principal estratégia em relação a conservação da natureza é a última aqui no Brasil e também no resto do mundo, é você tirar o ser humano, deslocar das áreas naturais, partindo de uma premissa que o ser humano não tem condições de cuidar do meio ambiente. Então, você cria uma unidade de conservação retira o ser humano de lá, ou então com muito cuidado você deixa o ser humano dar uma entrada e uma olhadinha e cair fora, porque sensibilização, educação contato das ambiental; pessoas com o que B é natural; B (2º idéia): conhecimento; B (3º idéia): cobrar o direito por áreas verdes; B (1º idéia): a Fortalecimencapacitação, to dos órgãos educação, proteção ambientais; e fiscalização; D A (2º idéia): desenvolvimento é colocado a frente da conservação da natureza; D (1º idéia): retirar o Presevacioser humano; nista; C C 178 J mais do que isso ele tá prejudicando aquilo. Acho que essa a principal meio de conservação é esse. Eu acho que tem outros meios de conservação, o pessoal da muitos nomes como chamar de desenvolvimento sustentável. As estratégias hoje é... baseada na aplicação da legislação, na das questões por isso tem o sistema nacional. Outra é o planejamento das atividades dentro das áreas, então, planejando as atividades e executando, assim, as suas ações e dentro desse planejamento a conservação da natureza ela passa por várias linhas, desde da... para você conservar a natureza, as estratégias, você passa por educação ambiental, por fiscalização, por mobilização comunitária, participação da comunidade, né? é... divulgação, estrutura das áreas, infra-estrutura nessas áreas... que mais... por trabalhar por pesquisa, por muita pesquisa científica para viabilizar esse processo. Acho que é, assim... numa linha geral seria isso aí. (2º idéia): desenvolvimento sustentável; A (1º idéia): Envolvimenaplicação da to legislação e o comunitário planejamento das E atividades; A (2º idéia): participação comunitária; E Questão 7 – Em muitos lugares se comenta sobre a conservação da natureza, mas parece que no turismo isso não ocorre. Por exemplo, continua sendo jogado lixo no chão, inclusive em áreas protegidas. Por que o Sr. (a) acha que isso acontece? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Por que a pessoa não tem noção que aquela... (1º idéia): Tomada de F da consciência, por exemplo, vamos usar um exemplo clássico consciência aqui da Reserva do Arvoredo, você tá no alto da pessoa; transformacabeceira do rio Tijucas, a mais de 20 km, daí ção das A você tá andando na rua e você joga um plástico atitudes; no chão. A tendência normal é que a chuva A venha transportar isso para dentro da calha de drenagem do município, isso aí cai pra dentro do rio, na bacia do rio Tijucas, vai entrar no rio Tijucas de alguma maneira, se não tiver a rede de esgoto adequada, cai no rio Tijucas, é levado para a Reserva do Arvoredo e uma tartaruga confunde isso com uma alga, come e morre afogada. Esse é um exemplo típico da mesma forma que você tá falando. Se a pessoa não tiver (2º idéia): consciência do que acontece com o lixo que ela adestramento joga fora ali, ela acha que alguém vai passar e ambiental; jogar no lixo. Ela não sabe da continuidade do B processo, ela não tem entendimento do impacto que ela tem no meio ambiente de todo o processo dela. Uma reserva biológica ela tem uma série de benefícios, desde a reprodução de peixes para repovoar a costa até o uso de algum 179 G H tipo de... qualidade, características nesse ponto ela tem para o tratamento de câncer. Então, esses benefícios se ela não souber as conseqüências ela nunca vai mudar seus atos. Uma coisa é ter educação ambiental, outra coisa é adestramento ambiental... não joga lixo, não joga lixo, não joga lixo... ah tá não joga lixo porque? Tem que entender a essência da história e não as simples aparência. Por que essas... é aquela coisa... vamos falar de Florianópolis! O sujeito coloca uma empreendimento, por que é uma cidade de turismo, tipo um hotel e não se preocupa pra onde vai o seu esgoto, coloca na praia em que os seus clientes já escolheram aquele hotel porque tem a praia, então, ele não tá tendo esse entendimento. Volto de novo com a exploração financeira, então enquanto as pessoas não tiverem esse entendimento elas não vão conseguir fazer essa relação do porque preservar, né? E que na realidade é dar um retorno, principalmente, pro