REGINA FRUTUOSO TEIXEIRA AVALIAÇÂO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTE DE SAÚDE : um estudo de caso na área de Reabilitação, em Niterói, RJ Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção de Grau de Mestre. Área de Concentração: Produção do Espaço Urbano. Linha de Pesquisa: Produção e Gestão do Espaço Urbano Orientador: Prof. Dr. Sérgio R. Leusin de Amorim Co-orientador: Prof. Dr. Mauro Santos Niterói 2005 1 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. REGINA FRUTUOSO TEIXEIRA AVALIAÇÂO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTE DE SAÚDE : um estudo de caso na área de Reabilitação, em Niteroi, RJ Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção de Grau de Mestre. Área de Concentração: Produção do Espaço Urbano. Linha de Pesquisa: Produção e Gestão do Espaço Urbano Aprovada em 22 de agosto de 2005. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________________________ Prof. Sérgio R. Leusin de Amorim, D.Sc. (Orientador) - UFF _____________________________________________________________________________ Prof. Dr. Mauro Santos, D.Sc. ( Co-Orientador) - UFRJ _____________________________________________________________________________ Prof. Sheila Walbe Ornstein, Ph.D. -USP Niterói 2005 2 AGRADECIMENTOS Ao professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFF, Sérgio Leusin de Amorin, pela atenção e orientação firme e segura ao longo deste trabalho. Á professora da UFF, Louise Land B. Lomando, pela amizade e generosa orientação e cooperação nas medições e análises de conforto acústico efetuadas na presente pesquisa. Ao professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (Proarq /FAU/UFRJ ) e do grupo de pesquisa e projeto Espaço Saúde, Mauro Santos pela orientação e contribuição na área de arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. À professora e especialista em avaliação pós-ocupação e coordenadora da área de ensino e de pesquisa em Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído e do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo – USP, Sheila Walbe Ornstein. Pessoalmente pela atenção dispensada e honrosa participação em nossa banca e, em nome da categoria profissional, pela inestimável contribuição para o campo disciplinar da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil. Sua obra tem sido de fundamental importância para o fomento das pesquisas e, portanto, de um melhor entendimento acerca das relações entre ambientes construídos e o bem estar de seus usuários, através do desenvolvimento e divulgação da metodologia de avaliação Pós- Ocupação. A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. A generosidade de toda a equipe da Associação Fluminense de Reabilitação, citando seus principais representantes: a presidente Srª Lisaura Machado Ruas, a diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas e Vice-presidente da AFR , Profª Leila Maria Alonso Gomes e administrador Dr. Telmo S. Hoelz. À CAPES pela bolsa de mestrado durante todo o período do curso. Aos colegas de turma, pelo companheirismo, e a todos que, de alguma forma, contribuíram para o êxito deste trabalho. 3 SUMÁRIO: RESUMO, p. 6 ABSTRACT, p. 7 LISTA DE FIGURAS, p. 8 1 INTRODUÇÃO, p. 12 1.1 APRESENTAÇÃO, p. 12 1.2 PROBLEMA/ CONTEXTO, p. 13 1.3 HIPÓTESE ,p. 19 1.4 OBJETIVOS, p. 19 1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA, p. 20 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO, p. 21 2 HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E PROJETO, p. 22 2.1 O CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE, p. 22 2.2 OS NOVOS PARADIGMAS EM ASSISTÊNCIA E A NOVA IMAGEM DOS HOSPITAIS, p. 27 2.3 O AMBIENTE HOSPITALAR COMO APOIO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE, p. 32 2.4 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO AMBIENTE E AS RELAÇÕES AMBIENTE –COMPORTAMENTO, p. 43 3. ESTUDO DE CASO, p. 47 3.1 DESCRIÇÃO DO OBJETO, p. 47 3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO, p. 55 3.2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES, p. 55 3.2.2 A APO APLICADA À PESQUISA, p. 57 3.2.2.1 Roteiro Metodológico, p. 58 3.2.2.2 Avaliação Comportamental, p. 62 3.2.1.3 Levantamento da População da AFR e Definição da Amostragem, p. 72 3.2.1.4 Avaliação Técnica, p. 72 3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL, p. 73 4 3.3.1 QUESTIONÁRIOS, p. 73 3.3.2 MAPAS COGNITIVOS., p. 98 3.3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DAS ENTREVISTAS COM SUPERVISORES, p. 104 3.4 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO TÉCNICA, p. 108 3.4.1 CONFORTO AMBIENTAL, p. 108 3.4.1.1 Conforto Acústico, p. 109 3.4.1.2 Ventilação/ Iluminação / Conforto Térmico, p. 114 3.4.2 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL, p. 116 3.4.2.1 Acessos e Circulações Verticais e Horizontais, p. 116 3.4.2.2 Dimensões Mínimas e Demais Aspectos Funcionais e Construtivos, p.119 3.5 ANÁLISE GERAL DA PESQUISA DE CAMPO, p. 124 3.5.1 HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE, p. 125 3.5.2 CONFORTO AMBIENTAL E ESTÉTICO, p. 127 3.5.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL, p. 128 3.5.4 ADEQUAÇÃO PSICO-SOCIAL E O VALOR TERAPÊUTICO DOS AMBIENTES DE ESPERA, p. 130 3.6 DIAGNÓSTICO GERAL, p. 132 3.6.1 ASPECTOS POSITIVOS DO AMBIENTE, p. 132 3.6.2 ASPECTOS NEGATIVOS DO AMBIENTE, p. 134 3.7 RECOMENDAÇÕES PARA O AMBIENTE ANALISADO, p. 135 3.7.1 CONFORTO AMBIENTAL / ACÚSTICO, 136 3.7.2 CONFORTO AMBIENTAL/ VENTILAÇÃO NATURAL E CALOR, 137 3.7.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ ACESSIBILIDADE, p. 138 3.7.4 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ DIMENSÕES E DEMAIS ASPECTOS, p. 139 3.8 DIRETRIZES PARA FUTUROS PROJETOS, p. 140 4. CONCLUSÃO , p. 144 5 . BIBLIOGRAFIA , p. 148 5 RESUMO No campo da Arquitetura Hospitalar, as dimensões simbólica, afetiva e psico-social do espaço têm sido preteridas em função de uma hipervalorização das dimensões técnicas e funcionais. Este paradigma, como demonstram diversas pesquisas, resultou em ambientes austeros, frios e impessoais. A presente pesquisa visa a uma reflexão acerca do tema, através da investigação de um estudo de caso. Com base no ferramental metodológico da Metodologia de Avaliação Pós- Ocupação do Ambiente Construído (APO) avalia-se um ambiente de saúde. O estudo de caso não trata de um ambiente produzido a partir de um projeto arquitetônico. Optou-se por um ambiente que foi sendo construído informalmente , em etapas, portanto, sem o controle do referido modelo de arquitetura hospitalar. Inicialmente, buscou-se saber se seus ocupantes estariam satisfeitos, em diversos aspectos e se há nele indícios de humanização. Verificou-se, também, se este espaço tem valor terapêutico e de que forma isto de dá. A partir das análises da APO, obteve-se um diagnóstico que fundamentou recomendações para alguns melhoramentos no edifício e diretrizes para projetos de ambientes de saúde, especialmente os que tiverem por objetivo atender à finalidades similares. 6 ABSTRACT In Healthcare Design área, symbolic, afective and psyco-social dimensions have been neglected, due to a hipervalorization of technical and funcional dimensions. This paradigm, as several researchs demonstrates, result in strict and indifeference environments. This research aim a reflexion about the subject, through a case study investigation. Based on methodological instrumental of Post-Occupancy Evaluation methodology was assessed a healthcare environment. Nevertheless, our case study is not about a environment framed, or designed, from an architectural project. We select an environment that had been built informaly, in steps, without the pattern of hospitalar architecture’s control. At first, we mean to know if their occupants were satisfied, in humanization. In addition, there was a verification if this environment has a therapeutic value and how is it go. Due to POE analysis, we achieve a diagnosis that validates recomentations to some improvement on the building and guidelines to heathcare design, especially those that claim to attend similar goals. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 : Vistas e Planta do Projeto do Hotel-Dieu, Paris, p. 14 Figura 2: Adaptação do diagrama de self-actualization , p. 24 Figura 3: Exemplo de hospital monobloco: Hospital Gastroclínicas, p. 28 Figura 4: Matriz biaxial relacionando aspectos de projeto quanto a predominância do paradigma do provedor , p. 30 Figura 5: Foto aérea do Norfolk & Norwich University Hospital, p. 35 Figura 6: Foto do átrio, Norfolk, p. 35 Figura 7: Interior do Hospital SARAH de Fortaleza, p. 36 Figura 8: Vista dos sheds Hospital SARAH Salvador, p. 36 Figura 9: O modelo Teórico de L. Levi para a Interface Psicosocial da Doença , p. 38 Figura 10: Diagrama resumido da APO, p. 44 Figura 11: Via de acesso à AFR, p. 47 Figura 12 : Fachada em 1983, p. 49 Figura 13 : Fachada em 1983, p. 49 Figura 14 : Fachada em 1985, p. 50 Figura 15: Construção da rampa em 1983, p. 50 Figura 16 : Construção da rampa em 1985, p. 50 Figura 17: Foto atual da rampa, p. 50 Figura 18: Fachada da Associação em fins de 1980, p. 51 Figura 19: Foto atual da fachada interna, p. 51 Figura 20: Fachada atual, p.51 Figura 21: Quadro de atendimentos por dia nos setores, p. 53 Figura 22: Fluxograma de desenvolvimento metodológico da APO/AFR, p. 59 Figura 23: Gráfico sexo por extrato, p.74 Figura 24: Gráfico- Faixa etária por extrato , p. 75 Figura 25: Gráfico- Faixa etária dos pacientes, p. 75 Figura 26: Gráfico- Escolaridade dos pacientes, p. 76 Figura 27: Gráfico relativo à pergunta 2.1, p. 76 8 Figura 28: Gráfico relativo à pergunta 2.2, p. 77 Figura 29: Gráfico relativo à pergunta 2.3, p. 77 Figura 30: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Pacientes, p. 78 Figura 31 : Gráfico relativo à pergunta 2.4-Acompanhantes, p. 78 Figura 32: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Profissionais , p. 78 Figura 33: Gráfico relativo a conceitos extraídos das respostas à pergunta 2.4, p. 79 Figura 34: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Pacientes, p. 80 Figura 35: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Acompanhantes, p. 80 Figura 36: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Profissionais, p. 80 Figura 37: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Pacientes, p. 81 Figura 38: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Acompanhantes, p. 81 Figura 39: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Profissionais, p. 81 Figura 40: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Pacientes, p. 83 Figura 41: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Acompanhantes, p. 83 Figura 42: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Profissionais, p. 83 Figura 43: Gráfico relativo à questão 2.8 – Profissionais, p. 85 Figura 44: Gráfico relativo à questão 2.8 – Acompanhantes, p. 85 Figura 45: Gráfico relativo à questão 2.8 – Profissionais, p. 85 Figura 46: Gráfico relativo ao conceito de humanização- O que é atendimento Humanizado? – Profissionais, p. 86 Figura 47: Gráfico relativo à pergunta dirigida aos profissionais: O ambiente físico pode ajudar no sentido da humanização? Como?, p. 87 Figura 48: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Pacientes, p. 88 Figura 49: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Acompanhantes, p. 88 Figura 50: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Pacientes, p. 89 Figura 51 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Acompanhantes, p. 89 Figura 52 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Pacientes, p. 90 Figura 53 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Acompanhantes, p. 90 9 Figura 54: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Pacientes, p. 91 Figura 55 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Acompanhantes, p. 91 Figura 56 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Pacientes, p. 92 Figura 57 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras DistraçõesAcompanhantes, p. 93 Figura 58: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes-Pacientes, p. 93 Figura 59 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes – Acompanhantes, p. 94 Figura 60: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário – Pacientes, p. 94 Figura 61 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário – Acompanhantes, p. 94 Figura 62 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza – Pacientes, p. 95 Figura 63 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza – Acompanhantes, p. 95 Figura 64 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação – Pacientes, p. 96 Figura 65 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação – Acompanhantes, p. 96 Figura 66: Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Orientação Espacial/Comunicação visual - Pacientes, p. 97 Figura 67: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Orientação Espacial/Comunicação visual - Acompanhantes,p. 97 Figura 68: Mapa Cognitivo – Criança 1, p. 98 Figura 69 : Mapa Cognitivo – Criança 2, p. 99 Figura 70 : Mapa Cognitivo-Criança 3, p. 100 Figura 71: Mapa Cognitivo- Adolescente 1- o espaço como é hoje , p. 101 Figura 72 : Mapa cognitivo- Adolescente 1- situação ideal, p. 101 Figura 73: Mapa Cognitivo -Adolescente 2, p. 101 10 Figura 74: Mapa Cognitivo - Adulto 1, Desenho feito pela senhora Adulto 1 revelando suas impressões acerca do lugar, p. 102 Figura 75: Mapa Cognitivo- Adulto 2- situação atual , p. 103 Figura 76: Mapa Cognitivo- Adulto 2-situação desejada, p. 103 Figura 77: Mapa Cognitivo- Adulto 3-situação atual, p. 103 Figura 78: Mapa Cognitivo- Adulto 3- conforme seu ideal de ambiente, p. 103 Figura 79: Fórmula de Sabine, p. 111 Figura 80: Localização das medições de pressão sonora no Térreo, p. 111 Figura 81: Localização das medições de pressão sonora no 1° Pav., 112 Figura 82: Espera e recepção, junto ao acesso principal. Materiais de baixa absorção acústica, p. 112 Figura 83: Ambiente do Ginásio. Acústica inadequada e conversação desejada, p. 113 Figura 84: Espera da Fonoaudiologia e Correção Postural: Luz natural e jardineiras, p. 114 Figura 85: “Praça” da cantina, entrada da recepção da Oficina Ortopédica, p. 114 Figura 86: Divisa esquerda: janelas do Ginásio para o terreno vizinho, p. 115 Figura 87: Interior do Ginásio: janelas para o vizinho, p. 115 Figura 88: Ambientes de espera: ambientes internos com janelas e aparelhos de A. C. instalados, p. 115 Figura 89: Chegada da rampa. Desnível, sem proteção, p. 118 Figura 90: Rampa com declividade acentuada e piso inadequado, p. 118 Figura 91 : Desnível no piso da espera do Ginásio, p. 118 Figura 92: Desnível entre a saída da rampa e “Praça”de TV, p. 118 Figura 93: Fisioterapia Geral . A privacidade é garantida através de cortinas, p. 119 Figura 94: Interior de um box, na fisioterapia Neuro-Infantil, p. 120 Figura 95 :Sala de Fisioterapia Neuro-Infantil. Pouco espaço, p. 120 Figura 96: Sala de terapia cupacional- Grupo, p. 121 Figura 97: Sala de terapia Ocupacional – Grupo, p. 121 Figura 98: Vão central descoberto, 123 Figura 99: Esperas da Fonoaudiologia e Correção Postural, pavimento Superior, p. 130 Figura 100: “Praça da Cantina” , p. 131 Figura 101: “Praça de TV”, p. 131 Figura 102: O pinheiro plantado na “Praça” de TV, p. 133 11 1. INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO Os ambientes de saúde, de uma maneira geral, despertam alguma forma de desconforto, especialmente insegurança, em quem se vê obrigado a utilizá-los. Talvez pelo fato de deixar-nos em uma situação que evidencia a condição de fragilidade da vida humana. Ou por seu estigma, provavelmente por ter abrigado, em sua origem, categorias que se desejava excluir do convívio social. Mas, sobretudo, o ambiente hospitalar remeter-nos à experiências pessoais, a memórias culturais, que associam-se a dor e ao sofrimento. É um desafio, que se apresenta à Arquitetura Hospitalar, produzir espaços de saúde agradáveis, mais humanizados, que amenizem as vivências que neles ocorrem. No entanto, os espaços de saúde podem apresentar estruturas extremamente complexas, como no caso dos hospitais, nos quais os diversos fatores intervenientes levam, em geral, ao predomínio da preocupação técnico-funcional no design destes espaços. Esta ênfase acaba por gerar espaços frios e impessoais, reforçando o aspecto negativo que, em geral está associado as vivências nestes ambientes. Um novo equilíbrio entre forma e função deve ser buscado no processo de produção dos ambientes de saúde. O conceito de função é ampliado, tornando-o capaz de incluir as necessidades psico-sociais dos usuários, de maneira realista. Pesquisas relacionando o ambiente físico e a promoção da saúde estão sendo desenvolvidas em importantes centros científicos, no exterior e no Brasil, visando um melhor entendimento da questão. Estes trabalhos apontam para a importância de uma revisão dos ambientes hospitalares pelo fato de que, comprovadamente, através de mecanismos psicológicos e bioquímicos, entre outros, o ambiente físico hospitalar tem a função terapêutica- contribui no processo de cura. 12 A experiência profissional no desenvolvimento de projetos de arquitetura de saúde, em reformas e ampliações e elaboração de novas unidades de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) do município de Niterói, deu origem aos questionamentos que motivaram a presente pesquisa. Ela se insere no movimento de busca por um novo lugar para as práticas de saúde. Com base em estudos científicos recentes e nos novos conceitos de promoção da saúde, pretende-se uma reflexão teórica e prática neste campo de conhecimento, através da análise de um ambiente de saúde, com a aplicação da Metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO), que oferece tratamentos na área de reabilitação. Demos ênfase à Relação Ambiente/ Comportamento (RAC), em razão dos objetivos da pesquisa. Pretende-se conhecer as características das relações entre pessoa-ambiente que se dão naquele espaço, identificar o que está de acordo com as necessidades dos ocupantes e quais são suas falhas. 1.2 PROBLEMA / CONTEXTO A arquitetura hospitalar tem como missão elaborar espaços que atendam às necessidades técnicas e funcionais da assistência em saúde. No entanto, a idéia de função tem se ampliado passando a incorporar às exigências técnico-funcionais, as necessidades de natureza subjetiva, psico-sociais, afetivas – vivenciais dos indivíduos. O edifício hospitalar tem se modificado, diretamente, por exigência das alterações ocorridas na ciência médica, buscando continuamente, reestruturar-se para incorporar de forma adequada, as transformações do próprio modelo de assistência médica. A idéia do hospital funcional e terapêutico, a inclusão do ambiente físico hospitalar na tecnologia médica, surge em consonância com as demandas da medicina moderna e científica nascida no final do século XVIII. No início de sua história, os hospitais passaram de locais destinados ao abrigo e atendimento, essencialmente espiritual, de pobres, velhos e moribundos a instituições de cura, formação e transmissão de conhecimento ( FOUCAULT, 1979). Um episódio ocorrido naquele período marcou o início desta mudança. Após o incêndio do Hôtel-Dieu de Paris, a pedido da Academia Real de Ciências da Casa Real de Luís XVI, uma 13 comissão é criada para fornecer subsídios para a reconstrução ou substituição daquele importante hospital. Nesta oportunidade, sob o comando do médico francês Tenon, inicia-se um inquérito sobre a situação dos hospitais na Europa, no qual foram utilizadas as novas práticas de investigação sistemática, através de viagens de observação comparativa de hospitais. Desenvolveu-se estudos empíricos nos quais tratava-se o hospital como um paciente que era examinado com vistas à um diagnóstico e correspondentes decisões terapêuticas. O resultado destas pesquisas revelou a precariedade das instalações analisadas, sobretudo quanto à estagnação do ar e a umidade, Figura 1 : Vistas e Planta do Projeto do Hotel-Dieu, Paris. Fonte Fernand, C. In: Silva K ( Silva, K.P. 2000). o que indicou a necessidade de uma nova organização espacial para os ambientes hospitalares. (FOUCAULT, 1979). A estrutura proposta por Tenon foi responsável pela introdução do partido pavilhonar, modelo que passou a orientar a construção dos hospitais europeus. Este previa a separação dos doentes por categorias de doença e sexo em pavilhões, dotados de enfermarias com núcleos de serviços próprios, ligados a uma unidade central através de eixos de circulação. Cada pavilhão deveria ter, o número máximo de três pavimentos. Esta estrutura permitia melhor eficácia operacional, ventilação cruzada e uma boa iluminação natural. Em meados do séc. XIX, a enfermeira inglesa Florence Nightingale colaborou para o aprimoramento dos ambientes das enfermarias, com base nos paradigmas sanitaristas. Rejeitou os longos corredores e posicionou os leitos lateralmente, ao longo de uma circulação central, onde era instalado o posto de enfermagem, facilitando o atendimento. As janelas altas, entre os leitos, ampliou o aproveitamento da luz e ventilação naturais. Este modelo de enfermaria, conhecido como “Enfermaria Nightingale” constituiu-se no elemento mais importante do corpo 14 do hospital pavilhonar. (MIQUELIN, 1992). No Brasil, até o início do século XX, predominaram as construções hospitalares de morfologia em ‘U’ ou quadrada, remanescente da influência renascentista européia na arquitetura hospitalar. Destacam-se como exemplos dessas construções as Santas Casas de Misericórdia, ligadas a instituições religiosas. Durante o séc XX, a medicina avançou em tecnologia e adotou o modelo biomédico, segundo o qual o foco era a doença, vista sob a ótica das especialidades médicas, demandando espaços dotados de zonas funcionais em torno de uma infra-estrutura central. Por outro lado, o desenvolvimento das tecnologias do concreto armado e do transporte vertical, favoreceram a verticalização do edifício hospitalar, surgindo o hospital monobloco, partido arquitetônico que permitiu economias na construção e posterior operação, com a racionalização dos sistemas de infra-estrutura. A linguagem do “Internacional Style” da arquitetura moderna do pós-guerra, se adequou com perfeição ao novo modelo de hospital: funcional, setorizado e padronizado (Verderber & Fine, 2000). Os estudos de Tenon inauguraram uma maneira de pensar o espaço do hospital que corresponde à matriz projetual funcionalista, com ênfase na prática médica, responsável pela arquitetura dos hospitais, que ainda hoje é predominante. A mesma lógica que estava por trás da concepção dos hospitais pavilhonares do século XIX e dos hospitais monobloco ou megahospitais, criados para responder aos extraordinários avanços tecnológicos do século XX ( SILVA, K.P. 2000). Tradicionalmente, os projetos arquitetônicos de saúde deram ênfase à referida eficiência funcional das práticas médicas, ao cumprimento de normas técnicas a adequação de custos. Recentemente, a filosofia da atenção à saúde tem mudado , passando a predominar o conceito de promoção da saúde (PAHO, 2004). Ele propõe um modelo de assistência humanizado, calcado na necessidade de autonomia e qualidade de vida do paciente. Este novo modelo aponta para a preocupação com as necessidades psico-sociais dos pacientes e coloca em questão o anterior, que gerou espaços com características institucionais estressantes e, portanto, insuficientes como suporte à um atendimento de qualidade. Em decorrência, a arquitetura do 15 espaço em saúde vem apresentando mudanças que buscam corresponder às atuais alterações do modelo de atenção médica, que vem se modificando de forma profunda. Estudos científicos estão sendo realizados no exterior e no Brasil, na busca do aprimoramento do design dos ambientes de saúde em função da nova perspectiva cujo foco central é o bem estar geral do paciente. Destacam-se as seguintes instituições: “Center for Health Systems and Design”, centro multidisciplinar ligado às escolas de arquitetura e medicina da Texas A&M University; “Planetree”, “The Center of Health and Design” e a International Academy for Design and Health” (IADH), no desenvolvimento e divulgação de pesquisas, envolvendo arquitetura e saúde na perspectiva da promoção da saúde. No Brasil, destaca-se o grupo Espaço e Saúde da PROARQ/ FAU, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este centro de estudos dedica-se a pesquisas sobre a Arquitetura da Saúde sob o enfoque da humanização da assistência. Os resultados de algumas destas pesquisas revelam informações importantes como demonstram os trabalhos do professor Roger Ulrich do “Center for Health Systems and Design”. Suas pesquisas demonstraram que pacientes estressados, quando expostos à imagens serenas como a de cenas da natureza, têm níveis de pressão sanguínea mais baixos que outros expostos à pinturas estimulantes ou nenhuma pintura. A privação sensorial originada pela falta de janelas nas unidades de terapia intensiva está associada a níveis elevados de ansiedade e depressão, além de altas taxas de delírio e psicoses temporárias. Estas pesquisas concluem que certas escolhas ou estratégias de projeto podem reduzir o estresse, a ansiedade, melhorar os resultados pós-operatórios, reduzir a necessidade de medicamentos analgésicos e o tempo de internação (ULRICH, 1992). Para Alan Dilani (2001) da IADH é importante que mais pesquisas sejam desenvolvidas para que se possa ampliar o conhecimento acerca dos impactos do ambiente físico sobre a recuperação dos pacientes e acredita que as necessidades psico-siociais dos pacientes estão se tornando cada vez mais importantes na criação dos ambientes de saúde. 16 ...research is needed to fully identify the impact of the physical environment, and more specifically hospital environmen, on health outcomes... Health promoting processes are becoming much more central as fators in the criation of new healthcare facilities. In this new paradigm, the focus is on the pacientes: along with their physical health needs the patients’ psychological and social needs of healthcare environments ( DILANI, 2001). As pesquisas apontam para a necessidade de uma nova diretriz conceitual de projeto, segundo uma lógica de ampliação do conceito de funcionalidade, visando um ambiente hospitalar mais humano, que cumpra a sua missão terapêutica de uma forma mais completa, em consonância com uma visão holística do ser humano. Por outro lado, o ambiente hospitalar permanece com o dever de atender à complexidade que seu programa exige, além de ser capaz de adaptar-se a uma demanda crescente por novas soluções técnicas de espaço, em função, por exemplo, do desenvolvimento das altas tecnologias de diagnóstico da medicina preventiva e das tecnologias de informação. No setor de gestão hospitalar cresce a consciência de que o design hospitalar humanizado, ou com características de suporte psicológico auxilia na diminuição do estresse que acompanha a doença. Esta forma de pensar é, em parte, o reconhecimento pragmático de que um espaço fraco em suportes psicológicos e, portanto estressante, é insatisfatório sob o ponto de vista mercadológico (ULRICH, R. 1992). A Humanização do espaço hospitalar tem reflexos nas práticas de gestão onde as necessidades do cliente tendem a ser priorizadas. Por outro lado, as organizações hospitalares, públicas ou privadas, têm características próprias que as distingue das demais diante da lógica de acumulação lucrativa dos mercados. As leis de mercado não se aplicam bem ao setor em face das necessidades humanas e prioridades não–mercantis, que se impõem independentemente dos custos de produção, valor de mercado e preços praticados (Júnior,G.D., Vieira, M.M.F.2002). As organizações de saúde estão inseridas num conjunto complexo e singular que as caracteriza, no qual evidenciam-se os interesses dos usuários-pacientes, que solicitam assistências diversas, os interesses dos profissionais de saúde e dos acionistas, no caso do 17 hospital privado. Acrescenta-se a pressão dos fornecedores de insumos, das empresas seguradoras e planos de saúde, além das exigências dos poderes formalmente constituídos, na gerência hospitalar e no governo, estes últimos enfatizam os objetivos técnicos e o alcance das metas programáticas das políticas de saúde. Segundo a arquiteta americana Janet R. Carpmam (1993), o design do espaço de saúde tem sido visto como um uma importante ferramenta de “marketing” na medida em que pode atrair ou não os pacientes em função da qualidade dos espaços oferecidos. Os hospitais estão se tornando competitivos, sobretudo, em função de mudanças no perfil dos pacientes. Há pouco tempo estes eram tratados como pessoas sem poder de escolha, em situação de desespero por tratamento médico. Hoje os pacientes são considerados sob uma nova ótica: como consumidores independentes, mais bem informados e, portanto, com maior capacidade de escolha. Como o tratamento médico tem sido aceito como mercadoria o consumidor procura estar mais bem informado, em conseqüência, as estratégias de “marketing” e a imagem dos hospitais passam a ser critérios importantes de seleção. A autora acrescenta ainda que, diferente da qualidade dos serviços médicos, a configuração física do ambiente é algo que pode ser facilmente compreendido e julgado pelo público como bom ou ruim. A importância de um aprimoramento do design do espaço de saúde, no sentido de sua humanização é, como vimos, por diversos aspectos, de fundamental importância. É, no entanto, um desafio, que cabe a nós da área de produção do espaço, tentar esclarecer de que forma o conceito de humanização do espaço, caracterizado pela necessidade de satisfação plena dos usuários, incluindo os diversos níveis de exigências, se transfere para o projeto. Como vimos, o aprimoramento dos ambientes de saúde no sentido de sua humanização é uma preocupação que, atualmente, está mobilizando arquitetos em todo o mundo. Haja visto a “2° Internacional Conference on Health and Design” ocorrida na Suécia em junho de 2000. O evento reuniu profissionais de diversas áreas ligadas à produção do espaço de saúde, em torno dos desafios que se apresentam na busca de espaços que correspondam à perspectiva focada no bem estar geral dos pacientes (DILANI, 2001). Conforme os diversos autores consultados em 18 nossa revisão bibliográfica, como os arquitetos Alan Dilani, Roger Ulrich, Stephen Verderber e David J. Fine, entre outros, estas abordagens subjetivas, que tornam os ambientes mais humanizados, podem ser elaboradas na forma de diretrizes de projetos de arquitetura e, desta forma aplicados ao design dos ambientes. Porém, trata-se de uma área de conhecimento que necessita ser ampliada e a avaliação de ambientes com a aplicação de pesquisas junto aos usuários tem colaborado neste sentido. 1.3 HIPÓTESE A presente pesquisa parte da hipótese geral de que o bem estar psico-social do usuário seja tão importante quanto o bem estar físico ambiental e que tanto a boa qualidade técnico/funcional quanto humana do ambiente físico de saúde possam ser alcançadas, na medida em que se incorpore a valorização do aspecto humano no processo de elaboração deste espaço. Com base nesta idéia busca-se uma reflexão acerca do tema, a partir de um conceitual teórico interdisciplinar e a observação empírica de ambientes construídos. 1.4 OBJETIVOS Esse trabalho visa a colaborar com a pesquisa no campo da arquitetura hospitalar a partir da análise de um espaço arquitetônico e tem como objetivo geral identificar diretrizes projetuais que possam orientar a produção de ambientes de saúde mais humanos. Como objetivo específico pretende-se avaliar a qualidade em humanização do ambiente analisado, através de uma metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO), bem como identificar os elementos que interferem nos resultados. Com base nas conclusões extraídas da análise, supomos ser possível propor recomendações para o aperfeiçoamento dos aspectos negativos e a permanência e valorização das qualidades encontradas. 19 Vale, no entanto, a ressalva de que a amostragem considerada é reduzida, tendo em vista o tempo e recursos disponíveis para o trabalho de campo e posterior análise, o que nos limita quanto a conclusões mais precisas e generalizadas. Espera-se, porém, que os dados extraídos deste recorte da realidade hospitalar, onde as relações entre o ambiente físico e a promoção da saúde acontecem, possam ser suficientemente relevantes. 1. 5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA No ambiente hospitalar, de uma forma geral, há uma hipervalorização das dimensões técnicas e funcionais. Os aspectos simbólicos, afetivo ou psico-sociais são preteridos, gerando espaços impessoais – desumanizados. Observa-se a necessidade de se amenizar os aspectos negativos das vivências no espaço hospitalar. A presente pesquisa justifica-se na medida em que busca novos conceitos projetuais que possam dotar este ambiente físico de um maior grau de qualidade e de humanização, que possibilite, além da fluidez técnica médico-terapêutica as demais dimensões inerentes à própria arquitetura. Conforme veremos no Capítulo 2, o ambiente físico exerce influência no processo de promoção da saúde. Como comprovam diversos estudos, um ambiente operacionalmente confortável e acolhedor, tanto para os pacientes quanto para os usuários em geral, quais sejam: acompanhantes, funcionários e profissionais de saúde , tem efeito terapêutico - promove a cura. Porém, de acordo com diversos autores, novas pesquisas devem ainda ser desenvolvidas na busca de maiores esclarecimentos acerca das relações entre os elementos do processo que relaciona promoção de saúde e produção do ambiente físico. Este trabalho utiliza a metodologia de APO, que reconhece a fundamental importância do ponto de vista do usuário na avaliação do ambiente. É uma metodologia que permite ajustes para uma melhor adequação ao estudo de caso. Neste sentido espera-se que as adaptações de uso e formatação das ferramentas utilizadas tenham alguma utilidade para pesquisas futuras. 20 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho estrutura-se da seguinte forma: Capítulo 1 Introdução, contendo o contexto e a problematização, os objetivos da pesquisa e sua justificativa e relevância. Capítulo 2 Neste capítulo apresentamos o conceitual teórico, a revisão bibliográfica que servirá de suporte teórico para a pesquisa. Capítulo 3 Este capítulo apresenta o estudo de caso. Está subdividido nas seguintes sessões: Descrição do Objeto; Descrição do Método; Avaliação Comportamental; Avaliação Técnica; Resultados Gerais, Diagnóstico e Recomendações para o Ambiente analisado Aqui descreve-se o objeto, a metodologia a ser utilizada e apresenta-se as ferramentas de coleta de dados. Descreve-se e justifica-se tanto a sua construção quanto aplicação. Posteriormente, efetua-se as análises e apresenta-se seus resultados parciais e geral, seguido de diagnóstico. Com base neste último, passa-se a recomendações para o ambiente analisado. Capítulo 4 Finalmente, com base no diagnóstico chega-se à conclusão, a recomendações gerais e a diretrizes para elaboração de projetos de arquitetura similares. 