UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Resíduo Desidratado de Vitivinícolas do Vale do São Francisco Associado a Diferentes Fontes Energéticas para Ovinos Terminados em Confinamento Daerson Dantas Barroso Zootecnista Areia – PB 2005 DAERSON DANTAS BARROSO Resíduo Desidratado de Vitivinícolas do Vale do São Francisco Associado a Diferentes Fontes Energéticas para Ovinos Terminados em Confinamento Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Comitê de Orientação: Dr. Gherman Garcia Leal de Araújo – Orientador principal Dr. Divan Soares da Silva Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros Areia – PB 2005 ii Ficha catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB. Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409 D277r Barroso, Daerson Dantas. Resíduo desidratado de vitivinícolas do Vale do São Francisco associado a diferentes fontes energéticas para ovinos terminados em confinamento./ Daerson Dantas Barroso. – Areia, PB: CCA/UFPB, 2005. 56 p.: il. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraiba. Orientador: Gherman Garcia Leal de Araújo. Ruminantes de pequeno porte - ovinos. 2. Alimentação. 3. Vitivinícolas - resíduo. I. Araújo, Gherman Garcia Leal de (orientador). II. Título. CDU: 636.3:612.39+663.26(043.3) iii DAERSON DANTAS BARROSO Resíduo Desidratado de Vitivinícolas do Vale do São Francisco Associado a Diferentes Fontes Energéticas para Ovinos Terminados em Confinamento Dissertação Aprovada pela Comissão Examinadora em: 25/02/2005 COMISSÃO EXAMINADORA Dr. Gherman Garcia Leal de Araújo Orientador Embrapa Semi-Árido Dr. Francisco Fernando Ramos de Carvalho Examinador Universidade Federal Rural de Pernambuco Dr. Severino Gonzaga Neto Examinador Universidade Federal da Paraíba/CCA Areia-PB 2005 iv “O que sabemos é uma gota, o que desconhecemos é um oceano” Einstein “O Sertão nordestino é o postal mais incômodo do Brasil, considerado pelas autoridades como um caso de fatalidade geográfica e social, feito de escassez hídrica, flagelo humano e bodes ariscos no mesmo cenário de 400 anos” Manelito Vilar “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em cristo para convosco” I Tessalonicenses 5:18 v Aos meus amados pais GERSON VICENTE BARROSO E MARIA DALVA DANTAS BARROSO, razão maior da minha vida e da minha obstinação. DEDICO vi AGRADECIMENTOS A Deus, que me iluminou e me deu forças para que chegasse até aqui. Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, pela oportunidade de realização deste curso. A CAPES e ao CNPq, pela participação no financiamento do trabalho e concessão de bolsa. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, unidade do CPATSA (Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-árido), na pessoa de seu Chefe Geral Dr. Pedro Carlos Gama da Silva, pela concessão de toda a estrutura material e humana. Ao meu orientador Gherman Garcia Leal de Araújo por todo o apoio, pela importante oportunidade que me foi dada e pela forma segura com que conduziu a nossa orientação. A banca examinadora formada pelos Profs. Francisco Fernando Ramos de Carvalho e Severino Gonzaga Neto pela colaboração na melhoria e enriquecimento do trabalho. A professora Sílvia Helena Nogueira Turco pela forma carinhosa com que me recebeu, pela amizade e colaboração com o trabalho. Ao amigo de moradia Emerson Alexandrino pelo companheirismo de todas as horas. Ao meu parceiro de trabalho e amigo, Fernando Thomaz Medina, pessoa com quem eu divido de forma integral as virtudes e não virtudes de nosso trabalho e de nossa passagem pela Embrapa Semi-Árido. vii A equipe de funcionários do Setor de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, nas pessoas de Suetone Alencar, Alcides Amaral, José Benedito, João Antônio e João Neto, que para mim foram ao longo de todo o tempo uma fantástica equipe, onde o compromisso e a responsabilidade com o trabalho sempre imperaram. Aos nossos estagiários: Carolina, Marcos, Michael, Gildeni, Carmem e Andréia pela valiosa ajuda na execução do trabalho. Aos produtores Márcio, Zeí, Idílio e José Alberto, pelo empréstimo dos animais para os experimentos. A todas as amizades feitas na Embrapa – Semi-Árido em nome de Misael Felix. Ao Prof. Pedro Humberto Felix de Sousa, pela oportunidade de realização do estágio de docência na Universidade do Estado da Bahia, UNEB/Juazeiro – BA. Ao Dr. Evandro Vasconcelos de Holanda Junior, pela amizade e importante colaboração com o trabalho. Ao Dr. Carlos Alberto de Vasconcelos pelo apoio nas análises estatísticas. Ao Dr. Daniel Maia Nogueira pela colaboração. A todas as amizades feitas na cidade de Petrolina – PE, em nome de Genival Mendes Monteiro. A Francisco Josino Parnaíba e sua família pela hospitalidade. A Suetone Coelho de Alencar, que foi realmente um “monstro” na arte de trabalhar conosco e sem dúvida, a grande amizade que fiz na Embrapa Semi-Árido. A Gisélia Cristina de Santana, pela presteza e por ter tornado a minha passagem pela Embrapa Semi-Árido, mais agradável e feliz. Aos amigos e irmãos Petrônio Jacques de Sousa Lima, Marcos Jácome de Araújo e Marcílio Jácome de Araújo, pela valiosa amizade, e divisão das alegrias, viii dificuldades, vitórias e derrotas em nosso humilde e inesquecível “Iglu”, que nos tornou ainda mais fortes na união e na caminhada em busca dos nossos objetivos. A todos os professores do PPGZ/UFPB, em nome da sua coordenação formada pelos Profs. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho e Ariosvaldo Nunes de Medeiros. Ao Prof. Divan Soares da Silva, eterno orientador e pessoa por quem tenho respeito e admiração. A secretária Maria das Graças, pela sua sempre disponibilidade em me atender e ajudar, como também pela amizade. A Leilane Rocha Barros pelos momentos de extrema felicidade que juntos vivemos ao longo do curso. As eternas amigas de curso Maria Verônica, Merilândia e Maria do Socorro pela amizade e cumplicidade. A Jaime, Tatiana, Iracema e Sebastião Júnior, amigos e pessoas da minha família. A todos os colegas do PPGZ em nome de Leonardo Pascoal. Aos funcionários do PPGZ, Sr. Manoel, dona Carmem e André pelo excelente trabalho prestado ao Programa e a nós alunos. A toda a minha família e amigos, que sempre estiveram vivos em minha memória e em meu coração, sendo eles a fonte de forças que busquei sempre para seguir a minha caminhada. E a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho. Obrigado!!! ix BIOGRAFIA DO AUTOR DAERSON DANTAS BARROSO, é paraibano de Santa Helena, filho de Gerson Vicente Barroso e Maria Dalva Dantas Barroso. Realizou o ensino fundamental em sua cidade de origem, sendo o ensino médio realizado na cidade de Cajazeiras-PB. Cursou Zootecnia no período de novembro de 1998 a março de 2003 pela Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias no município de Areia – PB. Quando estudante de graduação desenvolveu trabalhos de iniciação científica pelo PIBIC/CNPq/UFPB, na área de forragicultura. Ingressou na Pós-graduação em nível de Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba em março de 2003. x Sumário Lista de tabelas .................................................................................................... xii Capítulo I - Referencial Teórico .......................................................................... 1 Referências Bibliográficas .................................................................................. 12 Capítulo II - Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes de Dietas Contendo Resíduo Desidratado de Vitivinícolas Combinado a Diferentes Fontes Energéticas para Ovinos Terminados em Confinamento .......................... 17 Resumo ................................................................................................................. 17 Abstract ............................................................................................................... 18 Introdução ........................................................................................................... 19 Material e Métodos ............................................................................................. 22 Resultados e Discussão ....................................................................................... 26 Conclusões ........................................................................................................... 34 Referências Bibliográficas ................................................................................. 35 Capítulo III - Desempenho e avaliação econômica da terminação de ovinos em confinamento alimentados com dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas associado a diferentes fontes energéticas ......................................... 39 Resumo ................................................................................................................ 39 Abstract ............................................................................................................... 40 Introdução ........................................................................................................... 41 Material e Métodos ............................................................................................. 44 Resultados e Discussão ........................................................................................ 48 Conclusões ........................................................................................................... 56 Referências Bibliográficas .................................................................................. 57 xi Lista de Tabelas CAPÍTULO II Tabela 1. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO), lignina (LN) e digestibilidade “in vitro” da MS (DIVMS), dos ingredientes utilizados na formulação das dietas............................................................................................... 23 Tabela 2. Composição percentual das dietas e os respectivos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO) e lignina (LN), expressos na matéria seca. 24 Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV), para o consumo expresso em g/dia, %PV e g/UTM da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) extrato etéreo (EE).................................................................................. 27 Tabela 4. Médias e coeficiente de variação (CV), para o consumo expresso em g/dia, %PV e g/UTM da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHO) e nutrientes digestíveis totais (NDT)....... 30 Tabela 5. Médias e coeficiente de variação (CV), para o coeficiente de digestibilidade (CD), da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE) e carboidratos totais (CHO)......................................................................................... 32 xii CAPÍTULO III Tabela 1. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO), lignina (LN) e digestibilidade “in vitro” da MS (DIVMS), dos ingredientes utilizados na formulação das dietas............................................................................................... 