ecoturismo, como é que uma pessoa vai escolher uma praia para ir em que o empreendedor tá colocando o esgoto, tá colocando... o próprio empreendimento pro turista. Vamos falar de hotel! Quantos hotéis separam o seu lixo em uma cidade que tem coleta seletiva? Quantos? Falta educação ambiental. Ah, eu acho que um pouco é falta de educação, um pouco é falta de consideração, por que o homem as vezes... ele foi muito educado nessa forma antropocêntrica de ser, né? Eu sou o centro do universo, tudo gira ao meu redor e a natureza tá aí pra me servir mesmo e eu faço o que eu quiser com ela e nunca vai acontecer nada. Então, alguns conceitos já estão enraizados, mesmo nessa sociedade, vem de tempos e continua sim. Tem claro uma mudança tudo... eu acho assim, talvez mais pra frente a gente não tenha mais esse tipo de comportamento, eu acredito que já melhorou bastante, por que antes era uma coisa muito natural e hoje em dia muita gente vê isso e já fala coisa ridícula né? Olha o que ele cara tá fazendo? E antigamente acho que nem existia essa coisa. E as vezes o cara deixa de fazer por causa disso, por conta que a sociedade está cobrando mais, é uma mudança de paradigma, eu acho, que tá ocorrendo agora, por agora (1º idéia): Falta de entendimento do conhecimento por que preservar; e de decisão; A A (1º idéia): falta de Mudança de paradigma; educação; C A (2º idéia): mudança paradigma; C de 180 I J mesmo. E com relação ao turismo acho que é uma mudança de paradigma, tem muita gente no turismo trabalhando com a questão ambiental hoje em dia, né? e que não existia antigamente, tanto né? Eu acho especificamente o seguinte, que é... eu não vejo as pessoas, não digo todas, mas também não sei dizer se a maioria que fazem o turismo, entendem aquela área enquanto um bem de consumo, ele tá pagando pra utilizar essa área e a pessoa acha que nada mais justo que ele tá pagando aquela área tem o direito de usar como bem entender. E até porque as pessoas as vezes não tem que voltar lá, não tem que... ou acha que sei lá o quê que faz que outros não tem... mas acontece muito isso e é um problema grave e também passa por questão de educação e jogar lixo no chão não é falta de educação ambiental é falta de educação mesmo. Primeiro é a desinformação total, as pessoas não conhecem, geralmente, aonde moram e, principalmente, a natureza que está a sua volta, a biodiversidade, assim, a gente tem muita desinformação. Outra é a própria falta de conhecimento, também da academia, por exemplo, vamos pegar o exemplo da mata atlântica, informações específicas das espécies, da ecologia, como funcionamento do sistema... então, essas questões assim de falta de conhecimento e desinformação acabam gerando muitos impactos. (1º idéia): descomprometimento com o local; C - (2º idéia): falta de educação; A (1º idéia): falta de conhecimento e informação; A - Questão 8 – Agora, eu vou dizer uma frase e quero saber se o Sr. (a) concorda ou discorda e por que. A frase é: A educação ambiental pode ser uma ferramenta do ecoturismo para a conservação da natureza mas, pouco se sabe sobre quais e como são desenvolvidas as modalidades (metodologias) de educação ambiental nessa atividade. InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes Concordo e discordo ao mesmo tempo. Então, (1º idéia): a F realmente a educação ambiental é uma das relação intrínseca ferramentas do ecoturismo? É. Da mesma forma do ecoturismo com que o ecoturismo é uma das ferramentas da a educação educação ambiental. Pode haver as duas coisas, ambiental; você pode trabalhar com a educação ambiental A dentro do ecoturismo, pode trabalhar com o ecoturismo como uma ferramenta num (2º idéia): não é a planejamento de educação ambiental. Que é o pessoa ideal para que pode ser feito ao redor da Ilha do Arvoredo dar essa avaliação; sem problema algum. E agora levando em vista B 181 G H I do que se sabe ou não se sabe, realmente, eu não seria a pessoa ideal pra dá essa avaliação. Concordo, concordo plenamente! Tanto é que hoje a gente se coloca aí a disposição das universidades em todos os cursos pra tá fazendo sensibilização ambiental, pra tá passando conhecimento, e aí sim, de leis, de unidades, de conceitos mesmo, nomes... entender o que é um plano diretor. A gente se coloca a disposição... quando a gente tem um projeto Floram vai a escola é o projeto que permite né? só que o que acontece