REGINA FRUTUOSO TEIXEIRA
AVALIAÇÂO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTE
DE SAÚDE : um estudo de caso na área de Reabilitação, em Niterói, RJ
Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção de Grau de
Mestre. Área de Concentração: Produção do
Espaço Urbano. Linha de Pesquisa: Produção e
Gestão do Espaço Urbano
Orientador: Prof. Dr. Sérgio R. Leusin de Amorim
Co-orientador: Prof. Dr. Mauro Santos
Niterói
2005
1
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REGINA FRUTUOSO TEIXEIRA
AVALIAÇÂO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTE
DE SAÚDE : um estudo de caso na área de Reabilitação, em Niteroi, RJ
Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção de Grau de
Mestre. Área de Concentração: Produção do
Espaço Urbano. Linha de Pesquisa: Produção e
Gestão do Espaço Urbano
Aprovada em 22 de agosto de 2005.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________________
Prof. Sérgio R. Leusin de Amorim, D.Sc. (Orientador) - UFF
_____________________________________________________________________________
Prof. Dr. Mauro Santos, D.Sc. ( Co-Orientador) - UFRJ
_____________________________________________________________________________
Prof. Sheila Walbe Ornstein, Ph.D. -USP
Niterói
2005
2
AGRADECIMENTOS
Ao professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da UFF, Sérgio Leusin de Amorin, pela atenção e orientação firme e segura ao longo deste
trabalho.
Á professora da UFF, Louise Land B. Lomando, pela amizade e generosa orientação e
cooperação nas medições e análises de conforto acústico efetuadas na presente pesquisa.
Ao professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (Proarq
/FAU/UFRJ ) e do grupo de pesquisa e projeto Espaço Saúde, Mauro Santos pela orientação e
contribuição na área de arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
À professora e especialista em avaliação pós-ocupação e coordenadora da área de ensino
e de pesquisa em Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído e do Núcleo de Pesquisa em
Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo – USP, Sheila Walbe Ornstein. Pessoalmente pela
atenção dispensada e honrosa participação em nossa banca e, em nome da categoria profissional,
pela inestimável contribuição para o campo disciplinar da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil.
Sua obra tem sido de fundamental importância para o fomento das pesquisas e, portanto, de um
melhor entendimento acerca das relações entre ambientes construídos e o bem estar de seus
usuários, através do desenvolvimento e divulgação da metodologia de avaliação Pós- Ocupação.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal Fluminense.
A generosidade de toda a equipe da Associação Fluminense de Reabilitação, citando seus
principais representantes: a presidente Srª Lisaura Machado Ruas, a diretora do Núcleo de
Estudos e Pesquisas e Vice-presidente da AFR , Profª Leila Maria Alonso Gomes e administrador
Dr. Telmo S. Hoelz.
À CAPES pela bolsa de mestrado durante todo o período do curso.
Aos colegas de turma, pelo companheirismo, e a todos que, de alguma forma, contribuíram
para o êxito deste trabalho.
3
SUMÁRIO:
RESUMO, p. 6
ABSTRACT, p. 7
LISTA DE FIGURAS, p. 8
1 INTRODUÇÃO, p. 12
1.1 APRESENTAÇÃO, p. 12
1.2 PROBLEMA/ CONTEXTO, p. 13
1.3 HIPÓTESE ,p. 19
1.4 OBJETIVOS, p. 19
1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA, p. 20
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO, p. 21
2
HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E PROJETO, p. 22
2.1 O CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE, p. 22
2.2 OS NOVOS PARADIGMAS EM ASSISTÊNCIA E A NOVA IMAGEM DOS
HOSPITAIS, p. 27
2.3 O AMBIENTE HOSPITALAR COMO APOIO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE, p. 32
2.4
A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO AMBIENTE E AS RELAÇÕES
AMBIENTE –COMPORTAMENTO, p. 43
3. ESTUDO DE CASO, p. 47
3.1 DESCRIÇÃO DO OBJETO, p. 47
3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO, p. 55
3.2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES, p. 55
3.2.2 A APO APLICADA À PESQUISA, p. 57
3.2.2.1 Roteiro Metodológico, p. 58
3.2.2.2 Avaliação Comportamental, p. 62
3.2.1.3 Levantamento da População da AFR e Definição da Amostragem, p. 72
3.2.1.4 Avaliação Técnica, p. 72
3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL, p. 73
4
3.3.1 QUESTIONÁRIOS, p. 73
3.3.2 MAPAS COGNITIVOS., p. 98
3.3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DAS ENTREVISTAS COM SUPERVISORES, p. 104
3.4 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO TÉCNICA, p. 108
3.4.1 CONFORTO AMBIENTAL, p. 108
3.4.1.1 Conforto Acústico, p. 109
3.4.1.2 Ventilação/ Iluminação / Conforto Térmico, p. 114
3.4.2 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL, p. 116
3.4.2.1 Acessos e Circulações Verticais e Horizontais, p. 116
3.4.2.2 Dimensões Mínimas e Demais Aspectos Funcionais e Construtivos, p.119
3.5 ANÁLISE GERAL DA PESQUISA DE CAMPO, p. 124
3.5.1 HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE, p. 125
3.5.2 CONFORTO AMBIENTAL E ESTÉTICO, p. 127
3.5.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL, p. 128
3.5.4 ADEQUAÇÃO PSICO-SOCIAL E O VALOR TERAPÊUTICO DOS AMBIENTES DE
ESPERA, p. 130
3.6 DIAGNÓSTICO GERAL, p. 132
3.6.1 ASPECTOS POSITIVOS DO AMBIENTE, p. 132
3.6.2 ASPECTOS NEGATIVOS DO AMBIENTE, p. 134
3.7 RECOMENDAÇÕES PARA O AMBIENTE ANALISADO, p. 135
3.7.1 CONFORTO AMBIENTAL / ACÚSTICO, 136
3.7.2 CONFORTO AMBIENTAL/ VENTILAÇÃO NATURAL E CALOR, 137
3.7.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ ACESSIBILIDADE, p. 138
3.7.4 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ DIMENSÕES E DEMAIS ASPECTOS, p. 139
3.8 DIRETRIZES PARA FUTUROS PROJETOS, p. 140
4. CONCLUSÃO , p. 144
5 . BIBLIOGRAFIA , p. 148
5
RESUMO
No campo da Arquitetura Hospitalar, as dimensões simbólica, afetiva e psico-social do
espaço têm
sido preteridas em função de uma hipervalorização das dimensões técnicas e
funcionais. Este paradigma, como demonstram diversas pesquisas, resultou em ambientes
austeros, frios e impessoais. A presente pesquisa visa a uma reflexão acerca do tema, através
da investigação de um estudo de caso. Com base no ferramental metodológico da Metodologia
de Avaliação Pós- Ocupação do Ambiente Construído (APO) avalia-se um ambiente de saúde.
O
estudo de caso não trata de um ambiente produzido a partir de um projeto
arquitetônico. Optou-se por um ambiente que foi sendo construído informalmente , em etapas,
portanto, sem o controle do referido modelo de arquitetura hospitalar. Inicialmente, buscou-se
saber se seus ocupantes estariam satisfeitos, em diversos aspectos e se há nele indícios de
humanização. Verificou-se, também, se este espaço tem valor terapêutico e de que forma isto de
dá.
A partir das análises da APO, obteve-se um
diagnóstico que fundamentou
recomendações para alguns melhoramentos no edifício e diretrizes para projetos de ambientes
de saúde, especialmente os que tiverem por objetivo atender à finalidades similares.
6
ABSTRACT
In Healthcare Design área, symbolic, afective and psyco-social dimensions have been
neglected, due to a hipervalorization of technical and funcional dimensions. This paradigm, as
several researchs demonstrates, result in strict and indifeference environments. This research aim
a reflexion about the subject, through a case study investigation. Based on methodological
instrumental of
Post-Occupancy Evaluation methodology was assessed a healthcare
environment.
Nevertheless, our case study is not about a environment framed, or designed, from an
architectural project. We select an environment that had been built informaly, in steps, without
the pattern of hospitalar architecture’s control. At first, we mean to know if their occupants were
satisfied, in humanization. In addition, there was a verification if this environment has a
therapeutic value and how is it go.
Due to POE analysis, we achieve a diagnosis that validates recomentations to some
improvement on the building and guidelines to heathcare design, especially those that claim to
attend similar goals.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 : Vistas e Planta do Projeto do Hotel-Dieu, Paris, p. 14
Figura 2: Adaptação do diagrama de self-actualization , p. 24
Figura 3: Exemplo de hospital monobloco: Hospital Gastroclínicas, p. 28
Figura 4: Matriz biaxial relacionando aspectos de projeto quanto a predominância do paradigma
do provedor , p. 30
Figura 5: Foto aérea do Norfolk & Norwich University Hospital, p. 35
Figura 6: Foto do átrio, Norfolk, p. 35
Figura 7: Interior do Hospital SARAH de Fortaleza, p. 36
Figura 8: Vista dos sheds Hospital SARAH Salvador, p. 36
Figura 9: O modelo Teórico de L. Levi para a Interface Psicosocial da Doença , p. 38
Figura 10: Diagrama resumido da APO, p. 44
Figura 11: Via de acesso à AFR, p. 47
Figura 12 : Fachada em 1983, p. 49
Figura 13 : Fachada em 1983, p. 49
Figura 14 : Fachada em 1985, p. 50
Figura 15: Construção da rampa em 1983, p. 50
Figura 16 : Construção da rampa em 1985, p. 50
Figura 17: Foto atual da rampa, p. 50
Figura 18: Fachada da Associação em fins de 1980, p. 51
Figura 19: Foto atual da fachada interna, p. 51
Figura 20: Fachada atual, p.51
Figura 21: Quadro de atendimentos por dia nos setores, p. 53
Figura 22: Fluxograma de desenvolvimento metodológico da APO/AFR, p. 59
Figura 23: Gráfico sexo por extrato, p.74
Figura 24: Gráfico- Faixa etária por extrato , p. 75
Figura 25: Gráfico- Faixa etária dos pacientes, p. 75
Figura 26: Gráfico- Escolaridade dos pacientes, p. 76
Figura 27: Gráfico relativo à pergunta 2.1, p. 76
8
Figura 28: Gráfico relativo à pergunta 2.2, p. 77
Figura 29: Gráfico relativo à pergunta 2.3, p. 77
Figura 30: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Pacientes, p. 78
Figura 31 : Gráfico relativo à pergunta 2.4-Acompanhantes, p. 78
Figura 32: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Profissionais , p. 78
Figura 33: Gráfico relativo a conceitos extraídos das respostas à pergunta 2.4, p. 79
Figura 34: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Pacientes, p. 80
Figura 35: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Acompanhantes, p. 80
Figura 36: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Profissionais, p. 80
Figura 37: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Pacientes, p. 81
Figura 38: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Acompanhantes, p. 81
Figura 39: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Profissionais, p. 81
Figura 40: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Pacientes, p. 83
Figura 41: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Acompanhantes, p. 83
Figura 42: Gráfico relativo à pergunta 2.7 – Profissionais, p. 83
Figura 43: Gráfico relativo à questão 2.8 – Profissionais, p. 85
Figura 44: Gráfico relativo à questão 2.8 – Acompanhantes, p. 85
Figura 45: Gráfico relativo à questão 2.8 – Profissionais, p. 85
Figura 46: Gráfico relativo ao conceito de humanização- O que é atendimento Humanizado? –
Profissionais, p. 86
Figura 47: Gráfico relativo à pergunta dirigida aos profissionais: O ambiente físico pode ajudar
no sentido da humanização? Como?, p. 87
Figura 48: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Pacientes, p. 88
Figura 49: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Acompanhantes, p. 88
Figura 50: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Pacientes, p. 89
Figura 51 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Acompanhantes, p. 89
Figura 52 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Pacientes, p. 90
Figura 53 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Acompanhantes,
p. 90
9
Figura 54: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Pacientes, p. 91
Figura 55 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Acompanhantes, p.
91
Figura 56 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Pacientes,
p. 92
Figura 57 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras DistraçõesAcompanhantes, p. 93
Figura 58: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes-Pacientes, p. 93
Figura 59 :
Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes –
Acompanhantes, p. 94
Figura 60: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário – Pacientes, p.
94
Figura 61 :
Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário –
Acompanhantes, p. 94
Figura 62 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza – Pacientes, p. 95
Figura 63 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza – Acompanhantes, p. 95
Figura 64 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação – Pacientes, p. 96
Figura 65 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação – Acompanhantes,
p. 96
Figura 66: Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Orientação Espacial/Comunicação
visual - Pacientes, p. 97
Figura 67: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Orientação Espacial/Comunicação
visual - Acompanhantes,p. 97
Figura 68: Mapa Cognitivo – Criança 1, p. 98
Figura 69 : Mapa Cognitivo – Criança 2, p. 99
Figura 70 : Mapa Cognitivo-Criança 3, p. 100
Figura 71: Mapa Cognitivo- Adolescente 1- o espaço como é hoje , p. 101
Figura 72 : Mapa cognitivo- Adolescente 1- situação ideal, p. 101
Figura 73: Mapa Cognitivo -Adolescente 2, p. 101
10
Figura 74: Mapa Cognitivo - Adulto 1, Desenho feito pela senhora Adulto 1 revelando suas
impressões acerca do lugar, p. 102
Figura 75: Mapa Cognitivo- Adulto 2- situação atual , p. 103
Figura 76: Mapa Cognitivo- Adulto 2-situação desejada, p. 103
Figura 77: Mapa Cognitivo- Adulto 3-situação atual, p. 103
Figura 78: Mapa Cognitivo- Adulto 3- conforme seu ideal de ambiente, p. 103
Figura 79: Fórmula de Sabine, p. 111
Figura 80: Localização das medições de pressão sonora no Térreo, p. 111
Figura 81: Localização das medições de pressão sonora no 1° Pav., 112
Figura 82: Espera e recepção, junto ao acesso principal. Materiais de baixa absorção acústica, p. 112
Figura 83: Ambiente do Ginásio. Acústica inadequada e conversação desejada, p. 113
Figura 84: Espera da Fonoaudiologia e Correção Postural: Luz natural e jardineiras, p. 114
Figura 85: “Praça” da cantina, entrada da recepção da Oficina Ortopédica, p. 114
Figura 86: Divisa esquerda: janelas do Ginásio para o terreno vizinho, p. 115
Figura 87: Interior do Ginásio: janelas para o vizinho, p. 115
Figura 88: Ambientes de espera: ambientes internos com janelas e aparelhos de A. C. instalados, p.
115
Figura 89: Chegada da rampa. Desnível, sem proteção, p. 118
Figura 90: Rampa com declividade acentuada e piso inadequado, p. 118
Figura 91 : Desnível no piso da espera do Ginásio, p. 118
Figura 92: Desnível entre a saída da rampa e “Praça”de TV, p. 118
Figura 93: Fisioterapia Geral . A privacidade é garantida através de cortinas, p. 119
Figura 94: Interior de um box, na fisioterapia Neuro-Infantil, p. 120
Figura 95 :Sala de Fisioterapia Neuro-Infantil. Pouco espaço, p. 120
Figura 96: Sala de terapia cupacional- Grupo, p. 121
Figura 97: Sala de terapia Ocupacional – Grupo, p. 121
Figura 98: Vão central descoberto, 123
Figura 99: Esperas da Fonoaudiologia e Correção Postural, pavimento Superior, p. 130
Figura 100: “Praça da Cantina” , p. 131
Figura 101: “Praça de TV”, p. 131
Figura 102: O pinheiro plantado na “Praça” de TV, p. 133
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
Os ambientes de saúde, de uma maneira geral, despertam alguma forma de desconforto,
especialmente insegurança, em quem se vê obrigado a utilizá-los. Talvez pelo fato de deixar-nos
em uma situação que evidencia a condição de fragilidade da vida humana. Ou por seu estigma,
provavelmente por ter abrigado, em sua origem, categorias que se desejava excluir do convívio
social. Mas, sobretudo, o ambiente hospitalar remeter-nos à experiências pessoais, a memórias
culturais, que associam-se a dor e ao sofrimento.
É um desafio, que se apresenta à Arquitetura Hospitalar, produzir espaços de saúde
agradáveis, mais humanizados, que amenizem as vivências que neles ocorrem. No entanto, os
espaços de saúde podem apresentar estruturas extremamente complexas, como no caso dos
hospitais, nos quais os diversos fatores intervenientes levam, em geral, ao predomínio da
preocupação técnico-funcional no design destes espaços. Esta ênfase acaba por gerar espaços
frios e impessoais, reforçando o aspecto negativo que, em geral está associado as vivências
nestes ambientes.
Um novo equilíbrio entre forma e função deve ser buscado no processo de produção dos
ambientes de saúde. O conceito de função é ampliado, tornando-o capaz de incluir as
necessidades psico-sociais dos usuários, de maneira realista. Pesquisas relacionando o ambiente
físico e a promoção da saúde estão sendo desenvolvidas em importantes centros científicos, no
exterior e no Brasil, visando um melhor entendimento da questão. Estes trabalhos apontam para
a importância de uma revisão dos ambientes hospitalares pelo fato de que, comprovadamente,
através de mecanismos psicológicos e bioquímicos, entre outros, o ambiente físico hospitalar tem
a função terapêutica- contribui no processo de cura.
12
A experiência profissional no desenvolvimento de projetos de arquitetura de saúde, em
reformas e ampliações e elaboração de novas unidades de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde (EAS) do município de Niterói, deu origem aos questionamentos que motivaram a
presente pesquisa. Ela se insere no movimento de busca por um novo lugar para as práticas de
saúde. Com base em estudos científicos recentes e nos novos conceitos de promoção da saúde,
pretende-se uma reflexão teórica e prática neste campo de conhecimento, através da análise de
um ambiente de saúde, com a aplicação da Metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO),
que oferece tratamentos na área de reabilitação. Demos
ênfase à
Relação Ambiente/
Comportamento (RAC), em razão dos objetivos da pesquisa. Pretende-se conhecer as
características das relações entre pessoa-ambiente que se dão naquele espaço, identificar o que
está de acordo com as necessidades dos ocupantes e quais são suas falhas.
1.2 PROBLEMA / CONTEXTO
A arquitetura hospitalar tem como missão elaborar espaços que atendam às necessidades
técnicas e funcionais da assistência em saúde. No entanto, a idéia de função tem se ampliado
passando a incorporar às exigências técnico-funcionais, as necessidades de natureza subjetiva,
psico-sociais, afetivas – vivenciais dos indivíduos.
O edifício hospitalar tem se modificado, diretamente, por exigência das alterações
ocorridas na ciência médica, buscando continuamente, reestruturar-se para incorporar de forma
adequada, as transformações do próprio modelo de assistência médica. A idéia do hospital
funcional e terapêutico, a inclusão do ambiente físico hospitalar na tecnologia médica, surge em
consonância com as demandas da medicina moderna e científica nascida no final do século
XVIII. No início de sua história, os hospitais passaram de locais destinados ao abrigo e
atendimento, essencialmente espiritual, de pobres, velhos e moribundos a instituições de cura,
formação e transmissão de conhecimento ( FOUCAULT, 1979).
Um episódio ocorrido naquele período marcou o início desta mudança. Após o incêndio
do Hôtel-Dieu de Paris, a pedido da Academia Real de Ciências da Casa Real de Luís XVI, uma
13
comissão é criada para fornecer subsídios para a
reconstrução ou substituição daquele importante
hospital. Nesta oportunidade, sob o comando do
médico francês Tenon, inicia-se um inquérito
sobre a situação dos hospitais na Europa, no qual
foram utilizadas as novas práticas de investigação
sistemática, através de viagens de observação
comparativa de hospitais. Desenvolveu-se estudos
empíricos nos quais tratava-se o hospital como um
paciente que era examinado com vistas à um
diagnóstico
e
correspondentes
decisões
terapêuticas. O resultado destas pesquisas revelou
a precariedade das instalações
analisadas,
sobretudo quanto à estagnação do ar e a umidade,
Figura 1 : Vistas e Planta do Projeto do Hotel-Dieu, Paris.
Fonte Fernand, C. In: Silva K ( Silva, K.P. 2000).
o que indicou a necessidade de uma nova organização espacial para os ambientes hospitalares.
(FOUCAULT, 1979).
A estrutura proposta por Tenon foi responsável pela introdução do
partido pavilhonar, modelo que passou a orientar a construção dos hospitais europeus. Este
previa a separação dos doentes por categorias de doença e sexo em pavilhões, dotados de
enfermarias com núcleos de serviços próprios, ligados a uma unidade central através de eixos de
circulação. Cada pavilhão deveria ter, o número máximo de três pavimentos. Esta estrutura
permitia melhor eficácia operacional, ventilação cruzada e uma boa iluminação natural.
Em meados do séc. XIX, a enfermeira inglesa Florence Nightingale colaborou para o
aprimoramento dos ambientes das enfermarias, com base nos paradigmas sanitaristas. Rejeitou
os longos corredores e posicionou os leitos lateralmente, ao longo de uma circulação central,
onde era instalado o posto de enfermagem, facilitando o atendimento. As janelas altas, entre os
leitos, ampliou o aproveitamento da luz e ventilação naturais. Este modelo de enfermaria,
conhecido como “Enfermaria Nightingale” constituiu-se no elemento mais importante do corpo
14
do hospital pavilhonar. (MIQUELIN, 1992). No Brasil, até o início do século XX, predominaram
as construções hospitalares de morfologia em ‘U’ ou quadrada, remanescente da influência
renascentista européia na arquitetura hospitalar. Destacam-se como exemplos dessas construções
as Santas Casas de Misericórdia, ligadas a instituições religiosas.
Durante o séc XX, a medicina avançou em tecnologia e adotou o modelo biomédico,
segundo o qual o foco era a doença, vista sob a ótica das especialidades médicas, demandando
espaços dotados de zonas funcionais em torno de uma infra-estrutura central. Por outro lado, o
desenvolvimento das tecnologias do concreto armado e do transporte vertical, favoreceram a
verticalização do edifício hospitalar, surgindo o hospital monobloco, partido arquitetônico que
permitiu economias na construção e posterior operação, com a racionalização dos sistemas de
infra-estrutura. A linguagem do “Internacional Style” da arquitetura moderna do pós-guerra, se
adequou com perfeição ao novo modelo de hospital: funcional, setorizado e padronizado
(Verderber & Fine, 2000).
Os estudos de Tenon inauguraram uma maneira de pensar o espaço do hospital que
corresponde à matriz projetual funcionalista, com ênfase na prática médica, responsável pela
arquitetura dos hospitais, que ainda hoje é predominante. A mesma lógica que estava por trás da
concepção dos hospitais pavilhonares do século XIX
e dos hospitais monobloco ou
megahospitais, criados para responder aos extraordinários avanços tecnológicos do século XX
( SILVA, K.P. 2000).
Tradicionalmente, os projetos arquitetônicos de saúde deram ênfase à referida eficiência
funcional das práticas médicas, ao cumprimento de normas técnicas a adequação de custos.
Recentemente, a filosofia da atenção à saúde tem mudado , passando a predominar o conceito
de promoção da saúde (PAHO, 2004). Ele propõe um modelo de assistência humanizado,
calcado na necessidade de autonomia e qualidade de vida do paciente. Este novo modelo aponta
para a preocupação com as necessidades psico-sociais dos pacientes e coloca em questão o
anterior, que
gerou espaços com características institucionais estressantes e, portanto,
insuficientes como suporte à um atendimento de qualidade. Em decorrência, a arquitetura do
15
espaço em saúde vem apresentando mudanças que buscam corresponder às atuais alterações
do modelo de atenção médica, que vem se modificando de forma profunda.
Estudos científicos estão sendo realizados no exterior e no Brasil, na busca do
aprimoramento do design dos ambientes de saúde em função da nova perspectiva cujo foco
central é o bem estar geral do paciente. Destacam-se as seguintes instituições: “Center for
Health Systems and Design”, centro multidisciplinar ligado às escolas de arquitetura e medicina
da Texas A&M University; “Planetree”, “The Center of Health and Design” e a International
Academy for Design and Health” (IADH), no desenvolvimento e divulgação de pesquisas,
envolvendo arquitetura e saúde na perspectiva da promoção da saúde. No Brasil, destaca-se o
grupo Espaço e Saúde da PROARQ/ FAU, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este
centro de estudos dedica-se a
pesquisas sobre a Arquitetura da Saúde sob o enfoque da
humanização da assistência.
Os resultados de algumas destas pesquisas revelam informações importantes como
demonstram os trabalhos do professor Roger Ulrich do “Center for Health
Systems and
Design”. Suas pesquisas demonstraram que pacientes estressados, quando expostos à imagens
serenas como a de cenas da natureza, têm níveis de pressão sanguínea mais baixos que outros
expostos à pinturas estimulantes ou nenhuma pintura. A privação sensorial originada pela falta
de janelas nas unidades de terapia intensiva está associada a níveis elevados de ansiedade e
depressão, além de altas taxas de delírio e psicoses temporárias. Estas pesquisas concluem que
certas escolhas ou estratégias de projeto podem reduzir o estresse, a ansiedade, melhorar os
resultados pós-operatórios, reduzir a necessidade de medicamentos analgésicos e o tempo de
internação (ULRICH, 1992).
Para
Alan Dilani (2001) da
IADH
é importante que mais pesquisas sejam
desenvolvidas para que se possa ampliar o conhecimento acerca dos impactos do ambiente
físico sobre a recuperação dos pacientes e acredita que as necessidades psico-siociais dos
pacientes estão se tornando cada vez mais importantes na criação dos ambientes de saúde.
16
...research is needed to fully identify the impact of the physical environment,
and more specifically hospital environmen, on health outcomes... Health
promoting processes are becoming much more central as fators in the criation of
new healthcare facilities. In this new paradigm, the focus is on the pacientes:
along with their physical health needs the patients’ psychological and social
needs of healthcare environments ( DILANI, 2001).
As pesquisas apontam para a necessidade de uma nova diretriz conceitual de projeto,
segundo uma lógica de ampliação do conceito de funcionalidade,
visando um ambiente
hospitalar mais humano, que cumpra a sua missão terapêutica de uma forma mais completa, em
consonância com uma visão holística do ser humano. Por outro lado, o ambiente hospitalar
permanece com o dever de atender à complexidade que seu programa exige, além de ser capaz
de adaptar-se a uma demanda crescente por novas soluções técnicas de espaço, em função, por
exemplo, do desenvolvimento das altas tecnologias de diagnóstico da medicina preventiva e
das tecnologias de informação.
No setor de gestão hospitalar cresce a consciência de que o design hospitalar humanizado,
ou com características de suporte psicológico auxilia na diminuição do estresse que acompanha
a doença. Esta forma de pensar é, em parte, o reconhecimento pragmático de que um espaço
fraco em suportes psicológicos e, portanto estressante, é insatisfatório sob o ponto de vista
mercadológico (ULRICH, R. 1992).
A Humanização do espaço hospitalar tem reflexos nas práticas de gestão onde as
necessidades do cliente tendem a ser priorizadas. Por outro lado, as organizações hospitalares,
públicas ou privadas, têm características próprias que as distingue das demais diante da lógica
de acumulação lucrativa dos mercados. As leis de mercado não se aplicam bem ao setor em face
das necessidades humanas e prioridades não–mercantis, que se impõem independentemente dos
custos de produção, valor de mercado e preços praticados (Júnior,G.D., Vieira, M.M.F.2002).
As organizações de saúde estão inseridas num conjunto complexo e singular que as
caracteriza, no qual evidenciam-se os interesses dos usuários-pacientes, que solicitam
assistências diversas, os interesses dos profissionais de saúde e dos acionistas, no caso do
17
hospital privado. Acrescenta-se a pressão dos fornecedores de insumos, das empresas
seguradoras e planos de saúde, além das exigências dos poderes formalmente constituídos, na
gerência hospitalar e no governo, estes últimos enfatizam os objetivos técnicos e o alcance das
metas programáticas das políticas de saúde.
Segundo a arquiteta americana Janet R. Carpmam (1993), o design do espaço de saúde
tem sido visto como um uma importante ferramenta de “marketing” na medida em que pode
atrair ou não os pacientes em função da qualidade dos espaços oferecidos. Os hospitais estão se
tornando competitivos, sobretudo, em função de mudanças no perfil dos pacientes. Há pouco
tempo estes eram tratados como pessoas sem poder de escolha, em situação de desespero por
tratamento médico. Hoje os pacientes são considerados sob uma nova ótica: como consumidores
independentes, mais bem informados e, portanto, com maior capacidade de escolha.
Como o tratamento médico tem sido aceito como mercadoria o consumidor procura estar
mais bem informado, em conseqüência, as estratégias de “marketing” e a imagem dos hospitais
passam a ser critérios importantes de seleção. A autora acrescenta ainda que, diferente da
qualidade dos serviços médicos, a configuração física do ambiente é algo que pode ser
facilmente compreendido e julgado pelo público como bom ou ruim.
A importância de um aprimoramento do design do espaço de saúde, no sentido de sua
humanização é, como vimos, por diversos aspectos, de fundamental importância. É, no entanto,
um desafio, que cabe a nós da área de produção do espaço, tentar esclarecer de que forma o
conceito de humanização do espaço, caracterizado pela necessidade de satisfação plena dos
usuários, incluindo os diversos níveis de exigências, se transfere para o projeto.
Como vimos, o aprimoramento dos ambientes de saúde no sentido de sua humanização é
uma preocupação que, atualmente, está mobilizando arquitetos em todo o mundo. Haja visto a
“2° Internacional Conference on Health and Design” ocorrida na Suécia em junho de 2000. O
evento reuniu profissionais de diversas áreas ligadas à produção do espaço de saúde, em torno
dos desafios que se apresentam na busca de espaços que correspondam à perspectiva focada no
bem estar geral dos pacientes (DILANI, 2001). Conforme os diversos autores consultados em
18
nossa revisão bibliográfica, como os arquitetos Alan Dilani, Roger Ulrich, Stephen Verderber e
David J. Fine, entre outros, estas abordagens subjetivas, que tornam os ambientes mais
humanizados, podem ser elaboradas na forma de diretrizes de projetos de arquitetura e, desta
forma aplicados ao design dos ambientes. Porém, trata-se de uma área de conhecimento que
necessita ser ampliada e a avaliação de ambientes com a aplicação de pesquisas junto aos
usuários tem colaborado neste sentido.
1.3 HIPÓTESE
A presente pesquisa parte da hipótese geral de que o bem estar psico-social do usuário seja
tão importante quanto o bem estar físico ambiental e que tanto a boa qualidade técnico/funcional
quanto humana do ambiente físico de saúde possam ser alcançadas, na medida em que se
incorpore a valorização do aspecto humano no processo de elaboração deste espaço. Com base
nesta idéia busca-se uma reflexão acerca do tema, a partir de um conceitual teórico
interdisciplinar e a observação empírica de ambientes construídos.
1.4 OBJETIVOS
Esse trabalho visa a colaborar com a pesquisa no campo da arquitetura hospitalar a partir da
análise de um espaço arquitetônico e tem como objetivo geral identificar diretrizes projetuais
que possam orientar a produção de ambientes de saúde mais humanos.
Como objetivo específico pretende-se avaliar a qualidade em humanização do ambiente
analisado, através de uma metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO), bem como
identificar os elementos que interferem nos resultados. Com base nas conclusões extraídas da
análise, supomos ser possível propor recomendações para o aperfeiçoamento dos aspectos
negativos e a permanência e valorização das qualidades encontradas.
19
Vale, no entanto, a ressalva de que a amostragem considerada é reduzida, tendo em vista
o tempo e recursos disponíveis para o trabalho de campo e posterior análise, o que nos limita
quanto a conclusões mais precisas e generalizadas. Espera-se, porém, que os dados extraídos
deste recorte da realidade hospitalar, onde as relações entre o ambiente físico e a promoção da
saúde acontecem, possam ser suficientemente relevantes.
1. 5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
No ambiente hospitalar, de uma forma geral, há uma hipervalorização das dimensões
técnicas e funcionais. Os aspectos simbólicos, afetivo ou psico-sociais são preteridos, gerando
espaços impessoais – desumanizados.
Observa-se a necessidade de se amenizar os aspectos
negativos das vivências no espaço hospitalar. A presente pesquisa justifica-se na medida em que
busca novos conceitos projetuais que possam dotar este ambiente físico de um maior grau de
qualidade e de humanização, que possibilite, além da fluidez técnica médico-terapêutica as
demais dimensões inerentes à própria arquitetura.
Conforme veremos no Capítulo 2, o ambiente físico exerce influência no processo de
promoção da saúde. Como comprovam diversos estudos, um ambiente operacionalmente
confortável e acolhedor, tanto para os pacientes quanto para os usuários em geral, quais sejam:
acompanhantes, funcionários e profissionais de saúde , tem efeito terapêutico - promove a cura.