45 Tabela 2. Composição percentual das dietas e os respectivos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO) e lignina (LN), expressos na matéria seca. 46 Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV), do ganho diário de peso vivo, expressos em gramas por dia (g/dia), aos 21 (GPVD21), 42 (GPVD42), e 63 (GPVD63), do consumo de MS e da conversão alimentar da matéria seca (CAMS).................................................................................................................... 48 Tabela 4. Médias de peso vivo ao abate (PVA), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça quente (RCQ), peso de carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF) e quebra por resfriamento (QR) de ovinos terminados em confinamento com resíduo desidratado de vitivinícolas associado a diferentes fontes de energia....................................................................................................... 51 Tabela 5. Custos e quantidades consumidas dos ingredientes das dietas e custos das dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas com diferentes fontes energéticas para ovinos sob confinamento, período de 63 dias................................ 53 Tabela 6. Ganho de peso vivo, receitas e indicadores financeiros da relação benefício/custo de dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas com diferentes fontes energéticas para ovinos sob confinamento, período de 63 dias.... 54 xiii CAPÍTULO I Resíduo Desidratado de Vitivinícolas do Vale do São Francisco Associado a Diferentes Fontes Energéticas para Ovinos Terminados em Confinamento Referencial Teórico O semi-árido brasileiro abrange parte dos estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, ocupando uma área de 95,2 milhões de hectares, equivalente a 57% da área total do Nordeste e apresentando grande diversidade de quadros naturais (Guimarães Filho, et al. 2000). O clima da região é do tipo quente e seco com um nível de pluviosidade anual que situa-se entre 250 e 700 mm, com um padrão irregular de distribuição, tanto entre anos como entre meses dentro do mesmo ano. Os solos são em geral rasos e de baixa fertilidade natural com predominância nas áreas da caprinovinocultura, de podzólicos, latossolos, bruno-não-cálcicos e litólicos (Guimarães Filho et al. 2000). A vegetação predominante e base da alimentação de ruminantes é denominada de caatinga, e de acordo com Araújo Filho et al. (1995), a caatinga caracteriza-se por apresentar uma grande diversidade botânica, com espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, palatáveis ou não, mas todas com aspecto de grande relevância que é o de persistir nas condições áridas e semi-áridas do Nordeste, constituindo-se na principal fonte alimentar para os ruminantes. Segundo Silva et al. (2002), a pecuária tem se constituído ao longo dos anos na atividade básica das populações rurais distribuídas nos 95,2 milhões de hectares da região semi-árida, uma vez que a economia fundamentada em agricultura não tem apresentado sustentabilidade, em função das crescentes limitações edafo-climáticas que afetam as lavouras. 1 O processo de degradação dos recursos naturais no semi-árido brasileiro tem se intensificado nas últimas décadas, e vem causando sérios prejuízos também a pecuária regional, principalmente pela evolutiva redução da capacidade de suporte forrageiro da caatinga, fonte alimentar básica para os ruminantes, o que tem levado a sistemas de produção cada vez mais ineficientes, com descapitalização dos produtores rurais e inevitavelmente aumento da pobreza na região. Essa realidade tem exigido de forma mais urgente possível, um aproveitamento mais racional dos recursos naturais disponíveis regionalmente, como forma de se tentar retomar o desenvolvimento econômico da pecuária e, consequentemente, da região, tendo em vista a sua vocação pecuária. As limitações nutricionais que afetam os rebanhos em função da escassez de forragem no período seco revelam a necessidade de suplementação alimentar para a manutenção dos rebanhos, que à base de concentrados tem se tornado impraticável dentro dos conceitos de produtividade sob determinadas condições de produção, surgindo como solução o uso de fontes alternativas na alimentação (Azevedo & Alves, 2000). Vaz et al. (1998) citaram que as características climáticas da região Nordeste do Brasil causam uma necessidade real em todos os sistemas de produção, que é a de dispor de alimentos de qualidade no período seco para a suplementação dos rebanhos. O milho (Zea mays) é o ingrediente mais importante utilizado no preparo de alimentos para animais no Brasil, uma vez que cerca de 65%, na estimativa da Anfal/sindirações (2000), é utilizado no preparo de rações "dentro e fora das porteiras". No entanto, apesar de sua boa qualidade nutricional, vários produtos têm sido estudados com o objetivo de substituílos no concentrado, principalmente devido ao seu custo elevado. Estudos que visem à comparação de recursos alternativos com o milho são sempre interessantes, em face da elevada qualidade nutricional deste alimento 2 amplamente destacada na literatura, como também a sua baixa resposta de produção em condições de sequeiro que são predominantes no semi-árido brasileiro. A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é de origem brasileira, considerada uma das culturas mais tradicionais do nosso território, sendo cultivada em todas as regiões, dentre as quais, o Nordeste se destaca em área cultivada e em produção representando, respectivamente, 59 e 46% do total nacional. A tolerância à seca e aos solos de baixa fertilidade e elevada acidez permite seu cultivo em áreas em que a maioria das culturas não consegue produzir satisfatoriamente. A planta pode ser totalmente aproveitada para a produção animal, sendo as raízes ricas em energia, o que a torna possível substituta de cereais como concentrados energéticos na alimentação animal. As raízes quando picadas e secas ao sol recebem o nome de raspas, sendo essa uma importante forma de conservação de suas ricas raízes. A alta rusticidade, boa qualidade e o acesso por produtores de níveis diversos de renda, fazem da mandioca uma alternativa forrageira com potencial para ser associada a outros recursos, buscando melhores resultados produtivos e estabilidade econômica das propriedades do semi-árido nordestino (Cavalcanti & Araújo, 2000). Outro recurso forrageiro de grande potencial existente na região é a palma forrageira (Opuntia ficus), que por suas características morfo-fisiológicas, é uma planta adaptada às condições do semi-árido, estando amplamente disseminada em toda a região. Acredita-se que existam 500 mil hectares de palma no Nordeste brasileiro (Santos & Santos, 2001). Ressaltam ainda que esta cactácea constitui um alimento suculento de grande importância para os rebanhos, pois, além de fonte de forragem verde, supre parte das necessidades de água dos animais. Outras caracteristicas que, segundo Costa et al. (1973), são importantes na palma: riqueza em energia, elevado coeficiente de digestibilidade da matéria seca e alta produtividade. 3 O farelo de palma que é o produto da secagem e trituração da palma “in natura”, constitui-se em uma forma alternativa de aproveitamento desta forrageira, apresentando benefícios em armazenamento e possivelmente em aumento na ingestão de matéria seca. Veras et al. (2002), avaliando a substituição do milho pelo farelo de palma sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes em ovinos, não observaram diferenças para as variáveis estudadas. Os autores relataram ainda, que na literatura não foi encontrado trabalhos avaliando a utilização da palma na forma de farelo. A América Latina produz mais de 500 milhões de toneladas (t) de subprodutos e resíduos agroindustriais. O Brasil produz mais desta metade. A quantidade disponível destes materiais é muito grande em todo o mundo e basta dizer que se fossem utilizados apenas 5%, de maneira correta na alimentação animal, poderia suprir as necessidades dos rebanhos existentes no mundo e, assim, atender as demandas de energia e proteínas da população mundial, carente e necessitada (Souza e Santos, 2005). Segundo Vasconcelos et al. (2000), o número de agroindústrias instaladas na região Nordeste do Brasil tem aumentado significativamente, incrementando a produção de resíduos agroindustriais que podem ser aproveitados na dieta animal, particularmente de ruminantes, podendo-se tornar importante fator de redução dos custos de produção, face às características nutricionais que apresentam, a peculiaridade digestiva dos ruminantes que garante o aproveitamento desses recursos e ao grande volume que são produzidos em algumas regiões do Nordeste do Brasil. De acordo com Mattos (1990), um terço dos cereais produzidos no mundo são destinados aos animais domésticos, em detrimento de grande parcela da população mundial carente de melhor alimentação. Comenta ainda que o uso de resíduos na alimentação animal poderia liberar parcela significativa de alimentos as populações e ao mesmo tempo proporcionar fontes alternativas menos nobres aos ruminantes. 4 O sertão do Vale do São Francisco, zona que abrange as unidades geo-ambientais mais representativas da maior unidade de paisagem, a "Depressão Sertaneja", corresponde a 22% de todo o Nordeste e cerca de 39% da zona semi-árida. Essa região detém um rebanho de ovinos e caprinos que ocupa as primeiras posições no contexto nacional, sendo de grande importância econômico-social, cuja exploração está direcionada para a produção de carne e pele (Araújo, 2003). O crescimento acentuado que tem alcançado a fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, nos últimos anos, tem gerado ao mesmo tempo um expressivo volume de resíduos agroindustriais, que em algumas situações não são aproveitados e/ou pouco aproveitados, causando desperdício desses nutrientes e poluição do ambiente. O resíduo das processadoras de uvas para a produção de vinho (vitivinícolas) tem se apresentado como uma interessante e viável opção para suplementação de ruminantes em períodos de escassez de forragem, mediante a sua grande disponibilidade na região do Vale do São Francisco, resultante da vitivinicultura local, que já detém 15% da produção nacional (Pólo, 2001), e ao seu desperdício e/ou uso inadequado, que é realidade na região. Há de se levar também em consideração a possibilidade de complementariedade entre os setores, onde os lucros poderão ser recíprocos, em função de uma possível melhor utilização do resíduo desta agroindústria como fonte volumosa para ruminantes, e pela doação ou mesmo venda de um material poluente, garantindo um ambiente limpo e ecologicamente saudável dos parques industriais, além de uma fonte de renda adicional. Araújo (2003) ressalta que raras são as informações encontradas na literatura sobre o uso de resíduos de uva na alimentação de caprinos e ovinos. As projeções futuras são de crescimento da atividade vinícola na região do Vale do São Francisco, o que acarretará inevitavelmente em um maior volume de resíduos. 