são poucas as universidades ainda hoje que colocam isso dentro do seu currículo, né? Mas a Floram desenvolve alguma forma específica de educação ambiental? É que na realidade os projetos é que vão abraçar isso. Dentro do projeto todos eles tem a mesma metodologia, né? primeiro sensibilizar, depois trabalhar com o conteúdo realmente, como o conhecimento, as informações. Por que muito do conhecimento... falta é informação e não a produção dele né? a informação... e aí então o contato, o contato direto. Essa é a metodologia básica em todos os projetos. São nove projetos e essa é a metodologia básica, é o eixo. Na realidade a gente trabalha em cima de um eixo, dependendo da clientela, dependendo da procura, da demanda é que esse eixo ele vai abrir. É eu não conheço muito, mas ações de educação ambiental desenvolvidas no turismo e que tenham dado os resultados... conheço muito pouco. Mas como ocorre o ecoturismo e a educação ambiental (juntos) em Anhatomirim? Tá é... a gente começou, foi começado um processo em 2000 de trabalhar a educação ambiental nas escolas mesmo e foi feito um trabalho muito legal com... foi feito em parceria com o pessoal da universidade é... foi um trabalho muito legal com a 7º e 8º série, é eles construíram vídeo, eles mesmos foram criando os seus conceitos em relação ao meio ambiente, foram levados ao ambiente e tem um resultado bem legal. Eu acho que sim. A educação ambiental é uma ferramenta, e então, a educação... mas também como no próprio ecoturismo ela é feita das mais diversas formas e tem formas que acaba sendo um adestramento da pessoa que também não leva a nada, você adestrar e falar não jogue lixo, (1º idéia): fazer Educação sensibilização ambiental ambiental por formal; meio da C transmissão de conhecimento; C (2º idéia): metodologia de sensibilização, conhecimento e contato; C (1º idéia): não Educação conhece ações de ambiental educação formal; ambiental C desenvolvidas no ecoturismo; B (2º idéia): educação ambiental escolas; C nas (1º idéia): educação ambiental como uma ferramenta do ecoturismo; A - 182 J não jogue lixo, não jogue lixo... aí daqui a pouco a pessoa não tá jogando porque você adestrou, que nem um cachorro. Quer dizer ou não joga porque tem vergonha de alguém ver, né? Eu acho que tem que haver algum tipo de educação assim, nesse caso, no ecoturismo, agora e... a maneira também não é fácil de achar uma forma, isso varia de público, varia de áreas que se tá trabalhando, varia tudo. Eu posso ler? Sim. A primeira parte... essa aqui eu concordo. Na segunda, eu não entendi o que você quis dizer com modalidades de educação ambiental. Numa forma mais acadêmica, poderia chamar de metodologias de educação ambiental. Ah tá. A forma como a educação ambiental acontece. Eu discordo dessa segunda parte. O porque é o seguinte: a educação com certeza é e pode ser uma ferramenta para a conservação da natureza dentro do ecoturismo e deve ser, né? uma vez que quem trabalha com essas atividades tá trabalhando com pessoas, tá trabalhando dentro de áreas, geralmente, com grande relevância ecológica e ali há um potencial gigantesco para você trabalhar diversos temas, pegar seja na escalada, no rafting, vôo livre, em trilhas ou simplesmente uma recreação no rio, uma natação, enfim... mas as metodologias de educação desenvolvidas por essas atividades, na verdade existem sistematizadas dessas informações, só que elas são muito isoladas, não é que não se sabe, é tem uma coisa lá outra coisa num sei aonde. O que talvez não se conhece não é tanto as metodologias, mas é o status, eu acho, o status dessa atividade no ecoturismo, ou seja, como é que as pessoas hoje é... tão fazendo isso, ou se tão ou não tão mas, método tem, vários tipos de métodos diferentes e tem bastante material sistematizado, só que não concentrado, se encontra num local aqui, outro lá tal e tal... mas tem informação, mas agora o status disso dentro do ecoturismo hoje, realmente, eu num... pouco se sabe sobre o status. Há alguma forma específica de educação ambiental trabalhada com turistas aqui? Aqui é um meio que um centro de desenvolvimento até de metodologias, então a gente busca pegar métodos que já existem e adaptar e tentar criar novas. Então, aqui nós trabalhamos com palestras, por exemplo, palestras tanto aqui dentro de sala de (2º idéia): adestramento pessoa; D da (3º idéia): a maneira varia; A (1º idéia): Educação educação é uma ambiental ferramenta para a formal; conservação da C natureza dentro do ecoturismo; A (2º idéia): gigantesco potencial do ambiente natural; A (3º idéia): as metodologias desenvolvidas são muito isoladas; B (4º idéia): não se conhece o status dessa atividade no ecoturismo; B 183 aula (auditório), como também em campo. A parte de jogos, atividades né? que envolvam as, por exemplo, questões sensoriais da pessoa... tato, audição, visão, observação, desenho – a parte artística – então, a parte de interpretação com ferramentas como flanelógrafo, é... fantoches, então, são instrumentos que nós utilizamos para poder passar a informação e fazer envolver as crianças, só que tem um porém, é dentro desse processo das unidades de conservação trabalham com educação ambiental com os turistas é muito difícil porque você não educa o turista, você sensibiliza ele porque ele vem uma vez aqui e vai embora, de repente nunca mais vai aparecer, então não posso falar que eu fiz uma educação. Educação é se eu tivesse um acompanhamento desse turista, ele viesse várias vezes aqui, tivesse um contato com a gente e tal. Mas, como são visitas pontuais a gente coloca que mais sensibiliza as pessoas com essas visitas pontuais do que realmente educa. Agora tem um projeto de extensão onde realmente a gente tá fazendo um trabalho mais contínuo e aí sim envolve um processo de educação, por exemplo, as escolas, onde você tá constantemente com os alunos, eles vem aqui fazem um monte de visitas aqui, fazem oito, dez visitas aqui, a gente faz saída de campo, vai a escola, dá palestras, faz atividades lá, aí faz vários tipos de atividades, aí sim dá pra realmente avaliar e ver a mudança e vê se isso tá sendo positivo ou negativo, o processo. (5º idéia): trabalha a educação ambiental com palestras em sala ou em campo, jogos e atividades que envolvam as questões sensoriais; A (6º idéia): o turista não é educado e sim sensibilizado; A (7º idéia): processo educativo; C 184 10 ANEXOS 185 ANEXO A Matriz de problemas do segmento de ecoturismo Fonte: Barros II e La Penha (1994, p. 22) 186 ANEXO B Ações estratégicas para o desenvolvimento do ecoturismo Fonte: Barros II e La Penha (1994, p. 23) 187 ANEXO C Ação nº8 – Conscientização e informação do turista (BARROS II; LA PENHA, 1994, p. 30) Objetivo Divulgar aos turistas atividades inerentes ao produto ecoturístico e orientar a conduta adequada nas áreas visitadas. Estratégias Informar aos turistas sobre práticas e comportamentos nocivos aos atrativos naturais e culturais; (EMBRATUR-IBAMA) Apoiar programas de educação ambiental formal, em todos os níveis, de maneira interdisciplinar; (EMBRATUR-IBAMA) Estabelecer ações abrangentes de divulgação do ecoturismo; (EMBRATUR-IBAMA) Criar material informativo específico para as áreas de destino ecoturístico; (EMBRATURIBAMA) Utilizar os meios legais para coibir a propaganda enganosa; e (EMBRATUR) Prestar esclarecimentos prévios sobre o comportamento do ecoturista em relação à comunidade a ser visitada. (EMBRATUR-IBAMA) 188 ANEXO D Educação Ambiental não formal (BRASIL, 1999) Art. 13º Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I – a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II – a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental nãoformal; III – a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações nãogovernamentais; IV – a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; V – a sensibilização ambiental dos agricultores; VI – o ecoturismo. 189 ANEXO E Quadro do aprendizado seqüencial (CORNELL, 1997, p. 46-47) ESTÁGIO 1 : Despertar o Entusiasmo Qualidade: Divertimento e Vivacidade Vantagens: • Desenvolve na criança o gosto de brincar; • Cria um ambiente de entusiasmo; • Um começo dinâmico estimula uma maior receptividade; • Incentiva um alto grau de atenção e supera a passividade; • Cria envolvimento; • Concentra a atenção (reduz problemas de disciplina); • Estabelece uma aproximação com o líder do grupo; • Cria uma boa dinâmica de grupo; • Proporciona direção e estrutura; • Prepara para as atividades mais sensíveis dos estágios seguintes. ESTÁGIO 3 : Dirigir a experiência Qualidade: Absorção Vantagens: • Facilita o aprendizado por meio de descobertas pessoais; • Proporciona compreensão direta, experiencial e intuitiva; • Incentiva a admiração, a empatia e o amor; • Desenvolve