n. 186, 7 de dezembro de 2010. Ano IV. "o que eu conseguir conquistar é para mim. sobre o que eu não conquisto não tenho qualquer direito, nem me vanglorio ou consolo com os outros direitos imprescritíveis" (max stirner). a medida Em programa de televisão, o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral pronunciou a favor da legalização da maconha. A medida, segundo ele, deve ser buscada “planetariamente”, isto é, envolvendo uma negociação da recém-eleita presidente do país com outros chefes de Estado. Após afirmar que “a repressão pura e simples não tem sido inteligente”, argumentou que a legalização das drogas consideradas “leves” devem ser “discutida na ONU e no G-20”. Além de significar maior arrecadação do Estado por meio de impostos, a legalização proposta pelo governador mantém a distinção entre usuários e traficantes. Esses continuariam alvos e auxiliares da polícia e da prisão. Reitera: a distinção entre substâncias consideradas inofensivas e perigosas; mantém o controle do Estado sobre a liberdade de cada um dispor de seu próprio corpo; a legalização seletiva das drogas, medida cada vez mais defendida por certos governos deixa intocado o proibicionismo e o sangue que dele escorre. quem vai querer... O Estado não quer o Exército por tempo indeterminado nas favelas do Rio de Janeiro. Sabe que as tropas serão contaminadas pelo “tráfico”. Os especialistas falam que agora será a vez do combate às milícias formadas por policiais e ex-policiais. Também afirmam que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) é uma boa medida, assim como a UPP Social, mas que a polícia não tem medidas. Propõem melhores pagamentos aos policiais. Um ou outro membro da comunidade reclama dos excessos da força policial, mas não da polícia na favela. Tudo gira em torno da continuidade do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e dos milhões investidos. E para que isso ocorra é necessário o consenso da comunidade, empurrando o tráfico morro abaixo e dando uma “administrada” nas milícias. Onde estão os verdadeiros traficantes? As ações dos policiais e do exército somente atuaram sobre miseráveis agentes dos poderosos traficantes e de seus comparsas legalmente constituídos. Acabar com tráfico exige coragem para liberar as drogas. Mas isso a indústria armamentista também não quer! quem vai levar... A Wikileaks anda publicando documentos que importunam as agências de segurança internacionais, governos e empresas. Ela usa a democrática Internet para veicular alguns documentos secretos. Publica um conjunto de monitoramentos estatais e empresariais que surpreendem as autoridades nem tanto pelo conteúdo dos documentos, mas pelo que poderá vir a ser divulgado. Não há governo, nem mesmo o democrático que se sustente sem segredos de Estado. E estes são segredos da dominação de Estado sobre populações de pasmados contentes. Os cidadãos participativos, por sua vez, alegremente, acreditam na sua função de fiscal e delator de mixórdias. quem é quem? Quem é o Estado, quem é a população? O Latinobarómetro, órgão de sondagem sediado no Chile, noticia que os latinoamericanos acreditam na democracia e que mais de 80% dos brasileiros está contente com seu nível de vida. O que pensam os reduzidos descontentes? Será que pensam algo que não seja mais assistência do Estado? Em poucas palavras, os índices da sondagem dão tranquilidade aos programas de governos orquestrados no continente. Estarão os resistentes ao capitalismo perdidos na multidão? epidemias controladas? Fluxos computo-informacionais tornaram mais rápidas a detecção e a instauração de mecanismos de controle de epidemias pelo planeta. De 1996 a 2009, o intervalo entre o primeiro caso e sua detecção caiu de um mês para 14 dias. O tempo para sua notificação pública diminuiu de 40 para 19 dias. Segundo os autores da pesquisa publicada na revista estadunidense PNAS, a rapidez se deve às novas diretrizes a respeito de notificações da OMS e as redes virtuais de especialistas. Agora por meio de programas planetários, na velocidade de bits, aperfeiçoam-se os controles não se elimina a peste. "eu não reivindico direito; por isso, também não preciso reconhecer direito nenhum" (max stirner).