Porém, de acordo com diversos autores, novas pesquisas devem ainda ser desenvolvidas na
busca de maiores esclarecimentos acerca das relações entre os elementos do processo que
relaciona promoção de saúde e produção do ambiente físico.
Este trabalho utiliza a metodologia de APO, que reconhece a fundamental importância do
ponto de vista do usuário na avaliação do ambiente. É uma metodologia que permite ajustes
para uma melhor adequação ao estudo de caso. Neste sentido espera-se que as adaptações de uso
e formatação das ferramentas utilizadas tenham alguma utilidade para pesquisas futuras.
20
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho estrutura-se da seguinte forma:
Capítulo 1
Introdução, contendo o contexto e a problematização, os objetivos da pesquisa e sua
justificativa e relevância.
Capítulo 2
Neste capítulo apresentamos o conceitual teórico, a revisão bibliográfica que servirá de
suporte teórico para a pesquisa.
Capítulo 3
Este capítulo apresenta o estudo de caso. Está subdividido nas seguintes sessões:
Descrição do Objeto; Descrição do Método; Avaliação Comportamental; Avaliação Técnica;
Resultados Gerais, Diagnóstico e Recomendações para o Ambiente analisado
Aqui descreve-se o objeto, a metodologia a ser utilizada e apresenta-se as ferramentas de coleta
de dados. Descreve-se e justifica-se tanto a sua construção quanto aplicação. Posteriormente,
efetua-se as análises e apresenta-se seus resultados parciais e geral, seguido de diagnóstico. Com
base neste último, passa-se a recomendações para o ambiente analisado.
Capítulo 4
Finalmente, com base no diagnóstico chega-se à conclusão, a recomendações gerais e a
diretrizes para elaboração de projetos de arquitetura similares.
21
2 HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E PROJETO
2.1 O CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E OS NOVOS PARADIGMAS
Os fundamentos do termo “humanização” dizem respeito a um novo paradigma
filosófico e epistemológico, uma tendência que se opõe à postura positivista utilitária que
super valoriza a os avanços da tecnologia em detrimento dos valores subjetivos humanos. A
crise do paradigma dominante è o resultado interativo de uma pluralidade complexa (SANTOS,
2003) .
O paradigma da ciência pós-moderna aponta para um diálogo com outras formas de
conhecimento, não despreza o que produz
a tecnologia,
mas
alia o desenvolvimento
tecnológico à sabedoria de vida. Ainda de acordo com Boaventura Santos (2003), vivemos um
período de transição marcado pela ambigüidade e complexidade que aponta para uma mudança
de paradigma
que
pode ser identificada em diversas áreas das ciências, cada vez mais
interdependentes.
A palavra “humanização” está sendo freqüentemente empregada em publicações
diversas como artigos de periódicos técnico-científicos, textos em jornais e demais mídias. Falase em humanização vinculada aos mais diversos assuntos e áreas de conhecimento e uma parte
significativa do volume de matérias diz respeito à saúde.
O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) define
Humanização como: “...A humanização é entendida como valor na medida em que resgata o
respeito à vida humana abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais
e psíquicas
presentes em todo relacionamento humano... A complexidade de sua definição decorre de sua
natureza subjetiva, visto que os aspectos que a compõem têm caráter singular e sempre se
referem a pessoas e, portanto, a um conjunto contraditório necessidades” (BRASIL, 2001).
Ainda segundo o Ministério da Saúde: humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética, em
22
outros termos, o sofrimento, a dor e prazer expressos pelos sujeitos em palavras necessitam ser
reconhecidas pelo outro”( BRASIL, 2001).
O termo “humanização, quando usado com foco na assistência à saúde, apresenta uma
elaboração teórica já demonstrada em trabalhos científicos-acadêmicos, registrando-se uma
grande variedade que demonstra elaboração conceitual e definição operativa. Observa-se, que
na área da assistência à saúde, o termo “humanização” já pôde servir de base para a elaboração
de políticas públicas e programas de assistência á saúde (DESLANDES, 2005).
Ainda na busca de uma definição geral do termo “humanização, recorremos a um dos
referidos artigos: “Um Projeto de Humanização: Para que, para quem?”disponível no Portal
Humaniza1, de Fernando Cambranelli. Neste texto o autor cita
Peter Sloterdijk quando este
afirma que: “a palavra “humano” sempre evoca um contra quê, uma vez que constitui o empenho para
retirar o ser humano da barbárie. É fácil entender porque as eras que tiveram suas experiências
particulares com o potencial bárbaro que se libera nas interações de força entre os homens são justamente
as épocas em que o chamado ao humanismo costuma ficar mais forte e premente. Falar do humano é
portanto, falar do negativo que se pretende neutralizar,..."
A busca por Humanização em saúde não é recente e, nos anos 1960, a arquitetura dos
edifícios hospitalares começa a ser alvo da reação crítica que surge do emergente campo dos
estudos em psicologia, que buscavam esclarecer as relações entre o comportamento e o
ambiente.
De acordo com Verderber & Fine ( 2000 ), o argumento sobre humanização dos
cuidados de saúde e suas instituições datam dos anos 1950.
Esta corrente de pensamento foi influenciada em parte, nos anos 60, pela pesquisas
desenvolvidas por Abraham Maslow, o criador da conhecida teoria “Hierarch of Needs “que
trata do equilíbrio entre as necessidades fisiológicas e psicológicas dos indivíduos. A teoria
defende que, apesar das necessidades fisiológicas prevalecerem sobre as psicológicas, estas
precisam ser satisfeitas para que alcancemos o desejado “self-actualization”- nível de saúde ou
equilíbrio que resulta no bem estar. Esta teoria foi aplicada em usuários de casas para idosos
1
http:// www.portalhumaniza.org.br
23
para identificar suas necessidades e aspirações. O projeto esbarrou em excessiva burocracia da
instituição provedora que ditava inúmeras regras e regulamentos restritivos, o resultado destas
políticas era um empobrecimento da arquitetura do ambiente, em termos humanos
(VERDERBER & FINE, 2000).
selfactualiz
ation
necessidade de
estima
necessidade de
pertencimento
social support R. Ulrich (1992)
necessidade de segurança
senso de controle R.Ulrich (1992)
necessidade fisiológica
Déficit de necessidades
Figura 2: Adaptação do diagrama de self-actualization baseado nas teorias de Abraham Maslow
( apud: Verderber & Fine, 2000).
A definição de tratamento humanizado argumentada por J. Howard é análoga aos
valores associados a uma arquitetura de saúde humanizada (VERDERBER & FINE, 2000). De
acordo com esta autora, os conceitos de humanização e desumanização possuem referências
globais como: satisfação do paciente, excelência do cuidado, dignidade do homem. Porém,
segundo ela, no âmbito geral das pesquisas científicas, as interpretações instintivas destes
conceitos são dados ou informações inadequados. Neste caso, é necessário um conceito geral o
suficiente para transcender a grande variedade de ambientes de assistência à saúde, e
suficientemente universal para aplicar tanto aos provedores da assistência como aos
consumidores ( HOWARD, 1975).
Ainda conforme Jan Howard (1975) os conceitos de humanização e deshumanização
possuem referências globais como : satisfação do paciente, excelência do cuidado- dignidade do
24
homem. A desumanização ou despersonalização simboliza estados negativos experimentados por
pacientes ou profissionais. O termo “humanização” diz respeito a um novo paradigma filosófico
e epistemológico, uma tendência que se opõe à postura pragmática, utilitária que super valoriza
os avanços da tecnologia em detrimento dos valores subjetivos humanos. A desumanização ou
despersonalização simboliza estados negativos experimentados de maneira implícita ou explícita.
Existe a noção de que os sistemas de saúde não deveriam repetir a impessoalidade da cultura em
geral, mas deveriam estabelecer padrões exemplares como instituições humanitárias e as relações
estéreis típicas das instituições econômicas e políticas da nossa sociedade deveriam ser alteradas
no âmbito da prática de uma medicina que busca ser humanizada ( HOWARD, 1975).
A definição de humanização em cuidados de saúde, apresentada por J. Howard, foi
resumida, em oito princípios básicos, a serem observados por sua importância para os estudos
em arquitetura da saúde. Dizem respeito a três dimensões básicas: a ideológica ou cognitiva
baseada em definições de comportamentos apropriados em ambientes de saúde; a estrutural que
diz respeito às estruturas das relações entre provedores e consumidores e as dimensões
emocionais. Seguem os oito princípios preconizados por HOWARD (1975):
•
Dignidade inerente. A existência humana tem valor, por ela
mesma e para os outros. Se a pessoa é forçada a provar o seu
valor, o peso da prova é desumanizante. ... Se a razão para o
tratamento preferencial está baseada em necessidades
médicas diferenciadas, o conceito de valor inerente não é
violado.
•
Condição insubstituível. Nós somos únicos e
insubstituíveis. Quando pessoas são estereotipadas e tratadas
em termos de suas semelhanças mais que diferenças, a
desumanização pode logicamente vir a acontecer. A
Singularidade ou individualidade do ser humano o torna
insubstituível...O cuidado humanizado demanda uma
orientação individualizada é deve ser agregada à noção
universalista de que todos têm o direito de receber cuidados
de alta qualidade.
•
Holística própria. Há momentos em que a soma total das
experiências de um indivíduo
influenciam em seus
sentimentos, atitudes e ações... A totalidade do paciente
pode estar tão fragmentada que seu problema torna-se
concernente a múltiplos médicos que não se comunicam
25
entre si. Vidas humanas são complexas, envolvendo muitos
contextos e ambientes comportamentais
•
Liberdade de ação. Relações humanizadas são calcadas na
liberdade de escolha. Quando a interação é forçada a
participar ou um ou os outros é obrigado contra vontade, a
experiência não pode ser humanizante.
Relações
humanizadas devem ser baseadas em liberdade de escolha.
•
Igualdade de status. Relações humanizadas envolvem
igualdade em todos os níveis. Se alguém se vê superior ou
inferior que o outro, a integração não pode ser totalmente
humanizante. Relações humanizadas envolvem pessoas
iguais em algum nível. A ética universal é também
equalizadora. A idéia de reciprocidade sugere que ações em
direção a outras pessoas retornam a seus iniciadores e
tendem a equalizar o status das partes....
•
Tomada de decisões e responsabilidades compartilhadas.
Este conceito reflete a ideologia emergente que todo
paciente , independente de educação, tem o direito e o talvez
o dever de participar tanto quanto possível de decisões
sobre sua saúde.
•
Empatia. Humanos têm a habilidade de simpatizar-se ou
identificar-se com os outros. Quanto mais se compara com
os outros mais fácil se coloca no lugar do outro...Se médicos
contêm sua simpatia e evita olhar o mundo sob o ponto de
vista de seu paciente, ele não pode entender as necessidades
deste paciente e responder, apropriadamente, às suas
necessidades únicas. Os seres humanos têm a habilidade de
simpatizarem e se identificarem uns com os outros.
•
Afetos positivos. Seres humanos são reservatórios e
transportadores de emoções...As interações entre as pessoas
são mais sujeitas a envolvimentos emocionais quando existe
reciprocidade e empatia... Uma terapia bem sucedida requer
dos profissionais a demonstração de vários graus de
intimidade em diferentes contextos.
Para Verderber e Fine (2000), os princípios humanísticos, ou humanizadores de Howard
podem ser associados
à
humanização
da arquitetura de saúde. Porém, através de que
mecanismos eles são passados ao processo de produção do projeto, não fica claro no texto deste
autor, parece existir um vazio metodológico entre estes elementos.
26
De acordo com Rosylin Lindheim (apud : HOWARD JAN, 1975), o edifício não tem o
poder de humanizar ou desumanizar mas reforça o sistema no qual as atividades ocorrem
tornado-as mais fáceis, mais prazerosas, elegantes, ou o contrário. Acrescenta que a humanização
daqueles ambientes vai estar condicionada a quem toma quais decisões de projeto, para satisfazer
quais necessidades. Esta última observação nos remete para a questão do grau participativo do
cidadão nas decisões que lhe dizem respeito.
2.2
OS NOVOS PARADIGMAS EM ASSISTÊNCIA E A NOVA IMAGEM DOS
HOSPITAIS
A produção do espaço hospitalar vem apresentando mudanças que correspondem às
alterações do próprio modelo de atenção à saúde, que tem passado por profundas transformações
nas últimas décadas. Após a segunda guerra mundial, ocorreu uma expansão sem precedentes
nos serviços de saúde, com o desenvolvimento das áreas de especialização e a inclusão de novas
tecnologias médicas. Foram os anos do megahospital, a expressão arquitetônica da medicina da
alta tecnologia médica. O edifício hospitalar modifica-se em dimensão e complexidade espacial,
suas atividades passam a ser agrupadas em “zonas”, de acordo com a natureza de cada função.
São criados os setores de diagnóstico, tratamento, cirurgia, administração e demais atividades de
suporte. (VERDERBER & FINE, 2000).
Para atender aos desafios que se apresentavam os planejadores e administradores dos
hospitais transferiram os modelos organizacionais do campo dos negócios e da produção
industrial, afinados com as idéias de eficiência , racionalidade e produtividade. O hospital passa
a ser um exemplo de eficiência industrial, de acordo com os recursos e maneira de pensar dos
anos 1960, caracterizado por uma racionalização dirigida à centralização das funções. Nota-se a
partir nos anos 1950 e 1960 houve uma grande evolução no gerenciamento das empresas,
sobretudo no Japão, motivadas pela necessidade de reconstrução da economia daquele país
após a Segunda Guerra. Desenvolveram os elementos básicos dos processo de evolução da
qualidade. Inicia-se a era da Garantia de Qualidade. E. Deming, J.M. Juran e A. Feigenbaun
implantaram as práticas gerenciais voltadas para a qualidade nas organizações japonesas
27
( GURGEL JUNIOR, G. D. , VIEIRA, M.M., 2002). O controle de qualidade hospitalar inicia-se
em meados de 1950 quando foi criada a “Joint Commission on Acreditation of Hospitals”, que
estabeleceu um programa de padronização de procedimentos
e serviços hospitalares,
estabelecendo normas e padrões a serem seguidos com o objetivo de controlar a qualidade dos
serviços de saúde ( GODOI, A.F. ,2004). Neste período se consolidou no campo hospitalar a
idéia de produção em série. Os fluxos de suprimentos eram transportados desde os locais de sua
produção até os locais de consumo através de uma central de transporte, de onde partiam os
produtos da cozinha, lavanderia, central de esterilização, farmácia, entre outros, para as zonas
de diagnóstico e tratamento como o centro cirúrgico, quartos de enfermarias, ambulatórios,etc. O
hospital centralizado e especializado, passa a configurar-se como uma unidade fabril, sua
configuração espacial refletia a tecnocracia e a despersonalização características predominantes
na assistência à saúde daquele período.
A linguagem do “Internacional Style” da arquitetura moderna se adequou com perfeição
ao modelo produção em série de assistência à saúde desenvolvido após a segunda guerra
mundial. Segundo Verderber & Fine (2000), revelou-se como a expressão arquitetônica mais
adequada á medicina de alta tecnologia. O estilo internacional, corrente que predominava na
arquitetura moderna desde os anos 1930, era ideal como resposta espacial para as exigências do
novo modelo de hospital, funcional, setorizado e padronizado. Reduzia o hospital à sua essência
estrutural, tornando-o uma máquina de produzir cura, semelhante à Villa Savoye, que conforme
proclamou Le Corbusier, era o protótipo da “maquina de morar”.³
Figura 3: Exemplo de hospital monobloco: Hospital Gastroclínicas, São Paulo. Fonte: Revista Projeto, 176.
28
A partir dos anos 1960, começou a haver uma reação crítica ao hospital modernista,
originária do campo interdisciplinar dos
estudos entre ambiente e comportamento
(VERDERBER & FINE, 2000). Eles acreditavam que os idealizadores daqueles modelos de
hospitais tinham desconsiderado as necessidades cotidianas das pessoas em seus projetos.
Outros aspectos críticos foram levantados: as necessidades dos pacientes eram vistas
como menos importantes do que aquelas requeridas pelas demandas técnicas e funcionais. A
origem dos questionamentos em relação ao ambiente construído, segundo R. Sommer (1969),
surgiu de estudos da área da antropologia , como os feitos por Merleau-Ponty no campo da
fenomenologia da percepção.
Esta onda de críticas não atingiu apenas a arquitetura dos hospitais, a arquitetura
moderna, seus princípios filosóficos, estava sendo duramente criticada. Robert Venturi lança o
“Complexity and Contrdiction in Architecture” marcando o surgimento da arquitetura pósmoderna. Venturi chama a atenção para a complexidade contradições próprias do design em
oposição à austeridade minimalista da arquitetura moderna. Segundo Verderber & Fine (2000),
apesar do movimento de transformação na arquitetura, o edifício hospitalar não muda, de uma
maneira geral,
durante este período, devido ao conservadorismo dos administradores e
profissionais de saúde.
O hospital começa a incorporar os elementos da arquitetura pós-moderna depois do
modelo de promoção da saúde começar a mudar. Estas mudanças ocorrem por volta dos anos
1980. A OMS declara “... máxima satisfação do paciente”, em 1983. O paradigma da valorização
do paciente passa a vigorar, a humanização, portanto surge como necessidade que reclama por
mudanças na assistência e em conseqüência no espaço de saúde.
Segundo Verderber, a humanização se dá quando prevalece o “patient empowernement
paradigm”, o “Paradigma do Paciente", isto nos remete a imagem de dois padrões com forças
contrárias, biaxiais.
Dois paradigmas vistos sob três enfoques :
funcional, simbólico e
estético ou formal. Os edifícios associados ao paradigma “system empowernement paradigm”,
29
ou paradigma do provedor (Figura 4), têm sido vistos como excessivamente complexos, de
difícil compreensão, com “layout” confuso, escalas imensas, e em alguns casos, de aparência
ameaçadora.
paradígma do provedor
hospital menos
humanizado
aspectos
técnicofuncionais
aspectos
simbólicos
aspectos
estéticos ou
formais
paradígma do paciente
Hospital mais
humanizado
Figura 4: Matriz biaxial relacionando aspectos de projeto quanto a predominâncias do paradigma do provedor
conforme Verderber & Fine (2000)
Segundo Verderber & Fine, durante o período em que dominou a corrente modernista do
estilo internacional, época que
antecedeu os anos 1980, era comum, entre os arquitetos, que
produziam arquitetura hospitalar,
a expressão: “menos é mais”. Os princípios modernistas
foram alvo de pesadas críticas nos anos 1980. Enquanto isso, o hospital tinha se tornado um
campo de prova para a aplicação os mesmos princípios eram aplicados em consonância com os
ditames da era da medicina tecnológica.
Ainda conforme Verderber & Fine, as sementes do “patient empowernement paradigm”,
ou paradigma do paciente que rejeitava as características desumanizantes da arquitetura
hospitalar daquele período, começava a ganhar força. Ocorreram movimentos de reação , como o
das clínicas de pacientes terminais, influenciados pelos anti-tecnologistas. As bases para uma
reação pós-moderna em arquitetura da saúde foram calcadas no modelo de assistência “patientcentred care”, ou centrado no paciente.
30
A retomada da escala pavilhonar, nova ênfase às superfícies, texturas e ornamentos,
espaços mais compactos e configurações internas mais legíveis, espaços e circulações
humanizadas com a incorporação da natureza como um elemento terapêutico, com o uso de
jardins, pátios internos e amplas aberturas para o exterior. Surge a preocupação em tornar o
espaço atrativo, alegre, e mais
institucionalizada
familiar aos olhos do paciente. Se a arquitetura hospitalar
resultava em edifícios de escala desumana, a escala doméstica passa a ser
desejada. A atenção médica focada no paciente, passa a conduzir à nova arquitetura de saúde no
final do século XX.
O hospital tradicional está se tornando obsoleto. Estamos vivenciando um período de
intensas e rápidas transformações nos sistemas e tecnologias médicas. São diversas as variáveis
envolvidas na questão, que direcionam estas mudanças. Para Hakan Eriksson (apud: DILANI,
2001), estas mudanças são norteadas por fatores socio-econômicos, como o aumento dos custos
na área da saúde, a modificação no perfil demográfico , as mudanças no comportamento e estilo
de vida , os fatores políticos como a desintegração dos estados nacionais e as barreiras da
globalização, além das questões ambientais.
Segundo Roger S. Ulrich (In: DILANI, 2001), certas escolhas e estratégias de projeto
podem favorecer o bem estar dos pacientes e que um design apropriado pode reduzir o estresse,
a ansiedade, diminuir a necessidade de medicamentos analgésicos e o tempo de internação.
Acrescenta que teorias e pesquisas na área comportamental revelam que o bem estar psicosocial dos pacientes pode ser alcançado através de um design que favoreça o senso de controle,
promova o convívio social e o acesso à distrações positivas.
Nas últimas décadas, a medicina passa a incorporar as tecnologias de informática,
diagnóstico por imagens, telecomunicações e robótica, que demandam ambientes projetados
conforme o rigor de normas de controle de qualidade e segurança. Por outro lado, a filosofia da
atenção à saúde volta-se para a autonomia e qualidade de vida do paciente, tornando a
humanização dos ambientes uma exigência.
31
2.3 O AMBIENTE HOSPITALAR COMO APOIO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Nas últimas duas décadas, um novo modelo de assistência médica, centrado na promoção
da saúde vem tomando
forma. Foi
a partir de pactos entre as nações, promovidos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas agências, ( Organização Panamericana de Saúde OPAS para o caso das Américas) que o conceito de saúde veio a ser constituído e divulgado.
Segundo a OMS saúde é definida como: “... a state of complete physical, mental and social
well-being and not merely the absence of disease or infirmity”.. Este conceito vem sendo
incorporado às atuais políticas públicas de saúde no Brasil, a partir da reforma constitucional de
1988. Desde então, o Ministério da Saúde vem difundindo, através de diversas iniciativas, os
mesmos princípios que fundamentam a profunda mudança internacional na forma de pensar e
agir em matéria de saúde.
A idéia de integralidade comparece como uma das diretrizes básicas a serem seguidas
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela constituição de 1988. O texto constitucional
refere-se ao assunto, em linhas gerais, nos seguintes termos: “...atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais” ( PAHO,
2004). A partir de então, o processo de construção e implementação do princípio de
integralidade vem sendo desenvolvido no sistema de saúde brasileiro, através de programas que
visam a vencer o conhecido desafio que é o da integração das esferas da política pública e da
ação pública. O conceito de integralidade aponta para um novo modelo biomédico de atenção á
saúde voltado para a promoção da saúde ou salutogênico que se opõe ao tradicional , modelo
patogênico. Através deste modelo, o atendimento deve ser feito para a saúde e não somente
para a doença, e envolve ações de promoção (que envolve outras áreas, como habitação, meio
ambiente, educação,etc.) e ações de prevenção ( saneamento
básico, imunizações, ações
coletivas de prevenção, vigilância á saúde e sanitária,etc.), e de recuperação ( atendimento
médico, diagnóstico, tratamento e reabilitação) ( DESLANDES, 2005).
O maior desafio, no
entanto, é vencer a resistência apresentada pela cultura médica institucionalizada, que prioriza a
visão patogênica da assistência. A dificuldade se deve ao caráter profundamente renovador
32
desta nova filosofia biomédica. Pertencem à conduta médica vigente os padrões de assistência
especializada, que se tornaram tradicionais. A idéia de integralidade contrapõe-se à atitude
médica fragmentária, reducionista, que resulta no isolamento do trabalho especializado ( OPAS,
2005 ).
Como vimos anteriormente nas definições de Jan Howard ( HOWARD, 1975), para a
humanização dos cuidados em saúde, a noção de integridade é um dos seus elementos de grande
importância por fazer parte de
sua essência. Na
linha da humanização, iniciativas
governamentais tem sido desenvolvidas com vistas à difusão do conceito e recomendações para
um ambiente de saúde humanizado, portanto integral.
O paradigma biomédico salutogênico emergente propõe uma mudança de foco na
atenção médica que passa de uma visão patogênica para uma perspectiva mais salutogênica
ou focada na saúde.
Esta mudança deveria não somente conduzir a uma forte integração do
projeto do edifício com a nova filosofia como também resultar em um ganho de qualidade no
atendimento médico e no fortalecimento do processo de cura ( DILANI, 2001).
De acordo com Dilani A. (2001), a perspectiva patogênica tende a considerara o paciente
como um objeto. Vê o corpo humano como um sistema biológico cujas partes adoecem. A
medicina especializou-se cada vez mais em partes do corpo e seus elementos cada vez mais
específicos, que são tratadas de forma separada.
Da mesma maneira, os compartimentos
médicos têm sido interpretados como partes do ambiente hospitalar voltados para atender ao
tratamento físico de cada parte do corpo. Comparativamente, pouca prioridade tem se dado à
necessidades como a de acalmar os pacientes ou fazê-los sentir-se relaxados apesar de suas
traumáticas experiências hospitalares nos austeros ambientes institucionais de saúde.
Outra conseqüência da perspectiva patogênica, segundo Dilani, tem sido a
desconsideração quanto às necessidades psicológicas, sócias e espirituais dos pacientes na
elaboração dos projetos arquitetônicos de saúde. A anterior ênfase na eficiência técnica e
funcional aliada a concepção patogênica de doença e saúde tem freqüentemente, produziu
espaços de saúde que não são adequados sob o aspecto psicológico e social. No entanto, está
33
crescendo, entre os planejadores, administradores e profissionais das áreas de saúde e da
produção daqueles espaços, a necessidade de se criar ambientes tecnicamente funcionais e
eficientes, mas, ao mesmo tempo,
com características centradas na sua humanização, que
colaborem no processo de promoção da saúde e qualidade de vida de seus usuários. No contexto
internacional, os pesquisadores na área de produção do espaço de saúde, como a Internacional
Academy for Design and
Health (IADH)
reconhecem a importância do novo paradigma
salutogênico, conforme DILANI (2001):
“more research is needed to fully identify the impact of the physical environment, and more specifically hospital
environment, on health outcomes....Health-promoting processes are becoming much more central as fators in the
criation of new heathlcare facilities. In this new paradigm, the focus is on the patients: along with their physical
health needs the patients’ psychological and social needs are given major emphasis in the delivery of care activities
and thein the design of health care evironments”
A humanização dos ambientes relaciona forma e emoção, espaços
eficientes e
funcionais, porém frios, despersonalizados e sem atrativos, estão sendo considerados, pelos que
estudam e produzem arquitetura hospitalar como uma fórmula superada. O projeto deve reunir
características que assegurem funcionalidade, levando em conta o bem-estar dos usuários. O
espaço tem influência sobre o psiquismo humano, estimulando ou deprimindo em grande parte
através das emoções. ( DILANI, 2001). Pode-se citar como um exemplo de hospital com
características de humanização ou “Supportive Environment”, segundo a Internacional Academy
for Design and Health (IADH) , o hospital Britânico Norfolk & Norwich University Hospital (
Dilani, Alan. 2001). Trata-se de um edifício projetado, tendo como fundamento a idéia de que o
ambiente físico afeta fortemente o bem estar dos pacientes e profissionais, e que as ferramentas
de design devem ser usadas para alcançar espaços que apóiem este pressuposto.
O processo de projeto teve como “baseline”, desde a etapa inicial de planejamento,
diretrizes humanizadoras. Para exemplificar, a opção de telhado em quatro águas, utilizado nas
áreas de internação, foi baseada no resultado de pesquisas junto à comunidade quanto a
preferências formais, com o intuito de conferir ao edifício identidade com a cultura local O que
nos remete aos comentários de R. Lindheim (apud: JAN HORWARD, 1975), quanto a
importância da participação democrática no processo de escolhas no planejamento dos hospitais.
34
Figura 5: Foto aérea do Norfolk & Norwich University Hospital.
Fonte: http:// www. nnuh.nhs.uk/
Figura 6: Foto do átrio Norfolk
& Norwich University Hospital.
Fonte: http:// www.nnuh.nhs.uk/
Outra solução de projeto, no sentido da humanização, foi a criação de “Centros de
Amenidades” (“Core Amenities”), no átrio principal. Este ambiente , amplo e com grandes
panos de vidro para o exterior, acomoda atividades informativas e de lazer para os pacientes,
acompanhantes e profissionais. Um Centro Educacional atende à programas prevenção junto
as comunidades e encontram-se também uma capela, lanchonetes e outros serviços à disposição
dos usuários. Trata-se de um edifício projetado para a mais atual tecnologia médica. O design do
edifício foi estruturado segundo características
concernentes à
função
técnica como
flexibilidade, adaptabilidade e sustentabilidade, aliados ao conceito de “Ambiente Suporte”
(“Supportive Environment”), que fundamentou as escolhas de projeto. Este conceito defende que
o ambiente afeta fortemente o bem estar dos pacientes e demais usuários ( SCHUWARZ ,K.,
apud: DILANI A., 2001).
No Brasil, destaca-se o trabalho do arquiteto João Filgueiras Lima - Lelé, na elaboração
de projetos de arquitetura hospitalar voltados para a adequação técnica aliada ao bem estar dos
usuários. Estão sob sua responsabilidade os hospitais da rede Sarah Kubitschek, instituição de
caráter público voltada para tratamentos de doenças do aparelho locomotor. Há três décadas o
arquiteto vem projetando em estreita sintonia com as equipes de profissionais de saúde da
35
instituição, o que tem permitido soluções arquitetônicas cada vez mais adequadas às funções a
que se destinam e, com freqüência, inovadoras.
Como exemplo desta sinergia, cita-se o Hospital SARAH de Salvador, cuja
concepção
horizontal facilitou a integração das áreas de tratamento com terraços ajardinados. São espaços
de grande valor terapêutico, pois permitem a extensão das atividades terapêuticas ao ar livre, em
contato direto com a natureza; como a prática de exercícios, o que resulta em benefício para os
pacientes e profissionais. Para facilitar o transporte dos pacientes para estes locais, bem como a
sua permanência confortável, macas especiais, mais leves e com vários recursos de adaptação,
foram desenvolvidas. No Hospital SARAH de Fortaleza destaca-se o amplo espaço coberto por
material translúcido (Figura 7) próprio para os exercícios e as práticas esportivas.
A preocupação com o conforto ambiental resultou em soluções arquitetônicas como
sheds sombreados por brises -soleil (Figura 8) e galerias de ventilação e climatização de ar1
adotadas para o aproveitamento natural dos recursos climáticos locais. Como resultado tem-se
luz natural difusa, renovação constante de ar e temperaturas amenas, resultando em ambientes
bastante agradáveis e econômicos, uma vez que restringiu-se o uso de ar condicionado e luz
artificial à locais onde são indispensáveis, como por exemplo o centro cirúrgico e o setor de
diagnóstico por imagens.
Figura 7: Interior do Hospital SARAH de Fortaleza.
Fonte: http:// www.sarah.br
Figura 8: Vista dos sheds Hospital SARAH Salvador.
Fonte: http:// www.sarah.br
1
As galerias técnicas de manutenção das instalações, semi-enterradas, são utilizadas também como dutos para
captação e distribuição dos ventos dominantes para a maioria dos ambientes do edifício. O ar é introduzido nas
galerias por exaustores, passa por um sistema de resfriamento evaporativo e sobe por vários pontos distribuídos
pelos corredores, esperas e quartos de internação, saindo para o exterior pelos sheds. Desta forma, a renovação do
ar é mantida (IAB-RJ, 2005).
36
Conforme Alan Dilani (2001,p. 37), a idéia de promoção de saúde esta se tornando cada
vez mais central na criação de novos espaços de saúde. Trata-se de um novo paradigma cujo
foco dirige-se para o paciente. Neste mesmo sentido, C. Cooper Marcus1 (2001) argumenta que
um considerável número de pesquisas demonstra que pessoas que recebem altos níveis de
suporte social são menos estressadas e mais saudáveis que outras mais isoladas. E, que estes
altos níveis de troca social auxiliam na recuperação e nas taxas de sobrevivência em várias
circunstâncias médicas. Segundo o autor, há uma tendência, observada em muitos hospitais, no
aumento das horas de visita, de grupos de suporte social e áreas de espera mais atrativas.
Acrescenta que, nos últimos anos há uma crescente atenção sobre o que se tem chamado de
“distrações positivas” nos ambientes de saúde. Destaca o mérito da presença da natureza como
uma atração positiva. Segundo este autor, pesquisas indicam que a visão de cenas naturais,
como jardins, tendem a reduzir o estresse.