5 Informações recentes dão conta que a área plantada com uvas viníferas já chega a 600 ha na região do Vale. O valor nutritivo dos alimentados é frequentemente determinado por uma interação de fatores ligados, sobretudo ao alimento, como composição em nutrientes e sua digestibilidade, consumo voluntário e eficiência de utilização desses nutrientes. De acordo com Cosgrove (1997), o desempenho animal apresenta dependência direta do consumo voluntário, sendo que segundo Mertens (1994), 60 a 90% das variações na qualidade entre forrageiras e diferenças no desempenho animal são atribuídas às diferenças em consumo, enquanto 10 a 40%, às diferenças em digestibilidade dos nutrientes. Maximizar o consumo é um componente chave na formulação de rações e estratégias de alimentação para otimizar a rentabilidade da produção (Rodrigues, 1998), pois o desempenho animal é primeiramente definido pelo consumo voluntário, já que este determina o nível de ingestão de nutrientes (Van Soest, 1994). Existem vários fatores envolvidos no controle da ingestão de alimentos em ruminantes. Mertens (1994) dividiu esses fatores em três mecanismos: o psicogênico, que envolve a resposta animal a fatores estimuladores ou inibidores relacionados ao animal e ao ambiente; o fisiológico, no qual o controle é feito pelo balanço nutricional da ração, relacionado a manutenção do equilíbrio energético; e o físico, associado a capacidade de distensão do rúmen e ao teor de fibra em detergente neutro (FDN) da ração. O estado de repleção (enchimento) ruminal parece estar mais bem correlacionado com a taxa de passagem do alimento, a qual está em função física (ruminação) e microbiana, que determina a redução do tamanho das partículas. Quando os alimentos encontram-se com baixo valor nutritivo, verifica-se menor taxa de passagem de 6 partículas no rúmen, o que pode acarretar em redução no consumo de matéria seca (Van Soest, 1994). A digestibilidade constitui outro importante parâmetro do valor nutritivo de um determinado alimento (Oliveira et al., 1991). Ao longo do tempo, vários ensaios com diversas forrageiras têm sido conduzidos com ovinos, caprinos e bovinos para medir o consumo e avaliar a digestibilidade dessas forrageiras. Pereira (2002) comentou que a digestibilidade é afetada pelos teores de fibra da forragem, ou seja, pelas frações insolúveis presentes na parede celular. De acordo com Norton (1982), o avanço da idade fisiológica das plantas provoca substituição do conteúdo celular por parede celular, assim como transformação da parede, devido ao surgimento da parede secundária, havendo maior participação de celulose e lignina. Além disso, inicia-se o processo de senescência, que acelera ainda mais o aumento do teor de fibra. O consumo e a digestibilidade de nutrientes podem estar correlacionados entre si, dependendo da qualidade da dieta. Para dietas de alta digestibilidade (acima de 66%), ricas em concentrado (acima de 75%) e com baixo teor de FDN (abaixo de 25%), o consumo será menor quanto mais digestível for o alimento e, em dietas de baixa qualidade (acima de 75% de FDN), o consumo será maior, quanto melhor for a digestibilidade do alimento (Van Soest, 1994; Mertens, 1994). Com 8,06 milhões de cabeças (IBGE-SIDRA, 2003), o rebanho ovino nordestino é numericamente expressivo, e representa 55,06% do rebanho nacional, ocupando primeira posição. Embora numericamente expressivo, o rebanho ovino de corte do semi-árido apresenta níveis acentuadamente reduzidos de desempenho, condicionados pelo baixo nível tecnológico que caracteriza seus sistemas de produção. Este baixo 7 desempenho zootécnico se deve, principalmente, a forte dependência que os sistemas de produção tem da vegetação nativa da caatinga (Araújo, 2003). A contribuição social dada pela ovinocultura a região Nordeste brasileira tem sido destacada ao longo dos anos e em muitos trabalhos, sendo ainda modestas as iniciativas buscando melhorar os índices produtivos desta espécie e a qualidade do produto. A ovinocultura tem se apresentado como uma alternativa de geração de renda para as populações rurais do semi-árido, sendo explorada pelos mais diversos segmentos das unidades produtivas, abrangendo desde a agricultura familiar até a atividade organizada em moldes empresariais. No entanto, a baixa qualidade e a escassez de forragens na região, notadamente no período seco, constituem fator limitante para a produtividade dos rebanhos e, por extensão, para a qualidade dos produtos deles derivados. Couto (2001) relata que para o abastecimento de mercado interno, o Brasil vem importando ovinos vivos para o abate e carcaças congeladas. O mesmo autor comenta que no ano de 2000 foram importados em torno de 774.540 carcaças de cordeiros de 30 kg cada, corroborando com os resultados apresentados por Vasconcelos et al. (2000), citando um déficit previsto de demanda de carne para o ano de 2000, de 870,3 mil cabeças. Logo, o aumento de oferta de carne ovina em face da crescente demanda, muito mais que um desafio se constitui em uma necessidade para os criadores e para a economia da região, sendo que a superação dos problemas que interferem no fornecimento de carne ovina, dentro das exigências de qualidade, regularidade e quantidade requerida pelos demais segmentos da cadeia produtiva, pode representar perspectiva concreta de aumento de renda para os agricultores do Nordeste brasileiro. Se for considerado que os ruminantes domésticos em pastejo normalmente perdem peso no período seco, qualquer prática que vise à manutenção produtiva dos 8 rebanhos durante todo o ano, merece atenção e uma avaliação cuidadosa quanto a sua viabilidade. Para que os animais possam desenvolver suas estruturas corpóreas de forma mais rápida e alcançar peso de abate em tempo mais curto, faz-se necessário que sejam bem alimentados e criados em condições sanitárias adequadas. No que tange a alimentação, vários métodos de manejo têm sido propostos para diminuir o déficit nutricional nos períodos mais críticos do ano (Leite et al., 2000). O acabamento de ovinos em confinamento tem recebido nos últimos anos uma crescente adoção, frente aos benefícios que traz esta prática, principalmente pela redução do tempo ao abate, maior eficiência no controle sanitário, melhor qualidade das carcaças e peles, como também a manutenção da oferta de carne no período de escassez de forragens, buscando atender a constante demanda nesse período, como também um melhor preço pago pelo produto. Siqueira (1993) comenta que a terminação em confinamento é uma alternativa muito importante para regiões com altas cargas parasitárias e, que é uma prática que envolve investimentos adicionais, sobretudo em instalações e alimentação. O sistema intensivo de acabamento de cordeiros em confinamento tem-se revelado adequado, pois reduz o tempo necessário para os animais atingirem o peso de abate e minimiza os problemas sanitários (Souza Júnior, 2003). Além disso, a terminação de ovinos e caprinos em regime de confinamento poderia melhorar os índices produtivos, proporcionando aumento da oferta de carne e peles de melhor qualidade. No entanto, Barros et al. (1997) comentaram que os melhores ganhos em confinamento foram obtidos com dietas com altos níveis de concentrado e volumosos de qualidade como a silagem de milho, ficando fora das reais condições da grande maioria dos produtores do 9 semi-árido, o que revela a necessidade de se buscar novas alternativas de alimentos de baixo custo e boa eficiência biológica para a economicidade da prática. Dentro de um sistema de produção de carne, a carcaça é o elemento mais importante do animal, porque nela está contida a porção comestível (Luchiari Filho, 2000). Vale ressaltar também que, além da carcaça, a pele e os componentes não carcaça constituem outras importantes e significativas fontes de receita. No estudo de carcaças de ruminantres, o rendimento das mesmas é geralmente, o primeiro índice a ser considerado, expressando a relação percentual entre os pesos da carcaça e do animal (Peron et al, 1993). O rendimento de carcaça está sujeito a grande variação, por influência de diversos fatores, entre eles destaca-se o tipo de dieta (Geay, 1975). A padronização de carcaças de cordeiros a serem colocados no mercado é necessário para valorizar o produto e atrair o consumidor (Bueno et al., 2000). O consumidor tem preferência por carcaças de tamanho moderado entre 12-14 kg, o que determina o abate dos animais com 28-30 kg de peso vivo (Siqueira, 1999). Os alimentos concentrados e volumosos são, provavelmente, os itens que mais contribuem para os custos de produção de ovinos no Nordeste brasileiro, representando 77% dos custos operacionais de criações em confinamento (Carvalho, 2000), sendo de extrema importância o conhecimento das relações de custo com esses ingredientes e os benefícios em desempenho animal, que verdadeiramente determinam a viabilidade desta prática. Na escolha de um alimento, os produtores devem sempre levar em conta a disponibilidade do alimento, o custo e os benefícios que este pode gerar em termos de desempenho e produto animal. Como os preços dos insumos, serviços e produtos animais variam no tempo, as relações de benefício-custo das dietas são influenciadas 10 pela época do ano e pelas diversas condições de mercado, sendo as avaliações econômicas imprescindíveis para qualquer exploração zootécnica. Para Restle e Vaz (1999), a apreciação econômica dos custos com alimentação dentro do sistema de confinamento torna-se importante, pois nem sempre a melhor resposta biológica representa a melhor resposta econômica. Com a realização deste trabalho objetivou-se avaliar a combinação do resíduo desidratado de vitivinícolas a diferentes fontes energéticas em dietas para ovinos terminados em confinamento, sobre o consumo de nutrientes, digestibilidade aparente, ganho de peso, conversão alimentar, peso e rendimento de carcaça e relação de benefício/custo das dietas. 11 Referências Bibliográficas ANFAL/SINDIRAÇÕES. SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL/ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE RAÇÕES. Alimentação animal. Perfil do Mercado Brasileiro 1999/2000. Folder. São Paulo. 2000. ARAÚJO FILHO, J.A. de.; SOUSA, F.B.de.; CARVALHO, F.C. de. Pastagens no Semiárido: Pesquisa para o desenvolvimento sustentável. Anais. In: XXXII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. 