comprometimento pessoal com os ideais ecológicos. ESTÁGIO 2 : Concentrar a atenção Qualidade: Receptividade Vantagens: • Aumenta o nível de atenção; • Aumenta a percepção por meio da atenção concentrada; • Canaliza de modo positivo o entusiasmo gerado no Estágio 1; • Desenvolve habilidades perceptivas; • Tranqüiliza a mente; • Desenvolve receptividade para experiências mais sensíveis com a natureza; ESTÁGIO 4 : Compartilhar a Inspiração Qualidade: Idealismo Vantagens: • Aclara e fortalece as experiências pessoais; • Eleva o estado de espírito; • Introduz modelos inspiradores da vida de outras pessoas; • Reforça o sentido de união entre os participantes; • Aproxima o grupo; • Cria um ambiente de união e participação; • Fornece referências ao líder; • Oferece ao líder a possibilidade de compartilhar a inspiração com um grupo receptivo. 190 ANEXO F Modelo de Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Adaptado a partir de Lefèvre e Lefèvre (2003, p. 47; 52-53; 55) Transcrições das ECH, IC e AC das entrevistas realizadas Legenda: ECH da IC = está em itálico ECH da AC = está sublinhado Questão – Você recomendaria este pronto-socorro para um amigo seu ou para um parente que precisasse? Porque? InforExpressões Chave Idéias Centrais Ancoragem mantes De hipótese alguma. Porque eu achei uma (1º idéia): não Só o 1 negação o atendimento aí. Tinha uma moça aí indicaria porque o convênio o passando mal, passando mal, que ela precisou atendimento é uma garante bom ser desmaiada aí dentro para o pessoal correr e negação. atender ela! Eu achei uma negação. Minha irmã atendimento. B disse que era ótimo. Eu não gostei. De quem (2º idéia): quem A não tem convênio hoje, pelo amor de Deus, não tem convênio sofre. sofre! A Só em último caso mesmo, porque eu trouxe até (1º idéia): só 2 a minha filha aí no sábado, mas demorou para indicaria em atender, não é? Aí eu... atenderam ela, aí depois último caso; eu fui embora também, porque é muito B demorado aqui o atendimento, não é? Era um hospital bom, mas em outra parte, assim, de atendimento, é muito demorado. A pessoa, se tiver um caso assim, dele estiver morrendo, eles não está nem aí com isso. Espera a pessoa quase morrer para atender, não é? E não dá. o Não gostei. Passou medicamento para mim (1º idéia): não Só 3 tomar a injeção, tudo, não tomei e vim embora indicaria porque convênio foi garante o para casa. Eu até, tem que passá, eu tenho não bom minhas três filhas, se precisar eu trago aqui adequadamente atendimento. porque eu não tenho condição de pagar um medicada; convênio. Se precisar, eu trago aqui. B A (2º idéia): leva para o PS porque não tem condições de pagar convênio; A 191 DSC da idéia central B – não recomendaria porque é atendimento é ruim EXPRESSÕES-CHAVE 1- Porque eu achei uma negação o atendimento aí. Eu não gostei. 2 - Só em último caso mesmo, em outra parte, assim, de atendimento, é muito demorado. A pessoa, se tiver um caso assim, dele estiver morrendo, eles não está nem aí com isso. Espera a pessoa quase morrer para atender, não é? 3 - Não gostei. Passou medicamento para mim tomar a injeção, tudo, não tomei e vim embora para casa. DSC Não indicaria, só em último caso porque eu achei uma negação o atendimento. É muito demorado aqui o atendimento. Era um hospital bom, mas em outra parte, assim, de atendimento, é muito demorado. A pessoa, se tiver passando mal, estiver morrendo, eles não está nem aí com isso. Espera a pessoa quase morrer para atender, não é? No meu caso, passou um medicamento para mim tomar a injeção, tudo, não tomei e vim embora para casa. 192 ANEXO G Áreas Naturais Protegidas Fonte: Magalhães (2001b, p. 35) 193 ANEXO H Unidades de Proteção Integral Fonte: Magalhães (2001b, p. 41) 194 ANEXO I Unidades de Uso Sustentável Fonte: Magalhães (2001b, p. 44) 195 ANEXO J Tabela preliminar das áreas protegidas em Santa Catarina (FATMA, 2004b) 196 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS UC DE PROTEÇÃO INTEGRAL Parque Nacional (PARNA) Estação Ecológica (ESEC) 02- de Carijós(*) Reserva Biológica (REBIO) 13- Marinha do Arvoredo(*) UC DE USO SUSTENTÁVEL Reserva Extrativista (RESEX) 01- Marinha de Pirajubaé(*) INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO MUNICÍPIO ÁREA (ha) TIPO DE VEGETAÇÃO - - - - D. 94.656 de 20.07.87 Florianópolis LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO 712,20 VRE e MA 27º28’00”S 48º30’00”W Ibama D. 099.142 de 12.03.90 Florianópolis (ilhas do Arvoredo, Deserta, Galés e Calhau de São Pedro e área marinha que as circunda, incluindo o município de Governador Celso Ramos) INSTRUMENTO MUNICÍPIO LEGAL DE CRIAÇÃO 17.600,00 FOD, águas e plataforma continental 27º17’00”S 48º22’00”W Ibama TIPO DE VEGETAÇÃO LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO D. 533 de 20.05.92 e P. Florianópolis 078-N de 30.09.96 1.444,00 ÁREA (ha) Área de Proteção Ambiental (APA) 03- da Baleia Franca(*) D. de 14.09.2000, pub. Garopaba, Imbituba, Laguna, 156.100,00 No D.