21 2 HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E PROJETO 2.1 O CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E OS NOVOS PARADIGMAS Os fundamentos do termo “humanização” dizem respeito a um novo paradigma filosófico e epistemológico, uma tendência que se opõe à postura positivista utilitária que super valoriza a os avanços da tecnologia em detrimento dos valores subjetivos humanos. A crise do paradigma dominante è o resultado interativo de uma pluralidade complexa (SANTOS, 2003) . O paradigma da ciência pós-moderna aponta para um diálogo com outras formas de conhecimento, não despreza o que produz a tecnologia, mas alia o desenvolvimento tecnológico à sabedoria de vida. Ainda de acordo com Boaventura Santos (2003), vivemos um período de transição marcado pela ambigüidade e complexidade que aponta para uma mudança de paradigma que pode ser identificada em diversas áreas das ciências, cada vez mais interdependentes. A palavra “humanização” está sendo freqüentemente empregada em publicações diversas como artigos de periódicos técnico-científicos, textos em jornais e demais mídias. Falase em humanização vinculada aos mais diversos assuntos e áreas de conhecimento e uma parte significativa do volume de matérias diz respeito à saúde. O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) define Humanização como: “...A humanização é entendida como valor na medida em que resgata o respeito à vida humana abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano... A complexidade de sua definição decorre de sua natureza subjetiva, visto que os aspectos que a compõem têm caráter singular e sempre se referem a pessoas e, portanto, a um conjunto contraditório necessidades” (BRASIL, 2001). Ainda segundo o Ministério da Saúde: humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética, em 22 outros termos, o sofrimento, a dor e prazer expressos pelos sujeitos em palavras necessitam ser reconhecidas pelo outro”( BRASIL, 2001). O termo “humanização, quando usado com foco na assistência à saúde, apresenta uma elaboração teórica já demonstrada em trabalhos científicos-acadêmicos, registrando-se uma grande variedade que demonstra elaboração conceitual e definição operativa. Observa-se, que na área da assistência à saúde, o termo “humanização” já pôde servir de base para a elaboração de políticas públicas e programas de assistência á saúde (DESLANDES, 2005). Ainda na busca de uma definição geral do termo “humanização, recorremos a um dos referidos artigos: “Um Projeto de Humanização: Para que, para quem?”disponível no Portal Humaniza1, de Fernando Cambranelli. Neste texto o autor cita Peter Sloterdijk quando este afirma que: “a palavra “humano” sempre evoca um contra quê, uma vez que constitui o empenho para retirar o ser humano da barbárie. É fácil entender porque as eras que tiveram suas experiências particulares com o potencial bárbaro que se libera nas interações de força entre os homens são justamente as épocas em que o chamado ao humanismo costuma ficar mais forte e premente. Falar do humano é portanto, falar do negativo que se pretende neutralizar,..." A busca por Humanização em saúde não é recente e, nos anos 1960, a arquitetura dos edifícios hospitalares começa a ser alvo da reação crítica que surge do emergente campo dos estudos em psicologia, que buscavam esclarecer as relações entre o comportamento e o ambiente. De acordo com Verderber & Fine ( 2000 ), o argumento sobre humanização dos cuidados de saúde e suas instituições datam dos anos 1950. Esta corrente de pensamento foi influenciada em parte, nos anos 60, pela pesquisas desenvolvidas por Abraham Maslow, o criador da conhecida teoria “Hierarch of Needs “que trata do equilíbrio entre as necessidades fisiológicas e psicológicas dos indivíduos. A teoria defende que, apesar das necessidades fisiológicas prevalecerem sobre as psicológicas, estas precisam ser satisfeitas para que alcancemos o desejado “self-actualization”- nível de saúde ou equilíbrio que resulta no bem estar. Esta teoria foi aplicada em usuários de casas para idosos 1 http:// www.portalhumaniza.org.br 23 para identificar suas necessidades e aspirações. O projeto esbarrou em excessiva burocracia da instituição provedora que ditava inúmeras regras e regulamentos restritivos, o resultado destas políticas era um empobrecimento da arquitetura do ambiente, em termos humanos (VERDERBER & FINE, 2000). selfactualiz ation necessidade de estima necessidade de pertencimento social support R. Ulrich (1992) necessidade de segurança senso de controle R.Ulrich (1992) necessidade fisiológica Déficit de necessidades Figura 2: Adaptação do diagrama de self-actualization baseado nas teorias de Abraham Maslow ( apud: Verderber & Fine, 2000). A definição de tratamento humanizado argumentada por J. Howard é análoga aos valores associados a uma arquitetura de saúde humanizada (VERDERBER & FINE, 2000). De acordo com esta autora, os conceitos de humanização e desumanização possuem referências globais como: satisfação do paciente, excelência do cuidado, dignidade do homem. Porém, segundo ela, no âmbito geral das pesquisas científicas, as interpretações instintivas destes conceitos são dados ou informações inadequados. Neste caso, é necessário um conceito geral o suficiente para transcender a grande variedade de ambientes de assistência à saúde, e suficientemente universal para aplicar tanto aos provedores da assistência como aos consumidores ( HOWARD, 1975). Ainda conforme Jan Howard (1975) os conceitos de humanização e deshumanização possuem referências globais como : satisfação do paciente, excelência do cuidado- dignidade do 24 homem. A desumanização ou despersonalização simboliza estados negativos experimentados por pacientes ou profissionais. O termo “humanização” diz respeito a um novo paradigma filosófico e epistemológico, uma tendência que se opõe à postura pragmática, utilitária que super valoriza os avanços da tecnologia em detrimento dos valores subjetivos humanos. A desumanização ou despersonalização simboliza estados negativos experimentados de maneira implícita ou explícita. Existe a noção de que os sistemas de saúde não deveriam repetir a impessoalidade da cultura em geral, mas deveriam estabelecer padrões exemplares como instituições humanitárias e as relações estéreis típicas das instituições econômicas e políticas da nossa sociedade deveriam ser alteradas no âmbito da prática de uma medicina que busca ser humanizada ( HOWARD, 1975). A definição de humanização em cuidados de saúde, apresentada por J. Howard, foi resumida, em oito princípios básicos, a serem observados por sua importância para os estudos em arquitetura da saúde. Dizem respeito a três dimensões básicas: a ideológica ou cognitiva baseada em definições de comportamentos apropriados em ambientes de saúde; a estrutural que diz respeito às estruturas das relações entre provedores e consumidores e as dimensões emocionais. Seguem os oito princípios preconizados por HOWARD (1975): • Dignidade inerente. A existência humana tem valor, por ela mesma e para os outros. Se a pessoa é forçada a provar o seu valor, o peso da prova é desumanizante. ... Se a razão para o tratamento preferencial está baseada em necessidades médicas diferenciadas, o conceito de valor inerente não é violado. • Condição insubstituível. Nós somos únicos e insubstituíveis. Quando pessoas são estereotipadas e tratadas em termos de suas semelhanças mais que diferenças, a desumanização pode logicamente vir a acontecer. A Singularidade ou individualidade do ser humano o torna insubstituível...O cuidado humanizado demanda uma orientação individualizada é deve ser agregada à noção universalista de que todos têm o direito de receber cuidados de alta qualidade. • Holística própria. Há momentos em que a soma total das experiências de um indivíduo influenciam em seus sentimentos, atitudes e ações... A totalidade do paciente pode estar tão fragmentada que seu problema torna-se concernente a múltiplos médicos que não se comunicam 25 entre si. Vidas humanas são complexas, envolvendo muitos contextos e ambientes comportamentais • Liberdade de ação. Relações humanizadas são calcadas na liberdade de escolha. Quando a interação é forçada a participar ou um ou os outros é obrigado contra vontade, a experiência não pode ser humanizante. Relações humanizadas devem ser baseadas em liberdade de escolha. • Igualdade de status. Relações humanizadas envolvem igualdade em todos os níveis. Se alguém se vê superior ou inferior que o outro, a integração não pode ser totalmente humanizante. Relações humanizadas envolvem pessoas iguais em algum nível. A ética universal é também equalizadora. A idéia de reciprocidade sugere que ações em direção a outras pessoas retornam a seus iniciadores e tendem a equalizar o status das partes.... • Tomada de decisões e responsabilidades compartilhadas. Este conceito reflete a ideologia emergente que todo paciente , independente de educação, tem o direito e o talvez o dever de participar tanto quanto possível de decisões sobre sua saúde. • Empatia. Humanos têm a habilidade de simpatizar-se ou identificar-se com os outros. Quanto mais se compara com os outros mais fácil se coloca no lugar do outro...Se médicos contêm sua simpatia e evita olhar o mundo sob o ponto de vista de seu paciente, ele não pode entender as necessidades deste paciente e responder, apropriadamente, às suas necessidades únicas. Os seres humanos têm a habilidade de simpatizarem e se identificarem uns com os outros. • Afetos positivos. Seres humanos são reservatórios e transportadores de emoções...As interações entre as pessoas são mais sujeitas a envolvimentos emocionais quando existe reciprocidade e empatia... Uma terapia bem sucedida requer dos profissionais a demonstração de vários graus de intimidade em diferentes contextos. Para Verderber e Fine (2000), os princípios humanísticos, ou humanizadores de Howard podem ser associados à humanização da arquitetura de saúde. Porém, através de que mecanismos eles são passados ao processo de produção do projeto, não fica claro no texto deste autor, parece existir um vazio metodológico entre estes elementos. 26 De acordo com Rosylin Lindheim (apud : HOWARD JAN, 1975), o edifício não tem o poder de humanizar ou desumanizar mas reforça o sistema no qual as atividades ocorrem tornado-as mais fáceis, mais prazerosas, elegantes, ou o contrário. Acrescenta que a humanização daqueles ambientes vai estar condicionada a quem toma quais decisões de projeto, para satisfazer quais necessidades. Esta última observação nos remete para a questão do grau participativo do cidadão nas decisões que lhe dizem respeito. 2.2 OS NOVOS PARADIGMAS EM ASSISTÊNCIA E A NOVA IMAGEM DOS HOSPITAIS A produção do espaço hospitalar vem apresentando mudanças que correspondem às alterações do próprio modelo de atenção à saúde, que tem passado por profundas transformações nas últimas décadas. Após a segunda guerra mundial, ocorreu uma expansão sem precedentes nos serviços de saúde, com o desenvolvimento das áreas de especialização e a inclusão de novas tecnologias médicas. Foram os anos do megahospital, a expressão arquitetônica da medicina da alta tecnologia médica. O edifício hospitalar modifica-se em dimensão e complexidade espacial, suas atividades passam a ser agrupadas em “zonas”, de acordo com a natureza de cada função. São criados os setores de diagnóstico, tratamento, cirurgia, administração e demais atividades de suporte. (VERDERBER & FINE, 2000). Para atender aos desafios que se apresentavam os planejadores e administradores dos hospitais transferiram os modelos organizacionais do campo dos negócios e da produção industrial, afinados com as idéias de eficiência , racionalidade e produtividade. O hospital passa a ser um exemplo de eficiência industrial, de acordo com os recursos e maneira de pensar dos anos 1960, caracterizado por uma racionalização dirigida à centralização das funções. Nota-se a partir nos anos 1950 e 1960 houve uma grande evolução no gerenciamento das empresas, sobretudo no Japão, motivadas pela necessidade de reconstrução da economia daquele país após a Segunda Guerra. Desenvolveram os elementos básicos dos processo de evolução da qualidade. Inicia-se a era da Garantia de Qualidade. E. Deming, J.M. Juran e A. Feigenbaun implantaram as práticas gerenciais voltadas para a qualidade nas organizações japonesas 27 ( GURGEL JUNIOR, G. D. , VIEIRA, M.M., 2002). O controle de qualidade hospitalar inicia-se em meados de 1950 quando foi criada a “Joint Commission on Acreditation of Hospitals”, que estabeleceu um programa de padronização de procedimentos e serviços hospitalares, estabelecendo normas e padrões a serem seguidos com o objetivo de controlar a qualidade dos serviços de saúde ( GODOI, A.F. ,2004). Neste período se consolidou no campo hospitalar a idéia de produção em série. Os fluxos de suprimentos eram transportados desde os locais de sua produção até os locais de consumo através de uma central de transporte, de onde partiam os produtos da cozinha, lavanderia, central de esterilização, farmácia, entre outros, para as zonas de diagnóstico e tratamento como o centro cirúrgico, quartos de enfermarias, ambulatórios,etc. O hospital centralizado e especializado, passa a configurar-se como uma unidade fabril, sua configuração espacial refletia a tecnocracia e a despersonalização características predominantes na assistência à saúde daquele período. A linguagem do “Internacional Style” da arquitetura moderna se adequou com perfeição ao modelo produção em série de assistência à saúde desenvolvido após a segunda guerra mundial. Segundo Verderber & Fine (2000), revelou-se como a expressão arquitetônica mais adequada á medicina de alta tecnologia. O estilo internacional, corrente que predominava na arquitetura moderna desde os anos 1930, era ideal como resposta espacial para as exigências do novo modelo de hospital, funcional, setorizado e padronizado. Reduzia o hospital à sua essência estrutural, tornando-o uma máquina de produzir cura, semelhante à Villa Savoye, que conforme proclamou Le Corbusier, era o protótipo da “maquina de morar”.³ Figura 3: Exemplo de hospital monobloco: Hospital Gastroclínicas, São Paulo. Fonte: Revista Projeto, 176. 28 A partir dos anos 1960, começou a haver uma reação crítica ao hospital modernista, originária do campo interdisciplinar dos estudos entre ambiente e comportamento (VERDERBER & FINE, 2000). Eles acreditavam que os idealizadores daqueles modelos de hospitais tinham desconsiderado as necessidades cotidianas das pessoas em seus projetos. Outros aspectos críticos foram levantados: as necessidades dos pacientes eram vistas como menos importantes do que aquelas requeridas pelas demandas técnicas e funcionais. A origem dos questionamentos em relação ao ambiente construído, segundo R. Sommer (1969), surgiu de estudos da área da antropologia , como os feitos por Merleau-Ponty no campo da fenomenologia da percepção. Esta onda de críticas não atingiu apenas a arquitetura dos hospitais, a arquitetura moderna, seus princípios filosóficos, estava sendo duramente criticada. Robert Venturi lança o “Complexity and Contrdiction in Architecture” marcando o surgimento da arquitetura pósmoderna. Venturi chama a atenção para a complexidade contradições próprias do design em oposição à austeridade minimalista da arquitetura moderna. Segundo Verderber & Fine (2000), apesar do movimento de transformação na arquitetura, o edifício hospitalar não muda, de uma maneira geral, durante este período, devido ao conservadorismo dos administradores e profissionais de saúde. O hospital começa a incorporar os elementos da arquitetura pós-moderna depois do modelo de promoção da saúde começar a mudar. Estas mudanças ocorrem por volta dos anos 1980. A OMS declara “... máxima satisfação do paciente”, em 1983. O paradigma da valorização do paciente passa a vigorar, a humanização, portanto surge como necessidade que reclama por mudanças na assistência e em conseqüência no espaço de saúde. Segundo Verderber, a humanização se dá quando prevalece o “patient empowernement paradigm”, o “Paradigma do Paciente", isto nos remete a imagem de dois padrões com forças contrárias, biaxiais. Dois paradigmas vistos sob três enfoques : funcional, simbólico e estético ou formal. Os edifícios associados ao paradigma “system empowernement paradigm”, 29 ou paradigma do provedor (Figura 4), têm sido vistos como excessivamente complexos, de difícil compreensão, com “layout” confuso, escalas imensas, e em alguns casos, de aparência ameaçadora. paradígma do provedor hospital menos humanizado aspectos técnicofuncionais aspectos simbólicos aspectos estéticos ou formais paradígma do paciente Hospital mais humanizado Figura 4: Matriz biaxial relacionando aspectos de projeto quanto a predominâncias do paradigma do provedor conforme Verderber & Fine (2000) Segundo Verderber & Fine, durante o período em que dominou a corrente modernista do estilo internacional, época que antecedeu os anos 1980, era comum, entre os arquitetos, que produziam arquitetura hospitalar, a expressão: “menos é mais”. Os princípios modernistas foram alvo de pesadas críticas nos anos 1980. Enquanto isso, o hospital tinha se tornado um campo de prova para a aplicação os mesmos princípios eram aplicados em consonância com os ditames da era da medicina tecnológica. Ainda conforme Verderber & Fine, as sementes do “patient empowernement paradigm”, ou paradigma do paciente que rejeitava as características desumanizantes da arquitetura hospitalar daquele período, começava a ganhar força. Ocorreram movimentos de reação , como o das clínicas de pacientes terminais, influenciados pelos anti-tecnologistas. As bases para uma reação pós-moderna em arquitetura da saúde foram calcadas no modelo de assistência “patientcentred care”, ou centrado no paciente. 30 A retomada da escala pavilhonar, nova ênfase às superfícies, texturas e ornamentos, espaços mais compactos e configurações internas mais legíveis, espaços e circulações humanizadas com a incorporação da natureza como um elemento terapêutico, com o uso de jardins, pátios internos e amplas aberturas para o exterior. Surge a preocupação em tornar o espaço atrativo, alegre, e mais institucionalizada familiar aos olhos do paciente. Se a arquitetura hospitalar resultava em edifícios de escala desumana, a escala doméstica passa a ser desejada. A atenção médica focada no paciente, passa a conduzir à nova arquitetura de saúde no final do século XX. O hospital tradicional está se tornando obsoleto. Estamos vivenciando um período de intensas e rápidas transformações nos sistemas e tecnologias médicas. São diversas as variáveis envolvidas na questão, que direcionam estas mudanças. Para Hakan Eriksson (apud: DILANI, 2001), estas mudanças são norteadas por fatores socio-econômicos, como o aumento dos custos na área da saúde, a modificação no perfil demográfico , as mudanças no comportamento e estilo de vida , os fatores políticos como a desintegração dos estados nacionais e as barreiras da globalização, além das questões ambientais. Segundo Roger S. Ulrich (In: DILANI, 2001), certas escolhas e estratégias de projeto podem favorecer o bem estar dos pacientes e que um design apropriado pode reduzir o estresse, a ansiedade, diminuir a necessidade de medicamentos analgésicos e o tempo de internação. Acrescenta que teorias e pesquisas na área comportamental revelam que o bem estar psicosocial dos pacientes pode ser alcançado através de um design que favoreça o senso de controle, promova o convívio social e o acesso à distrações positivas. Nas últimas décadas, a medicina passa a incorporar as tecnologias de informática, diagnóstico por imagens, telecomunicações e robótica, que demandam ambientes projetados conforme o rigor de normas de controle de qualidade e segurança. Por outro lado, a filosofia da atenção à saúde volta-se para a autonomia e qualidade de vida do paciente, tornando a humanização dos ambientes uma exigência. 31 2.3 O AMBIENTE HOSPITALAR COMO APOIO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE Nas últimas duas décadas, um novo modelo de assistência médica, centrado na promoção da saúde vem tomando forma. Foi a partir de pactos entre as nações, promovidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas agências, ( Organização Panamericana de Saúde OPAS para o caso das Américas) que o conceito de saúde veio a ser constituído e divulgado. Segundo a OMS saúde é definida como: “... a state of complete physical, mental and social well-being and not merely the absence of disease or infirmity”.. Este conceito vem sendo incorporado às atuais políticas públicas de saúde no Brasil, a partir da reforma constitucional de 1988. Desde então, o Ministério da Saúde vem difundindo, através de diversas iniciativas, os mesmos princípios que fundamentam a profunda mudança internacional na forma de pensar e agir em matéria de saúde. A idéia de integralidade comparece como uma das diretrizes básicas a serem seguidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela constituição de 1988. O texto constitucional refere-se ao assunto, em linhas gerais, nos seguintes termos: “...atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais” ( PAHO, 2004). A partir de então, o processo de construção e implementação do princípio de integralidade vem sendo desenvolvido no sistema de saúde brasileiro, através de programas que visam a vencer o conhecido desafio que é o da integração das esferas da política pública e da ação pública. O conceito de integralidade aponta para um novo modelo biomédico de atenção á saúde voltado para a promoção da saúde ou salutogênico que se opõe ao tradicional , modelo patogênico. Através deste modelo, o atendimento deve ser feito para a saúde e não somente para a doença, e envolve ações de promoção (que envolve outras áreas, como habitação, meio ambiente, educação,etc.) e ações de prevenção ( saneamento básico, imunizações, ações coletivas de prevenção, vigilância á saúde e sanitária,etc.), e de recuperação ( atendimento médico, diagnóstico, tratamento e reabilitação) ( DESLANDES, 2005). O maior desafio, no entanto, é vencer a resistência apresentada pela cultura médica institucionalizada, que prioriza a visão patogênica da assistência. A dificuldade se deve ao caráter profundamente renovador 32 desta nova filosofia biomédica. Pertencem à conduta médica vigente os padrões de assistência especializada, que se tornaram tradicionais. A idéia de integralidade contrapõe-se à atitude médica fragmentária, reducionista, que resulta no isolamento do trabalho especializado ( OPAS, 2005 ). Como vimos anteriormente nas definições de Jan Howard ( HOWARD, 1975), para a humanização dos cuidados em saúde, a noção de integridade é um dos seus elementos de grande importância por fazer parte de sua essência. Na linha da humanização, iniciativas governamentais tem sido desenvolvidas com vistas à difusão do conceito e recomendações para um ambiente de saúde humanizado, portanto integral. O paradigma biomédico salutogênico emergente propõe uma mudança de foco na atenção médica que passa de uma visão patogênica para uma perspectiva mais salutogênica ou focada na saúde. Esta mudança deveria não somente conduzir a uma forte integração do projeto do edifício com a nova filosofia como também resultar em um ganho de qualidade no atendimento médico e no fortalecimento do processo de cura ( DILANI, 2001). De acordo com Dilani A. (2001), a perspectiva patogênica tende a considerara o paciente como um objeto. Vê o corpo humano como um sistema biológico cujas partes adoecem. A medicina especializou-se cada vez mais em partes do corpo e seus elementos cada vez mais específicos, que são tratadas de forma separada. Da mesma maneira, os compartimentos médicos têm sido interpretados como partes do ambiente hospitalar voltados para atender ao tratamento físico de cada parte do corpo. Comparativamente, pouca prioridade tem se dado à necessidades como a de acalmar os pacientes ou fazê-los sentir-se relaxados apesar de suas traumáticas experiências hospitalares nos austeros ambientes institucionais de saúde. Outra conseqüência da perspectiva patogênica, segundo Dilani, tem sido a desconsideração quanto às necessidades psicológicas, sócias e espirituais dos pacientes na elaboração dos projetos arquitetônicos de saúde. A anterior ênfase na eficiência técnica e funcional aliada a concepção patogênica de doença e saúde tem freqüentemente, produziu espaços de saúde que não são adequados sob o aspecto psicológico e social. No entanto, está 33 crescendo, entre os planejadores, administradores e profissionais das áreas de saúde e da produção daqueles espaços, a necessidade de se criar ambientes tecnicamente funcionais e eficientes, mas, ao mesmo tempo, com características centradas na sua humanização, que colaborem no processo de promoção da saúde e qualidade de vida de seus usuários. No contexto internacional, os pesquisadores na área de produção do espaço de saúde, como a Internacional Academy for Design and Health (IADH) reconhecem a importância do novo paradigma salutogênico, conforme DILANI (2001): “more research is needed to fully identify the impact of the physical environment, and more specifically hospital environment, on health outcomes....Health-promoting processes are becoming much more central as fators in the criation of new heathlcare facilities. In this new paradigm, the focus is on the patients: along with their physical health needs the patients’ psychological and social needs are given major emphasis in the delivery of care activities and thein the design of health care evironments” A humanização dos ambientes relaciona forma e emoção, espaços eficientes e funcionais, porém frios, despersonalizados e sem atrativos, estão sendo considerados, pelos que estudam e produzem arquitetura hospitalar como uma fórmula superada. O projeto deve reunir características que assegurem funcionalidade, levando em conta o bem-estar dos usuários. O espaço tem influência sobre o psiquismo humano, estimulando ou deprimindo em grande parte através das emoções. ( DILANI, 2001). Pode-se citar como um exemplo de hospital com características de humanização ou “Supportive Environment”, segundo a Internacional Academy for Design and Health (IADH) , o hospital Britânico Norfolk & Norwich University Hospital ( Dilani, Alan. 2001). Trata-se de um edifício projetado, tendo como fundamento a idéia de que o ambiente físico afeta fortemente o bem estar dos pacientes e profissionais, e que as ferramentas de design devem ser usadas para alcançar espaços que apóiem este pressuposto. O processo de projeto teve como “baseline”, desde a etapa inicial de planejamento, diretrizes humanizadoras. Para exemplificar, a opção de telhado em quatro águas, utilizado nas áreas de internação, foi baseada no resultado de pesquisas junto à comunidade quanto a preferências formais, com o intuito de conferir ao edifício identidade com a cultura local O que nos remete aos comentários de R. Lindheim (apud: JAN HORWARD, 1975), quanto a importância da participação democrática no processo de escolhas no planejamento dos hospitais. 34 Figura 5: Foto aérea do Norfolk & Norwich University Hospital. Fonte: http:// www. nnuh.nhs.uk/ Figura 6: Foto do átrio Norfolk & Norwich University Hospital. Fonte: http:// www.nnuh.nhs.uk/ Outra solução de projeto, no sentido da humanização, foi a criação de “Centros de Amenidades” (“Core Amenities”), no átrio principal. Este ambiente , amplo e com grandes panos de vidro para o exterior, acomoda atividades informativas e de lazer para os pacientes, acompanhantes e profissionais. Um Centro Educacional atende à programas prevenção junto as comunidades e encontram-se também uma capela, lanchonetes e outros serviços à disposição dos usuários. Trata-se de um edifício projetado para a mais atual tecnologia médica. O design do edifício foi estruturado segundo características concernentes à função técnica como flexibilidade, adaptabilidade e sustentabilidade, aliados ao conceito de “Ambiente Suporte” (“Supportive Environment”), que fundamentou as escolhas de projeto. Este conceito defende que o ambiente afeta fortemente o bem estar dos pacientes e demais usuários ( SCHUWARZ ,K., apud: DILANI A., 2001). No Brasil, destaca-se o trabalho do arquiteto João Filgueiras Lima - Lelé, na elaboração de projetos de arquitetura hospitalar voltados para a adequação técnica aliada ao bem estar dos usuários. Estão sob sua responsabilidade os hospitais da rede Sarah Kubitschek, instituição de caráter público voltada para tratamentos de doenças do aparelho locomotor. Há três décadas o arquiteto vem projetando em estreita sintonia com as equipes de profissionais de saúde da 35 instituição, o que tem permitido soluções arquitetônicas cada vez mais adequadas às funções a que se destinam e, com freqüência, inovadoras. Como exemplo desta sinergia, cita-se o Hospital SARAH de Salvador, cuja concepção horizontal facilitou a integração das áreas de tratamento com terraços ajardinados. São espaços de grande valor terapêutico, pois permitem a extensão das atividades terapêuticas ao ar livre, em contato direto com a natureza; como a prática de exercícios, o que resulta em benefício para os pacientes e profissionais. Para facilitar o transporte dos pacientes para estes locais, bem como a sua permanência confortável, macas especiais, mais leves e com vários recursos de adaptação, foram desenvolvidas. No Hospital SARAH de Fortaleza destaca-se o amplo espaço coberto por material translúcido (Figura 7) próprio para os exercícios e as práticas esportivas. A preocupação com o conforto ambiental resultou em soluções arquitetônicas como sheds sombreados por brises -soleil (Figura 8) e galerias de ventilação e climatização de ar1 adotadas para o aproveitamento natural dos recursos climáticos locais. Como resultado tem-se luz natural difusa, renovação constante de ar e temperaturas amenas, resultando em ambientes bastante agradáveis e econômicos, uma vez que restringiu-se o uso de ar condicionado e luz artificial à locais onde são indispensáveis, como por exemplo o centro cirúrgico e o setor de diagnóstico por imagens. Figura 7: Interior do Hospital SARAH de Fortaleza. Fonte: http:// www.sarah.br Figura 8: Vista dos sheds Hospital SARAH Salvador. Fonte: http:// www.sarah.br 1 As galerias técnicas de manutenção das instalações, semi-enterradas, são utilizadas também como dutos para captação e distribuição dos ventos dominantes para a maioria dos ambientes do edifício. O ar é introduzido nas galerias por exaustores, passa por um sistema de resfriamento evaporativo e sobe por vários pontos distribuídos pelos corredores, esperas e quartos de internação, saindo para o exterior pelos sheds. Desta forma, a renovação do ar é mantida (IAB-RJ, 2005). 36 Conforme Alan Dilani (2001,p. 37), a idéia de promoção de saúde esta se tornando cada vez mais central na criação de novos espaços de saúde. Trata-se de um novo paradigma cujo foco dirige-se para o paciente. Neste mesmo sentido, C. Cooper Marcus1 (2001) argumenta que um considerável número de pesquisas demonstra que pessoas que recebem altos níveis de suporte social são menos estressadas e mais saudáveis que outras mais isoladas. E, que estes altos níveis de troca social auxiliam na recuperação e nas taxas de sobrevivência em várias circunstâncias médicas. Segundo o autor, há uma tendência, observada em muitos hospitais, no aumento das horas de visita, de grupos de suporte social e áreas de espera mais atrativas. Acrescenta que, nos últimos anos há uma crescente atenção sobre o que se tem chamado de “distrações positivas” nos ambientes de saúde. Destaca o mérito da presença da natureza como uma atração positiva. Segundo este autor, pesquisas indicam que a visão de cenas naturais, como jardins, tendem a reduzir o estresse. Um outro aspecto destacado por ele foi que um design baseado em atributos regionais pode criar um ambiente mais familiar e confortável no qual as necessidades humanas são reconhecidas. Acredita que as decisões quanto ao design destes jardins devem ser apoiadas por pesquisas que informem quanto às características dos usuários, neste sentido, encoraja os designers que incluam a participação dos usuários no processo de criação dos projetos dos jardins e recomenda a avaliação pós-ocupação destes ambientes para que se possa utilizar os resultados como elementos de informação para o design de casos semelhantes. As teorias de estresse, no campo biomédico, indicam que o ambiente físico é o ponto de partida para a criação da organização social, sua estrutura e função. Um modelo teórico que relaciona fatores psicosociais e doença foi proposto por L. Levi ( Figura 9) e combina os efeitos dos estímulos psico-sociais e os programas psico-biológicos que determinam as reações psicológicas e fisiológicas- os mecanismos de stress. O modelo mostra que o ambiente físico interage, através da organização social, estrutura e função, nas diversas fases do processo. 1 Clare Cooper Marcus discorre acerca da importância de suportes psico-sociais nos ambientes de saúde.MARCUS, C.C. Gardens and Health,Dilani, A.,(org),Design & Health-The Therapeutic Benefits of Design, 2001. 37 AMBIENTE FÍSICO AMBIENTE FÍSICO ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO SOCIAL SOCIAL Estímulo Estímulo Psicosocial Psicosocial ESTRUTURA ESTRUTURA E E FUNÇÃO FUNÇÃO Programa Programa psico-biológico psico-biológico Influência Influência de de Ambientes Ambientes Anteriores Anteriores Mecanismos Mecanismos ligados ao ligados Stress ao Stress Precurssor Precurssor da da Doença Doença Doença Doença Fatores Fatores Genêticos Genêticos VARIÁVEIS INTERATIVAS VARIÁVEIS INTERATIVAS Figura 9: O modelo Teórico de L. Levi para a Interface Psicosocial da Doença (apud: DILANI,2001) A ciência médica e a sociedade se modificam no sentido de uma visão mais holística do paciente. Um número crescente de profissionais de arquitetura passa a considerar em seus projetos, esta nova tendência em promoção da saúde que é direcionada à pessoa do paciente. Neste novo paradigma, o foco deixa de ser a doença (perspectiva patogênica) e volta-se para as necessidades psicológicas e sociais do paciente, o que demanda respostas apropriadas do projeto do espaço de saúde. Segundo Dilani os “Ambientes de Suporte Psico-social” têm influência na cura de pacientes. Como comprovam diversos estudos, um ambiente operacionalmente confortável e acolhedor, tanto para os pacientes quanto para os usuários em geral, acompanhantes, funcionários e profissionais da saúde, tem efeito terapêutico, promove a cura. As formas, cores, luz e som ou odores, elementos naturais como vegetação e água presentes em jardins, , entre outras possibilidades, mesmo que o contato seja apenas visual, geram impacto direto sobre o estado de ânimo dos usuários. 38 A iluminação natural e contato visual com o exterior eliminam a noção de reclusão e confinamento. No caso dos profissionais melhora o desempenho produtivo, em relação aos pacientes, interfere nos mecanismos de cura. A adoção de aberturas para a entrada de luz natural no interior das unidades de tratamento intensivo (UTI) têm sido recomendadas e conseqüentemente adotadas, uma vez que a presença deste tipo de luz tem função asséptica e é indicada por estar ligada ao ciclo ou ritmo circadiano. O ritmo circadiano diz respeito às respostas do organismo humano em relação a presença do dia e da noite, porém, estes ambientes devem ter temperatura e umidade do ar controladas. É importante o cuidado no planejamento dos fluxos internos e externos, no sentido de preservar o a exclusividade de circulação e permanência do público em geral nos halls de acesso, salas de espera e corredores externos e elevadores. O contato com o acesso de urgência ou pacientes em tratamento, em macas , tomando soro, etc., bem como a visualização de atividades de serviços, limpeza ou remoção de lixo, gera desconforto, predispondo o a ansiedade ou deprimindo o paciente dá entrada no hospital ou busca atendimento ambulatorial. “ A tendência em design hospitalar, tanto exterior quanto interior, aponta para a necessidade de fornecer ao paciente a idéia de segurança e controle. Pesquisas mostram que as pessoas precisam ter controle sobre seu ambiente. Sentir-se com esse controle é um fator importante que afeta os níveis de stress e condições de saúde” ( DILANI, 2001). As relações que se estabelecem entre o espaço e seus usuários sob o ponto de vista psicológico, simbólico e fenomenológico é objeto de estudo de diversos autores em estudos relacionando pessoa-ambiente no campo da Psicologia. Como Gustave-N. Fisher, Robert Sommer, A. Mole e outros. Quando estas pesquisas tratam da questão do controle do espaço, enquanto necessidade, suas conclusões corroboram com o pensamento de Dilani (2001). O conceito de dominância territorial está ligado à uma característica particular da relação no espaço, que é a tendência à ocupar o território de maneira a controlá-lo e nele exercer uma espécie de direito de posse. Corresponde então a uma zona de influência com a qual nos identificamos, mais do que a sensação de pertinência, podemos ver nele uma espécie de 39 extensão do eu. Um sentimento mais ou menos forte de dominância poderá desenvolver-se segundo a importância que o território tem para o indivíduo grupo e segundo a situação que nele ocupa. O espaço hospitalar é um ambiente institucional, em geral, estandardizado, que integra um certo número de elementos em termos de equipamentos e serviços, cujo conjunto deve conferir grande estabilidade. Este ambiente rigorosamente programado, baseado numa racionalidade que relaciona espaço/atividade/indivíduo. A noção clara vem da relação desta concepção com o seu significado real: todo espaço institucional é organizado porque é um espaço sob controle, que obedece em cada caso a um certo número de regras de vigilância. O espaço institucional é estruturado segundo regras que expressão uma estrutura de poder que se difunde no interior destes modelos espaciais. O paciente se vê, no interior destes espaços submetido à diversas regras, como a proibição de acesso, que traduzem o fato de estarem perante um local sob controle, que coloca o indivíduo, de certa forma, numa situação de liberdade vigiada (FISCHER , G-N.,1981). Várias abordagens confirmam estas características do espaço institucional. As relações entre o ambiente construído e a cura dos pacientes tem sido objeto de estudos por parte de pesquisadores como os arquitetos americanos Roger S. Ulrich e Janet Carpman, entre outros. Entre eles é recorrente a idéia de que o espaço tem influência no processo de promoção da saúde, além das condições físicas de conforto ambiental, certas sensações ou emoções como a de segurança, de controle, de acolhimento, etc. Segundo esta perspectiva, o bem estar, ou conforto em relação ao ambiente se dá realmente quando estes níveis exigência são atendidos. A qualidade dos serviços de saúde tem um sistema próprio de certificação que é a Acreditação Hospitalar. Este sistema, criado pela instituição americana “Joint Commission on Acreditation of Healthcare Organizations”, avalia e certifica a instituição como um todo, quanto a padrões estabelecidos que visam garantir a melhoria contínua das instituições de saúde. No Brasil existe a Organização Nacional de Acreditação (ONA), órgão nacional responsável pelos processos de acreditação. Foi criada do o Sistema Brasileiro de Acreditação, que atua 40 através da a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Esta agência disponibiliza pela internet o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar 1. A metodologia de certificação é composta análises em função de padrões e normas que qualificam o grau de acreditação em três níveis, levando em consideração a qualidade percebida pelo cliente. No entanto, observa-se que a referida avaliação visa a aprimorar os serviços hospitalares, mas no que tange ao espaço físico nota-se uma visão exclusivamente técnico- funcional. Observa-se que os novos conceitos de ambiente de saúde como suporte às exigências psico-sociais dos pacientes não estão evidenciados no contexto da acreditação. A teoria de “supportive healthcare design” exposta por Roger S. Ulrich 2(2001), propõe que a capacidade dos ambientes de saúde em favorecer os resultados dos tratamentos está ligada ao seu efeito em promover a redução do estresse. O estresse está presente na maioria grande dos pacientes e seus acompanhantes, sejam eles familiares ou visitantes e, nos profissionais envolvidos. Reduzir o estresse do paciente significa melhorar os resultados clínicos uma vez que está associado gerar danos psicológicos ou físicos. O termo “supportive” referese às características do ambiente que dêem suporte ou facilitem na redução do estresse que , normalmente, acompanha o paciente. De uma forma geral, o processo de “supportive healthcare design” começa com a eliminação das características do ambiente que, reconhecidamente, são estressantes ou tenham impacto direto sobre a saúde, como níveis de som muito altos. O autor acrescenta que, conforme observado em pesquisas, relacionadas à área comportamental, algumas soluções ou estratégias de projeto podem acalmar os pacientes , reduzindo seu estresse e, em conseqüência , melhorando os resultados dos tratamentos. Alguns aspectos são destacados como importantes, a serem promovidos ou estimulados nos projetos. Um ambiente que dê suporte à promoção da saúde deve, segundo o autor, promover ou estimular o reforço da sensação de controle, incluindo privacidade, promover ou facilitar para que aconteça, a socialização e o acesso à natureza ou outras distrações positivas. 