Um outro aspecto destacado por ele foi que um design baseado em atributos regionais pode
criar um ambiente mais familiar e confortável no qual as necessidades humanas são
reconhecidas. Acredita que as decisões quanto ao design destes jardins devem ser apoiadas por
pesquisas que informem quanto às características dos usuários, neste sentido, encoraja os
designers que incluam a participação dos usuários no processo de criação dos projetos dos
jardins e recomenda a avaliação pós-ocupação destes ambientes para que se possa utilizar os
resultados como elementos de informação para o design de casos semelhantes.
As teorias de estresse, no campo biomédico, indicam que o ambiente físico é o ponto de
partida para a criação da organização social, sua estrutura e função. Um modelo teórico que
relaciona fatores psicosociais e doença foi proposto por L. Levi ( Figura 9) e combina os efeitos
dos estímulos psico-sociais
e os programas
psico-biológicos que determinam as reações
psicológicas e fisiológicas- os mecanismos de stress. O modelo mostra que o ambiente físico
interage, através da organização social, estrutura e função, nas diversas fases do processo.
1
Clare Cooper Marcus discorre acerca da importância de suportes psico-sociais nos ambientes de saúde.MARCUS,
C.C. Gardens and Health,Dilani, A.,(org),Design & Health-The Therapeutic Benefits of Design, 2001.
37
AMBIENTE FÍSICO
AMBIENTE FÍSICO
ORGANIZAÇÃO
ORGANIZAÇÃO
SOCIAL
SOCIAL
Estímulo
Estímulo
Psicosocial
Psicosocial
ESTRUTURA
ESTRUTURA
E
E
FUNÇÃO
FUNÇÃO
Programa
Programa
psico-biológico
psico-biológico
Influência
Influência
de
de
Ambientes
Ambientes
Anteriores
Anteriores
Mecanismos
Mecanismos
ligados
ao
ligados
Stress ao
Stress
Precurssor
Precurssor
da
da
Doença
Doença
Doença
Doença
Fatores
Fatores
Genêticos
Genêticos
VARIÁVEIS INTERATIVAS
VARIÁVEIS INTERATIVAS
Figura 9: O modelo Teórico de L. Levi para a Interface Psicosocial da Doença (apud: DILANI,2001)
A ciência médica e a sociedade se modificam no sentido de uma visão mais holística do
paciente. Um número crescente de profissionais de arquitetura passa a considerar em seus
projetos, esta nova tendência em promoção da saúde que é direcionada à pessoa do paciente.
Neste novo paradigma, o foco deixa de ser a doença (perspectiva patogênica) e volta-se para as
necessidades psicológicas e sociais do paciente, o que demanda respostas apropriadas do projeto
do espaço de saúde. Segundo Dilani os “Ambientes de Suporte Psico-social”
têm influência
na cura de pacientes. Como comprovam diversos estudos, um ambiente operacionalmente
confortável e acolhedor, tanto para os pacientes quanto para
os usuários em geral,
acompanhantes, funcionários e profissionais da saúde, tem efeito terapêutico, promove a cura.
As formas, cores, luz e som ou odores, elementos naturais como vegetação e água presentes em
jardins, , entre outras possibilidades, mesmo que o contato seja apenas visual, geram impacto
direto sobre o estado de ânimo dos usuários.
38
A iluminação natural e contato visual com o exterior eliminam a noção de reclusão e
confinamento. No caso dos profissionais melhora o desempenho produtivo, em relação aos
pacientes, interfere nos mecanismos de cura. A adoção de aberturas para a entrada de luz natural
no interior das unidades de tratamento intensivo (UTI) têm sido recomendadas e
conseqüentemente adotadas, uma vez que a presença deste tipo de luz tem função asséptica e é
indicada por estar ligada ao ciclo ou ritmo circadiano. O ritmo circadiano diz respeito às
respostas do organismo humano em relação a presença do dia e da noite, porém, estes ambientes
devem ter temperatura e umidade do ar controladas.
É importante o cuidado no planejamento dos fluxos internos e externos, no sentido de
preservar o a exclusividade de circulação e permanência do público em geral nos halls de
acesso, salas de espera e corredores externos e elevadores. O contato com o acesso de urgência
ou pacientes em tratamento, em macas , tomando soro, etc., bem como a visualização de
atividades de serviços, limpeza ou remoção de lixo, gera desconforto, predispondo o a ansiedade
ou deprimindo o paciente dá entrada no hospital ou busca atendimento ambulatorial.
“ A tendência em design hospitalar, tanto exterior quanto interior, aponta para a necessidade
de fornecer ao paciente a idéia de segurança e controle. Pesquisas mostram que as pessoas
precisam ter controle sobre seu ambiente. Sentir-se com esse controle é um fator importante
que afeta os níveis de stress e condições de saúde” ( DILANI, 2001).
As relações que se estabelecem entre o espaço e seus usuários sob o ponto de vista
psicológico, simbólico e fenomenológico é objeto de estudo de diversos autores em estudos
relacionando pessoa-ambiente no campo da Psicologia.
Como Gustave-N. Fisher, Robert
Sommer, A. Mole e outros. Quando estas pesquisas tratam da questão do controle do espaço,
enquanto necessidade, suas conclusões corroboram com o pensamento de Dilani (2001). O
conceito de dominância territorial está ligado à uma característica particular da relação no
espaço, que é a tendência à ocupar o território de maneira a controlá-lo e nele exercer uma
espécie de direito de posse. Corresponde então a uma zona de influência com a qual nos
identificamos, mais do que a
sensação de pertinência, podemos ver nele uma espécie de
39
extensão do eu. Um sentimento mais ou menos forte de dominância poderá desenvolver-se
segundo a importância que o território tem para o indivíduo grupo e segundo a situação que nele
ocupa.
O espaço hospitalar é um ambiente institucional, em geral, estandardizado, que integra
um certo número de elementos em termos de equipamentos e serviços, cujo conjunto deve
conferir grande estabilidade. Este ambiente rigorosamente programado, baseado
numa
racionalidade que relaciona espaço/atividade/indivíduo. A noção clara vem da relação desta
concepção com o seu significado real: todo espaço institucional é organizado porque é um
espaço sob controle, que obedece em cada caso a um certo número de regras de vigilância.
O espaço institucional é estruturado segundo regras que expressão uma estrutura de poder
que se difunde no interior destes modelos espaciais. O paciente se vê, no interior destes espaços
submetido à diversas regras, como a proibição de acesso, que traduzem o fato de estarem
perante um local sob controle, que coloca o indivíduo, de certa forma, numa situação de
liberdade vigiada (FISCHER , G-N.,1981). Várias abordagens confirmam estas características do
espaço institucional. As relações entre o ambiente construído e a cura dos pacientes tem sido
objeto de estudos por parte de pesquisadores como os arquitetos americanos Roger S. Ulrich e
Janet Carpman, entre outros. Entre eles é recorrente a idéia de que o espaço tem influência no
processo de promoção da saúde, além das condições físicas de conforto ambiental, certas
sensações ou emoções como a de segurança, de controle, de acolhimento, etc. Segundo esta
perspectiva, o bem estar, ou conforto em relação ao ambiente se dá realmente quando estes
níveis exigência são atendidos.
A qualidade dos serviços de saúde tem um sistema próprio de certificação que é a
Acreditação Hospitalar. Este sistema, criado pela instituição americana “Joint Commission on
Acreditation of Healthcare Organizations”, avalia e certifica a instituição como um todo,
quanto a padrões estabelecidos que visam garantir a melhoria contínua das instituições de saúde.
No Brasil existe a Organização Nacional de Acreditação (ONA), órgão nacional responsável
pelos processos de acreditação. Foi criada do o Sistema Brasileiro de Acreditação, que atua
40
através da a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Esta agência disponibiliza
pela internet o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar 1. A metodologia de certificação é
composta análises em função de padrões e normas que qualificam o grau de acreditação em três
níveis, levando em consideração a qualidade percebida pelo cliente. No entanto, observa-se que a
referida avaliação visa a aprimorar os serviços hospitalares, mas no que tange ao espaço físico
nota-se uma visão exclusivamente técnico- funcional. Observa-se que os novos conceitos de
ambiente
de saúde
como
suporte às exigências psico-sociais dos pacientes não estão
evidenciados no contexto da acreditação.
A teoria de “supportive healthcare design” exposta por Roger S. Ulrich 2(2001),
propõe que a capacidade dos ambientes de saúde em favorecer os resultados dos tratamentos
está ligada ao seu efeito em promover a redução do estresse. O estresse está presente na maioria
grande dos pacientes e seus acompanhantes, sejam eles
familiares ou visitantes e, nos
profissionais envolvidos. Reduzir o estresse do paciente significa melhorar os resultados clínicos
uma vez que está associado gerar danos psicológicos ou físicos. O termo “supportive” referese às características do ambiente que dêem suporte ou facilitem na redução do estresse que ,
normalmente, acompanha o paciente. De uma forma geral, o processo de “supportive healthcare
design” começa com a eliminação das características do ambiente que, reconhecidamente, são
estressantes ou tenham impacto direto sobre a saúde, como níveis de som muito altos. O autor
acrescenta que, conforme observado em pesquisas, relacionadas à área
comportamental,
algumas soluções ou estratégias de projeto podem acalmar os pacientes , reduzindo seu estresse
e, em conseqüência , melhorando os resultados dos tratamentos. Alguns aspectos são destacados
como importantes, a serem promovidos ou estimulados nos projetos. Um ambiente que dê
suporte à promoção da saúde deve, segundo o autor, promover ou estimular o reforço da
sensação de controle, incluindo privacidade, promover ou facilitar para que aconteça,
a
socialização e o acesso à natureza ou outras distrações positivas.
1
http://www.anvisa.gov.br
Roger S. Ulrich, Effects Environmental Design Medical Outcomes,Dilani, A.,(org),Design & Health-The
Therapeutic Benefits of Design, 2001.
2
41
Quanto ao senso de controle, refere-se ao domínio da situação à sua volta e, possibilidade,
tanto quanto possível, de ação e auto-gestão. Acrescenta a isto que, conforme indicadores de
pesquisas, pessoas que se sentem com algum controle das circunstâncias em sua volta
apresentam-se
menos estressadas que outras que perderam o senso de controle. A perda de
controle é o problema que mais estressa os pacientes. Sita como condições ligadas à doença ou
hospitalização que geram a falta do controle, entre outros, as seguintes: limitações pela perda da
capacidade física, falta de informações, perda do controle das horas de comer ou dormir.
Ambientes que dariam suporte à sensação de controle seriam, por exemplo, os que
apresentassem espaço e comunicação visual de fácil leitura e acessibilidade garantida para os
pacientes com dificuldade de locomoção. Nas enfermarias, controle individual de luz e som (TV,
música), privacidade nos locais de exames ou procedimentos que exponham o paciente, entre
outros.
No que tange à socialização, o autor destaca a importância deste aspecto na recuperação dos
pacientes. Chama de suporte social todo apoio emocional que o paciente recebe. Segundo
esclarece, conforme as pesquisas, pessoas que recebem este tipo de apoio, apresentam menos
estresse e se recuperam com mais rapidez que as que permanecem isoladas. Por este motivo,
destaca a importância de áreas que promovam o convívio social nestes ambientes de saúde.
As distrações positivas ou acesso à natureza têm, igualmente, o poder de reduzir o estresse.
Cita o caso de pesquisas desenvolvidas com pacientes em recuperação pós-cirúrgica. Os que
contavam com a presença de janelas voltadas para paisagens com arvores, se recuperaram
melhor e mais rápido que outros em quartos com vistas para edifícios ou paredes de concreto.
Neste mesmo sentido, destaca também a importância do o uso de jardins internos, uma vez que
traz calma e relaxamento. Apesar de existirem poucas pesquisas relacionando a recuperação de
pacientes e o uso de locais com plantas, flores, águas tranqüilas e sons compatíveis. Há um
número crescente de pesquisas neste sentido. Recomendam o uso de janelas de enfermarias e
quartos para áreas verdes, jardins em áreas de espera, onde as pessoas se reúnem e nos locais de
uso exclusivo dos profissionais submetidos a altos níveis de estresse.
42
Ainda de acordo com o autor, as
vantagens superam os
custos do “supportive
healthcare design”. Isto inclui os administradores , profissionais de saúde, designers e público
em geral. Como vantagens destaca-se o seguinte resultados: redução da dor, melhora do sono,
diminuição da incidência de infecções, com probabilidade média.
Redução
do estresse e
ansiedade e aumento da satisfação do paciente com probabilidade alta. Os custos se pagam,
entre outros, por meio da redução dos gastos médico-hospitalares. Por exemplo: redução de
medicamentos
analgésicos, indutores do sono, antidepressivos, gastos com o tempo de
internação, e demais despesas decorrentes dos tratamentos. Finalmente, produzir saúde com
qualidade retornará para a instituição de forma lucrativa, seja pelos bons resultados obtidos ou
pela inclusão entre as melhores instituições do país (GODOI , 2004).
2.4
A
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO AMBIENTE
E AS RELAÇÕES
AMBIENTE -COMPORTAMENTO
A Avaliação Pós-Ocupação (APO) é uma das metodologias de avaliação de desempenho
de ambientes construídos, de caráter essencialmente interdisciplinar, que difere das outras
metodologias por considerar
essencial a opinião
do
usuário. As demais detêm-se,
exclusivamente à questões de projeto e construção ou priorizam aspectos de uso, operação e
manutenção. A APO é reconhecida como um conjunto de métodos e técnicas de avaliação de
desempenho que pode ser aplicada a qualquer tipologia de edificação ou em ambientes urbanos,
durante sua vida útil, visando uma melhor adequação às necessidades de seus usuários. A APO
tem como princípio que o ambiente construído deve estar em constante avaliação , no decorrer
de seu uso, sob o ponto de vista construtivo, espacial e
sempre em conformidade com a
opinião de seus usuários ( ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992).
43
De acordo com PREISER (1988), a APO é estruturada , basicamente, segundo dois
níveis de avaliação sistemática. O primeiro avalia aspectos técnico-funcional e o outro colhe a
opinião dos ocupantes através da avaliação comportamental. Do cruzamento das análises dos
dados obtidos nos referidos níveis, extrai-se o diagnóstico que corresponde a um perfil geral do
ambiente analisado segundo o ponto de vista de quem os ocupa. É com base neste diagnóstico
que se pode extrair recomendações para a otimização do desempenho daquele espaço e, em
alguns casos, elaborar diretrizes para futuros projetos similares. Segue o diagrama da
metodologia de APO.
Reconhecimento
Físico
Memória de
Projeto
Normas Vigêntes
Medidas Físicas
1. Construtiva
2. Funcional
3. Estética/Simbólica
Pesquisador
Entrevistas
Questionários
Observações
Mapa Cognitivo
Usuários
4. Comportamental/
Psicológica
Recomendações
para o Ambiente
Construído
Figura 10: Diagrama resumido da APO. Ornstein, S. W. (1992).
Em APO, a avaliação de nível comportamental faz uso do conhecimento procedente
das ciências sociais aplicadas, entre elas a Sociologia , a
Geografia.
Psicologia, a Antropologia e a
Para tanto, utiliza-se instrumentos como os Questionários, Mapas Cognitivos,
Mapas comportamentais e outros, cuja construção, aplicação e análise exigem a inclusão de um
ferramental teórico-conceitual e metodológico de natureza, portanto, multidisciplinar. Cita-se
aqui, como referência de tais ferramentas, os trabalhos de Richardson R.J. (1999) e Günther,H.
44
(2003). Os Mapas Cognitivos requerem uma análise que demanda um ferramental teórico amplo
e sofisticado. Destaca-se os trabalhos de Fischer, G.-N (1981), Norberg-Schulz, C.,(1980), Tuan
,Yi-fu (1980), Bachelard, G. (1988), entre outros. O arquiteto Kevin Lynch (1960) criou e foi
pioneiro na aplicação de Mapas Gognitivos. Em seu livro “Image os The City” desenvolveu
estudos no espaço urbano, nas cidades de Los Angeles, Boston e Jersey City. Desenvolveu os
conceitos de legibilidade, Imageabilidade e Identidade, que verificou através da utilização de
Mapas Cognitivos.
A Psicologia e a Arquitetura são duas áreas que se complementam nos estudos das
relações entre ambiente e comportamento ( ELALI, G.A.,1997). Isto ocorre porque ambas
precisam apoiar-se para abranger de forma mais ampla, a relação pessoa–ambiente. Conforme
Elali G.A.(1997) a Psicologia Ambiental é, por sua vez, um campo multidisciplinar e uma
disciplina em formação. Funciona como a ligação entre a Arquitetura e a Psicologia. É o locus
interdisciplinar entre elas. A Psicologia Ambiental utilizada junto à
Avaliação do Ambiente Construído, para a
metodologia de da
análise das relações pessoa–ambiente, tem
contribuído para a construção de uma estrutura teórica e metodológica consistente, além de um
banco de dados que tem servido como fonte de informação importante tanto para as pesquisas
em APO quanto para o desenvolvimento deste campo de conhecimento
A avaliação de ambientes, sob o ponto de vista de seus ocupantes, inicia-se após a
segunda guerra, com a reconstrução das cidades. Neste período foram construídos conjuntos
habitacionais, em larga escala , que não satisfaziam as necessidades de seus usuários. Na
década de 1960, a APO passa a ter maior importância como mecanismo realimentador no
controle de qualidade e como fonte de dados para a elaboração de projetos complexos como
aeroportos, hospitais, shopping centers, bem como em construções em série e em larga escala.,
como os conjuntos habitacionais e os postos de saúde.
Neste período, desenvolvem-se pesquisas, de forma sistemática , acerca do desempenho
físico destes ambientes e pode-se citar trabalhos como a avaliação do conjunto habitacional
Pessac. Projeto elaborado por Le Corbusier na década de 20, na França. Em ambientes de saúde,
a avaliação do
Hospital Psiquiátrico Estadual de Oregon, em Salem, nos Estados Unidos,
45
realizada pelo psicólogo Robert Sommer e equipe multidisciplinar ( arquitetos, psiquiatras e
psicólogos). A pesquisa revelou que os ambientes daquele Hospital, por sua escala e
ambientação inadequadas, causavam danos aos pacientes (SOMMER, 2002).
Desde então,
avaliações de desempenho vêm sendo aplicada sistematicamente nos países desenvolvidos, há
várias décadas nos EUA, França, Inglaterra, Japão, além de outros como a Nova Zelândia e
Austrália. Em Portugal o laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto
Superior Técnico, em Lisboa, têm desenvolvido pesquisas nesta área (ORNSTEIN,1992).
No Brasil, no período de 1972 a 1987, há um incremento no desenvolvimento de
pesquisas na linha da APO, realizadas, entre outras, pelas seguintes instituições: Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Estado de São Paulo e por grupos como o Núcleo Orientado
para a Inovação da Edificação -NUTAU, da Universidade de São Paulo (USP); Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); na
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); no
Grupo de Estudos
Pessoa-Ambiente (GEPA), da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte(UFRN); na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ); no Laboratório de psicologia Ambiental da Universidade de Brasília (UnB);
Universidade Federal de Pelotas, Regional de Blumenau e no Instituto Moura Lacerda , em
Ribeirão Preto.
A APO é prática recorrente e profissionalizada no exterior, porém, no Brasil são poucos
os exemplos junto ao setor de construção de edificações. Seu desenvolvimento e divulgação se
dá, principalmente,
no
âmbito acadêmico ou através de convênios com estes núcleos de
pesquisa. No Rio de Janeiro, um convênio de cooperação entre a UFRJ e a Fundação Oswaldo
Cruz-Fiocruz, em 2001, possibilitou a criação do primeiro programa de Avaliação Pós-Ocupação
na esfera do governo federal. Sob a responsabilidade Diretoria de Administração do Campus da
Fundação Oswaldo Cruz ( DIRAC), foram avaliadas diversas edificações do campus da Fiocruz.,
destinadas a pesquisas, serviços de diagnóstico e atendimentos de saúde.
46
3
ESTUDO DE CASO
3.1 DESCRIÇÃO DO OBJETO
O ambiente analisado é o da Associação Fluminense de Reabilitação ( AFR). Trata-se
de um edifício monobloco, de três pavimentos, com 3 300,00 m² de área total construída e
1.300,00 m² de projeção. Foi construído em terreno cedido pelo Governo do Estado da área do
Estádio de Futebol Caio Martins, no bairro de Icaraí, em Niterói.
Conta, em seu quadro fixo,
com 133 funcionários que atendem 2 000 pacientes por mês, gerando uma média de 25 mil
consultas/mês. A Instituição presta assistência a todo o estado do Rio de Janeiro, sendo que,
segundo dados da AFR, os atendimentos correspondem, aproximadamente , aos seguintes
percentuais: 35% são pacientes de Niterói , 24% de São Gonçalo, 26% de Itaboraí, 11% do
Carmo e, o restante originários dos demais municípios.
As prefeituras disponibilizam,
diariamente, Vans e Micro-ônibus para o transporte dos pacientes, que ficam estacionados na via
de acesso, em frente ao edifício. Localiza-se na rua Lopez
Trovão, no bairro de Icaraí, com predominância de uso
residencial. Trata-se de uma rua asfaltada, arborizada e
com previsão de bainha de estacionamento próxima ao
edifício. Situa-se próximo à Avenida Roberto Silveira, via
principal, na qual localizam-se os pontos de ônibus. O
acesso de serviço e de público são independentes, ambos
abertos para a mesma via Lopes Trovão. A calçada está
adaptada para a acessibilidade de deficientes, com a
previsão de rebaixamento de meio-fio. O entorno pode ser
observado nas fotos apresentadas a seguir, nas figuras 12,
13, 14, 15 e 16.
Figura 11: Via de acesso à AFR
Fonte: Pesquisa, 2005.
47
Figura 12
Figura 13. Foto 1. Fonte: Pesquisa, 2005.
Figura 14. Foto 2. Fonte: Pesquisa, 2005.
Figura 15. Foto 3. Fonte: Pesquisa, 2005.
Figura 16. Foto 4. Fonte: Pesquisa, 2005.
48
A AFR é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que presta assistência de saúde
no âmbito das terapias de reabilitação em geral, além de promover eventos de caráter
acadêmico para profissionais daquela área de promoção da saúde. A AFR atende à população
através do
Sistema Único de Saúde (SUS), Convênios e Planos de Saúde, oferecendo os
principais serviços de assistência, relacionados à seguir : Fonoaudiologia Geral, Fonoaudiologia
Neuro-Infantil, Terapia Ocupacional, Assistência Social, Pedagogia, Odontologia, Psicologia
Geral, Psicologia Neuro-Infantil, Nutrição, Fisioterapia Geral,
Fisioterapia
Neuro-Infantil,
Fisioterapia Respiratória e Correção Postural.
O edifício da instituição abriga também uma oficina ortopédica, onde são produzidas e
distribuídas próteses e órteses, com a produção média de 140 unidades por mês. A AFR acumula
ainda, a função de formação e atualização de mão-de-obra, através do Núcleo de Estudos e
Pesquisas.
Neste Setor
são treinados e atualizados profissionais nas diversas áreas da
reabilitação, através de cursos e seminários. Ademais de, oferece
estágios supervisionados
junto aos nos principais setores de tratamento.
Para que se tenha uma idéia do modelo e estrutura de funcionamento da instituição, que
ainda apresenta resquícios do modelo assistencialista de sua fundação, apresentamos um breve
histórico. A
AFR foi inaugurada em 1958. Neste período, o Brasil entrava
na fase da
urbanização e industrialização intensas, que passou a modificar a atuação das elites econômicas.
É fundada com base nas leis de Utilidade Pública Federal, originárias do período do Estado
Novo de Getúlio Vargas. Conforme aqueles regulamentos, associações como a AFR, deveriam
ter o fim exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade. Num momento seguinte, o
Estado passa a apoiar estas instituições , através do Conselho Nacional de Serviço Social e
surgiram as ações filantrópicas, a partir das
famílias economicamente privilegiadas, e do
mecenato por parte de grupos líderes do setor industrial emergente1. Desde a sua inauguração,
a construção original passou por sucessivas reformas e ampliações. Deste período inicial, não
dispomos de registros de imagens. Porém, conforme relato de antigos voluntários entrevistados,
as ampliações e reformas foram ocorrendo, ao longo do tempo, conforme as necessidades
1
Ver o contexto da criação de associações com finalidade social em: Rothgiesser,T.L., “A Sociedade Civil
Brasileira e o Terceiro Setor”. Disponível em:hppt://www.terceirosetor.adm.br Acesso em: 20 de maio.2005.
49
funcionais do momento e obtenção de recursos necessários. Recursos obtidos, segundo
informam,
mediante doações e colaborações por parte do Governo do Estado.
Estas
modificações foram sendo executadas, segundo uma prática informal, não incluiu o design
adequado do espaço, mediante projetos especializados de arquitetura e demais projetos
complementares. A cultura da informalidade nos procedimentos de adaptação dos ambientes
permanece, como observou-se no local. De uma maneira geral, os ambientes foram sendo
sucessivamente adaptados e readaptados pelos próprios administradores, que orientavam a mão
de obra, ou, no caso da construção da rampa e do segundo pavimento, contaram com estudos
improvisados por um ou outro profissional de engenharia, que se dispunha a ajudá-los.
Sem
que houvesse uma visão de planejamento para o edifício em seu conjunto. Note-se que, não há
qualquer registro de aprovação de projetos ou de aceite de obras na Secretaria de Urbanismo da
Prefeitura Municipal de Niterói, referentes ao edifício em questão.
A adequação funcional de cada setor, assim como a conexão entre os diversos ambientes,
os acessos e fluxos de circulação, apresenta problemas, que supõe-se, sejam decorrentes deste
procedimento, que corresponde a uma cultura ligada ao improviso. Se por um lado, esta prática
viabiliza soluções de baixo custo e de curto prazo, por outro, gera falhas construtivas e de
organização do espaço, que podem ser difíceis de corrigir posteriormente. Alguns detalhes,
apresentados mais á seguir, na avaliação técnica, servem como exemplo desta questão.
A série de fotos a seguir, ilustram algumas etapas construtivas de ampliação. Na primeira foto,
Figura 17 : Fachada em 1983.
Fonte: Arquivo de Imagens da AFR.
Figura 18 : Fachada em 1983.
Fonte: Arquivo de Imagens da AFR.
50
observa-se o início da construção do pavimento superior, em 1985, ou primeiro pavimento.
Nota-se que foi sendo feita em etapas, iniciando-se pelo lado esquerdo do edifício ( Figura 19).
As próximas fotos( Figura 20 e Figura 21) apresentam a construção da rampa de acesso ao
primeiro pavimento e a passarela que serve de ligação direta entre os dois lados deste pavimento.
Conforme observa-se na foto atual, este trecho da rampa foi alterado, provavelmente demolido
e, em seu lugar, construiu-se uma nova rampa ligando os três níveis (Figura 22).
Figura 19 : Fachada em 1985.
Fonte: Arquivo de Imagens da AFR.
Figura 20: Construção da rampa em 1983.
Fonte: Arquivo de Imagens da AFR.
Figura 21 : Construção da rampa em 1985.
Figura 22: Foto atual da rampa.
Fonte: Arquivo de Imagens da AFR.
Fonte: Pesquisa, 2005.
51
A construção original, conforme informações em entrevistas com voluntários da diretoria da
AFR, ficava no fundo do terreno, em construção térrea, de 30,00m x 45,00m, posteriormente
construíram
a área da frente e,
em etapas, quando foram acrescentados os pavimentos
superiores. O sistema construtivo escolhido, a julgar pelas imagens fotográficas das etapas
construtivas anteriores, permanece sendo estrutura em concreto armado, vedações de alvenaria,
emboço, reboco e pintura PVA, sobre massa corrida. O telhado foi estruturado em madeira e
recebeu telha de amianto. A parte da frente do segundo pavimento, conforme demonstram as
fotos, foi coberta por estrutura e telha metálicas.
Figura 23: Fachada da Associação em fins de 1980.
Figura 24: Foto atual da fachada interna.
Fonte: Arquivo de imagens da AFR.
Fonte: Pesquisa, 2005.
A construção do segundo pavimento, iniciou-se com a instalação de duas estruturas metálicas,
do tipo galpões. Presume-se que, desta forma, iniciou-se o aproveitamento da cobertura do
pavimento inferior.
Note-se que, conforme se vê na foto atual
acima, o segundo pavimento acabou por ocupar toda a laje e
concluiu-se com a colocação de vedações metálicas, possivelmente,
para a redução do peso sobre a laje que, a princípio, servia apenas
como cobertura. O telhado permaneceu sendo de material metálico
como observa-se no beiral (Figura 24).
Figura 25: Fachada atual.
Fonte :Pesquisa, 2005.
52
Atualmente, a construção ocupa todo o terreno, exceto pela área descoberta central
que mede 7,00m x 35,00 m. Este local tem, entre outras, a função de prisma para a iluminação e
ventilação das salas localizadas no centro do edifício. Hoje a construção ocupa 100% do
terreno, ou seja,
não possui afastamentos em suas divisas lateral e de fundos. Nestes locais
estão construídos uma escola à esquerda e o Estádio de Futebol, na outra lateral e nos fundos.
Conforme as Normas de Edificação do Município, estes afastamentos seriam de, no mínimo 1,50
m. Não havendo, portanto, possibilidade de obter-se iluminação e ventilação nos ambientes
contíguos à
estas construções. Ocorre que, novamente nos deparamos com a informalidade
improvisada que possibilitou a abertura de janelas altas para as construções vizinhas.
Apesar da existência da abertura central no edifício, que torna possível ventilar e
iluminar as salas que se abrem para este prisma, há um déficit de ventilação de uma maneira
geral.
Como se pode verificar com maiores detalhes, nas análises técnicas, por haver pouca
troca de ar, sobretudo nos locais de espera, há desconforto. Este foi um aspecto considerado
negativo nas avaliações junto aos usuários.
A construção é
composta de três pavimentos, ligados através de escadas, rampa e
passarelas, que ligam ambos os pavimentos superiores. Os ambientes que abriga podem ser
classificados em três grupos, por suas características funcionais: 1. Diagnóstico/ Tratamento; 2.
Distrações; 3. Administração/ Estudos; 4. Apoio. As atividades de Diagnóstico e Tratamento,
estão localizadas, quase que exclusivamente, nos pavimentos térreo e primeiro. Os
locais de
espera distribuem-se junto aos setores, no saguão da recepção e nos corredores do primeiro
pavimento. O que chamamos de locais de Distrações estão localizados no térreo, ocupando a
área central descoberta. Constituem-se de ambiente com TV, organizado embaixo da rampa e
o local da cantina. Esta última localiza-se sobre o vão da escada. A Administração/ Estudos
ocupa o segundo pavimento. O setor de Apoio distribui-se da seguinte forma: no Térreo ficam
as atividades de manutenção e no segundo pavimento a lavanderia e o almoxarifado.
O remanejamento interno dos ambientes é comum em edifícios institucionais, sobretudo
quando se utiliza
modificações,
divisórias leves.
No presente caso, o edifício passa por constantes
mesmo tratando-se de paredes de alvenaria. Por este motivo, o
cadastro
53
atualizado do edifício, feito através de plantas baixas fornecidas pela administração e medições
no local, está datado de 01 de junho de 2005. Atualmente está sendo remanejado uma
ambiente de pedagogia para o segundo pavimento. Esta modificação não consta, portanto, do
presente cadastro.
A relação de ambientes por pavimento segue abaixo e pode ser verificada nas Plantas Baixas,
em anexo.
Pavimento Térreo:
Fisioterapia geral / Ginásio; Terapia Ocupacional; Serviço Social; Psicologia NI; Pedagogia NI;
Fonoaudiologia NI; Fisioterapia NI; “Praça da Cantina”; “Praça da TV”; Oficina de Órteses e
Próteses.
Primeiro Pavimento:
Eletroterapia/ Massoterapia; Psicologia Geral; Correção Postural; Fonoaudiologia Geral;
Fisioterapia Respiratória; Setor Médico; Auditório.
Segundo Pavimento
Núcleo de Estudos e Pesquisa; Almoxarifado; Secretaria; Comunicação; Diretoria; Lavanderia;
Refeitório.
Pacientes Atendidos por Dia em cada Setor
Percentual
Setores de Tratamento
de
Pacientes
Terapia Ocupacional
22%
Fonoaudiologia Geral e N I
12%
Pedagogia
6%
Serviço Social
4%
Massoterapia
22%
Fisioterapia Respiratória
3%
Oficina Ortopédica
1%
Fisioterapia Geral e N I
30%
Figura 21: Quadro de atendimentos por dia nos setores
54
3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO
3.2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
De uma maneira geral, método diz respeito à escolha de procedimentos sistemáticos
para a descrição e explicação de fenômenos. De acordo com R. J. Richardson (1999), “Esses
procedimentos se aproximam dos seguidos pelo método científico que consiste em delimitar um
problema, realizar observações e interpretá-las
com base nas relações encontradas,
fundamentando-se , se possível, nas teorias existentes”. De acordo com o autor, adotando-se uma
classificação ampla, há dois grandes métodos: o quantitativo e o qualitativo. São métodos que
se diferenciam na sistemática e forma de abordagem do problema. A escolha do método a ser
adotado deve ser determinada pela natureza do problema ou o nível de aprofundamento desejado.