º 179 de Jaguaruna e Içara (parte 15.09.2000 terrestre e mar territorial) e Florianópolis, Palhoça e Paulo Lopes (mar territorial e ilhas MA (manguezal do Rio 27º39’14”S Tavares – 740,00ha e 48º31’55”W baixio a sua frente – 704,00ha) MA, VRE, FOD, águas e plataforma continental. Ibama Ibama (extr. N) 27º46’09”S 48º28’30”W (extr. S) 28º50’08”S 197 14- de Anhatomirim (*) Floresta Nacional (FLONA) Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) D. 528 de 20.05.92 adjacentes) Governador Celso Ramos e Florianópolis (Baía Sul) 3.000,00 49º08’05”W MA, VRE. FOD e 27º24’14”S Ibama águas jurisdicionais p/ 48º3409W proteção de uma população residente do boto Sotalia fluviatilis - - - - - - - - - - - - TIPO DE VEGETAÇÃO LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS UC DE PROTEÇÃO INTEGRAL Parque Estadual 01- da Serra do Tabuleiro(*) Reserva Biológica (REBIO) Estação Ecológica (ESEC) INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO D. 1.260 de 01.11.75 - MUNICÍPIO ÁREA (ha) Águas Mornas, Florianópolis, 87.405,00 Garopaba, Imaruí, Palhoça, Paulo Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São Martinho - MA, VRE, FOD, FOM, FN e CA 27º51’00”S Fatma 48º48’00”W - - - - - - - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAIS UC DE PROTEÇÃO INTEGRAL INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO MUNICÍPIO ÁREA (ha) TIPO DE VEGETAÇÃO LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃ O 198 Parque Natural Municipal Reserva Biológica (REBIO) UC DE USO SUSTENTÁVEL Área de Relevante Interesse Ecológico ARIE Área de Proteção Ambiental APA - - - - - - - - - - - - INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO MUNICÍPIO ÁREA (ha) TIPO DE VEGETAÇÃO LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃ O - - - - - - - - - - - - LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃ O (4) Costão Santinho UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARTICULARES UC DE PROTEÇÃO INSTRUMENTO LEGAL INTEGRAL DE CRIAÇÃO Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) (No SEUC, no SNUC é de Uso Sustentável) 01- Morro das P. 043/99-N Aranhas (Costão do Santinho)(*) 08- Reserva Natural Menino Deus (Hospital de Caridade) (*) P. 85/99 de 06.10.99 MUNICÍPIO Florianópolis Florianópolis ÁREA (ha) 44,16 17,00 TIPO DE VEGETAÇÃO FOD e VRE FOD (4) do Empreendimentos Turísticos S.A. Irmandade Senhor J. Passos e Hosp. de Caridade 199 OUTRAS ÁREAS PROTEGIDAS NÃO ENQUADRADAS NO SNUC/SEUC ÁREA PROTEGIDA INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO Parque Municipal 01- da Galheta (PI) (*) 02- da Lagoa do Peri (PI) (*) 03- da Lagoinha do Leste (PI) (*) 04- das Dunas da Lagoa da Conceição (PI) (*) 05- do Maciço da Costeira (PI) (*) Parque Ecológico 18- Córrego Grande(*) L. 3.455 de 16.08.90 D. 698 de 30.08.94, alterado pela L. 195/97 L. 1.828 de 04.12.81 e D. 091 de 01.06.82 Tem Plano Diretor aprovado em 1981. D. 153/87, L. 3.701 de 07.01.92, L. 5.500/99 publicado no Diário Oficial do Estado nº 16.215 de 26.07.99 MUNICÍPIO ÁREA (ha) TIPO DE VEGETAÇÃO LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO Florianópolis 149,30 VRE e FOD Florianópolis 2.030,00 Florianópolis 804,10 FOD e VRE.(algs. 27º44’30”S Floram áreas c/ pastag. e 48º32’10”W agricult. de subsistência) FOD e VRE 27º46’30”S Floram 48º29’48”W D. 1.261 de 23.05.75; Florianópolis D. 563,00 213 de 14.12.79; D. 231 de 16.09.88 L. 4.605 de 11.01.95 D. 154 de 14.06.95 Proc. 3214/93-39 Florianópolis 1.456,53 Florianópolis 21,30 27º35’00”S Floram 48º25’10”W FOD e VRE. (dunas móveis, semi-fixas e fixas e sistema lagunar) FOD(maciço do centro-sul da Ilha de Santa Catarina. Protege mananciais de captação da Casan) 27º37’46”S Floram 48º27’25”W Principalmente reflorest. com Eucalyptus e Pinus (Parque (4) 27º37’30”S Floram 48º30’00”W Floram 200 Urbano) Reserva Ambiental Parque Florestal 23- do Rio Vermelho (PI) (*) Parque Botânico Parque Ambiental Unidade de Conservação Ambiental (UCAD) 28- Desterro (PI) (*) D. 2.006 de 21.09.62; D. 10.056 de 21.08.74;e D. 994/74 (Está em processo de estudos coordenado pela SAR para enquadramento ao SNUC/SEUC) - L.2193/85 Florianópolis 1.297,00 ou 1.110,00 - Florianópolis - 465,80 Extensa VRE litorânea q/ une o Morro das Aranhas à Barra da Lagoa, formando uma diversidade de sistemas à parte, c/ áreas alagadas, MA próximo da orla da Lagoa da Conceição, maciços de vegetação nativa, dunas móveis, e extensa área de floresta plantada com exóticas, principalmente Pinus) - - 27º32’00”S 48º26’0”W SAR, Epagri e Cidasc - 27º31’45”S Ufsc FOD (área mais elevada do relevo 48º29’45”W montanhoso, divisores de águas entre os distritos de Santo Antônio, Ratones e o - 201 Parque 29- da Luz(*) Parque Rodoviário Reserva Ecológica Horto Florestal 45- Canasvieiras(*) - L. 0575 de 18.12.01 Monumento Natural Terra Indígena (Reserva Indígena) ÁREA PROTEGIDA INSTRUMENTO LEGAL DE CRIAÇÃO Área de Preservação Permanente (APP) 64- Manguezal do Itacorubi(*) 65- Manguezal da Tapera(*) 67- Pontal da Daniela(*) Encostas da Ilha de Santa Catarina Florianópolis Florianópolis 3,74 170,00 - - MUNICÍPIO ÁREA (ha) L. 1.851/82, Plano Diretor Florianópolis do Distrito Sede e L. Complementar 001/97 150,00 L. 2.193/95(Plano Diretor Florianópolis dos Balneários) L. 5.091/97 Florianópolis 52,20 L. 2.193/95, Plano Diretor Florianópolis dos Balneários e L. Complementar 001/97 72.572,00 15,64 Distrito Sede) (Tomb. Patrim. Histór. Municíp). Principalmente reflorest. com Eucalyptus e Pinus. VRE TIPO DE VEGETAÇÃO - (4) Floram - (4) SAR - - LAT/LONG RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO MA (toda a área do manguezal) que pertence à Ufsc através do D. Presidencial nº 147/67 MA(toda a área do manguezal) MA e VRE 27º35’00”S Floram/Ufsc 48º31’25”W FOD (todas as encostas com declividade igual ou superior a 25o ou 46,6%, (4) 27º41’30”S Floram 48º33’29”W (4) Floram Floram 202 recobertas ou não por vegetação, o sistema hidrográfico que forma as principais bacias de captação de água potável, a paisagem natural e a fauna. Área Tombada 69- Região da Costa da Lagoa da Conceição(*) D. 247 de 06.11.86 (Patrimônio Histórico e Natural do Município) Florianópolis 967,50 70- Ilha do Campeche(*) 71- Lagoinha Pequena(*) P. 270 de 18.07.00 Florianópolis 45,00 D. 135 de 05.06.88, publicado no Diário Oficial do Estado nº 13470 de 09.06.88 (Patrimônio Natural e Paisagístico) Florianópolis 35,50 72- Lagoa da Chica(*) D. 135 de 05.06.88, publicado no Diário Oficial do Estado nº 13470 de 09.06.88 (Patrimônio Histórico, Natural e Paisagístico) D. 216 de 16.09.85. O Plano Diretor dos Florianópolis 4,60 Florianópolis 0,92 73- Ponta do Sambaqui(*) FOD (tombamento da área histórica e natural da região da Costa da Lagoa) FOD 27º33’30”S Floram 48º28’30”W 27º41’46”S Iphan 48º27’52”W Floram VRE (Lagoinha e 27º39’2”S área de entorno de 48º28’32”W largura variável, considerada Área Verde de Lazer definida pelo Plano Diretor dos Balneários) 27º41’36”S Floram VRE (Lagoa e 48º29’30”W faixa de entorno de 50 metros de profundidade em relação ao seu leito sazonal) Se caracteriza 27º29’27”S Floram principalmente de 48º32’21”W 203 Balneários definiu como de APP, atualmente se confirma como espaço de lazer. D. 112/85, publicado no Diário Oficial do Estado nº 12726 de 11.05.85 (Patrimônio Natural e Paisagístico do Município) frutíferas e a própria paisagem Florianópolis 121,00 75- Dunas do Pântano D. 112/85, publicado no do Sul(*) Diário Oficial do Estado nº 12726 de 11.05.85 (Patrimônio Natural e Paisagístico do Município) Florianópolis 24,20 76- Dunas do Santinho(*) Florianópolis 91,50 74- Dunas do Campeche(*) D. 112/85, publicado no Diário Oficial do Estado nº 12726 de 11.05.85 (Patrimônio Natural e Paisagístico do Município) VRE (dunas móveis, semifixas e fixas situadas ao longo da praia do Campeche. Compreende a área localiz. entre a comunid. do Rio Tavares até próx. as Areias do Campeche, situada ao sul da Lagoa da Chica) VRE (dunas móveis, semifixas e fixas, situadas entre a praia do Pântano do Sul, a Estrada Municipal e o loteamento Balneário dos Açores) VRE (Campo de dunas móveis, semi-fixas e fixas, situado ao longo da praia do Santinho até a praia dos Ingleses 27º40’30”S Floram 48º28’30”W 27º46’44”S Floram 48º31’44”W 27º27’00”S Floram 48º22’04”W 204 Florianópolis 953,50 78- Restinga de Ponta D. 216 de 16.09.85 das Canas(*) (Patrimônio Natural e Paisagístico do Município) 79- Dunas da Barra da L. 3.771/92, publicado no Lagoa(*) Diário Oficial do Estado de 28.01.92 Florianópolis 21,50 Florianópolis 6,6 80- Dunas da Armação do Pântano do Sul(*) Florianópolis 5,90 77- Dunas dos Ingleses(*) D. 112/85, publicado no Diário Oficial do Estado nº 12726 de 11.05.85 (Patrimônio Natural e Paisagístico do Município) D. 112/85, publicado no Diário Oficial do Estado nº 12726 de 11.05.85 (Patrimônio Natural e Paisagístico do e paralela à Estrada Geral do Santinho, numa profundidade variável) 27º27’30”S Floram VRE (Campo de 48º23’30”W dunas móveis, semi-fixas e fixas, que se entendem da praia do Moçambique pela planície do Rio Vermelho até próximo à área urbanizada de Ingleses) VRE e MA 27º24’06”S Floram 48º25’49”W VRE (dunas móveis e fixas de baixa latitude que formam o cordão litorâneo ao longo da Praia da Barra e que tem continuidade ao longo da Praia do Moçambique) VRE (dunas móveis, semifixas e fixas, situadas ao longo da praia) 27o34’15”S Floram 48o25’50”W 27o44’30”S Floram 48o30’55”W 205 Município) SIGLAS, REFERÊNCIAS E OUTRAS OBSERVAÇÕES *SIGLAS UTILIZADAS: UC - Unidade de Conservação (PI) Proteção Integral (*) consta em cartograma (#) requer confirmação de categoria de gestão P. – Portaria Proc. – Processo D. – Decreto L. – Lei Res. – Resolução FOD – Floresta Ombrófila Densa FOM – Floresta Ombrófila Mista FED – Floresta Estacional Decidual FN – Floresta Nebular CA – Campo VRE – Vegetação de Restinga MA – Manguezal (1) não consta instrumento legal de criação (2) não consta tamanho da área (3) para definir cobertura vegetal (4) para definir coordenadas geográficas. (5) não consta responsável pela administração ou proprietário * SIGLAS DAS INSTITUIÇÕES: Ajovacar (Associação de Agricultores José Valentim Cardoso) Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí) Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina SA) Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital – Florianópolis) 206 Deinfra (Departamento Estadual de Infra-estrutura de Santa Catarina) Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) Faema (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Blumenau) Fatma (Fundação do Meio Ambiente do estado de Santa Catarina) Fcam (Fundação Cambirela de Meio Ambiente) Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis) Funai (Fundação Nacional do Índio) Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Joinville) HBR (Herbário Barbosa Rodrigues) Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Jica (Associação de Cooperação Internacional do Japão) MEC (Ministério da Educação) Rffsa (Rede Ferroviária Federal SA) Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto) SAR (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrícola e Política Rural) Ufsc (Universidade Federal de Santa Catarina). *FONTES CONSULTADAS: Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) Fundação do Meio Ambiente – FATMA Unidades de Conservação no Brasil - Cadastramento e Vegetação - 1991/94 (IBAMA) Instrumentos Legais de Criação Formulários Encaminhados pela FATMA e preenchidos pelas prefeituras municipais de SC (2002) Prefeitura Municipal de Joinville – Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente (pesquisa internet) Prefeitura Municipal de Florianópolis (pesquisa internet) Relatório 98/99 e 00/01 - IBAMA/SC Unidades de Conservação e Áreas Protegidas da Ilha de Santa Catarina – CECCA – 1997 Consórcio Quiriri Diagnóstico Ambiental do Estado de Santa Catarina - 1999 (SDM) – Minuta Proposta de Reconhecimento ou Renovação do Título de Posto Avançado da RBMA - 2001 (Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - 207 CNRBMA). Sistema de Informação das Unidades de Conservação - Lista das UC´S Federais - IBAMA (pesquisa na internet) BDT (Base de Dados Tropical) - Unidades de Conservação das Zonas Costeira e Marinha do Brasil (pesquisa na internet) Comitê de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí (pesquisa internet) Parques do Brasil (pesquisa internet) Fundação Nacional do Índio (pesquisa internet), IBGE. OBSERVAÇÃO: Os números na frente de cada Área Protegida corresponde ao número constante no Cartograma das Áreas Protegidas