1 http://www.anvisa.gov.br Roger S. Ulrich, Effects Environmental Design Medical Outcomes,Dilani, A.,(org),Design & Health-The Therapeutic Benefits of Design, 2001. 2 41 Quanto ao senso de controle, refere-se ao domínio da situação à sua volta e, possibilidade, tanto quanto possível, de ação e auto-gestão. Acrescenta a isto que, conforme indicadores de pesquisas, pessoas que se sentem com algum controle das circunstâncias em sua volta apresentam-se menos estressadas que outras que perderam o senso de controle. A perda de controle é o problema que mais estressa os pacientes. Sita como condições ligadas à doença ou hospitalização que geram a falta do controle, entre outros, as seguintes: limitações pela perda da capacidade física, falta de informações, perda do controle das horas de comer ou dormir. Ambientes que dariam suporte à sensação de controle seriam, por exemplo, os que apresentassem espaço e comunicação visual de fácil leitura e acessibilidade garantida para os pacientes com dificuldade de locomoção. Nas enfermarias, controle individual de luz e som (TV, música), privacidade nos locais de exames ou procedimentos que exponham o paciente, entre outros. No que tange à socialização, o autor destaca a importância deste aspecto na recuperação dos pacientes. Chama de suporte social todo apoio emocional que o paciente recebe. Segundo esclarece, conforme as pesquisas, pessoas que recebem este tipo de apoio, apresentam menos estresse e se recuperam com mais rapidez que as que permanecem isoladas. Por este motivo, destaca a importância de áreas que promovam o convívio social nestes ambientes de saúde. As distrações positivas ou acesso à natureza têm, igualmente, o poder de reduzir o estresse. Cita o caso de pesquisas desenvolvidas com pacientes em recuperação pós-cirúrgica. Os que contavam com a presença de janelas voltadas para paisagens com arvores, se recuperaram melhor e mais rápido que outros em quartos com vistas para edifícios ou paredes de concreto. Neste mesmo sentido, destaca também a importância do o uso de jardins internos, uma vez que traz calma e relaxamento. Apesar de existirem poucas pesquisas relacionando a recuperação de pacientes e o uso de locais com plantas, flores, águas tranqüilas e sons compatíveis. Há um número crescente de pesquisas neste sentido. Recomendam o uso de janelas de enfermarias e quartos para áreas verdes, jardins em áreas de espera, onde as pessoas se reúnem e nos locais de uso exclusivo dos profissionais submetidos a altos níveis de estresse. 42 Ainda de acordo com o autor, as vantagens superam os custos do “supportive healthcare design”. Isto inclui os administradores , profissionais de saúde, designers e público em geral. Como vantagens destaca-se o seguinte resultados: redução da dor, melhora do sono, diminuição da incidência de infecções, com probabilidade média. Redução do estresse e ansiedade e aumento da satisfação do paciente com probabilidade alta. Os custos se pagam, entre outros, por meio da redução dos gastos médico-hospitalares. Por exemplo: redução de medicamentos analgésicos, indutores do sono, antidepressivos, gastos com o tempo de internação, e demais despesas decorrentes dos tratamentos. Finalmente, produzir saúde com qualidade retornará para a instituição de forma lucrativa, seja pelos bons resultados obtidos ou pela inclusão entre as melhores instituições do país (GODOI , 2004). 2.4 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO AMBIENTE E AS RELAÇÕES AMBIENTE -COMPORTAMENTO A Avaliação Pós-Ocupação (APO) é uma das metodologias de avaliação de desempenho de ambientes construídos, de caráter essencialmente interdisciplinar, que difere das outras metodologias por considerar essencial a opinião do usuário. As demais detêm-se, exclusivamente à questões de projeto e construção ou priorizam aspectos de uso, operação e manutenção. A APO é reconhecida como um conjunto de métodos e técnicas de avaliação de desempenho que pode ser aplicada a qualquer tipologia de edificação ou em ambientes urbanos, durante sua vida útil, visando uma melhor adequação às necessidades de seus usuários. A APO tem como princípio que o ambiente construído deve estar em constante avaliação , no decorrer de seu uso, sob o ponto de vista construtivo, espacial e sempre em conformidade com a opinião de seus usuários ( ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992). 43 De acordo com PREISER (1988), a APO é estruturada , basicamente, segundo dois níveis de avaliação sistemática. O primeiro avalia aspectos técnico-funcional e o outro colhe a opinião dos ocupantes através da avaliação comportamental. Do cruzamento das análises dos dados obtidos nos referidos níveis, extrai-se o diagnóstico que corresponde a um perfil geral do ambiente analisado segundo o ponto de vista de quem os ocupa. É com base neste diagnóstico que se pode extrair recomendações para a otimização do desempenho daquele espaço e, em alguns casos, elaborar diretrizes para futuros projetos similares. Segue o diagrama da metodologia de APO. Reconhecimento Físico Memória de Projeto Normas Vigêntes Medidas Físicas 1. Construtiva 2. Funcional 3. Estética/Simbólica Pesquisador Entrevistas Questionários Observações Mapa Cognitivo Usuários 4. Comportamental/ Psicológica Recomendações para o Ambiente Construído Figura 10: Diagrama resumido da APO. Ornstein, S. W. (1992). Em APO, a avaliação de nível comportamental faz uso do conhecimento procedente das ciências sociais aplicadas, entre elas a Sociologia , a Geografia. Psicologia, a Antropologia e a Para tanto, utiliza-se instrumentos como os Questionários, Mapas Cognitivos, Mapas comportamentais e outros, cuja construção, aplicação e análise exigem a inclusão de um ferramental teórico-conceitual e metodológico de natureza, portanto, multidisciplinar. Cita-se aqui, como referência de tais ferramentas, os trabalhos de Richardson R.J. (1999) e Günther,H. 44 (2003). Os Mapas Cognitivos requerem uma análise que demanda um ferramental teórico amplo e sofisticado. Destaca-se os trabalhos de Fischer, G.-N (1981), Norberg-Schulz, C.,(1980), Tuan ,Yi-fu (1980), Bachelard, G. (1988), entre outros. O arquiteto Kevin Lynch (1960) criou e foi pioneiro na aplicação de Mapas Gognitivos. Em seu livro “Image os The City” desenvolveu estudos no espaço urbano, nas cidades de Los Angeles, Boston e Jersey City. Desenvolveu os conceitos de legibilidade, Imageabilidade e Identidade, que verificou através da utilização de Mapas Cognitivos. A Psicologia e a Arquitetura são duas áreas que se complementam nos estudos das relações entre ambiente e comportamento ( ELALI, G.A.,1997). Isto ocorre porque ambas precisam apoiar-se para abranger de forma mais ampla, a relação pessoa–ambiente. Conforme Elali G.A.(1997) a Psicologia Ambiental é, por sua vez, um campo multidisciplinar e uma disciplina em formação. Funciona como a ligação entre a Arquitetura e a Psicologia. É o locus interdisciplinar entre elas. A Psicologia Ambiental utilizada junto à Avaliação do Ambiente Construído, para a metodologia de da análise das relações pessoa–ambiente, tem contribuído para a construção de uma estrutura teórica e metodológica consistente, além de um banco de dados que tem servido como fonte de informação importante tanto para as pesquisas em APO quanto para o desenvolvimento deste campo de conhecimento A avaliação de ambientes, sob o ponto de vista de seus ocupantes, inicia-se após a segunda guerra, com a reconstrução das cidades. Neste período foram construídos conjuntos habitacionais, em larga escala , que não satisfaziam as necessidades de seus usuários. Na década de 1960, a APO passa a ter maior importância como mecanismo realimentador no controle de qualidade e como fonte de dados para a elaboração de projetos complexos como aeroportos, hospitais, shopping centers, bem como em construções em série e em larga escala., como os conjuntos habitacionais e os postos de saúde. Neste período, desenvolvem-se pesquisas, de forma sistemática , acerca do desempenho físico destes ambientes e pode-se citar trabalhos como a avaliação do conjunto habitacional Pessac. Projeto elaborado por Le Corbusier na década de 20, na França. Em ambientes de saúde, a avaliação do Hospital Psiquiátrico Estadual de Oregon, em Salem, nos Estados Unidos, 45 realizada pelo psicólogo Robert Sommer e equipe multidisciplinar ( arquitetos, psiquiatras e psicólogos). A pesquisa revelou que os ambientes daquele Hospital, por sua escala e ambientação inadequadas, causavam danos aos pacientes (SOMMER, 2002). Desde então, avaliações de desempenho vêm sendo aplicada sistematicamente nos países desenvolvidos, há várias décadas nos EUA, França, Inglaterra, Japão, além de outros como a Nova Zelândia e Austrália. Em Portugal o laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto Superior Técnico, em Lisboa, têm desenvolvido pesquisas nesta área (ORNSTEIN,1992). No Brasil, no período de 1972 a 1987, há um incremento no desenvolvimento de pesquisas na linha da APO, realizadas, entre outras, pelas seguintes instituições: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Estado de São Paulo e por grupos como o Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação -NUTAU, da Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); no Grupo de Estudos Pessoa-Ambiente (GEPA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN); na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); no Laboratório de psicologia Ambiental da Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal de Pelotas, Regional de Blumenau e no Instituto Moura Lacerda , em Ribeirão Preto. A APO é prática recorrente e profissionalizada no exterior, porém, no Brasil são poucos os exemplos junto ao setor de construção de edificações. Seu desenvolvimento e divulgação se dá, principalmente, no âmbito acadêmico ou através de convênios com estes núcleos de pesquisa. No Rio de Janeiro, um convênio de cooperação entre a UFRJ e a Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz, em 2001, possibilitou a criação do primeiro programa de Avaliação Pós-Ocupação na esfera do governo federal. Sob a responsabilidade Diretoria de Administração do Campus da Fundação Oswaldo Cruz ( DIRAC), foram avaliadas diversas edificações do campus da Fiocruz., destinadas a pesquisas, serviços de diagnóstico e atendimentos de saúde. 46 3 ESTUDO DE CASO 3.1 DESCRIÇÃO DO OBJETO O ambiente analisado é o da Associação Fluminense de Reabilitação ( AFR). Trata-se de um edifício monobloco, de três pavimentos, com 3 300,00 m² de área total construída e 1.300,00 m² de projeção. Foi construído em terreno cedido pelo Governo do Estado da área do Estádio de Futebol Caio Martins, no bairro de Icaraí, em Niterói. Conta, em seu quadro fixo, com 133 funcionários que atendem 2 000 pacientes por mês, gerando uma média de 25 mil consultas/mês. A Instituição presta assistência a todo o estado do Rio de Janeiro, sendo que, segundo dados da AFR, os atendimentos correspondem, aproximadamente , aos seguintes percentuais: 35% são pacientes de Niterói , 24% de São Gonçalo, 26% de Itaboraí, 11% do Carmo e, o restante originários dos demais municípios. As prefeituras disponibilizam, diariamente, Vans e Micro-ônibus para o transporte dos pacientes, que ficam estacionados na via de acesso, em frente ao edifício. Localiza-se na rua Lopez Trovão, no bairro de Icaraí, com predominância de uso residencial. Trata-se de uma rua asfaltada, arborizada e com previsão de bainha de estacionamento próxima ao edifício. Situa-se próximo à Avenida Roberto Silveira, via principal, na qual localizam-se os pontos de ônibus. O acesso de serviço e de público são independentes, ambos abertos para a mesma via Lopes Trovão. A calçada está adaptada para a acessibilidade de deficientes, com a previsão de rebaixamento de meio-fio. O entorno pode ser observado nas fotos apresentadas a seguir, nas figuras 12, 13, 14, 15 e 16. Figura 11: Via de acesso à AFR Fonte: Pesquisa, 2005. 47 Figura 12 Figura 13. Foto 1. Fonte: Pesquisa, 2005. Figura 14. Foto 2. Fonte: Pesquisa, 2005. Figura 15. Foto 3. Fonte: Pesquisa, 2005. Figura 16. Foto 4. Fonte: Pesquisa, 2005. 48 A AFR é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que presta assistência de saúde no âmbito das terapias de reabilitação em geral, além de promover eventos de caráter acadêmico para profissionais daquela área de promoção da saúde. A AFR atende à população através do Sistema Único de Saúde (SUS), Convênios e Planos de Saúde, oferecendo os principais serviços de assistência, relacionados à seguir : Fonoaudiologia Geral, Fonoaudiologia Neuro-Infantil, Terapia Ocupacional, Assistência Social, Pedagogia, Odontologia, Psicologia Geral, Psicologia Neuro-Infantil, Nutrição, Fisioterapia Geral, Fisioterapia Neuro-Infantil, Fisioterapia Respiratória e Correção Postural. O edifício da instituição abriga também uma oficina ortopédica, onde são produzidas e distribuídas próteses e órteses, com a produção média de 140 unidades por mês. A AFR acumula ainda, a função de formação e atualização de mão-de-obra, através do Núcleo de Estudos e Pesquisas. Neste Setor são treinados e atualizados profissionais nas diversas áreas da reabilitação, através de cursos e seminários. Ademais de, oferece estágios supervisionados junto aos nos principais setores de tratamento. Para que se tenha uma idéia do modelo e estrutura de funcionamento da instituição, que ainda apresenta resquícios do modelo assistencialista de sua fundação, apresentamos um breve histórico. A AFR foi inaugurada em 1958. Neste período, o Brasil entrava na fase da urbanização e industrialização intensas, que passou a modificar a atuação das elites econômicas. É fundada com base nas leis de Utilidade Pública Federal, originárias do período do Estado Novo de Getúlio Vargas. Conforme aqueles regulamentos, associações como a AFR, deveriam ter o fim exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade. Num momento seguinte, o Estado passa a apoiar estas instituições , através do Conselho Nacional de Serviço Social e surgiram as ações filantrópicas, a partir das famílias economicamente privilegiadas, e do mecenato por parte de grupos líderes do setor industrial emergente1. Desde a sua inauguração, a construção original passou por sucessivas reformas e ampliações. Deste período inicial, não dispomos de registros de imagens. Porém, conforme relato de antigos voluntários entrevistados, as ampliações e reformas foram ocorrendo, ao longo do tempo, conforme as necessidades 1 Ver o contexto da criação de associações com finalidade social em: Rothgiesser,T.L., “A Sociedade Civil Brasileira e o Terceiro Setor”. Disponível em:hppt://www.terceirosetor.adm.br Acesso em: 20 de maio.2005. 49 funcionais do momento e obtenção de recursos necessários. Recursos obtidos, segundo informam, mediante doações e colaborações por parte do Governo do Estado. Estas modificações foram sendo executadas, segundo uma prática informal, não incluiu o design adequado do espaço, mediante projetos especializados de arquitetura e demais projetos complementares. A cultura da informalidade nos procedimentos de adaptação dos ambientes permanece, como observou-se no local. De uma maneira geral, os ambientes foram sendo sucessivamente adaptados e readaptados pelos próprios administradores, que orientavam a mão de obra, ou, no caso da construção da rampa e do segundo pavimento, contaram com estudos improvisados por um ou outro profissional de engenharia, que se dispunha a ajudá-los. Sem que houvesse uma visão de planejamento para o edifício em seu conjunto. Note-se que, não há qualquer registro de aprovação de projetos ou de aceite de obras na Secretaria de Urbanismo da Prefeitura Municipal de Niterói, referentes ao edifício em questão. A adequação funcional de cada setor, assim como a conexão entre os diversos ambientes, os acessos e fluxos de circulação, apresenta problemas, que supõe-se, sejam decorrentes deste procedimento, que corresponde a uma cultura ligada ao improviso. Se por um lado, esta prática viabiliza soluções de baixo custo e de curto prazo, por outro, gera falhas construtivas e de organização do espaço, que podem ser difíceis de corrigir posteriormente. Alguns detalhes, apresentados mais á seguir, na avaliação técnica, servem como exemplo desta questão. A série de fotos a seguir, ilustram algumas etapas construtivas de ampliação. Na primeira foto, Figura 17 : Fachada em 1983. Fonte: Arquivo de Imagens da AFR. Figura 18 : Fachada em 1983. Fonte: Arquivo de Imagens da AFR. 50 observa-se o início da construção do pavimento superior, em 1985, ou primeiro pavimento. Nota-se que foi sendo feita em etapas, iniciando-se pelo lado esquerdo do edifício ( Figura 19). As próximas fotos( Figura 20 e Figura 21) apresentam a construção da rampa de acesso ao primeiro pavimento e a passarela que serve de ligação direta entre os dois lados deste pavimento. Conforme observa-se na foto atual, este trecho da rampa foi alterado, provavelmente demolido e, em seu lugar, construiu-se uma nova rampa ligando os três níveis (Figura 22). Figura 19 : Fachada em 1985. Fonte: Arquivo de Imagens da AFR. Figura 20: Construção da rampa em 1983. Fonte: Arquivo de Imagens da AFR. Figura 21 : Construção da rampa em 1985. Figura 22: Foto atual da rampa. Fonte: Arquivo de Imagens da AFR. Fonte: Pesquisa, 2005. 51 A construção original, conforme informações em entrevistas com voluntários da diretoria da AFR, ficava no fundo do terreno, em construção térrea, de 30,00m x 45,00m, posteriormente construíram a área da frente e, em etapas, quando foram acrescentados os pavimentos superiores. O sistema construtivo escolhido, a julgar pelas imagens fotográficas das etapas construtivas anteriores, permanece sendo estrutura em concreto armado, vedações de alvenaria, emboço, reboco e pintura PVA, sobre massa corrida. O telhado foi estruturado em madeira e recebeu telha de amianto. A parte da frente do segundo pavimento, conforme demonstram as fotos, foi coberta por estrutura e telha metálicas. Figura 23: Fachada da Associação em fins de 1980. Figura 24: Foto atual da fachada interna. Fonte: Arquivo de imagens da AFR. Fonte: Pesquisa, 2005. A construção do segundo pavimento, iniciou-se com a instalação de duas estruturas metálicas, do tipo galpões. Presume-se que, desta forma, iniciou-se o aproveitamento da cobertura do pavimento inferior. Note-se que, conforme se vê na foto atual acima, o segundo pavimento acabou por ocupar toda a laje e concluiu-se com a colocação de vedações metálicas, possivelmente, para a redução do peso sobre a laje que, a princípio, servia apenas como cobertura. O telhado permaneceu sendo de material metálico como observa-se no beiral (Figura 24). Figura 25: Fachada atual. Fonte :Pesquisa, 2005. 52 Atualmente, a construção ocupa todo o terreno, exceto pela área descoberta central que mede 7,00m x 35,00 m. Este local tem, entre outras, a função de prisma para a iluminação e ventilação das salas localizadas no centro do edifício. Hoje a construção ocupa 100% do terreno, ou seja, não possui afastamentos em suas divisas lateral e de fundos. Nestes locais estão construídos uma escola à esquerda e o Estádio de Futebol, na outra lateral e nos fundos. Conforme as Normas de Edificação do Município, estes afastamentos seriam de, no mínimo 1,50 m. Não havendo, portanto, possibilidade de obter-se iluminação e ventilação nos ambientes contíguos à estas construções. Ocorre que, novamente nos deparamos com a informalidade improvisada que possibilitou a abertura de janelas altas para as construções vizinhas. Apesar da existência da abertura central no edifício, que torna possível ventilar e iluminar as salas que se abrem para este prisma, há um déficit de ventilação de uma maneira geral. Como se pode verificar com maiores detalhes, nas análises técnicas, por haver pouca troca de ar, sobretudo nos locais de espera, há desconforto. Este foi um aspecto considerado negativo nas avaliações junto aos usuários. A construção é composta de três pavimentos, ligados através de escadas, rampa e passarelas, que ligam ambos os pavimentos superiores. Os ambientes que abriga podem ser classificados em três grupos, por suas características funcionais: 1. Diagnóstico/ Tratamento; 2. Distrações; 3. Administração/ Estudos; 4. Apoio. As atividades de Diagnóstico e Tratamento, estão localizadas, quase que exclusivamente, nos pavimentos térreo e primeiro. Os locais de espera distribuem-se junto aos setores, no saguão da recepção e nos corredores do primeiro pavimento. O que chamamos de locais de Distrações estão localizados no térreo, ocupando a área central descoberta. Constituem-se de ambiente com TV, organizado embaixo da rampa e o local da cantina. Esta última localiza-se sobre o vão da escada. A Administração/ Estudos ocupa o segundo pavimento. O setor de Apoio distribui-se da seguinte forma: no Térreo ficam as atividades de manutenção e no segundo pavimento a lavanderia e o almoxarifado. O remanejamento interno dos ambientes é comum em edifícios institucionais, sobretudo quando se utiliza modificações, divisórias leves. No presente caso, o edifício passa por constantes mesmo tratando-se de paredes de alvenaria. Por este motivo, o cadastro 53 atualizado do edifício, feito através de plantas baixas fornecidas pela administração e medições no local, está datado de 01 de junho de 2005. Atualmente está sendo remanejado uma ambiente de pedagogia para o segundo pavimento. Esta modificação não consta, portanto, do presente cadastro. A relação de ambientes por pavimento segue abaixo e pode ser verificada nas Plantas Baixas, em anexo. Pavimento Térreo: Fisioterapia geral / Ginásio; Terapia Ocupacional; Serviço Social; Psicologia NI; Pedagogia NI; Fonoaudiologia NI; Fisioterapia NI; “Praça da Cantina”; “Praça da TV”; Oficina de Órteses e Próteses. Primeiro Pavimento: Eletroterapia/ Massoterapia; Psicologia Geral; Correção Postural; Fonoaudiologia Geral; Fisioterapia Respiratória; Setor Médico; Auditório. Segundo Pavimento Núcleo de Estudos e Pesquisa; Almoxarifado; Secretaria; Comunicação; Diretoria; Lavanderia; Refeitório. Pacientes Atendidos por Dia em cada Setor Percentual Setores de Tratamento de Pacientes Terapia Ocupacional 22% Fonoaudiologia Geral e N I 12% Pedagogia 6% Serviço Social 4% Massoterapia 22% Fisioterapia Respiratória 3% Oficina Ortopédica 1% Fisioterapia Geral e N I 30% Figura 21: Quadro de atendimentos por dia nos setores 54 3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO 3.2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES De uma maneira geral, método diz respeito à escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos. De acordo com R. J. Richardson (1999), “Esses procedimentos se aproximam dos seguidos pelo método científico que consiste em delimitar um problema, realizar observações e interpretá-las com base nas relações encontradas, fundamentando-se , se possível, nas teorias existentes”. De acordo com o autor, adotando-se uma classificação ampla, há dois grandes métodos: o quantitativo e o qualitativo. São métodos que se diferenciam na sistemática e forma de abordagem do problema. A escolha do método a ser adotado deve ser determinada pela natureza do problema ou o nível de aprofundamento desejado. Conforme R. J. Richardson (1999), o método quantitativo é caracterizado pela quantificação, tanto nas formas de coleta de informações quanto no tratamento destes dados , por meio de técnicas estatísticas. É um método amplamente utilizado e, a princípio, tende a garantir a precisão dos resultados e uma margem de segurança quanto às inferências. A crítica que se faz aos métodos quantitativos, é quanto à tendência que apresentam à concepção positivista em ciências , que aplica modelos das Ciências Naturais às Ciências Sociais, uma abordagem inadequada, já que essa última trata da complexidade dos seres humanos, com suas crenças e práticas. O método qualitativo difere do quantitativo por não utilizar o instrumental estatístico como base do processo de análise do problema, não visa numerar ou medir as categorias com características iguais. No entanto, o aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente nas informações colhidas através de técnicas essencialmente quantitativas, mesmo que percam seu caráter qualitativo ao se tornarem dados quantificáveis, com vistas a uma maior exatidão nos resultados. Para os dois métodos deve-se classificar os conceitos e especificar as unidades de análise. 55 Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever problemas complexos, que envolvem aspectos psicológicos como estudos dirigidos à análise de atitudes, motivações, expectativas, valores, entre outros. Quanto aos procedimentos metodológicos, as pesquisas qualitativas de campo, em geral, exploram as ferramentas ou técnicas de observações, entrevistas, etc., devido à forma como estes instrumentos penetram na complexidade de um determinado problema. Ambos os métodos devem cumprir determinados critérios científicos que indicam a capacidade dos instrumentos de produzir medições constantes quando aplicados a um mesmo fenômeno. Esses critérios são: A confiabilidade e a validade. A confiabilidade externa significa a possibilidade de outros pesquisadores observarem fatos idênticos com instrumentos semelhantes e a confiabilidade interna refere-se a possibilidade de outros pesquisadores relacionarem os conceitos e os dados coletados com instrumentos iguais. O critério de validade indica a capacidade do instrumento de produzir medições adequadas, para que se possa chegar a conclusões corretas, desta forma, tornando possível a generalizações, ou seja, a aplicação dos resultados a grupos semelhantes ( RICHARDSON, 1999) . A APO reúne um conjunto de métodos e técnicas, que consideram o lado técnico, as vistorias, medições e análise e o aspecto comportamental, para a aferição do ponto de vista dos usuários. É este ponto que conecta esta metodologia ao campo das ciências sociais aplicadas. Isso se deve ao fato de que trabalha com dados ou informações coletados sistematicamente, através de questionários, entrevistas, entre outras técnicas, acerca de suas idéias, sentimentos e expectativas, bem como sua origem social, educacional e financeira. A avaliação comportamental corresponde a uma avaliação de caráter qualitativo e quantitativo, ou somente qualitativo, equilibrados nas dosagens que os objetivos de pesquisa exigirem. 56 3.2.2 A APO APLICADA À PESQUISA No presente estudo de caso, optamos por fazer uso da metodologia de APO, pela maneira sistemática como possibilita, tanto a avaliação física do ambiente quanto a avaliação comportamental. E como, através do cruzamento dos resultados obtidos em ambos os níveis, possibilita a leitura do ambiente. Em razão das intenções de pesquisa , decidiu-se pela ênfase na abordagem comportamental, uma vez que, é sobre este nível de avaliação que repousa o foco da pesquisa. Utilizou-se, desta forma, instrumentos de coleta que fornecem elementos subjetivos, como impressões , desejos, sentimentos , além de julgamentos objetivos. Os questionários foram estruturados de maneira a cobrir estes itens e, associados aos mapas cognitivos e entrevistas com profissionais, cumpriram os objetivos desejados, conforme veremos mais adiante, nos resultados das análises. As ferramentas utilizadas na pesquisa estão relacionadas abaixo: Na aferição do grau de satisfação dos usuários ou a avaliação comportamental optou-se pelos seguintes instrumentos de coleta de dados: • Questionários – Perguntas fechadas, perguntas abertas e “Wish Poem” • Mapas Cognitivos • Entrevistas com supervisores de setor • Observações A avaliação técnica foi feita mediante vistorias técnicas efetuadas através dos seguintes instrumentos: • “Walkthrou”ou Reconhecimento Preliminar do Ambiente • Levantamentos fotográficos dos ambientes em geral • Entrevistas com profissionais da AFR • Levantamentos cadastrais, quanto a registros gráficos e/ou fotográficos da história do edifício e dados sobre a estrutura funcional da AFR. • Medições in loco : conforto acústico, circulações e acessibilidade. • Registros de evidências, por fotos e análise em planta : conforto térmico e ventilação. 57 3.2.2.1 Roteiro Metodológico Optamos por aplicar a pesquisa em três categorias de usuários: Pacientes, Acompanhantes e Profissionais, sendo que, por sua importância fundamental, o nível de satisfação dos pacientes é visto como o eixo em torno do qual desenvolvem-se os procedimentos metodológicos. Por este motivo, atribuiu-se maior importância à Relação Ambiente/ Comportamento-RAC, com a escolha cuidadosa da forma e conteúdo das ferramentas de análise comportamental, que serviu de orientação para as posteriores verificações técnicas do edifício. A avaliação de desempenho da AFR orientou-se segundo o roteiro metodológico abaixo: 1. Foi feito o contato com a Instituição através do setor de Estudos e Pesquisas da AFR, que nos orientou quanto a informações quanto a características da instituição e dos pacientes que atendem: necessidades terapêuticas, perfil sócio-econômico e número de pessoas atendidas a cada mês/semana; 2. A instituição forneceu cópias xerox de esboços de plantas baixas dos três pavimentos, que tiveram que ser devidamente corrigidas e atualizadas através de levantamentos de campo e digitalizadas em Autocad; 3. “Walkthrough ou Reconhecimento Preliminar do Ambiente com a identificação descritiva de possíveis problemas e aspectos positivos e registro fotográfico inicial; 4. Formulação e aplicação de questionários/entrevistas, e mapas cognitivos na forma de préteste junto a pacientes e acompanhantes; 5. Pré-testes com os pacientes, acompanhantes e profissionais, bem como entrevistas com profissionais supervisores de setor; 6. Definição da amostra, em categorias e dimensão; 7. Formulação dos questionários/entrevista definitivos, bem como a definição de critérios e estratégias para a sua aplicação; 8. Aplicação dos questionários/entrevistas e mapas cognitivos, quando possível, em pacientes e acompanhantes, nos locais de espera de cada setor; 9. Aplicação de mapas cognitivos em dois grupos de pacientes em tratamento no setor de Terapia Ocupacional; 58 10. Leitura dos resultados e tabulação dos dados. Definição dos dados físicos a serem investigados através de estudos e medições, em função das indicações comportamentais; 11. Estudo de adequação funcional e fluxos; 12. Medições acústicas: nível sonoro e reverberação em locais de espera; 13. Verificação das condições de ventilação e condicionamento de ar; 14. Observação visual e registro textual e fotográfico da ocupação dos ambientes de espera e locais gregários, durante um dia, nos dois períodos; 15. Relatórios técnicos acerca de características construtivas em geral; 16. Análise comparativa entre a satisfação dos usuários e resultados das vistorias técnicas; 17. Diagnóstico final, recomendações para a correção de problemas e diretrizes para futuros projetos. Certos procedimentos metodológicos foram sendo adaptados, e mesmo criados, conforme o decorrer da aplicação das primeiras etapas da pesquisa, ou seja, havia um esboço metodológico que foi tomando forma definitiva com o andamento das etapas. A ferramenta mapa cognitivo, por exemplo, quando aplicada junto aos questionários/ entrevistas, principalmente no caso dos adultos, nem sempre eram bem sucedida. No entanto, no contato com os profissionais do setor de Terapia Ocupacional, verificamos a possibilidade dos mapas serem aplicados nos grupos já formados, de pacientes em tratamento. A partir da tabulação dos dados comportamentais foram identificados os pontos geradores de maior desconforto no ambiente. Estes problemas passaram a serem priorizados nas verificações técnicas, tornando-se objeto de observações e medições mais detalhadas. 59 APO - Associação Fluminense de Reabilitação Avaliação Técnica Avaliação Comportamental A plic aç ão de Ques t ionári o/ E n t r e vi s t a / M a p a s . P ré-t es t e em P ac ient es e A c om panhant es . A nális e Entrevistas técnicos da área administrativa da AFR. Identificação e Coleta de material gráfico :xerox das plantas baixas dos três pavimentos, tipo As Built Levantamento Fotográfico Problemas apontados são transferidos para Avaliação T écnica Revisão e atualização das plantas. medições para a correção das plantas. A plic aç ão de Ques t ionári o/ E n t r e vi s t a s / Mapas em P ac ient es e A c om panhant es . A nális e. Dis t ribuiç ão dos Ques t ionári os para os P rofi s s i onai s Rec ol hi ment o e A nális e. Digitalização das Plantas Baixas. Estudo de adequação funcional dos ambientes A plic aç ão dos M apas C o g n i t i vo s n o s g r u p o s d e Te r a p i a Oc upac ional. A nális e. Estudo de fluxos Estudos de Acessos e Circulações Humanização do Atendimento Perfil dos Usuários E n t r e vi s t a s g r a va d a s c o m S u p e r vi s o r e s dos s et ores . Tr a n s c r i ç ã o e A nális e. Medições in loco quanto a conforto acústico Resultados e Análises Conforto ambiental Adequação Funcional Aspectos construtivos/ conservaçãp Diagnóstico Geral Recomendações e Diretrizes Adequação Psico-Social Figura 27 : Fluxograma de desenvolvimento metodológico da APO/AFR 60 A presente avaliação de desempenho visou a verificação do grau de bem estar físico e psico-social dos ocupantes do ambiente da AFR, quanto a adequação dos ambientes de tratamento e, em especial os ambientes de uso comum, que a princípio despertaram a atenção da pesquisa por apresentarem grande intensidade e vitalidade de uso, apresentando evidências de intensa troca social. Na pesquisa, pretende-se verificar até que ponto estas pessoas sentem-se em um ambiente humanizado e confortável. Tanto em se tratando do atendimento que recebem quanto às condições de conforto físico que o edifício da AFR lhes oferece. Partiu-se da idéia de que os pacientes constituem a principal categoria de ocupantes daquele ambiente, as demais foram ouvidas como importantes fontes de informações suplementares. Buscou-se compreender a adequação do espaço da AFR às questões ligadas ao re stabelecimento desse paciente, a sua reabilitação operacional e social. Note-se que, conforme informaram os resultados das entrevistas, mais à frente, no caso específico de pacientes que buscam a reabilitação de suas funções, em especial nos casos de lesões graves, as trocas sociais são de fundamental importância para o re-equilíbrio de sua saúde. Uma vez que o convívio social é fator preponderante para o bem estar psicológico e, portanto, colabora para o restabelecimento da saúde daquelas pessoas, buscou-se verificar, através dos instrumentos de análise comportamental, a possíveis indícios desta função terapêutica nos ambientes gregários, como a área da recepção, da cantina ou o local de espera que dispõe de um aparelho de Televisão. Estes dois últimos chamados de “Praças” em entrevista com a supervisora de Psicologia Neuro-Infantil. Por darem suporte às referidas trocas, os locais de uso comum tornaram-se de especial interesse para a pesquisa, constituindo-se em alvos das observações e avaliações comportamentais e demais avaliações técnicas. Um outro motivo que levou a uma avaliação física diferenciada dos locais de uso comum, foi o fato de, a partir da análise da opinião dos usuários, terem sido identificados como problemáticos e, portanto, passarem a ser os que mereceram avaliações técnicas mais cuidadosas em função dos problemas indicados, como medições de ruído, acessibilidade e conforto térmico, além de estudos de fluxos e dimensões. 61 Desta forma, foi a partir da visão dos usuários acerca do ambiente que foi feita a seleção dos locais e dos itens verificados na avaliação técnica do edifício. Neste ponto, houve uma adaptação do planejamento “clássico” da APO, posto que, no lugar de efetuar-se os levantamentos técnicos, por um lado e, comportamentais de outro, de forma independente e, de posse dos resultados então, passar às análises e cruzamentos de informações, um nível de avaliação interferiu no detalhamento do outro. 3.2.2.2 Avaliação Comportamental Na Avaliação do ambiente da AFR, optamos, como vimos, prevalência qualitativa, por trata-se de questões por uma abordagem com complexas que envolvem aspectos subjetivos de análise. Essa opção foi feita pela necessidade de ampliar-se o grau de subjetivismo , pela impossibilidade de quantificação de conceitos como por exemplo, o da humanização do ambiente ou a sua possível função terapêutica. Buscou-se, para tanto, ferramentas de alcance mais profundo, como observações, entrevistas e mapas cognitivos, posteriormente trabalhados através da análise de conteúdo associadas aos instrumentos e técnicas de análises objetivas, que geraram números, posteriormente tabulados mediante técnicas básicas de estatística. De acordo com H. Günther (2003), para compreender o comportamento humano no contexto das ciências sociais empíricas, são três os principais caminhos: 1. observar o comportamento que ocorre naturalmente no âmbito do real; 2. observar o comportamento em face de criar situações artificiais e tarefas definidas para estas situações; 3. perguntar às pessoas sobre o que fazem e pensam. Cada uma das três possibilidades de técnicas para conduzir estudos empíricos apresenta vantagens e desvantagens distintas, que estão vinculadas à qualidade e a utilização dos dados obtidos. As escolhas metodológicas para a avaliação da AFR seguiram esta orientação e o seu detalhamento, os instrumentos ou ferramentas de coleta de dados e a forma como estes foram analisados, como vimos anteriormente, foram formatados em função dos objetivos de pesquisa. 