Conforme R. J. Richardson (1999), o método quantitativo é caracterizado pela
quantificação, tanto nas formas de coleta de informações quanto no tratamento destes dados ,
por meio de técnicas estatísticas. É um método amplamente utilizado e, a princípio, tende a
garantir a precisão dos resultados e uma margem de segurança quanto às inferências. A crítica
que se faz aos métodos quantitativos, é quanto à tendência que apresentam à concepção
positivista em ciências , que aplica modelos das Ciências Naturais às Ciências Sociais, uma
abordagem inadequada, já que essa última trata da complexidade dos seres humanos, com suas
crenças e práticas.
O método qualitativo difere do quantitativo por não utilizar o instrumental estatístico
como base do processo de análise do problema, não visa numerar ou medir as categorias com
características iguais. No entanto, o aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente
nas informações colhidas através de técnicas essencialmente quantitativas, mesmo que percam
seu caráter qualitativo ao se tornarem dados quantificáveis, com vistas a uma maior exatidão nos
resultados. Para os dois métodos deve-se classificar os conceitos e especificar as unidades de
análise.
55
Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever problemas
complexos, que envolvem aspectos psicológicos como estudos dirigidos à análise de atitudes,
motivações, expectativas, valores, entre outros. Quanto aos procedimentos metodológicos, as
pesquisas qualitativas de campo, em geral, exploram as ferramentas ou técnicas de observações,
entrevistas, etc.,
devido à forma como estes instrumentos penetram na complexidade de um
determinado problema. Ambos os métodos devem cumprir determinados critérios científicos
que
indicam a capacidade dos instrumentos de produzir medições constantes quando aplicados
a um mesmo fenômeno. Esses critérios são: A confiabilidade e a validade.
A confiabilidade externa significa a possibilidade de outros pesquisadores observarem
fatos idênticos com instrumentos semelhantes e a confiabilidade interna refere-se a possibilidade
de outros pesquisadores relacionarem os conceitos e os dados coletados com instrumentos iguais.
O critério de validade indica a capacidade do instrumento de produzir medições adequadas, para
que se possa chegar a conclusões corretas, desta forma, tornando possível a generalizações, ou
seja, a aplicação dos resultados a grupos semelhantes
( RICHARDSON, 1999) .
A APO reúne um conjunto de métodos e técnicas, que consideram o lado técnico, as
vistorias, medições e análise e o aspecto comportamental, para a aferição do ponto de vista dos
usuários. É este ponto que conecta esta metodologia ao campo das ciências sociais aplicadas.
Isso se deve ao fato de que trabalha com dados ou informações coletados sistematicamente,
através de questionários, entrevistas, entre outras técnicas, acerca de suas idéias, sentimentos e
expectativas, bem como sua origem social,
educacional e financeira.
A avaliação
comportamental corresponde a uma avaliação de caráter qualitativo e quantitativo, ou somente
qualitativo, equilibrados nas dosagens que os objetivos de pesquisa exigirem.
56
3.2.2 A APO APLICADA À PESQUISA
No presente estudo de caso, optamos por fazer uso da metodologia de APO, pela
maneira sistemática como possibilita, tanto
a avaliação física do ambiente quanto a avaliação
comportamental. E como, através do cruzamento dos resultados obtidos em ambos os níveis,
possibilita a leitura do ambiente. Em razão das intenções de pesquisa , decidiu-se pela ênfase na
abordagem comportamental, uma vez que, é sobre este nível de avaliação que repousa o foco da
pesquisa. Utilizou-se, desta forma, instrumentos de coleta que fornecem elementos subjetivos,
como impressões , desejos, sentimentos , além de julgamentos objetivos. Os questionários foram
estruturados de maneira a cobrir estes itens e, associados aos mapas cognitivos e entrevistas com
profissionais, cumpriram os objetivos desejados, conforme veremos mais adiante, nos resultados
das análises. As ferramentas utilizadas na pesquisa estão relacionadas abaixo:
Na aferição do grau de satisfação dos usuários ou a avaliação comportamental optou-se
pelos seguintes instrumentos de coleta de dados:
•
Questionários – Perguntas fechadas, perguntas abertas e “Wish Poem”
•
Mapas Cognitivos
•
Entrevistas com supervisores de setor
•
Observações
A avaliação técnica foi feita mediante vistorias técnicas efetuadas através dos seguintes
instrumentos:
•
“Walkthrou”ou Reconhecimento Preliminar do Ambiente
•
Levantamentos fotográficos dos ambientes em geral
•
Entrevistas com profissionais da AFR
•
Levantamentos cadastrais, quanto a registros gráficos e/ou fotográficos da história do
edifício e dados sobre a estrutura funcional da AFR.
•
Medições in loco : conforto acústico, circulações e acessibilidade.
•
Registros de evidências, por fotos e análise em planta : conforto térmico e ventilação.
57
3.2.2.1 Roteiro Metodológico
Optamos por aplicar a pesquisa em
três categorias de usuários: Pacientes,
Acompanhantes e Profissionais, sendo que, por sua importância fundamental, o nível de
satisfação dos pacientes é visto como o eixo em torno do qual desenvolvem-se os procedimentos
metodológicos. Por este motivo, atribuiu-se maior importância à Relação Ambiente/
Comportamento-RAC, com a escolha cuidadosa da forma e conteúdo das ferramentas de
análise comportamental, que serviu de orientação para as posteriores verificações técnicas do
edifício.
A avaliação de desempenho da AFR orientou-se segundo o roteiro metodológico
abaixo:
1. Foi feito o contato com a Instituição através do setor de Estudos e Pesquisas da AFR, que
nos orientou quanto a informações quanto a características da instituição e dos pacientes que
atendem: necessidades terapêuticas, perfil sócio-econômico e número de pessoas atendidas a
cada mês/semana;
2. A instituição forneceu cópias xerox de esboços de plantas baixas dos três pavimentos, que
tiveram que ser devidamente corrigidas e atualizadas através de levantamentos de campo e
digitalizadas em Autocad;
3. “Walkthrough ou Reconhecimento Preliminar do Ambiente com a identificação descritiva de
possíveis problemas e aspectos positivos e registro fotográfico inicial;
4. Formulação e aplicação de questionários/entrevistas, e mapas cognitivos na forma de préteste junto a pacientes e acompanhantes;
5. Pré-testes com os pacientes, acompanhantes e profissionais, bem como entrevistas com
profissionais supervisores de setor;
6. Definição da amostra, em categorias e dimensão;
7. Formulação dos questionários/entrevista definitivos, bem como a definição de critérios e
estratégias para a sua aplicação;
8. Aplicação dos questionários/entrevistas e mapas cognitivos, quando possível, em pacientes e
acompanhantes, nos locais de espera de cada setor;
9. Aplicação de mapas cognitivos em dois grupos de pacientes em tratamento no setor de
Terapia Ocupacional;
58
10. Leitura dos resultados
e tabulação dos dados. Definição dos dados físicos a serem
investigados através de estudos e medições, em função das indicações comportamentais;
11. Estudo de adequação funcional e fluxos;
12. Medições acústicas: nível sonoro e reverberação em locais de espera;
13. Verificação das condições de ventilação e condicionamento de ar;
14. Observação visual e registro textual e fotográfico da ocupação dos ambientes de espera e
locais gregários, durante um dia, nos dois períodos;
15. Relatórios técnicos acerca de características construtivas em geral;
16. Análise comparativa entre a satisfação dos usuários e resultados das vistorias técnicas;
17. Diagnóstico final, recomendações para a correção de problemas e diretrizes para futuros
projetos.
Certos procedimentos metodológicos foram sendo adaptados, e mesmo criados, conforme o
decorrer da aplicação das primeiras etapas da pesquisa, ou seja, havia um esboço metodológico
que foi tomando forma definitiva com o andamento das etapas. A ferramenta mapa cognitivo, por
exemplo,
quando aplicada junto aos questionários/ entrevistas, principalmente no caso dos
adultos, nem sempre eram bem sucedida. No entanto, no contato com os profissionais do setor de
Terapia Ocupacional, verificamos a possibilidade dos mapas serem aplicados nos grupos já
formados, de pacientes em tratamento.
A partir da tabulação dos dados comportamentais foram identificados os pontos geradores
de maior desconforto no ambiente. Estes problemas passaram a serem
priorizados nas
verificações técnicas, tornando-se objeto de observações e medições mais detalhadas.
59
APO - Associação Fluminense de Reabilitação
Avaliação Técnica
Avaliação Comportamental
A plic aç ão de
Ques t ionári o/
E n t r e vi s t a / M a p a s
.
P ré-t es t e em
P ac ient es e
A c om panhant es .
A nális e
Entrevistas técnicos da
área administrativa
da AFR.
Identificação e Coleta de
material gráfico
:xerox das plantas
baixas dos três
pavimentos, tipo
As Built
Levantamento
Fotográfico
Problemas apontados são
transferidos para Avaliação
T écnica
Revisão e atualização
das plantas.
medições para a
correção das
plantas.
A plic aç ão de
Ques t ionári o/
E n t r e vi s t a s /
Mapas em
P ac ient es e
A c om panhant es .
A nális e.
Dis t ribuiç ão dos
Ques t ionári os
para os
P rofi s s i onai s
Rec ol hi ment o e
A nális e.
Digitalização das Plantas
Baixas.
Estudo de adequação
funcional dos
ambientes
A plic aç ão dos M apas
C o g n i t i vo s n o s
g r u p o s d e Te r a p i a
Oc upac ional.
A nális e.
Estudo de fluxos
Estudos de Acessos e
Circulações
Humanização
do Atendimento
Perfil dos
Usuários
E n t r e vi s t a s g r a va d a s
c o m S u p e r vi s o r e s
dos s et ores .
Tr a n s c r i ç ã o e
A nális e.
Medições in loco quanto
a conforto
acústico
Resultados e Análises
Conforto ambiental
Adequação Funcional
Aspectos construtivos/
conservaçãp
Diagnóstico
Geral
Recomendações
e Diretrizes
Adequação Psico-Social
Figura 27 : Fluxograma de desenvolvimento metodológico da APO/AFR
60
A presente avaliação de desempenho visou a verificação do grau de bem estar físico e
psico-social dos ocupantes do ambiente da AFR, quanto a adequação dos ambientes de
tratamento e, em especial os ambientes de uso comum, que a princípio despertaram a atenção
da pesquisa por apresentarem grande intensidade e vitalidade de uso, apresentando evidências de
intensa troca social. Na pesquisa, pretende-se verificar até que ponto estas pessoas sentem-se
em um ambiente humanizado e confortável. Tanto em se tratando do atendimento que recebem
quanto às condições de conforto físico que o edifício da AFR lhes oferece.
Partiu-se da idéia de que os pacientes constituem a principal categoria de ocupantes
daquele ambiente, as demais foram
ouvidas como importantes fontes de informações
suplementares. Buscou-se compreender a adequação do espaço da AFR às questões ligadas ao re
stabelecimento desse paciente, a sua reabilitação operacional e social. Note-se que, conforme
informaram os resultados das entrevistas, mais à frente, no caso específico de pacientes que
buscam a reabilitação de suas funções, em especial nos casos de lesões graves, as trocas sociais
são de fundamental importância para o re-equilíbrio de sua saúde.
Uma vez que o convívio social é fator preponderante para o bem estar psicológico e,
portanto, colabora para o restabelecimento da saúde daquelas pessoas, buscou-se verificar,
através dos instrumentos de análise
comportamental,
a possíveis indícios desta
função
terapêutica nos ambientes gregários, como a área da recepção, da cantina ou o local de espera que
dispõe de um aparelho de Televisão. Estes dois últimos chamados de “Praças” em entrevista
com a supervisora de Psicologia Neuro-Infantil. Por darem suporte às referidas trocas, os locais
de uso comum tornaram-se de especial interesse para a pesquisa, constituindo-se em alvos das
observações e avaliações comportamentais e demais avaliações técnicas.
Um outro motivo que levou a uma avaliação física diferenciada
dos locais de uso
comum, foi o fato de, a partir da análise da opinião dos usuários, terem sido identificados como
problemáticos e,
portanto, passarem a ser os
que mereceram avaliações técnicas mais
cuidadosas em função dos problemas indicados, como medições de ruído, acessibilidade e
conforto térmico, além de estudos de fluxos e dimensões.
61
Desta forma, foi a partir da visão dos usuários acerca do ambiente que foi feita a
seleção dos locais e dos itens verificados na avaliação técnica do edifício. Neste ponto, houve
uma adaptação do planejamento “clássico” da APO, posto que, no lugar de efetuar-se os
levantamentos técnicos, por um lado e, comportamentais de outro, de forma independente e, de
posse dos resultados então, passar às análises e cruzamentos de informações, um nível de
avaliação interferiu no detalhamento do outro.
3.2.2.2 Avaliação Comportamental
Na Avaliação do ambiente da AFR, optamos, como vimos,
prevalência qualitativa, por trata-se de questões
por uma abordagem com
complexas que envolvem aspectos subjetivos
de análise. Essa opção foi feita pela necessidade de ampliar-se o grau de subjetivismo , pela
impossibilidade de quantificação de conceitos como por exemplo, o da humanização do
ambiente ou a sua possível função terapêutica. Buscou-se, para tanto, ferramentas de alcance
mais profundo, como observações, entrevistas e mapas cognitivos, posteriormente trabalhados
através da análise de conteúdo associadas aos instrumentos e técnicas de análises objetivas, que
geraram números, posteriormente tabulados mediante técnicas básicas de
estatística.
De acordo com H. Günther (2003), para compreender o comportamento humano no
contexto das ciências sociais empíricas, são três os principais caminhos: 1. observar o
comportamento que ocorre naturalmente no âmbito do real; 2.
observar o comportamento em face de
criar situações artificiais e
tarefas definidas para estas situações; 3. perguntar às
pessoas sobre o que fazem e pensam. Cada uma das três possibilidades de técnicas para conduzir
estudos empíricos apresenta vantagens e desvantagens distintas, que estão vinculadas à qualidade
e a utilização dos dados obtidos.
As escolhas metodológicas para a avaliação da AFR seguiram esta orientação e o seu
detalhamento, os instrumentos ou ferramentas de coleta de dados e a forma como estes foram
analisados, como vimos anteriormente, foram formatados em função dos objetivos de pesquisa.
62
Não obstante, as variações presentes dentro de cada um dos grupos de usuários foram
consideradas uma vez que buscou-se, através da identificação aleatória de características das
pessoas estudadas
por
levantamento de dados por amostragem, assegurar uma
melhor
representatividade e permitir generalizações para uma população mais ampla.
Quanto às ferramentas qualitativas de avaliação da percepção do usuário, em um nível
mais subjetivo, com o objetivo de ter acesso aos sentimentos, sensações e expectativas daquelas
pessoas, utilizou-se as ferramentas “Wish Poem” e Mapas Cognitivos junto aos questionários.
Esses instrumentos de avaliação comportamental forram submetidos a um pré-teste, que teve
como objetivo verificar sua eficiência. Foram testados nove pacientes , três acompanhantes e
três profissionais, escolhidos aleatoriamente nas esperas dos setores de tratamento.
A
importância desta fase se deve a necessidade de verificar-se a legibilidade das perguntas, o
tempo adequado de aplicação e demais ajustes, como a adequação da abordagem verbal nas
apresentações e esclarecimentos de dúvidas. Essa fase serviu, igualmente, para a aproximação
com os profissionais e melhor reconhecimento físico do local.
Instrumentos de avaliação comportamental:
•
O Questionário
O que denomina-se questionário, na presente pesquisa, é o conjunto de perguntas,
abertas e fechadas, aplicadas de maneira direta aos usuários. Em pesquisas na área de Ciências
Sociais esses instrumentos são chamados de
entrevistas estruturadas e não estruturadas
respectivamente.
O questionário é o principal instrumento para o levantamento de dados por amostragem
(GÜNTHER,1999), e pode ser definido como “um conjunto de perguntas sobre um determinado
tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos
de personalidade e informação biográfica” ( Yaremko, Haran, Harrison & Lynn, 1986, p186;
apud H. Günther, 1999).
63
A formulação das perguntas e a maneira como são apresentadas, estão vinculadas aos
objetivos da pesquisa, aos aspectos e conceitos a serem avaliados e as características da
população-alvo. Os objetivos da pesquisa levam a buscar a relação entre os conceitos e a
população–alvo, ou seja, é através dos itens do questionário, aplicado à amostra selecionada que
se avalia os conceitos pertinentes à pesquisa. São dois fatores que se relacionam em função dos
objetivos a serem avaliados na investigação. O objetivo do estudo determina as perguntas
concretas a serem apresentadas, variando o conteúdo dos itens e a maneira de apresentação em
função das características do público–alvo.
Para H. Günther (1999), ao elaborar-se
um
questionário, ademais de considerar a interdependência entre a população e amostra de um lado,
e conceitos e itens do outro, o pesquisador deve estar atento ao contexto social da aplicação do
instrumento, a estrutura lógica do instrumento, a organização dos seus elementos e a relação
entre este e os outros instrumentos utilizados na pesquisa.
Seguiu-se a referida orientação e quanto ao contexto social algumas questões foram
consideradas importantes:
1. o background cultural da poulação-alvo quanto a aceitar ser
indagado por um estranho acerca de suas opiniões pessoais; 2. o background do pesquisador, sua
imagem e imagem da instituição que representa; 3. o contexto da pesquisa, uma vez que a
relevância e importância temática terão influência sobre a disposição do respondente em
participar da pesquisa; 4. o background do respondente, no que se refere às suas características
sócio-culturais.
Na construção da estrutura lógica do questionário, na organização de seus elementos,
procedeu-se, inicialmente levando-se em consideração as razões que levam uma pessoa a
responder a um instrumento de pesquisa e, que natureza de estímulos poderiam ser usados para
mobiliza-los à participar. Orientou-se segundo as três ações básicas para maximização das
respostas, segundo H. Günther (1999): 1. recompensar o respondente; 2. reduzir o custo de
responder; 3. estabelecer confiança.
1. Recompensar
o
respondente:
Demonstrar
consideração,
apoiar
seus
valores,
demonstrando as recompensas da pesquisa.
2. Reduzir o custo de responder: Reduzir o esforço físico e mental e fazer com que a tarefa
parece fácil, reduzir a possibilidade de embaraços e custos financeiros.
64
3. Estabelecer confiança: Oferecer sinal de apreciação antecipada, identificar a instituição
conhecida e legitimada.
Os questionários, conforme a estrutura abaixo, foram aplicados pessoalmente a cada
paciente e acompanhante, nos locais de espera. Comentários e observações pertinentes aos
assuntos abordados nas perguntas, que foram acrescentados pelos usuários durante a aplicação
dos questionários, ficaram anotados como observações e foram consideradas como entrevistas
de pacientes ou acompanhantes, sendo incluídas nas análises desta maneira.
Procedeu-se
dessa
maneira,
permitindo-se
a
oportunidade
de
explicações
e
esclarecimentos de dúvidas, o que viabilizou a participação de representantes dos diversos perfis
de usuários que compõem o grupo de usuários da AFR que se apresentavam-se em condições de
saúde suficientes para serem avaliados.
Note-se que trata-se de uma população heterogênea
haja visto a variedade de terapias que a instituição oferece, o que resulta numa diversidade de
patologias e faixas etárias e, a forma de ingresso na instituição, que pode ser o SUS ou um dos
diversos planos de saúde, informações que, aliadas à outras, podem indicar características sócioeconômicas.
Os questionários dos profissionais foram aplicados indiretamente, foram entregues pelos
supervisores, após instrução, e retornaram através de uma urna, colocada ao lado do relógio de
ponto. Procedeu-se desta maneira para maximizarmos os recursos da pesquisa e por tratar-se de
um grupo em condições equivalentes em suficiência para responderem os questionários, sem a
necessidade da presença da pesquisadora.
Por outro lado, julgou-se fundamental o contato
pessoal com os pacientes e acompanhantes, por permitir colher, além das respostas às perguntas
formuladas no questionário, os desenhos ou outras informações e comentários feitos por eles,
anotados na própria folha do questionário e/ou nas folhas próprias para os mapas cognitivos, que
ficaram anexas aos questionários.
Procedeu-se da seguinte forma na aplicação dos questionários: inicia-se com a
apresentação, que
visa a estabelecer contato com o respondente e assegurar sua cooperação,
para estabelecer confiança, para tanto, indica-se o nome da instituição acadêmica vinculada à
65
pesquisa. A seguir, para capturar o interesse pelo tema, diz-se
o por quê da importância da
pesquisa, expressando o quanto as opiniões e experiências dos respondentes são importantes.
Inicia-se com a apresentação da entrevistadora que explica quem ela é, o trabalho que está
realizando, a instituição acadêmica à qual está vinculada e identifica-se com o crachá - obtido na
administração da AFR, idêntico aos crachás dos profissionais com os quais estão habituados a
lidar, o que demonstra a aceitação da AFR quanto à pesquisa, facilitando o acesso e a disposição
da pessoa.
Depois dessa breve apresentação, pergunta-se se a pessoa deseja colaborar. Se afirmativo,
o texto é lido em voz alta, pela pesquisadora, que esclarece dúvidas e presta maiores informações
quando solicitadas. Foi importante a atenção quanto ao ajuste de linguagem, uma vez que o perfil
dos usuários da AFR é, como vimos anteriormente, heterogêneo sob diversos aspectos.
Segundo H. Günter (1999), a maioria dos participantes de uma pesquisa de levantamento
de dados por amostragem, sabe que o pesquisador é o maior beneficiado, que pouco há para o
respondente além da satisfação de ter sido ouvido. Por este motivo não recomenda-se promessas
irreais, que associem a pesquisa à melhorias imediatas em suas vidas, o que seria irresponsável e
anti-ético, além de soar como engodo, resultando no enfraquecimento da credibilidade da
pesquisa.
Para tornar as entrevistas o mais fácil e breve possível, reduziu-se o número de questões
que foram agrupadas em três sessões: 1. caracterização do respondente; 2. valoração geral do
ambiente; 3. valoração por Ambientes.
Na seção 1 tem-se como objetivo colher dados relativos ao perfil do respondente, sexo,
faixa etária, nível de escolaridade, há quanto tempo freqüenta
a AFR, se pacientes ou
acompanhantes pergunta-se que tipo de tratamento faz e há quanto tempo, no caso dos
profissionais , a função que exercem e igualmente, há quanto tempo.
Na seção 2, pretende-se uma avaliação geral do ambiente, tanto quanto ao atendimento
quanto aos aspectos físicos do ambiente. Para os pacientes e acompanhantes pergunta-se como
avalia o tempo de espera para o atendimento, como é o atendimento e se gostam da AFR (daqui).
66
Essas perguntas estão na forma fechada. As próximas perguntas estão na forma aberta e foram
colocadas em seqüência, na forma positiva e negativa, seguindo de maneira repetitiva, com o
sentido de fazer com que o respondente pense em ambos os aspectos e confirme a sua avaliação.
As perguntas estão na seguinte ordem : O que é bom?; O que é ruim?; O que precisa mudar?; O
que fala?. A próxima pergunta está na forma positiva e diz respeito ao ambiente físico, tem como
objetivo identificar preferências e quais seriam as propriedades do ambiente que originariam
estas escolhas- O que você gosta no prédio? Neste ponto, chama-se a atenção do respondente
para o ambiente físico que pode não estar sendo citado até então.
Lançou-se mão desse recurso por que no pré-teste observou-se que as pessoas se referiam
prioritariamente ao atendimento e tratamento que estavam recebendo dos profissionais. O
ambiente físico surge, suas qualidades ou defeitos são indicados, de maneira secundária. Decidiuse manter a seqüência das perguntas sem separar, previamente, as duas visões ou abordagens do
ambiente, para que surgisse, de maneira espontânea e não induzida, o que é prioritariamente
positivo ou negativo naquele ambiente, para aquela pessoa. Este procedimento aproxima-se da
técnica de Livre Associação de Atributos (Moles,19701,apud: Elali,G.A.1997 ). Esta técnica
busca captar a associação espontânea entre o objeto estudado e suas qualidades.
Finalizando esta seção, utilizou-se, como último item da seqüência de perguntas abertas,
uma formulação conforme a ferramenta de avaliação “Wish Poem”, desenvolvida por Henry
Sanoff 2. Foi utilizada neste ponto do questionário, com o intuito de fazer com que, uma vez
estimuladas as observações acerca do ambiente da AFR, através da série de perguntas fechadas e
abertas, o respondente
pudesse imaginar a situação ideal, na qual se sentisse plenamente
confortável e satisfeito. Sua aplicação foi bastante simples, consistiu-se em solicitar ao usuário
que completasse a frase : “Eu gostaria que a AFR fosse.....”.
Esta ferramenta de desempenho tem por objetivo obter uma subjetividade de percepção
mais profunda nas respostas. O “Wish Poem” é uma forma de aproximação que encoraja os
usuários a colocarem-se a vontade quanto a expressar suas expectativas, o ambiente de seus
1
Moles,A. Sociodinâmica da Cultura. Barcelona:Gustavo Gilli,1970.
SANOFF, H. School Building Assessment Methods. Dem http://www.edfacilities.org/pubs/sanoffassess.pdf, s/d,
acessado em agosto de 2004.
2
67
sonhos, de uma forma deslocada das restrições, ou fatores limitantes, que ele possa julgar que
existam para que se tornem realidade. Desta forma evita-se associações como na frase: “os
locais que atendem pelo SUS não têm recursos, portanto, este lugar está bom demais, não posso
querer nada mais que isto.”
Segundo Henry Sanoff o “Wish Poem” é considerada mais
eficiente do que as ferramentas com objetivos específicos, particularmente se a intenção é
incentivar um pensamento mais abrangente e exploratório.
O tratamento dos dados deu-se da seguinte maneira: as informações foram agrupados em
categorias representativas de conjuntos de desejos ou expectativas, classificados como conceitos.
Posteriormente, os conceitos foram tabulados, da mesma forma procedeu-se com as resposta às
perguntas abertas dos questionários, em planilhas eletrônicas e classificados por sua freqüência
percentual possibilitando a geração automática de gráficos representativos dos resultados. Na
avaliação da AFR, esta ferramenta revelou-se importante fonte de informações subjetivas, como
se pode verificar nos resultados das análises.
Na
seção 3
do questionário, procedeu-se
à
avaliação exclusivamente física do
ambiente. Utilizou-se a Escala Likert, da seguinte maneira: Solicita-se ao usuário que avalie cada
ambiente da AFR que freqüenta, através de notas que vão de 1 a 5 na escala de valores que vai
de péssimo ou muito desagradável a muito bom ou muito agradável. Esses valores são anotados
em um quadro que relaciona cada ambiente a itens que dizem respeito a conforto ambiental,
como iluminação, conforto térmico, conforto acústico, limpeza, entre outros. Desta forma, temse a avaliação da opinião dos usuários de cada ambiente quanto a cada aspecto físico dos
ambientes que ele freqüenta.
•
O Mapa Cognitivo
Outra ferramenta de avaliação da percepção dos usuários, de caráter qualitativo, utilizada
na presente avaliação foi o mapa cognitivo. Por mapa cognitivo, entende-se o processo no qual a
mente humana adquire, codifica, relembra e recodifica as informações advindas do ambiente
espacial, através de uma representação gráfica manual, ou seja, um desenho. Diz respeito à
68
representação interna que o indivíduo faz relativamente ao ambiente que o cerca. (C. L. DE
SOUZA, 1995).
De acordo com Gustave-N Fisher, em Psicologia, um espaço é realidade enquanto
realidade apreendida e reconstruída mentalmente. E a percepção desse espaço organiza-se de
acordo com três modalidades: a cognitiva, que define a forma como o conhecemos, através de
suas categorias; a avaliativa, que se refere a julgamentos de sua qualidade; e a ativa, que faz da
percepção uma etapa para intervenção sobre o espaço. Essas modalidades se dão em níveis
interligados- o cognitivo, o normativo e o afetivo. O mapa cognitivo ou mental, fornece
informações sobre o quadro de referência que o indivíduo construiu em relação aos espaços.
Kevin Lynch (1960, pg.17) sustenta que, apesar das imagens que se faz dos lugares
resultarem de um processo bilateral entre observador e o meio, e existirem características
individuais de criação e sustentação desta imagem, há um consenso entre membros do mesmo
grupo em relação a essa imagem. O mapa cognitivo fornece informações sobre o quadro de
referências que o indivíduo forjou em relação a esses espaços. O autor utilizou mapas cognitivos
para analisar a imagem que os habitantes de três cidades americanas ( Los Angeles, Boston e
Jersey City) faziam do ambiente daquelas cidades.
Para o autor, o mapa cognitivo de uma cidade é o resultado das sensações imediatas e das
lembranças que constroem a experiência de cada pessoa. Para que se possa analisar esses mapas,
três componentes devem ser observados: a identidade, ou o fato de se poder ter uma imagem que
permita diferenciá-la de uma outra; a estrutura, ou o fato de uma mapa integrar a relação
espacial do objeto com o observador e com o ambiente; o significado, que indica o significado
que o ambiente tem para a pessoa, sob os aspectos informacionais e emocionais.
O mapa cognitivo revela a importância que o indivíduo atribui aos diferentes elementos do
ambiente e a “imageabilidade” estaria ligada a capacidade desse espaço de gerar uma imagem
forte.
Assim a imageabilidade de um bairro é composta pelo conjunto de sinais que permitem
diferenciá-lo de outros e, portanto, identificá-lo por suas características próprias. É o que o local
tem de particular que permite a criação dos mapas cognitivos. Para Gustave-N. Fischer (1981), a
69
definição de mapa cognitivo apresentada por K. Lynch tem suficiente aplicabilidade quando se
trata da analise de ambientes institucionais.
No estudo de caso em questão, os mapas serviram para avaliar a opinião dos usuários em
geral, uma vez que a todos os usuários foi solicitado, em folhas próprias, que desenhassem a
AFR, e também neste caso, utilizamos a formulação “Wish Poem” ao convidá-los a desenhar a
AFR como eles gostariam que ela fosse. Obtivemos êxito com as crianças e adolescentes, porém
os adultos preferiram a expressão verbal. A terapia ocupacional é um dos tratamentos oferecidos
pela instituição e, uma das práticas terapêuticas desenvolvidas junto aos pacientes é o desenho e
a pintura. Por este motivo, procuramos os profissionais do setor de Terapia Ocupacional para
intermediar a aplicação dos mapas cognitivos em adultos e , só então , alcançamos o objetivo:
participaram dois grupos de seis pacientes , o primeiro portadores da doença de parkinson e o
segundo, em reabilitação por acidente vascular cerebral (AVC). Como mostram os resultados da
pesquisa, apesar da dificuldade motoras, mais da metade produziu mapas de fácil leitura e
interpretação.
•
As entrevistas
De acordo com R. J. Richardson (1999), a melhor maneira de aferir a opinião de um
indivíduo é através da interação face a face, pois
este procedimento tem um caráter
inquestionável, de proximidade entre as pessoas, o que possibilita penetrar na mente, vida e
definição dos indivíduos, esse tipo de interação é um elemento fundamental para a pesquisa em
Ciências Sociais. A entrevista é uma técnica importante, pois permite o desenvolvimento de
uma relação próxima entre as pessoas através da qual as informações são transmitidas.
As entrevistas podem ser estruturadas ou não estruturadas. A entrevista estruturada,
usualmente chamada de questionário, propõe que o entrevistado escolha a resposta entre opções
determinadas, como no caso das perguntas fechadas do questionário anteriormente apresentado.
As entrevistas não estruturadas, também chamada de entrevista com profundidade, a livre
resposta no lugar de opção por uma resposta pronta, permite obter-se do entrevistado informações
70
sobre o que ele considera mais relevante. Foi o que utilizou-se em parte do questionário aplicado
aos pacientes e acompanhantes da AFR, através das perguntas abertas.
Ainda conforme R. J. Richardson (1999), as entrevistas podem ser classificadas conforme
o grau de liberdade e aprofundamento que permitem. De acordo com esse critério as entrevistas
podem ser : dirigida, quando desenvolve-se a partir de perguntas pré-formuladas em seqüência
predeterminada; guiada, se o entrevistador utiliza temas que servem a serem explorados no
percurso da entrevista; não diretiva, ao entrevistado é permitido desenvolver suas opiniões e dar
informações de acordo com a sua conveniência, ficando o entrevistador no papel de quem
estimula e orienta a entrevista.
