DOMINGO - O Estado do Maranhão - São Luís, 27 de junho de 2010
7
VEÍCULOS
Nanotecnologia: após crise, marcas
apostam em soluções mais baratas
Clientes passaram a priorizar carros mais baratos e econômicos; sabendo disso, montadoras apostam em materiais
mais leves na produção dos veículos; novo Fiat Uno entra na nova geração de modelos com materiais alternativos
Divulgação
Mais
Priscila Dal Poggetto
Do G1
Materiais verdes - Paralelo à
nanotecnologia, o uso de materiais verdes têm conquistado
espaço nos centros de desenvolvimento de produtos das
fabricantes de autopeças. A nova tendência é reduzir a dependência em relação ao petróleo como matéria-prima e
partir para recursos “mais
verdes”, como o óleo de mamona e as fibras de cana e sisal.
Plástico reciclado, como o de
garrafa PET, já é transformado
em teto para carros. A pintura
também pode se tornar menos
poluente com o uso de solventes naturais, derivados da
cana-de-açúcar.
S
ÃO PAULO - A crise econômica mundial trouxe à
indústria automobilística
um duplo desafio, o de manter
o lucro mesmo com as vendas
em queda e o de resgatar antigos
clientes, perdidos com a reviravolta da economia global. No
pós-crise, é consenso entre as
montadoras que os clientes passaram a priorizar carros mais
baratos na hora da compra e
mais econômicos na hora de
abastecer. Para as fabricantes, a
saída está na redução do peso
dos automóveis, que começam
a receber materiais mais leves.
A necessidade de desenvolver
carros economicamente viáveis
e ambientalmente atrativos
dominou os debates do seminário organizado pela Sociedade
de Engenheiros da Mobilidade
(SAE Brasil), em São Paulo, no
início do mês. A conclusão dos
especialistas é que, para se adaptar às novas exigências do mercado e às necessidades dos projetos de engenharia, a grande
mudança nos carros começará
pela troca de materiais – alterações que também atingirão os
carros híbridos e elétricos, que
sofrem sobrecarga com o peso
das baterias.
Não por acaso, hoje fazem
parte das linhas de produção
matérias-primas que há pouco
tempo eram raras: fibras naturais, plásticos e borrachas produzidas por meio de nanotecnologia, alumínio no lugar do
aço, adesivos em substituição a
soldas, além de cada vez mais
compostos reciclados.
No topo da lista de novos recursos está a nanotecnologia
(manipulação da matéria em dimensões de 1 a 100 nanômetros), que abre um leque extenso no setor automobilístico, do
estofado do carro à limpeza do
ar-condicionado. No quesito
“peso”, a principal ajuda da revolucionária ciência está nos
plásticos. A espessura do pára-
Fiat Uno Ecology tem revestimento de bancos e tapetes de PET reciclado; segundo fabricante, utiliza-se cerca de 30 garrafas por veículo
choque, por exemplo, pode ser
reduzida de 4 mm para até 1,8
mm. Apesar da mudança milimétrica, de acordo com o ge-
rente de engenharia avançada e
de materiais da Plascar, Marcio
Tiraboschi, a redução de peso é
significativa, e o custo com ma-
teriais diminui bastante.
E quem questiona se a alteração da espessura afetará a
qualidade do plástico, a nanotec-
nologia também traz a resposta.
O plástico é manipulado com
nanopartículas de argila, que aumentam em até 45% a resistên-
Aço continua sendo principal material usado
Apesar de todos esses materiais
substituírem cada vez mais os metais, o carro continuará sendo feito,
principalmente, de aço. Por isso, a
espessura da lataria começa a
diminuir para ajudar na redução de
peso. Novas ligas de aço e o maior
uso do alumínio, especialmente no
cabeçote dos motores, também são
alternativas já adotadas por muitas
fabricantes, inclusive no Brasil. No
caso do alumínio, embora mais
leve, ainda é um material caro. Por
esse motivo, o uso do metal em
maior escala será somente nos car-
ros de luxo. Nos outros segmentos,
o material deverá substituir o ferro fundido no cabeçote dos motores.
Outra solução para tornar os
veículos mais leves é a substituição
dos pontos de solda na carroceria
pelos chamados adesivos estruturais de epóxi. Com a mesma propriedade da solda, eles colam as
partes de aço ou alumínio, mas não
agregam peso ao conjunto. “Outra
propriedade positiva do produto é
a alta resistência a impactos. Os
adesivos também têm custo me-
nor”, afirma o gerente de indústria
da Dow Automotive Systems, Pedro de Lima.
Apesar da nova onda tecnológica e de o Brasil ter matéria-prima
suficiente para inovar neste campo
de materiais alternativos, o país ainda sofre com as barreiras de falta de
escala de produção – que barateariam custos com novas tecnologias –
e pouco investimentos em pesquisa.
O que as fabricantes mais reclamam
é da ausência de incentivos para viabilizar a pareceria com centros de
pesquisa e universidades.
Brasil terá sistema para monitorar
carros em recall, anuncia Denatran
Um exemplo da dificuldade do
acesso a recursos, em 2008, o governo brasileiro disponibilizou R$
70 milhões em crédito para pesquisas na área de nanotecnologia.
Em 2009, o valor investido caiu
para o patamar de R$ 40 milhões,
de acordo com o coordenador geral de micro e nanotecnologia do
Ministério da Ciência e Tecnologia,
Mário Baibich. A redução da verba
foi justificada pela crise mundial, a
mesma que, mais tarde, virou argumento para mais investimento
tecnológico no resto do mundo.
cia das peças, inclusive a riscos.
Devido a essa propriedade, o
“novo” plástico tem sido aplicado no acabamento interno do
veículo, como em painéis e consoles. Outra vantagem, é que a
alteração garante aspecto mais
refinado ao material.
Os pneus ganham papel fundamental na redução do consumo. Com recursos da nanotecnologia, é possível diminuir o peso dos pneus e possibilitar menor resistência aos rolamentos, o que também colabora com a economia de combustível. É esse pneu mais “leve”
que equipa o Novo Uno, da Fiat.
A inovação na larga aplicação de materiais feitos a partir da borracha e do plástico reduziu o seu peso. O Uno tem
895 kg, sendo que um automóvel médio pesa 1.200 kg. Com a
ajuda de alterações também no
motor, o modelo chega a fazer
15 km/l de combustível em trechos urbanos e 20 km/l na estrada, de acordo com a fabricante. "É um conjunto de elementos. Estudamos mais para
frente a aplicação de fibras naturais nos painéis, entre outras
tecnologias", afirma o gerente
de engenharia da Fiat Automóveis, Robson Cotta.
Off-road
Fotos/Divulgação
O prazo para implementação da nova medida é de 90 dias; governo quer teste de
impacto obrigatório, que utiliza bonecos no lugar de pessoas, nos veículos em 2012
Divulgação
SÃO PAULO - O diretor-geral do
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Alfredo Peres da
Silva, afirmou na terça-feira (22),
na Câmara dos Deputados, que
o governo quer tornar obrigatório um novo sistema de avaliação de qualidade do veículo,
que inclui novos testes e um sistema para facilitar a realização de
recall. De acordo com Silva, o Sistema de Monitoramento Online
de Recall, criado pelo ministério
da Justiça, deve ser implementado no prazo de 90 dias.
Segundo Silva, a base de dados
será integrada por órgãos públicos,
como o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor da
Secretaria de Direito do Consumidor do Ministério da Justiça
(DPDC), além da Associação Nacional dos Fabricantes deVeículos
Automotores (Anfavea). "A grande
dificuldade hoje é o fato de a montadora não ter acesso aos dados do
atual proprietário do veículo", explicou durante a reunião.
Os órgãos governamentais deverão garantir o sigilo das informações relativas aos donos atuais
dos automóveis. Para preservar
esses dados, o diretor-geral do Denatran afirmou que a idéia é firmar
convênio com os Correios, a fim
de que a Anfavea possa convocar
os interessados em recall sem ter
acesso a informações sigilosas.
A diretora-substituta do Departamento DPDC, Juliana Pe-
A Yamaha revelou como será sua linha de motos de
competição off-road em 2011, anunciando os modelos e as
cores que estarão disponíveis no mercado europeu. O
destaque é o modelo YZ450F. A maior novidade da moto é o
motor com injeção eletrônica montado em posição invertida
em 180 graus – o oposto da posição tradicional. Com o
quadro feito em alumínio com duplo feixe e a excelente
centralização de massa, a YZ450F faz uma verdadeira
"revolução copernicana" no mundo das duas rodas e
completa o arsenal da Yamaha para o campeonato de
Supercross da MX1. As novas cores são azul racing – um
pouco mais escura do que o modelo anterior –, e o agressivo
preto com selim vermelho e plástico branco. A YZ450F 2011
estará disponível a partir de agosto de 2010, por 8.990
euros, ou aproximadamente R$ 19,6 mil.
A base de dados terá informações dos atuais proprietários dos carros e será integrada por órgãos públicos
reira da Silva, garantiu durante a
reunião que o governo estuda firmar parceria com órgãos norteamericanos e australianos que
cuidam de recall de automóveis.
"Queremos ampliar as redes de
informação para que, se houver
problema em um país, os procedimentos sejam adotados também no outro", explicou.
Saiba mais
Novo teste - Além das mudanças
em relação aos recalls, a partir de
2012 deverá ser obrigatório um
novo teste de impacto (crash
test), com bonecos que simulam
pessoas. Atualmente, é exigido
um teste de impacto mais simples para avaliar os veículos lançados no mercado. Para os modelos em circulação, esse sistema passará a ser exigido a
partir de 2014.
Download

dom veiculos.qxp