62 Não obstante, as variações presentes dentro de cada um dos grupos de usuários foram consideradas uma vez que buscou-se, através da identificação aleatória de características das pessoas estudadas por levantamento de dados por amostragem, assegurar uma melhor representatividade e permitir generalizações para uma população mais ampla. Quanto às ferramentas qualitativas de avaliação da percepção do usuário, em um nível mais subjetivo, com o objetivo de ter acesso aos sentimentos, sensações e expectativas daquelas pessoas, utilizou-se as ferramentas “Wish Poem” e Mapas Cognitivos junto aos questionários. Esses instrumentos de avaliação comportamental forram submetidos a um pré-teste, que teve como objetivo verificar sua eficiência. Foram testados nove pacientes , três acompanhantes e três profissionais, escolhidos aleatoriamente nas esperas dos setores de tratamento. A importância desta fase se deve a necessidade de verificar-se a legibilidade das perguntas, o tempo adequado de aplicação e demais ajustes, como a adequação da abordagem verbal nas apresentações e esclarecimentos de dúvidas. Essa fase serviu, igualmente, para a aproximação com os profissionais e melhor reconhecimento físico do local. Instrumentos de avaliação comportamental: • O Questionário O que denomina-se questionário, na presente pesquisa, é o conjunto de perguntas, abertas e fechadas, aplicadas de maneira direta aos usuários. Em pesquisas na área de Ciências Sociais esses instrumentos são chamados de entrevistas estruturadas e não estruturadas respectivamente. O questionário é o principal instrumento para o levantamento de dados por amostragem (GÜNTHER,1999), e pode ser definido como “um conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica” ( Yaremko, Haran, Harrison & Lynn, 1986, p186; apud H. Günther, 1999). 63 A formulação das perguntas e a maneira como são apresentadas, estão vinculadas aos objetivos da pesquisa, aos aspectos e conceitos a serem avaliados e as características da população-alvo. Os objetivos da pesquisa levam a buscar a relação entre os conceitos e a população–alvo, ou seja, é através dos itens do questionário, aplicado à amostra selecionada que se avalia os conceitos pertinentes à pesquisa. São dois fatores que se relacionam em função dos objetivos a serem avaliados na investigação. O objetivo do estudo determina as perguntas concretas a serem apresentadas, variando o conteúdo dos itens e a maneira de apresentação em função das características do público–alvo. Para H. Günther (1999), ao elaborar-se um questionário, ademais de considerar a interdependência entre a população e amostra de um lado, e conceitos e itens do outro, o pesquisador deve estar atento ao contexto social da aplicação do instrumento, a estrutura lógica do instrumento, a organização dos seus elementos e a relação entre este e os outros instrumentos utilizados na pesquisa. Seguiu-se a referida orientação e quanto ao contexto social algumas questões foram consideradas importantes: 1. o background cultural da poulação-alvo quanto a aceitar ser indagado por um estranho acerca de suas opiniões pessoais; 2. o background do pesquisador, sua imagem e imagem da instituição que representa; 3. o contexto da pesquisa, uma vez que a relevância e importância temática terão influência sobre a disposição do respondente em participar da pesquisa; 4. o background do respondente, no que se refere às suas características sócio-culturais. Na construção da estrutura lógica do questionário, na organização de seus elementos, procedeu-se, inicialmente levando-se em consideração as razões que levam uma pessoa a responder a um instrumento de pesquisa e, que natureza de estímulos poderiam ser usados para mobiliza-los à participar. Orientou-se segundo as três ações básicas para maximização das respostas, segundo H. Günther (1999): 1. recompensar o respondente; 2. reduzir o custo de responder; 3. estabelecer confiança. 1. Recompensar o respondente: Demonstrar consideração, apoiar seus valores, demonstrando as recompensas da pesquisa. 2. Reduzir o custo de responder: Reduzir o esforço físico e mental e fazer com que a tarefa parece fácil, reduzir a possibilidade de embaraços e custos financeiros. 64 3. Estabelecer confiança: Oferecer sinal de apreciação antecipada, identificar a instituição conhecida e legitimada. Os questionários, conforme a estrutura abaixo, foram aplicados pessoalmente a cada paciente e acompanhante, nos locais de espera. Comentários e observações pertinentes aos assuntos abordados nas perguntas, que foram acrescentados pelos usuários durante a aplicação dos questionários, ficaram anotados como observações e foram consideradas como entrevistas de pacientes ou acompanhantes, sendo incluídas nas análises desta maneira. Procedeu-se dessa maneira, permitindo-se a oportunidade de explicações e esclarecimentos de dúvidas, o que viabilizou a participação de representantes dos diversos perfis de usuários que compõem o grupo de usuários da AFR que se apresentavam-se em condições de saúde suficientes para serem avaliados. Note-se que trata-se de uma população heterogênea haja visto a variedade de terapias que a instituição oferece, o que resulta numa diversidade de patologias e faixas etárias e, a forma de ingresso na instituição, que pode ser o SUS ou um dos diversos planos de saúde, informações que, aliadas à outras, podem indicar características sócioeconômicas. Os questionários dos profissionais foram aplicados indiretamente, foram entregues pelos supervisores, após instrução, e retornaram através de uma urna, colocada ao lado do relógio de ponto. Procedeu-se desta maneira para maximizarmos os recursos da pesquisa e por tratar-se de um grupo em condições equivalentes em suficiência para responderem os questionários, sem a necessidade da presença da pesquisadora. Por outro lado, julgou-se fundamental o contato pessoal com os pacientes e acompanhantes, por permitir colher, além das respostas às perguntas formuladas no questionário, os desenhos ou outras informações e comentários feitos por eles, anotados na própria folha do questionário e/ou nas folhas próprias para os mapas cognitivos, que ficaram anexas aos questionários. Procedeu-se da seguinte forma na aplicação dos questionários: inicia-se com a apresentação, que visa a estabelecer contato com o respondente e assegurar sua cooperação, para estabelecer confiança, para tanto, indica-se o nome da instituição acadêmica vinculada à 65 pesquisa. A seguir, para capturar o interesse pelo tema, diz-se o por quê da importância da pesquisa, expressando o quanto as opiniões e experiências dos respondentes são importantes. Inicia-se com a apresentação da entrevistadora que explica quem ela é, o trabalho que está realizando, a instituição acadêmica à qual está vinculada e identifica-se com o crachá - obtido na administração da AFR, idêntico aos crachás dos profissionais com os quais estão habituados a lidar, o que demonstra a aceitação da AFR quanto à pesquisa, facilitando o acesso e a disposição da pessoa. Depois dessa breve apresentação, pergunta-se se a pessoa deseja colaborar. Se afirmativo, o texto é lido em voz alta, pela pesquisadora, que esclarece dúvidas e presta maiores informações quando solicitadas. Foi importante a atenção quanto ao ajuste de linguagem, uma vez que o perfil dos usuários da AFR é, como vimos anteriormente, heterogêneo sob diversos aspectos. Segundo H. Günter (1999), a maioria dos participantes de uma pesquisa de levantamento de dados por amostragem, sabe que o pesquisador é o maior beneficiado, que pouco há para o respondente além da satisfação de ter sido ouvido. Por este motivo não recomenda-se promessas irreais, que associem a pesquisa à melhorias imediatas em suas vidas, o que seria irresponsável e anti-ético, além de soar como engodo, resultando no enfraquecimento da credibilidade da pesquisa. Para tornar as entrevistas o mais fácil e breve possível, reduziu-se o número de questões que foram agrupadas em três sessões: 1. caracterização do respondente; 2. valoração geral do ambiente; 3. valoração por Ambientes. Na seção 1 tem-se como objetivo colher dados relativos ao perfil do respondente, sexo, faixa etária, nível de escolaridade, há quanto tempo freqüenta a AFR, se pacientes ou acompanhantes pergunta-se que tipo de tratamento faz e há quanto tempo, no caso dos profissionais , a função que exercem e igualmente, há quanto tempo. Na seção 2, pretende-se uma avaliação geral do ambiente, tanto quanto ao atendimento quanto aos aspectos físicos do ambiente. Para os pacientes e acompanhantes pergunta-se como avalia o tempo de espera para o atendimento, como é o atendimento e se gostam da AFR (daqui). 66 Essas perguntas estão na forma fechada. As próximas perguntas estão na forma aberta e foram colocadas em seqüência, na forma positiva e negativa, seguindo de maneira repetitiva, com o sentido de fazer com que o respondente pense em ambos os aspectos e confirme a sua avaliação. As perguntas estão na seguinte ordem : O que é bom?; O que é ruim?; O que precisa mudar?; O que fala?. A próxima pergunta está na forma positiva e diz respeito ao ambiente físico, tem como objetivo identificar preferências e quais seriam as propriedades do ambiente que originariam estas escolhas- O que você gosta no prédio? Neste ponto, chama-se a atenção do respondente para o ambiente físico que pode não estar sendo citado até então. Lançou-se mão desse recurso por que no pré-teste observou-se que as pessoas se referiam prioritariamente ao atendimento e tratamento que estavam recebendo dos profissionais. O ambiente físico surge, suas qualidades ou defeitos são indicados, de maneira secundária. Decidiuse manter a seqüência das perguntas sem separar, previamente, as duas visões ou abordagens do ambiente, para que surgisse, de maneira espontânea e não induzida, o que é prioritariamente positivo ou negativo naquele ambiente, para aquela pessoa. Este procedimento aproxima-se da técnica de Livre Associação de Atributos (Moles,19701,apud: Elali,G.A.1997 ). Esta técnica busca captar a associação espontânea entre o objeto estudado e suas qualidades. Finalizando esta seção, utilizou-se, como último item da seqüência de perguntas abertas, uma formulação conforme a ferramenta de avaliação “Wish Poem”, desenvolvida por Henry Sanoff 2. Foi utilizada neste ponto do questionário, com o intuito de fazer com que, uma vez estimuladas as observações acerca do ambiente da AFR, através da série de perguntas fechadas e abertas, o respondente pudesse imaginar a situação ideal, na qual se sentisse plenamente confortável e satisfeito. Sua aplicação foi bastante simples, consistiu-se em solicitar ao usuário que completasse a frase : “Eu gostaria que a AFR fosse.....”. Esta ferramenta de desempenho tem por objetivo obter uma subjetividade de percepção mais profunda nas respostas. O “Wish Poem” é uma forma de aproximação que encoraja os usuários a colocarem-se a vontade quanto a expressar suas expectativas, o ambiente de seus 1 Moles,A. Sociodinâmica da Cultura. Barcelona:Gustavo Gilli,1970. SANOFF, H. School Building Assessment Methods. Dem http://www.edfacilities.org/pubs/sanoffassess.pdf, s/d, acessado em agosto de 2004. 2 67 sonhos, de uma forma deslocada das restrições, ou fatores limitantes, que ele possa julgar que existam para que se tornem realidade. Desta forma evita-se associações como na frase: “os locais que atendem pelo SUS não têm recursos, portanto, este lugar está bom demais, não posso querer nada mais que isto.” Segundo Henry Sanoff o “Wish Poem” é considerada mais eficiente do que as ferramentas com objetivos específicos, particularmente se a intenção é incentivar um pensamento mais abrangente e exploratório. O tratamento dos dados deu-se da seguinte maneira: as informações foram agrupados em categorias representativas de conjuntos de desejos ou expectativas, classificados como conceitos. Posteriormente, os conceitos foram tabulados, da mesma forma procedeu-se com as resposta às perguntas abertas dos questionários, em planilhas eletrônicas e classificados por sua freqüência percentual possibilitando a geração automática de gráficos representativos dos resultados. Na avaliação da AFR, esta ferramenta revelou-se importante fonte de informações subjetivas, como se pode verificar nos resultados das análises. Na seção 3 do questionário, procedeu-se à avaliação exclusivamente física do ambiente. Utilizou-se a Escala Likert, da seguinte maneira: Solicita-se ao usuário que avalie cada ambiente da AFR que freqüenta, através de notas que vão de 1 a 5 na escala de valores que vai de péssimo ou muito desagradável a muito bom ou muito agradável. Esses valores são anotados em um quadro que relaciona cada ambiente a itens que dizem respeito a conforto ambiental, como iluminação, conforto térmico, conforto acústico, limpeza, entre outros. Desta forma, temse a avaliação da opinião dos usuários de cada ambiente quanto a cada aspecto físico dos ambientes que ele freqüenta. • O Mapa Cognitivo Outra ferramenta de avaliação da percepção dos usuários, de caráter qualitativo, utilizada na presente avaliação foi o mapa cognitivo. Por mapa cognitivo, entende-se o processo no qual a mente humana adquire, codifica, relembra e recodifica as informações advindas do ambiente espacial, através de uma representação gráfica manual, ou seja, um desenho. Diz respeito à 68 representação interna que o indivíduo faz relativamente ao ambiente que o cerca. (C. L. DE SOUZA, 1995). De acordo com Gustave-N Fisher, em Psicologia, um espaço é realidade enquanto realidade apreendida e reconstruída mentalmente. E a percepção desse espaço organiza-se de acordo com três modalidades: a cognitiva, que define a forma como o conhecemos, através de suas categorias; a avaliativa, que se refere a julgamentos de sua qualidade; e a ativa, que faz da percepção uma etapa para intervenção sobre o espaço. Essas modalidades se dão em níveis interligados- o cognitivo, o normativo e o afetivo. O mapa cognitivo ou mental, fornece informações sobre o quadro de referência que o indivíduo construiu em relação aos espaços. Kevin Lynch (1960, pg.17) sustenta que, apesar das imagens que se faz dos lugares resultarem de um processo bilateral entre observador e o meio, e existirem características individuais de criação e sustentação desta imagem, há um consenso entre membros do mesmo grupo em relação a essa imagem. O mapa cognitivo fornece informações sobre o quadro de referências que o indivíduo forjou em relação a esses espaços. O autor utilizou mapas cognitivos para analisar a imagem que os habitantes de três cidades americanas ( Los Angeles, Boston e Jersey City) faziam do ambiente daquelas cidades. Para o autor, o mapa cognitivo de uma cidade é o resultado das sensações imediatas e das lembranças que constroem a experiência de cada pessoa. Para que se possa analisar esses mapas, três componentes devem ser observados: a identidade, ou o fato de se poder ter uma imagem que permita diferenciá-la de uma outra; a estrutura, ou o fato de uma mapa integrar a relação espacial do objeto com o observador e com o ambiente; o significado, que indica o significado que o ambiente tem para a pessoa, sob os aspectos informacionais e emocionais. O mapa cognitivo revela a importância que o indivíduo atribui aos diferentes elementos do ambiente e a “imageabilidade” estaria ligada a capacidade desse espaço de gerar uma imagem forte. Assim a imageabilidade de um bairro é composta pelo conjunto de sinais que permitem diferenciá-lo de outros e, portanto, identificá-lo por suas características próprias. É o que o local tem de particular que permite a criação dos mapas cognitivos. Para Gustave-N. Fischer (1981), a 69 definição de mapa cognitivo apresentada por K. Lynch tem suficiente aplicabilidade quando se trata da analise de ambientes institucionais. No estudo de caso em questão, os mapas serviram para avaliar a opinião dos usuários em geral, uma vez que a todos os usuários foi solicitado, em folhas próprias, que desenhassem a AFR, e também neste caso, utilizamos a formulação “Wish Poem” ao convidá-los a desenhar a AFR como eles gostariam que ela fosse. Obtivemos êxito com as crianças e adolescentes, porém os adultos preferiram a expressão verbal. A terapia ocupacional é um dos tratamentos oferecidos pela instituição e, uma das práticas terapêuticas desenvolvidas junto aos pacientes é o desenho e a pintura. Por este motivo, procuramos os profissionais do setor de Terapia Ocupacional para intermediar a aplicação dos mapas cognitivos em adultos e , só então , alcançamos o objetivo: participaram dois grupos de seis pacientes , o primeiro portadores da doença de parkinson e o segundo, em reabilitação por acidente vascular cerebral (AVC). Como mostram os resultados da pesquisa, apesar da dificuldade motoras, mais da metade produziu mapas de fácil leitura e interpretação. • As entrevistas De acordo com R. J. Richardson (1999), a melhor maneira de aferir a opinião de um indivíduo é através da interação face a face, pois este procedimento tem um caráter inquestionável, de proximidade entre as pessoas, o que possibilita penetrar na mente, vida e definição dos indivíduos, esse tipo de interação é um elemento fundamental para a pesquisa em Ciências Sociais. A entrevista é uma técnica importante, pois permite o desenvolvimento de uma relação próxima entre as pessoas através da qual as informações são transmitidas. As entrevistas podem ser estruturadas ou não estruturadas. A entrevista estruturada, usualmente chamada de questionário, propõe que o entrevistado escolha a resposta entre opções determinadas, como no caso das perguntas fechadas do questionário anteriormente apresentado. As entrevistas não estruturadas, também chamada de entrevista com profundidade, a livre resposta no lugar de opção por uma resposta pronta, permite obter-se do entrevistado informações 70 sobre o que ele considera mais relevante. Foi o que utilizou-se em parte do questionário aplicado aos pacientes e acompanhantes da AFR, através das perguntas abertas. Ainda conforme R. J. Richardson (1999), as entrevistas podem ser classificadas conforme o grau de liberdade e aprofundamento que permitem. De acordo com esse critério as entrevistas podem ser : dirigida, quando desenvolve-se a partir de perguntas pré-formuladas em seqüência predeterminada; guiada, se o entrevistador utiliza temas que servem a serem explorados no percurso da entrevista; não diretiva, ao entrevistado é permitido desenvolver suas opiniões e dar informações de acordo com a sua conveniência, ficando o entrevistador no papel de quem estimula e orienta a entrevista. Na pesquisa em questão, utilizamos entrevistas não estruturadas e dirigidas, aplicadas aos supervisores de nove setores da instituição, quais sejam: Pedagogia, Fonoaudiologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Oficina Ortopédica, Fisioterapia Geral, Fisioterapia NeuroInfantil, Psicologia Geral e Psicologia Neuro-Infantil. Foram formuladas seis questões com os seguintes objetivos: 1. Obter informações entrevistado sobre a sua atividade e o seu ponto de vista quanto às necessidades dos pacientes , tanto sob o aspecto técnico-terapêutico quanto psico-sociais; 2. Aferir a sua noção acerca do conceito de humanização em saúde; 3. Avaliar a importância, sob o seu ponto de vista, do convívio social para os pacientes em reabilitação, em especial, nos casos mais graves. 4. Avaliar a noção que este profissional tem da importância dos espaços de uso comum da instituição, para o convívio social dos pacientes e acompanhantes, e em conseqüência ,para a sua reabilitação; 5. Aferir seu grau de satisfação quanto ao espaço físico do seu setor; 6. Aferir seu grau de satisfação quanto ao espaço da instituição em geral, sobre a adequação do ambiente da AFR , tanto em relação ao desenvolvimento de suas atividades quanto em relação à adequação às necessidades dos pacientes. Estas últimas questões foram formuladas segundo a orientação da dinâmica do Poema dos Desejos -“Wish Poem”. As entrevistas com os supervisores de setor foram, na maior parte, gravadas e transcritas na integra para posterior análise, somente a pedido do entrevistado procedemos somente com anotações. 71 3.2.2.3 Levantamento da População da AFR e Definição da Amostragem A partir de entrevistas dirigidas à administração da AFR, levantou-se a população da AFR para que fosse possível o dimensionamento das amostras representativas das três categorias, ou extratos de usuários, quais sejam: pacientes, acompanhantes e profissionais. Como fonte de dados populacionais, contou-se com os levantamentos cadastrais da administração da AFR. Segundo estes levantamentos, dos pacientes que dão entrada e os que recebem alta, ou interrompem, por algum motivo, o tratamento, contam-se aproximadamente 2.000 pacientes por mês, ou seja, 500 pacientes por semana. Dos profissionais que atuam na instituição, são 145 funcionários contratados e 350 estagiários, perfazendo um total de 495 indivíduos. Quanto aos acompanhantes, não dispomos de um levantamento oficial preciso deste extrato populacional, no entanto, a administração informa que do número médio de 2.000 pacientes atendidos por mês, 500 são crianças acompanhadas de responsáveis. Dos pacientes cadeirantes, observou-se que parte deles é conduzida por acompanhantes, outra vem desacompanhada, em vans ou micro-ônibus das prefeituras municipais. Outros pacientes, portadores de patologias e/ou lesões neurológicas e/ou motoras são conduzidos à instituição por acompanhantes. Com base nestas informações e observações diretas, decidiu-se por um extrato aproximado de 1.000 acompanhantes por mês. Somando-se os três extratos de usuários, tem-se uma população total de 3.495 indivíduos. Inicialmente foram feitas algumas entrevistas informais com profissionais dos setores administrativo e de pesquisa da AFR, bem como com alguns pacientes e acompanhantes. As informações obtidas nestas entrevistas serviram de fundamento para a formulação dos questionários propostos, bem como a maneira de abordar os entrevistados. Nesta fase, identificou-se, a priori, o perfil aproximado dos usuários. Sua diversidade sócio-cultural , condições psico-físicas, em função da variedade de patologias tratadas na instituição. Buscou-se ouvir uma parcela representativa de todo o conjunto de usuários da AFR, e para tanto, adotou-se medidas capazes de controlar as propriedades da amostra com o objetivo de 72 aproximá-la da população que representa. Buscou-se um plano de amostragem representativa com a menor margem de erro possível em face dos objetivos e demais fatores limitantes, como tempo e recursos disponíveis para a pesquisa. Adotou-se os procedimentos estatísticos básicos para a seleção da amostra representativa utilizados em técnicas de APO (ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992). Adotou-se a amostra extratificada com o objetivo de garantir a inclusão de elementos suficientes de cada extrato. De acordo com ORNSTEIN E ROMÉRO (1992), Os valores de níveis de confiança adotados em pesquisas sobre ambiente e comportamento e em APO estão em 95,50%, ou seja, tem-se a confiança de que em cem levantamentos simultâneos realizados com o mesmo método, neste caso, questionários aplicados em usuários, 95,5% incluiriam o valor desejado. Outro conceito estatístico relacionado a este valor é o de margem de erro e que pode ser obtida com base na fórmula simplificada e = raiz quadrada de 1 sobre n, onde n é o tamanho da amostra. A tabela de nível de confiança , em anexo, facilita a determinação do tamanho da amostra, dentro do intervalo de confiança de 95,5%, adotado em APO. Considerando a população total a ser avaliada, determina-se o tamanho da amostra em função da margem de erro escolhida. As mais freqüentes, adotadas em pesquisa social, encontram-se no intervalo de 1 a 10%. A amostra representativa da população da AFR foi composta de extratos obtidos das três categorias de usuários, conforme os seguintes quantitativos: 50 pacientes, 25 acompanhantes e 53 profissionais, ouvidos através de questionários, perfazendo um total de 128 indivíduos. De acordo com a tabela de amostras casuais simples, com nível de confiança de 95,5%, tem-se no caso da presente avaliação, com a população de 3.495 indivíduos, e o tamanho total da amostra de 128 indivíduos, uma margem de erro de aproximadamente 8,8%, o que é considerado razoável no âmbito da APO (ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992). Segundo informações da AFR, os pacientes são atendidos semanalmente, em um total aproximado de 500 pacientes atendidos a cada semana. Optamos por aplicar os questionários em 10% destes indivíduos, no período de uma semana. Em relação aos acompanhantes, consideramos a mesma proporção de 10%, sobre os 250 indivíduos estipulados em hipótese. 73 3.2.2.4 Avaliação Técnica A avaliação técnica foi feita segundo critérios de desempenho que serviram como referencial de qualidade nas análises técnicas. Esses critérios de desempenhos são originários de normas nacionais e internacionais, indicadores qualitativos e quantitativos consagrado, códigos de edificações e experiência profissional dos pesquisadores envolvidos na pesquisa. As áreas de conforto ambiental foram analisadas segundo os critérios previstos nas seguintes normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): para avaliação de conforto acústico, NBR 10152 e NBR12179. Aspectos relacionados à acessibilidade foram avaliados conforme os parâmetros estabelecidos na NBR 9050. Esta norma visa a adequação do espaço construído e mobiliário aos sete princípios do Desenho Universal, quais sejam: utilização igualitária; flexibilidade ou adaptação às necessidades específicas dos usuários ; simplicidade de uso; facilidade no entendimento sobre como usar; tolerância ao erro; economia de esforço físico; dimensão adequada ao acesso, mobilidade e uso (PREISER; OSTROFF, 2001). Quanto aos parâmetros mínimos e demais questões ligadas à adequação funcional, a Resolução de Diretoria Colegiada RDC 50, do Ministério da Saúde. As demais questões referentes à ventilação, iluminação, foram observadas quanto ao código de obras local e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Os aspectos construtivos, de conservação e de adequação funcional foram analisados segundo conhecimento técnico específico. 3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 3.3.1 QUESTIONÁRIOS • Caracterização do Usuário Quanto à caracterização, ou perfil sócio-econômico dos usuários, a seção 1 do questionário apresentou os seguintes resultados: 74 No extrato de pacientes predomina o número de homens, com 52% do total. Os acompanhantes são na maioria, 72%, mulheres, em geral parentes dos pacientes. Os profissionais são também, na grande maioria , mulheres. 85% 72% 52%48% % de homens 28% % de mulheres profissionais acompanhantes pacientes 15% Figura 28: Gráfico sexo por extrato Quanto a faixa etária da população, no extrato dos profissionais predominam os jovens e, os acompanhantes estão nas faixas de 18 a 40 ou de 40 a 65 anos. Já no extrato dos pacientes, é maior a porcentagem na faixa de idade que vai de 40 aos 65 anos, representando 42% do total e 28% estão na faixa dos idosos. As crianças aparecem com um percentual de 8% e os adolescentes com 12%. Em relação às crianças, de acordo com dados fornecidos pela AFR, em pesquisa realizada de janeiro a dezembro de 2003, foram atendidas, pela divisão de tratamentos de Neurologia Infantil, 500 crianças por mês, sendo que 230 eram portadoras de paralisia cerebral. No entanto, não dispomos do número exato de crianças atendidas, portadoras de outras patologias, que resultem em incapacidades cognitivas ou de qualquer outra natureza, que as leve à dificuldades de expressão e comunicação. Portanto, o percentual de crianças ouvidas na presente pesquisa foi de apenas 8% do extrato pacientes, que naturalmente se encontravam em condições para responder às questões apresentadas. Apesar dos limites impostos por essas circunstâncias, as demais crianças, expressaram-se através dos questionários e participaram com entusiasmo na confecção dos mapas cognitivos. 75 faixa etária da população pacientes acompanhantes mais de 65 anos 40 aos 65 anos 18 aos 40 anos 12 aos 18 anos 6 aos 12 profissionais Figura 29: Gráfico- Faixa etária por extrato faixa etária dos pacientes 8% 12% 28% 6 aos 12 12 aos 18 anos 10% 18 aos 40 anos 40 aos 65 anos mais de 65 anos 42% Figura 30: Gráfico- Faixa etária dos pacientes O nível de escolaridade foi avaliado, excluindo-se do extrato, o número de crianças com menos de 12 anos de idade. Idade em que completam o fundamental. Desta forma, obteve-se os seguintes resultados: a maioria, 53% dos pacientes não tem mais que o nível fundamental, sendo que 27% desses indivíduos tem apenas o fundamental incompleto. São 13% e 20% os percentuais de quem tem o secundário incompleto e completo, respectivamente. Somente 14% tem curso superior e, apenas a metade dessas pessoas o completaram. 76 7% 7% Escolaridade-Pacientes 27% 20% 13% 26% Fundamental Incompleto Fundamental Completo Secundário Incompleto Secundário Completo Superior Incompleto Superior Completo Figura 31: Gráfico- Escolaridade dos pacientes • Valoração Geral do Ambiente As seguintes perguntas dizem respeito a avaliação geral do ambiente, ou seja ,tanto em relação à qualidade do atendimento quanto ao conforto físico-ambiental. Estes aspectos foram avaliados a partir das seguintes questões, ou perguntas fechadas, do questionário: 2.1 Como avalia o tempo de espera para o atendimento? 2.2 Como é o atendimento? 2.3 Gosta daqui? Os resultados são apresentados nos gráficos abaixo: Tempo de Espera 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 78% 64% Pacientes 36% Acompanhantes 14% M.Bom 8% Bom 0% Razoável 0% 0% Ruim Figura 32: Gráfico relativo à pergunta 2.1 77 O Atendimento na AFR 70% 60% 60% 56% 44% 50% 40% Pacientes 32% Acompanhante 30% 20% 8% 10% 0% 0% M.Bom Bom 0% 0% Razoável Ruim Figura 33: Gráfico relativo à pergunta 2.2 Gosta da AFR? 94% 100% 100% 80% 60% Pacientes 40% Acompanhantes 20% 0% 0% 0% 6% Não 0% Médio Sim Figura 34: Gráfico relativo à pergunta 2.3 Ainda na seção 2 do questionário , as perguntas abertas prosseguem da seguinte forma: 2.4 O que é bom aqui? 2.5 O que precisa mudar? 2.6 O que falta? 2.7 O que mais gosta no prédio? 78 Os resultados são observados nos gráficos abaixo: O que é bom aqui? - Pacientes 4% 2% 18% 4% Tudo Bom Atendimento/Tratamento A. Físico Atendimento e A. Físico NS 72% Figura 35: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Pacientes O que é bom aqui? Acompanhantes 4% 16% Tudo Bom Atendimento/ Tratamento Atendimento/ A. Físico 80% Figura 36 : Gráfico relativo à pergunta 2.4-Acompanhantes O que é bom aqui? - Profissionais 8% Atendimento em geral 25% 54% Atendimento Multidisciplinar Condições de trabalho em geral N. respondeu/ Outros 13% Figura 37: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Profissionais 79 A pergunta 2.4 é uma pergunta aberta, formulada de forma a obter dos respondentes o ponto positivo mais marcante, ou de maior relevância. apresentados, nos dados a grande maioria, 72% dos pacientes entrevistados estão satisfeitos com o atendimento que recebem. atendimento, Como se observa Acrescenta-se que, 39% desse percentual adjetivos como: educado, atencioso associou à palavra e carinhoso. Os demais associaram o atendimento a tratamento de qualidade, eficiente ou simplesmente responderam que o melhor é o tratamento. É importante observar que, para a maioria destas pessoas, as características de um tratamento humanizado1 , surgem, de maneira espontânea nas respostas. Note-se que, as qualidades em humanização apresentadas por esses pacientes, são associada à palavra atendimento, quando perguntou-se, não sobre as qualidades do atendimento em si, mas sobre o que é bom, de uma maneira geral, na instituição. Quanto aos demais usuários, na maior parte dos casos, o atendimento surge, igualmente, como ponto positivo. Os acompanhantes destacam o aspecto da qualidade ou eficácia profissional. A maioria dos profissionais aposta na qualidade dos tratamento que oferecem, associando-a, às condições de trabalho e a maneira multidisciplinar ou integrada como operam. Essa forma integrada ou multidisciplinar de tratar o paciente, pode ser associada, igualmente à humanização, uma vez que corresponde aos princípios humanizadores da Holística Própria, ou Totalidade do Paciente, apresentados por J. Howard (1975). Humanização do atendimento, segundo os Pacientes. Atendimento Atencioso Atendimento Carinhoso 25% 61% 8% 6% Atendimento Atencioso e Carinhoso Atendimento Bom Figura 38: Gráfico relativo a conceitos extraídos das respostas à pergunta 2.4 1 A definição de humanização em saúde, preconizado por Jan Howard (1975) , pode ser associada às características do tratamento da AFR, segundo o ponto de vista de seus pacientes. 80 O que precisa mudar? Pacientes 21% Nada 43% Conf. em Geral Atendimento/ Gest. 15% NS 21% Figura 39: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Pacientes O que precisa mudar? Acompanhantes 12% Nada 28% Conforto Témico 12% Conforto Acústico Adequação de sanitários Acessibilidade 8% 8% Atendimento/ gestão N. respondeu 24% 8% Figura 40: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Acompanhantes O que precisa mudar? Profissionais conforto estético 6% 7% 7% conforto /luz/ ventilação conforto funcional/ dim. 24% atendimento/gestão 38% 7% 4% conforto funcional/ articulações conforto em geral outros 7% n. resp. Figura 41: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Profissionais 81 O que falta?- Pacientes 20% Tudo Bom Conforto Térmico 42% Conforto Geral Atendimento/Gestão 8% Acessibilidade NS 18% 2% 10% Figura 42: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Pacientes O que falta?- Acompanhantes nada 24% 32% atendimento/gestão conforto térmico acessibilidade 12% 8% adequação funcional 8% n. resp. 16% Figura 43: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Acompanhantes O que falta?- Profissionais 11% 11% 4% 4% 4% conforto funcional/ cobertura limpeza acessibilidade conforto em geral 36% q. adiministrativas 30% conforto funcional/ dim. n. resp. Figura 44: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Profissionais 82 Fez-se necessário, para efeito de análise, a distinção entre dois conceitos que se chamou aqui de atendimento/gestão e atendimento/tratamento. O primeiro diz respeito a aspectos operacionais e administrativos, como o tempo das sessões ou opções de tratamentos e o segundo está ligado, diretamente, ao tratamento de saúde, ou terapêutico que recebem e sua eficácia, aliada a abordagem humana adotada na sua aplicação. Para os usuários, o primeiro é considerado insatisfatório e, o segundo amplamente positivo. Os dados apresentados demonstram que os diferentes extratos da população avaliam o ambiente de forma diferenciada, naturalmente, em função de suas necessidades e objetivos no uso do espaço. Em resposta às formulações abertas, de natureza negativa, ou que questionam sobre o que não está bem no local (perguntas 2.5 e 2.6), os pacientes apresentaram um percentual de satisfação geral em torno de 40%, porém, a maioria acusou problemas quanto à acessibilidade, conforto térmico e, surge também, a insatisfação quanto ao tratamento/ gestão - ao pouco tempo de duração das sessões e número de vagas para novas sessões terapêuticas. O percentual de satisfação em relação a tudo, no caso dos acompanhantes, é menor , está em 28%. Apresentam descontentamento quanto ao calor excessivo nas esperas, sanitários inadequados para cuidados com crianças e dificuldades para acessar os pavimentos superiores transportando os pacientes. Os próximos dados referem-se exclusivamente ao ambiente físico, em resposta a uma formulação positiva. No caso dos pacientes e acompanhantes, os resultados demonstram um percentual em torno de 40% de recusa à resposta, segundo eles, por não saberem responder ou não poderem julgar isto. Uma parcela de 8% considera que, nenhum lugar do edifício é especialmente mais interessante. A maioria restante, divide suas preferências entre as esperas dos setores e os demais locais de uso comum. Os acompanhantes preferem a área da cantina e TV ( ou vão da rampa), da mesma forma que os profissionais. 