XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
DO SERVIDOR TÉCNICOADMINISTRATIVO: UM ESTUDO NO
CENTRO DE CIÊNCIAS E
TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS DE
UMA IES PÚBLICA
Tulio Cremonini Entringer (UENF )
[email protected]
Andre Luis Policani Freitas (UENF )
[email protected]
O presente artigo buscou mensurar a Qualidade de Vida no Trabalho
(QVT) segundo a percepção dos servidores técnico-administrativos a
partir do emprego do instrumento proposto por Freitas e Souza (2009),
após incorporação de alguns itens de avaliação. Por meio de um
estudo realizado no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias
de uma Instituição de Ensino Superior (IES) pública foi possível
identificar os itens de maior criticidade em termos de QVT, através da
análise dos quartis, e avaliar a confiabilidade do instrumento a partir
do coeficiente alfa de Cronbach e análises de correlação item-total.
Como resultados, para as duas categorias de servidores, há evidências
de comprometimento da QVT em termos de Segurança e saúde nas
condições de trabalho, Constitucionalismo, Compensação justa e
adequada e Oportunidade de carreira e garantia profissional. Os
instrumentos se mostraram confiáveis na maioria das dimensões,
entretanto, o valor de alfa se revelou baixo em algumas dimensões e
negativo em uma dimensão, realçando a necessidade de realização de
estudos adicionais com amostras com maior número de respondentes.
A estratificação dos respondentes em termos da função predominante
na IES (técnica ou administrativa) permitiu identificar dimensões que
precisam ser mais bem analisadas quando o instrumento é aplicado a
técnicos e itens que, uma vez excluídos, aumentam sensivelmente a
confiabilidade do instrumento em certas dimensões.
Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho; Servidores técnicoadministrativos; Instituições de Ensino Superior
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1. Introdução
O panorama atual em que as organizações estão inseridas é marcado pela alta competitividade
e fortes mudanças, as quais afetam diretamente a vida do trabalhador. A constante busca pela
sobrevivência e pelo avanço da produtividade das organizações é marcada por diferentes
formas de precarização do trabalho, gerando dessa forma, repercussões nocivas ao individuo
(PINTO, 2013).
Diante disso, emerge o desafio de manter a eficiência e eficácia organizacional e, ao mesmo
tempo, disponibilizar condições necessárias para que o trabalhador se sinta satisfeito e
motivado com o trabalho. Nesse contexto, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) vem
ganhando destaque dentro das organizações, bem como nos meios acadêmicos, que visam
atender esses processos de mudanças (FREITAS; SOUZA; QUINTELLA, 2013).
Nas instituições, os indivíduos são considerados recursos, ou seja, portadores de habilidades e
conhecimentos que apoiam no processo produtivo e crescimento organizacional. Porém, é de
extrema importância não esquecer que essas pessoas são humanas, formadas de
personalidade, expectativas, necessidades e objetivos pessoais (ANDRADE, 2012).
O termo QVT pode ser relacionado à percepção que os trabalhadores possuem em relação ao
ambiente laboral e em relação a seu cargo; pode ainda se referir às condições físicas presentes
no recinto de trabalho; e muitas vezes corresponde a programas implementados no ambiente
organizacional, buscando aumentar o contentamento e bem-estar do trabalhador e sua
motivação, e com isso obter um aumento da produtividade (NESPECA; CYRILLO, 2011).
Este cenário não é diferente para o trabalho técnico-administrativo em Instituições de Ensino
Superior (IES), ainda que a importância e o impacto da QVT e do aspecto competitivo neste
ambiente organizacional não seja tão facilmente percebido e compreendido quanto nos setores
coorporativos e/ou industriais (FREITAS; ENTRINGER, 2014).
No Brasil, a discussão sobre a QVT ainda é recente, e, em geral, os estudos visam à
compreensão a respeito de situações individuais dos trabalhadores em seus ambientes
laborais, abrangendo aspectos comportamentais e de contentamento profissional (TIMOSSI et
al., 2009). Nesse sentido, observa-se uma ausência de estudos focados na mensuração da
QVT de servidores atuantes em IES.