Na pesquisa em questão, utilizamos entrevistas não estruturadas e dirigidas, aplicadas
aos supervisores de nove setores da instituição, quais sejam: Pedagogia, Fonoaudiologia,
Serviço Social, Terapia Ocupacional, Oficina Ortopédica, Fisioterapia Geral, Fisioterapia NeuroInfantil, Psicologia Geral e Psicologia Neuro-Infantil. Foram formuladas seis questões com os
seguintes objetivos:
1. Obter informações entrevistado sobre a sua atividade e o seu ponto de vista quanto às
necessidades dos pacientes , tanto sob o aspecto técnico-terapêutico quanto psico-sociais;
2. Aferir a sua noção acerca do conceito de humanização em saúde; 3. Avaliar a importância, sob
o seu ponto de vista, do convívio social para os pacientes em reabilitação, em especial, nos casos
mais graves. 4. Avaliar a noção que este profissional tem da importância dos espaços de uso
comum da instituição, para o convívio social dos pacientes e acompanhantes, e em conseqüência
,para a sua reabilitação; 5. Aferir seu grau de satisfação quanto ao espaço físico do seu setor; 6.
Aferir seu grau de satisfação quanto ao espaço da instituição em geral, sobre a adequação do
ambiente da AFR , tanto em relação ao desenvolvimento de suas atividades quanto em relação à
adequação às necessidades dos pacientes. Estas últimas questões foram formuladas segundo a
orientação da dinâmica do Poema dos Desejos -“Wish Poem”. As entrevistas com os supervisores
de setor foram, na maior parte, gravadas e transcritas na integra para posterior análise, somente a
pedido do entrevistado procedemos somente com anotações.
71
3.2.2.3 Levantamento da População da AFR e Definição da Amostragem
A partir de entrevistas dirigidas à administração da AFR, levantou-se a população da
AFR para que fosse possível o dimensionamento das amostras representativas das três categorias,
ou extratos de usuários, quais sejam: pacientes, acompanhantes e profissionais. Como fonte de
dados populacionais, contou-se com os levantamentos cadastrais da administração da AFR.
Segundo estes levantamentos, dos pacientes que dão entrada e os que recebem alta, ou
interrompem, por algum motivo, o tratamento, contam-se aproximadamente 2.000 pacientes por
mês, ou seja, 500 pacientes por semana. Dos profissionais que atuam na instituição, são 145
funcionários contratados e 350 estagiários, perfazendo um total de 495 indivíduos.
Quanto aos acompanhantes, não dispomos de um levantamento oficial preciso deste
extrato populacional, no entanto, a
administração informa que do número médio de 2.000
pacientes atendidos por mês, 500 são crianças acompanhadas de responsáveis. Dos pacientes
cadeirantes, observou-se que parte deles é conduzida por acompanhantes, outra vem
desacompanhada, em vans ou micro-ônibus das prefeituras municipais. Outros pacientes,
portadores de patologias e/ou lesões neurológicas e/ou motoras são conduzidos à instituição por
acompanhantes. Com base nestas informações e observações diretas, decidiu-se por um extrato
aproximado de 1.000 acompanhantes por mês. Somando-se os três extratos de usuários, tem-se
uma população total de 3.495 indivíduos.
Inicialmente foram feitas algumas entrevistas informais com profissionais dos setores
administrativo e de pesquisa da AFR, bem como com alguns pacientes e acompanhantes. As
informações obtidas nestas entrevistas
serviram de fundamento para a formulação dos
questionários propostos, bem como a maneira de abordar os entrevistados. Nesta fase,
identificou-se, a priori, o perfil aproximado dos usuários. Sua diversidade
sócio-cultural ,
condições psico-físicas, em função da variedade de patologias tratadas na instituição.
Buscou-se ouvir uma parcela representativa de todo o conjunto de usuários da AFR, e
para tanto, adotou-se medidas capazes de controlar as propriedades da amostra com o objetivo de
72
aproximá-la da população que representa. Buscou-se um plano de amostragem representativa
com a menor margem de erro possível em face dos objetivos e demais fatores limitantes, como
tempo e recursos disponíveis para a pesquisa. Adotou-se os procedimentos estatísticos básicos
para a seleção da amostra representativa utilizados em técnicas de APO (ORNSTEIN; ROMÉRO,
1992).
Adotou-se a amostra extratificada com o objetivo de garantir a inclusão de elementos
suficientes de cada extrato. De acordo com ORNSTEIN E ROMÉRO (1992), Os valores de
níveis de confiança adotados em pesquisas sobre ambiente e comportamento e em APO estão em
95,50%, ou seja, tem-se a confiança de que em cem levantamentos simultâneos realizados com o
mesmo método, neste caso, questionários aplicados em usuários, 95,5% incluiriam o valor
desejado. Outro conceito estatístico relacionado a este valor é o de margem de erro e que pode
ser obtida com base na fórmula simplificada e = raiz quadrada de 1 sobre n, onde n é o tamanho
da amostra.
A tabela de nível de confiança , em anexo, facilita a determinação do tamanho da
amostra, dentro do intervalo de confiança de 95,5%, adotado em APO.
Considerando a
população total a ser avaliada, determina-se o tamanho da amostra em função da margem de erro
escolhida. As mais freqüentes, adotadas em pesquisa social, encontram-se no intervalo de 1 a
10%. A amostra representativa da população da AFR foi composta de extratos obtidos das três
categorias de usuários, conforme os seguintes quantitativos: 50 pacientes, 25 acompanhantes e
53 profissionais, ouvidos através de questionários, perfazendo um total de 128 indivíduos.
De acordo com a tabela de amostras casuais simples, com nível de confiança de 95,5%,
tem-se no caso da presente avaliação, com a população de 3.495 indivíduos, e o tamanho total
da amostra de 128 indivíduos, uma
margem de erro de aproximadamente 8,8%, o que é
considerado razoável no âmbito da APO (ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992).
Segundo informações da AFR, os pacientes são atendidos semanalmente, em um total
aproximado de 500 pacientes atendidos a cada semana. Optamos por aplicar os questionários em
10% destes indivíduos,
no período de uma semana. Em relação aos acompanhantes,
consideramos a mesma proporção de 10%, sobre os 250 indivíduos estipulados em hipótese.
73
3.2.2.4 Avaliação Técnica
A avaliação técnica foi feita segundo critérios
de desempenho
que serviram como
referencial de qualidade nas análises técnicas. Esses critérios de desempenhos são originários de
normas nacionais e internacionais, indicadores qualitativos e quantitativos consagrado, códigos
de edificações e experiência profissional dos pesquisadores envolvidos na pesquisa. As áreas de
conforto ambiental foram analisadas segundo os critérios previstos nas seguintes normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): para avaliação de conforto acústico, NBR
10152 e NBR12179. Aspectos relacionados à
acessibilidade foram avaliados conforme os
parâmetros estabelecidos na NBR 9050. Esta norma visa a adequação do espaço construído e
mobiliário aos
sete
princípios do Desenho Universal, quais sejam: utilização igualitária;
flexibilidade ou adaptação às necessidades específicas dos usuários ; simplicidade de uso;
facilidade no entendimento sobre como usar; tolerância ao erro; economia de esforço físico;
dimensão adequada ao acesso, mobilidade e uso (PREISER; OSTROFF, 2001). Quanto aos
parâmetros mínimos e demais questões ligadas à adequação funcional, a Resolução de Diretoria
Colegiada RDC 50, do Ministério da Saúde. As demais questões referentes à ventilação,
iluminação, foram observadas quanto ao código de obras local e do Corpo de Bombeiros do Rio
de Janeiro. Os aspectos construtivos, de conservação e de adequação funcional foram analisados
segundo conhecimento técnico específico.
3.3 RESULTADOS E ANÁLISES DA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL
3.3.1 QUESTIONÁRIOS
•
Caracterização do Usuário
Quanto à caracterização, ou
perfil
sócio-econômico dos usuários, a seção 1 do
questionário apresentou os seguintes resultados:
74
No extrato
de pacientes predomina o número de homens, com 52% do total. Os
acompanhantes são na maioria, 72%, mulheres, em geral parentes dos pacientes. Os profissionais
são também, na grande maioria , mulheres.
85%
72%
52%48%
% de homens
28%
% de mulheres
profissionais
acompanhantes
pacientes
15%
Figura 28: Gráfico sexo por extrato
Quanto a faixa etária da população, no extrato dos profissionais predominam os jovens e,
os acompanhantes estão nas faixas de 18 a 40 ou de 40 a 65 anos. Já no extrato dos pacientes, é
maior a porcentagem na faixa de idade que vai de 40 aos 65 anos, representando 42% do total e
28% estão na faixa dos idosos.
As crianças aparecem com um percentual de
8% e os
adolescentes com 12%.
Em relação às crianças, de acordo com dados fornecidos pela AFR, em pesquisa realizada
de janeiro a dezembro de 2003, foram atendidas, pela divisão de tratamentos de Neurologia
Infantil, 500 crianças por mês, sendo que 230 eram portadoras de paralisia cerebral. No entanto,
não dispomos do número exato de crianças atendidas, portadoras de outras patologias, que
resultem em incapacidades cognitivas ou de qualquer outra natureza, que as leve à dificuldades
de expressão e comunicação. Portanto, o percentual de crianças ouvidas na presente pesquisa foi
de apenas 8% do extrato pacientes, que naturalmente se encontravam em condições para
responder às questões apresentadas. Apesar dos limites impostos por essas circunstâncias, as
demais crianças, expressaram-se através dos questionários e participaram com entusiasmo na
confecção dos mapas cognitivos.
75
faixa etária da população
pacientes
acompanhantes
mais de 65
anos
40 aos 65
anos
18 aos 40
anos
12 aos 18
anos
6 aos 12
profissionais
Figura 29: Gráfico- Faixa etária por extrato
faixa etária dos pacientes
8%
12%
28%
6 aos 12
12 aos 18 anos
10%
18 aos 40 anos
40 aos 65 anos
mais de 65 anos
42%
Figura 30: Gráfico- Faixa etária dos pacientes
O nível de escolaridade foi avaliado, excluindo-se do extrato, o número de crianças com
menos de 12 anos de idade. Idade em que completam o fundamental. Desta forma, obteve-se os
seguintes resultados: a maioria, 53% dos pacientes não tem mais que o nível fundamental,
sendo que 27% desses indivíduos tem apenas o fundamental incompleto. São 13% e 20% os
percentuais de quem tem o secundário incompleto e completo, respectivamente. Somente 14%
tem curso superior e, apenas a metade dessas pessoas o completaram.
76
7%
7%
Escolaridade-Pacientes
27%
20%
13%
26%
Fundamental
Incompleto
Fundamental
Completo
Secundário
Incompleto
Secundário
Completo
Superior
Incompleto
Superior
Completo
Figura 31: Gráfico- Escolaridade dos pacientes
•
Valoração Geral do Ambiente
As seguintes perguntas dizem respeito a avaliação geral do ambiente, ou seja ,tanto em
relação à qualidade do atendimento quanto ao conforto físico-ambiental. Estes aspectos foram
avaliados a partir das seguintes questões, ou perguntas fechadas, do questionário:
2.1 Como avalia o tempo de espera para o atendimento?
2.2 Como é o atendimento?
2.3 Gosta daqui?
Os resultados são apresentados nos gráficos abaixo:
Tempo de Espera
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
78%
64%
Pacientes
36%
Acompanhantes
14%
M.Bom
8%
Bom
0%
Razoável
0% 0%
Ruim
Figura 32: Gráfico relativo à pergunta 2.1
77
O Atendimento na AFR
70%
60%
60%
56%
44%
50%
40%
Pacientes
32%
Acompanhante
30%
20%
8%
10%
0%
0%
M.Bom
Bom
0% 0%
Razoável
Ruim
Figura 33: Gráfico relativo à pergunta 2.2
Gosta da AFR?
94%
100%
100%
80%
60%
Pacientes
40%
Acompanhantes
20%
0%
0% 0%
6%
Não
0%
Médio
Sim
Figura 34: Gráfico relativo à pergunta 2.3
Ainda na seção 2 do questionário , as perguntas abertas prosseguem da seguinte forma:
2.4 O que é bom aqui?
2.5 O que precisa mudar?
2.6 O que falta?
2.7 O que mais gosta no prédio?
78
Os resultados são observados nos gráficos abaixo:
O que é bom aqui? - Pacientes
4%
2%
18%
4%
Tudo Bom
Atendimento/Tratamento
A. Físico
Atendimento e A. Físico
NS
72%
Figura 35: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Pacientes
O que é bom aqui? Acompanhantes
4%
16%
Tudo Bom
Atendimento/ Tratamento
Atendimento/ A. Físico
80%
Figura 36 : Gráfico relativo à pergunta 2.4-Acompanhantes
O que é bom aqui? - Profissionais
8%
Atendimento em geral
25%
54%
Atendimento
Multidisciplinar
Condições de trabalho em
geral
N. respondeu/ Outros
13%
Figura 37: Gráfico relativo à pergunta 2.4-Profissionais
79
A pergunta 2.4 é uma pergunta aberta, formulada de forma a obter dos respondentes o
ponto positivo mais marcante, ou de maior relevância.
apresentados,
nos dados
a grande maioria, 72% dos pacientes entrevistados estão satisfeitos com o
atendimento que recebem.
atendimento,
Como se observa
Acrescenta-se que, 39% desse percentual
adjetivos como: educado,
atencioso
associou
à palavra
e carinhoso. Os demais associaram o
atendimento a tratamento de qualidade, eficiente ou simplesmente responderam que o melhor é
o tratamento.
É importante observar que, para a maioria destas pessoas, as características de
um tratamento humanizado1 , surgem, de maneira espontânea nas respostas. Note-se que, as
qualidades em humanização apresentadas por esses
pacientes, são associada à palavra
atendimento, quando perguntou-se, não sobre as qualidades do atendimento em si, mas sobre o
que é bom, de uma maneira geral, na instituição.
Quanto aos demais usuários, na maior parte dos casos, o atendimento surge, igualmente,
como ponto positivo. Os acompanhantes destacam o aspecto da qualidade ou eficácia profissional.
A maioria dos profissionais aposta na qualidade dos tratamento que oferecem, associando-a, às
condições de trabalho e a maneira multidisciplinar ou integrada como operam. Essa forma
integrada ou multidisciplinar de tratar o paciente, pode ser associada, igualmente à humanização,
uma vez que corresponde aos princípios humanizadores da Holística Própria, ou Totalidade do
Paciente, apresentados por J. Howard (1975).
Humanização do atendimento, segundo os
Pacientes.
Atendimento Atencioso
Atendimento Carinhoso
25%
61%
8%
6%
Atendimento Atencioso
e Carinhoso
Atendimento Bom
Figura 38: Gráfico relativo a conceitos extraídos das respostas à pergunta 2.4
1
A definição de humanização em saúde, preconizado por Jan Howard (1975) , pode ser associada às
características do tratamento da AFR, segundo o ponto de vista de seus pacientes.
80
O que precisa mudar? Pacientes
21%
Nada
43%
Conf. em Geral
Atendimento/ Gest.
15%
NS
21%
Figura 39: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Pacientes
O que precisa mudar? Acompanhantes
12%
Nada
28%
Conforto Témico
12%
Conforto Acústico
Adequação de
sanitários
Acessibilidade
8%
8%
Atendimento/
gestão
N. respondeu
24%
8%
Figura 40: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Acompanhantes
O que precisa mudar? Profissionais
conforto estético
6%
7%
7%
conforto /luz/ ventilação
conforto funcional/ dim.
24%
atendimento/gestão
38%
7%
4%
conforto funcional/
articulações
conforto em geral
outros
7%
n. resp.
Figura 41: Gráfico relativo à pergunta 2.5-Profissionais
81
O que falta?- Pacientes
20%
Tudo Bom
Conforto Térmico
42%
Conforto Geral
Atendimento/Gestão
8%
Acessibilidade
NS
18%
2%
10%
Figura 42: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Pacientes
O que falta?- Acompanhantes
nada
24%
32%
atendimento/gestão
conforto térmico
acessibilidade
12%
8%
adequação funcional
8%
n. resp.
16%
Figura 43: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Acompanhantes
O que falta?- Profissionais
11%
11%
4%
4%
4%
conforto funcional/
cobertura
limpeza
acessibilidade
conforto em geral
36%
q. adiministrativas
30%
conforto funcional/ dim.
n. resp.
Figura 44: Gráfico relativo à pergunta 2.6-Profissionais
82
Fez-se necessário, para efeito de análise, a distinção entre dois conceitos que se chamou
aqui de atendimento/gestão e
atendimento/tratamento. O primeiro diz respeito a aspectos
operacionais e administrativos, como o tempo das sessões ou opções de tratamentos e o segundo
está ligado, diretamente, ao tratamento de saúde, ou terapêutico que recebem e sua eficácia,
aliada
a abordagem
humana adotada na sua aplicação. Para os usuários, o primeiro é
considerado insatisfatório e, o segundo amplamente positivo.
Os dados apresentados demonstram que os diferentes extratos da população avaliam o
ambiente de forma diferenciada, naturalmente, em função de suas necessidades e objetivos no uso
do espaço. Em resposta às formulações abertas, de natureza negativa, ou que questionam sobre o
que não está bem no local (perguntas 2.5 e 2.6), os pacientes apresentaram um percentual de
satisfação geral em torno de 40%, porém, a maioria acusou problemas quanto à acessibilidade,
conforto térmico e, surge também, a insatisfação quanto ao tratamento/ gestão - ao pouco tempo
de duração das sessões e número de vagas para novas sessões terapêuticas.
O percentual de satisfação em relação a tudo, no caso dos acompanhantes, é menor , está
em 28%. Apresentam
descontentamento quanto ao calor excessivo nas esperas, sanitários
inadequados para cuidados com crianças e dificuldades para acessar os pavimentos superiores
transportando os pacientes.
Os próximos dados referem-se exclusivamente ao ambiente físico, em resposta a uma
formulação positiva. No caso dos pacientes e acompanhantes, os resultados demonstram um
percentual em torno de 40% de recusa à resposta, segundo eles, por não saberem responder ou
não poderem julgar isto. Uma parcela de 8% considera que,
nenhum lugar do edifício é
especialmente mais interessante. A maioria restante, divide suas preferências entre as esperas dos
setores e os demais locais de uso comum.
Os acompanhantes preferem a área da cantina e TV (
ou vão da rampa), da mesma forma que os profissionais.
83
Do Que Mais gostam no Prédio- Pacientes
Tudo
14%
Jardim/TV
8%
40%
As Esperas em geral
Área da Cantina
Jardim TV e Cantina
18%
Nada em Especial
8%
8%
4%
N Sabe responder
Figura 45: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Pacientes
Do que mais gostam no prédio- Acompanhantes
7%
Tudo
9%
Jardim/TV
As Esperas em geral
41%
12%
Área da Cantina
Jardim TV e Cantina
Nada em Especial
14%
N Sabe responder
12%
5%
Figura 46: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Acompanhantes
Do que mais gostam no prédio - Profissionais
Tudo
2%
7%
4%
Refeitório
22%
Jardim TV e Cantina
34%
Próprio setor
N Sabe responder
31%
Outros
Figura 47: Gráfico relativo à pergunta 2.7 - Profissionais
84
A questão 2.8, foi formulada de acordo com a técnica do ‘Wish Poem”1, apresentou
dados que revelam resultados diferenciados dos obtidos através das outras técnicas apresentadas
acima. Um primeiro ponto a se observar-se foi uma redução de 10%, no caso dos usuários
pacientes, no percentual de satisfação total, ou ausência de críticas e das respostas do tipo: não
sei ou não sei responder. Quando perguntou-se, nas formulações abertas, acerca do que falta ou
precisa ser mudado no ambiente da instituição, mais de 40% afirmou que nada estava faltando ou
deveria mudar e, mais de 20% não sabia informar.
Diante da formulação “Wish Poem”, os
dados revelam uma maior participação nas respostas e um maior grau de insatisfação em geral.
Para os pacientes e acompanhantes, surgem necessidades como o conforto estético e térmico. A
distância
da AFR às suas residências aparece como incômodo, haja visto que, grande parte
destes usuários, estão vindo de outros municípios.
Ao responderem a essa formulação, os acompanhantes revelam, mais espontaneidade e
abertura ao demonstrarem suas críticas e aspirações. Os valores relativos à insatisfação sob o
ponto de vista do calor, sobem para 44%, quase dobram, se comparados com os 24% em
resposta à questão -O que precisa mudar?. Os problemas ligados a atendimento/gestão ocorrem
em menor proporçãoe passam a demonstrar o desejo de mais distrações ou amenidades durante o
tempo em que aguardam além de uma estética mais acurada. Em igual proporção, gostariam, da
mesma forma que os pacientes, que suas casas fossem mais próximas daquele local.
Em resposta à referida formulação, os profissionais demonstraram um percentual de
insatisfação de 43%, quanto à aspectos funcionais em seus setores terapêuticos. Solicitaram,
sobretudo, maiores dimensões e demais adequações funcionais para alcançarem mais qualidade
nos serviços que prestam. Surge aqui a necessidades de mais reconhecimento e valorização, que
associam a mais recursos, sobretudo sob o ponto de vista externo. De maneira oposta ao que
ocorreu com os pacientes e acompanhantes, o percentual de abstinência aumentou neste caso.
Note-se que, tratando-se de profissionais, os questionários não foram aplicados pessoalmente,
conforme a metodologia descrita na Descrição do Método. Por esse motivo, supõe-se que a
1
A técnica do “Wish Poem” foi desenvolvida por Henry Sanoff ( s/d).
http//www.edfacilities.org/pubs/sanoffasses.pdf
85
aplicação indireta do “Wish Poem” não seja adequada, porém, não encontrou-se na literatura
nenhuma referência à esse respeito, na forma de contra-indicação.
Eu Gostaria que a AFR fosse...
Pacientes
Como ela é Hoje
Mais Fresca
10%
6%
Esteticamente Melhor
30%
C/ Melhor
Atendimento/Gestão
Melhor
Acessib./Circulação
Mais Perto de Casa
20%
12%
16%
6%
NS
Figura 48: Gráfico relativo à questão 2.8 - Profissionais
Eu gostaria que a AFR fosse....
Acompanhantes
Mais fresca
20%
44%
12%
12%
C/ Mais Distrações
Esteticamente Melhor
Mais Perto de Casa
12%
N. resp.
Figura 49: Gráfico relativo à questão 2.8 - Acompanhantes
Eu gostaria que a AFR fosse....
Profissionais
13%
43%
Maior
Mais Reconhecida
35%
C/ Mais Recursos
9%
N. resp.
Figura 50: Gráfico relativo à questão 2.8 - Profissionais
86
Na sessão 2 do questionário destinado aos profissionais, acrescentou-se duas perguntas :
O que é atendimento Humanizado? e
humanização? Como?
O ambiente físico pode
ajudar no sentido da
Os resultados demonstrados no gráfico abaixo revelam que os
profissionais da AFR apresentam, com clareza o conhecimento do que vem a ser humanização do
atendimento em saúde. Os referidos princípios de humanização, segundo J. Howard (1979).
Excetuando os 9% que não responderam, a grande maioria, 91% dos profissionais, mencionou a
importância de tratar o paciente como um todo, revelando uma concepção
holística na
abordagem terapêutica ou como uma supervisora mencionou que a humanização do atendimento
está ligada ao “olhar escuta”( ver resultados das
entrevistas), numa
postura claramente
empática. Outros princípios de humanização estavam presentes nas respostas como a igualdade,
afetos positivos e, sobretudo o respeito.
O que é Atendimento Humanizado?
Profissionais
9%
Respeito
6%
4%
Visão Holística
39%
11%
Empatia
Afetos Positivos
31%
Igualdade
N. resp.
Figura 51: Gráfico relativo ao conceito de humanização- O que é atendimento Humanizado? -Profissionais
Quanto à
segunda pergunta,
os dados mostraram um resultado interessante para a
pesquisa, tanto sob o aspecto da humanização do ambiente físico quanto ao seu potencial
terapêutico. Ao perguntarmos se, para os profissionais , o ambiente físico poderia ajudar na
humanização do atendimento e de que maneira isto poderia ocorrer, as respostas acabaram por
revelar que 20% dos profissionais considera que o ambiente físico auxilia na humanização do
atendimento na medida em que possa
facilitar, ou tornar mais confortável,
a execução das
87
funções terapêuticas. O que resultaria em mais qualidade no atendimento. No entanto, os
mesmos resultados revelam que, a maior parte dos profissionais, 56%, acredita que o espaço
pode ajudar no sentido da humanização, na medida em que possa propiciar, bem estar, alívio do
incômodo, acolhimento, tranqüilidade, motivação, auxílio na reorganização interna do paciente,
socialização, entre outras satisfações de necessidades desta natureza.
Note-se aqui a forte
evidência terapêutica do ambiente físico. Não só por propiciar que o tratamento aconteça mas,
contribuindo com atributos próprios, que geram outras funções extra atividades de tratamento que
são de grande importância na promoção da saúde, naquele contexto.
Os dados apresentados, demonstram a ampla compreensão do conceito de humanização que
aqueles profissionais detêm e como a transferem para um possível espaço humanizado. Para eles
o ambiente físico é capaz de favorecer o tratamento humanizado porque pode suprir exigências
ou necessidades dos pacientes que dizem respeito aos princípios de humanização em saúde.
Para os Profissionais, O Espaço Humanizado supre as seguintes
necessidades:
Aconchego
Harmonia
7%
Bem Estar
7%
24%
Alegria
Tranquilidade
Motivação
20%
6%
Socialização
Atenuação do incômodo
Auxílo na Organização interna do paciente
9%
4%
2%
6%
2%
9%
4%
Inclusão
Qualidade do atendimento
N. Resp.
Figura 52: Gráfico relativo à pergunta dirigida aos profissionais: O ambiente físico pode ajudar no sentido da
humanização? Como?
88
•
Valoração por Ambientes
Quanto à valoração dos aspectos físicos dos ambientes de espera , é importante considerar
que estão situados, conforme pode-se verificar na Descrição do Objeto,
em locais que
apresentam características diferentes em se tratando de iluminação e ventilação, também o ruído.
É sentido de forma diferenciada em função da conformação física daqueles ambientes.
Em relação
à iluminação, tanto natural quanto artificial, a avaliação dos pacientes é
positiva, 65% se diz satisfeito com a iluminação. No caso dos acompanhantes ela é muito boa
para 40% e boa para 44% deles.
Iluminação / Pacientes
0%
0%
15%
M. Bom
20%
Bom
Razoável
Ruim
Péssimo
65%
Figura 53: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Pacientes
Iluminação / Acompanhantes
0%
16%
0%
40%
M. Bom
Bom
Razoável
Ruim
44%
Péssimo
Figura 54: Gráfico relativo à valoração física do ambiente-Iluminação-Acompanhantes
89
A ventilação dos ambientes de espera é considerada boa pela maioria dos pacientes e
acompanhantes, 57% e 60%, respectivamente, sendo que 16% destes últimos consideram-na
ruim.
Ventilação / Pacientes
0%
3%
10%
M. Bom
30%
Bom
Razoável
Ruim
57%
Péssimo
Figura 55: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Pacientes
Ventilação/ Acompanhante
16%
0% 12%
M. Bom
Bom
12%
Razoável
Ruim
Péssimo
60%
Figura 56 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Ventilação-Acompanhantes
90
Como se vê nos resultados apresentados, este é um aspecto dos ambientes de espera que
gera grande desconforto. Os percentuais de 23% de pacientes e 36% de acompanhantes avaliam
o conforto térmico das esperas como péssimo, 18% dos pacientes e 24% dos acompanhantes
consideram que é ruim.
Conf.Térmico / Pacientes
0%
23%
27%
M. Bom
Bom
Razoável
Ruim
18%
Péssimo
32%
Figura 57 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Pacientes
Conf.Térmico/ Acompanhantes
0%
12%
M. Bom
Bom
36%
Razoável
28%
Ruim
Péssimo
24%
Figura 58 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Térmico-Acompanhantes
91
Quanto ao conforto acústico, os resultados demonstram que a maioria dos pacientes e, grande
parte dos acompanhantes está satisfeita, 57% e 48%, respectivamente.
Porém, como pode-se
observar nos dados apresentados, há uma margem razoável de insatisfação: 22% de razoável,
10% de ruim e 3% de péssimo, para os pacientes e 8% razoável, 32% ruim e 8% péssimo, no
caso dos acompanhantes.
Conf.Acústico /Pacientes
10%
3% 8%
M. Bom
Bom
22%
Razoável
Ruim
57%
Péssimo
Figura 59: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Pacientes
Conf.Acústico/ Acompanhantes
8%
4%
M. Bom
Bom
32%
Razoável
48%
Ruim
Péssimo
8%
Figura 60 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto Acústico-Acompanhantes
Estes resultados divergentes, provavelmente
ao fato de que os locais de espera são
diferentes em localização, dimensão e fluxos de circulação, embora os materiais de revestimento
92
sejam os mesmos. O
desconforto sonoro representado nestes resultados confirma-se nos
resultados das medições acústicas efetuados nos ambientes de espera. Estes resultados
demonstram que nas esperas do Térreo, os níveis de som são maiores que no pavimento superior.
No segundo caso, encontram-se ambientes sem abertura para o exterior e, portanto, a fonte de
ruído é, basicamente
a conversação entre os ocupantes. No Térreo, é grande o acúmulo de
pessoas que se dirigem para a recepção e, muitas vezes, aguardam o seu atendimento em
pequenas filas, próximo à cantina é também grande o movimento. Estas pessoas se somam ao
montante de indivíduos que aguardam para serem atendidas pela Fisioterapia Geral, ou Ginásio,
Terapia Ocupacional, e Fonoaudiologia Neuro Infantil, entre outras. No pavimento superior, não
ocorre tanto movimento, porém, permanece a conversação.
Os resultados apresentados para o item jardins e distrações demonstra igual divergência nos
dados, cujos motivos pode-se atribuir a questões semelhantes às do item anterior, ou seja ,
localização e características diversificadas.
A espera da Fisioterapia ou Ginásio localiza-se
próximo à recepção e sala de TV, no Térreo. As esperas da Massoterapia e Eletroterapia estão
situadas no pavimento superior, no corredor interno, sem iluminação natural e vistas para a área
descoberta central. Parte dos usuários está satisfeita , a maioria dos pacientes e acompanhantes
considera bom ou muito bom o aspecto das distrações ou amenidades dos ambientes de espera,
porém, mais de 30% destes usuários consideram este mesmo item, ruim ou péssimo.
Jardim/Outras Distrações / Pacientes
25%
18%
M. Bom
Bom
Razoável
5%
18%
Ruim
34%
Péssimo
Figura 61 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Pacientes
93
Jardim/Outras Distrações/ Acompanhantes
20%
24%
M. Bom
Bom
Razoável
Ruim
16%
28%
Péssimo
12%
Figura 62 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Jardim e Outras Distrações-Acompanhantes
Os valores relativos à satisfação dos usuários do ponto de vista das cores dos ambientes
de espera e conforto do mobiliário existentes nestes locai, revelam que mais de 65% dos
pacientes e acompanhantes consideram-se satisfeitos, e uma faixa em torno de 20% os considera
razoáveis.
Cores do Ambiente/ Pacientes
10%
3%
M. Bom
Bom
20%
Razoável
Ruim
67%
Péssimo
Figura 63: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes-Pacientes
94
Cores do Ambiente/ Acompanhantes
4% 4% 4%
M. Bom
20%
Bom
Razoável
Ruim
Péssimo
68%
Figura 64 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Cores dos Ambientes - Acompanhantes
Conforto dos Móveis /Pacientes
0%
8%
3%
M. Bom
Bom
22%
Razoável
Ruim
67%
Péssimo
Figura 65: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário - Pacientes
Conforto dos Móveis/ Acompanhantes
0%
12%
0%
M. Bom
Bom
16%
Razoável
Ruim
Péssimo
72%
Figura 66 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Conforto do Mobiliário - Acompanhantes
95
Quanto aos aspectos de limpeza e conservação dos ambientes de espera, a grande maioria
dos pacientes, 78% considera a limpeza boa e 13% muito boa. No entanto os acompanhantes
apresentam um percentual de 36% de satisfação média quanto à este aspecto.
A conservação geral do ambiente é também avaliada satisfatoriamente, porém os percentuais
médios crescem com relação à estes aspectos, 43% dos pacientes e 36% dos acompanhantes
considera razoável a conservação geral daqueles ambientes.