83 Do Que Mais gostam no Prédio- Pacientes Tudo 14% Jardim/TV 8% 40% As Esperas em geral Área da Cantina Jardim TV e Cantina 18% Nada em Especial 8% 8% 4% N Sabe responder Figura 45: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Pacientes Do que mais gostam no prédio- Acompanhantes 7% Tudo 9% Jardim/TV As Esperas em geral 41% 12% Área da Cantina Jardim TV e Cantina Nada em Especial 14% N Sabe responder 12% 5% Figura 46: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Acompanhantes Do que mais gostam no prédio - Profissionais Tudo 2% 7% 4% Refeitório 22% Jardim TV e Cantina 34% Próprio setor N Sabe responder 31% Outros Figura 47: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Profissionais 84 A questão 2.8, foi formulada de acordo com a técnica do ‘Wish Poem”1, apresentou dados que revelam resultados diferenciados dos obtidos através das outras técnicas apresentadas acima. Um primeiro ponto a se observar-se foi uma redução de 10%, no caso dos usuários pacientes, no percentual de satisfação total, ou ausência de críticas e das respostas do tipo: não sei ou não sei responder. Quando perguntou-se, nas formulações abertas, acerca do que falta ou precisa ser mudado no ambiente da instituição, mais de 40% afirmou que nada estava faltando ou deveria mudar e, mais de 20% não sabia informar. Diante da formulação “Wish Poem”, os dados revelam uma maior participação nas respostas e um maior grau de insatisfação em geral. Para os pacientes e acompanhantes, surgem necessidades como o conforto estético e térmico. A distância da AFR às suas residências aparece como incômodo, haja visto que, grande parte destes usuários, estão vindo de outros municípios. Ao responderem a essa formulação, os acompanhantes revelam, mais espontaneidade e abertura ao demonstrarem suas críticas e aspirações. Os valores relativos à insatisfação sob o ponto de vista do calor, sobem para 44%, quase dobram, se comparados com os 24% em resposta à questão -O que precisa mudar?. Os problemas ligados a atendimento/gestão ocorrem em menor proporçãoe passam a demonstrar o desejo de mais distrações ou amenidades durante o tempo em que aguardam além de uma estética mais acurada. Em igual proporção, gostariam, da mesma forma que os pacientes, que suas casas fossem mais próximas daquele local. Em resposta à referida formulação, os profissionais demonstraram um percentual de insatisfação de 43%, quanto à aspectos funcionais em seus setores terapêuticos. Solicitaram, sobretudo, maiores dimensões e demais adequações funcionais para alcançarem mais qualidade nos serviços que prestam. Surge aqui a necessidades de mais reconhecimento e valorização, que associam a mais recursos, sobretudo sob o ponto de vista externo. De maneira oposta ao que ocorreu com os pacientes e acompanhantes, o percentual de abstinência aumentou neste caso. Note-se que, tratando-se de profissionais, os questionários não foram aplicados pessoalmente, conforme a metodologia descrita na Descrição do Método. Por esse motivo, supõe-se que a 1 A técnica do “Wish Poem” foi desenvolvida por Henry Sanoff ( s/d). http//www.edfacilities.org/pubs/sanoffasses.pdf 85 aplicação indireta do “Wish Poem” não seja adequada, porém, não encontrou-se na literatura nenhuma referência à esse respeito, na forma de contra-indicação. Eu Gostaria que a AFR fosse... Pacientes Como ela é Hoje Mais Fresca 10% 6% Esteticamente Melhor 30% C/ Melhor Atendimento/Gestão Melhor Acessib./Circulação Mais Perto de Casa 20% 12% 16% 6% NS Figura 48: Gráfico relativo à questão 2.8 - Profissionais Eu gostaria que a AFR fosse.... Acompanhantes Mais fresca 20% 44% 12% 12% C/ Mais Distrações Esteticamente Melhor Mais Perto de Casa 12% N. resp. Figura 49: Gráfico relativo à questão 2.8 - Acompanhantes Eu gostaria que a AFR fosse.... Profissionais 13% 43% Maior Mais Reconhecida 35% C/ Mais Recursos 9% N. resp. Figura 50: Gráfico relativo à questão 2.8 - Profissionais 86 Na sessão 2 do questionário destinado aos profissionais, acrescentou-se duas perguntas : O que é atendimento Humanizado? e humanização? Como? O ambiente físico pode ajudar no sentido da Os resultados demonstrados no gráfico abaixo revelam que os profissionais da AFR apresentam, com clareza o conhecimento do que vem a ser humanização do atendimento em saúde. Os referidos princípios de humanização, segundo J. Howard (1979). Excetuando os 9% que não responderam, a grande maioria, 91% dos profissionais, mencionou a importância de tratar o paciente como um todo, revelando uma concepção holística na abordagem terapêutica ou como uma supervisora mencionou que a humanização do atendimento está ligada ao “olhar escuta”( ver resultados das entrevistas), numa postura claramente empática. Outros princípios de humanização estavam presentes nas respostas como a igualdade, afetos positivos e, sobretudo o respeito. O que é Atendimento Humanizado? Profissionais 9% Respeito 6% 4% Visão Holística 39% 11% Empatia Afetos Positivos 31% Igualdade N. resp. Figura 51: Gráfico relativo ao conceito de humanização- O que é atendimento Humanizado? -Profissionais Quanto à segunda pergunta, os dados mostraram um resultado interessante para a pesquisa, tanto sob o aspecto da humanização do ambiente físico quanto ao seu potencial terapêutico. Ao perguntarmos se, para os profissionais , o ambiente físico poderia ajudar na humanização do atendimento e de que maneira isto poderia ocorrer, as respostas acabaram por revelar que 20% dos profissionais considera que o ambiente físico auxilia na humanização do atendimento na medida em que possa facilitar, ou tornar mais confortável, a execução das 87 funções terapêuticas. O que resultaria em mais qualidade no atendimento. No entanto, os mesmos resultados revelam que, a maior parte dos profissionais, 56%, acredita que o espaço pode ajudar no sentido da humanização, na medida em que possa propiciar, bem estar, alívio do incômodo, acolhimento, tranqüilidade, motivação, auxílio na reorganização interna do paciente, socialização, entre outras satisfações de necessidades desta natureza. Note-se aqui a forte evidência terapêutica do ambiente físico. Não só por propiciar que o tratamento aconteça mas, contribuindo com atributos próprios, que geram outras funções extra atividades de tratamento que são de grande importância na promoção da saúde, naquele contexto. Os dados apresentados, demonstram a ampla compreensão do conceito de humanização que aqueles profissionais detêm e como a transferem para um possível espaço humanizado. Para eles o ambiente físico é capaz de favorecer o tratamento humanizado porque pode suprir exigências ou necessidades dos pacientes que dizem respeito aos princípios de humanização em saúde. Para os Profissionais, O Espaço Humanizado supre as seguintes necessidades: Aconchego Harmonia 7% Bem Estar 7% 24% Alegria Tranquilidade Motivação 20% 6% Socialização Atenuação do incômodo Auxílo na Organização interna do paciente 9% 4% 2% 6% 2% 9% 4% Inclusão Qualidade do atendimento N. Resp. Figura 52: Gráfico relativo à pergunta dirigida aos profissionais: O ambiente físico pode ajudar no sentido da humanização? Como? 88 • Valoração por Ambientes Quanto à valoração dos aspectos físicos dos ambientes de espera , é importante considerar que estão situados, conforme pode-se verificar na Descrição do Objeto, em locais que apresentam características diferentes em se tratando de iluminação e ventilação, também o ruído. É sentido de forma diferenciada em função da conformação física daqueles ambientes. Em relação à iluminação, tanto natural quanto artificial, a avaliação dos pacientes é positiva, 65% se diz satisfeito com a iluminação. No caso dos acompanhantes ela é muito boa para 40% e boa para 44% deles. Iluminação / Pacientes 0% 0% 15% M. Bom 20% Bom Razoável Ruim Péssimo 65% Figura 53: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Pacientes Iluminação / Acompanhantes 0% 16% 0% 40% M. Bom Bom Razoável Ruim 44% Péssimo Figura 54: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Acompanhantes 89 A ventilação dos ambientes de espera é considerada boa pela maioria dos pacientes e acompanhantes, 57% e 60%, respectivamente, sendo que 16% destes últimos consideram-na ruim. Ventilação / Pacientes 0% 3% 10% M. Bom 30% Bom Razoável Ruim 57% Péssimo Figura 55: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Pacientes Ventilação/ Acompanhante 16% 0% 12% M. Bom Bom 12% Razoável Ruim Péssimo 60% Figura 56 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Acompanhantes 90 Como se vê nos resultados apresentados, este é um aspecto dos ambientes de espera que gera grande desconforto. Os percentuais de 23% de pacientes e 36% de acompanhantes avaliam o conforto térmico das esperas como péssimo, 18% dos pacientes e 24% dos acompanhantes consideram que é ruim. Conf.Térmico / Pacientes 0% 23% 27% M. Bom Bom Razoável Ruim 18% Péssimo 32% Figura 57 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Pacientes Conf.Térmico/ Acompanhantes 0% 12% M. Bom Bom 36% Razoável 28% Ruim Péssimo 24% Figura 58 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Acompanhantes 91 Quanto ao conforto acústico, os resultados demonstram que a maioria dos pacientes e, grande parte dos acompanhantes está satisfeita, 57% e 48%, respectivamente. Porém, como pode-se observar nos dados apresentados, há uma margem razoável de insatisfação: 22% de razoável, 10% de ruim e 3% de péssimo, para os pacientes e 8% razoável, 32% ruim e 8% péssimo, no caso dos acompanhantes. Conf.Acústico /Pacientes 10% 3% 8% M. Bom Bom 22% Razoável Ruim 57% Péssimo Figura 59: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Pacientes Conf.Acústico/ Acompanhantes 8% 4% M. Bom Bom 32% Razoável 48% Ruim Péssimo 8% Figura 60 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Acompanhantes Estes resultados divergentes, provavelmente ao fato de que os locais de espera são diferentes em localização, dimensão e fluxos de circulação, embora os materiais de revestimento 92 sejam os mesmos. O desconforto sonoro representado nestes resultados confirma-se nos resultados das medições acústicas efetuados nos ambientes de espera. Estes resultados demonstram que nas esperas do Térreo, os níveis de som são maiores que no pavimento superior. No segundo caso, encontram-se ambientes sem abertura para o exterior e, portanto, a fonte de ruído é, basicamente a conversação entre os ocupantes. No Térreo, é grande o acúmulo de pessoas que se dirigem para a recepção e, muitas vezes, aguardam o seu atendimento em pequenas filas, próximo à cantina é também grande o movimento. Estas pessoas se somam ao montante de indivíduos que aguardam para serem atendidas pela Fisioterapia Geral, ou Ginásio, Terapia Ocupacional, e Fonoaudiologia Neuro Infantil, entre outras. No pavimento superior, não ocorre tanto movimento, porém, permanece a conversação. Os resultados apresentados para o item jardins e distrações demonstra igual divergência nos dados, cujos motivos pode-se atribuir a questões semelhantes às do item anterior, ou seja , localização e características diversificadas. A espera da Fisioterapia ou Ginásio localiza-se próximo à recepção e sala de TV, no Térreo. As esperas da Massoterapia e Eletroterapia estão situadas no pavimento superior, no corredor interno, sem iluminação natural e vistas para a área descoberta central. Parte dos usuários está satisfeita , a maioria dos pacientes e acompanhantes considera bom ou muito bom o aspecto das distrações ou amenidades dos ambientes de espera, porém, mais de 30% destes usuários consideram este mesmo item, ruim ou péssimo. Jardim/Outras Distrações / Pacientes 25% 18% M. Bom Bom Razoável 5% 18% Ruim 34% Péssimo Figura 61 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Pacientes 93 Jardim/Outras Distrações/ Acompanhantes 20% 24% M. Bom Bom Razoável Ruim 16% 28% Péssimo 12% Figura 62 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Acompanhantes Os valores relativos à satisfação dos usuários do ponto de vista das cores dos ambientes de espera e conforto do mobiliário existentes nestes locai, revelam que mais de 65% dos pacientes e acompanhantes consideram-se satisfeitos, e uma faixa em torno de 20% os considera razoáveis. Cores do Ambiente/ Pacientes 10% 3% M. Bom Bom 20% Razoável Ruim 67% Péssimo Figura 63: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes-Pacientes 94 Cores do Ambiente/ Acompanhantes 4% 4% 4% M. Bom 20% Bom Razoável Ruim Péssimo 68% Figura 64 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes - Acompanhantes Conforto dos Móveis /Pacientes 0% 8% 3% M. Bom Bom 22% Razoável Ruim 67% Péssimo Figura 65: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário - Pacientes Conforto dos Móveis/ Acompanhantes 0% 12% 0% M. Bom Bom 16% Razoável Ruim Péssimo 72% Figura 66 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário - Acompanhantes 95 Quanto aos aspectos de limpeza e conservação dos ambientes de espera, a grande maioria dos pacientes, 78% considera a limpeza boa e 13% muito boa. No entanto os acompanhantes apresentam um percentual de 36% de satisfação média quanto à este aspecto. A conservação geral do ambiente é também avaliada satisfatoriamente, porém os percentuais médios crescem com relação à estes aspectos, 43% dos pacientes e 36% dos acompanhantes considera razoável a conservação geral daqueles ambientes. Limpeza / Pacientes 0% 0% 13% 13% M. Bom Bom Razoável Ruim Péssimo 74% Figura 67 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza - Pacientes Limpeza/0% Acompanhantes 0% 8% M. Bom 36% Bom Razoável Ruim Péssimo 56% Figura 68 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza - Acompanhantes 96 Conservação /Pacientes 0% 10% 0% M. Bom 47% 43% Bom Razoável Ruim Péssimo Figura 69 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação - Pacientes Conservação/ Acompanhantes 0% 4% 4% M. Bom Bom 36% Razoável Ruim 56% Péssimo Figura 70 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação - Acompanhantes Quanto ao aspecto da orientação dos usuários através dos dispositivos de comunicação visual, que se resumem basicamente em placas indicativas nas portas das salas e algumas nas esperas dos setores, os dados demonstram satisfação. A grande maioria dos pacientes e acompanhantes considera boa a orientação visual e 19% e 36% dos pacientes e acompanhantes a consideram apenas razoável. Muitos dos entrevistados comentaram que a orientação verbal, fornecida na recepção os auxiliou bastante, no início dos tratamentos quanto a localização dos locais de destino. 97 Orientação/Com. visual /Pacientes 3% 3% 3% 19% M. Bom Bom Razoável Ruim 72% Péssimo Figura 71: Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Orientação Espacial/Comunicação visual - Pacientes Orientação/Com. visual/ Acompanhantes 0% 0% 4% M. Bom 36% Bom Razoável Ruim 60% Péssimo Figura 72: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Orientação Espacial/Comunicação visual Acompanhantes - 98 3.3.2 MAPAS COGNITIVOS As imagens coletadas através dos Mapas Cognitivos, junto aos pacientes, bem como as observações e inferências pertinentes à sua análise estão apresentados a seguir. Com o objetivo de facilitar a análise de posterior exposição dos resultados, definiu-se três categorias de pacientes, conforme a sua faixa etária. • Criança 1 Trata-se de uma menina de 9 anos, em tratamento no setor de fonoaudiologia, há 1 ano. A criança, a partir dos sete ou oito anos, vivencia o mundo de maneira percepção vívida. sensorial é Sua mais aguçada. Os aspectos ligados à aprendizagem e hábitos não estão bastante enraizados mas , no entanto, já é capaz de conceituar o espaço de maneira semelhante ao adulto, segundo as suas diversas dimensões : cores, formas, etc.1, pode vê-lo como segmento da realidade. O mapa cognitivo apresentado (Figura 73.Criança1) demonstra que a criança atribúi importância Figura 73: Mapa Cognitivo – Criança 1 1 De acordo com a definição de Yi-fu Tuan em Topofilia (1980, pág. 65) quanto à percepção infantil do ambiente. 99 positiva ao ambiente da instituição, em especial à área da cantina. Seu desenho descreve este local através da imagem soridente do vendedor, um dos bancos. Conforme uma vista ou “fachada”, indicando as portas, uma delas do sanitário e, o gradil imediatamente acima, no pavimento superior, onde localiza-se a sala da Fonoaudiologia. É neste setor que a criança é tratada. Ela agrupou no desenho, a espera do setor que frequenta e a área da cantina, associados à cores alegres e rosto simpático, demonstrando satisfação geral quanto à estes locais. Quando questionou-se acerca do que poderia ser melhor naquele lugar, a resposta foi: “ As cores, gostaria que fosse mais colorida” • Criança 2 O Mapa Cognitivo, abaixo, foi elaborado por um menino de 9 anos. Faz tratamento, há 3 anos, nos setores de Fonoaudiologia, Psicologia e Fisioterapia. A imagem do espaço da instituição, reperesentada no desenho da criança 2, apresenta um edifício colorido onde se lê o nome da instituição. As cores vivas, não correspondentes às reais, associadas à imagens de flores, induzem à uma avaliação positiva do ambiente. Ainda de acordo com Tuan (1980), a percepção da criança demonstra a vitalidade dos sentidos própria da faixa etária e a capacidade de identificar dimensões ou conceitos, próxima à do adulto. A associação da imagem Figura 74 : Mapa Cognitivo – Criança 2 representada no Mapa Cognitivo da criança 2, com a fachada real do edifício revela distância e, acaba por revelar subjetividade, de forte conteúdo imaginário. Segundo uma abordagem fenomenológica da imagem, a linguagem do desenho, usada para referir-se ao ambiente é 100 próxima da poética e, para Gaston Bachelard (1988)1, a imagem poética tem uma dinâmica que aproxima-se de uma ontologia direta. • Criança 3 O Mapa abaixo foi feito por uma menina de 8 anos , paciente nda fonoaudiologia há um ano e meio. Segundo Gustave- N. Fischer (1981)2, o mapa cognitivo ou mental, revela a importância que atribui-se aos diferentes elementos do ambiente. A percepção do ambiente da instituição, apresentada no Mapa Cognitivo elaborado pela Criança 3, revela claramente que ela tem a imagem externa do edifício fortemente constituída em sua estrutura mental. Associa-se aqui o conceito de qualidade de imagem ambiental que Kevin Lynch (1960)3 chamou de identidade. Nesta abordagem, o edifício distingue-se por sua estrutura e elementos diferenciados mas, igualmente por seu significado prático e mocional. Figura 75 : Mapa Cognitivo-Criança 3 A foto da fachada, ao lado, serve como referência para análise. No desenho, a reconstrução da imagem da fachada, tem forte relação com o real, porém com conteúdo imaginário. Observe-se que esta criança fez o mapa em menos de 15 minutos, pela exigência do horário para a sessão. As outras levaram cerca de meia hora a 40 minutos. Talvés por este motivo as cores não estejam presentes no desenho. Figura 20: Fachada atual. Fonte :Pesquisa, 2005. 1 2 3 Em A Poética do Espaço, Gaston Bachelard ( 1988 ), faz um estudo fenomenológico dos valores do espaço. Gustave-N. Fischer , Psicologia social do Ambiente( 1981 pgs 74, 75). Kevin Lynch define o conceito de identity em The Image of the City (1960, pg. 8). 101 • Adolescente 1 Este adolescente faz tratamento junto ao setor de Correção Postura. Os resultados apresentados nos Mapas do Adolescente 1, representam a instituição hoje e, abaixo a situação ideal para ele. Mostrou-se satisfeito com o atendimento e ambiente, em geral da AFR, mas gostaria que fosse mais fácil conseguir vagas para novas sessões de tratamento e considera a instituição distante de sua residência. O segundo desenho mostra dois edifícios com vários pavimentos Figura 76: Mapa Cognitivo- Adolescente 1- Figura 77 : Mapa cognitivo- Adolescente 1- o espaço como é hoje situação ideal • Adolescente 2 A Adolescente 2 está em tratamento na instituição, há quatro anos, recuperando-se de um grave acidente, que deixou seqüêlas ortopédicas. Psicologia, Fisioterapia É atendina nos setores de e Terapia Ocupacional. Mostrou-se mais disposta à escrever que desenhar e, ao desenho acrescentou o seguinte texto: “ A AFR é uma instituição boa, o atendimento é bom e as pessoas são compreensivas eu gosto muito daqui....todos os funcionários são legais.” Figura 78: Mapa Cognitivo -Adolescente 2 102 Os Mapas Cognitivos relacionados abaixo, foram selecionados dos que foram elaborados durante a sessão de terapia de grupo (com tempo de duração de 30 minutos), do Setor de Terapia Ocupacional da AFR . São portadores de sequelas decorrentes de Acidente Vascular Cerebral, demonstrando, em graus diferentes , dificuldades em áreas como a fala, coordenação motora , entre outras. • Adulto 1 Os mapa Cognitivo abaixo foi elaborado por uma senhora de de mais de 65 anos , em tratamento na instituição há dos anos. Apresentava dificuldades para falar e escrever, no entanto foi capaz de expressar-se de maneira clara , através de representação não verbal, quando solicitado que representasse, através de um desenho, a instituição e o que pensava e sentia sobre Figura 79: Mapa Cognitivo - Adulto 1, Desenho feito pela senhora Adulto 1 revelando suas impressões acerca do lugar. 103 • Adulto 2 Este senhor está, igualmente, em tratamento há dois anos. Refere-se , no desenho, ao ambiente da Terapia Ocupacional (TO), como a vê atualmente. e como ele gostaria que fosse. Comentou, com certa dificuldade na articulação das palavras, que os boxes da TO eram desconfortáveis por serem muito pequenos. O desenho da situação desejada revela um ambiente mais amplo, 2 vezes maior. Figura 80: Mapa Cognitivo- Adulto 2- situação atual Figura 81: Mapa Cognitivo- Adulto 2-situação desejada • Adulto 3 Os desenhos abaixo foram elaborados pela senhora Adulto 3, que apresentava grande dificuldade na área da fala e coordenação motora. Porém , expressou através de dois desenhos, a sua visão da instituição hoje e como ela gostaria que fosse, em uma situação ideal. Figura 82: Mapa Cognitivo- Adulto 3-situação atual Figura 83: Mapa Cognitivo- Adulto 3- conforme seu ideal de ambiente 104 3.3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DAS ENTREVISTAS COM SUPERVISORES Apresentamos, a seguir, as análises das entrevistas AFR aplicadas à dez especialistas da Foram ouvidos os principais setores da Instituição, quais sejam: Fisioterapia Geral, Fisioterapia Neuro-Infantil, Psicologia Geral, Psicologia Neuro-Infantil, Fonaudiologia , Terapia Ocupacional, Serviço Social, Órteses e Próteses, Eletroterapia e Pedagogia. Recapitulando os objetivos das entrevistas temos que: A primeira questão colheu a descrição sumária das características de cada um das dez especialidades em reabilitação e a visão daquele profissional acerca das necessidades dos pacientes. Lembramos que o objetivo, neste ponto da entrevista, é o de conhecer um pouco das especialidades e suas metas gerais de tratamento e, ao mesmo tempo, ter um idéia das exigências dos pacientes sob a ótica de seus terapeutas. A segunda questão pretende verificar a atitude, a afinidade do profissional quanto aos parâmetros de humanização já citados. Na terceira questão, verifica-se se e em que graus atribuem importância às trocas sociais para a recuperação das pessoas. A quarta questão visa a obter do profissional que, na maioria dos casos, está na instituição há vários anos, o relato de suas observações e experiências quanto à relação daquele ambiente físico com as vivências sociais que abriga. As questões cinco e seis deslocam o foco para a constituição física do ambiente, a adequabilidade de seu setor quanto às exigências técnicas, operacionais de sua especialidade, bem como suas expectativas sobre seu aprimoramento e ideal de espaço para o edifício de uma maneira geral. O primeiro ponto evidenciado pelos terapeutas foi o da necessidade de acolhimento, de sentimentos positivos, demonstrada, de uma forma geral, pelos pacientes. Em especial, aqueles que, por algum motivo, tiveram perdas graves e significativas. Segundo a visão da maioria dos especialistas avaliados, apresentam-se fragilizados mediante seu problema e, demonstram grande necessidade de conforto para a sua dor moral, de atenção acolhedora, afetuosa e, é necessário atendê-los neste sentido, para que se chegue a resultados terapêuticos positivos. Ademais de, estas pessoas apresentam-se estressadas com o que vivenciam e podem, em decorrências deste estresse, apresentar doenças psico-somáticas, agravando seu quadro geral. 105 O segundo aspecto destacado foi o da necessidade de convívio social. Neste sentido, são diversos os benefícios observados. Segundo a Psicologia Geral da casa, é recomendável que haja trocas de experiências, sobretudo vivências de superação das dificuldades e de obstáculos que encontraram no decorrer do tratamento. Acrescenta que, estes problemas são superados de maneira diferenciada, conforme a história de vida dos pacientes. Os que têm maiores recursos afetivos e/ ou já passaram por determinada etapa do tratamento e obtiveram êxito, apóiam e motivam os outros, isto afeta seu ânimo e, em conseqüência, estimula a sua recuperação. A visão dos terapeutas que tratam das crianças com comprometimentos neurológicos é de especial importância para a pesquisa. Estes profissionais constituem-se, na maioria dos casos juntamente com os acompanhantes, em porta-vozes das necessidades destas crianças. acordo com eles, são crianças que precisam, sobretudo, De de estímulos positivos. Recebem tratamento de forma individualizada, o que exige muito da performance do ambiente interno do setor. Estes ambientes têm que ser prazerosos, estimulantes e, ao mesmo tempo harmoniosos e repousantes. Por outro lado, estas crianças, em contato com as outras aprende por observação, sendo indicado que possam estar em contato, em atividades lúdicas como nas que estimulam a psicomotricidade. Outro aspecto relatado por eles diz respeito à importância que tem para estas crianças a aceitação, por parte dos grupos aos quais pertence. A necessidade de inclusão começa junto à própria família e extrapola para o grupo social, no local onde mora, na escola, etc. Conforme relatado em entrevista junto ao Setor de Psicologia, pacientes que foram integrados em seu grupo familiar e social mostram-se em melhores condições que outros que receberam mais influência de tratamentos terapêuticos, mas não foram tão bem aceitos socialmente ( 1 MASLOW ,apud VERDERBER & FINE, 2000). De uma maneira geral, os terapeutas destacam o mérito do desenvolvimento do paciente no sentido de uma maior autonomia, a mais abrangente possível, na realização de suas funções. 1 A necessidade de pertencimento é analisada por MASLOW, Abraham. Em Toward a Psychology of Being (1968). 106 Sob o enfoque da Terapia Ocupacional, uma das principais necessidades dos pacientes é a do resgate da independência que perderam com o surgimento da patologia. Quanto aos aspectos da humanização do atendimento1, os terapeutas demonstraram através de suas respostas, profunda afinidade com estes conceitos. O respeito aos pacientes é observado em vários níveis traduzindo-se na preocupação com seu bem estar geral, incluindo os aspectos psico-sociais. A abordagem terapêutica da instituição traduz-se em uma estrutura que possibilita o atendimento de maneira multidisciplinar, uma vez que as equipes de terapeutas estão em contato permanente para a avaliação de pacientes. Sua proposta é analisar os casos sob o enfoque das diversas especialidades, desta maneira, tanto os aspectos físicos quanto psicológicos e sociais são observados, resultando em um atendimento de fundamento holístico, perfeitamente de acordo com os princípios de humanização, anteriormente explicitados. Conforme os resultados das entrevistas, humanização do atendimento é, para aqueles profissionais, além de um atendimento com condições físicas dignas para gerar um bom serviço, responsável e respeitoso, ter um olhar de compreensão, que muitas vezes exige paciência e perseverança. Olhar “através da patologia”, ou “Olhar Escuta”, observando o que está por trás do diagnóstico fornecido pelo médico que o encaminhou. Quanto à relação entre o ambiente físico da instituição e a promoção da saúde, em especial, os espaços de uso comum ou gregários, os terapeutas foram unânimes em afirmar que sua importância é bastante significativa. De acordo com as entrevistas, isto se deve, principalmente, ao fato de serem locais de convívio e, portanto, de trocas sociais entre os ocupantes- pacientes, acompanhantes e profissionais. Trata-se de lugares de grande força terapêutica, pelos motivos relacionados a seguir: De uma maneira direta, estes espaços servem para uso terapêutico por parte dos fisioterapeutas. Especialmente no caso dos pacientes em reabilitação do aparelho locomotor, para que se habituem ao uso das órteses e próteses, bem como o das cadeiras, incluem treinamentos nestes locais. Isto se dá em razão de encontram-se estímulos- pessoas passando, conversando, 1 HOWARD, Jan & STRAUSS, Anselm, Humanization Health Care. John Willey and Sons, NY, 1975. 107 escadas e rampas para serem vencidas nestes ambientes. São desafios que exigem do paciente o desenvolvimento de determinadas funções e mecanismos, de maneira bem próxima ao que eles encontrarão ao retornarem às suas tarefas cotidianas. Estes espaços permitem intermediar a sala de terapia e o ambiente externo, como exercício de simulação. Ainda no caso de função terapêutica direta, de acordo com as entrevistas, a cantina, ou “Praça da Cantina”, conforme mencionou um profissional ao referir-se àquele lugar, é comum ser usada para que os pais ou responsáveis exercitem suas crianças, em tratamento no setor de Neuro-Infantil, no deslocamento e compra do lanche. É um local que possibilita a tanto a observação dos pacientes movimentando-se, interagindo com os outros, etc., quanto à intervenção do profissional, para uma orientação de qualquer natureza, quando julga necessário, adequado ou conveniente. Naturalmente, se houver oportunidade para a abordagem, já que não se trata de uma sessão terapêutica. Segundo alguns supervisores essa é uma prática comum e tem demonstrado resultados positivos. A informalidade do ambiente facilita a “entrada” do profissional, como por exemplo, mães que se recusam a participar de sessões de psicoterapia indicadas pelos profissionais. Uma conversa informal nestes locais pode trazê-las para a terapia. Esses locais de uso comum propiciam as trocas entre os acompanhantes, durante os períodos das sessões, que podem somar horas. São momentos em que há trocas de experiências, informações e sentimentos, que vão resultar, através do fortalecimento afetivo deste acompanhante, em benefícios para o próprio paciente. Outra possibilidade de troca, talvez a mais importante, que estes ambientes propiciam, é a interação entre os pacientes. Eles ajudam-se entre si com manifestações de apoio, trocando informações e experiências de superação. Sente-se reconfortados aceitos e valorizados em razão destas vivências. No que tange à edequação do espaço de seus setores às funções que desempenham, estes profissionais , na sua maioria, demonstram insatisfação. Sobretudo quando à dimensão de seus 108 ambientes de trabalho e a acessibilidade no edifício como um todo. Quando perguntou-se sobre seu ideal de ambiente, apresentaram o desejo de mais conforto,tanto físico quanto estético. O conforto acústico aparece como uma dificuldade,sobretudo no que tange à trasmissão do som das esperas da Masso Terapia e Eletroterapia , para o interior das salas de tratamento. O calor não aparece como problema, uma vez que, em quase todas estas salas estão instalados aparelhos de ar condicionado. 3.4 ANÁLISES E RESULTADOS DA AVALIAÇÃO TÉCNICA Utilizou-se uma metodologia de comparação entre as especificações de algumas normas e o que existe no local. Porém, vale a ressalva, que o edifício foi construído em etapas, sem a orientação de projetos de arquitetura e, ainda que, o que foi construído, precede as normas em questão. As normas consultadas foram: NBR 9050/ 1985 – Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço mobiliário e equipamento urbano; NBR 10152/ 1978Níveis de Ruído para Conforto Acústico; NBR 12179/1992- Tratamento Acústico em Recintos Fechados; NBR 5413/1992-Iluminação de Interiores; ANVISA/ RDC 50/20021. Esta última dispõe sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos Físicos de Estabelecimentos de Saúde. 3.4.1 CONFORTO AMBIENTAL O conforto ambiental do edifício da AFR foi avaliado quanto ao conforto acústico, as condições de ventilação, iluminação e conforto térmico. 1 http://www.anvisa.gov.br / Inclui as alterações contidas nas Resoluções RDC 307 /2002 e RDC 189/2003. acessado em 10-06-2005. 109 3.4.1.1 Conforto Acústico O desconforto quanto ao barulho nas esperas foi uma das insatisfações apresentada pelos usuários. As esperas estão localizadas no interior do edifício, não existindo, portanto, a influência de ruídos externos, como o do trânsito de veículos. Observou-se que havia desconforto, sobretudo nos horários de maior movimento. Nestes locais, as pessoas aguardam em silêncio ou conversam em volume moderado. Nas esperas do Pavimento Térreo, junto à recepção, percebe-se, claramente, um desconforto acústico maior. Há o movimento das pessoas que se dirigem à recepção, muitas vezes, aguardando em pequenas filas entorno do balcão de atendimento. Existe um aparelho de TV, instalado neste local que nem sempre está ligado. Trata-se de uma área parcialmente fechada e relativamente ampla, com 449,50 m³. As superfícies são constituídas de materiais Com coeficiente de absorção sonora muito baixa, o que resulta em alto índice de reverberação-o teto é de laje de concreto pintada, as paredes de alvenaria com pintura sobre massa corrida e o piso é revestido cerâmica. Avaliou-se acusticamente os níveis de pressão sonora os valores de tempo de reverberação ideais para ambientes fechados de acordo com a NBR 10152/1987 (Níveis de Ruído para Conforto Acústico). Procedemos com medições in loco, nos locais de espera que estão localizadas nos Pavimentos Térreo e Primeiro. Em horários de funcionamento normal para a medição de pressão sonora e, fora de expediente, para verificar o tempo de reverberação. Esta última medição foi feita somente no Térreo, local mais amplo, com maiores superfícies de reflexão sonora e, portanto, apresentando maior problema neste sentido. Os instrumentos utilizados foram: Pressão sonora: Decibilímetro-MINIPA. modelo MSL1352C. Calibrado em 14-04-2004. Certificado de Calibração n° CF0357AU4. Tempo de Reverberação: Audiotoolbox1-TERRASONDE-made in USA-serial: OB651ACD. Pode-se observar o resultado das medições encontradas na tabela “Medições de Nível de Ruído-AFR” e os locais onde foram feitas as medições estão assinalados nas plantas do Térreo 1 http:// audiotoolbox.us/ 110 e 1° Pavimento. Os resultados encontrados, dos níveis de pressão sonora, foram obtidos através de estatística descritiva, para valores mínimos e máximos, com base na NBR 10152/1987 (Níveis de Ruído para Conforto Acústico). Para o tempo de reverberação foi utilizado como referencial teórico a NBR 12 179/ 1992 ( Tratamento Acústico em Recintos Fechados). Efetuou-se duas medições da pressão sonora nas esperas do pavimento Térreo. A primeira, próxima à recepção, a segunda em frente à Fisioterapia Geral ou Ginásio. Registrouse os seguintes valores médios, em dB(A), mínimos e máximos: 1ª verificação 70 e 80 dB(A), 2ª medição 69 e 74 dB(A). Na 3ª medição, feita próximo à cantina, temos 70 e 75 dB(A). No pavimento superior fez-se as medições nas esperas da Eletroterapia e da Fonoaudiologia Geral. Registraram para a 3ª, 61 e 71 dB(A) e para a 4ª, 64 e 69 dB(A). São valores que ultrapassam os níveis recomendados para ambientes hospitalares, pela ABNT (1987), baseados na WHO (1980), que estão entre 35 a 45 dB(A). Segundo a OMS1, acima de 50 dB (A) o conforto auditivo é prejudicado o que gera estresse nos ocupantes do ambiente. A interferência do ruído na conversação, ou comunicação falada, especialmente nos casos de pessoas idosas, ou meia idade, ou crianças na fase do desenvolvimento da linguagem falada e escrita. Pode ser responsável por uma série de conseqüências como: fadiga, irritação, e diversas doenças relacionadas ao estresse. Se o nível de ruído ultrapassa 50 db(A), as pessoas, automaticamente, forçam suas vozes para serem ouvidas. Para que as frases sejam 100% entendidas, é necessário um grande esforço vocal sob pressão sonora de 65 dbA.2 O tempo de reverberação que o ambiente apresenta é outro fator importante no condicionamento acústico, Tempo de reverberação corresponde ao tempo de caimento do som de 90 para 30dB(A), ou seja, de 60dB(A). Fizemos a verificação deste tempo em dois pontos da espera da Fisioterapia Geral, próximo à recepção. Neste local, havíamos medições de pressão sonora, constatado, nas níveis sonoros mais altos e julgamos adequado verificar, também, como o ambiente se comporta quanto ao aspecto do tempo de reverberação. Os tempos reverberação encontrados nas medições in loco foram: mínimo= 1.62s e Máximo= 1.70s. Para 1 2 http:// www. who.int/en/ http://www.who.int/docstore/peh/noise/comnoise-3.pdf 111 o cálculo do tempo de reverberação foi utilizada a Fórmula de Sabine. Esta fórmula é empregada quando o coeficiente médio de absorção é menor ou igual a 0, 30, a saber: Figura 84: Fórmula de Sabine. 1. Figura 85: Localização das medições de pressão sonora no Térreo 112 Figura 86: Localização das medições de pressão sonora no 1° Pav. No caso em questão temos os seguintes materiais e respectivos coeficientes de absorção sonora; teto-pintura sobre laje (0,02), paredes-pintura sobre massa corrida (0,02), piso-cerâmico (0,01). O volume é de 449,00 m³. Temos, portanto, um tempo de reverberação, em torno de 1,7 segundo. O que indica que o tempo de caimento do nível de pressão sonora está alto, de acordo com a norma. Figura 87: Espera e recepção, junto ao acesso principal. Materiais de baixa absorção acústica. Fonte: Pesquisa, 2005. 113 Outros locais apresentam problemas concernentes à conforto acústico, trata-se do ambiente da Fisioterapia Geral ou Ginásio e dos Setores de Psicologia Geral e Eletroterapia/ Massoterapia. No primeiro caso, temos condições semelhantes à espera, próxima à recepção, que foi objeto da análise anteriormente apresentada. O ambiente tem um volume de 436,00 m³ e as superfícies, de piso, parede e teto são revestidas dos mesmos materiais do referido ambiente. É, portanto, provável que apresente o mesmo resultado quanto ao tempo de reverberação e pressão sonora. No Ginásio, fonte de som é devido à conversação entre os ocupantes. O local é vivenciado por um número grande de pacientes e profissionais e acompanhantes. Em dias de maior movimento pode chegar a 78 pessoas ao todo, aproximadamente 1,50 m², ou 4,60 m³ por pessoa. A conversação entre estas pessoas é constante e necessária -faz parte do tratamento. As trocas entre elas são de grande importância durante as sessões. Tanto as que se dão entre paciente, terapeuta e acompanhantes quanto, entre os próprios pacientes e acompanhantes, conforme informou a supervisora do setor, em entrevista. Figura 88: Ambiente do Ginásio. Acústica inadequada e conversação desejada. Fonte: Pesquisa, 2005. O segundo caso, envolvendo as salas de Eletroterapia, Massoterapia e Psicologia Geral, dizem respeito, não mais a tempo de reverberação, mas à transmissão de som. Ocorre que, nos locais de espera destes setores, contíguos a eles, os pacientes e acompanhantes conversam bastante, como vimos nos resultados das avaliações comportamentais. Como nos casos anteriores, esta conversação é desejável por sua importância terapêutica. Não sendo recomendável, portanto, que seja controlada ou reprimida. Ocorre que, para o bom resultado dos tratamentos, no interior das salas, é importante o silêncio e, principalmente para a 114 psicoterapia, a privacidade. Nestes locais, as vedações são de divisórias leves ( no caso da Eletroterapia não chegam a alcançar o teto) que permitem, facilmente, a passagem do som. 3.4.1.2 Ventilação/ Iluminação/ Conforto Térmico A avaliação quanto à ventilação e iluminação naturais e conforto térmico foi feita segundo os aspectos a seguir: a tipologia volumétrica do edifício; a implantação no lote; as dimensões, posições e formas das aberturas e características de uso em face do disposto na NBR 5413/1992. Conforme vimos anteriormente, o edifício da AFR foi construído em etapas, de maneira improvisada, de acordo com as necessidades e recursos disponíveis no momento. Atualmente, sua projeção ocupa toda a área do lote, restando uma área central descoberta, com as dimensões de 7,00m x 35,00m, como alternativa para as aberturas dos ambientes internos. Em decorrência desta volumetria há um déficit de renovação de ar no edifício como um todo. As portas de acesso, tanto de público quanto de serviço são importantes aberturas para a entrada de ar no sistema de ventilação natural do edifício. Questões relacionadas à orientação solar e ventos dominantes têm pouca relevância neste caso, uma vez que somente uma das empenas tem relação de contigüidade com o exterior. A área descoberta, localizada no interior da edificação. Figura 89: Espera da Fonoaudiologia e Correção Postural: Luz natural e jardineiras. Fonte: Pesquisa, 2005. Figura 90: “Praça” da cantina, entrada da recepção da Oficina Ortopédica. Fonte: Pesquisa, 2005. 