30 13 de Novembro 2014 correiodominho.pt VOZ da Justiça europe direct João Gonçalves * UMA NOVA NARRATIVA PARA A EUROPA Quais são as principais alterações do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para o próximo ano? EUROPA | ALZIRA COSTA F COORDENADORA DO CENTRO DE INFORMAÇÃO EUROPE DIRECT BARCELOS oi das cinzas da Segunda Guerra Mundial que nasceu uma nova esperança no Continente Europeu. Os que haviam resistido ao totalitarismo durante a guerra, estavam agora determinados a pôr fim aos antagonismos nacionais e a criar condições para uma paz duradoura. Entre 1945 e 1950, um punhado de estadistas corajosos, como Robert Schuman, Konrad Adenauer, Alcide de Gasperi e Winston Churchill, empenhou se em persuadir os seus povos a iniciarem uma nova era. Novas estruturas, baseadas em interesses comuns e assentes em tratados que garantissem o primado da lei e a igualdade das nações, iriam ser criadas na Europa Ocidental. Robert Schuman (Ministro dos Negócios Estrangeiros francês) retomou uma ideia originalmente lançada por Jean Monnet e, a 9 de Maio de 1950, propôs a fundação de uma Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Colocar sob uma autoridade comum, a Alta Autoridade, a produção de carvão e de aço de países outrora inimigos era um ato pragmático mas simultaneamente de elevado valor simbólico. Com ele, as matérias primas da guerra transformavam-se em instrumentos de reconciliação e de paz. Assim surge o primeiro passo na construção de uma União Europeia (UE). Sobre o mote da unificação do Continente Europeu, o cumprimento de objetivos políticos torna-se o fim que se ambiciona atingir, através da cooperação económica. São de fato realçáveis os valores humanitários e progressistas preservados na UE, fundados numa visão da humanidade e num modelo de sociedade apoiados pela grande maioria dos seus cidadãos. Os direitos humanos, a solidariedade social, a livre iniciativa, a justa distribuição dos frutos do crescimento económico, o direito a um ambiente protegido, o respeito pela diversidade cultural, linguística e religiosa e uma síntese harmoniosa entre a tradição e o progresso constituem para os europeus um precioso património de valores. O projeto europeu é pois, para nós, um constante projeto em construção, mas um grande sucesso se o analisarmos à luz da sua motivação inicial: paz no continente europeu (“o projeto de integração europeia nasceu, como uma fénix, das cinzas da primeira e segunda guerra mundiais. Há 100 anos, a Europa perdeu a sua alma nos campos de batalha e nas trincheiras”, in Uma Nova Narrativa para a Europa). Contudo, esta perspetiva de paz é efetivamente categórica para os cidadãos europeus que vivenciaram o período das grandes guerras ou o pós grandes guerras, com uma Europa em destroços. Para as gerações mais recentes, onde a paz é um “dado adquirido” esta versão histórica não gera o sentimento de pertença e comunhão que seria ambicionado. Nasce assim o projeto “Uma Nova Narrativa para a Europa”. E em que se baseia este projeto? “Uma Nova Narrativa para a Europa” foi o desafio lançado a artistas, intelectuais, cientistas, representantes do mundo académico e a cidadãos europeus em geral, a refletirem em conjunto, sobre a história, os valores, os símbolos e os aspetos culturais que unem os europeus, e com isso, a imprimirem um novo fôlego ao espírito europeu através de uma nova visão para a Europa. «Porquê uma nova narrativa para a Europa? Não porque tenhamos deixado de ser fiéis àquilo que constitui a razão de ser da Comunidade Europeia e da União Europeia. Essa razão de ser continua, obviamente, a ser válida. Mas porque penso que necessitamos, no início do século XXI, de continuar a contar a história da Europa, sobretudo às novas gerações, que já não se identificam muito com a atual narrativa. Quando lemos um livro, também não podemos ficar pelas primeiras páginas, por mais belas que sejam. Temos de continuar a contar a história: continuar a escrever o livro no presente e no futuro. Por isso Centro de Informação Europe Direct de Barcelos Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Campus do IPCA - Lugar do Aldão 4750-810 Vila Frescaínha S. Martinho - Barcelos Contactos Gerais Telefone: 253 802 201 Email: [email protected] Web: www.ciedbarcelos.ipca.pt Facebook: www.facebook.com/cied.barcelos Twitter: https://twitter.com/CIEDBarcelos Flickr: http://www.flickr.com/photos/ciedbarcelos precisamos de uma nova narrativa para a Europa» (discurso de Durão Barroso, 23 de abril de 2013). O projeto europeu não tem apenas a ver com cooperação económica, trata-se igualmente de conciliar as diferentes culturas e aspirações europeias, que são uma fonte de grande vitalidade para o continente. Daqui resulta a contribuição deste grupo de artistas, intelectuais e cientistas. Para um futuro sustentável é indispensável contar a participação empenhada de todos os setores da sociedade. O que significa a Europa para mim? Que significado deve ter para os cidadãos? Por que precisamos atualmente de uma Europa cultural? Como deverá a nova narrativa para a Europa ser partilhada pelos cidadãos europeus? Estas são algumas das questões que até março de 2015 serão trabalhadas para construirmos uma “Uma Nova Narrativa para a Europa”. Participe no debate, «porque cada um de nós pode ser (mais) cidadão». Relativamente ao IMI o próximo ano traz más e boas notícias. A má notícia é que vai desaparecer a cláusula de salvaguarda que vinha travando a subida deste imposto. Na verdade, esta cláusula, que limitava em 75 euros o aumento do imposto, não foi inscrita na proposta de orçamento para 2015, o que equivale a dizer que vai terminar. Assim, e para os prédios que foram sujeitos a reavaliação, o aumento do imposto será inevitável, e significativo. As boas notícias indicam que em 2015 é alargada a base de incidência da isenção do IMI, que passa a incluir as partes de prédios urbanos usados como complemento da habitação, como os arrumos, despensas e garagens. Além disso, o limite máximo do rendimento bruto do agregado familiar, para efeitos da isenção, passa para 2,3 vezes o valor anual do IAS (indexante dos apoios sociais), que hoje é de 2,2. Até agora a isenção abrangia famílias com rendimento anual até 14.630 euros, a partir de 2015 este limite será de 15.295 euros anuais, desde que o valor patrimonial dos imóveis não exceda os 66.500 euros, e passa a ser tido em conta o rendimento bruto total do agregado familiar, qualquer que seja o seu enquadramento para efeitos de IRS. * Advogado