Limpeza / Pacientes
0%
0%
13%
13%
M. Bom
Bom
Razoável
Ruim
Péssimo
74%
Figura 67 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza - Pacientes
Limpeza/0%
Acompanhantes
0%
8%
M. Bom
36%
Bom
Razoável
Ruim
Péssimo
56%
Figura 68 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Limpeza - Acompanhantes
96
Conservação /Pacientes
0%
10%
0%
M. Bom
47%
43%
Bom
Razoável
Ruim
Péssimo
Figura 69 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação - Pacientes
Conservação/ Acompanhantes
0%
4%
4%
M. Bom
Bom
36%
Razoável
Ruim
56%
Péssimo
Figura 70 : Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Conservação - Acompanhantes
Quanto ao aspecto da orientação dos usuários através dos dispositivos de comunicação
visual, que se resumem basicamente em placas indicativas nas portas das salas e algumas nas
esperas dos setores, os dados demonstram satisfação. A grande maioria dos pacientes e
acompanhantes considera boa a orientação visual e 19% e 36% dos pacientes e acompanhantes a
consideram apenas razoável. Muitos dos entrevistados comentaram que a orientação verbal,
fornecida na recepção os auxiliou bastante, no início dos tratamentos quanto a localização dos
locais de destino.
97
Orientação/Com. visual /Pacientes
3%
3%
3%
19%
M. Bom
Bom
Razoável
Ruim
72%
Péssimo
Figura 71: Gráfico relativo a valoração física do ambiente- Orientação Espacial/Comunicação visual - Pacientes
Orientação/Com. visual/ Acompanhantes
0%
0%
4%
M. Bom
36%
Bom
Razoável
Ruim
60%
Péssimo
Figura 72: Gráfico relativo a valoração física do ambiente-Orientação Espacial/Comunicação visual
Acompanhantes
-
98
3.3.2 MAPAS COGNITIVOS
As imagens coletadas através dos Mapas Cognitivos, junto aos pacientes, bem como as
observações e inferências pertinentes à sua análise estão apresentados a seguir. Com o objetivo
de facilitar a análise de posterior exposição dos
resultados, definiu-se três categorias de
pacientes, conforme a sua faixa etária.
•
Criança 1
Trata-se de uma menina de 9 anos, em tratamento no setor de fonoaudiologia, há 1 ano.
A criança, a partir dos sete
ou oito anos, vivencia o mundo
de
maneira
percepção
vívida.
sensorial
é
Sua
mais
aguçada. Os aspectos ligados à
aprendizagem e hábitos não
estão bastante enraizados mas ,
no entanto,
já é capaz de
conceituar o espaço de maneira
semelhante ao adulto, segundo
as suas diversas dimensões :
cores, formas, etc.1, pode vê-lo
como segmento da realidade. O
mapa
cognitivo
apresentado
(Figura 73.Criança1) demonstra
que a criança atribúi importância
Figura 73: Mapa Cognitivo – Criança 1
1
De acordo com a definição de Yi-fu Tuan em Topofilia (1980, pág. 65) quanto à percepção infantil do
ambiente.
99
positiva ao ambiente da instituição, em especial à área da cantina. Seu desenho descreve este
local através da imagem soridente do vendedor, um dos bancos. Conforme uma vista ou
“fachada”, indicando as portas, uma delas do sanitário e, o gradil imediatamente acima, no
pavimento superior, onde localiza-se a sala da Fonoaudiologia. É neste setor que a criança é
tratada. Ela agrupou no desenho, a espera do setor que frequenta e a área da cantina,
associados à cores alegres e rosto simpático, demonstrando satisfação geral quanto à estes locais.
Quando questionou-se acerca do que poderia ser melhor naquele lugar, a resposta foi: “ As
cores, gostaria que fosse mais colorida”
•
Criança 2
O Mapa Cognitivo, abaixo, foi elaborado por um menino de 9 anos. Faz tratamento,
há 3 anos, nos setores de Fonoaudiologia, Psicologia e Fisioterapia.
A imagem do espaço da instituição,
reperesentada no desenho da criança 2,
apresenta um edifício colorido onde se
lê o nome da instituição. As cores vivas,
não correspondentes às reais, associadas à
imagens de flores,
induzem à uma
avaliação positiva do ambiente.
Ainda de acordo com Tuan (1980), a
percepção
da
criança
demonstra
a
vitalidade dos sentidos própria da faixa
etária e a capacidade de identificar
dimensões ou conceitos, próxima à do
adulto. A associação da imagem
Figura 74 : Mapa Cognitivo – Criança 2
representada no Mapa Cognitivo da criança 2, com a fachada real do edifício revela distância e,
acaba por
revelar
subjetividade, de forte conteúdo imaginário. Segundo uma abordagem
fenomenológica da imagem, a linguagem do desenho, usada para referir-se ao ambiente é
100
próxima da poética e, para Gaston Bachelard (1988)1, a imagem poética tem uma dinâmica
que aproxima-se de uma ontologia direta.
•
Criança 3
O Mapa abaixo foi feito por uma menina de 8 anos , paciente nda fonoaudiologia há um ano
e meio.
Segundo Gustave- N. Fischer (1981)2, o mapa
cognitivo ou mental, revela a importância que atribui-se
aos diferentes elementos do ambiente. A percepção do
ambiente da instituição, apresentada no Mapa Cognitivo
elaborado pela Criança 3, revela claramente que ela tem a
imagem externa do edifício fortemente constituída em sua
estrutura mental. Associa-se aqui o conceito de qualidade
de imagem ambiental que Kevin Lynch (1960)3 chamou
de identidade. Nesta abordagem, o edifício distingue-se
por sua estrutura e
elementos diferenciados mas,
igualmente por seu significado prático e mocional.
Figura 75 : Mapa Cognitivo-Criança 3
A foto da fachada, ao lado, serve como referência para
análise.
No desenho, a reconstrução da imagem da
fachada, tem forte relação com o real, porém com
conteúdo imaginário. Observe-se que esta criança fez
o mapa em menos de 15 minutos, pela exigência do
horário para a sessão. As outras levaram cerca de meia
hora a 40 minutos. Talvés por este motivo as cores não
estejam presentes no desenho.
Figura 20: Fachada atual.
Fonte :Pesquisa, 2005.
1
2
3
Em A Poética do Espaço, Gaston Bachelard ( 1988 ), faz um estudo fenomenológico dos valores do espaço.
Gustave-N. Fischer , Psicologia social do Ambiente( 1981 pgs 74, 75).
Kevin Lynch define o conceito de identity em The Image of the City (1960, pg. 8).
101
•
Adolescente 1
Este adolescente faz tratamento junto ao setor de Correção Postura. Os resultados
apresentados nos Mapas do Adolescente 1, representam a instituição hoje e, abaixo a situação
ideal para ele. Mostrou-se satisfeito com o atendimento e ambiente, em geral da AFR, mas
gostaria que fosse mais fácil conseguir vagas para novas sessões de tratamento e considera a
instituição distante de sua residência. O segundo desenho mostra dois edifícios com vários
pavimentos
Figura 76: Mapa Cognitivo- Adolescente 1-
Figura 77 : Mapa cognitivo- Adolescente 1-
o espaço como é hoje
situação ideal
•
Adolescente 2
A Adolescente 2 está em tratamento na instituição, há quatro anos,
recuperando-se de um grave acidente, que deixou
seqüêlas ortopédicas.
Psicologia,
Fisioterapia
É atendina nos setores de
e
Terapia
Ocupacional.
Mostrou-se mais disposta à escrever que desenhar e,
ao desenho acrescentou o seguinte texto: “ A AFR é
uma instituição boa, o atendimento é bom e as pessoas
são compreensivas eu gosto muito daqui....todos os
funcionários são legais.”
Figura 78: Mapa Cognitivo -Adolescente 2
102
Os Mapas Cognitivos relacionados abaixo, foram selecionados dos que foram elaborados
durante a
sessão de terapia de grupo (com tempo de duração de 30 minutos), do Setor de
Terapia Ocupacional da AFR . São portadores de sequelas decorrentes de Acidente Vascular
Cerebral, demonstrando, em graus diferentes , dificuldades em áreas como a fala, coordenação
motora , entre outras.
•
Adulto 1
Os mapa Cognitivo abaixo foi elaborado por uma senhora de de mais de 65 anos , em
tratamento na instituição há dos anos. Apresentava dificuldades para falar e escrever, no entanto
foi capaz de expressar-se de maneira clara , através de
representação não verbal, quando
solicitado que representasse, através de um desenho, a instituição e o que pensava e sentia sobre
Figura 79: Mapa Cognitivo - Adulto 1, Desenho feito pela senhora Adulto 1 revelando suas impressões
acerca do lugar.
103
•
Adulto 2
Este senhor está, igualmente, em tratamento há dois anos. Refere-se , no desenho, ao
ambiente da Terapia Ocupacional (TO), como a vê atualmente. e como ele gostaria que fosse.
Comentou, com certa dificuldade na articulação das palavras, que
os boxes da TO eram
desconfortáveis por serem muito pequenos. O desenho da situação desejada revela um ambiente
mais amplo, 2 vezes maior.
Figura 80: Mapa Cognitivo- Adulto 2- situação atual
Figura 81: Mapa Cognitivo- Adulto 2-situação
desejada
•
Adulto 3
Os desenhos abaixo foram elaborados pela senhora Adulto 3, que apresentava grande
dificuldade na área da fala e coordenação motora. Porém , expressou através de dois desenhos, a
sua visão da instituição hoje e como ela gostaria que fosse, em uma situação ideal.
Figura 82: Mapa Cognitivo- Adulto 3-situação atual
Figura 83: Mapa Cognitivo- Adulto 3- conforme seu ideal
de ambiente
104
3.3.3
RESULTADOS E ANÁLISES DAS ENTREVISTAS COM SUPERVISORES
Apresentamos, a seguir, as análises das entrevistas
AFR
aplicadas à dez especialistas da
Foram ouvidos os principais setores da Instituição, quais sejam: Fisioterapia Geral,
Fisioterapia Neuro-Infantil, Psicologia Geral, Psicologia Neuro-Infantil, Fonaudiologia , Terapia
Ocupacional, Serviço Social, Órteses e Próteses, Eletroterapia e Pedagogia.
Recapitulando os objetivos das entrevistas temos que: A primeira questão colheu a
descrição sumária das características de cada um das dez especialidades em reabilitação e a
visão daquele profissional acerca das necessidades dos pacientes. Lembramos que o objetivo,
neste ponto da entrevista, é o de conhecer um pouco das especialidades e suas metas gerais de
tratamento e, ao mesmo tempo, ter um idéia das exigências dos pacientes sob a ótica de seus
terapeutas. A segunda questão pretende verificar a atitude, a afinidade do profissional
quanto
aos parâmetros de humanização já citados. Na terceira questão, verifica-se se e em que graus
atribuem importância às trocas sociais para a recuperação das pessoas. A quarta questão visa
a obter do profissional que, na maioria dos casos, está na instituição há vários anos, o relato de
suas observações e experiências quanto à relação daquele ambiente físico com as vivências
sociais que abriga. As questões cinco e seis deslocam o foco para a constituição física do
ambiente, a adequabilidade de seu setor quanto às exigências técnicas, operacionais de sua
especialidade, bem como suas expectativas sobre seu aprimoramento e ideal de espaço para o
edifício de uma maneira geral.
O primeiro ponto evidenciado pelos terapeutas foi o da necessidade de acolhimento, de
sentimentos positivos, demonstrada, de uma forma geral, pelos pacientes. Em especial, aqueles
que, por algum motivo, tiveram perdas graves e significativas. Segundo a visão da maioria dos
especialistas avaliados, apresentam-se fragilizados mediante
seu problema e, demonstram
grande necessidade de conforto para a sua dor moral, de atenção acolhedora, afetuosa e,
é
necessário atendê-los neste sentido, para que se chegue a resultados terapêuticos positivos.
Ademais de, estas pessoas apresentam-se estressadas com o que vivenciam e podem, em
decorrências deste estresse, apresentar doenças psico-somáticas, agravando seu quadro geral.
105
O segundo aspecto destacado foi o da necessidade de convívio social. Neste sentido, são
diversos os benefícios observados. Segundo a Psicologia Geral da casa, é recomendável que haja
trocas de experiências, sobretudo vivências de superação das dificuldades e de obstáculos que
encontraram no decorrer do tratamento. Acrescenta que, estes problemas são superados de
maneira diferenciada, conforme a história de vida dos pacientes. Os que têm maiores recursos
afetivos e/ ou já passaram por determinada etapa do tratamento e obtiveram êxito, apóiam e
motivam os outros, isto afeta seu ânimo e, em conseqüência, estimula a sua recuperação.
A visão dos terapeutas que tratam das crianças com comprometimentos neurológicos é de
especial importância para a pesquisa. Estes profissionais constituem-se, na maioria dos casos
juntamente com os acompanhantes, em porta-vozes das necessidades destas crianças.
acordo com eles, são crianças que precisam, sobretudo,
De
de estímulos positivos. Recebem
tratamento de forma individualizada, o que exige muito da performance do ambiente interno do
setor. Estes ambientes têm que ser prazerosos, estimulantes e, ao mesmo tempo harmoniosos e
repousantes. Por outro lado, estas crianças, em contato com as outras aprende por observação,
sendo indicado que possam estar em contato, em atividades lúdicas como nas que estimulam a
psicomotricidade.
Outro aspecto relatado por eles diz respeito à importância que tem para estas crianças a
aceitação, por parte dos grupos aos quais pertence. A necessidade de inclusão começa junto à
própria família e extrapola para o grupo social, no local onde mora, na escola, etc. Conforme
relatado em entrevista junto ao Setor de Psicologia, pacientes que foram integrados em seu
grupo familiar e social mostram-se em melhores condições que outros que receberam mais
influência
de tratamentos terapêuticos,
mas não foram tão bem aceitos socialmente (
1
MASLOW ,apud VERDERBER & FINE, 2000).
De uma maneira geral, os terapeutas destacam o mérito do desenvolvimento do paciente
no sentido de uma maior autonomia, a mais abrangente possível, na realização de suas funções.
1
A necessidade de pertencimento é analisada por MASLOW, Abraham. Em Toward a Psychology of Being
(1968).
106
Sob o enfoque da Terapia Ocupacional, uma das principais necessidades dos pacientes é a do
resgate da independência que perderam com o surgimento da patologia.
Quanto aos aspectos da humanização do atendimento1, os terapeutas demonstraram
através de suas respostas, profunda afinidade com estes conceitos. O respeito aos pacientes é
observado em vários níveis traduzindo-se na preocupação com seu bem estar geral, incluindo os
aspectos psico-sociais. A abordagem terapêutica da instituição traduz-se em uma estrutura que
possibilita o atendimento de maneira multidisciplinar, uma vez que as equipes de terapeutas
estão em contato permanente para a avaliação de pacientes. Sua proposta é analisar os casos
sob o enfoque das diversas especialidades, desta maneira, tanto os aspectos físicos quanto
psicológicos e sociais são observados, resultando em um atendimento de fundamento holístico,
perfeitamente de acordo com os princípios de humanização, anteriormente explicitados.
Conforme os resultados das entrevistas, humanização do atendimento é, para aqueles
profissionais, além de um atendimento com condições físicas dignas para gerar um bom serviço,
responsável e respeitoso, ter um olhar de compreensão, que muitas vezes exige paciência e
perseverança. Olhar “através da patologia”, ou “Olhar Escuta”, observando o que está por trás
do diagnóstico fornecido pelo médico que o encaminhou.
Quanto à relação entre o ambiente físico da instituição e a promoção da saúde, em
especial, os espaços de uso comum ou gregários, os terapeutas foram unânimes em afirmar
que sua importância é bastante significativa. De acordo com as entrevistas, isto se deve,
principalmente,
ao fato de serem locais de convívio e, portanto, de trocas sociais entre os
ocupantes- pacientes, acompanhantes e profissionais. Trata-se de lugares de grande força
terapêutica, pelos motivos relacionados a seguir:
De uma maneira direta, estes espaços servem para
uso terapêutico por parte dos
fisioterapeutas. Especialmente no caso dos pacientes em reabilitação do aparelho locomotor, para
que se habituem ao uso das órteses e próteses, bem como o das cadeiras, incluem treinamentos
nestes locais. Isto se dá em razão de encontram-se estímulos- pessoas passando, conversando,
1
HOWARD, Jan & STRAUSS, Anselm, Humanization Health Care. John Willey and Sons, NY, 1975.
107
escadas e rampas para serem vencidas nestes ambientes. São desafios que exigem do paciente o
desenvolvimento de determinadas funções e mecanismos, de maneira bem próxima ao que eles
encontrarão ao retornarem às suas tarefas cotidianas. Estes espaços permitem intermediar a sala
de terapia e o ambiente externo, como exercício de simulação.
Ainda no caso de função terapêutica direta, de acordo com as entrevistas, a cantina, ou
“Praça da Cantina”, conforme mencionou um profissional ao referir-se àquele lugar, é comum ser
usada para que os pais ou responsáveis exercitem suas crianças, em tratamento no setor de
Neuro-Infantil, no deslocamento e compra do lanche.
É um local que possibilita
a tanto a observação dos pacientes movimentando-se,
interagindo com os outros, etc., quanto à intervenção do profissional, para uma orientação de
qualquer natureza, quando julga necessário, adequado ou conveniente. Naturalmente, se houver
oportunidade para a abordagem, já que não se trata de uma sessão terapêutica. Segundo alguns
supervisores essa
é uma prática comum e tem demonstrado
resultados positivos. A
informalidade do ambiente facilita a “entrada” do profissional, como por exemplo, mães que se
recusam a participar de sessões de psicoterapia indicadas pelos profissionais. Uma conversa
informal nestes locais pode trazê-las para a terapia.
Esses locais de uso comum propiciam as trocas entre os acompanhantes, durante os
períodos das sessões, que podem somar horas. São momentos em que há trocas de experiências,
informações e sentimentos, que vão resultar, através do fortalecimento afetivo deste
acompanhante, em benefícios para o próprio paciente.
Outra possibilidade de troca, talvez a mais importante, que estes ambientes propiciam, é a
interação entre os pacientes. Eles ajudam-se entre si com manifestações de apoio, trocando
informações e experiências de superação. Sente-se reconfortados aceitos e valorizados em razão
destas vivências.
No que tange à edequação do espaço de seus setores às funções que desempenham, estes
profissionais , na sua maioria, demonstram insatisfação. Sobretudo quando à dimensão de seus
108
ambientes de trabalho e a acessibilidade no edifício como um todo. Quando perguntou-se sobre
seu ideal de ambiente, apresentaram o desejo de mais conforto,tanto físico quanto estético.
O conforto acústico aparece como uma dificuldade,sobretudo no que tange à trasmissão do som
das esperas da Masso Terapia e Eletroterapia , para o interior das salas de tratamento. O calor
não aparece como problema, uma vez que, em quase todas estas salas estão instalados aparelhos
de ar condicionado.
3.4
ANÁLISES E RESULTADOS DA AVALIAÇÃO TÉCNICA
Utilizou-se uma metodologia de comparação entre as especificações de algumas normas
e o que existe no local. Porém, vale a ressalva, que o edifício foi construído em etapas, sem a
orientação de projetos de arquitetura e, ainda que, o que foi construído, precede as normas em
questão. As normas consultadas foram: NBR 9050/ 1985 – Acessibilidade de pessoas portadoras
de deficiências a edificações, espaço mobiliário e equipamento urbano; NBR 10152/ 1978Níveis de Ruído para Conforto Acústico; NBR 12179/1992- Tratamento Acústico em Recintos
Fechados; NBR 5413/1992-Iluminação de Interiores; ANVISA/ RDC 50/20021. Esta última
dispõe sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação
de Projetos Físicos de Estabelecimentos de Saúde.
3.4.1 CONFORTO AMBIENTAL
O conforto ambiental do edifício da AFR foi avaliado quanto ao conforto acústico, as
condições de ventilação, iluminação e conforto térmico.
1
http://www.anvisa.gov.br / Inclui as alterações contidas nas Resoluções RDC 307 /2002 e RDC 189/2003. acessado
em 10-06-2005.
109
3.4.1.1 Conforto Acústico
O desconforto quanto ao barulho nas esperas foi uma das insatisfações apresentada pelos
usuários.
As esperas estão localizadas no interior do edifício, não existindo, portanto, a
influência de ruídos externos, como o do trânsito de veículos. Observou-se
que havia
desconforto, sobretudo nos horários de maior movimento. Nestes locais, as pessoas aguardam
em silêncio ou conversam em volume moderado.
Nas esperas
do Pavimento Térreo, junto à recepção,
percebe-se, claramente,
um
desconforto acústico maior. Há o movimento das pessoas que se dirigem à recepção, muitas
vezes, aguardando em pequenas filas entorno do balcão de atendimento. Existe um aparelho de
TV, instalado neste local que nem sempre está ligado. Trata-se de uma área parcialmente
fechada e relativamente ampla, com 449,50 m³. As superfícies são constituídas de materiais
Com coeficiente de absorção sonora muito baixa, o que resulta em alto índice de reverberação-o
teto é de laje de concreto pintada, as paredes de alvenaria com pintura sobre massa corrida e o
piso é revestido cerâmica.
Avaliou-se acusticamente os níveis de pressão sonora os valores de tempo de
reverberação ideais para ambientes fechados de acordo com a NBR 10152/1987 (Níveis de
Ruído para Conforto Acústico). Procedemos com medições in loco, nos locais de espera que
estão localizadas nos Pavimentos Térreo e Primeiro. Em horários de funcionamento normal para
a medição de pressão sonora e, fora de expediente, para verificar o tempo de reverberação. Esta
última medição foi feita somente no Térreo, local mais amplo, com maiores superfícies de
reflexão sonora e, portanto, apresentando maior problema neste sentido.
Os instrumentos utilizados foram: Pressão sonora: Decibilímetro-MINIPA. modelo MSL1352C. Calibrado em 14-04-2004. Certificado de Calibração n° CF0357AU4.
Tempo de Reverberação: Audiotoolbox1-TERRASONDE-made in USA-serial: OB651ACD.
Pode-se observar o resultado das
medições encontradas na tabela “Medições de Nível de
Ruído-AFR” e os locais onde foram feitas as medições estão assinalados nas plantas do Térreo
1
http:// audiotoolbox.us/
110
e 1° Pavimento. Os resultados encontrados, dos níveis de pressão sonora, foram obtidos através
de estatística descritiva, para valores mínimos e máximos, com base na NBR 10152/1987 (Níveis
de Ruído para Conforto Acústico). Para o tempo de reverberação foi utilizado como referencial
teórico a NBR 12 179/ 1992 ( Tratamento Acústico em Recintos Fechados).
Efetuou-se duas
medições da pressão sonora nas esperas do pavimento Térreo. A
primeira, próxima à recepção, a segunda em frente à Fisioterapia Geral ou Ginásio. Registrouse os seguintes valores médios, em dB(A), mínimos e máximos: 1ª verificação 70 e 80 dB(A), 2ª
medição 69 e 74 dB(A). Na 3ª medição, feita próximo à cantina, temos 70 e 75 dB(A). No
pavimento superior fez-se as medições nas esperas da Eletroterapia e da Fonoaudiologia Geral.
Registraram para a 3ª, 61 e 71 dB(A) e para a 4ª, 64 e 69 dB(A). São valores que ultrapassam
os níveis recomendados
para ambientes hospitalares, pela ABNT (1987), baseados na WHO
(1980), que estão entre 35 a 45 dB(A). Segundo a OMS1, acima de 50 dB (A) o conforto auditivo
é prejudicado o que gera estresse nos ocupantes do ambiente.
A interferência do ruído na
conversação, ou comunicação falada, especialmente nos casos de pessoas idosas, ou meia idade,
ou crianças na fase do desenvolvimento da linguagem falada e escrita. Pode ser responsável por
uma série de conseqüências como: fadiga, irritação, e diversas doenças relacionadas ao estresse.
Se o nível de ruído ultrapassa 50 db(A), as pessoas, automaticamente, forçam suas vozes para
serem ouvidas. Para que as frases sejam 100% entendidas, é necessário um grande esforço
vocal sob pressão sonora de 65 dbA.2
O tempo de reverberação que o ambiente apresenta é outro fator importante no
condicionamento acústico, Tempo de reverberação corresponde ao tempo de caimento do som de
90 para 30dB(A), ou seja, de 60dB(A). Fizemos a verificação deste tempo em dois pontos da
espera da Fisioterapia Geral, próximo à recepção. Neste local, havíamos
medições de pressão sonora,
constatado, nas
níveis sonoros mais altos e julgamos adequado verificar, também,
como o ambiente se comporta quanto ao aspecto do tempo de reverberação.
Os tempos
reverberação encontrados nas medições in loco foram: mínimo= 1.62s e Máximo= 1.70s. Para
1
2
http:// www. who.int/en/
http://www.who.int/docstore/peh/noise/comnoise-3.pdf
111
o cálculo do tempo de reverberação foi utilizada a Fórmula de Sabine. Esta fórmula é empregada
quando o coeficiente médio de absorção é menor ou igual a 0, 30, a saber:
Figura 84: Fórmula de Sabine.
1.
Figura 85: Localização das medições de pressão sonora no Térreo
112
Figura 86: Localização das medições de pressão sonora no 1° Pav.
No caso em questão temos os seguintes materiais e respectivos coeficientes de absorção sonora;
teto-pintura sobre laje (0,02), paredes-pintura sobre massa corrida (0,02), piso-cerâmico (0,01).
O volume é de 449,00 m³. Temos, portanto, um tempo de reverberação, em torno de 1,7
segundo. O que indica que o tempo de caimento do nível de pressão sonora está alto, de acordo
com a norma.
Figura 87: Espera e recepção, junto ao acesso principal. Materiais de baixa absorção acústica.
Fonte: Pesquisa, 2005.
113
Outros locais
apresentam problemas concernentes à conforto acústico, trata-se
do
ambiente da Fisioterapia Geral ou Ginásio e dos Setores de Psicologia Geral e Eletroterapia/
Massoterapia.
No primeiro caso, temos condições semelhantes à espera, próxima à recepção,
que foi objeto da análise anteriormente apresentada. O ambiente tem um volume de 436,00 m³ e
as superfícies, de piso, parede e teto são revestidas dos mesmos materiais do referido ambiente.
É, portanto, provável que apresente o mesmo resultado quanto ao tempo de reverberação e
pressão sonora. No Ginásio, fonte de som é devido à conversação entre os ocupantes. O local é
vivenciado por um número grande de pacientes e profissionais e acompanhantes. Em dias de
maior movimento pode chegar a 78 pessoas ao todo, aproximadamente 1,50 m², ou 4,60 m³ por
pessoa. A conversação entre estas pessoas é constante e necessária -faz parte do tratamento. As
trocas entre elas são de grande importância durante as sessões.
Tanto as que se dão entre paciente,
terapeuta e acompanhantes quanto, entre os
próprios
pacientes
e
acompanhantes,
conforme informou a supervisora do setor,
em entrevista.
Figura 88: Ambiente do Ginásio. Acústica inadequada e conversação desejada.
Fonte: Pesquisa, 2005.
O segundo caso, envolvendo as salas de Eletroterapia, Massoterapia e Psicologia Geral,
dizem respeito, não mais a tempo de reverberação, mas à transmissão de som. Ocorre que,
nos locais de espera destes setores, contíguos a eles, os pacientes e acompanhantes conversam
bastante, como vimos nos resultados das avaliações comportamentais. Como nos
casos
anteriores, esta conversação é desejável por sua importância terapêutica. Não sendo
recomendável, portanto, que seja controlada ou reprimida. Ocorre que, para o bom resultado
dos tratamentos, no interior das salas, é importante o silêncio e,
principalmente para a
114
psicoterapia, a privacidade. Nestes locais, as vedações são de divisórias leves ( no caso da
Eletroterapia não chegam a alcançar o teto) que permitem, facilmente, a passagem do som.
3.4.1.2 Ventilação/ Iluminação/ Conforto Térmico
A avaliação quanto à ventilação e iluminação naturais e conforto térmico foi feita
segundo os aspectos a seguir: a tipologia volumétrica do edifício; a implantação no lote; as
dimensões, posições e formas das aberturas e características de uso em face do disposto na NBR
5413/1992.
Conforme vimos anteriormente, o edifício da AFR foi construído em etapas, de maneira
improvisada, de acordo com as necessidades e recursos disponíveis no momento. Atualmente,
sua projeção ocupa toda a área do lote, restando uma área central descoberta, com as dimensões
de 7,00m x 35,00m, como alternativa para as aberturas dos ambientes internos. Em decorrência
desta volumetria há um déficit de renovação de ar no edifício como um todo. As portas de
acesso, tanto de público quanto de serviço são importantes aberturas para a entrada de ar no
sistema de ventilação natural do edifício. Questões relacionadas à orientação solar e ventos
dominantes têm pouca relevância neste caso, uma vez que somente uma das empenas tem relação
de contigüidade com o exterior. A área descoberta, localizada no interior da edificação.
Figura 89: Espera da Fonoaudiologia e Correção Postural:
Luz natural e jardineiras. Fonte: Pesquisa, 2005.
Figura 90: “Praça” da cantina, entrada da recepção da
Oficina Ortopédica. Fonte: Pesquisa, 2005.
115
favorece, sobremaneira, a qualidade geral do ambiente. A luz natural beneficia as circulações/
esperas abertas para este local. As “Praças” ( área da TV e cantina) situadas no Térreo e o
cultivo dos jardins também beneficiam-se destas qualidades em conforto ambiental. O que
reforça o seu teor quanto à humanização .
Os ambientes internos dos setores de tratamento dispõem de aparelhos de ar
condicionado, porém, as circulações e esperas apresentam-se desconfortáveis no que tange ao
conforto térmico. Não efetuamos medições de temperatura, no interior do edifício,
pela
impossibilidade de colhermos medições durante um período amplo, que permitisse alcançar as
temperaturas, durante todo o ano. A pesquisa junto aos usuários foi feita no período de verão e,
conforme observa-se nos resultados e análises comportamentais, o calor foi um ponto destacado
como de grande desconforto. Acrescenta-se a isto que, no Bairro de Icaraí, de acordo com os
termômetros locais, as temperaturas máximas de verão chegam a 42° C.
Figura 91: Divisa esquerda: janelas do Ginásio para o terreno vizinho.
Pesquisa, 2005.
Figura 92: Interior do Ginásio: janelas para o vizinho.
Fonte: Pesquisa, 2005.
Os ambientes de tratamento, conectados diretamente às divisas laterais não dispõem de
aberturas adequadas para o exterior. Abrem-se para os lotes As
aberturas constituem-se de janelas altas, com altura maior que 1,80
m. vizinhos (Escola à esquerda e Estádio de Futebol à direita e nos
fundos). Os vidros são do tipo canelado. Permanecem fechadas
todo o tempo.
Figura 88: Ambientes de espera: ambientes internos com janelas e aparelhos de A. C. instalados.
Fonte: Pesquisa, 2005.
116
A ventilação é feita artificialmente, por meio de aparelhos de ar condicionado, fixados nas
paredes internas, ou seja, superaquecendo os ambientes de espera.
Como se observa na foto acima, algumas janelas do Ginásio e um dos aparelhos de ar
condicionado instalados nas paredes do ambiente da espera. Isto ocorre na espera do Ginásio
e nas demais esperas ligadas aos setores localizados nas divisas laterais do terreno.
Observa-se
o mesmo problema em outros locais,como por exemplo a espera da correção
postural, localizada no 1° Pavimento.
3.4.2
ADEQUAÇÃO FUNCIONAL
Neste ponto da pesquisa analisou-se as variáveis funcionais, ou seja, as condições físicas
do edifício que dão suporte às atividades que abriga. De uma forma geral, os fatores funcionais
são o conjunto de itens que
viabiliza o programa de atividades
que a instituição abriga. No
caso da AFR, de maneira peculiar, o programa de atividades não precedeu um projeto de
arquitetura. Foram surgindo exigências, necessidades de espaços para atividades que foram
sendo cumpridas mediante sucessivamente ampliações e adaptações, de acordo com
oportunidades e recursos. Estes últimos, segundo a administração, sempre escassos, abaixo do
necessário, considerando-se os resultados de boa qualidade técnica ou de outra natureza
desejados.
A análise foi dividida em três itens distintos, que caracterizam, de uma maneira geral, as
condições de adequação funcional do edifício.
A saber: acessos e circulações vertical e
horizontal; adequação funcional dos setores de tratamento; adequação funcional dos locais de
espera e distrações.
3.4.2.1
Acessos e Circulações Verticais e Horizontais
O edifício em questão é um espaço de saúde voltado, inclusive, para o tratamento de
patologias ortopédicas, além das demais que, igualmente, podem limitar o paciente no que tange
ao seu deslocamento.
Considera-se , portanto,
o item circulação e acessos de grande
117
importância funcional.
Procede-se esta análise, prioritariamente,
com base na NBR 9050
Deve-se a isto que, esta norma é a mais restritiva quanto acessibilidade já que inclúi as
necessidades especiais dos portadores de deficiências de locomoção , permanentes ou não.