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Este artigo apresenta um estudo que buscou mensurar a QVT a partir do emprego de um
instrumento adaptado do modelo proposto por Freitas e Souza (2009). Em especial, o estudo
representa a continuidade das análises realizadas por Freitas e Entringer (2014a, 2014b).
O presente artigo está organizado da seguinte forma: a seção 2 aborda concepções teóricas
sobre QVT e o trabalho técnico-administrativo em IES, a seção 3 apresenta os procedimentos
metodológicos; a seção 4 apresenta o estudo realizado e os resultados e, por fim, a seção 5
apresenta as considerações finais.
2. Servidores técnico-administrativos e QVT
O desenvolvimento econômico e social de um país depende, sobretudo, do fortalecimento e da
credibilidade das IES. As universidades são patrimônios sociais que exercem as funções de
ensino, pesquisa e extensão, sendo responsáveis pela geração, sistematização e difusão do
conhecimento e do saber, estimulando a produção, criação e divulgação científica (FILHO et
al., 2010). Sendo assim, o profissional técnico-administrativo, ocupa um lugar de destaque
nas IES.
Segundo Freitas, Souza e Quintella (2013), técnicos atuam em laboratórios e fornecem apoio
às atividades de ensino e pesquisa, sendo corresponsáveis por estudos e experimentos que têm
impacto na qualidade da produção científica de pesquisadores, indicadores estes que são
empregados para estabelecer a qualidade de cursos e Instituições. Por outro lado, servidores
administrativos operam em diversos processos nas IES e são responsáveis, dentre outras
atividades, pelo trâmite de documentações de distintas naturezas.
As instituições públicas têm buscado adotar uma gestão mais estratégica, flexível e inovadora.
Entretanto há desafios a se enfrentar, como o estímulo e criação de práticas que assegurem o
desenvolvimento profissional, promovendo a aprendizagem e oferecendo aos servidores
oportunidades de crescimento profissional e pessoal (DUARTE; FERREIRA; LOPES, 2009).
Um estudo com foco em QVT realizado com servidores administrativos em Universidades
Públicas nigerianas revelou que a realização profissional e pessoal dos servidores é o principal
fator de satisfação no trabalho e componentes como políticas administrativas, supervisão,
remuneração, relações interpessoais, condições de trabalho e reconhecimento, também
contribuíram de forma proeminente com o nível de satisfação desses funcionários
(OLORUNSOLA, 2013).
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Com a finalidade de contribuir para esta temática, Freitas e Souza (2009) propuseram um
modelo híbrido para avaliar a QVT em IES fundamentado nas dimensões da QVT
estabelecidas por Walton (1973); Hackman e Oldham (1975); Westley (1979) e Davis e
Werther (1983). O modelo adaptado foi estruturado em oito dimensões e 46 questões.
3. Procedimentos metodológicos
O estudo foi realizado com servidores técnico-administrativos lotados no Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias (CCTA) de uma universidade pública estadual. Atualmente, nove
Departamentos estão vinculados ao CCTA, associados ao ensino e pesquisa em engenharia
agrícola, entomologia e fitopatologia, reprodução e melhoramento genético animal, sanidade
animal, solos, tecnologia de alimentos, zootecnia e nutrição animal, melhoramento genético
vegetal e fitotecnia, além da biblioteca setorial, secretarias e coordenações.