115 favorece, sobremaneira, a qualidade geral do ambiente. A luz natural beneficia as circulações/ esperas abertas para este local. As “Praças” ( área da TV e cantina) situadas no Térreo e o cultivo dos jardins também beneficiam-se destas qualidades em conforto ambiental. O que reforça o seu teor quanto à humanização . Os ambientes internos dos setores de tratamento dispõem de aparelhos de ar condicionado, porém, as circulações e esperas apresentam-se desconfortáveis no que tange ao conforto térmico. Não efetuamos medições de temperatura, no interior do edifício, pela impossibilidade de colhermos medições durante um período amplo, que permitisse alcançar as temperaturas, durante todo o ano. A pesquisa junto aos usuários foi feita no período de verão e, conforme observa-se nos resultados e análises comportamentais, o calor foi um ponto destacado como de grande desconforto. Acrescenta-se a isto que, no Bairro de Icaraí, de acordo com os termômetros locais, as temperaturas máximas de verão chegam a 42° C. Figura 91: Divisa esquerda: janelas do Ginásio para o terreno vizinho. Pesquisa, 2005. Figura 92: Interior do Ginásio: janelas para o vizinho. Fonte: Pesquisa, 2005. Os ambientes de tratamento, conectados diretamente às divisas laterais não dispõem de aberturas adequadas para o exterior. Abrem-se para os lotes As aberturas constituem-se de janelas altas, com altura maior que 1,80 m. vizinhos (Escola à esquerda e Estádio de Futebol à direita e nos fundos). Os vidros são do tipo canelado. Permanecem fechadas todo o tempo. Figura 88: Ambientes de espera: ambientes internos com janelas e aparelhos de A. C. instalados. Fonte: Pesquisa, 2005. 116 A ventilação é feita artificialmente, por meio de aparelhos de ar condicionado, fixados nas paredes internas, ou seja, superaquecendo os ambientes de espera. Como se observa na foto acima, algumas janelas do Ginásio e um dos aparelhos de ar condicionado instalados nas paredes do ambiente da espera. Isto ocorre na espera do Ginásio e nas demais esperas ligadas aos setores localizados nas divisas laterais do terreno. Observa-se o mesmo problema em outros locais,como por exemplo a espera da correção postural, localizada no 1° Pavimento. 3.4.2 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL Neste ponto da pesquisa analisou-se as variáveis funcionais, ou seja, as condições físicas do edifício que dão suporte às atividades que abriga. De uma forma geral, os fatores funcionais são o conjunto de itens que viabiliza o programa de atividades que a instituição abriga. No caso da AFR, de maneira peculiar, o programa de atividades não precedeu um projeto de arquitetura. Foram surgindo exigências, necessidades de espaços para atividades que foram sendo cumpridas mediante sucessivamente ampliações e adaptações, de acordo com oportunidades e recursos. Estes últimos, segundo a administração, sempre escassos, abaixo do necessário, considerando-se os resultados de boa qualidade técnica ou de outra natureza desejados. A análise foi dividida em três itens distintos, que caracterizam, de uma maneira geral, as condições de adequação funcional do edifício. A saber: acessos e circulações vertical e horizontal; adequação funcional dos setores de tratamento; adequação funcional dos locais de espera e distrações. 3.4.2.1 Acessos e Circulações Verticais e Horizontais O edifício em questão é um espaço de saúde voltado, inclusive, para o tratamento de patologias ortopédicas, além das demais que, igualmente, podem limitar o paciente no que tange ao seu deslocamento. Considera-se , portanto, o item circulação e acessos de grande 117 importância funcional. Procede-se esta análise, prioritariamente, com base na NBR 9050 Deve-se a isto que, esta norma é a mais restritiva quanto acessibilidade já que inclúi as necessidades especiais dos portadores de deficiências de locomoção , permanentes ou não. O edifício conta com dois acessos, um de serviço outro para o público em geral, pacientes, acompanhantes e profissionais. O acesso principal ou de público em geral do edifício apresenta problemas decorrentes de suas dimensões e uso que fazem dele. Tem a característica de um corredor com a largura de 2.35 m e e extensão de 4.80 m, na forma de uma rampa, com declividade de 8%. Neste mesmo local, na parte interna, próximo ao hall da recepção, está instalado um balcão que serve de portaria. Ele ocupa 0 ,90 m da largura do corredor, restando menos de 1.50m , o que resulta em retenção do fluxo de pessoas e inviabiliza a passagem de duas cadeiras. Quanto a este aspecto está em desacordo com a NBR 9050, que recomenda 1,50m como largura mínima para a passagem de duas cadeiras e 1,20m para a passagem de uma pessoa conduzindo uma cadeira. O Deveria haver barras de apoio e faixa antiderrapante no piso. O acesso de serviço é um corredor de 3,50m x 6,00 m. É bastante confuso porque acumula a função de manutenção, com mobiliário e objetos depositados junto à parede lateral. A circulação das pessoas, no trecho que vai do acesso principal até a cantina é, sobretudo nos horários de maior movimento, confuso e tumultuada. Isto se deve à falta de um local de espera junto ao setor setor de Psicologia Neuro-Infantil cuja porta de entrada abre-se para o Hall, logo na entrada, próximo a portaria. As pessoas aquardam na área da cantina. Para facilitar, abriram uma outra porta de acesso daquele lado. Mas, muitas vezes, aquelas pessoas ficam aguardando em pé, em frente à porta que se abre para o Hall. Há um grande e movimento de pessoas circulando , próximo à cantina. Este fato é decorrente à quantidade de rotas de fluxos neste local e ao fato dos ocupantes aguardarem alí para serem atendidas. Especialmente os que se dirigem ao setor de Psicologia Neuro-Infantil e/ ou estarem utilizando a cantina. Obseva-se ainda que, as cadeiras de rodas são colocadas neste mesmo local, para uso dos pacientes quando necessário, com o auxílio do funcionário da portaria. Estes fatores dotam aquele ambiente de grande vitalidade, apesar de torná-lo um pouco tumultuado. 118 Figura 94: Chegada da rampa. Desnível, sem proteção. Fonte: Pesquisa, 2005. Figura 96 : Desnível no piso da espera do Ginásio. Fonte: Pesquisa, 2005 Figura 95: Rampa com declividade acentuada e piso inadequado. Fonte:Pesquisa, 2005 Figura 97: Desnível entre a saída da rampa e “Praça”de TV. Fonte: Pesquisa, 2005. Não há elevadores. A circulação vertical é feita através de escadas e rampa, que ligam os três pavimentos. As escadas e a rampa apresentam uma série de irregularidades que resumimos a seguir : os degráus são irregulares em largura e altura. A relação entre altura do espelho e largura do piso ( 2x altura + profundidade = 0, 64m ) está incorreta. Os pisos apresentam uma certa declividade em elguns degráus e a largura da escada é inferior aos 1,80 m recomendados. O material de revestimento deveria ser antiderrapante ( adimite-se uma faixa de alguns centímetros,na parte da ferente do degrau), no local encontramos um cimentado. Entre o piso dos pavimentos superiores e o patamar da escada há desníveis, o que é altamente inadequado. 119 Quanto às rampas, sua largura interna é inferior a 2,00 m e a declividade ultrapassa 10%. A NBR 9050 preconiza declividades entre 0.25% a 8.33%. O piso é inadequado, não se encontra revestida de material antiderrapante. O corrimão também está em desacordo com esta norma, em altura e formato, não permite que se possa agarrá-lo com as mãos, conforme recomenda a Norma.. Há um desnível de aproximadamente 10 cm entre o piso da rampa e do Pavimento Térro, como observa-se no levantamento fotográfico. O que torna a sua utilização arriscada, até mesmo para as pessoas com total domínio sobre seu aparelho locomotor. Há um desnível no piso da espera do Ginásio, outro ponto que gera risco para o usuário. As passarelas que interligam os pavimentos superiores são bastante favoráveis. Facilitam a circulação das pessoas que se deslocam sobre o vão descoberto, de um lado à outro do edifício. A sua largura, no entanto, é inferior aos 2.00 m previstos na lei, para largura mínima de circulações, portanto, temos mais um item em desacordo. 3.4.2.2 Dimensões mínimas e demais aspectos funcionais e construtivos Deacordo com as classificações da RDC 50, as atividades de assistencia à saude desenvolvidas na AFR estão incluídas como sub-atividades, ou sub-unidades funcionais da Unidade Funcional 4- Apoio ao Diagnóstico e Terapia. Somente Fisioterapia é considerada unidade funcional. A referida norma define as atividades de Reabilitação e determina as dimensãoes mínimas para o desenvolvimento das seguintes especialidades: Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia. Em relação à Fisioterapia, a norma deixa em aberto a quantificação de boxes e salas, que fica vinculada à demanda de pacientes. As dimensões mínimas estipuladas para cada boxe ( 2,4 m²) correspondem ao que encontramos na AFR. No entanto, vale lembrar que, o conceito de tratamento fisioterápico adotado na AFR inclúi, entre outros objetivos, a integração dos pacientes dentro do setor. Figura 98: Fisioterapia Geral . A privacidade é garantida através de cortinas. Fonte : Pesquisa, 2005. 120 Por este motivo, os boxes, se é que podemos chamá-los desta forma, são divididos por cortinas, fixadas no teto. Parece que a norma está longe de alcançar esta interpretação humanizada de fisioterapia. As instalações dos setores de Fonoaudiologia, igualmente, atendem as dimensões mínimas exigidas ( 20,00m²), quanto à sala de psicomotricidade e ludoterapia. Vale lembrar que a Resolução da ANVISA, por seu caracter obrigatório, deveria apresentar um conhecimento mais amplo , tanto no desenvolvimento destas atividades, quanto em relação às dimensões mínimas que exige para a sua boa realização, já que trata-se de um regulamento que deve ser cumprido junto aos orgãos de aprovação de projetos físicos de EAS. De forma diferenciada da Fisioterapia Geral, a Fisioterapia Neuro- Infantil trabalha os pacientes de forma individual com objetivos, entre outros, de com estimulação precoce. Neste ambinte encontram-se boxes compartimentados. Ainda conforme informaram as supervisoras, As instalações poderiam ser bem mais adequadas se pudessem contar com ambientes para atividades lúdicas , como jogos com bolas, práticas com bicicletas, patinetes, etc. Figura 99: Interior de um box, na fisioterapia Figura 100 :Sala de Fisioterapia Neuro-Infantil. Pouco espaço. Neuro-Infantil. Fonte Pesquisa, 2005. Fonte: Pesquisa, 2005. 121 Muitas crianças tratadas por elas apresentam o desejo de poderem brincar com estes brinquedos e, consideram que, especialmente por este motivo, a estimulação através destes exercícios resultaria numa maior eficácia no tratamento. Um ambiente próprio para estas atividades seria compatível com as dimensões de um pequeno ginásio adaptado as referidas práticas lúdicas, naturalmente na escala adequada à criança. Quanto ao Setor Ocupacional anorma de Terapia subdivide em: Consultório de Terapia Ocupacionalconsulta individual e Sala de Terapia Ocupacional-consulta de grupo. Para o primeiro ambiente não consta dimensão mínima, para o segundo , 2,2m² por paciente e 20,00 m² mínimos. No ambiente de T O em questão , encontra-se uma área maior que a exigida. Figura 101: Sala de terapia cupacional- Grupo. Fonte : Pesquisa, 2005. No entanto, novamente encontramos um distânciamento entre a norma e a realidade prática do exercício daquela atividade. De acordo com as entrevistas com os profissionais especialistas na área de T O da AFR, este tipo de tratamento tem como principal meta devolver a autonomia ao paciente, Figura 102: Sala de terapia Ocupacional - Grupo. Fonte : Pesquisa, 2005. 122 iniciando com o desenvolvimento da capacidade desenpenhar as tarefas cotidianas, domésticas, de maneira independente. Neste sentido, o espaço físico surge como um elemento de fundamental importância. Segundo realtou uma especialista, no espaço ideal para o desenvolvimento da T O, deveria haver ambientes semelhantes aos encontrados nas residências. Isto inclui o mobiliário e os equipamentos. Réplicas de quartos, banheiros, cozinhas, etc. Ademais disto, ambientes para práticas com vistas ao desenvolvimento da psicomotricidade, como atelier de artes, oficina de artesanato. Área externa como calçadas, jardins, parques com brinquedos, para as crianças, entre outras. Conforme observa-se nas fotos das obras de ampliação, o piso do segundo pavimento é um aproveitamento da laje de cobertura do pavimento inferior. Não tivemos acesso a nenhum tipo de cálculo estrutural que , por ventura, possa ter havido, para orientar as referidas construções. Desta forma, não se tem conhecimento da carga prevista a dimensões daqueles elementos estruturais. Considerando o tempo de ocupação da referida laje,ocorrido há vários anos e, a ausencia de evidências de comprometimento estrutural , como presença de rachaduras decorrentes de deformações de pilares, vigas ou lajes. De uma maneira geral, conclui-se que não há problemas desta natureza. Exceto em um trecho da referida laje, no piso da sala de voluntários. Neste local observa-se uma deformação da laje em cerca de 7 cm. Conforme informaram os ocupantes, esta deformação não apresenta alterações com o tempo. Os acompanhantes levantaram uma questão importante quanto aos sanitários. De uma forma geral, os estes ambientes estão adaptados para os deficientes, com altura do vaso, barras de apoio e dimensões mínimas, de acordo com a norma. Porém, não dispõem de instalações adequadas para a limpeza e trocas, bastante útil , especialmente no caso das crianças. Um setor crítico em termos de adequação funcional e mesmo de conforto ambiental , pelo que observamos, de uma forma geral e sem ter sido possível um maior aprofundamento técnico, é o da Oficina de Órteses e Próteses. Esta função não está classificada no âmbito da RDC 50, que trata de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Mas, pelo que foi relatado em entrevista, é positiva a existência da fábrica junto às funções terapêuticas. Isto se deve ao grande valor sob o ponto de vista social, uma vez que fornece, em curto prazo as referidas órteses e 123 próteses,gratuitamente, ou seja, através do SUS. E por cumprir a função de apoio psicológico para os pacientes que delas necessitam. Segundo informou seu supervisor, é positivo para a recuperação geral do paciente, serve como estímulo, ver e saber do éxito, da superação das dificuldades que o outro paciente já ultrapassou. Estas trocas se dão nas esperas e “Praças”e, dentro da oficina, nos locais de atendimento. A oficina em questão reune equipamentos industriais a exemplo de um forno de alta temperatura. Reúne o seguinte grupo de ambientes : sala de gesso, sala de prótese, sala de calçado, ambientes para receber os pacientes- para medidas e provas , uma recepção própria e um escritório. Como em vários ambientes do edifício, encontramos alí limitações quanto à aberturas para o exterior. Neste caso, as paredes fazem divisa com o Estádio de Futebol. Com toda a dificuldade relatada, , encontra-se neste local uma fábrica de Órteses e Próteses que produz, por mês, 140 unidades e funciona em uma área de apenas 148 m². A área central do edifício, como vimos, é descoberta. Isto é benéfico sob o ponto de vista do conforto ambiental, permite ventilação e iluminação naturais. No entanto, deixa desprotegido das chuvas as escadas , rampa e entorno da cantina. Instalou-se uma pequena cobertura em policarbonato, de 0,80m x 1,50m , próximo à cantina. Obviamente, está longe de cumprir a função desejada. Figura 103: Vão central descoberto. Agradável, porém problemático nos dias de chuva. Fonte: Pesquisa. 2005. Para uma avaliação funcional mais completa dos ambientes de tratamento seria necessário uma atenção maior à cada setor. Isto envolveria levantamentos detalhados da situação existente tais como: o entendimento dos fluxos e deslocamentos para cada tarefa realizada, as dimensões e localização dos equipamentos e mobiliário e, as demais informações e condições intervenientes no processo de produção daqueles serviços. No entanto, informações 124 mais detaladas demandariam maiores recursos do que os disponíveis na presente pesquisa. Ademais de, tendo em vista os objetivos a serem alcançados , uma visão técnica mais geral éconsiderada suficiente. Atribuíu-se um peso maior à opinião dos usuários do que à verificação técnica. Desta forma, segundo os resultados aferidos na avaliação comportamental e observações técnicas, de uma maneira geral, conclui-se que há um déficit de espaço no conjunto do edifício. Contudo, observa-se que há um sub-aproveitamento do segundo pavimento. Este pavimento é destinado a atividades extra-terapêuticas, como o núcleo de estudos e pesquisas, o almoxarifado, a biblioteca, entre outras. O corredor de acesso está com mais de 2,00m de largura e algumas salas não têm um uso bem definido. Este local não inclui tratamentos, principalmente, pelo fato de não haver elevadores no edifício, o que tornaria proibitivo o acesso de uma faixa considerável de pacientes. A isto acrescenta-se que estariam em desacordo com a norma, que não permite o acesso através de rampas e escadas para mais de um pavimento. 3.5 ANÁLISE GERAL DA PESQUISA DE CAMPO Conforme o procedimento metodológico previsto na estrutura da APO em questão (Figura 27, pág. 60), alcança-se, neste ponto da pesquisa, a etapa final de análise. Analisou-se todo o conjunto de dados coletados através das ferramentas de avaliação comportamental e técnica. Com base no cruzamento dos resultados obtidos nos dois grupos de avaliações, passase à elaboração do diagnóstico geral. Para cada item analisado, efetua-se o cruzamento dos dados. Desta forma tem-se a avaliação do ambiente, segundo a opinião dos usuários e sob o ponto de vista técnico. Note-se que, a presente pesquisa pretende analisar o ambiente, entre outros aspectos, sob o aspecto da humanização. As observações a este respeito, que possam partir do ponto de vista do pesquisador, não teriam respaldo paramétrico. Teriam, portanto, pouco valor científico. Neste sentido, são os usuários quem informa se o ambiente é ou não humanizado. Os pacientes e 125 acompanhantes, se recebem um atendimento humanizado e, os profissionais, se têm bem estruturado o conceito de humanização e de que maneira transmitem-no em seus atendimentos. No que tange ao conceito de humanização, encontramos as informações desejadas em algumas questões dirigidas aos usuários, através dos questionários em “Avaliação Geral do Ambiente”, algumas perguntas feitas nas entrevistas com os supervisores de setor, bem como, nas leituras dos mapas cognitivos. Estes dados entram na avaliação do ambiente, auxiliando na elaboração do diagnóstico geral. Para efeito de análise, os itens analisados seguem em quatro grupos, seguindo a seguinte ordem: 1. Humanização do Ambiente 2. Conforto Ambiental e Estético 3. Adequação Funcional 4. Adequação Psico-Social/ Valor terapêutico dos Ambientes de Espera 3.5.1 HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE Os resultados das análises comportamentais indicam que o ambiente da AFR é humanizado. Os pacientes demonstraram, através das respostas às questões apresentadas nos questionários e dos desenhos nos mapas cognitivos que, sentem-se tratados ou acolhidos naquele local, com respeito e dignidade. Buscou-se incluir as visões dos diversos tipos de pacientes. Adultos em idades, condições educacionais e físicas diferenciadas. Também foram ouvidas, as crianças, adolescentes e os adultos com limitações de comunicação verbal. Estes últimos, deixaram claramente registrado, na linguagem simbólica dos desenhos, as suas impressões acerca do ambiente. Os acompanhantes compartilham desta visão. Não se teve nenhum registro do contrário. De uma forma geral, quem faz algum tipo de tratamento de saúde na AFR, ou trabalha naquele local, se diz satisfeito. Na sua grande maioria, 72% os usuários, considera que o mais 126 positivo no ambiente analisado é o atendimento. Através da pergunta aberta ”O que é bom aqui?”, alcançou-se os aspectos positivos de maior relevância para eles. Responderam que se sentem satisfeitos quanto ao atendimento e, dos que assim se posicionaram, mais da metade acrescentou qualidades ao atendimento. Merece atenção que, foram palavras evocadas espontaneamente. Associaram ao termo atendimento, os seguintes adjetivos: bom, atencioso, carinhoso, carinhoso e atencioso e respeitoso. Neste ponto, temos um forte indício de humanização1 do atendimento. Os profissionais demonstraram um bom entendimento do conceito de humanização. Mesmo os profissionais administrativos, mostraram um certo entendimento acerca do tema. As questões acerca deste tema, dirigidas a esta categoria de usuários- “ O que é Atendimento Humanizado? Colheram conceitos, sobretudo, ligados ao respeito e a visão holística e empatia em relação aos pacientes. Nas entrevistas com os supervisores de setor destacou-se a questão do trabalho multidisciplinar ou integrada que desenvolvem na instituição. Segundo informam, os profissionais, das dos pacientes. diversas especialidades acompanham, conforme a necessidade, o quadro Trocam avaliações, conforme os variados enfoques das especialidades terapêuticas. Encontra-se neste ponto, mais um indício de humanização, uma vez que, esta conduta corresponde ao princípio de visão holística citado por Howard (1979, p. 75). O paciente é visto sob enfoques diversificados, o que resulta em um atendimento que visa alcançar , como definiu a supervisora do setor de Psicologia Neuro-Infantil - “ o olhar escuta, que torna possível ver além da patologia”. Os setores de pedagogia e serviço social buscam observar o aspecto da inserção social, informando e, muitas vezes, fazendo a ponte entre a sociedade e o desabilitado. Como no caso do trabalho do setor de pedagogia, ao efetuarem o contato com as escolas, com vistas a viabilizar a matrícula de crianças portadora de limitações neurológicas. Os profissionais não só demonstraram entender o que vem a ser humanização quanto deram indícios de que seus princípios estão implícitos em suas práticas terapêuticas. Outro aspecto revelado pela presente pesquisa, refere-se à consciência que os profissionais têm da relação entre o ambiente físico e o conceito de humanização. Quando perguntou-se: “O 1 Os princípios de humanização preconizados por Jan Howard (1979), correspondem ao encontrado nas respostas dos usuários. 127 Ambiente Físico pode ajudar no Sentido da Humanização? Como?” responderam que o espaço humanizado é, segundo a maioria, o que é capaz de suprir funções como a do bem-estar, da socialização, do aconchego e da inclusão. Veremos nos itens abaixo, quais são as características deste ambiente, conforme a visão dos usuários. 3 .5.2 CONFORTO AMBIENTAL E ESTÉTICO O item conforto ambiental nas esperas, sob o ponto de vista dos usuários, foi avaliado a partir das análises estatísticas dos dados extraídos do quadro de valoração do ambiente, no terceiro grupo de questões aplicadas. Conforme demonstraram estes resultados, as avaliações variam bastante em função do sub-item julgado. Quanto ao conforto lumínico, e distrações (jardim interno, aparelho de TV), os resultados são de insatisfação quanto às esperas da Eletroterapia e Massoterapia, já quem utiliza as esperas localizadas no Térreo e no pavimento superior nos setores de Fonoaudiologia e Correção Postural Estes locais consideram-nas bem iluminadas e agradáveis. Isto se deve a localização em função da volumetria do edifício. As esperas localizadas no corredor interno do edifício não possuem aberturas para o exterior e para o espaço central descoberto. As outras são mais favorecidas por estarem abertas para o vão central. Deste local, como vimos na avaliação técnica, se pode observar o jardim e o movimento nas circulações verticais e nas “Praças” de TV e da cantina. O calor nas esperas é o fator de maior desconforto para os acompanhantes e pacientes. Não há condicionamento artificial e a ventilação natural, apesar do vão central descoberto, não é tão eficiente pela limitação de trocas de ar com o exterior. A isto se acrescenta que, os aparelhos de ar condicionado, que refrigeram o interior do Ginásio e da Correção Postural, estão instalados nas paredes das respectivas esperas, logo acima dos acentos. Ao calor de verão, que na cidade atinge graus elevados, soma-se o aquecimento gerado pelos aparelhos. As evidências tornaram dispensável efetuar medições de temperatura no ambiente. 128 O ruído surgiu como o segundo maior elemento gerador de desconforto. Os pacientes e acompanhantes reclamaram de ruído nas esperas em geral. Conforme revelaram os resultados das avaliações técnicas, a fonte de som é interna. É resultante, principalmente, da conversação entre os ocupantes. Ocorre que, os materiais de revestimento destes locais eles têm um coeficiente de absorção muito baixo, o que resulta em alto tempo de reverberação. No hall de entrada observa-se que o desconforto acústico é maior. As medições revelaram níveis de som entre 70 dB(A) e 80 dB(A). Estes níveis estão bem acima dos níveis de conforto acústico indicados pelas normas, para ambientes de espera. Deveriam estar entre 40dB(A) e 50dB(A). Os profissional da Psicologia Geral, Massoterapia e Eletroterapia demonstraram desconforto, quanto à acústica, no interior de seus setores. Neste caso, trata-se de transmissão do som originário das esperas que, como vimos alcança níveis altos. As divisórias são leves e, em alguns locais não chegam até o teto. No entanto, a privacidade precisa ser garantida nas sessões de psicoterapia e, o barulho prejudica os tratamentos de fisioterapia, que exigem que os pacientes relaxem. A preocupação com o conforto estético só surgiu, quando os acompanhantes e pacientes foram submetidos à questão construída de acordo com a orientação do “Wish Poem”. Um ambiente mais bonito, mais colorido, ampliado e embelezado, foi o que desejaram. 3 .5.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL Os pacientes reclamam, em sua maioria, no que tange à adequação funcional, das limitações concernentes à acessibilidade. Os pacientes cadeirantes não podem sequer, de forma independente, conduzir-se ao interior do hall de acesso. A rampa existente no local tem declividade acima do recomendado pela norma. Por este motivo, quando dirigem-se à instituição sem acompanhante, é necessário contar com o auxílio dos profissionais da portaria. Estes senhores estão sempre disponíveis e, gentilmente, os conduzem para o interior. Porém, isto é um indício de humanização do atendimento, não do espaço. Não torna o acesso adequado funcionalmente. 129 Os acompanhantes, por sua vez, encontram dificuldades em conduzir a pessoa que acompanham até o piso superior. Deve-se a isto o fato de as circulações verticais serem feitas através de escadas e rampa inadequadas para o uso do público em geral. Sendo que, neste caso, há o agravante de tratar-se de um ambiente que atende à portadores de necessidades especiais com desdobramentos ortopédicos. Em relação aos ambientes internos dos setores de tratamento, para uma avaliação funcional mais completa, seria necessária uma atenção maior para que se pudesse diagnosticar, com exatidão, os tratamento. problemas de adequação do ambiente físico à cada especialidade de Isto envolveria levantamentos detalhados da situação existente tais como: o entendimento dos fluxos e deslocamentos para cada tarefa realizada, as dimensões e localizações dos equipamentos e mobiliário. Acrescenta-se ainda, as demais informações e condições intervenientes no processo de produção daqueles serviços específicos. No entanto, informações mais detaladas demandariam maiores recursos do que os disponíveis na presente pesquisa. Ademais de, tendo em vista os objetivos a serem alcançados , uma visão técnica mais geral é considerada suficiente. Atribuíu-se um peso maior à opinião dos usuários do que à verificação técnica. Desta forma, segundo os resultados aferidos na avaliação comportamental e observações técnicas, de uma maneira geral, conclui-se que há um déficit de espaço na maioria dos setores. O edifício anlisado não foi concebido, anteriormente a sua construção, através das tecnologias de design do espaço. Não houve um projeto arquitetônico, projetado para cumprir objetivos programáticos. Este processo informal, espontâneo, de criação e construção do espaço resultou em um ambiente de assistência á saúde com características peculiárias. Sob o ponto de vista No que tange à circulações, acessos e a setorização das funções, no ambiente da AFR encontramos situações em desacordo com as normas e uma certa inadequação sob o ponto da organização dos fluxos de circulação. Especialmente em relação ao acesso principal e o setor próximo, cuja espera se dá junto à cantina. Há uma retenção neste ponto que gera algum 130 tumulto. Este local não está bem resolvido funcionalmente. Não há espaço para os acentos necessários e é descoberto. Os espaços de espera, sob o ponto de vista funcional, são diferenciados. Algumas soluções são positivas, outras nem tanto. Já vimos que a espera localizada próximo à cantina deveria ser mais ampla e receber alguma forma de cobertura. O ambiente de TV fica localizado embaixo da rampa. Este local também é descoberto. No piso superior, as esperas ligadas diretamente ao vão central, localizadas nas “varandas”, ao longo da circulação. Funcionam bem. Os acentos estão encostados nas Figura 104: Esperas da Fonoaudiologia e Correção Postural, no pavimento superior. Fonte: Pesquisa, 2005 paredes, em linha. Esta situação poderia desfavorecer a socialização dos pacientes e acompanhantes1, no entanto, não encontrou-se indícios deste comportamento naquele ambiente. Os ambientes de espera, apesar de apresentarem , como vimos anteriormente, vários problemas funcionais e de conforto em geral, cumprem uma função de fundamental importância para o bom êxito dos tratamentos oferecidos na instituição, que é o de promover a socialização. 3.5.4 ADEQUAÇÃO PSICO-SOCIAL E O VALOR TERAPÊUTICO DOS AMBIENTES DE ESPERA A presente pesquisa encontrou evidências terapêuticas diretas nos ambientes de socialização da AFR. Os locais de espera e as “Praças”, existentes no edifício, promovem trocas sociais de grande valor para a reabilitação dos pacientes, sobretudo, nos casos de perdas significativas. Isto se deve, principalmente, à satisfação das necessidades psico-sociais que o convívio com outros pacientes e acompanhantes pode proporcionar. O espaço em questão 1 A disposição das cadeiras altera a socialização em hospital, segundo relata R.Sommer,( 2002), in: (Del Rio,V., Duarte, R.D., Rheingantz, P.A. 2002, pg.22) 131 cumpre seu papel, no apoio à promoção da saúde daqueles pacientes uma vez que promove e estimula estes os encontros. Quando se entra no hall de acesso da instituição, dificilmente se deixa de perceber o movimento das pessoas circulando em frente à cantina. Um local fartamente iluminado pela luz natural do vão central descoberto. É inevitável que o olhar, portanto, a atenção, se dirija para aquele local. O ponto focal é o centro do edifício, onde se localizam as “Praças”, conforme a definição de uma das supervisoras para estes locais. São espaços que evidenciam o improviso, pelas soluções encontradas. A cantina está locada exatamente embaixo da escada. As cadeiras de rodas são colocadas ali em frente. Os jardins acontecem onde é possível. Os fluxos de circulação de pessoas demonstram que o espaço está sub-dimensionado. Se chove, a permanência ali se torna impraticável. Como vimos, ambiente não foi previsto em nenhum projeto de arquitetura. Foi sendo construído em etapas , conforme as necessidades e recursos do momento. Contudo, é evidente a vitalidade e o convite ao convívio que estes locais apresentam. Figura 105: “Praça da Cantina” - AFR. Fonte:Pesquisa,2005. Figura 106: “Praça de TV” - AFR. Fonte: Pesquisa,2005. Ali se encontram os pacientes e acompanhantes, em movimento ou aguardando. Os profissionais transitando nas diversas direções. Eles acessam e circulam pelos mesmos locais. Fazem uso da cantina da mesma forma que os pacientes e seus acompanhantes. Em alguns minutos de observação não é difícil constatar que existem vários indicadores de integração, de 132 socialização, de comunicação entre eles. Segundo os resultados das análises comportamentais, são, principalmente, nestes locais de uso comum que as trocas de informações e experiências se dão. Os terapeutas que atuam na instituição acreditam que estas trocas sociais são importantes, em diversos aspectos, para eles, a superação das dificuldades, demonstrada pelo outro, pode servir de estímulo. Pode abreviar os períodos mais difíceis das etapas iniciais da reabilitação que, sobretudo em casos de perdas mais graves ou importantes, podem ser de grande sofrimento para o paciente. Segundo relataram, o estado de ânimo pode ser estimulado com o contato, uma troca positiva. Evita-se o prolongamento de quadros depressivos que são comuns nestes casos. Todos concordam que, o resgate da a autonomia e independência é importante e, a reintegração social, a inclusão ou a recolocação no contexto das trocas sociais é de fundamental importância para o restabelecimento do equilíbrio, da saúde daquelas pessoas. 3.6 DIAGNÓSTICO GERAL Os principais aspectos extraidos das análises do estudo de caso estão resumidos a seguir , em dois grupos: aspectos positivos e aspectos negativos. Eles servem como indicadores para as diretrizes para o design de ambientes semelhantes e recomendações para a otimização do ambiente analisado. 3.6.1 ASPECTOS POSITIVOS DO AMBIENTE Verificou-se nas análises que os profissionais, sentem-se em usuários em geral - pacientes, acompanhantes e um ambiente humanizado. Destacam as qualidades do atendimento mas, também, por demonstrarem uma boa margem de satisfação quanto ao ambiente físico. Gostam, em especial, dos locais de espera e das “Praças”. Estes últimos, oferecem luz natural em abundância, jardineiras e um pinheiro, plantado na “Praça” de TV. 133 Figura 107: O pinheiro, plantado na “Praça” de TV. Foto tirada do 2° Pav., em direção às passarelas. Fonte:Pesquisa,2005. Em ambientes de saúde, o acesso à jardins e demais elementos da natureza podem reforçar a habilidade de lidar com o estresse, auxiliando na recuperação da saúde. ( MARCUS1, apud: DILANI,2001). Há pesquisas relacionando mente e corpo que comprovam sua utilidade no auxílio á promoção da saúde. O autor afirma que há inúmeras razões para que se retome o uso jardins, ar puro e luz do sol nos ambientes de saúde. Lembra que eram comuns nos hospitais monásticos da idade média e nos hospitais pavilhonares do Sec.XX e que deixaram de existir nos hospitais dos países ocidentais. As demandas técnicas e funcionais prevaleceram e a área disponível é ocupada, exclusivamente, para atendê-las. A escala é bem próxima da pessoa. Nas “Praças”, a referida boa iluminação e ventilação natural, bem como a presença de plantas são bastante favoráveis. Mas, destaca-se um outro aspecto que diz respeito à densidade e intensidade de ocupação daqueles ambientes. decorrência das dimensões reduzidas e a localização das funções, que Em geram várias rotas de circulação, que cruzam estes lugares em diversas direções, as pessoas estão sempre próximas umas das outras. Nos estudos de Gustave–N. Fischer (1981), encontra-se que, em espaços com densidades grandes, há indícios de estresse. No caso estudado, não se encontrou nenhuma evidência desta relação. Ao contrário, as pessoas parecem sentir-se bem com a proximidade do outro. Isto surge na opinião, sobretudo, dos acompanhantes que ocupam aquele espaço, muitas vezes por várias 1 Marcus, C.C., Gardens and Health,Dilani Alani (org.), 2001. 134 horas por semana, enquanto aguardam o término das sessões. É comum os pacientes serem atendidos em mais de um tipo de tratamento, no mesmo dia. Ainda em FISCHER (1981), estes espaços poderiam ser classificados como intersticiais, sem função formal específica que propicia um tipo de apropriação menos sob controle e, por este motivo, mais favorável para as trocas sociais. Observa-se que houve preocupação com o simbolismo. Mesmo sendo de composição e execução precárias. Elementos relativos ao ambiente doméstico foram utilizados, como o telhado em telha cerâmica da recepção da Oficina de Órteses e Próteses e a própria forma do telhado que cobre a parte frontal do edifício. Da mesma forma com relação às cores das paredes. A intenção de utilizar tons de verdes e amarelos nas paredes, resultou em uma ambientação alegre. Dentro dos setores, especialmente nos que envolvem as crianças, elementos figurativos coloridos são utilizados no ambiente, com o objetivo de torná-los estimulantes. Na maioria das salas, forma fixadas cortinas de tecido, fixadas de maneira simples. Lembram cortinas residências. Numa tentativa clara de aproximação com o ambiente doméstico, possivelmente, com vistas á torná-lo mais acolhedor. 