O edifício conta com dois acessos, um de serviço outro para o público em geral, pacientes,
acompanhantes e profissionais. O acesso principal ou de público em geral do edifício apresenta
problemas decorrentes de suas dimensões e uso que fazem dele.
Tem a característica de um
corredor com a largura de 2.35 m e e extensão de 4.80 m, na forma de uma rampa, com
declividade de 8%.
Neste mesmo local, na parte interna, próximo ao hall da recepção, está
instalado um balcão que serve de portaria. Ele ocupa 0 ,90 m da largura do corredor, restando
menos de 1.50m , o que resulta em retenção do fluxo de pessoas e inviabiliza a passagem de
duas cadeiras. Quanto a este aspecto está em desacordo com a NBR 9050, que recomenda 1,50m
como largura mínima para a passagem de duas cadeiras e 1,20m para a passagem de uma pessoa
conduzindo uma cadeira. O Deveria haver barras de apoio e faixa antiderrapante no piso. O
acesso de serviço é um corredor de 3,50m x 6,00 m. É
bastante confuso porque acumula a
função de manutenção, com mobiliário e objetos depositados junto à parede lateral.
A circulação das pessoas, no trecho que vai do acesso principal até a cantina é,
sobretudo nos horários de maior movimento, confuso e tumultuada. Isto se deve à falta de um
local de espera junto ao setor setor de Psicologia Neuro-Infantil cuja porta de entrada abre-se
para o Hall, logo na entrada,
próximo a portaria.
As pessoas aquardam na área da cantina.
Para facilitar, abriram uma outra porta de acesso daquele lado. Mas, muitas vezes, aquelas
pessoas ficam aguardando em pé, em frente à porta que se abre para o Hall.
Há um grande e movimento de pessoas circulando , próximo à cantina. Este fato é
decorrente à quantidade de rotas de fluxos neste local e ao fato dos ocupantes aguardarem alí
para serem atendidas.
Especialmente os que se dirigem ao setor de Psicologia Neuro-Infantil e/
ou estarem utilizando a cantina. Obseva-se ainda que, as cadeiras de rodas são colocadas neste
mesmo local, para uso dos pacientes quando necessário, com o auxílio do funcionário da
portaria. Estes fatores dotam aquele ambiente de grande vitalidade, apesar de torná-lo um pouco
tumultuado.
118
Figura 94: Chegada da rampa. Desnível, sem proteção.
Fonte: Pesquisa, 2005.
Figura 96 : Desnível no piso da espera do Ginásio.
Fonte: Pesquisa, 2005
Figura 95: Rampa com declividade acentuada e piso inadequado.
Fonte:Pesquisa, 2005
Figura 97: Desnível entre a saída da rampa e “Praça”de TV.
Fonte: Pesquisa, 2005.
Não há elevadores. A circulação vertical é feita através de escadas e rampa, que ligam os
três pavimentos. As escadas e a rampa apresentam uma série de irregularidades que resumimos a
seguir : os degráus são irregulares em largura e altura. A relação entre altura do espelho e
largura do piso ( 2x altura + profundidade = 0, 64m ) está incorreta. Os pisos apresentam uma
certa declividade em elguns degráus e a largura da escada é inferior aos 1,80 m recomendados. O
material de revestimento deveria ser antiderrapante ( adimite-se uma faixa
de alguns
centímetros,na parte da ferente do degrau), no local encontramos um cimentado. Entre o piso dos
pavimentos superiores e o patamar da escada há desníveis, o que é altamente inadequado.
119
Quanto às rampas, sua largura interna é inferior a 2,00 m e a declividade ultrapassa 10%.
A NBR 9050 preconiza declividades entre 0.25% a 8.33%. O piso é inadequado, não se encontra
revestida de material antiderrapante. O corrimão também está em desacordo com esta norma, em
altura e formato, não permite que se possa agarrá-lo com as mãos, conforme recomenda a
Norma.. Há um desnível de aproximadamente 10 cm entre o piso da
rampa e do Pavimento
Térro, como observa-se no levantamento fotográfico. O que torna a sua utilização arriscada, até
mesmo para as pessoas com total domínio sobre seu aparelho locomotor. Há um desnível no
piso da espera do Ginásio, outro ponto que gera risco para o usuário.
As passarelas que interligam os pavimentos superiores são bastante favoráveis. Facilitam a
circulação das pessoas que se deslocam sobre o vão descoberto, de um lado à outro do edifício.
A sua largura, no entanto, é inferior aos 2.00 m previstos na lei, para largura mínima de
circulações, portanto, temos mais um item em desacordo.
3.4.2.2 Dimensões mínimas e demais aspectos funcionais e construtivos
Deacordo com as
classificações da RDC 50, as atividades de assistencia à saude
desenvolvidas na AFR estão incluídas como sub-atividades, ou sub-unidades funcionais da
Unidade Funcional 4- Apoio ao Diagnóstico e Terapia. Somente Fisioterapia é considerada
unidade funcional. A referida norma define as atividades de Reabilitação e determina
as
dimensãoes mínimas para o desenvolvimento das seguintes especialidades: Fisioterapia, Terapia
Ocupacional e Fonoaudiologia.
Em relação à Fisioterapia, a norma deixa
em aberto a quantificação de boxes e salas, que
fica vinculada à demanda de pacientes.
As
dimensões mínimas estipuladas para cada boxe
( 2,4 m²) correspondem ao que encontramos na
AFR. No entanto, vale lembrar que, o conceito de
tratamento fisioterápico adotado na AFR inclúi,
entre outros objetivos, a integração dos pacientes
dentro do setor.
Figura 98: Fisioterapia Geral . A privacidade é garantida através de cortinas.
Fonte : Pesquisa, 2005.
120
Por este motivo, os boxes, se é que podemos chamá-los desta forma, são divididos por cortinas,
fixadas no teto. Parece que a norma está longe de alcançar esta interpretação humanizada de
fisioterapia.
As instalações dos setores de Fonoaudiologia, igualmente,
atendem as dimensões
mínimas exigidas ( 20,00m²), quanto à sala de psicomotricidade e ludoterapia. Vale lembrar que
a Resolução da ANVISA, por seu caracter obrigatório, deveria apresentar um conhecimento
mais amplo , tanto no desenvolvimento destas atividades,
quanto em relação às dimensões
mínimas que exige para a sua boa realização, já que trata-se de um regulamento que deve ser
cumprido junto aos orgãos de aprovação de projetos físicos de EAS.
De forma diferenciada da Fisioterapia Geral, a Fisioterapia Neuro- Infantil trabalha os
pacientes de forma individual com objetivos, entre outros, de com estimulação precoce. Neste
ambinte encontram-se boxes compartimentados. Ainda conforme informaram as supervisoras,
As instalações poderiam ser bem mais adequadas se pudessem contar com ambientes para
atividades lúdicas , como jogos com bolas, práticas com bicicletas, patinetes, etc.
Figura 99: Interior de um box, na fisioterapia
Figura 100 :Sala de Fisioterapia Neuro-Infantil. Pouco espaço.
Neuro-Infantil.
Fonte Pesquisa, 2005.
Fonte: Pesquisa, 2005.
121
Muitas crianças tratadas por elas apresentam o desejo de poderem brincar com estes brinquedos e,
consideram que, especialmente por este motivo, a estimulação através destes exercícios resultaria
numa maior eficácia no tratamento. Um ambiente próprio para estas atividades seria compatível
com as dimensões de um pequeno ginásio adaptado as referidas práticas lúdicas, naturalmente na
escala adequada à criança.
Quanto
ao
Setor
Ocupacional anorma
de
Terapia
subdivide em:
Consultório de Terapia Ocupacionalconsulta individual e Sala de Terapia
Ocupacional-consulta de grupo. Para o
primeiro ambiente não consta dimensão
mínima, para o segundo , 2,2m² por
paciente e 20,00 m² mínimos.
No
ambiente de T O em questão , encontra-se
uma área maior que a exigida.
Figura 101: Sala de terapia cupacional- Grupo. Fonte : Pesquisa, 2005.
No entanto, novamente encontramos um
distânciamento entre a norma e a
realidade prática do exercício daquela
atividade. De acordo com as entrevistas
com os profissionais especialistas na área
de T O da AFR, este tipo de tratamento
tem como principal meta devolver a
autonomia ao paciente,
Figura 102: Sala de terapia Ocupacional - Grupo. Fonte : Pesquisa, 2005.
122
iniciando com o desenvolvimento da capacidade desenpenhar as tarefas cotidianas, domésticas,
de maneira independente. Neste sentido, o espaço físico surge como um elemento
de fundamental importância.
Segundo realtou uma especialista, no espaço ideal para o
desenvolvimento da T O, deveria haver ambientes semelhantes aos encontrados nas residências.
Isto inclui o mobiliário e os equipamentos. Réplicas de quartos, banheiros, cozinhas, etc.
Ademais disto, ambientes para práticas com vistas ao desenvolvimento da psicomotricidade,
como atelier de artes, oficina de artesanato. Área externa como calçadas, jardins, parques com
brinquedos, para as crianças, entre outras.
Conforme observa-se nas fotos das obras de ampliação, o piso do segundo pavimento é
um aproveitamento da laje de cobertura do pavimento inferior. Não tivemos acesso a nenhum
tipo de cálculo estrutural que , por ventura, possa ter havido, para
orientar as referidas
construções. Desta forma, não se tem conhecimento da carga prevista a dimensões daqueles
elementos estruturais. Considerando o tempo de ocupação da referida laje,ocorrido há vários
anos e, a ausencia de evidências de comprometimento estrutural , como presença de rachaduras
decorrentes de deformações de pilares, vigas ou lajes. De uma maneira geral, conclui-se que não
há problemas desta natureza.
Exceto em um trecho da referida
laje, no piso da sala de
voluntários. Neste local observa-se uma deformação da laje em cerca de 7 cm. Conforme
informaram os ocupantes, esta deformação não apresenta alterações com o tempo.
Os acompanhantes levantaram uma questão importante quanto aos sanitários. De uma
forma geral, os estes ambientes estão adaptados para os deficientes, com altura do vaso, barras
de apoio e dimensões mínimas, de acordo com a norma. Porém, não dispõem de instalações
adequadas para a limpeza e trocas, bastante útil , especialmente no caso das crianças.
Um setor
crítico em termos de adequação funcional e mesmo de conforto ambiental ,
pelo que observamos, de uma forma geral e sem ter sido possível um maior aprofundamento
técnico, é o da Oficina de Órteses e Próteses. Esta função não está classificada no âmbito da
RDC 50, que trata de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Mas, pelo que foi relatado em
entrevista, é positiva a existência da fábrica junto às funções terapêuticas. Isto se deve ao grande
valor sob o ponto de vista social, uma vez que fornece, em curto prazo as referidas órteses e
123
próteses,gratuitamente, ou seja, através do SUS. E por cumprir a função de apoio psicológico
para os pacientes que delas necessitam. Segundo informou seu supervisor, é positivo para a
recuperação geral do paciente, serve como estímulo, ver e saber do éxito, da superação das
dificuldades que o outro paciente já ultrapassou. Estas trocas se dão nas esperas e “Praças”e,
dentro da oficina, nos locais de atendimento. A oficina em questão
reune equipamentos
industriais a exemplo de um forno de alta temperatura. Reúne o seguinte grupo de ambientes :
sala de gesso, sala de prótese, sala de calçado, ambientes para receber os pacientes- para
medidas e provas , uma recepção própria e um escritório. Como em vários ambientes do edifício,
encontramos alí limitações quanto à aberturas para o exterior. Neste caso, as paredes fazem
divisa com o Estádio de Futebol. Com toda a dificuldade relatada, , encontra-se neste local uma
fábrica de Órteses e Próteses que produz, por mês, 140 unidades e funciona em uma área de
apenas 148 m².
A área central do edifício, como vimos, é
descoberta. Isto é benéfico sob o ponto de vista do
conforto ambiental, permite ventilação
e iluminação
naturais. No entanto, deixa desprotegido das chuvas as
escadas , rampa e entorno da cantina. Instalou-se uma
pequena cobertura em policarbonato, de 0,80m x 1,50m ,
próximo à cantina. Obviamente, está longe de cumprir a
função desejada.
Figura 103: Vão central descoberto. Agradável, porém
problemático nos dias de chuva. Fonte: Pesquisa. 2005.
Para uma avaliação funcional mais completa dos ambientes de tratamento seria
necessário uma atenção maior à cada setor. Isto envolveria levantamentos detalhados da
situação existente tais como: o entendimento dos fluxos e deslocamentos para cada tarefa
realizada, as dimensões e localização dos equipamentos e mobiliário e, as demais informações
e condições intervenientes no processo de produção daqueles serviços. No entanto, informações
124
mais detaladas demandariam maiores recursos do que os disponíveis na presente pesquisa.
Ademais de, tendo em vista os objetivos a serem alcançados , uma visão técnica mais geral
éconsiderada suficiente. Atribuíu-se um peso maior à opinião dos usuários do que à verificação
técnica. Desta forma, segundo os resultados aferidos na avaliação comportamental e observações
técnicas, de uma maneira geral, conclui-se que há um déficit de espaço no conjunto do edifício.
Contudo, observa-se que há um sub-aproveitamento do segundo pavimento. Este pavimento é
destinado a atividades extra-terapêuticas, como o núcleo de estudos e pesquisas, o almoxarifado,
a biblioteca, entre outras. O corredor de acesso está com mais de 2,00m de largura e algumas
salas não têm um uso bem definido. Este local não inclui tratamentos, principalmente, pelo fato
de não haver elevadores no edifício, o que tornaria proibitivo o acesso de uma faixa considerável
de pacientes. A isto acrescenta-se que estariam em desacordo com a norma, que não permite o
acesso através de rampas e escadas para mais de um pavimento.
3.5
ANÁLISE GERAL DA PESQUISA DE CAMPO
Conforme o procedimento metodológico previsto na estrutura da APO em questão
(Figura 27, pág. 60), alcança-se, neste ponto da pesquisa, a etapa final de análise. Analisou-se
todo o conjunto de dados coletados através das ferramentas de avaliação comportamental e
técnica. Com base no cruzamento dos resultados obtidos nos dois grupos de avaliações, passase à elaboração do diagnóstico geral. Para cada item analisado, efetua-se o cruzamento dos
dados. Desta forma tem-se a avaliação do ambiente, segundo a opinião dos usuários e sob o
ponto de vista técnico.
Note-se que, a presente pesquisa pretende analisar o ambiente, entre outros aspectos,
sob o aspecto da humanização. As observações a este respeito, que possam partir do ponto de
vista do pesquisador, não teriam respaldo paramétrico. Teriam, portanto, pouco valor científico.
Neste sentido, são os usuários quem informa se o ambiente é ou não humanizado. Os pacientes e
125
acompanhantes, se recebem um atendimento humanizado e, os profissionais, se têm bem
estruturado o conceito de humanização e de que maneira transmitem-no em seus atendimentos.
No que tange ao conceito de humanização, encontramos as informações desejadas em algumas
questões dirigidas aos usuários, através dos questionários em “Avaliação Geral do Ambiente”,
algumas perguntas feitas nas entrevistas com os supervisores de setor, bem como, nas leituras
dos mapas cognitivos. Estes dados entram na avaliação do ambiente, auxiliando na elaboração do
diagnóstico geral.
Para efeito de análise, os itens analisados seguem em quatro grupos,
seguindo a seguinte ordem:
1. Humanização do Ambiente
2. Conforto Ambiental e Estético
3. Adequação Funcional
4. Adequação Psico-Social/ Valor terapêutico dos Ambientes de Espera
3.5.1
HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE
Os
resultados
das análises comportamentais indicam que o ambiente da AFR é
humanizado. Os pacientes demonstraram, através das respostas às questões apresentadas nos
questionários e dos desenhos nos mapas cognitivos que, sentem-se tratados ou acolhidos
naquele local, com respeito e dignidade. Buscou-se incluir as visões dos diversos tipos de
pacientes. Adultos em idades, condições educacionais e físicas diferenciadas. Também foram
ouvidas, as crianças, adolescentes e os adultos com limitações de comunicação verbal. Estes
últimos, deixaram claramente
registrado, na linguagem simbólica dos
desenhos, as suas
impressões acerca do ambiente. Os acompanhantes compartilham desta visão. Não se teve
nenhum registro do contrário.
De uma forma geral, quem faz algum tipo de tratamento de saúde na AFR, ou trabalha
naquele local, se diz satisfeito. Na sua grande maioria, 72% os usuários, considera que o mais
126
positivo no ambiente analisado é o atendimento. Através da pergunta aberta ”O que é bom
aqui?”, alcançou-se os aspectos positivos de maior relevância para eles. Responderam que se
sentem satisfeitos quanto ao atendimento e, dos que assim se posicionaram, mais da metade
acrescentou qualidades ao atendimento.
Merece atenção que, foram palavras evocadas
espontaneamente. Associaram ao termo atendimento, os seguintes adjetivos: bom, atencioso,
carinhoso, carinhoso e atencioso e
respeitoso. Neste ponto, temos um forte indício de
humanização1 do atendimento.
Os profissionais demonstraram um bom entendimento do conceito de humanização.
Mesmo os profissionais administrativos, mostraram um certo entendimento acerca do tema. As
questões acerca deste tema, dirigidas a esta categoria de usuários- “ O que é Atendimento
Humanizado? Colheram conceitos, sobretudo, ligados ao respeito e a visão holística e empatia
em relação aos pacientes. Nas entrevistas com os supervisores de setor destacou-se a questão do
trabalho multidisciplinar ou integrada que desenvolvem na instituição. Segundo informam, os
profissionais, das
dos
pacientes.
diversas especialidades acompanham, conforme a necessidade,
o quadro
Trocam avaliações, conforme os variados enfoques das especialidades
terapêuticas. Encontra-se neste ponto, mais um indício de humanização, uma vez que, esta
conduta corresponde ao princípio de visão holística citado por Howard (1979, p. 75). O
paciente é visto sob enfoques diversificados, o que resulta em um atendimento que visa alcançar
, como definiu a supervisora do setor de Psicologia Neuro-Infantil - “ o olhar escuta, que torna
possível ver além da patologia”. Os setores de pedagogia e serviço social buscam observar o
aspecto da inserção social, informando e, muitas vezes, fazendo a ponte entre a sociedade e o
desabilitado. Como no caso do trabalho do setor de pedagogia, ao efetuarem o contato com as
escolas, com vistas a viabilizar a matrícula de crianças portadora de limitações neurológicas.
Os profissionais não só demonstraram entender o que vem a ser humanização quanto
deram indícios de que
seus princípios estão implícitos em suas práticas terapêuticas. Outro
aspecto revelado pela presente pesquisa, refere-se à consciência que os profissionais têm da
relação entre o ambiente físico e o conceito de humanização.
Quando perguntou-se:
“O
1
Os princípios de humanização preconizados por Jan Howard (1979), correspondem ao encontrado nas respostas
dos usuários.
127
Ambiente Físico pode ajudar no Sentido da Humanização? Como?” responderam que o espaço
humanizado é, segundo a maioria, o que é capaz de suprir funções como a do bem-estar, da
socialização, do aconchego e da inclusão. Veremos nos itens abaixo, quais são as características
deste ambiente, conforme a visão dos usuários.
3 .5.2 CONFORTO AMBIENTAL E ESTÉTICO
O item conforto ambiental nas esperas, sob o ponto de vista dos usuários, foi avaliado
a partir das análises estatísticas dos dados extraídos do quadro de valoração do ambiente, no
terceiro grupo de questões aplicadas. Conforme demonstraram estes resultados, as avaliações
variam bastante em função do sub-item julgado.
Quanto ao conforto lumínico,
e distrações (jardim interno, aparelho de TV), os
resultados são de insatisfação quanto às esperas da Eletroterapia e Massoterapia, já quem utiliza
as esperas localizadas no Térreo e no pavimento superior nos setores de Fonoaudiologia e
Correção Postural Estes locais consideram-nas bem iluminadas e agradáveis. Isto se deve a
localização em função da volumetria do edifício. As esperas localizadas no corredor interno do
edifício não possuem aberturas para o exterior e para o espaço central descoberto. As outras são
mais favorecidas por estarem abertas para o vão central. Deste local, como vimos na avaliação
técnica, se pode observar o jardim e o movimento nas circulações verticais e nas “Praças” de
TV e da cantina.
O calor nas esperas é o fator de maior desconforto para os acompanhantes e pacientes.
Não há condicionamento artificial e a ventilação natural, apesar do vão central descoberto, não
é tão eficiente pela limitação de trocas de ar com o exterior. A isto se acrescenta que, os
aparelhos de ar condicionado, que refrigeram o interior do Ginásio e da Correção Postural,
estão instalados nas paredes das respectivas esperas, logo acima dos acentos. Ao calor de
verão, que na cidade atinge graus elevados, soma-se o aquecimento gerado pelos aparelhos. As
evidências tornaram dispensável efetuar medições de temperatura no ambiente.
128
O ruído surgiu como o segundo maior elemento gerador de desconforto. Os pacientes e
acompanhantes reclamaram de ruído nas esperas em geral. Conforme revelaram os resultados
das avaliações técnicas, a fonte de som é interna. É resultante, principalmente, da conversação
entre os ocupantes. Ocorre que, os
materiais de revestimento destes locais eles
têm um
coeficiente de absorção muito baixo, o que resulta em alto tempo de reverberação. No hall de
entrada observa-se que o desconforto acústico é maior. As medições revelaram níveis de som
entre 70 dB(A) e 80 dB(A). Estes níveis estão bem acima dos níveis de conforto acústico
indicados pelas normas, para ambientes de espera. Deveriam estar entre 40dB(A) e 50dB(A).
Os
profissional
da Psicologia Geral, Massoterapia e Eletroterapia demonstraram
desconforto, quanto à acústica, no interior de seus setores. Neste caso, trata-se de transmissão do
som originário das esperas que, como vimos alcança níveis altos. As divisórias são leves e, em
alguns locais não chegam até o teto. No entanto, a privacidade precisa ser garantida nas sessões
de psicoterapia e, o barulho prejudica os tratamentos de fisioterapia, que exigem que os
pacientes relaxem.
A preocupação com o
conforto estético só surgiu,
quando os acompanhantes e
pacientes foram submetidos à questão construída de acordo com a orientação do “Wish Poem”.
Um ambiente mais bonito, mais colorido, ampliado e embelezado, foi o que desejaram.
3 .5.3 ADEQUAÇÃO FUNCIONAL
Os pacientes reclamam, em sua maioria, no que tange à
adequação funcional, das
limitações concernentes à acessibilidade. Os pacientes cadeirantes não podem sequer, de forma
independente, conduzir-se ao interior do hall de acesso. A rampa existente no local tem
declividade acima do recomendado pela norma. Por este motivo, quando dirigem-se à instituição
sem acompanhante, é necessário contar com o auxílio dos profissionais da portaria. Estes
senhores estão sempre disponíveis e, gentilmente, os conduzem para o interior. Porém, isto é
um indício de humanização do atendimento, não do espaço. Não torna o acesso adequado
funcionalmente.
129
Os acompanhantes, por sua vez, encontram dificuldades em conduzir a pessoa que
acompanham até o piso superior. Deve-se a isto o fato de as circulações verticais serem feitas
através de escadas e rampa inadequadas para o uso do público em geral. Sendo que, neste caso,
há o agravante de tratar-se de um ambiente que atende à portadores de necessidades especiais
com desdobramentos ortopédicos.
Em relação aos ambientes internos dos setores de tratamento, para uma avaliação
funcional mais completa, seria necessária uma atenção maior para que se pudesse diagnosticar,
com exatidão, os
tratamento.
problemas de adequação do ambiente físico à cada especialidade de
Isto envolveria
levantamentos detalhados da situação existente tais como: o
entendimento dos fluxos e deslocamentos
para cada tarefa realizada,
as dimensões e
localizações dos equipamentos e mobiliário. Acrescenta-se ainda, as demais informações e
condições intervenientes no processo de produção daqueles serviços específicos. No entanto,
informações mais detaladas demandariam maiores recursos do que os disponíveis na presente
pesquisa. Ademais de, tendo em vista os objetivos a serem alcançados , uma visão técnica mais
geral é considerada suficiente. Atribuíu-se um peso maior à opinião dos usuários do que à
verificação técnica. Desta forma, segundo os resultados aferidos na avaliação comportamental e
observações técnicas, de uma maneira geral, conclui-se que há um déficit de espaço na maioria
dos setores.
O edifício anlisado não foi concebido, anteriormente a sua construção, através das
tecnologias de design do espaço. Não houve um projeto arquitetônico, projetado para cumprir
objetivos programáticos. Este processo informal, espontâneo, de criação e construção do espaço
resultou em um ambiente de assistência á saúde com características peculiárias. Sob o ponto de
vista
No que tange à circulações, acessos e a setorização das funções, no ambiente da AFR
encontramos situações em desacordo com as normas e uma certa inadequação sob o ponto da
organização dos fluxos de circulação. Especialmente em relação ao acesso principal e o setor
próximo, cuja espera se dá junto à cantina. Há uma retenção neste ponto que gera algum
130
tumulto. Este local não está bem resolvido funcionalmente. Não há espaço para os acentos
necessários e é descoberto.
Os espaços de espera, sob o ponto de vista funcional, são diferenciados. Algumas
soluções são positivas, outras nem tanto. Já vimos que a
espera localizada próximo à cantina deveria ser mais ampla e
receber alguma forma de cobertura. O ambiente de TV fica
localizado embaixo da rampa. Este local também é
descoberto. No piso superior, as esperas ligadas diretamente
ao vão central, localizadas nas “varandas”, ao longo da
circulação. Funcionam bem. Os acentos estão encostados nas
Figura 104: Esperas da Fonoaudiologia e Correção Postural,
no pavimento superior. Fonte: Pesquisa, 2005
paredes, em linha. Esta situação poderia desfavorecer a socialização dos pacientes e
acompanhantes1, no entanto, não encontrou-se indícios deste comportamento naquele ambiente.
Os ambientes de espera, apesar de apresentarem , como vimos anteriormente, vários problemas
funcionais e de conforto em geral, cumprem uma função de fundamental importância para o bom
êxito dos tratamentos oferecidos na instituição, que é o de promover a socialização.
3.5.4
ADEQUAÇÃO PSICO-SOCIAL
E
O
VALOR
TERAPÊUTICO
DOS
AMBIENTES DE ESPERA
A presente pesquisa encontrou evidências terapêuticas diretas nos ambientes de
socialização da AFR. Os locais de espera e as “Praças”, existentes no edifício, promovem trocas
sociais de grande valor para a reabilitação dos pacientes, sobretudo, nos casos de perdas
significativas. Isto se deve, principalmente, à satisfação das necessidades psico-sociais que o
convívio com outros pacientes e acompanhantes pode proporcionar. O espaço em questão
1
A disposição das cadeiras altera a socialização em hospital, segundo relata R.Sommer,( 2002), in: (Del Rio,V.,
Duarte, R.D., Rheingantz, P.A. 2002, pg.22)
131
cumpre seu papel, no apoio à promoção da saúde daqueles pacientes uma vez que promove e
estimula estes os encontros.
Quando se entra no hall de acesso da instituição, dificilmente se deixa de perceber o
movimento das pessoas circulando em frente à cantina. Um local fartamente iluminado pela luz
natural do vão central descoberto. É inevitável que o olhar, portanto, a atenção, se dirija para
aquele local. O ponto focal é o centro do edifício, onde se localizam as “Praças”, conforme a
definição de uma das supervisoras para estes locais. São espaços que evidenciam o improviso,
pelas soluções encontradas. A cantina está locada exatamente embaixo da escada. As cadeiras
de rodas são colocadas ali em frente. Os jardins acontecem onde é possível. Os fluxos de
circulação de pessoas demonstram que o espaço está sub-dimensionado. Se
chove,
a
permanência ali se torna impraticável. Como vimos, ambiente não foi previsto em nenhum
projeto de arquitetura. Foi sendo construído em etapas , conforme as necessidades e recursos do
momento. Contudo, é evidente a vitalidade e o convite ao convívio que estes locais apresentam.
Figura 105: “Praça da Cantina” - AFR. Fonte:Pesquisa,2005.
Figura 106: “Praça de TV” - AFR. Fonte: Pesquisa,2005.
Ali se encontram os pacientes e acompanhantes, em movimento ou aguardando. Os
profissionais transitando nas diversas direções. Eles acessam e circulam pelos mesmos locais.
Fazem uso da cantina da mesma forma que os pacientes e seus acompanhantes. Em alguns
minutos de observação não é difícil constatar que existem vários indicadores de integração, de
132
socialização, de comunicação entre eles. Segundo os resultados das análises comportamentais,
são, principalmente, nestes locais de uso comum que as trocas de informações e experiências
se dão.
Os terapeutas que atuam na instituição acreditam que
estas trocas sociais
são
importantes, em diversos aspectos, para eles, a superação das dificuldades, demonstrada pelo
outro, pode servir de estímulo. Pode abreviar os períodos mais difíceis das etapas iniciais da
reabilitação que, sobretudo em casos de perdas mais graves ou importantes, podem ser de
grande sofrimento para o paciente. Segundo relataram, o estado de ânimo pode ser estimulado
com o contato, uma troca positiva. Evita-se o prolongamento de quadros depressivos que são
comuns nestes casos. Todos concordam que, o resgate da a autonomia e independência é
importante e, a reintegração social, a inclusão ou a recolocação no contexto das trocas sociais é
de fundamental importância para o restabelecimento do equilíbrio, da saúde daquelas pessoas.
3.6 DIAGNÓSTICO GERAL
Os principais aspectos extraidos das análises do estudo de caso estão resumidos a seguir ,
em dois grupos: aspectos positivos e aspectos negativos. Eles servem como indicadores para as
diretrizes para o design de
ambientes semelhantes e recomendações para a otimização do
ambiente analisado.
3.6.1 ASPECTOS POSITIVOS DO AMBIENTE
Verificou-se nas análises que os
profissionais,
sentem-se em
usuários em geral - pacientes, acompanhantes e
um ambiente
humanizado.
Destacam as qualidades do
atendimento mas, também, por demonstrarem uma boa margem de satisfação quanto ao
ambiente físico. Gostam, em especial, dos locais de espera e das “Praças”. Estes últimos,
oferecem luz natural em abundância, jardineiras e um pinheiro, plantado na “Praça” de TV.
133
Figura 107: O pinheiro, plantado na “Praça” de TV. Foto tirada do 2° Pav., em direção às passarelas.
Fonte:Pesquisa,2005.
Em ambientes de saúde, o acesso à jardins e demais elementos da natureza podem
reforçar a habilidade de lidar com o estresse, auxiliando na recuperação da saúde. ( MARCUS1,
apud: DILANI,2001). Há pesquisas relacionando mente e corpo que comprovam sua utilidade no
auxílio á promoção da saúde. O autor afirma que há inúmeras razões para que se retome o uso
jardins, ar puro e luz do sol nos ambientes de saúde. Lembra que eram comuns nos hospitais
monásticos da idade média e nos hospitais pavilhonares do Sec.XX e que deixaram de existir nos
hospitais dos países ocidentais. As demandas técnicas e funcionais prevaleceram e a área
disponível é ocupada, exclusivamente, para atendê-las.
A escala é bem próxima da pessoa. Nas “Praças”, a referida boa iluminação e ventilação
natural, bem como a presença de plantas são bastante favoráveis. Mas, destaca-se um outro
aspecto que diz respeito à densidade e intensidade de ocupação daqueles ambientes.
decorrência das dimensões reduzidas e a localização das funções, que
Em
geram várias rotas de
circulação, que cruzam estes lugares em diversas direções, as pessoas estão sempre próximas
umas das outras.
Nos estudos de Gustave–N. Fischer (1981), encontra-se que, em espaços com densidades
grandes, há indícios de estresse. No caso estudado, não se encontrou nenhuma evidência desta
relação. Ao contrário, as pessoas parecem sentir-se bem com a proximidade do outro. Isto surge
na opinião, sobretudo, dos acompanhantes que ocupam aquele espaço, muitas vezes por várias
1
Marcus, C.C., Gardens and Health,Dilani Alani (org.), 2001.
134
horas por semana, enquanto aguardam o término das sessões. É comum os pacientes serem
atendidos em mais de um tipo de tratamento, no mesmo dia. Ainda em FISCHER (1981), estes
espaços poderiam ser classificados como intersticiais, sem função formal específica que propicia
um tipo de apropriação menos sob controle e, por este motivo, mais favorável para as trocas
sociais.