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Foram utilizados 18 ovinos machos com idade aproximada de sete messes, sem padrão racial definido, com peso vivo médio inicial de 21,8 kg e distribuídos num delineamento em blocos casualizados com três tratamentos e seis repetições. Foi realizado um ensaio de digestibilidade que constou de quatorze dias de adaptação e cinco dias de coleta total de fezes, sendo as dietas compostas de 50% de resíduo de vitivinícolas e 50% de concentrados energéticos: grão de milho moído (Zea mays), raspa de mandioca (Manihot esculenta) enriquecida com 1,8% de uréia e farelo de palma forrageira (Opuntia ficus) enriquecido com 1,1% de uréia. As maiores ingestões foram observadas para as combinações de resíduo e grão de milho moído e resíduo e farelo de palma, respectivamente com valores para a matéria seca de 84,34 e 107,37 g/UTM/dia; matéria orgânica 80,97 e 92,04 g/UTM/dia e NDT 461 e 497 g/dia. As digestibilidades da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro foram de 52,89, 47,12 e 42,37; 54,36, 49,63 e 54,95; 36,96, 34,22 e 32,82 %, respectivamente para as dietas de grão de milho moído que apresentaram os maiores coeficientes, raspa de mandioca e farelo de palma. Os resultados obtidos para o consumo e para a digestibilidade aparente dos nutrientes, revelaram o bom potencial do resíduo de vitivinícolas em combinação as fontes energéticas estudadas, podendo se transformar em uma nova opção alimentar para ovinos no semi-árido. Palavras-Chave: farelo de palma, grão de milho, raspa de mandioca, valor nutritivo 17 Intake and nutrients digestibility of dried grapes residue diets combined with different energy sources for sheep in feedlot termination Abstract To evaluate the diet combination of the dried grapes residue with different energy sources, intake and digestibility were determined in feedlot sheep. It was used eighteen male sheep with seven months of age, non-definid breed, weighting initialy 21,8 kg, distributed in blocks randomized in three treatments and six repetitions. It was accomplished a digestibility essay of fourteen days for adaptation and five days for total feces collection. The diets were composed with 50% of dried grapes residue and 50% of energies concentrate: corn meal (Zea mays), cassava meal (Manihot esculenta) enriched with 1,8% of urea and cactus meal (Opuntia ficus) enriched with 1,1% of urea. The greatest intake were observed in the combinations of dried grapes residue with corn meal and cactus meal, the dry matter values were, respectively, 84,34 and 107,37 g/UTM/day; organic matter were 80.97 and 92,04 g/UTM/day and TDN were 461 and 497 g/day. The dry matter, crude protein and neutral detergent fiber digestibility were 52.89, 47.12 and 42.37; 54.36, 49.63 and 54.95; 36.96, 34.22 and 3282%, respectively, for the corn meal diet (that presented the largest coefficients), cassava meal and cactus meal. The results for the intake and digestibility revealed a good potential of dried grapes residue diets combined with different energy sources available in the Northeast of Brazil. Key-word: cassava meal, corn grain, cactus meal, nutritious value 18 Introdução Em decorrência da irregularidade na oferta quantitativa e qualitativa dos recursos forrageiros da região semi-árida do Nordeste brasileiro, devido às altas variações climáticas, a produtividade animal no trópico semi-árido brasileiro é bastante comprometida. Assim sendo, o uso de alternativas alimentares (resíduos agroindustriais, bancos de proteína, fenos, silagens e concentrados), têm sido freqüentemente recomendados para criadores da região, no intuito de suprir a deficiência nutricional dos seus rebanhos (Souto et al., 2001). O consumo voluntário é destacado por Noller e Nascimento (1982), como fundamental para determinar o desempenho animal, pois é o primeiro fator influenciador do ingresso de nutrientes, principalmente, energia e proteína, necessários ao atendimento das exigências de mantença e produção animal. Segundo Mertens (1994), 60 a 90% das variações na qualidade entre forrageiras e desempenho animal são atribuídas às diferenças em consumo, enquanto 10 a 40%, às diferenças em digestibilidade dos nutrientes. Euclides et al. (1999), relataram correlações altamente positivas entre o consumo e o ganho de peso de bovinos em pastejo. A regulação de ingestão de alimento pelos ruminantes é feita principalmente por dois processos: distensão ruminal e densidade energética (Mertens, 1987). Todavia, Raymond (1969), comenta que nas forragens com baixo teor de proteína na matéria seca (MS) (4 a 6%), o consumo seria limitado pela baixa disponibilidade de compostos nitrogenados para os microorganismos do rúmen. Barros et al. (1997), citaram que a qualidade do alimento depende fundamentalmente de seu valor nutritivo e da taxa de consumo voluntário. Este último 19 exerce peso muito forte na qualidade do alimento podendo tornar-se um fator limitante, mesmo que o valor nutritivo se apresente satisfatório. Segundo Araújo (2003), os estudos das formas de utilização dos resíduos agroindustriais, a exemplo do subproduto da indústria do vinho, desidratado ou ensilado, poderá garantir um bom aporte de nutrientes para os animais, principalmente no período de maior escassez de forragem, podendo esses nutrientes serem convertidos em produtos nobres como o leite e a carne. O resíduo de vitivinícolas possui bons teores de proteína bruta e carboidratos totais, 14,77 e 66,00%, respectivamente (Dantas et al., 2004), porém, a digestibilidade da proteína bruta do resíduo de uva oriundo da produção de suco é baixa (Lima & Leboute, 1986), que ainda destacaram baixos teores de energia para o resíduo. O elevado coeficiente de digestibilidade e a riqueza em energia, principalmente carboidratos solúveis, destacada para o milho, mandioca e palma forrageira, os condicionam como recursos potenciais para garantir um bom aporte deste componente nutricional, que quantitativamente é o mais importante. A digestibilidade constitui outro importante parâmetro do valor nutritivo de um determinado alimento (Oliveira et al., 1991). Ao longo do tempo, vários ensaios com diversas forrageiras têm sido conduzidos com ovinos, caprinos e bovinos para medir o consumo e avaliar a digestibilidade dessas forrageiras. Para Barros et al. (1997), a digestibilidade é a capacidade do alimento em permitir que o animal utilize seus nutrientes em menor ou maior escala e que vários fatores podem interferir nos coeficientes de digestibilidade dos alimentos, principalmente, a maturidade da planta, quando se trata de forrageiras, exercendo um efeito negativo sobre a digestibilidade dos nutrientes, principalmente, em função da redução no teor de proteína e do aumento da lignificação da parede celular. Assim, medidas de 20 digestibilidade têm contribuído significativamente, para o desenvolvimento de sistemas, a fim de se descrever o valor nutritivo dos alimentos. Com a realização deste trabalho, objetivou-se avaliar a combinação do resíduo desidratado de vitivinícolas a três fontes energéticas em dietas para ovinos terminados em confinamento, e seus efeitos sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes. 21 Material e Métodos O experimento foi realizado no período de abril a maio de 2004, no Setor de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, situado às margens da Br 428, km 152 da rodovia Petrolina - Lagoa Grande-PE, a uma latitude de 09º09”S, longitude de 40º22”W, altitude de 365,5m e média pluviometrica anual de 570 mm, com temperaturas médias anuais de máximas e mínimas de 32,46 e 20,87ºC, respectivamente. Foram utilizados 18 ovinos sem padrão racial definido, não castrados, com idade aproximada de sete meses e 21,8 kg de peso vivo, oriundos de sistemas extensivos de produção em caatinga e distribuídos num delineamento experimental em blocos casualizados com três tratamentos e seis repetições, considerando o peso como fator de controle. Antes de iniciar o experimento, os animais foram previamente identificados com brincos numerados, vermifugados, pesados, sorteados em seus tratamentos e mantidos em baias individuais contendo água, alimento e mistura mineral à vontade, sendo as baias submetidas a limpezas periódicas. Foram avaliadas três dietas, formuladas com base nas exigências nutricionais para ovinos em engorda com 30 kg de peso vivo e ganho de peso esperado de 200 g diário, segundo NRC (1975), para um consumo de 4,3% do peso vivo de MS e teores de 11,0% de PB e 64% de NDT na MS total da dieta. As dietas foram compostas de resíduo desidratado de vitivinícolas como volumoso, combinado aos concentrados energéticos que seguem: grão de milho moído (Zea Mays), raspa de Mandioca (Manihot esculenta) enriquecida com 1,8% de uréia e farelo de Palma forrageira (Opuntia ficus) enriquecido com 1,1% de uréia, com uma 22 relação volumoso:concentrado 50:50. O enriquecimento das dietas com uréia foi feito com o objetivo de torná-las isoprotéicas. O resíduo foi doado pela Vitivinícola Santa Maria LTDA, resultante do processamento das uvas para a produção de vinho, sendo basicamente composto de casca, semente e polpa. O grão de milho moído, a raspa de mandioca e o farelo de palma foram produzidos no Setor de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, após secagem e trituração de seus respectivos materiais de origem, o milho em grão, os tubérculos da mandioca e a palma “in natura”. As dietas foram fornecidas à vontade duas vezes ao dia, às 8 e 15 horas, durante todo o período experimental, ajustando-se uma sobra diária de aproximadamente 20% do oferecido por animal. A composição química-bromatológica dos ingredientes e das dietas é mostrada nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Tabela 1. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHOT), lignina (LN) e digestibilidade “in vitro” da MS (DIVMS), dos ingredientes utilizados na formulação das dietas, expressos na matéria seca Resíduo de Grão de milho Raspa de Farelo de vitivinícolas moído mandioca palma MS 90,60 89,20 89,43 89,00 MO 87,72 97,04 95,64 81,05 MM 12,28 2,95 4,36 18,05 PB 17,00 8,46 8,19* 8,50** FDN 60,36 15,46 16,42 40,90 FDA 52,19 5,18 10,89 31,87 EE 5,15 6,66 0,58 0,70 CHOT 65,57 81,93 92,06 76,25 LN 22,00 0,61 2,05 3,88 DIVMS 30,00 76,53 62,83 60,72 Parâmetros (%) *Raspa de mandioca + 1,8% de uréia ** Farelo de palma + 1,1% de uréia 23 Tabela 2. Composição percentual das dietas e os respectivos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHOT), lignina (LN) e NDT, expressos na matéria seca 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de grão de 50% de raspa de 50% de farelo de milho moído mandioca palma MS 89,90 90,01 89,80 MO 92,38 91,68 84,38 MM 7,61 8,32 15,16 PB 12,73 12,60 12,75 FDN 37,91 38,39 50,63 FDA 28,68 31,54 42,03 EE 5,90 2,86 2,92 LN 11,30 12,02 12,94 CHOT 73,75 78,81 70,91 NDT 45,73 43,31 40,00 Parâmetros Para a determinação do consumo e dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes das dietas, foi realizado um ensaio de digestibilidade que constou de 14 dias de adaptação e cinco dias de coleta total de fezes. No período de coletas, diariamente foram feitas anotações da quantidade de alimento oferecido e sobras para cada animal, além de amostragem dos ingredientes oferecidos e das sobras. As fezes foram coletadas em sacolas adaptadas aos animais nos cinco dias do período de coleta, às 8 e às 14 horas, sendo, em seguida, registrado o peso. Todo o material coletado (oferecido, sobras e fezes) foi colocado em sacos plásticos devidamente identificados e guardados em freezer para posteriores análises. 24 Para os ingredientes oferecidos, sobras e fezes, foram feitas amostras compostas das coletas diárias referentes ao período de digestibilidade composto por cinco dias, por animal. As análises de matéria seca, matéria orgânica, matéria mineral, proteina bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, extrato etéreo e lignina foram realizadas no Laboratorio de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os coeficientes de digestibilidade foram calculados por: (Nutriente Ingerido – Nutriente Excretado / Nutriente Ingerido) x 100 (Silva e Leão, 1979). Os carboidratos totais (CHOT) foram obtidos pela equação, 100 - (%PB + %EE + %MM), o consumo de nutrientes digestiveis totais (NDT) foi calculado segundo Sniffen et al. (1992) pela equação cNDT = (cPB – PBf) + 2,25 (cEE – EEf) + (cCHOT – CHOTf), em que cPB, cEE e cCHO significam, respectivamente, consumo de PB, EE e CHOT enquanto PBf, EEf e CHOTf referem-se as excreções de PB, EE e CHO nas fezes, e os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) das dietas pela relação entre a ingestão de matéria seca e NDT, segundo Veras et al. (2000). As variáveis estudadas foram interpretadas por análise de variância e teste de Duncan, utilizando-se o SAS (2004) com níveis de 5% de probabilidade. 25 Resultados e Discussão Verificou-se que a fonte energética associada ao resíduo desidratado de vitivinícolas afetou (P<0,05) os consumos de matéria seca (MS) e matéria orgânica (MO) em g/dia, %PV e g/UTM, com valores superiores para as combinações de resíduo e farelo de palma e resíduo e grão de milho moído em relação a raspa de mandioca (Tabela 3). Diversos são os trabalhos existentes na literatura visando a avaliação da substituição do milho por derivados da mandioca (cascas, raspas, farinhas de varredura, resíduos de farinheiras etc) com os mais variados resultados em bovinos. Porém, com ovinos, os resultados encontrados na literatura dão conta de uma menor aceitabilidade pela raspa em relação a outros ingredientes, o qual foi observado por Araújo et al. (2001), relatando consumos decrescentes com o aumento de participação da raspa de mandioca na dieta, e reforçado no presente trabalho, onde a menor aceitabilidade pela raspa de mandioca se refletiu em reduções de 22,12, 15,80 e 17,44 % para CMS em g/dia, %PV e g/UTM, respectivamente em relação ao grão de milho moído e 36,84, 32,16 e 33,67% em relação ao farelo de palma (Tabela 3). Mertens (1994) considera a FDN um dos principais fatores controladores do consumo de MS pelos ruminantes. No entanto, neste trabalho os maiores teores de FDN se fazem presentes nas dietas com maior ingestão de MS (Tabela 3). Desta forma, a explicação mais provável para as diferenças no consumo entre as dietas, parece está mais ligado a outro importante mecanismo destacado por Mertens (1994), o psicogênico, que envolve a resposta animal a fatores relacionados ao alimento ou ambiente, tais como cheiro, sabor, textura, cor etc. 26 A semelhança no consumo de MS e MO entre as dietas que combinam o resíduo com o grão de milho moído e com o farelo de palma, está de acordo com os resultados obtidos por Veras et al. (2002), avaliando o consumo de dietas com quatro níveis de substituição do milho pelo farelo de palma e sem alteração do consumo. Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV), para o consumo expresso em g/dia, %PV e g/UTM da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) extrato etéreo (EE) 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de grão de 50% de raspa de 50% de farelo de milho moído mandioca palma CMS (g/dia) 888 a 785 b 1123 a 21,61 CMS (%PV) 3,84 a 3,67 b 4,87 a 18,71 CMS (g/UTM) 84,34 a 79,12 b 107,37 a 18,71 CMO (g/dia) 850 a 721 b 1062 a 22,54 CMO (%PV) 3,65 a 3,38 b 4,22 a 19,44 CMO (g/UTM) 80,97 a 72,49 b 92,04 a 20,10 CPB (g/dia) 115 b 133 ab 160 a 22,75 CPB (%PV) 0,48 b 0,60 ab 0,70 a 19,38 CPB (g/UTM) 10,72 b 13,20 ab 15,53 ab 19,83 CEE (g/dia) 58,00 a 33,00 b 43,00 b 28,40 CEE (%PV) 0,24 a 0,15 b 0,18 b 22,67 CEE (g/UTM) 5,41 a 3,30 b 4,10 b 22,59 Parâmetros CV (%) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente a 5% de significância pelo teste de Duncan. Os consumos de MS em %PV e g/UTM obtidos para a associação resíduo e farelo de palma de 5,41 e 119,29, respectivamente, são superiores aos encontrados por Correia (2001), com valores médios de 4,2% PV e 95,6 g/UTM com níveis crescentes do resíduo de abacaxi fenado e, superiores aos encontrados por Cunha et al. (2004), com ovinos confinados e alimentados a base de resíduo de abacaxi fenado, obtendo valores 27 de 4,6 %PV e 102,9 g/UTM. Já Lousada Júnior et al. (2002), obtiveram consumo de MS de 1,4, 3,5 e 3,4 %, com ovinos recebendo dietas exclusivas dos subprodutos de acerola, maracujá e melão, respectivamente. O NRC (1985) recomenda um consumo de MS de 51,02 g/UTM para a manutenção de ovinos de 25 kg de peso vivo, portanto, atendido pelas três combinações avaliadas neste trabalho (Tabela 3). Lima e Leboute (1986) obtiveram baixo consumo de MS em caprinos e ovinos alimentados exclusivamente com resíduo de uva, verificando ingestão média de 35,6 g/UTM, havendo aumento significativo com a adição de feno de alfafa em níveis crescentes. Os mesmos autores observaram que o resíduo puro é de baixo consumo voluntário, o que também foi observado por Dantas et al. (2004), alimentando carneiros exclusivamente com o resíduo de vitivinícolas e obtendo consumo de 53,3 g/UTM. Porém, quando misturado a outros ingredientes, Lima e Leboute (1986) revelaram que o consumo total de MS não foi afetado, o que é comprovado no presente trabalho pelos bons índices de ingestão de MS observados para as misturas avaliadas. O consumo de PB sofreu efeito (P<0,05) da fonte energética associada ao resíduo. Os animais que receberam as combinações de resíduo e farelo de palma e resíduo e raspa de mandioca ingeriram maior quantidade de PB em g/dia, %PV e g/UTM do que aqueles que receberam resíduo e grão de milho moído. Apesar das dietas serem isoprotéicas, os animais exerceram uma forte seleção alimentar e apresentaram ainda um comportamente seletivo diferenciado entre eles, em função provavelmente da individualidade do animal e da composição heterogênea do resíduo, o que pode justificar as diferenças no consumo de PB. Os consumos de PB para as três combinações avaliadas indicam que os requerimentos recomendados pelo NRC (1985), para a manutenção de ovinos com 25 28 kg de peso vivo, que é de 31,8 g/dia, foram totalmente atendidos, porém, os requerimentos de ingestão de PB para um ganho diário de 200 g, ou seja, 143 g/dia, atendidos somente na combinação de resíduo e farelo de palma. O consumo de PB em g/UTM para as dietas de resíduo e raspa de mandioca e resíduo e farelo de palma 13,20 e 15,53, respectivamente (Tabela 3), ficaram acima dos valores de 8,1 g/UTM obtidos por Zeoula et al. (1995), com bagaço hidrolisado e caroço de algodão, e 12,0 g/UTM para níveis crescentes de dejetos de suínos obtidos por Perez et al. (1998), e são inferiores aos valores de 48,17 g/UTM observada para o feno do resíduo do abacaxizeiro (Silva et al., 2004), e 17,06 g/UTM para o feno de maniçoba + resíduo fenado de abacaxi (Cunha et al., 2004), todos subprodutos de agroindústrias ou alimentos alternativos. Quanto ao consumo de EE, a maior ingestão ocorreu na associação de resíduo e farelo de milho. Este resultado é explicado pela maior concentração de EE na referida dieta (Tabela 2), o que naturalmente proporcionou maior consumo de EE nesta dieta e menor consumo para as demais. O máximo consumo das frações de FDN e FDA (Tabela 4) ocorreu para a dieta de resíduo e farelo de palma 675 e 545 g/dia, respectivamente, sendo estatisticamente superior (P<0,05) as outras duas combinações, resultado da maior ingestão total de MS e maior concentração de FDN e FDA nesta combinação (Tabelas 2 e 3). Os dados médios de consumo de FDN e FDA para as três dietas avaliadas são superiores aos encontrados por Araújo et al. (2001) com níveis crescentes de feno de maniçoba, 290 g de FDN, Dantas et al. (2004), com alimentação exclusiva de resíduo de vitivinícolas, 236 e 212 g para FDN e FDA respectivamente, e inferiores aos obtidos por Souto et al. (2001), para níveis crescentes de feno de erva-sal 586 g/dia de FDN. 29 As maiores ingestões dos carboidratos totais (P<0,05) também ocorreram para a combinação de resíduo e farelo de palma com valores de 820 g/dia, 4,68 %PV e 78,14 g/UTM, ficando acima dos observados por Souto et al. (2001), obtendo média de 651 g para níveis crescentes de feno de erva sal, Araújo et al. (2001) obtendo média de 575 g para níveis crescentes de feno de maniçoba, e Dantas et al. (2004) com 281 g para alimentação exclusiva com o resíduo de vitivinícolas, todos em ovinos sem padrão racial definido e confinados. Tabela 4. Médias e coeficientes de variação (CV), para o consumo expresso em g/dia, %PV e g/UTM da fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT) e nutrientes digestíveis totais (NDT) 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de resíduo 50% de grão de 50% de raspa de + 50% de farelo CV (%) milho moído mandioca de palma CFDN (g/dia) 417 b 383 b 675 a 20,56 CFDN (%PV) 1,79 b 1,77 b 2,94 a 16,10 CFDN (g/UTM) 39,27 b 38,36 b 64,42 a 16,91 CFDA (g/dia) 302 b 361 b 545 a 21,63 CFDA (%PV) 1,38 b 1,68 b 2,36 a 17,39 CFDA (g/UTM) 28,37 b 36,26 b 51,89 a 18,49 CCHOT (g/dia) 718 a 536 b 820 a 23,30 CCHOT (%PV) 4,14 a 3,38 b 4,68 a 19,44 CCHOT (g/UTM) 70,05 a 53,86 b 78,14 a 23,44 461 a 340 b 497 a 25,30 Parâmetros CNDT (g/dia) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente a 5% de significância pelo teste de Duncan. A exemplo da maioria dos outros nutrientes, houve menor ingestão diária (P<0,05) de NDT para a combinação de resíduo e raspa de mandioca (340 g), ficando 30 59% abaixo do recomendado pelo NRC (1985), que é de 830 g/dia para um ganho esperado de 200 g/dia. As outras combinações apresentaram consumo de NDT semelhantes (P>0,05), porém, com valores também abaixo dos recomendados pelo NRC (1985), havendo déficit de 44 e 40% no atendimento dos referidos requerimentos para as associações de resíduo com o grão de milho moído e farelo de palma, respectivamente. Esses resultados aliados aos de outros estudos, têm revelado a dificuldade de atendimento das necessidades energéticas em sistemas com uso de alguns recursos forrageiros disponíveis regionalmente e/ou alternativos. Os coeficientes de digestibilidade foram influenciados (P<0,05) pelo concentrado energético associado ao resíduo de vitivinícolas (Tabela 5). A digestibilidade aparente da MS, EE, FDN e FDA para a dieta contendo grão de milho moído foi superior (P<0,05) à verificada para as dietas de raspa de mandioca e farelo de palma, que por sua vez não diferiram entre si (P>0,05). Esses resultados são confirmados