Segundo a Gerência de Recursos Humanos, na ocasião do estudo 166 servidores técnicoadministrativos estavam lotados no CCTA. O questionário foi encaminhado à chefia de todos
os setores do Centro e posteriormente disponibilizado aos servidores. Após um período de 15
dias, 90 questionários respondidos foram contabilizados (54% da população). O instrumento
de coleta de dados, adaptado de Freitas e Souza (2009), é composto de três partes:
 Parte 1 (Identificação do respondente): setor/departamento em que atua; cargo
inicial, quando admitido na IES; cargo ocupado na ocasião da pesquisa; tempo em que
trabalha na IES; tempo em que ocupa o mesmo cargo na ocasião da pesquisa; nível de
instrução ao ser admitido pela IES; nível de instrução na ocasião da pesquisa; carga
horária semanal, exceto hora extra; tempo médio de deslocamento da residência ao
local de trabalho; idade; gênero; número de filhos; atuação em outra atividade
profissional; se estuda atualmente; e se possui algum tipo de necessidade especial;
 Parte 2 (Avaliação da QVT): As Dimensões foram decompostas em 52 questões
distribuídas em dois Blocos (Tabelas 2 e 3): Bloco 1, com 28 questões para avaliar a
QVT segundo o desempenho da IES, e Bloco 2, também com 24 questões para avaliar
a QVT segundo a ocorrência de fatores na IES. Para tanto, foram consideradas duas
escalas de mensuração com 5 pontos, não-forçadas e balanceadas (Quadro 1);
Quadro 1 – Escalas utilizadas para avaliação da QVT
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Fonte: Adaptado de Freitas, Souza e Quintella (2013)
 Parte 3 (Observações/sugestões): espaço para apresentação de informações (aspectos
positivos, aspectos negativos, observações e sugestões) acerca da QVT na IES.
A análise dos quartis (Freitas et al., 2006) foi utilizada para identificar os itens críticos da IES
em termos de QVT. A composição das categorias é estabelecida da seguinte forma:
Prioridade Crítica (itens cujos valores sejam inferiores ao valor do primeiro quartil);
Prioridade Alta (itens cujos valores sejam superiores ao valor do primeiro quartil e inferiores
ao valor do segundo quartil); Prioridade Moderada (itens cujos valores sejam superiores ao
valor do segundo quartil e inferiores ao valor do terceiro quartil); e Prioridade Baixa (itens
cujos valores sejam superiores ao valor do terceiro quartil).
O alfa de Cronbach (CRONBACH, 1951) foi utilizado para verificar a confiabilidade do
instrumento de coleta de dados.
4. Resultados do estudo
A Tabela 1 revela que há um equilíbrio no percentual dos técnicos em termos de gênero, já os
administrativos são, em sua maioria, do gênero feminino. Técnicos e administrativos são em
sua maioria, casados e não estudam atualmente. Percentual significativo destes elevou o nível
instrucional em relação ao nível que possuíam quando ingressaram na IES.
TABELA 1 – Caracterização dos respondentes técnicos (T) e administrativos (A)
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Fonte: Autoria própria (2015)
O percentual de atribuição dos julgamentos em relação ao desempenho da IES em termos de
aspectos relacionados à QVT é apresentado na Tabela 2.
Não há evidências de que a QVT esteja comprometida em termos de Integração Social (D1)
para administrativos e técnicos, entre servidores do mesmo nível hierárquico (P1), com
superiores (P2), com subalternos (P3), e com servidores de outros setores (P4), além da
cooperação entre colegas (P5) e da integração entre as pessoas no ambiente de trabalho (P6).
Percentual significativo de respostas foi associado ao desempenho ‘Neutro’, principalmente
aquelas atribuídas ao item referente ao ponto de vista dos colegas do setor quando um
membro do grupo é promovido (P7).
Não há evidências de comprometimento da QVT em relação à Utilização da Capacidade
Humana (D2) para ambas as atividades. Porém, nota-se um percentual relevante de respostas
atribuídas com desempenho ‘Neutro’, com destaque ao item referente ao grau em que o
trabalho envolve tarefas complexas (P12).
Há evidências de problemas de QVT relacionados à dimensão Segurança e Saúde nas
Condições de Trabalho (D3) referente as condições do ambiente de trabalho (P15),
acessibilidade (P18) e área do local de trabalho (espaço físico) (P19).
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A preservação da privacidade (P20) e a possibilidade de recursos em decisões tomadas na
organização (P21) não evidenciam problemas de QVT em termos de Constitucionalismo (D4),
porém, é preciso observar o item P21 segundo a percepção dos servidores administrativos.
O nível de interferência dos assuntos relacionados ao trabalho no ambiente familiar (P 22) e o
grau de impacto causado pelo trabalho realizado na vida de outras pessoas (P23) não
comprometem o desempenho da IES na dimensão Trabalho e Espaço de Vida (D5).