3.6.2 ASPECTOS NEGATIVOS DO AMBIENTE Conforme apresentado no resultado das análises a acústica é um fator de desconforto no ambiente. De acordo com as medições e análises realizadas, nas esperas , o nível de ruído está acima do estabelecido pelas normas. Em alguns ambientes de tratamento encontramos o mesmo problema , os materias de revestimento têm baixos índeces de absorção. Em outros casos, o isolamento do som é importante para a eficácia terapêutica. As divisórias são inadequadas. A ventilação, em geral, do ambiente apresenta problemas decorrentes da ocupação do terreno. Há um déficit de renovação de ar no edifício como um todo. 135 O calor suge como o ítem de maior desconforto, principalmente nas áreas de uso comum. em alguns casos, há o agravante de receberam a carga térmica dos aparelhos de ar condicionado, que sestão instalados nas paredes internas, logo acima das pessoas. São locais altamente desconfortáveis, especialmente no verão, uma vez que as temperaturas registradas na cidade, atingem com frequência a faixa dos 40°C. A acessibilidade surgiu também como um ponto gerador de desconforto. Conforme demonstraram as análises, as escadas e rampas estão em desacordo com as normas. As dimensões dos ambiente de tratamento surgiu , nas análises dos resultados, como um problema para os profissionais, nas salas de tratamento. As circulações nem sempre estão de acordo com a largura recomendada. Os ambientes , em geral , nos pavimentos térreo e primeiro, estão sub-dimensionados. 3.7 RECOMENDAÇÕES PARA O AMBIENTE ANALISADO Com base nos resultados apontados através do diagnóstico, quanto aos itens julgados pela pesquisa, como, positivos e prioritariamente inadequados, elaborou-se duas recomendações básicas. A primeira e principal recomendação diz respeito aos locais de socialização. Considerando qualquer modificação que se venha a propor para aquele ambiente, se preserve a existência e a vitalidade daqueles locais de uso comum ou de encontros. A localização e características fundamentais positivas, como vimos no diagnóstico, das “Praças “ e locais de espera localizados nas varandas do pavimento superior, devem ser mantidas. A segunda sugere adaptações para um melhor desempenho do ambiente analisado. A segunda é que se melhore os aspectos negativos apontados no diagnóstico. Estes problemas atingem tanto os referidos espaços de uso comum quanto o ambiente em seu conjunto. Os principais aspectos a serem 136 corrigidos são : o conforto térmico nos ambientes de uso comum, a acessibilidade no edifício e, a acústica em determinados locais e algumas recomendações gerais quanto a um aproveitamento melhor da área total do edifício. Seguem as recomendações para melhoramentos do ambiente físico analisado. Todas as recomendações abaixo relacionadas deveram preceder de estudos de viabilidade detalhados e específicos para cada item. As alterações propostas deverão ser detalhadas mas, antes, os estudos iniciais deverão ser submetidos aos usuários através das técnicas e métodos de design participativo. Estas técnicas, como vimos, é desenvolvida através de Workshops com os usuários e administradores. Estão incluídos os profissionais e, se possível alguns pacientes e acompanhantes. O objetivo é a verificação da proposta, coleta e discussão de sugestões e críticas. A Exposição dos resultados será submetido ainda aos demais usuários pacientes e acompanhantes em painéis, fixados na recepção e esperas e através de entrevistas. 3.7.1 CONFORTO AMBIENTAL/ ACÚSTICA O ruído surgiu como o segundo maior elemento gerador de desconforto, depois do calor. Os pacientes e acompanhantes reclamaram de barulho nas esperas em geral. A pesquisa revelou que a fonte de ruído é interna. É resultante, principalmente, da conversação entre os ocupantes. Ocorre que, os materiais de revestimento destes locais eles têm um coeficiente de absorção muito baixo, o que resulta em alto tempo de reverberação, e níveis de som que chegam a ficar entre 70 dB(A) e 80 dB(A). Bem mais alto que os níveis de conforto acústico recomendados pela norma. Par minimizar este problema recomenda-se a instalação de forro acústico nos tetos das esperas, em geral. Os ambientes internos da Fisioterapia Geral ou Ginásio apresentam condições semelhantes às das esperas. Recomenda-se para este local o mesmo forro acústico para o teto. 137 Nos Setores de Psicologia Geral e Eletroterapia/ Massoterapia é necessário a instal conforme informou a supervisora do setor, em entrevista. O segundo caso, envolvendo as salas de Eletroterapia, Massoterapia e Psicologia Geral, dizem respeito, não mais a tempo de reverberação, mas à transmissão de som. Ocorre que, nos locais de espera destes setores, contíguos a eles, os pacientes e acompanhantes conversam bastante, como vimos nos resultados das avaliações comportamentais. Como nos casos anteriores, esta conversação é desejável por sua importância terapêutica. Não sendo recomendável, portanto, que seja controlada ou reprimida. Ocorre que, para o bom resultado dos tratamentos, no interior das salas, é importante o silêncio e, principalmente para a psicoterapia, a privacidade. Nestes locais, as vedações são de divisórias leves ( no caso da Eletroterapia não chegam a alcançar o teto) que permitem, facilmente, a passagem do som. 3.7.2 CONFORTO AMBIENTAL/ VENTILAÇÃO NATURAL E CALOR Recomenda-se a remoção de todas as unidades de aparelhos de ar condicionado, instalados nas paredes internas e, possivelmente, de todo o edifício. Que seja executado um estudo de viabilidade para a instalação de um sistema de condicionamento de ar, para todo o edifício e um outro estudo considerando uma área menor, a do Para que se possa para o interior dos setores. efetuar uma análise comparativa de custos e benefícios de ambas as possibilidades. Desta forma optaria-se pela solução mais adequada, racional e econômica. Os locais mais problemáticos em relação ao calor são as esperas, sobretudo as aquelas em cujas paredes estão instalados aparelhos de ar condicionado. Trata-se das esperas do Ginásio, no térreo e a espera próxima à Correção Postural. Como vimos nas avaliações técnicas, a ventilação e iluminação natural das salas localizadas junto às divisas laterais e fundos, é prejudicada pela impossibilidade de aberturas 138 para o exterior. Neste sentido não há o que se possa recomendar. No entanto, com a instalação do novo sistema de condicionamento de ar mais adequado, e com a manutenção sistemática da limpeza dos filtros, presume-se que teríamos uma qualidade de ar melhor no interior daqueles ambientes. Quanto às esperas da Massoterapia, Eletroterapia e Psicologia Geral, localizadas no corredor central do primeiro piso, recomendas-se sua inclusão nos estudo de viabilidade para o sistema de condicionamento de ar, no caso mais econômico, pelo déficit de ventilação natural ali encontrado em decorrência de sua localização. Nas demais esperas e ambientes de uso comum, caso tenha-se que optar pela refrigeração, somente para o interior dos setores, recomenda-se a instalação de um maior numero de ventiladores. É possível que amenize o problema. Para tornar o ambiente central, onde estão localizadas as “Praças”, mais confortável quanto as chuvas, recomenda-se a cobertura, através de material que permita a passagem da luz natural, tão importante para estes locais. Pela salubridade decorrente da luz natural, possibilidade do cultivo de plantas, pela beleza que confere ao ambiente e demais qualidades. No entanto há de ser observada, com cuidado, a questão dos ganhos térmicos em decorrência da diminuição da saída do ar. Os materiais de cobertura devem apresentar desempenho térmico. Da mesma forma, se deve buscar manter a ventilação natural , através de um desenho para cobertura, que permita as trocas de ar com o exterior, tanto quanto possível, através de aberturas laterais, ou zenitais. 3.7.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ ACESSIBILIDADE Acessibilidade é um dos pontos de maior problema quanto a adequação do ambiente às necessidades dos usuários. Recomenda-se a adequação à norma NBR 9050. Isto pode resultar na instalação de um elevador, e na substituição das escadas, por outras de acordo com as exigências da norma. O elevador seria instalado, possivelmente, na “Praça da Cantina”, interligando as passarelas. Quanto à rampa, não se dispõe de espaço para reconstruí-la de acordo com a inclinação mínima exigida. Porém, pode-se minimizar a inclinação, substituindo a 139 existente por outra , ocupando um pouco mais o espaço, possivelmente, uma solução envolvendo estrutura metálica, mais leve e de fácil instalação. O corrimão seria adaptado, em altura e forma, e bem como o piso, que passaria a ser revestido por uma material anti-derrapante. Para reconstrução das escadas, recomendamos a mesma opção em sistema construtivo e materiais. Os desníveis, entre a saída da rampa e o piso do Térreo podem ser facilmente resolvidos com a adequação do corrimão, o piso da espera do Ginásio é de difícil solução, devido á localização dos acessos envolvidos. 3.7.4 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ DIMENSÕES E DEMAIS ASPECTOS No Térreo, recomenda-se uma revisão da situação do acesso ao hall principal. O corredor na forma de rampa deve ser alargado, receber corrimão e revestimento anti-derrapante , de acordo com a norma. A localização do balcão do porteiro deve ser revista. Deve ser estudada uma solução para evitar o tumulto dos fluxos e as retenções de pessoas que ocorre no local, ao lado do acesso à Fisioterapia e Fonoaudiologia do Neuro-Infantil. Há evidenciais de que está havendo uma preocupação neste sentido, uma vez que abriram portas da Fonoaudiologia para a “Praça da cantina”, assumindo este local também como espera daqueles setores. Porém o número de acentos disponíveis, que já é mínimo, diminuiria com esta solução. Uma possibilidade a de se criar uma área para circulação e espera ao lado do acesso, para este local abriria-se o elevador. São, no entanto possibilidades que devem ser cuidadosamente estudadas e discutidas, com os administradores , supervisores, demais usuários do ambiente. Recomenda-se que toda intervenção no espaço físico da instituição, uma vez que presta serviços de assistência à saúde, seja feita conforme exige a RDC 50, através de projetos de arquitetura adequados. Uma outra questão que deve ser pensada, diz respeito à maximização do uso da área do edifício em seu conjunto, incluindo um aproveitamento mais racional do terceiro piso. Com a instalação do elevador, torna-se possível a transferência de atividades de tratamento para aquele nível. Desta forma teríamos alguma possibilidade de adequações nos outros pisos. 140 É recomendável que toda modificação no espaço físico da instituição seja acompanhada por profissionais da área de arquitetura. Estes profissionais deveram efetuar estudos e planejamentos e propor soluções , através de projetos arquitetônicos. Como vimos, para que se chegue a resultados de melhor qualidade, é necessário a participação dos usuários na concepção e acompanhamento da elaboração das propostas, das soluções apresentadas nos projetos de arquitetura. Todos os usuários devem ser incluídos quanto às decisões. Os administradores e demais gestores (diretoria, etc.), os supervisores de setor e demais usuários profissionais e, de alguma forma a ser adequada , os pacientes e seus acompanhantes. É recomendável que os profissionais de arquitetura envolvam os usuários no processo. Os profissionais da instituição têm por hábito a rotina do trabalho multidisciplinar, de trocas de informações e responsabilidades, o que facilitaria qualquer processo de decisão conjunta. Recomenda-se, como suporte teórico e prático, a leitura dos trabalhos do arquiteto Henry Sanoff, em especial o “The Participatory Design-Theory & Techniques”, cuja referência bibliográfica consta deste trabalho. 3.8 DIRETRIZES PARA FUTUROS PROJETOS Os resultados desta pesquisa aproximaram-se da confirmação da hipótese inicial de que o bem-estar psico-social é tão importante quanto o físico ambiental, na promoção da saúde. Uma vez que os indicadores comportamentais encontrados apontaram para uma avaliação positiva do lugar, diretamente associada à forma como as pessoas são tratadas e ao valor atribuído à socialização, estimulada por certos atributos do ambiente. O desconforto físico, associado, principalmente, ao excesso de calor aparece com menor relevância, seguido de dificuldades quanto à acessibilidade. Este é outro ponto que merece uma atenção especial por ter surgido como um problema físico, relacionado sobretudo a mobilidade, que carrega um forte conteúdo psico-social, uma vez que associa-se a um ponto crucial para os pacientes em reabilitação que é o do resgate da autonomia. Surge uma nova hipótese, a ser melhor investigada, de que as trocas sociais, estimuladas por certos atributos dos ambientes -locais de espera com intenso uso e 141 dotados de estímulos às distrações positivas- seriam o mais importante fator psico-social de promoção da saúde em contextos semelhantes. Observa-se que uma série de dados e inferências extraídas da pesquisa extrapolam os limites do estudo de caso, já que relacionam-se a conceitos que aplicam-se de uma maneira geral, contanto que em circunstâncias semelhantes. Neste sentido, algumas diretrizes para a elaboração de projetos arquitetônicos para ambientes de saúde na área para tratamentos de reabilitação foram elaboradas e estão expostas a seguir : • Apoio à Socialização Os espaços de convivência têm grande importância para a reabilitação dos pacientes, uma vez que a reinserção social é o principal objetivo das terapias a eles administradas, sobretudo nos casos de seqüelas permanentes e importantes. Devem ser criados ambientes que estimulem os encontros e propiciem as trocas sociais entre os pacientes, seus acompanhantes e os profissionais. As áreas de convivência e locais de espera devem ser projetados no sentido de induzir à socialização, com o planejamento e a qualificação do espaço. Diferenciando-os dos demais, por exemplo em volumetria e organização, estudando a localização das atividades e dos fluxos, a disposição do mobiliário e a criação de elementos atrativos como, no exemplo do estudo de caso, ocorre nas “Praças” da cantina e TV. • Apoio à Acessibilidade A autonomia e independência são fatores fortemente relacionados ao resgate da auto- estima e dignidade dos pacientes em reabilitação. Portanto, os ambientes devem garantir o direito ao uso dos espaços – acesso e mobilidade- a equipamentos e mobiliários, da forma mais inclusiva possível. A garantia ao acesso tem também forte impacto psico-social sobre o paciente sob o ponto de vista do senso de controle. A adequação do espaço às normas e princípios de desenho universal, recomendada à qualquer natureza de ambiente construído, deve 142 ser, no caso de ambientes destinados à terapias de reabilitação, considerada como fator de importância terapêutica. • Apoio Lúdico e Acesso à Natureza Tornar os ambientes confortáveis é, além de garantir o conforto físico (térmico, acústico, lumínico e ergonômico, etc.) de seus ocupantes, promover a tranqüilidade e o equilíbrio. Soluções como jardins, fontes, luz natural difusa e materiais naturais podem, como vimos nas análises, ser anti-estressantes. Algumas soluções podem ser igualmente positivas como o uso da cor, nos revestimentos e iluminação associados. Outras opções podem ser estudadas como a previsão para ambientes próprios para música ,artes plásticas, teatro e demais atividades lúdicas, incluindo lanchonetes e pequenas lojas. Lembrando que, no caso da ARF, a lanchonete é um exemplo de atividade anti-estresse, em especial por reunir as pessoas em torno de uma atividade prazerosa. • Uso de Referências Associadas à Cultura dos Usuários A personalização dos ambientes com associações à cultura dos usuários, sobretudo no que tange às referências das edificações domésticas, podem favorecer a elaboração de ambientes convidativos, aconchegantes, com os quais os usuários se identifiquem. No caso estudado, a imagem da AFR se mostrou marcante ( ver o resultado das análises dos mapas cognitivos, p. 98 a 100) e é possível que isto se deva à presença de elementos construtivos semelhantes aos que são utilizados nas residências, como telhados em duas águas ou o tipo de cobertura e esquadrias utilizados na recepção da Oficina do Órteses e Próteses, localizada na “Praça da cantina. Outros elementos como materiais, texturas e mobiliário podem ser especificados neste sentido, no entanto é necessário que se tenha um bom conhecimento da realidade vivenciada pelos usuários, neste sentido sua participação no processo de elaboração dos programas de necessidades e posteriores projetos arquitetônicos é de fundamental importância. 143 • Estimulo à Participação dos Usuários no Processo de Design Observou-se no estudo de caso, a receptividade dos usuários em relação à participação na pesquisa. Através das ferramentas aplicadas, eles expressaram seus desejos quanto ao ambiente de sua preferência, os profissionais relataram as suas críticas e expectativas quanto ao espaço ideal para suas atividades. Estes dados foram considerados na elaboração das sugestões de aperfeiçoamento do ambiente analisado. Trata-se da aplicação do processo de design participativo que recomenda-se seja utilizado na elaboração de projetos arquitetônicos destinados ao uso coletivo, no sentido de satisfazer os diferentes interesses das categorias de usuários. 144 4 CONCLUSÃO As informações coletadas ao longo desta pesquisa nos permitiram concluir acerca de algumas características físicas fundamentais para um bom ambiente de saúde em reabilitação. Os pacientes exigiram um lugar mais fresco, mais acessível e um pouco mais silencioso, os profissionais sabem da necessidade de uma melhor adequação funcional para suas atividades, mas de acordo com os indicadores encontrados, concluímos que o ambiente da ARF é humanizado, sobretudo porque ali se encontra forte integração entre as pessoas, em um lugar que facilita para que isto ocorra. Encontrou-se ali características como o respeito, empatia e visão holística, qualidades definidas por Howard (1979) para a humanização em saúde. A função terapêutica do espaço se evidencia através dos resultados “Praças” e demais lugares de encontrados, que demonstram a vitalidade social das espera. Isto se deve à características encontradas naqueles ambientes. São qualidades que propiciam as trocas sociais, que conforme vimos em Ulrich (2001) e em Dilani (2001) é uma das características do “supportive healthcare design”. A presença da luz solar e jardineiras, a densidade de uso, localização das atividades geradoras de fluxos de circulação e permanência das pessoas, que funcionam como “Positive Distractions”. Estão entre os atributos responsáveis pela vitalidade daqueles locais. Estes autores apontam para a importância das trocas sociais na recuperação da saúde. Para os pacientes em reabilitação, principalmente, nos casos de perdas importantes, o convívio social é de fundamental importância, pela necessidade que apresentam, entre muitas outras, de reinserção social. Naqueles locais ocorrem intercâmbios de informações que ajudam nos tratamentos, porém, o mais importante para eles, está no conteúdo das trocas que envolve manifestações de solidariedade e de exemplos de superação. Conforme vimos, os ambientes de saúde são, via de regra, frios e estigmatizados. Por um lado, pela prevalência, no design, da preocupação com a fluidez técnico-funcional. Por outro, pela carga simbólica negativa que historicamente carregam, associada ao sofrimento e à exclusão. Possivelmente, se aquele edifício tivesse sido construído de acordo com um projeto 145 de arquitetura, teríamos um ambiente de saúde como os que encontramos na maioria dos casos. Pela maneira informal e improvisada como foi concebido e construído, apresenta elementos e características de funcionamento que dificilmente seriam encontradas em espaços previamente planejados. Como por exemplo: a presença da cantina embaixo da escada, uma exclusiva árvore de 9 metros de altura, que parte da “Praça” da TV e na entrada de uma oficina de òrteses e próteses com aspecto de residência. Igualmente, em decorrência das mesmas circunstâncias improvisadas, encontrou-se problemas paredes internas, como aparelhos de ar condicionado instalados nas e ambientes confinados, sem possibilidade de abertura para ventilação e iluminação naturais. Além de outros problemas, sobretudo, os referentes à acessibilidade. Este ponto é um dos grandes geradores de insatisfação e, é visto por Ulrich (2001) como um aspecto relacionado ao estresse. Uma vez que afeta o senso de controle por parte dos pacientes, em decorrência tem-se níveis elevados de estresse que, como comprovam suas pesquisas, prejudicam a recuperação do paciente. No entanto, conforme os resultados desta pesquisa, os usuários aprovam o ambiente. As análises estatísticas apresentaram percentuais favoráveis que comprovam a avaliação positiva. Além disto, as análises dos mapas cognitivos deixaram claro que, encontramos naquele ambiente indícios do que Yi-fu Tuan (1980) definiu como Topofilia, ou seja, de elo afetivo entre as pessoas e o lugar. Destacamos, anteriormente, a importância de algumas características consideradas favoráveis no ambiente analisado. A partir delas elaborou-se diretrizes para serem aplicadas na concepção e posterior elaboração de projetos arquitetônicos de serviços de assistência de saúde com finalidades equivalentes às do ambiente em questão (p. 140). São diretrizes que têm a finalidade de servir como parâmetro desde as primeiras etapas de elaboração do projeto arquitetônico. Recomendou-se a valorização dos ambientes de uso comum. A valorização aqui proposta refere-se não a tentativas de soluções como detalhes de efeito decorativo, comuns nos ambientes de espera. Recomenda-se que estes locais sejam tratados, desde a concepção inicial de 146 projeto, como locais de importância fundamental, como são encarados os ambientes de tratamento. Deve entrar como dado no processo de elaboração do projeto. Desta maneira, as soluções de composição do projeto, sejam elas funcionais, volumétricas e mesmo construtivas devem estar em conformidade com este fator, que passa a ser interveniente no processo. Para que se alcance os resultados de adequabilidade pretendidos, ela deve ser considerada como um dado, junto aos demais fatores intervenientes no processo de concepção inicial dos projetos de arquitetura, quando da definição do partido. Devem ser consideradas no momento em que se opta pela volumetria, sistema construtivo, setorizações, articulação funcional dos espaços e, obviamente que, junto às demais necessidades funcionais e de cumprimento das normas e demais fatores limitantes de projeto. Desta maneira, permanece interagindo com as demais etapas de projeto tais como: a dos projetos complementares inclusive o de ambientação de interiores e seus devidos detalhamentos. As referidas diretrizes, em última instância, tem como objetivo modificar o conceito de locais de espera, sobretudo, tratando-se de programas semelhantes ao presente estudo de caso. Amplia-se a noção funcional que, em geral, se atribui a eles. No caso de ambientes de promoção da saúde como no estudo de caso em questão, estes locais devem ser trabalhados como ambientes de valor terapêutico. Propõe-se a alteração do status destes lugares. Na melhor das hipóteses, estes locais cumprem, exclusivamente, a função de permitir que as pessoas aguardem, da forma mais confortável possível, o momento de sua sessão de tratamento. Acrescenta-se à referida função de aguardar, uma outra, a de apoiar a socialização. Uma vez que encontrou-se indícios de valor psico-social ou terapêutico, em função das trocas sociais que ocorrem naqueles lugares, o ambiente físico tem que corresponder. Retoma-se que a valorização dos ambientes de espera, é um fator de orientação de projeto, por este motivo, não caberia aqui propostas ou modelos de sugestões no sentido de soluções para estes ambientes. Um outro aspecto a ser observado, ligado à referida valorização dos ambientes de uso comum, refere-se ao conteúdo simbólico. É, possivelmente, o ponto que requer um maior conhecimento das características, necessidades e exigências do usuário. Cobra do produtor do espaço uma postura mais empática em relação á quem vai utilizá-lo. É necessário que se 147 conheça seu contexto cultural, as suas preferências - seus valores , seus desejos quanto ao ambiente ideal. Neste sentido, é recomendável que sejam consultados anteriormente às decisões de projeto, ou mesmo participem delas, além do tradicional binário profissional de arquitetura e cliente, no caso da saúde, administradores e/ou equipe médica. De acordo com Henry Sanoff (1990), é possível chegar a um entendimento da situação de projeto mais adequada, com melhor qualidade, identificando as preferências e desejos dos seus usuários. Segundo este autor, isto é possível através dos métodos e técnicas de participação e avaliação desenvolvidos para se chegar ao que chamou de “Participatory Design”. Estas técnicas aproximam o designer e os usuários. No estudo de caso em questão, utilizou-se de algumas destas técnicas que, estão incluídas na avaliação comportamental da Metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO). Acrescentou-se a ferramenta de avaliação da opinião do usuário desenvolvida por Henry Sanoff (2004), o “WIsh Poem”. É usada em design participativo e visa à identificação dos desejos dos usuários quanto ao espaço. Como vimos nas análises e resultados, surtiu um efeito interessante. As pessoas se motivaram quanto à participação e se permitiram falar acerca dos aspectos estéticos do ambiente. Algo que não ocorreu quando utilizou-se das outras ferramentas usuais como as perguntas dos questionários ou nas entrevistas. Como vimos, é necessário maior esforço de todos os envolvidos, especialmente por parte de quem elabora o projeto, no sentido da participação dos usuários. O que demanda organização, disponibilidade e bastante disposição, considerando que o Brasileiro, em geral, não está habituado às práticas que envolvam decisões coletivas. No entanto, com a inclusão da opinião e participação dos usuários, o projeto atingiria um outro patamar de adequabilidade. A metodologia APO permitiu a análise do ambiente em seu conjunto, bem como uma verificação comportamental específica para o ambiente em questão. Uma vez que sua estrutura acomoda adaptações e ajustes tanto em relação a escolha adequada das ferramentas de análise quanto na sua modelagem e formas de aplicação. Serviu como estrutura clara e segura, porém maleável, tornando possível o desenvolvimento de toda a pesquisa. 148 5 BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152. Níveis de ruído para Conforto Acústico. Rio de Janeiro,1987. ______. NBR 12179. Tratamento Acústico para Recintos Fechados. Rio de Janeiro, 1992 ______. NBR 5413. Iluminação de Interiores. Rio de Janeiro, 1992. ______. NBR 9050. Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993. BAREMBLITT, Gregório. O que se entende por Humanidade e Humanização? Portal Humaniza. Disponível em: <http// www.humaniza.org.br >. Acesso em: 02.02.2005. BOERRE George C. Abraham Maslow. Personality Theories. 2004. Disponível em:<http//www.ship.edu/>. Acesso em:06.01.2005. BRASIL. Ministério da Saúde. RDC 50. Brasília. Ministério da Saúde, 2002. ________. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar - PNHAH. Brasília : Ministério da Saúde, 2003. _________. Ministério da Saúde. Humaniza SUS. Política Nacional de Humanização. Brasília. Ministério da Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2003. 149 CEMBRANELLI, Fernando. Um Projeto de Humanização: Para que e Para Quem? Portal Humaniza. Disponível em: <http//www.portalhumaniza.org.br>. Acesso em: 09.01.2005. CASTRO, Jorge, Lacerda Leonardo, Penna Ana C. (orgs). Avaliação Pós-Ocupação–APO: saúde nas edificações da FIOCRUZ. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2004. COSTA, Jorge Ricardo Santos de Lima. Espaço Hospitalar: A Revolta do Corpo e a Alma do Lugar. Disponível em <http//.www.vitruvius.com.br/arquitextos>.Acesso em: 22.12.2004. DE MARCO, Conrado S. Elementos de Acústica Arquitetônica. 2ed. Studio Nobel, 1986. DEL RIO, Vicente; DUARTE, Cristiane R.; RHEIGANTZ, Paulo A. (orgs.). Projeto do Lugar: Colaboração entre psicologia , arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: Ed. Contra Capa. Coleção PROARQ, 2002. DESLANDES, Suely F. Análise do Discurso Oficial Sobre Humanização. Portal humaniza. Disponível em; <http// www.scielo.br/pdf>. Acesso em : 03.02.2005. DILANI, Alan. Psychosocially supportive design, Scandinavian health care design. In: Dilani, Alan. Design&Health: the therapeutic benefits of design.Svensk Byggtjänst, Stocolmo, 2001. ECO, Umberto . Como se Faz Uma Tese. Rio de janeiro: Ed Perspectiva ,1995. ELALI,G.A., Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. Estudos de psicologia, 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acessado em: agosto de 2004. FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Graal, Rio de Janeiro, 1979. FISCHER, GUSTAVE-N. Psicologia Social do Ambiente. Instituto Piaget, Lisboa, 1981. 150 GODOI, Aldo Felix , Hotelaria Hospitalar e Humanização no Atendimento em Hospitais: Ed. Pensando e Fazendo, São Paulo, 2004. GURGEL JUNIOR, G.D.;VIEIRA, M.M., Qualidade Total e Administração Hospitalar.: explorando disjunções conceituais. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acessado em: maio de 2004. HOWARD, Jan e STRAUSS Anselm. Humanization health care. John Willey and sons, NY, 1975. INSTITUTO DOS ARQUITETOS DO BRASIL, RIO DE JANEIRO-IAB-RJ. Cadernos de Boas Práticas :Eficiência Energética em Edificações Brasileiras, Volume 2-Edificações de Saúde. Procel-Eletrobrás, 2005. LIDHEIM, Roslyn. An Architect’s Perspective. In: HOWARD, Jan e Strauss Anselm, Humanization health care. John Willey and sons, NY, 1975. LYNCH, Kevin. The Image of The City. Massachusetts, M.I.T. Press, 1960. MARCUS, C. Cooper. Nature as Healer: Therapeutic Benefits in Outdoor Places. Disponível em: http:// www. arts.monash.edu.au , Acessado em: 02-03-2004. NORBERG-SCHULZ, Christian, Existence, space & architecture. Londres : Studio Vista, 1972. NORBERG-SCHULZ, Christian, Genius Loci. Paesaggio Ambiente Architecttura. Milano:Electra, 1979. ORGANIZAÇÂO MUNDIAL DA SAÙDE (OMS). Organização Pan-Americana da Saúde. Integralidade da Atenção à saúde. OPAS. 2005. Disponível em: <http//www.opas.org.br>. Acesso em: 13.02.2005. 151 ORNSTEIN, Sheila Walbe. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente construído. São Paulo: Studio Nobel, FAUUSP,1992. ORNSTEIN, Sheila Walbe. Desempenho do Ambiente Construído, Interdisciplinaridade e arquitetura. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, 1996. PREISER, Wolfgang F. E. Post-Occupancy Evaluation., New York, Van Nostrand Reinhold, 1988. PREISER, Wolfgang F. E., OSTROFF Elaine (editors), Universal Design Handbook, New York: Mc. Graw Hill, 2001. RICHARDSON, Roberto Jarry, Pesquisa Social : Métodos e Técnicas. Colaboradores: José de Souza Perez...(et al.) São Paulo:Atlas, 1999. ROMERO, M. A.; ORNSTEIN S. W. Avaliação Pós-Ocupação- Métodos e Técnicas Aplicados à Habitação Social; Coleção Habitare, 2003. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências . São Paulo: Ed. Cortez, 2003. SANTOS, Mauro e BURSZTYN, Ivani (orgs). Saúde e Arquitetura: Caminhos para a humanização dos ambientes hospitalares. Rio de Janeiro: Editora Senac. Rio de Janeiro, 2004. SCHUWARZ ,K., Psychosocially supportive design, Scandinavian health care design. In: Dilani, Alan. Design& Health: the therapeutic benefits of design.Svensk Byggtjänst, Stocolmo, 2001. SILVA, Kleber Pinto. A Idéia de Função para a Arquitetura: O Hospital e o Século XVIII. Disponível em: http://www. Vitruvius.com.br/arquitextos. Acessado em janeiro de 2004. SOMMER, Robert. Espaço Pessoal: as bases comportamentais de projetos e planejamentos. São Paulo: EPU, 1973. 152 _______. O Desenvolvimento e a Aplicação dos Conceitos de Espaço Pessoal. In: DEL RIO, Vicente; DUARTE, Cristiane R.; RHEIGANTZ, Paulo A. (orgs.). Projeto do Lugar: Colaboração entre psicologia , arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: Ed. Contra Capa. Coleção PROARQ, 2002. STORY, Molly ; MULLER J. L., Measuring Usability: The Principles of Universal Design. “In Designing for the 21st Century: An Internacional Conference on Universal design of Information, Products and Environments”, Jan Reagan and Lawrence Trachtman editors. Raleigh, N.C. : NC State University, The Center for Universal Design, 1998. SOUZA, Carlos Leite. Condição Ambiental e Desenho Urbano: Avaliação Pós-Ocupação de Um Espaço Urbano com Enfoque dos Aspectos Perceptivos- Caso da Nova Av. Faria Lima .São Paulo FAU USP, 1997 SOUZA, Carlos Leite. Mapas Cognitivos, Ambiente Construído & APO - Um Enfoque em Cognição Ambiental. São Paulo: Coleção Documentos do IEA-USP, 1995. TUAN, Yi-fu, Topofilia. São Paulo. DIFEL, 1980. ULRICH, R. S., How Design Impacts Wellness. Heathcare Forum Journal. October,1992. Consultado em 2005. www. Scenicflorida.org ULRICH, R. S., The Role of Physical Environment in the Hospital of the 21 Century: A Once – in-Lifetim Opportunity. Disponívelem: http://www.healthdesign.org/research/reports/documents/ Env ABSTRCTS.pdf, acessado em: Dezembro de 2004 ULRICH, R. S., Effects of Healthcare Environmental Design on Medical Outcomes, Dilani, A. (org) ed:Alan Dilani, 2001. VERDERBER, Stephen & FINE, David J. Healthcare Architecture in a Era of Radical Transformation. Yale University, New Haven and London, 2000. 153 6. APÊNDICES 154 Questionário /Paciente Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITEROI” desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste ambiente. 1. Caracterização do Paciente: Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino Faixa Etária: ( ) 6 aos 12 anos ( ) 12 aos 18 anos ( ) mais que 18 anos ( ) mais que 65 anos Nível de Escolaridade Fundamental ( )Completo ( ) Incompleto Secundário ( ) Completo ( ) Incompleto Superior ( ) Completo ( ) Incompleto Que tratamento faz e há quanto tempo? Sua residência é longe ou perto daqui? Que tempo de viagem gasta para chegar? Que tipo de transporte utiliza? 2. Valoração Geral do Ambiente 1.Como avalia o tempo de espera para o atendimento? 2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom 3. Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim 4. O que é bom? 5. O que precisa mudar? 6. O que falta? 7. O que você mais gosta no prédio? 155 8. Complete a frase: Eu gostaria que a AFR fosse.............................................................................................. 3. Valoração por Ambientes Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em sua volta; As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala: 1-Péssimo ou muito Desagradável 2-Ruim ou Desagradável 3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável 4-Bom ou Agradável 5-Muito Bom ou Muito Agradável Espera Setor: Setor: Setor: Sanitários Circulação Iliminação Ventilação Jardim Interno/ Outras Distrações Conforto quanto ao Ruído Conforto Térmico Cor das Paredes/Piso/Teto Conforto dos Móveis Limpeza Orientação/Comunicação Visual Conservação 156 4. DESENHE A AFR 157 5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE: 158 Questionário/ Acompanhante Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITEROI” desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste ambiente. 1.Caracterização do Paciente: Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino Faixa Etária: ( ) 6 aos 12 anos ( ) 12 aos 18 anos ( ) mais que 18 anos ( ) mais que 65 anos Nível de Escolaridade Fundamental ( )Completo ( ) Incompleto Secundário ( ) Completo ( ) Incompleto Superior ( ) Completo ( ) Incompleto Há quanto tempo está vindo à instituição? Quais os tratamentos que o paciente faz? Sua residência é longe ou perto daqui? Que tempo de viagem gasta para chegar? Que tipo de transporte utiliza? 2.Valoração Geral do Ambiente 1.Como avalia o tempo de espera para o atendimento? 2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom 2. Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim 3. O que é bom? 4. O que precisa mudar? 5. O que falta? 6. O que você mais gosta no prédio? 7. Complete a frase: Eu gostaria que a AFR fosse........................................................................................... 159 3. Valoração por Ambientes Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em sua volta; As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala: 1-Péssimo ou muito Desagradável 2-Ruim ou Desagradável 3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável 4-Bom ou Agradável 5-Muito Bom ou Muito Agradável Espera Setor: Setor: Setor: Sanitários Circulação Iliminação Ventilação Jardim Interno/ Outras Distrações Conforto quanto ao Ruído Conforto Térmico Cor das Paredes/Piso/Teto Conforto dos Móveis Limpeza Orientação/Comunicação Visual Conservação 160 4. DESENHE A AFR: 161 5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE: 162 Por Favor devolva na urna, ao lado do ponto. Obrigada. Questionário /Profissionais Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITERÓI” desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste ambiente. 1. .Caracterização do profissional Tipo de Função: ( ) Atendente ( ) Função Administrativa ( ) Médico ( ) Outros: Faixa Etária: ( ) 18 aos 40anos ( ) 40 aos 60 anos ( ) mais que 60 anos Nível de Escolaridade Fundamental ( )Completo ( ) Incompleto Secundário ( ) Completo ( ) Incompleto Superior ( ) Completo ( ) Incompleto 2. Valoração Geral do Ambiente 1.O que é atendimento humanizado? 2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom 3.Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim 4.O que é bom? 5.O que é ruim? 6. O que você gosta no prédio? 3. O que precisa mudar? 4. O que falta? 5. Complete a frase: Eu gostaria que a AFR fosse........................................................................................ 