pelos resultados de digestibilidade “in vitro” da matéria seca apresentados na Tabela 1, com superioridade para o grão de milho moído em relação as outras fontes de energia. Muitos resultados encontrados na literatura mostram semelhança e/ou pequena variação entre a digestibilidade do milho e os derivados da raiz de mandioca, sempre com elevados coeficientes de digestibilidade dos nutrientes para os dois concentrados. Digestibilidade alta para a palma forrageira, também foi destacada por Santos et al. (1997), relatando altos níveis de carboidratos solúveis e riqueza em energia, porém, a associação desses ingredientes energéticos ao resíduo de vitivinícolas que apresenta baixa digestibilidade “in vitro” da matéria seca (Tabela 1), reduziu os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e consequentemente dos nutrientes (Tabela 5). Os coeficientes de digestibilidade da MS, obtidos no presente estudo para as três dietas estão dentro da faixa dos coeficientes relatados por Barros et al. (1997), em uma 31 vasta revisão sobre o assunto, podendo ser considerados regulares, uma vez que digestibilidades regulares ou mesmo baixas são características comuns dos resíduos agroindustriais e de muitas forrageiras das regiões semi-áridas. Tabela 5. Médias e coeficiente de variação (CV), para o coeficiente de digestibilidade (CD), da matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE) e carboidratos totais (CHOT) 50% de resíduo 50% de resíduo + 50% de resíduo + + 50% de grão 50% de raspa de 50% de farelo de de milho moído mandioca palma CDMS 52,89 a 47,12 b 42,37 b 14,03 CDPB 54,36 a 49,63 a 54,95 a 13,40 CDEE 78,95 a 67,38 b 67,85 b 8,85 CDFDN 36,96 a 34,22 b 32,82 b 7,08 CDFDA 35,89 a 31,40 b 29,17 b 10,02 CDCHO 49,04 a 46,02 a 41,46 a 14,30 Parâmetros (%) CV (%) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente a 5% de significância pelo teste de Duncan. Quanto a digestibilidade da fibra, representada nas frações de FDN e FDA, observaram-se para as três combinações avaliadas baixos coeficientes, que podem ser explicados pela elevada concentração de lignina no resíduo (Tabela 1), caracterizando uma baixa qualidade desta fibra. Lima e Leboute (1986), também observaram baixa digestibilidade da fibra para o resíduo de uva processada para a produção de suco, obtendo valores de 28,08 e 27,44 % para ovinos e caprinos, respectivamente. Van Soest (1994) e Barros et al. (1997), apontam a lignificação da parede celular como o principal fator de indigestibilidade das forragens. Martin (1997), alerta que os subprodutos agroindustriais como fonte de fibra precisam ser utilizados com cuidado e examinados 32 quanto a constituição fibrosa. Esta geralmente está associada a um maior ou menor teor de lignina, a qual forma compostos não assimiláveis pelos microorganismos ruminais. Os coeficientes de digestibilidade da PB e dos CHOT não foram influenciados (P>0,05) pelo concentrado energético. A adição de uma fonte de nitrogênio nãoprotéico (uréia) em duas combinações testadas, pode ter equilibrado os coeficientes de digestibilidade. Gonzaga Neto et al. (2001), também observaram semelhança entre os coeficientes de digestibilidade da PB em duas dietas a base de feno de catingueira e acrescidas de uréia. Os coeficientes de digestibilidade da PB obtidos neste trabalho são inferiores aos reportados por Araújo et al. (2001), para níveis crescentes de feno de maniçoba com média de 61,44%. As digestibilidades encontradas na literatura para os concentrados energéticos utilizados neste trabalho são elevadas, porém, a associação com o resíduo de vitivinícolas reduziu a digestibilidade da proteína, talvez em função da indisponibilidade da proteína relatada por Lima e Leboute (1986) e Barros (1997) para o resíduo de uva, que atribuem a baixa digestibilidade da proteína à associações a taninos da uva. 33 Conclusão A formulação de dietas com o resíduo desidratado de vitivinícolas em combinação ao grão de milho moído, a raspa de mandioca e ao farelo de palma, mostrou boa capacidade de aporte de nutrientes para ovinos em confinamento, não comprometendo o consumo no nível de 50% de participação estudado, porém, comprometendo a digestibilidade, possivelmente em função do alto teor de lignina do resíduo. 34 Referências Bibliográficas ARAÚJO, G.G.L. de. 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V.24 (1), 1995. p.39-48. 38 CAPÍTULO III Desempenho e avaliação econômica da terminação de ovinos em confinamento alimentados com dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas associado a diferentes fontes energéticas Resumo Avaliaram-se os efeitos de dietas combinando o resíduo de vitivinícolas a diferentes fontes energéticas, sobre o ganho de peso diário, a conversão alimentar, o peso e rendimento de carcaça e relação de benefício/custo das dietas em ovinos terminados em confinamento. Foram utilizados 18 ovinos machos com idade aproximada de sete meses, sem padrão racial definido, com peso vivo médio inicial de 23,0 kg e distribuídos num delineamento em blocos casualizados com três tratamentos e seis repetições. O período experimental constou de 63 dias, sendo as dietas compostas de 50% de volumoso (resíduo de vitivinícolas) e 50% de concentrados energéticos: grão de milho moído (Zea mays), raspa de mandioca (Manihot esculenta) enriquecida com 1,8% de uréia e farelo de palma forrageira (Opuntia ficus) enriquecido com 1,1% de uréia, em que todos os ingredientes tiveram seu custo de produção estimados. Os animais foram pesados a cada sete dias e abatidos ao final do experimento. Os ganhos de peso médio diários foram de 117, 71 e 132g; a conversão alimentar 9,50, 13,28 e 11,30; os pesos de carcaça quente 14,36, 11,75 e 14,65 kg e a relação de benefício custo 0,68, 0,61 e 1,01, respectivamente para as combinações resíduo e grão de milho moído, raspa de mandioca e farelo de palma. O melhor desempenho e menor custo obtido para a associação resíduo de vitivinícolas e farelo de palma proporcionou os melhores indicadores financeiros. As médias diárias de ganho de peso vivo obtido pelos ovinos ao longo do período de engorda revelaram um bom potencial forrageiro do resíduo de vitivinícolas combinado as diferentes fontes energéticas. Palavras-chave: avaliação econômica, carcaça, conversão alimentar, ganho de peso 39 Performance and economic evaluation of sheep in feedlot termination fed with dried grapes residue diets associated with different energy sources Abstract It was evaluated the effect of diets combined wiht dried grapes residue to different energy sources to the dairy weight gain, food conversion, weight and carcass percent and diets cost and benefit analysis of sheep in the feedlot termination. It was used eighteen male sheep with of seven months of age, non-defined breed, weighting initialy 23.0 kg distributed in blocks randomized in three treatments and six repetitions. The experimental period was 63 days, using three diets composed with 50% of dried grapes residue and 50% of energies concentrate: corn grain (Zea mays), cassava meal (Manihot esculenta) enriched with 1,8% of ureia and cactus (Opuntia ficus) enriched with 1,1% of ureia. All the diets ingredients had their cost production evaluated. The animals were weighted every seven days and slaughtered at the end of the experiment. The dairy weight gain were 117g, 71g and 131g, respectively, for each diet. The food conversion was 9.50, 13.28 and 11.30 and the hot carcass weight were 14.36 kg, 11.75 kg and 14.65 kg. The benefit cost analysis were R$ 0.68, 0.60 and 1.25, respectively, for the dried grapes residue with corn meal, grapes residue with cassava meal and grapes residue with cactus meal. The best performance and the cheaper diet (benefit cost analysis) was the association with dried grape residue with cactus meal. The average of dairy weight gain of the sheep during the feedlot termination revealed a good potential roughage of the dried grapes residue combined to different energy sources. Key-words: economic evaluation, carcass, food conversion, weight gain 40 Introdução A pecuária na região Nordeste do Brasil é caracterizada pelos baixos índices de produtividade dos rebanhos. Embora apresente elevado potencial de consumo de gêneros alimentícios de origem animal, a região se caracteriza como grande importadora destes produtos em virtude dos baixos índices de produtividade, que estão muito aquém daqueles observados em outras regiões brasileiras (Vasconcelos, 2002). Parece indiscutível que as limitações climáticas que assolam a região semi-árida constituem o principal fator de restrição da produção dos rebanhos. Guimarães Filho et al. (2000), comentam que no semi-árido nordestino a produção de forragens é deficiente e existem grandes variações na sua disponibilidade ao longo do ano, causando sérios prejuízos ao desempenho dos rebanhos que dependem basicamente da caatinga. Além disso, a evolutiva degradação antrópica vem reduzindo ainda mais o alimento disponível para os animais nos meses secos do ano. Barros et al. (1997), relataram que borregos mantidos em pastagem nativa perderam peso (10 g/animal/dia). Os resíduos agroindustriais segundo Oliveira (2003), representam um recurso alimentar passível de aproveitamento na alimentação dos ruminantes. Alerta que a exploração desses resíduos é pequena e empírica, gerando poluição ambiental em função do montante de sobras produzido. Na região do Vale do São Francisco, o resíduo de vitivinícolas está sendo em grande parte desperdiçado, podendo segundo Araújo (2003), ser aproveitado na alimentação animal sob as formas de feno ou silagem, o que poderá garantir um bom aporte de nutrientes para os animais, principalmente no período de maior escassez de forragem, que poderão converter na forma de carne ou leite, uma excelente fonte de proteína. Comenta ainda que poderia se beneficiar a produção familiar do caprinoovinocultor, garantindo o aumento de sua renda pelo aumento da produtividade. 41 A terminação de ovinos exclusivamente a pasto praticado na maioria das propriedades rurais do semi-árido nordestino tem-se mostrado ineficaz em grande parte dos sistemas de produção, pois este processo está submetido a irregularidade na disponibilidade de forragem da caatinga, o que leva a longos períodos para os animais alcançarem o peso ao abate. Por outro lado, há uma grande demanda insatisfeita de carne ovina, requerendo com isso, práticas voltadas para o aumento da produtividade da espécie e oferta de seus produtos. O acabamento de ovinos em confinamento tem recebido nos últimos anos uma crescente adoção, frente aos benefícios que traz esta prática, principalmente pela redução do tempo ao abate, maior eficiência no controle sanitário, melhor qualidade das carcaças e peles e manutenção da oferta no período de escassez de forragens, buscando atender a constante demanda nesse período, como também um melhor preço pago pelo produto. Barros et al. (1997), relataram que os animais mantidos em semi-confinamento apresentaram ganho em peso de 42 g/animal/dia. Por outro lado, nos animais confinados, o ganho variou de 44 a 267 g/animal/dia, permitindo concluir que a terminação de cordeiros em confinamento, no Nordeste do Brasil, pode ser utilizada para aumentar a oferta de carne e pele. Os alimentos concentrados e volumosos são, provavelmente, os itens que mais contribuem para os custos de produção de ovinos no Nordeste brasileiro, representando 77% dos custos operacionais de criações em confinamento (Carvalho, 2000), sendo de extrema importância o conhecimento das relações de custo com esses ingredientes e os benefícios em desempenho animal, que verdadeiramente determinam a viabilidade da prática. 