Entretanto, há evidências problemas de QVT em relação à dimensão Compensação Justa e
Adequada (D6) em termos da relação entre as atividades realizadas e o valor pago pela IES
(P24), e entre o valor pago pela IES e por outras instituições (P26), além dos benefícios
concedidos (P25).
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TABELA 2 – Resultados da avaliação da QVT segundo o grau de desempenho da IES
Fonte: Autoria própria (2015)
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A Tabela 3 apresenta o percentual de atribuição em relação à frequência de ocorrência de
aspectos acerca da QVT. Segundo Freitas et al. (2013), os itens F1, F2, F3, F7, F9, F11 e F18
devem ser analisados inversamente pois, quanto maior a frequência, menor a QVT.
TABELA 3 – Resultados da avaliação da QVT segundo a frequência de ocorrência de aspectos da QVT
Fonte: Autoria própria (2015)
É possível que a QVT esteja comprometida em termos de segurança e saúde devido a pouca
utilização de técnicas de proteção e segurança no trabalho (F4), não realização de exames
médicos periodicamente (F6) e mal estar causado por poeira, ruído e o calor (F3), este último
principalmente de acordo com a percepção dos técnicos. Por outro lado, na dimensão trabalho
e espaço de vida, os trabalhos não são levados para casa (F7), há tempo para lazer e atividades
sociais (F10) e não há necessidade de realizar horas-extras (F11). Vale destacar que há
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problemas em termos de recebimento de gratificações ou bonificações de acordo com a
produtividade (F14).
Há evidências de problemas de QVT em termos das Oportunidades de Carreira e Garantia
Profissional (D7) em relação às promoções baseadas em competência e produtividade (F16) e
investimento na carreira através de oferecimento de cursos ou estímulo à continuidade dos
estudos (F17), este último principalmente segundo a visão dos administrativos. Não há
evidências de problemas em termos da Relevância Social (D8) do trabalho (F22 e F23), com
exceção à participação de servidores em projetos sociais da IES junto à comunidade.
A análise dos quartis (Figura 1) revela os itens mais críticos segundo os servidores.
FIGURA 1 – Resultados da análise dos quartis
Fonte: Autoria própria (2015)
Observa-se que os itens críticos são aproximadamente os mesmos, segundo a percepção de
servidores técnicos e administrativos, apesar da ordem dos itens não ser igual. Ou seja, caso
os itens críticos sejam tratados em conjunto, será possível melhorar a QVT de ambas as
categorias de servidores. De maneira sucinta, estes itens estão associados à relação entre o
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salário recebido, a contribuição do servidor para com a organização e o cargo ocupado;
oportunidades de carreira; gratificações por produtividade; incentivo à continuidade dos
estudos; espaço e condições do ambiente de trabalho; uso de equipamentos e técnicas de
proteção aos riscos no trabalho; possibilidade de recursos em processos decisórios na
organização; e, participação do servidor em atividades comunitárias. Esses resultados são
muito próximos aos encontrados por Freitas, Souza e Quintella (2013) e Freitas e Entringer
(2014a, 2014b).
4.1 Considerações sobre a confiabilidade do instrumento
A Tabela 4 apresenta os resultados das análises de confiabilidade do instrumento utilizando o
coeficiente alfa de Cronbach em relação a cada dimensão proposta por Freitas e Souza (2009),
em função do desempenho e da frequência de aspectos relacionados à QVT. As colunas
‘Geral’ referem-se aos valores quando os julgamentos de todos os respondentes foram
considerados simultaneamente. As colunas ‘Administrativo’ e ‘Técnico’ correspondem aos
valores quando cada uma das respectivas categorias de respondentes.
Hair et al. (2006) e Malhotra (2006) sugerem que em pesquisas exploratórias o valor mínimo
aceitável de confiabilidade seja  = 0,60. Na Tabela 4, os asteriscos indicam as dimensões
que infringem este valor. Segundo Maroco e Garcia-Marques (2006), valores negativos de α
ocorrem quando as correlações inter-itens de uma dada dimensão são, elas próprias, negativas
e normalmente refletem um erro sério na codificação dos pontos dos itens. Adicionalmente,
um α muito baixo pode refletir a codificação errada de itens ou a mistura de itens de
dimensões diferentes, exigindo a reavaliação da base teórica que motivou a construção da
escala.
TABELA 4 – Síntese dos valores de alfa de Cronbach
Fonte: Autoria própria (2015)
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Diferenças de níveis de confiabilidade entre as duas categorias de respondentes também
foram percebidas e, de certa forma, influenciam a confiabilidade do instrumento quando os
respondentes são considerados simultaneamente. Neste contexto, as Tabelas 5 e 6 apresentam,
respectivamente, os resultados da análise com o alfa de Cronbach e correlação item-total de
obtidos a partir dos estratos dos respondentes técnicos e administrativos em termos de
desempenho e frequência.
Na Tabela 5, nota-se que não necessidades que itens sejam excluídos do instrumento, em
função do valor da correlação item-total e da confiabilidade do instrumento. Entretanto, os
resultados sugerem que os itens P27 e P28 podem ser excluídos do instrumento. A
confiabilidade nas dimensões D1, D2, D3, D4, D5 e D6 são consideradas adequadas tanto para
servidores administrativos, quanto para técnicos.
TABELA 5 - Análise com alfa de Cronbach e correlação item-total segundo o desempenho da IES
Fonte: Autoria própria (2015)
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Na Tabela 6, os itens F18 e F24 podem ser excluídos do instrumento, devido ao baixo valor da
correlação item-total e do aumento significativo da confiabilidade do instrumento, caso seja
excluído. Consequentemente, a confiabilidade nas dimensões D2, D4 e D8 são consideradas
adequadas, tanto para servidores administrativos, quanto para técnicos.
Para os servidores administrativos, se o item F8 for excluído, a confiabilidade da dimensão D5
aumenta significativamente. Para os servidores técnicos, estudos adicionais precisam ser
realizados para a verificação da confiabilidade nas dimensões D3, D5, D6, e D7.
TABELA 6 - Alfa de Cronbach e correlação item-total segundo fatores associados à QVT
Fonte: Autoria própria (2015)
5. Considerações Finais
Este artigo buscou mensurar a QVT de servidores técnico-administrativos por meio do
emprego do modelo proposto por Freitas e Souza (2009), após incorporação de alguns itens de
avaliação. Por meio de um estudo realizado no Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias de uma IES pública, foi possível mensurar a QVT segundo a percepção dos
servidores técnicos e administrativos e identificar os itens mais críticos em termos de QVT,
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por meio da análise dos quartis, segundo a percepção distinta dessas categorias de servidores.
A confiabilidade do instrumento em cada dimensão foi mensurada por meio do coeficiente
alfa de Cronbach. Análises de correlação item-total também foram realizadas.
Como resultados, para ambas as categorias de servidores, constata-se que existem evidências
de comprometimento da QVT em termos das dimensões Segurança e Saúde nas Condições de
Trabalho, Constitucionalismo, Compensação Justa e Adequada e Oportunidade de carreira e
Garantia Profissional, mais bem percebidas pela criticidade associada ao salário recebido, a
contribuição do servidor para com a organização e o cargo ocupado; oportunidades de
carreira; gratificações por produtividade; incentivo à continuidade dos estudos; espaço e
condições do ambiente de trabalho; uso de equipamentos e técnicas de proteção aos riscos no
trabalho; dentre outros itens.
No contexto de estudos exploratórios, os instrumentos se mostraram confiáveis na maioria das
dimensões. Entretanto, o valor de alfa se revelou baixo em algumas dimensões e negativo em
uma dimensão, realçando a necessidade de realização de estudos adicionais com amostras
com maior número de respondentes. A estratificação dos respondentes em termos da função
predominante na IES (técnica ou administrativa) permitiu identificar que existem dimensões
que precisam ser mais bem analisadas quando o instrumento é aplicado a servidores técnicos e
também itens que, uma vez excluídos do instrumento, aumentam sensivelmente a
confiabilidade em certas dimensões.
Atualmente a pesquisa está sendo realizada em outros Centros da universidade. Espera-se
obter uma quantidade de respondentes maior tal que seja possível realizar análises estatísticas
mais robustas para verificar a confiabilidade e, eventualmente, promover o refinamento do
instrumento.
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