163 3. Valoração por Ambientes Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em volta de você; As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala: 1-Péssimo ou muito Desagradável 2-Ruim ou Desagradável 3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável 4-Bom ou Agradável 5-Muito Bom ou Muito Agradável Recepção/Espera Setor: Setor: Setor: Sanitários Circulação Refeitório/A mbiente de Descanso Nível de Iliminação Ventilação Jardim interno/ Outras Distrações Conforto quanto ao Ruído Conforto Térmico Cor das Paredes/Piso/Teto Conforto dos Móveis Limpeza Orientação/Comunicação Visual Conservação 164 4. DESENHE A AFR 165 5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE: 166 O que é Bom Aqui? PACIENTES Respostas Tudo O Atendimento freqüência 9 17 O Tratamento 1 Carinho, igual para todos 2 Atendimento, atenção 4 Atenção 6 Atencioso e carinhoso 2 Atendimento na hora 1 Atendimento e tratamento 2 É bonito . Dão atenção ao pac. 1 È fresco, tem ventilador Limpeza, e é arejado A convivência 1 1 1 Não sabe dizer Total 2 50 Conceito Equiv. Tudo Bom Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento/ Tratamento Atendimento e A. Físico A. Físico A. Físico Atendimento e A. Físico NS O que é Bom Aqui? PACIENTES conceitos Tudo Bom Atendimento/Tratamento A. Físico Atendimento e A. Físico A Convivência frequência 9 35 2 1 1 167 NS total 2 50 Qualidades associadas ao atendimento PACIENTES frequencia Atendimento Atencioso Atendimento Carinhoso Atendimento Atencioso e Carinhoso Atendimento Bom Total 9 3 2 22 36 168 O que Precisa Mudar? PACIENTES respostas nada Não Resp. Não Sabe calor mais bancos pintura gasta conforto nas esperas mais ventiladores as cores mais vagas nos setores diversidade de tratamentos sessões curtas escadas ruins distancia de casa Avaliação Poucos Equipamentos na fisio Remuneração das Estagiárias Total O que Precisa Mudar? PACIENTES conceitos Nada Conf. em Geral Atendimento/ Gest. NS Outros Total frequência 21 9 1 2 1 2 2 1 1 1 2 Conceito Equiv. Tudo Bom NS NS Conforto geral Conforto Geral Conforto Geral Conforto Geral Conforto Geral Conforto Geral Atendimento/Gestão Atendimento/Gestão 2 1 1 1 1 Atendimento/Gestão Conforto Geral Outros Atendimento/Gestão Atendimento/Gestão 1 Outros 50 frequência 21 10 7 10 2 50 169 O que Falta? PACIENTES respostas Nada Elevador Ventilador Mais tipos de tratamentos Pouco tempo nas sessões Seqüência dos horários Avaliação Ar Condicionado Menos calor, mais ventilação Mais vagas para tratamento Elevador e escada melhor Mais tipos de tratamentos e mais tempo nas sessões Equipamentos na Fisio Bancos, cadeiras na espera Não sabe ou não respondeu Acessibilidade difícil Total O que falta? PACIENTES conceitos Tudo Bom Conforto Térmico Conforto Geral Atendimento/Gestão Acessibilidade NS total frequência 21 3 1 2 1 1 1 3 1 2 1 1 conceito Equiv. Tudo Bom Acessibilidade Conforto Térmico Atendimento/Gestão Atendimento/Gestão Atendimento/Gestão Atendimento/Gestão Conforto Térmico Conforto Térmico Atendimento/Gestão Acessibilidade Atendimento/Gestão 1 1 9 1 50 Atendimento/Gestão Conforto Geral NS Acessibilidade frequência 21 5 1 9 5 10 51 170 O que Mais Gosta no Prédio? PACIENTES Perguntas frequência Não respondeu 10 Nada em Especial 2 Tudo 3 As Rampas 1 A Quantidade de 1 Bebedouros Sala de TV, é Bom o lugar 1 Gosto de tudo 2 A esperas 1 cantina 2 Localização 1 Área da rampa , Bonita 1 Espera /recepção 1 A Espera da massagem 2 TV e Cantina 1 A convivência 1 total 50 conceitos NS Nada em Especial Tudo Esperas em geral Esperas em geral jardim/TV Tudo As Esperas em geral Área da Cantina Nada Especial Jardim/ TV Recepção Esperas em geral Jardim TV e Cantina Esperas em geral Que Mais Gosta no Prédio? PACIENTES conceitos frequência Tudo 7 Jardim/TV 4 As Esperas em geral 9 Área da Cantina 4 Jardim TV e Cantina 2 Nada em Especial 4 N Sabe responder 20 total 50 171 "Wish Poem" Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: PACIENTES respostas frequência Como ela é hoje. 15 Com elevador 3 Mais perto de minha casa Colorida Mais ventilada na Espera Mais fácil para circular Tivesse mais tratamentos Com um visual melhor Mais Fresca Com sessões mais longas Com acesso e circulação mais fáceis Mais Ampla e fresca Mais bem pintada Não respondeu total 3 1 1 1 5 1 5 1 6 2 1 5 50 conceito equiv. Tudo Bom Acessibilidade /Circulação Localização Estética Conforto Térmico Acessibilidade/Circulação Atendimento/Gestão Estética Conforto Térmico Atendimento/Gestão Acessibilidade/Circulação Conforto Térmico Estética NR "Wish Poem" Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: PACIENTES conceitos frequência Tudo Bom 15 Conforto Térmico 8 Estética 3 Atendimento/Gestão 6 Acessibilidade/ 10 Circulação Localização 3 NS 5 Total 50 172 O que é bom aqui? ACOMPANHANTES respostas Tudo O atendimento atendimento, incluem os pais atendimento, muito agradáveis o prédio e o atendimento da correção postural simpatia dos atendentes equipe médica a troca entre as pessoas atendimento, são atenciosos total o que é Bom aqui? ACOMPANHANTES conceitos Tudo Bom Atendimento/ Tratamento Atendimento/ A. Físico total frequência conceito equiv. 4 Tudo Bom 12 Atendimento/ tratamento 1 Atendimento/ tratamento 1 Atendimento/ tratamento 1 Atendimento/ A. Físico 1 Atendimento/ tratamento 1 Atendimento/ tratamento 2 Atendimento/ tratamento 2 Atendimento/ tratamento 25 frequência 4 20 1 25 173 O que Precisa Mudar? ACOMPANHANTES Respostas Nada o calor, é muito quente aqui o calor o barulho na espera o calor nas esperas mais opções de tratamento o tempo de atendimento em cada sessão a falta de vagas a falta de elevador não tem sanitário para a limpeza do paciente N. resp. total O que Precisa Mudar? ACOMPANHANTES conceito Nada Conforto Témico Conforto Acústico Adequação de sanitários Acessibilidade Atendimento/ gestão N. respondeu total frequência 7 2 3 2 1 1 1 1 2 2 3 25 conceito equiv. Nada Conforto Térmico Conforto Térmico Conforto Acústico Conforto Térmico Atendimento / Gestão Atendimento / Gestão Atendimento / Gestão Acessibilidade Adequação de sanitários N. resp. frequência 7 6 2 2 2 3 3 25 174 O que falta? ACOMPANHANTES Respostas nada mais tratamentos atividades informativas enquanto aguardam ventiladores, AC sala de espera refrigerada elevador limpeza do paciente frequência 8 1 1 3 1 1 3 acessibilidade ao pav. Superior n.resp. total 1 6 25 O que falta? ACOMPANHANTES conceito nada atendimennto/gestão conforto térmico acessibilidade adequação funcional n. resp. total conceito equiv. nada atendimento/gestão atendimento/gestão conforto térmico conforto térmico acessibilidade adequação funcional acessibilidade n. resp. frequencia 8 2 4 2 3 6 25 175 O Que Mais Gosta no Prédio? ACOMPANHANTES perguntas Tudo jardim interno dos bancos da cantina espaço da cantina o jardim e a cantina frequência 3 3 1 4 2 espera da fono das plantas do espaço da cantina das esperas, fono, correção, etc. nada especial n.resp. total 1 1 1 4 2 3 25 Que Mais Gosta no Prédio? ACOMPANHANTES conceitos Que Mais Gosta no Prédio? Tudo Jardim/TV As Esperas em geral Área da Cantina Jardim TV e Cantina Nada em Especial n.resp. total conceito equiv. Tudo jardim/ TV Área da Cantina Área da Cantina Jardim TV e Cantina Esperas em geral jardim/ TV Área da Cantina Esperas em geral Nada em Especial n.resp. frequência 3 4 5 6 2 2 3 25 176 Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: "Wish Poem" ACOMPANHANTE Respostas mais fresca menos quente perto de minha residência perto de minha casa com mais lugares para distrair a atenção com mais atividades para quem aguarda ampliada, reformada e embelezada Mais florida n. respondeu total "Wish Poem" / ACOMPANHANTE Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: "Wish Poem" conceito Conforto Tèrmico Distrações Estetica Localização N. resp. total frequência 10 2 2 1 2 1 1 1 5 25 Conceito Equiv. Conforto Térmico Conforto Tèrmico Localização Localização Distrações Distrações Estetica Estetica N. resp. frequência 11 3 3 3 5 25 177 O que é bom aqui? PROFISSIONAIS respostas O atendimento aos pacientes O atendimento multidisciplinar frequência 28 7 autonomia e recursos qualificação dos profissionais Bom relacionamento entre os profissionais Nada Bom N. Respondeu o compromisso dos superv. com os estagiários total O que é Bom aqui? PROFISSIONAIS conceitos Atendimento em geral Atendimento Multidisciplinar Condições de trabalho em geral N. respondeu/ Outros total 5 1 6 1 3 2 conceito equivalente Atendimento em geral Atendimento Multidisciplinar Condições de trabalho Atendimento em geral Condições de trabalho Nada Bom N. Respondeu Condições de trabalho 53 frequência 29 7 13 4 53 178 O que Precisa Mudar? PROFISSIONAIS Respostas frequência conceito equiv. As cores, a recepção, setores, cantina. Aumento de espaço físico a iluminação ventilação limpeza wc arejamento dos ambientes barulho 2°pav. ampliar horário das sessões espaços para trabalhos em grupo muito calor no refeitório adequação física melhorar a entrada e saída dos pacientes localização dos setores 4 conforto estético 10 2 1 1 1 1 4 1 1 3 5 conforto funcional/ dim. conforto /luz/ ventilação conforto /luz/ ventilação conforto em geral conforto /luz/ ventilação conforto em geral atendimento/gestão conforto funcional/ dim. conforto em geral conforto funcional/ dim. conforto funcional/ dim. 2 a recepção, banheiros espaço maior para ter hidroterapia questões administrativas n. resp. total 1 1 13 3 54 conforto funcional/ articulações conforto em geral conforto funcional/ dim. outros n. resp. O que Precisa Mudar? PROFISSIONAIS conceito conforto estético conforto /luz/ ventilação conforto funcional/ dim. atendimento/gestão conforto funcional/ articulações conforto em geral outros n. resp. total frequencia 4 4 20 4 2 9 13 3 51 179 O que falta? PROFISSIONAIS Respostas telhado sobre a rampa limpeza acesso aos andares elevador melhor iluminação e ventilação n. resp. questões adm., como motivação,aparelhos, etc. ampliação dos setores um parque para as crianças espaço maior na recepção espaço físico n. resp. total O que falta? PROFISSIONAIS conceito conforto funcional/ cobertura limpeza acessibilidade conforto em geral q. adiministrativas conforto funcional/ dim. n. resp. total frequência 6 2 1 1 2 3 16 17 1 1 1 3 54 conceito equiv. conforto funcional/ cobertura limpeza acessibilidade acessibilidade conforto em geral n. resp. q. adiministrativas conforto conforto conforto conforto n. resp. funcional/ dim. funcional/ dim. funcional/ dim. funcional/ dim. frequencia 6 2 2 2 16 20 6 54 180 Que Mais Gosta no Prédio? PROFISSIONAIS perguntas tudo meu setor jardim interno frequência 1 15 16 a área da rampa 2 N Sabe responder organização dos setores pracinha interna 12 1 1 tamanho do meu setor 1 manutenção, simplicidade,ter área livre, 4 etc. a cantina 1 total Que Mais Gosta no Prédio? PROFISSIONAIS conceitos Tudo Refeitório Jardim TV e Cantina Próprio setor N Sabe responder Outros total conceito equiv. Tudo Próprio setor Jardim TV e Cantina Jardim TV e Cantina N. resp. Próprio setor Jardim TV e Cantina Próprio setor Outros Jardim TV e Cantina 54 frequência 1 2 18 17 12 4 54 181 "Wish Poem" / PROFISSIONAIS Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: "Wish Poem" Respostas maior p/ atender a todos maior mais espaço físico um lugar mais amplo ampliada com mais recursos financeiros frequência 7 6 4 2 4 5 mais reconhecida 7 mais moderna, mais equipada 5 uma instituiçãoque remunerasse melhor n. resp. total 7 "Wish Poem" / PROFISSIONAIS Complete a Frase: Eu Gostaria que a AFR Fosse: "Wish Poem" conceito Maior Mais Reconhecida C/ Mais Recursos N. resp. total 7 54 conceito Equiv. Maior Maior Maior Maior Maior Mais reconhecida C/ Mais Recursos C/ Mais Recursos C/ Mais Recursos N. Resp. frequência 23 5 19 7 54 182 PROFISSIONAIS O que é Atendimento Humanizado? Respostas frequência Conceito Equiv. 8 Respeito 3 Respeito 4 Visão Holística 4 Visão Holística respeito, dignidade respeito mútuo tratar o paciente como um todo, não só a patologia melhor cond. de tratamento e integração paciente, família, terapêuta considerar os sentimentos e sofrimentos dos pacientes respeito, carinho, amizade e atenção 2 2 atender como gostaríamos de ser atendidos atenção , disponibilidade para ouvir, respeitar o paciente olhar além da patologia, focando suas particularidades igualdade, financeira e educacional atender c/ técnica profissional e respeito atendimento igual para todos olhar e escuta trar o indivíduo de maneira única atenção e conforto n. resp. total 1 2 6 2 6 1 2 3 3 5 54 ROFISSIONAIS O que é Atendimento Humanizado? conceito Respeito Visão Holística Empatia Afetos Positivos Igualdade N. resp. total Empatia Afetos Positivos Respeito Empatia Visão Holística Igualdade Respeito Igualdade Empatia Visão Holística Respeito N. resp. frequência 21 17 6 2 3 5 54 183 PROFISSIONAIS O ambiente físico pode ajudar no sentido da Humanização? Como? Respostas Sim, através de cores vivas, materiais adequados, ambiente harmonioso Sim, quando o ambiente é agradável, oferece conforto e beleza ao usuário Sim , um ambiente bonito é importante, traz harmonia sim, sendo alegre, harmonioso, bonito um ambiente aconchegante faz com que o paciente sinta-se seguro. sim , o conforto é importante para o bem estar do paciente sim , com ambientes bem iluminados, ventilados etc. sim, o ambiente interfere diret. , um ambiente acolhedor torna o atend.de melhor qualidade sim o conforto é importante para a qualidade do atendimento frequência 2 2 2 2 3 1 3 1 1 sim, um ambiente confortável traz bem estar sim, a decoração de cada setor, tem seu valor , colabora com o bem estar sim, organizando as acomodaçãoes resulta em resultados positivos para o paciente sim, um ambiente confortável, e agradável influencia no comport. das pessoas, pode tranquilizá-las sim o ambiente pode facilitar a motivação do paciente sim, muito atenuando o incômodo 1 1 2 1 sim, um amb. organizado transfere organização interna ao paciente 1 sim, melhorando o conforto, ventilação, etc. o paciente sente-se à vontade sim, melhorando as condições de acessibilidade para todos 1 3 sim, com rampas, elevadores,orientação adequados 2 sim, possibilitando uma maior integração entre as pessoas pode, melhorando a integração sim, é necessário ambientes que favoreçam a socialização entre os pacientes sim, proporcionando vivências aos pacientes sim, sendo funcional, adequado às necessidades 1 1 1 2 2 Não respondeu total 13 54 2 3 184 PROFISSIONAIS O ambiente físico pode ajudar no sentido da Humanização? Como? conceito frequência Aconchego 4 Harmonia 4 Bem Estar 11 Alegria 2 Tranquilidade 1 Motivação 2 Socialização 5 Atenuação do incômodo 3 Auxílio na Organização interna do paciente 1 Inclusão 5 Qualidade do atendimento 3 N. Resp. 13 total 54 185 ESPERAS EM GERAL PACIENTES Iluminação Ventilação Conf.Térmico Conf.Acústico Jardim/Outras Distrações Cores do Ambiente Conforto dos Móveis Limpeza Conservação Orientação/Com. visual M.Bom 8 4 0 3 7 1 1 5 0 1 ESPERAS EM GERAL ACOMPANHANTES M. Bom Iluminação Ventilação Conf.Térmico Conf.Acústico Jardim/Outras Distrações Cores do Ambiente Conforto dos Móveis Limpeza Conservação Orientação/Com. visual 10 3 1 5 1 2 1 1 Bom 26 23 11 23 14 27 27 30 19 29 Razoável 6 12 13 9 7 8 9 5 17 8 Ruim 0 1 7 4 2 4 3 0 4 1 Bom Razoável Ruim 11 15 3 12 7 4 3 7 2 3 17 18 14 14 15 5 4 9 9 9 4 6 8 4 1 3 1 Péssimo 0 0 9 1 10 0 0 0 0 1 Total 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 Péssimo Total 9 2 6 1 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 186 Transcrições das Entrevistas Supervisor da Fisioterapia Geral 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Somos generalistas, trabalhamos fisioterapia geral. Sendo que a predominância é a neurologia fisioterápica ou fisioterapia neurológica. Nossos pacientes apresentam carência afetiva, de uma forma geral, isto é bem marcante. Eles acabam gerando doenças psicosomáticas originárias pelo estresse causado pela deficiência. É importante relaxar, dar conforto, dar um “colinho” para ele ceder e então começa o tratamento. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? Seria considerara, ter feeling para perceber o que ele traz por trás da patologia , além do corpo que adoece, ver mais que um corpo doente. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? De suma importância. Porque reabilitar não é só devolver a condição física. Reabilitar na a sua essência da palavra é devolver à este paciente a sua vida, a vida social, a sua familia. Dentro do nosso trabalho faz parte as orientações para que ele retorne a sua vida social, ao seu convívio em grupo,a participação em festinhas familiares , participação em atividades sociais de uma forma geral . Inclusive desenvolvemos aqui um trabalho, em nossa equipe de psicologia, com grupos de pacientes deficientes , onde eles vão trabalhando, primeiro, datas comemorativas como dia das mães, dia dos namorados, etc. depois orientando para que sejam inseridos no contexto familiar também para este tipo de coisa, para que eles saiam. Como prolongamento do tratamento que está recebendo aqui. Porque uma vêz que eles comecem a sair com pessoas próximas , eles vão iniciando o processo de adaptação em seus deslocamentos, como a adaptação com as cadeiras, ou treinar a andar com próteses na rua, adaptar-se aos obstáculos ou dificuldades de acessibilidades que encontram com freqüência. Faz parte de nosso conteúdo programático. 187 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum , como a área da cantina ou TV, e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Nós utilizamos estes espaços externos ao setor para darmos continuidade às práticas e exercícios terapêuticos. Muitas vezes nós treinamos o paciente à andar aqui dentro , orientamos os pacientes para começarem a andar aqui dentro, numa dimensão pequena, com elementos paralelos, dentro do espaço onde ele tem marcos, tem maior segurança. Num segundo momento andamos com o paciente dentro do próprio setor, para ele habituar-se com os estímulos na realização da marcha. Depois, para dificultar mais ainda, eu utilizo a rampa , como plano inclinado, a escada, os degráus, desta forma trabalhamos a percepção dos estímulos externos em relação ao equilíbrio. Se quizermos dinamizar as condições para o convívio social, no sentido da circulação nas calçadas, atravessar a rua , subir em ônibus, caminhar no entorno ( Campo de São Bento). A cantina é um lugar muito legal para o convívio mas tem a questão do controle da alimentação, que é a parte mais difícil. Os espaços são todos explorados mas, pena que sejam poucos, gostaríamos de explorar mais ainda, como dificuldades de andar em calçadas com buracos, etc. Os espaços de sala de espera e de cantina são de grande importância, existe troca importante, muitas vezes motivações de tratamentos acontecem alí. Um paciente mais deprimido e outro que já passou por essa fase, um apoia o outro, trocam enquanto estão aguardando. Aqui no próprio setor, algumas vezes pensamos em dividir em boxes para garantir privacidade, mas por outro lado o espaço aberto permite um olhar sobre o que o outro que já conquistou, o que ele pode julgar tão difícil naquele momento. A cortina foi a solução encontrada, dá privacidade quando necessária, mas possibilita essa troca quando desejada , um dando força para o outro. 188 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? O espaço é pequeno, precisamos e um elevador, uma acústica melhor na espera. Espaço para desenvolver outras terapias , temos idéias , mas temos limitação de espaço físico. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um ambiente mais confortável, mais espaçoso. Supervisor do Setor de Pedagogia 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Atendemos em psico-pedagogia em geral. São crianças na faixa de 3 à 13 anos. Nosos usuários são autistas, com déficit cognitivo, de alfabetização muito intenso. Também orientamos os pacientes de outros setores quanto à assuntos que dizem respeito à questão pedagógica. As necessidades são grandes , atendemos uma parte delas. Precisam da colaboração de toda a sociedade, escolas adequadas, de famílias conscientes 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? Ter um olhar de amor. É um trabalho difícil que não apresenta resultados em curto prazo, por isto exige paciência , perceverança. Assumir o desafio de ensinar a criança com deficiências mentais com amor. A família tem que ser também ouvida, melhor atendida, orientada. A saúde geral deve ser acompanhada, as escolas devem ser envolvidas, nos fazemos o contato com as escolas. 189 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? Importantíssimo. Através desse convívio vão haver trocas de esperiências e, em consequencia , gerar crscimento. Quando se trabalha com desenvolvimento infantil, tem que ser feito em grupo. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Desde que o profissional esteja atuando junto ao paciente. Por outro lado, os acompanhantes tocam informações e experiências. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? O espaço terapêutico de que dispomos é inadequado, muito pequeno para as nossas necessidades e falta mobiliário e equipamentos. Falta sala de psicomotricidade, informática, sala de atendimento para grupo, sala de atendimento individual e sala para estagiários. Além disso, temos um projeto de psicomotricidade para idosos que precisa de espaço apropriado. 6ª Questão: Quai seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um espaço maior. Supervisor do Setor fisioterapia-Eletroterapia 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. O objetivo principal da profissão aqui na associação é gerar a independência física do paciento e aliviar algum quadro que atormente esse paciente. Os pacientes bucam alguma especie de ajuda, atenção, carinho, etc. Observamos que os pacientes vêm para cá por uma questão de 190 amizade,há falatórios no corredr por que eles se encontram e para muitos isto é um benefício. Querem ter um ciclo de amizade. Os pacientes não querem , em geral se afastar, ter alta, pelo convívio que se observa aqui. Vemos neles , em geral, a carência, além da econômica que é comum aqui mas, afetiva, de cuidados. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? Seria as instituições terem um mínimo de condições para gerar um bom serviço. Para que dse possa atender de forma dígna. A forma dígna seria ter respeito pelo paciente, é ter o mínimo de responsabilidade. Condições mínimas, equipamentos, etc. Aqui nos temos condições físicas para fazer um bom atendimento. Melhor oferecer o serviço, na parte material, humana, de higiêne, etc. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? É um dos pontos mais importantes para os nossos pacientes. Recebemos pessoas que , estavam em condições físicas ideais, após um fato que gerou a mudança, um desequilíbrio emocional ocorre e nos buscamos atender neste sentido. É importante o convívio para que o paciente sinta que pode ser aceito novamente pela sociedade. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? As esperas são positivas para o convívio. Mas os pacientes conversando nas esperas daqui da eletro, prejudicam o tratamento dentro dos boxes de tratamento. As divisórias dos boxes não vão até o teto, ouve-se tudo. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Minha sala fica desconectada do meu setor. Os boxes ficam do outro lado do corredor, isto não é funcional. 191 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Os espaços da instituição não estão bem distribuidas no edifício, há espaço disponível para ser aproveitado no terceiro piso. Supervisor do Setor de Psicologia Neuro- Infantil 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Trabalhamos com crianças com comprometimento mental , de 2 ou 3 mêses até 17 anos. Trabalhamos com estimulação precoce de bebês até o correspondênte à 3 anos, e terapia infantil para a o desenvolvimento das diversas linguagens, falada, corporal, de comunicação em geral. Trabalhamos a estimulação precoce da criança, de forma individual e junto aos pais com vistas à uma melhor relação com esta criança, par que esta seja recebida e tratada de maneira positiva. Na terapia infantil tratamos, entre outras, crianças psicóticas, neuróticas e/ ou com com comprometimentos corporais. Da mesma forma o adolescente. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? Nós temos como conduta o “olhar escuta”, sobre os pais e sobre aquela criança , não somente sobre o próprio disgnóstico. Sobre o sujeito, não ficar preso ao diagnóstico. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? Nós entendemos que todo ser humano quer ser amado e aceito. Trabalhamos esta aceitação pela família, para que auxiliem em uma melhor adaptação social desta criança. Temos casos de crianças que, apesar de não terem recebido grande influência de tratamentos mas, se ela foi bem acolhida por uma comunidade, se as pessoas a incentivaram , ela foi longe, com certeza. 192 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Tem justamente poque elas promovem a integração. Tem a questão de se alimentarem juntos, por ex. as famílias eram mais felizes quando jantavam juntas, tinha mais comunicação. Nestes lugares elas estão se comunicando, matando curiosidades, enfim se integrando no grupo. Quando a criança é bem aceita em uma comunidae , por exemplo , em uma escola , seu desenvolvimento é superior, comparada com as outras que estão recebendo igual tratamento. Na maioria dos casos, principalmente as mães, vêem acompanhar seus filhos , desde bebês e o tratamento pode levar vários anos, que vão exigir a sua permanência nesta rotina-são duas a três horas , duas vezês por semana. O convívio social que os familiares encontram aqui é , portanto, de grande importância para o bem estar dessas pessoas. Elas trocam as experiências,angústias, dúvidas, sofrimentos e se apoiam, motivam-se ,crescem. Isto vai gerar benefícios para a própria criança. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Além de funcionar bem, estar adaptado ás necessidades eser confortável, a imagem do ambiente é importante. O aspecto estético do ambiente é importante, os pacientes e os pais percebem quando o ambiente está sendo feito para eles, percebem como carinho, atenção. Os pacientes mais desorganizados precisam de um ambiente bem organizado como compensação, eles começam a arrumar as coisas quando chegam aqui e vêem alguma desorganização. 193 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Seria ideal que pudessemos contar com um espaço maior, com um parquinho, com brinquedos próprios para elas, serviria como local ao mesmo tempo de lazer e terapia. Supervisor do Setor de Fonoaudiologia Neuro-Infantil 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Trabalhamos com estimulação precoce, crianças com deficiências e/ou com dificuldades funcionais da alimentação, como alimentação por sondas, etc. São crianças, na maioria de faixa de renda baixa, que encontram aqui tratamento,atenção, conforto. Elas são treinadas a se alimentarem de maneira independente e, ao mesmo tempo, são alimentados, nutridos durante as sessões. Temos um lanche durante as sessões. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? É um trabalho de equipe no sentido de se chegar ao melhor para o paciente. Trabalhamos de maneira multidisciplinar, discutimos a evolução dos pacientes, e procuramos incluir a família. Na maioria das vezês os pais ou acompanhantes chegam aqui sem o diagnóstico de seu filho, sem entender qual é o problema do seu filho, o que ocorre com ele. Os médicos não esclarecem, ou algumas vezês precisam de algum tempo para absorver a idéia da condição do paciente. Orientamos a familia quanto à necessidade de promover a integração do paciente na sociedade, para que possam ser tão independentes quanto possível. 194 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? É fundamental para que eles possam criar uma certa independência. A própria atividade diária, se eles não tiverem toda essa questão social envolvida se torna mais difícil. Esta criança acaba exilada em uma casa , a mãe ocultando-a, e o mundo lá fora é excluído dela. Ocorre que independência em geral do paciente é prejudicada. A questão da escola, da pracinha, etc. não podem ser excluídas dele. Até mesmo para se trabalhar a questão do preconceito, que ocorre mesmo dentro do ambiente familiar. É mais cômodo deixá-los em casa. A psicologia e a pedagogia aqui nos auxiliam à trabalhar essa criança nestes vários níveis. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? No meu entender, esta questão esta muito ligada à Terapia Ocupacional, no que diz respeito à independência nas atividades diárias , do paciente poder se locomover, chegar até a cantina. Tem algumas crianças que foram treinadas, pelas próprias mães a utilizar a cantina, o que facilita quando tiverem que lidar com o mundo lá fora. Muitas vezês os profissionais de psicologia utilizam da estratégia de abordarem, nestes locais, os pais ou responsáveis que se recusam à participar do tratamento psicológico e, nesta oportunidade, convencê-los da importância do mesmo. Nestes ambientes, mais informais que dentro das salas de tratamento, as pessoas estão mais à vontade, e isto pode facilitar a entrada dos profissionais junto aos acompanhantes. 195 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Nós aqui trabalhamos com os pacientes individualmente, neste sentido, esse espaço é excelente. Eventualmente promovemos sessões com duas crianças para estimular a fala, especialmente. O espaço de nosso setor é bastante bom. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um edifício com fácil acessibilidade, que pode ser obtido através da instalação de elevadores. O cuidado com a apresentação e conservação do ambiente, no sentido de torná-lo acolhedor, é importante. Supervisor do Setor de Terapia Ocupacional 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Na TO nos trabalhamos com pacientes que possuam qualquer tipo de problema ( deficiência) físico e/ou mental no sentido de capacitá-los para as atividades do cotidiano. Temos como principal ferramenta a atividade. Temos como principal objetivo, reabilitar e/ou prevenir a instalação de complicações devido à sua patologia. Proporcionar uma maior independência e autonomia na realização das funções da vida diária. De uma maneira geral são portadores de sequêlas físicas e/ou cognitivas. A principal necessidade está ligada à questão da independência, da autonomia, por não poderem mais realizar as tarefas sozinhos, como o faziam anteriormente à doença. Aqui trabalhamos a reabilitação motora e cognitiva através de tarefas simples do cotidiano. 196 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? O respeito em geral. Quanto aos horários, as sua necessidades e individualidades. Com relação à postura dos profissionais,fazendo com que os pacientesse sintam valorizados. Chamando pelo nome, estabelecendo uma relação de confiança, pra que se sintam seguros, acolhidos. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? Vejo pelo lado da promoção do convívio entre os pacientes.A questão social está muito ligada ao trabalho que desenvolvemos, tenta-se promover a integração entre eles, durante as oficinas terapêuticas, para que possam trocar entre si, sobre o tratamento, a família, e fazer novas amizades. O convívio é primordial. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Sim vejo. De uma maneira ou de outra, do lado de fora a troca existe, eles começam a ter questionamentos a cerca da cura, que para muitos deles é relativa, ou inatingível. É tão importante quanto aqui no grupo, mas lá fora eles estão mais soltos. Tem função terapêutica para os pacientes e indiretamente através dos acompanhantes, é muito interessante observar isto. No Hospital santa Cruz existe uma T.O. para idosos e percebemos que a sala de espera é importante para eles, a pontro termos criado lá um local para dinâmicas de grupo que chamamos de “ Sala de Espera”. 197 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Temos um espaço bom aqui para exercermos a TO , mas o ideal seria uma réplica do espaço residêncial, com ambientes equipados como os da casa deles, com banheiro, cozinha , quarto com armários, etc, 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um espaço acessível para os deficientes, com iluminação, ruído, barras auxiliares nos banheiros, pisos anti-derrapantes. Sob o ponto de vista estético, é importante que a instituição não pareça algo como um presídio, aquilo que passe uma energia ruím. Antes tínhamos aqui cor cinza nas paredes, depois pintaram de verde, melhorou bastante o ambiente. O ideal seria ter um setor de TO semelhante a uma residência. Supervisor do Setor de Serviço Social 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Fazemos encaminhamentos para os tratamentos , atendimentos, etc. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? A forma de tratamento, tentando uma aproximação com a situação do outro, para que se possa ajudar da melhor forma possível. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? É muito importante, temos casos de pacientes que não apresentam a evolução esperada por conta do isolamento. 198 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Sim vejo. É nestes espaços de espera que se dão as trocas, conversas, que são importântes. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Um espaço confortável e organizado, além de seguro. Em nosso caso é fundamental a privacidade. Aqui não está acontecendo. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Poderia ser mais arejado, mais claro. Supervisor do Setor de Fisioterapia Neuro-Infantil 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Trabalhamos com a psicomotricidade, com a evolução motora, dentro da individualidade, da individualidade de cada paciente. Atendemos crianças de o à 14 anos em casoa de reumatologias, traumatologias e outras. A criança em tratamento aqui necessita de espaços para explorar, as sensações, o longe e perto, vivenciando com o próprio corpo. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? Incluir o contexto familiar, verificar como a família encara as patologias destas crianças. Trabalhar também a família. É importante acompanhar a vida deles lá fora. Damos importância aos aspectos afetivos. 199 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? A criança nestas condições sofre preconceitos por parte da sociedade em geral. Tem dificuldade em ser aceito em seu meio como nas escolas. A criança que tem contato com as outras aprende também por observação. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? As mães ou responsáveis vivenciam triocas nestes ambientes. E podemos observá-los em ação. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? O ambiente deve ser claro, arejado, fresco, o rendimento é maior em condições de conforto ideais. Nos dispomos de uma ambiente extremamente pequeno, o que restringe as nossas atividades. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um espaço mais acessível e mais amplo, com tratamentos como a hidroterapia, ecoterapia, musicoterapia, habilitado para atender deficiêntes visuais. trabalhar a psicomotricidade. Possibilitando o uso de Ambientes onde fosse possível bicicleta, patinete, footbol, etc. A nossa criança precisa de motivação, precisamos descobrir do que eles gostam e trabalhar com isto. Precisamos de um amplo espaço com material lúdico adequado. 200 Supervisor do Setor de Órteses e Próteses 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Nossa função é técnica, de gerenciamento da produção da oficina. Atendemos pacientes , na maioria com mais de 60 anos, com amputações por diabetes, os jovens são, na maioria , vítimas de acidentes de trânsito. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? É tratar o paciente com consideração e respeito. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? É fantástico, bastante importante. Ocorre aqui nas terapias , nas trocas entres os acompanhantes nas esperas. 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? Tem função terapêutica na medida em que trocam experiências . Eles se encontram nos dias certos para as medições, ficam conversando nas esperas, são de níveis sociais e idades diferentes , mas se integram trocando suas experiências. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? O espaço do meu setor é totalmente inadequado, é muito pequeno . A parte funcional é importante mas também a estética. Não se pode ter um paciente em um ambiente frio, o calor tem que ser sentido não só no atendimento mas no ambiente físico. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um ambiente confortável. 201 Supervisor do setor de Psicologia Clínica 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. Para a Psicologia, não existe especialização em uma psicologia própria para os pacientes em reabilitação. Estes pacientes não são encarados , por nós, como uma categoria específica de pessoa. Pelo contrário, são vistos como pessoas que passaram por perdas , permanentes ou não e, a sua recuperação ou reabilitação vai se dar conforme suas características pessoais , seus recursos morais ou afetivos e a sua história de vida. Cada dor é vivênciada de maneira diferente e isto está relacionado com a sua história, que buscamos resgatar, retomar junto á ele. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? È ver o paciente em seu contexto geral, familiar e social ou biopsicosocial. Não se v~e o paciente comoum amputado ou associado à sua lesão, como um incapacitado para esta ou aquela função, não se estigmatiza o paciente, ou classifica em categorias ligadas ao seu problema. Reabilita-lo é torna-lo hábil outra vêz, independente do tipo de dificuldade que ele enfrenta no momento. 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? É de extrema importancia. Nos trabalhos de grupo promove-se as trocas entre as pessoas com problemas diversos. 202 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? São espaços importantes para as trocas, para a valorização dos pacientes. 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? Um ambiente que permitisse privacidade, houve-se através das divisórias. Ambientes mais arejados, com salas para a suprrvisão, salas para estudo\e trabalhos de grupo. Mais claridade, jardim, água, música neutra, cores pastel. 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? Um ambiente mais confortável e amplo. 203 Entrevistas Supervisor da Fisioterapia Geral 1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que aqui são tratadas. 2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento? 3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação? 4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum , como a área da cantina ou TV, e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos pacientes? Como? 5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão? 6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR? 204 205 206 207 208 6. ANEXOS 209 210 211 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo