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CORREIO
Salvador, sexta-feira, 21 de março 2014
BRASIL
TOMAZ SILVA/ABR
Traficantes atacam três UPPs e
ferem comandante de uma delas
VIOLÊNCIA Criminosos atacaram três Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) e feriram
o comandante da UPP de
Manguinhos, na Zona Norte,
na noite de ontem. O capitão
Gabriel de Toledo foi ferido na
virilha em uma intensa troca
de tiros com traficantes. Ele
foi levado para o Hospital Federal Bonsucesso, onde passou por uma cirurgia, depois
foi transferido para o Hospital
Central da Polícia Militar, no
Estácio. O quadro de saúde do
capitão é estável. Dois policiais também foram baleados
e um terceiro, ferido na cabeça por uma pedrada. Além de
ferir os policiais, os bandidos
atearam fogo na base da unidade, que fica na localidade
da Coreia. A base da UPP do
Parque Arará, Avenida Carlos
Matoso Correia, em Benfica,
na mesma região, também foi
incendiada. A terceira unidade atacada por traficantes, na
noite de ontem, foi a da Camarista Méier. Bandidos atiraram contra o contêiner da
UPP da favela, mas não há feridos. Policiais do Bope foram
chamados para reforçar o policiamento na região. Devido
ao tiroteio, o trânsito foi interditado na Avenida Leopoldo Bulhões, na altura de Benfica. Antes de receber uma
UPP, em janeiro de 2013, a região era conhecida como
“Faixa de Gaza”. Parte da favela ficou às escuras. A operação também afetou a circulação de trens da SuperVia,
que interrompeu as viagens
no ramal de Saracuruna por
volta das 19h de ontem. Segundo relatos nas redes sociais, passageiros assustados
deitaram no chão dos vagões
para se proteger dos tiros. O
serviço foi retomado pouco
mais de duas horas depois, às
21h20, mas com intervalos
irregulares. Policiais do Batalhão de Choque e do 22º BPM
(Maré) foram deslocados à
região para dar apoio aos
agentes da UPP. O tiroteio na
Favela de Manguinhos começou após a ação de desocupação de um prédio. Em nota, o
governo do estado disse que
os ataques “são mais uma
tentativa da marginalidade de
enfraquecer a política vitoriosa da pacificação”. No comunicado, o governador Sérgio Cabral afirmou que mantém firme o compromisso
com a política de pacificação.
Segundo ele, o estado não vai
sair, “em hipótese alguma”,
das comunidades ocupadas.
Testemunha tem detalhes sobre assassinato de juíza, diz promotor
JULGAMENTO Uma testemunha de acusação prestou depoimento ontem, pela primeira vez, sobre a morte da
juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011 por policiais
militares. O promotor Leandro Navega disse que a testemunha é um policial civil e
que poderá dar detalhes sobre
como o crime foi articulado.
O tenente-coronel Cláudio
Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do Batalhão de São
Gonçalo, começou a ser julgado ontem. Ele é acusado de
ser o mandante do assassinato. Onze testemunhas estavam previstas para serem ouvidas ontem - seis de acusação e cinco de defesa. Duas
testemunhas de acusação já
prestaram depoimento: um
delegado e um promotor, que
trabalhava com Patrícia.
Cláudio Luiz entrou no Tribunal do Júri de cabeça baixa,
vestindo calça jeans e camisa
social. “Esperamos que hoje
seja feita Justiça. Ele não estava no palco dos acontecimentos, não mandou que crime nenhum fosse cometido”,
afirmou o advogado do policial militar, Manuel Jesus
Soares. Para a irmã de Patrícia, Simone Acioli, o julgamento do tenente-coronel é o
mais importante de todo o
processo. “Seis policiais já foram condenados, mas se os
mandantes escaparem, a impunidade continua”, disse.
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Justiça manda soltar PMs que
arrastaram mulher no Rio
INVESTIGAÇÃO A Justiça Militar do Rio concedeu, ontem,
liberdade provisória aos três
PMs que arrastaram a servente Cláudia Silva Ferreira,
de 38 anos, numa viatura da
corporação. A decisão atende
parecer do Ministério Público
Militar, que, anteontem, opinou favoravelmente ao pleito
da defesa. Em sua decisão, a
juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros afirmou
que não é possível concluir
que os policiais militares soubessem que Claudia estava
sendo arrastada. “Assim sendo, por mais fortes, chocantes e até mesmo revoltantes
que sejam as imagens da senhora Cláudia já baleada,
sendo arrastada, dos termos
dos autos não é possível inferir que os PMs presentes na
viatura conheciam tal circunstância e a ignoraram”,
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PMs prestaram depoimento, anteontem; Justiça concedeu liberdade
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assinalou na decisão. A família da vítima criticou a soltura
dos policiais. “O governador
(Sérgio Cabral) garantiu que
os policiais não seriam soltos
na reunião que tivemos ontem. Hoje não posso confiar
no que ele prometeu. É um
risco para a família e para os
moradores, uma ameaça. Estamos com medo”, desabafou
o vigia Alexandre Fernandes
da Silva, de 42 anos, marido
da vítima. Após o caso de
Cláudia, a Secretaria da Segurança do Rio admite que
está analisando a possibilidade de proibir que policiais socorram vítimas de crimes
violentos ou suspeitos baleados em confronto com os
agentes. Especialistas dizem
que a prática, em muitos casos, é uma maneira de policiais desfazerem cenas de
crimes e mascararem execuções. Conforme o jornal O
Estado de S. Paulo, em 72%
dos 62 autos de resistência em
que os PMs que arrastaram
Cláudia já se envolveram, o
suspeito baleado foi retirado
do local pelos próprios policiais para ser levado ao hospital, mas não resistiu.
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