42 Para Restle e Vaz (1999), a apreciação econômica dos custos com alimentação dentro do sistema de confinamento torna-se importante, pois nem sempre a melhor resposta biológica representa a melhor resposta econômica. Com a realização deste trabalho objetivou-se avaliar a combinação do resíduo desidratado de vitivinícolas a diferentes fontes energéticas em dietas para ovinos terminados em confinamento, sobre o ganho de peso, conversão alimentar, o peso e rendimento de carcaça e a relação de benefício/custo das dietas. 43 Material e Métodos O experimento foi realizado no período de junho a agosto de 2004, no Setor de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, situado às margens da Br 428, km 152 da rodovia Petrolina - Lagoa Grande,PE, a uma latitude de 09º09”S, longitude de 40º22”W, altitude de 365,5m e média pluviometrica anual de 570 mm, com temperaturas médias anuais de máximas e mínimas de 32,46 e 20,87ºC, respectivamente. Foram utilizados 18 ovinos sem padrão racial definido, não castrados, com idade aproximada de sete meses, sem padrão racial definido e oriundos de sistemas extensivos de produção em caatinga, com peso vivo médio inicial de 23 kg e distribuídos num delineamento experimental em blocos ao acaso com três tratamentos e seis repetições, considerando o peso como fator de controle. Antes de iniciar o experimento, os animais foram previamente identificados com brincos numerados, vermifugados, pesados, sorteados em seus tratamentos e mantidos em baias individuais contendo água, alimento e mistura mineral a vontade, sendo as baias submetidas a limpezas periódicas. Foram avaliadas três dietas, formuladas com base nas exigências nutricionais para ovinos em engorda com 30 kg de peso vivo e ganho de peso esperado de 200 g diário, segundo NRC (1975), para um consumo de 4,3% do peso vivo de MS e teores de 11,0% de PB e 64% de NDT na MS total da dieta. As dietas foram compostas de resíduo desidratado de vitivinícolas como volumoso, combinado aos concentrados energéticos que seguem: grão de milho moído (Zea Mays), raspa de mandioca (Manihot esculenta) enriquecida com 1,8% de uréia e farelo de palma forrageira (Opuntia ficus) enriquecido com 1,1% de uréia, com uma relação volumoso:concentrado 50:50. O enriquecimento das dietas com uréia foi feito com o objetivo de torná-las isoprotéicas. 44 O resíduo foi doado pela Vitivinícola Santa Maria LTDA, e é resultante do processamento das uvas para a produção de vinho, sendo basicamente composto de casca, semente e polpa. O grão de milho moído, a raspa de mandioca e o farelo de palma foram produzidos no Setor de Nutrição Animal da Embrapa Semi-Árido, após secagem e trituração de seus respectivos materiais de origem, o milho em grão, os tubérculos da mandioca e a palma “in natura”. As dietas foram fornecidas à vontade duas vezes ao dia, às 8 e 15 horas, durante todo o período experimental, ajustando-se uma sobra diária de aproximadamente 20% do oferecido por animal. A composição química-bromatológica dos ingredientes e das dietas é mostrada nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Tabela 1. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO), lignina (LN) e digestibilidade “in vitro” da MS (DIVMS), dos ingredientes utilizados na formulação das dietas, expressos na matéria seca Resíduo de Grão de milho Raspa de Farelo de vitivinícolas moído mandioca palma MS 90,60 89,20 89,43 89,00 MO 87,72 97,04 95,64 81,05 MM 12,28 2,95 4,36 18,05 PB 17,00 8,46 8,19* 8,50** FDN 60,36 15,46 16,42 40,90 FDA 52,19 5,18 10,89 31,87 EE 5,15 6,66 0,58 0,70 CHO 65,57 81,93 86,87 76,25 LN 22,00 0,61 2,05 3,88 DIVMS 30,00 76,53 62,83 60,72 Parâmetros (%) *Raspa de mandioca + 1,8% de uréia ** Farelo de palma + 1,1% de uréia 45 Tabela 2. Composição percentual das dietas e os respectivos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO), lignina (LN) e NDT, expressos na matéria seca 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de resíduo 50% de grão de 50% de raspa de + 50% de farelo milho moído mandioca de palma MS 89,90 90,01 89,80 MO 92,38 91,68 84,38 MM 7,61 8,32 15,16 PB 12,73 12,59 12,75 FDN 37,91 38,39 50,63 FDA 28,68 31,54 42,03 EE 5,90 2,86 2,92 LN 11,30 12,02 12,94 CHO 73,75 76,22 70,91 NDT 45,73 43,31 40,00 Parâmetros Para a determinação do consumo de MS foram feitas pesagens diárias e coletas semanais do oferecido e sobras, e para o .ganho de peso vivo diário considerado num período de desempenho de 63 dias, foram feitas pesagens no início do experimento e a cada 7 dias. A conversão alimentar foi obtida pela relação entre o consumo de MS e o ganho de peso total no período experimental. Após o encerramento do período de desempenho, todos os animais foram submetidos a um jejum de sólidos e líquidos de 24 e 16 horas, respectivamente, em seguida pesados para a determinação do peso ao abate (PA) e imediatamente abatidos. Foi obtido o peso de carcaça quente (PCQ) e após seu resfriamento em câmara frigorífica a 40 C por 24 h, o peso de carcaça fria (PCF). Foram determinados o 46 rendimento de carcaça quente = (PCQ/PA)x100, o rendimento de carcaça fria = (PCF/PA)x100 e a quebra por resfriamento = (PCQ – PCF/PCQ) x 100. As dietas foram submetidas a uma avaliação econômica, sendo que os custos das mesmas para cada animal foram estimados multiplicando-se a quantidade consumida de cada ingrediente pelo seu respectivo custo. Considerou-se que o preço de mercado de um quilo de raspas de mandioca foi equivalente a 80% do quilo do milho grão (Cavalcanti e Lopes Filho, 2000). Para o custo de utilização do resíduo de vitivinícolas foi estimado o preço de aquisição na agroindústria, custo por Km percorrido e manejo do carrego e secagem do material. Para o farelo de palma foi utilizado o custo de produção de um kg de MS de palma no Campo Experimental da Caatinga da Embrapa Semi-Árido (R$ 0,20/kg de MS) e o custo operacional efetivo de produção do farelo segundo Bade et al., (2004 ) considerando a mão-de-obra para colheita, carregamento e descarregamento do caminhão, trituração do material na máquina forrageira e secador, recolhimento e trituração da palma seca (R$ 0,08/ kg de MS). Para o preço médio do peso vivo do quilo de ovinos, adotou-se o valor de R$ 2,00/kg de peso vivo. Para calcular a relação benefício/custo e a análise de sensibilidade de benefício/custo das dietas, seguiu-se o exposto em Gitman (1997), considerando cenários com diferentes preços do resíduo de vitivinícolas, grão de milho moído, raspa de mandioca e farelo de palma. As variáveis estudadas foram interpretadas por análise de variância e teste de Duncan, utilizando-se o SAS (2004) com níveis de 5% de probabilidade. 47 Resultados e Discussão Observa-se que o tipo de concentrado energético associado ao resíduo de vitivinícolas influenciou (P<0,05) o ganho de peso diário dos animais aos 21, 42 e 63 dias, com maiores respostas em ganho de peso para os animais alimentados com as dietas compostas por resíduo e grão de milho moído e resíduo e farelo de palma, que por sua vez não diferiram (P>0,05) entre si (Tabela 3). Porém, em valores numéricos, a diferença em gramas entre as dietas que não foram significamente diferentes, pode representar redução no tempo de confinamento e, segundo Barros et al. (1997), o tempo de confinamento é um dos principais fatores que determinam a viabilidade da prática, e que quanto menor for o tempo de confinamento maior será a rentabilidade. Tabela 3. Médias e coeficiente de variação (CV), do ganho diário de peso vivo, expressos em gramas por dia (g/dia) aos 21 (GPVD21), 42 (GPVD42), e 63 (GPVD63), do consumo de matéria seca total (CMST) e da conversão alimentar da matéria seca (CAMS), além dos pesos vivo inicial (PVI), final (PVF) e ganho de peso total (GPVT) no período de 63 dias de confinamento 50% de resíduo + 50% de resíduo + 50% de resíduo 50% de grão de 50% de raspa de + 50% de farelo milho moído mandioca de palma PVI (kg) 23,7 21,4 24,1 - PVF (kg) 31,0 25,8 32,5 - GPVD21 (g/dia) 87 a 47 b 93 a 41,87 GPVD42 (g/dia) 152 a 63 b 124 a 23,03 GPVD63 (g/dia) 117 a 71 b 132 a 26,53 GPVT(kg) 7,37 4,47 8,40 - CMST(kg) 68,4 b 57,10 c 95,0 a 27,13 CMS (g/dia) 1085 906 1508 - CPB (g/dia) 129 139 220 - CCHOT (g/dia) 846 691 1157 - 9,28 a 12,77 c 11,30 b 13,01 Parâmetros CAMS CV (%) 48 Provavelmente, o maior consumo de MS, PB e CHOT obtido para as combinações de resíduo e grão de milho moído e resíduo e farelo de palma (Tabela 3), proporcionou melhor desempenho dos animais em função de uma maior disponibilidade de nutrientes para o metabolismo, tomando por base que, segundo Mertens (1994), 60 a 90% das diferenças no desempenho animal é função do consumo e 10 a 40% é função da digestibilidade. Mendes Neto et al. (1998) comentaram que normalmente nos confinamentos os maiores ganhos de peso são obtidos em função de um maior consumo. Menor aporte de energia em função de uma menor ingestão de MS e CHOT (Tabela 3) pode ter ocorrido para a combinação de resíduo e raspa de mandioca, sendo que a energia é o componente nutricional, ressaltado na literatura de mais difícil atendimento com o uso de muitos recursos forrageiros e resíduos agroindustriais disponíveis no semi-árido nordestino. Os resultados médios de ganho de peso diário obtidos neste trabalho (106 g) são superiores aos obtidos por Pilar et al. (1998), alimentando ovinos com silagem de milho + bagaço de mandioca e obtendo ganhos médios diários de 49 g, Araújo et al. (2001), obtendo ganhos de 44 g para níveis crescentes de feno de maniçoba e Carvalho et al. (1995), com ganhos médios de 66 g para níveis crescentes de casca de café. Porém, são inferiores aos ganhos obtidos com alimentos alternativos citados por Perez et al. (1998), obtendo valores de 216 g/dia submetendo ovinos Santa Inês a níveis crescentes de dejetos de suínos, e Cunha et al. (2004), reportando ganhos de 231 e 173 g com ovinos Santa Inês, respectivamente, para resíduo de abacaxi fenado + feno de maniçoba e resíduo de abacaxi ensilado + fenos de capim elefante e de maniçoba. As dietas foram formuladas para um ganho diário de 200 g/dia, segundo o NRC (1985), no entanto, em nenhuma das dietas testadas o referido ganho foi alcançado. Esse 49 comportamento pode estar relacionado ao baixo nível de consumo médio de energia, que em experimento anterior com os mesmos animais e dietas, ficou em 432 g/NDT/dia, ou seja, atendendo somente em 52% as recomendações do NRC (1985). Logo, esse fator nutricional associado a um menor potencial genético dos animais utilizados, pode explicar os menores desempenhos. Todavia, vale ressaltar que os ganhos de peso obtidos neste estudo para o tipo de animal e ingredientes utilizados na formulação das dietas são considerados satisfatórios, uma vez que a maioria dos concentrados energéticos utilizados são oriundos de culturas com boas respostas produtivas e adaptativas a região semi-árida, como a palma e a mandioca. Destaca-se ainda o bom desempenho do volumoso, por tratar-se de um subproduto da indústria do vinho, que até então vinha tendo um aproveitamento parcial, o que garante com esta iniciativa, além da possibilidade de uso de um recurso volumoso alternativo, a retirada do ambiente de um material que pelo volume atualmente gerado e pelas perspectivas futuras, poderá se tornar em um montante com reflexos danosos ao ambiente. A conversão alimentar da MS sofreu efeito (P<0,05) da fonte energética da dieta (Tabela 3), com maior eficiência para a combinação do resíduo com o grão de milho moído, seguido pelo farelo de palma e raspa de mandioca. Diversos resultados têm indicado diferenças na taxa de conversão alimentar, a partir de diferenças no teor energético da ração (Euclides Filho et al., 1996). Segundo Neumann (1977), maior densidade energética resulta em maior ingestão de energia, por conseguinte, menos alimento é requerido para o ganho de peso, o que pode ter ocorrido no presente trabalho, onde os melhores resultados de conversão foram obtidos para as dietas com grão de milho moído e farelo de palma, as quais apresentaram as maiores ingestões de NDT observadas no experimento anterior. A maior eficiência de conversão alimentar do grão 50 de milho moído em relação à raspa de mandioca, assemelha-se aos resultados obtidos por Pilar et al. (1998), que observaram redução significativa da conversão alimentar da matéria seca com a substituição do milho pelo bagaço de mandioca. A análise estatística revelou que a fonte energética combinada ao resíduo desidratado de vitivinícolas afetou (P<0,05) o desempenho dos animais, que apresentaram maiores pesos vivo ao abate, peso de carcaça quente e fria recebendo as combinações de resíduo e grão de milho moído e resíduo e farelo de palma, em relação à raspa de mandioca (Tabela 4). A menor ingestão de MS e CHOT observada para a dieta que contém raspa de mandioca comparada aos outros ingredientes energéticos, levou a um menor aporte de energia e, conseqüentemente, menor desenvolvimento corporal. No entanto, não foi observada diferença significativa (P>0,05) entre as dietas para o rendimento de carcaça quente e fria. Tabela 4. Médias de peso vivo ao abate (PVA), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça quente (RCQ), peso de carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF) e quebra por resfriamento (QR) de ovinos terminados em confinamento com resíduo desidratado de vitivinícolas associado a diferentes fontes de energia Parâmetros PVA (kg) PCQ (kg) RCQ (%) PCF (kg) RCF (%) QR (%) 50% de resíduo + 50% de grão de milho moído 29,18 a 14,36 a 49,18 a 13,95 a 47,77 a 2,85 a 50% de resíduo +50% de raspa de mandioca 24,15 b 11,75 b 48,66 a 11,25 b 46,62 a 4,25 b 50% de resíduo + 50% de farelo de palma 30,30 a 14,65 a 48,42 a 14,11 a 46,67 a 3,68 b CV (%) 9,99 10,07 3,69 9,89 3,76 15,81 Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente a 5% de significância pelo teste de Duncan. Para a quebra por resfriamento, a menor perda (P<0,05) foi verificada para a combinação entre resíduo e grão de milho moído (2,87%), ficando acima dos valores verificados por Figueiró (1979) e Alcadea Aldea e Sierra Alfranca (1993), que 51 obtiveram valores de 1,2 e 0,5%, respectivamente, porém, dentro da faixa aceitável recomendada por Sañudo e Sierra (1996) que é de 2 a 4 %. O menor valor de quebra por resfriamento para a associação do resíduo com o grão de milho moído e resíduo com o farelo de palma, pode estar relacionado a uma possível maior presença de gordura nos animais alimentados com estas dietas em função das maiores ingestões de MS, PB e CHOT registradas (Tabela 3). Os rendimentos médios de carcaça quente obtidos no presente trabalho (48,75%), aproximaram-se aos valores obtidos por Garcia et al.(1997), com rendimentos de 50,1% para cordeiros ¾ Suffolk alimentados com alta concentração energética, e são superiores aos encontrados por Garcia et al. (1998), com rendimentos de 43,47 % para ovinos Santa Inês alimentados com pedúnculo de caju seco. Já Perez et al. (1998), avaliando características de carcaça de cordeiros Santa Inês e Bergamácia, com diferentes níveis de dejetos de suínos nas dietas, obtiveram valores de 53,00 % para as duas raças, ficando acima dos valores encontrados neste trabalho, que são considerados bons por aproximarem-se a dados citados em pesquisas realizadas com raças especializadas para a produção de carne. As quantidades consumidas de MS e o ganho em peso vivo foram maiores para a combinação entre resíduo desidratado de vitivinícolas e farelo de palma (Tabela 5). O menor custo desta dieta e o melhor desempenho animal proporcionaram os melhores indicadores financeiros, que ficaram em R$ 1,97 para o custo de produção de um quilo de peso vivo e 1,01 para a relação benefício/custo (Tabela 6). No presente trabalho a melhor resposta biológica coincidiu com a melhor resposta econômica, uma vez que, segundo Restle & Vaz (1999), nem sempre isso acontece, o que foi confirmado por Araújo et al. (2002), relatando que a maior eficiência alimentar da dieta contendo 38,29 % de feno de erva-sal ("Atriplex nummularia Lindl.") associado 52 a melancia forrageira ("Citrullus lanatus") e a raspa de mandioca não garantiu os melhores indicadores financeiros. Tabela 5. Custos e quantidades consumidas dos ingredientes das dietas e custos das dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas com diferentes fontes energéticas para ovinos sob confinamento, período de 63 dias Custos dos ingredientes das dietas, R$/kg de matéria seca (MS) Grão de milho moído¹ 0,57 Farelo de palma¹ + 1,1% de uréia 0,29 Raspa + 1,8% de uréia 0,45 Resíduo de uva 0,06 Res.2+ grão de Res.2 + raspa de Res.2 + farelo milho moído mandioca de palma Quantidades consumidas (kg de MS) Grão de milho moído 34,20 0,00 0,00 Farelo de palma 0,00 0,00 47,50 Raspa de mandioca 0,00 28,55 0,00 Resíduo de uva 34,20 28,55 47,50 Total 68,40 57,10 95,00 Custos total (R$/ kg de MS) Grão de milho moído 19,49 0,00 0,00 Farelo de palma 0,00 0,00 13,77 Raspa de mandioca 0,00 12,84 0,00 Resíduo de uva 2,05 1,71 2,85 Total (R$) 21,54 14,55 16,62 R$/kg de MS 0,31 0,25 0,17 1. Com 89% de MS, segundo análises realizadas no laboratório de nutrição animal da Embrapa Semi-Árido. 2. Resíduo desidratado de vitivinícolas. Já Vasconcelos et al. (2004), avaliando a engorda de ovinos ½ Dorper ½ Santa Inês com capim elefante e proporções crescentes de concentrado em relação ao peso vivo 1,5, 2,5 e 3,5 %, constataram que o nível de concentrado mais elevado (3,5 %) proporcionou o melhor resultado econômico em função do melhor desempenho dos animais. Resultados semelhantes obtiveram Clementino et al. (2004), trabalhando com níveis crescentes de concentrado na engorda de ovinos, observando melhor desempenho animal e melhor resultado econômico para as dietas que continham maiores custos em função dos maiores níveis de concentrados. Estes resultados demonstram a importância das 53 avaliações econômicas para um conhecimento mais acurado sobre o desempenho econômico da atividade como um todo. Para que as dietas de inferior resposta biológica tivessem relações de benefício/custo positiva, seria necessária uma redução no custo do grão de milho moído e da raspa de mandioca superior a 35,60 e 45,00%, respectivamente. A redução de mais de 30,00% no preço da raspa de mandioca parece ser cenário provável em algumas épocas do ano e regiões do Nordeste brasileiro, o que poderá permitir sua utilização nas dietas. Sua utilização, no entanto, deverá considerar a disponibilidade do produto e a necessidade de ganho de peso, posto que, os ovinos alimentados com a dieta contendo essa fonte energética alcançaram ganho de peso 39,35% inferior ao obtido com a dieta contendo grão de milho moído e 46,21% ao da dieta que utilizou o farelo de palma. Tabela 6. Ganho de peso vivo, receitas e indicadores financeiros da relação benefício/custo de dietas contendo resíduo desidratado de vitivinícolas com diferentes fontes energéticas para ovinos sob confinamento, período de 63 dias Res.+ grão de Res. + raspa de Res. + farelo de milho moído mandioca palma Ganho de peso vivo total (kg) 7,37 4,47 8,40 Receita1, R$ 14,74 8,94 16,80 Indicadores financeiros 2 Beneficio /Custo Total da Dieta 0,68 0,61 1,01 Custo de produção de um quilo3, R$ 2,92 3,25 1,97 1. Receita = Ganho de peso vivo total x R$ 2,00. 2. Benefício = Receita. 3. Custo de produção de um quilo = Custo Total da Dieta/ Ganho de Peso Total. Quanto ao grão de milho moído, observou-se para esse ingrediente os maiores custos para produzir um quilo de peso vivo, estando este fato relacionado diretamente ao elevado preço no mercado desta fonte energética (Tabela 5). A maior relação benefício/custo de 1,01 obtida para a dieta composta de resíduo de vitivinícolas e farelo de palma é superior as obtidas por Carvalho (2000), que 54 alimentaram ovinos, com peso médio variando entre 15 a 20 kg, com rações contendo capim elefante, farelo de feno de alfafa e dejetos desidratados de suínos em diferentes proporções, obtendo relações de benefício/custo de 0,55. As relações benefício/custo obtidas com o confinamento de ovinos recebendo dietas contendo raspa de mandioca, melancia forrageira e diferentes níveis de feno de erva-sal para confinamento de ovinos, obtidas por Araújo et al. (2001), foram maiores que as obtidas neste trabalho, obtendo média de 1,57. A viabilidade econômica da utilização do farelo de palma associado ao resíduo desidratado de vitivinícolas depende do custo de produção da palma, que deverá ser inferior a R$ 0,20 / kg de MS de palma. 55 Conclusões A associação do resíduo desidratado de vitivinícolas do Vale do São Francisco a fontes energéticas disponíveis regionalmente mostrou ser uma boa alternativa, possibilitando bons desempenhos em ganho de peso e rendimentos de carcaça de ovinos em sistema de confinamento. O resíduo desidratado de vitivinícolas associado ao farelo de palma mostrou ser mais eficiente economicamente do que o grão de milho moído e a raspa de mandioca, proporcionando uma maior relação de benefício/custo. 56 Referências Bibliográficas ALCALDE ALDEA, M.J.; SIERRA ALFRANCA, I. 1993. Acabado de corderos merinos extremeños en cebadero: Pesos, Crescimentos, Rendimentos y valor del quinto quarto. Archivos de zootecnia, 42(157). ARAÚJO, G.G.L. de. 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