Observa-se que houve preocupação com o simbolismo. Mesmo sendo de composição e
execução precárias. Elementos relativos ao ambiente doméstico foram utilizados, como o telhado
em telha cerâmica da recepção da Oficina de Órteses e Próteses e a própria forma do telhado que
cobre a parte frontal do edifício. Da mesma forma com relação às cores das paredes. A intenção
de utilizar tons de verdes e amarelos nas paredes, resultou em uma ambientação alegre.
Dentro dos setores, especialmente nos que envolvem as crianças, elementos figurativos
coloridos são utilizados no ambiente, com o objetivo de torná-los estimulantes. Na maioria das
salas, forma fixadas cortinas de tecido, fixadas de maneira simples. Lembram cortinas
residências. Numa tentativa clara de aproximação com o ambiente doméstico, possivelmente,
com vistas á torná-lo mais acolhedor.
3.6.2
ASPECTOS NEGATIVOS DO AMBIENTE
Conforme apresentado no resultado das análises a acústica é um fator de desconforto no
ambiente. De acordo com as medições e análises realizadas, nas esperas , o nível de ruído está
acima do estabelecido pelas normas. Em alguns ambientes de tratamento encontramos o mesmo
problema , os materias de revestimento têm baixos índeces de absorção. Em outros casos, o
isolamento do som é importante para a eficácia terapêutica. As divisórias são inadequadas.
A ventilação, em geral, do ambiente apresenta problemas decorrentes da ocupação do
terreno. Há um déficit de renovação de ar no edifício como um todo.
135
O calor suge como o ítem de maior desconforto, principalmente nas áreas de uso comum.
em alguns casos, há o agravante de receberam a carga térmica dos aparelhos de ar condicionado,
que sestão instalados nas paredes internas, logo acima das pessoas. São locais altamente
desconfortáveis, especialmente no verão, uma vez que as temperaturas registradas na cidade,
atingem com frequência a faixa dos 40°C.
A acessibilidade surgiu também como um ponto gerador de desconforto. Conforme
demonstraram as análises, as escadas e rampas estão em desacordo com as normas.
As dimensões dos ambiente de tratamento surgiu , nas análises dos resultados, como um
problema para os profissionais, nas salas de tratamento. As circulações nem sempre estão de
acordo com a largura recomendada. Os ambientes , em geral , nos pavimentos térreo e primeiro,
estão sub-dimensionados.
3.7
RECOMENDAÇÕES PARA O AMBIENTE ANALISADO
Com base nos resultados apontados através do diagnóstico, quanto aos itens julgados pela
pesquisa, como, positivos e prioritariamente inadequados, elaborou-se duas recomendações
básicas.
A primeira e principal recomendação diz respeito aos locais de socialização.
Considerando qualquer modificação que se venha a propor para aquele ambiente, se preserve a
existência e a vitalidade daqueles locais de uso comum ou de encontros. A localização e
características fundamentais positivas, como vimos no diagnóstico, das “Praças “ e locais de
espera localizados nas varandas do pavimento superior, devem ser mantidas. A segunda sugere
adaptações para um melhor desempenho do ambiente analisado. A segunda é que se melhore
os aspectos negativos apontados no diagnóstico. Estes problemas atingem tanto os referidos
espaços de uso comum quanto o ambiente em seu conjunto. Os principais aspectos a serem
136
corrigidos são : o conforto térmico nos ambientes de uso comum, a acessibilidade no edifício e,
a acústica em determinados locais e algumas recomendações gerais quanto a um aproveitamento
melhor da área total do edifício. Seguem as recomendações para melhoramentos do ambiente
físico analisado.
Todas as recomendações abaixo relacionadas deveram preceder de estudos de viabilidade
detalhados e específicos para cada item. As alterações propostas deverão ser detalhadas mas,
antes, os estudos iniciais deverão ser submetidos aos usuários através
das técnicas e métodos
de design participativo. Estas técnicas, como vimos, é desenvolvida através de Workshops com
os usuários e administradores. Estão incluídos os profissionais e, se possível alguns pacientes e
acompanhantes. O objetivo é a verificação da proposta, coleta e discussão de sugestões e
críticas. A Exposição dos resultados será submetido ainda aos demais usuários pacientes e
acompanhantes em painéis, fixados na recepção e esperas e através de entrevistas.
3.7.1
CONFORTO AMBIENTAL/ ACÚSTICA
O ruído surgiu como o segundo maior elemento gerador de desconforto, depois do calor.
Os pacientes e acompanhantes reclamaram de barulho nas esperas em geral. A pesquisa revelou
que a fonte de ruído é interna. É resultante, principalmente, da conversação entre os ocupantes.
Ocorre que, os materiais de revestimento destes locais eles têm um coeficiente de absorção
muito baixo, o que resulta em alto tempo de reverberação, e níveis de som que chegam a ficar
entre 70 dB(A) e 80 dB(A). Bem mais alto que os níveis de conforto acústico recomendados pela
norma. Par minimizar este problema recomenda-se a instalação de forro acústico nos tetos das
esperas, em geral.
Os ambientes internos da Fisioterapia Geral ou Ginásio apresentam condições semelhantes
às das esperas. Recomenda-se para este local o mesmo forro acústico para o teto.
137
Nos
Setores de Psicologia Geral e Eletroterapia/ Massoterapia é necessário a instal
conforme informou a supervisora do setor, em entrevista.
O segundo caso, envolvendo as salas de Eletroterapia, Massoterapia e Psicologia Geral,
dizem respeito, não mais a tempo de reverberação, mas à transmissão de som. Ocorre que,
nos locais de espera destes setores, contíguos a eles, os pacientes e acompanhantes conversam
bastante, como vimos nos resultados das avaliações comportamentais. Como nos
casos
anteriores, esta conversação é desejável por sua importância terapêutica. Não sendo
recomendável, portanto, que seja controlada ou reprimida. Ocorre que, para o bom resultado
dos tratamentos, no interior das salas, é importante o silêncio e,
principalmente para a
psicoterapia, a privacidade. Nestes locais, as vedações são de divisórias leves ( no caso da
Eletroterapia não chegam a alcançar o teto) que permitem, facilmente, a passagem do som.
3.7.2 CONFORTO AMBIENTAL/ VENTILAÇÃO NATURAL E CALOR
Recomenda-se
a remoção de todas as unidades de aparelhos de ar condicionado,
instalados nas paredes internas e, possivelmente, de todo o edifício. Que seja executado um
estudo de viabilidade para a instalação de um sistema de condicionamento de ar, para todo o
edifício e um outro estudo considerando uma área menor, a do
Para que se possa
para o interior dos setores.
efetuar uma análise comparativa de custos e benefícios de ambas as
possibilidades. Desta forma optaria-se pela solução mais adequada, racional e econômica. Os
locais mais problemáticos em relação ao calor são as esperas, sobretudo as aquelas em cujas
paredes estão instalados aparelhos de ar condicionado. Trata-se das esperas do Ginásio, no térreo
e a espera próxima à Correção Postural.
Como vimos nas avaliações técnicas, a ventilação e iluminação natural das salas
localizadas junto às divisas laterais e fundos, é prejudicada pela impossibilidade de aberturas
138
para o exterior. Neste sentido não há o que se possa recomendar. No entanto, com a instalação
do novo sistema de condicionamento de ar mais adequado, e com a manutenção sistemática da
limpeza dos filtros, presume-se que teríamos uma qualidade de ar melhor no interior daqueles
ambientes.
Quanto às esperas da Massoterapia, Eletroterapia e Psicologia Geral, localizadas no
corredor central do primeiro piso, recomendas-se sua inclusão nos estudo de viabilidade para o
sistema de condicionamento de ar, no caso mais econômico, pelo déficit de ventilação natural ali
encontrado em decorrência de sua localização. Nas demais esperas e ambientes de uso comum,
caso tenha-se que optar pela refrigeração, somente para o interior dos setores, recomenda-se a
instalação de um maior numero de ventiladores. É possível que amenize o problema.
Para tornar o ambiente central, onde estão localizadas as “Praças”, mais confortável
quanto as chuvas, recomenda-se a cobertura, através de material que permita a passagem da luz
natural, tão importante para estes
locais. Pela salubridade decorrente da luz natural,
possibilidade do cultivo de plantas, pela beleza que confere ao ambiente e demais qualidades.
No entanto há de ser observada, com cuidado, a questão dos ganhos térmicos em decorrência da
diminuição da saída do ar. Os materiais de cobertura devem apresentar desempenho térmico.
Da mesma forma, se deve buscar manter a ventilação natural , através de um desenho para
cobertura, que permita as trocas de ar com o exterior, tanto quanto possível, através de aberturas
laterais, ou zenitais.
3.7.3
ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ ACESSIBILIDADE
Acessibilidade é um dos pontos de maior problema quanto a adequação do ambiente às
necessidades dos usuários. Recomenda-se a adequação à norma NBR 9050. Isto pode resultar
na instalação de um elevador, e na substituição das escadas, por outras de acordo com as
exigências da norma. O elevador seria instalado, possivelmente, na “Praça da Cantina”,
interligando as passarelas.
Quanto à rampa, não se dispõe de espaço para reconstruí-la de
acordo com a inclinação mínima exigida. Porém, pode-se minimizar a inclinação, substituindo a
139
existente por outra , ocupando um pouco mais o espaço, possivelmente, uma solução envolvendo
estrutura metálica, mais leve e de fácil instalação. O corrimão seria adaptado, em altura e
forma, e bem como o piso, que passaria a ser revestido por uma material anti-derrapante. Para
reconstrução das escadas, recomendamos a mesma opção em sistema construtivo e materiais.
Os desníveis, entre a saída da rampa e o piso do Térreo podem ser facilmente resolvidos com a
adequação do corrimão, o piso da espera do Ginásio é de difícil solução, devido á localização
dos acessos envolvidos.
3.7.4
ADEQUAÇÃO FUNCIONAL/ DIMENSÕES E DEMAIS ASPECTOS
No Térreo, recomenda-se uma revisão da situação do acesso ao hall principal. O corredor
na forma de rampa deve ser alargado, receber corrimão e revestimento anti-derrapante , de
acordo com a norma. A localização do balcão do porteiro deve ser revista. Deve ser estudada
uma solução para evitar o tumulto dos fluxos e as retenções de pessoas que ocorre no local, ao
lado do acesso à Fisioterapia e Fonoaudiologia do Neuro-Infantil. Há evidenciais de que está
havendo uma preocupação neste sentido, uma vez que abriram portas da Fonoaudiologia para a
“Praça da cantina”, assumindo este local também como espera daqueles setores. Porém o
número de acentos disponíveis, que já é mínimo,
diminuiria
com esta solução. Uma
possibilidade a de se criar uma área para circulação e espera ao lado do acesso, para este local
abriria-se o elevador. São, no entanto possibilidades que devem ser cuidadosamente estudadas e
discutidas, com os administradores , supervisores, demais usuários do ambiente. Recomenda-se
que toda intervenção no espaço físico da instituição, uma vez que presta serviços de assistência à
saúde, seja feita conforme exige a RDC 50, através de projetos de arquitetura adequados.
Uma outra questão que deve ser pensada, diz respeito à maximização do uso da área do
edifício em seu conjunto, incluindo um aproveitamento mais racional do terceiro piso. Com a
instalação do elevador, torna-se possível a transferência de atividades de tratamento para aquele
nível. Desta forma teríamos alguma possibilidade de adequações nos outros pisos.
140
É recomendável que toda modificação no espaço físico da instituição seja acompanhada
por profissionais da área de arquitetura. Estes profissionais deveram efetuar estudos e
planejamentos e propor soluções , através de projetos arquitetônicos. Como vimos, para que se
chegue a resultados de melhor qualidade, é necessário a participação dos usuários na concepção
e acompanhamento da elaboração das propostas, das soluções apresentadas nos projetos de
arquitetura. Todos os usuários devem ser incluídos
quanto às decisões. Os administradores e
demais gestores (diretoria, etc.), os supervisores de setor e demais usuários profissionais e, de
alguma forma a ser adequada , os pacientes e seus acompanhantes. É recomendável que os
profissionais de arquitetura envolvam os usuários no processo.
Os profissionais da instituição têm por hábito a rotina do trabalho multidisciplinar, de trocas
de informações e responsabilidades, o que facilitaria qualquer processo de decisão conjunta.
Recomenda-se, como suporte teórico e prático, a leitura dos trabalhos do arquiteto Henry
Sanoff, em especial o “The Participatory Design-Theory & Techniques”, cuja referência
bibliográfica consta deste trabalho.
3.8 DIRETRIZES PARA FUTUROS PROJETOS
Os resultados desta pesquisa aproximaram-se da confirmação da hipótese inicial de que
o bem-estar psico-social é tão importante quanto o físico ambiental, na promoção da saúde. Uma
vez que os indicadores comportamentais encontrados apontaram para uma avaliação positiva
do lugar, diretamente associada à forma como as pessoas são tratadas e ao valor atribuído à
socialização, estimulada por certos atributos do ambiente. O desconforto físico, associado,
principalmente, ao excesso de calor aparece com menor relevância, seguido de dificuldades
quanto à acessibilidade. Este é outro ponto que merece uma atenção especial por ter surgido
como um problema físico, relacionado sobretudo a mobilidade, que carrega um forte conteúdo
psico-social, uma vez que associa-se a um ponto crucial para os pacientes em reabilitação que é
o do resgate da autonomia. Surge uma nova hipótese, a ser melhor investigada, de que as trocas
sociais, estimuladas por certos atributos dos ambientes -locais de espera com intenso uso e
141
dotados de estímulos às distrações positivas- seriam o mais importante fator psico-social de
promoção da saúde em contextos semelhantes.
Observa-se que uma série de dados e inferências extraídas da pesquisa extrapolam os
limites do estudo de caso, já que relacionam-se a conceitos que aplicam-se de uma maneira
geral, contanto que em circunstâncias semelhantes. Neste sentido, algumas diretrizes para a
elaboração de projetos arquitetônicos para ambientes de saúde na área para tratamentos de
reabilitação foram elaboradas e estão expostas a seguir :
•
Apoio à Socialização
Os espaços de convivência têm grande importância para a reabilitação dos pacientes,
uma vez que a reinserção social
é o principal objetivo das terapias a eles administradas,
sobretudo nos casos de seqüelas permanentes e importantes. Devem ser criados ambientes que
estimulem os encontros e propiciem as trocas sociais entre os pacientes, seus acompanhantes e
os profissionais. As áreas de convivência e locais de espera devem ser projetados no sentido de
induzir à socialização, com o planejamento e a qualificação do espaço. Diferenciando-os dos
demais, por exemplo em volumetria e organização, estudando a localização das atividades e dos
fluxos, a disposição do mobiliário e a criação de elementos atrativos como, no exemplo do
estudo de caso, ocorre nas “Praças” da cantina e TV.
•
Apoio à Acessibilidade
A autonomia e independência são fatores fortemente relacionados ao resgate da auto-
estima e dignidade dos pacientes em reabilitação. Portanto, os ambientes devem garantir o
direito ao uso dos espaços – acesso e mobilidade- a equipamentos e mobiliários, da forma
mais inclusiva possível. A garantia ao acesso tem também forte impacto psico-social sobre o
paciente sob o ponto de vista do senso de controle. A adequação do espaço às normas e
princípios de desenho universal, recomendada à qualquer natureza de ambiente construído, deve
142
ser, no caso de ambientes destinados à terapias de reabilitação, considerada como fator de
importância terapêutica.
•
Apoio Lúdico e Acesso à Natureza
Tornar os ambientes confortáveis é, além de garantir o conforto físico (térmico, acústico,
lumínico e ergonômico, etc.) de seus ocupantes, promover a tranqüilidade e o equilíbrio.
Soluções como jardins, fontes, luz natural difusa e materiais naturais podem, como vimos nas
análises, ser anti-estressantes. Algumas soluções podem ser igualmente positivas como o uso da
cor, nos revestimentos e iluminação associados. Outras opções podem ser estudadas como a
previsão para ambientes próprios para música ,artes plásticas, teatro e demais atividades lúdicas,
incluindo lanchonetes e pequenas lojas. Lembrando que, no caso da ARF, a lanchonete é um
exemplo de atividade anti-estresse, em especial por reunir as pessoas em torno de uma atividade
prazerosa.
•
Uso de Referências Associadas à Cultura dos Usuários
A personalização dos ambientes com associações à cultura dos usuários, sobretudo no
que tange às referências das edificações domésticas, podem favorecer a elaboração
de
ambientes convidativos, aconchegantes, com os quais os usuários se identifiquem. No caso
estudado, a imagem da AFR se mostrou marcante ( ver o resultado das análises dos mapas
cognitivos, p. 98 a 100) e é possível que isto se deva à presença de elementos construtivos
semelhantes aos que são utilizados nas residências, como telhados em duas águas ou o tipo de
cobertura e esquadrias utilizados na recepção da Oficina do Órteses e Próteses, localizada na
“Praça da cantina. Outros elementos
como materiais, texturas e mobiliário podem ser
especificados neste sentido, no entanto é necessário que se tenha um bom conhecimento da
realidade vivenciada pelos usuários, neste sentido sua participação no processo de elaboração
dos programas de necessidades e posteriores projetos arquitetônicos
é de
fundamental
importância.
143
•
Estimulo à Participação dos Usuários no Processo de Design
Observou-se no estudo de caso, a receptividade dos usuários em relação à participação
na pesquisa. Através das ferramentas aplicadas, eles expressaram seus desejos quanto ao
ambiente de sua preferência, os profissionais relataram as suas críticas e expectativas quanto ao
espaço ideal para suas atividades. Estes dados foram considerados na elaboração das sugestões
de aperfeiçoamento do ambiente analisado. Trata-se da aplicação do processo de design
participativo que recomenda-se seja utilizado na elaboração de projetos arquitetônicos destinados
ao uso coletivo, no sentido de satisfazer os diferentes interesses das categorias de usuários.
144
4
CONCLUSÃO
As informações coletadas ao longo desta pesquisa nos permitiram
concluir acerca de
algumas características físicas fundamentais para um bom ambiente de saúde em reabilitação.
Os pacientes exigiram um lugar mais fresco, mais acessível e um pouco mais silencioso, os
profissionais sabem da necessidade de uma melhor adequação funcional para suas atividades,
mas
de acordo com os indicadores encontrados, concluímos que o ambiente da ARF é
humanizado, sobretudo porque ali se encontra forte integração entre as pessoas, em um lugar
que facilita para que isto ocorra.
Encontrou-se ali características como o respeito, empatia e visão holística, qualidades
definidas por
Howard (1979) para a humanização em saúde. A função terapêutica do espaço
se evidencia através dos resultados
“Praças” e demais lugares de
encontrados, que demonstram a vitalidade social das
espera. Isto se deve à características encontradas naqueles
ambientes. São qualidades que propiciam as trocas sociais, que conforme vimos em Ulrich
(2001) e em Dilani (2001) é uma das características do “supportive healthcare design”. A
presença da luz solar e jardineiras, a densidade de uso, localização das atividades geradoras de
fluxos de circulação e permanência das pessoas, que funcionam como “Positive Distractions”.
Estão entre os atributos responsáveis pela vitalidade daqueles locais. Estes autores apontam
para a importância
das trocas sociais na
recuperação da saúde. Para os pacientes em
reabilitação, principalmente, nos casos de perdas importantes, o convívio social é de
fundamental importância, pela necessidade que apresentam, entre muitas outras, de reinserção
social. Naqueles locais ocorrem intercâmbios de informações que ajudam nos tratamentos,
porém, o mais importante para eles, está no conteúdo das trocas que envolve manifestações de
solidariedade e de exemplos de superação.
Conforme vimos, os ambientes de saúde são, via de regra, frios e estigmatizados. Por um
lado, pela prevalência, no design, da preocupação com a fluidez técnico-funcional. Por outro,
pela carga simbólica negativa que historicamente carregam, associada ao sofrimento e à
exclusão. Possivelmente, se aquele edifício tivesse sido construído de acordo com um projeto
145
de arquitetura, teríamos um ambiente de saúde como os que encontramos na maioria dos casos.
Pela maneira informal e improvisada como foi concebido e construído, apresenta elementos e
características de funcionamento que dificilmente seriam encontradas em espaços previamente
planejados. Como por exemplo: a presença da cantina embaixo da escada, uma exclusiva árvore
de 9 metros de altura, que parte da “Praça” da TV e na entrada de uma oficina de òrteses e
próteses com aspecto de residência. Igualmente, em decorrência das mesmas circunstâncias
improvisadas, encontrou-se problemas
paredes internas,
como
aparelhos de ar condicionado instalados nas
e ambientes confinados, sem possibilidade de abertura para ventilação e
iluminação naturais. Além de outros problemas, sobretudo, os referentes à acessibilidade. Este
ponto é um dos grandes geradores de insatisfação e, é visto por Ulrich (2001) como um aspecto
relacionado ao estresse. Uma vez que afeta o senso de controle por parte dos pacientes, em
decorrência tem-se níveis elevados de estresse
que,
como comprovam suas pesquisas,
prejudicam a recuperação do paciente.
No entanto, conforme os resultados desta pesquisa, os usuários aprovam o ambiente. As
análises estatísticas apresentaram percentuais favoráveis que comprovam a avaliação positiva.
Além disto, as análises dos mapas cognitivos deixaram claro que, encontramos naquele ambiente
indícios do que Yi-fu Tuan (1980) definiu como Topofilia, ou seja, de elo afetivo entre as
pessoas e o lugar.
Destacamos, anteriormente,
a importância de algumas características consideradas
favoráveis no ambiente analisado. A partir delas elaborou-se diretrizes para serem aplicadas na
concepção e posterior elaboração de projetos arquitetônicos de
serviços de assistência de
saúde com finalidades equivalentes às do ambiente em questão (p. 140). São diretrizes que têm
a finalidade de servir como parâmetro desde as primeiras etapas de elaboração do projeto
arquitetônico.
Recomendou-se a valorização dos ambientes de uso comum. A valorização aqui proposta
refere-se
não a
tentativas de soluções
como detalhes de efeito decorativo, comuns nos
ambientes de espera. Recomenda-se que estes locais sejam tratados, desde a concepção inicial de
146
projeto, como locais de importância fundamental, como são encarados os ambientes de
tratamento. Deve entrar como dado no processo de elaboração do projeto. Desta maneira, as
soluções de composição do projeto, sejam elas funcionais, volumétricas e mesmo construtivas
devem estar em conformidade com este fator, que passa a ser interveniente no processo.
Para que
se alcance os resultados de adequabilidade pretendidos,
ela deve ser
considerada como um dado, junto aos demais fatores intervenientes no processo de concepção
inicial dos projetos de arquitetura, quando da definição do partido. Devem ser consideradas no
momento em que se opta
pela volumetria, sistema construtivo, setorizações, articulação
funcional dos espaços e, obviamente que, junto às
demais necessidades funcionais e de
cumprimento das normas e demais fatores limitantes de projeto.
Desta maneira, permanece
interagindo com as demais etapas de projeto tais como: a dos
projetos complementares
inclusive o de ambientação de interiores e seus devidos detalhamentos.
As referidas diretrizes, em última instância, tem como objetivo modificar o conceito de
locais de espera, sobretudo, tratando-se de programas semelhantes ao presente estudo de caso.
Amplia-se a noção funcional que, em geral, se atribui a eles. No caso de ambientes de
promoção da saúde como no estudo de caso em questão, estes locais devem ser trabalhados
como ambientes de
valor terapêutico. Propõe-se a alteração do status destes lugares. Na
melhor das hipóteses, estes locais cumprem, exclusivamente,
a função de permitir que as
pessoas aguardem, da forma mais confortável possível, o momento de sua sessão de tratamento.
Acrescenta-se à referida função de aguardar, uma outra, a de apoiar a socialização. Uma vez que
encontrou-se indícios de valor psico-social ou terapêutico, em função das trocas sociais que
ocorrem naqueles lugares, o ambiente físico tem
que corresponder.
Retoma-se que a
valorização dos ambientes de espera, é um fator de orientação de projeto, por este motivo, não
caberia aqui propostas ou modelos de sugestões no sentido de soluções para estes ambientes.
Um outro aspecto a ser observado, ligado à referida valorização dos ambientes de uso
comum, refere-se ao conteúdo simbólico. É, possivelmente, o ponto que requer
um maior
conhecimento das características, necessidades e exigências do usuário. Cobra do produtor do
espaço uma postura mais empática em relação á quem vai utilizá-lo. É necessário que se
147
conheça seu contexto cultural, as suas preferências - seus valores , seus desejos quanto ao
ambiente ideal. Neste sentido, é recomendável que sejam consultados anteriormente às decisões
de projeto, ou mesmo participem delas, além do tradicional binário profissional de arquitetura e
cliente, no caso da saúde, administradores e/ou equipe médica.
De acordo com Henry Sanoff (1990), é possível chegar a um entendimento da situação
de projeto mais adequada, com melhor qualidade, identificando as preferências e desejos dos
seus usuários. Segundo este autor, isto é possível através dos métodos e técnicas de participação
e avaliação desenvolvidos para se chegar ao que chamou de “Participatory Design”. Estas
técnicas aproximam o designer e os usuários. No estudo de caso em questão, utilizou-se de
algumas destas técnicas que, estão incluídas na avaliação comportamental da Metodologia de
Avaliação Pós-Ocupação (APO). Acrescentou-se a ferramenta de avaliação da opinião do
usuário desenvolvida
por Henry Sanoff
(2004), o “WIsh Poem”.
É
usada em design
participativo e visa à identificação dos desejos dos usuários quanto ao espaço. Como vimos nas
análises
e resultados, surtiu um efeito interessante. As pessoas se motivaram quanto à
participação e se permitiram falar acerca dos aspectos estéticos do ambiente. Algo que não
ocorreu quando utilizou-se das outras ferramentas usuais como as perguntas dos questionários ou
nas entrevistas. Como vimos, é necessário maior esforço de todos os envolvidos, especialmente
por parte de quem elabora o projeto, no sentido da participação dos usuários. O que demanda
organização, disponibilidade e bastante disposição, considerando que o Brasileiro, em geral,
não está habituado às práticas que envolvam decisões coletivas. No entanto, com a inclusão
da opinião e participação dos usuários, o projeto atingiria um outro patamar de adequabilidade.
A metodologia APO permitiu a análise do ambiente em seu conjunto, bem como uma
verificação comportamental específica para o ambiente em questão. Uma vez que sua estrutura
acomoda adaptações e ajustes tanto em relação a escolha adequada das ferramentas de análise
quanto na sua modelagem e formas de aplicação.
Serviu como estrutura clara e segura,
porém maleável, tornando possível o desenvolvimento de toda a pesquisa.
148
5
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153
6. APÊNDICES
154
Questionário /Paciente
Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO
AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITEROI” desenvolvido pela Universidade
Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste
ambiente.
1. Caracterização do Paciente:
Sexo: ( ) Feminino
( )Masculino
Faixa Etária:
( ) 6 aos 12 anos
( ) 12 aos 18 anos
( ) mais que 18 anos
( ) mais que 65 anos
Nível de Escolaridade
Fundamental
( )Completo ( ) Incompleto
Secundário
( ) Completo ( ) Incompleto
Superior
( ) Completo ( ) Incompleto
Que tratamento faz e há quanto tempo?
Sua residência é longe ou perto daqui?
Que tempo de viagem gasta para chegar?
Que tipo de transporte utiliza?
2. Valoração Geral do Ambiente
1.Como avalia o tempo de espera para o atendimento?
2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom
3. Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim
4. O que é bom?
5. O que precisa mudar?
6. O que falta?
7. O que você mais gosta no prédio?
155
8. Complete a frase:
Eu gostaria que a AFR fosse..............................................................................................
3. Valoração por Ambientes
Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em sua volta;
As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala:
1-Péssimo ou muito Desagradável
2-Ruim ou Desagradável
3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável
4-Bom ou Agradável
5-Muito Bom ou Muito Agradável
Espera
Setor:
Setor:
Setor:
Sanitários
Circulação
Iliminação
Ventilação
Jardim Interno/ Outras
Distrações
Conforto
quanto
ao
Ruído
Conforto Térmico
Cor
das
Paredes/Piso/Teto
Conforto dos Móveis
Limpeza
Orientação/Comunicação
Visual
Conservação
156
4. DESENHE A AFR
157
5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE:
158
Questionário/ Acompanhante
Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO
AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITEROI” desenvolvido pela Universidade
Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste
ambiente.
1.Caracterização do Paciente:
Sexo: ( ) Feminino
( )Masculino
Faixa Etária:
( ) 6 aos 12 anos
( ) 12 aos 18 anos
( ) mais que 18 anos
( ) mais que 65 anos
Nível de Escolaridade
Fundamental
( )Completo ( ) Incompleto
Secundário
( ) Completo ( ) Incompleto
Superior
( ) Completo ( ) Incompleto
Há quanto tempo está vindo à instituição? Quais os tratamentos que o paciente faz?
Sua residência é longe ou perto daqui?
Que tempo de viagem gasta para chegar?
Que tipo de transporte utiliza?
2.Valoração Geral do Ambiente
1.Como avalia o tempo de espera para o atendimento?
2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom
2. Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim
3. O que é bom?
4. O que precisa mudar?
5. O que falta?
6. O que você mais gosta no prédio?
7. Complete a frase:
Eu gostaria que a AFR fosse...........................................................................................
159
3. Valoração por Ambientes
Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em sua volta;
As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala:
1-Péssimo ou muito Desagradável
2-Ruim ou Desagradável
3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável
4-Bom ou Agradável
5-Muito Bom ou Muito Agradável
Espera
Setor:
Setor:
Setor:
Sanitários
Circulação
Iliminação
Ventilação
Jardim Interno/ Outras
Distrações
Conforto
quanto
ao
Ruído
Conforto Térmico
Cor
das
Paredes/Piso/Teto
Conforto dos Móveis
Limpeza
Orientação/Comunicação
Visual
Conservação
160
4. DESENHE A AFR:
161
5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE:
162
Por Favor devolva na urna, ao lado do ponto. Obrigada.
Questionário /Profissionais
Este questionário faz parte da pesquisa “AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DO
AMBIENTE HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM NITERÓI” desenvolvido pela Universidade
Federal Fluminense – UFF e tem como objetivo avaliar a sua satisfação quanto às características deste
ambiente.
1. .Caracterização do profissional
Tipo de Função:
( ) Atendente
( ) Função Administrativa
( ) Médico
( ) Outros:
Faixa Etária:
( ) 18 aos 40anos
( ) 40 aos 60 anos
( ) mais que 60 anos
Nível de Escolaridade
Fundamental
( )Completo ( ) Incompleto
Secundário
( ) Completo ( ) Incompleto
Superior
( ) Completo ( ) Incompleto
2. Valoração Geral do Ambiente
1.O que é atendimento humanizado?
2. Como é o atendimento? ( ) Péssimo ( )Ruim ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Muito Bom
3.Gosta daqui? ( ) não ( ) mais ou menos ( ) Sim
4.O que é bom?
5.O que é ruim?
6. O que você gosta no prédio?
3. O que precisa mudar?
4. O que falta?
5. Complete a frase:
Eu gostaria que a AFR fosse........................................................................................
163
3. Valoração por Ambientes
Dê sua “nota” para os itens listados, pensando no ambiente que esta em volta de você;
As “notas” vão de 1 a 5 na seguinte escala:
1-Péssimo ou muito Desagradável
2-Ruim ou Desagradável
3-Razoável ou Mais ou Menos Agradável
4-Bom ou Agradável
5-Muito Bom ou Muito Agradável
Recepção/Espera
Setor:
Setor:
Setor:
Sanitários
Circulação
Refeitório/A
mbiente
de
Descanso
Nível de Iliminação
Ventilação
Jardim
interno/
Outras
Distrações
Conforto quanto ao Ruído
Conforto Térmico
Cor das Paredes/Piso/Teto
Conforto dos Móveis
Limpeza
Orientação/Comunicação
Visual
Conservação
164
4. DESENHE A AFR
165
5. DESENHE A AFR COMO VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE:
166
O que é Bom Aqui?
PACIENTES
Respostas
Tudo
O Atendimento
freqüência
9
17
O Tratamento
1
Carinho, igual para todos
2
Atendimento, atenção
4
Atenção
6
Atencioso e carinhoso
2
Atendimento na hora
1
Atendimento e tratamento
2
É bonito . Dão atenção ao pac.
1
È fresco, tem ventilador
Limpeza, e é arejado
A convivência
1
1
1
Não sabe dizer
Total
2
50
Conceito Equiv.
Tudo Bom
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento/
Tratamento
Atendimento e A.
Físico
A. Físico
A. Físico
Atendimento e A.
Físico
NS
O que é Bom Aqui?
PACIENTES
conceitos
Tudo Bom
Atendimento/Tratamento
A. Físico
Atendimento e A. Físico
A Convivência
frequência
9
35
2
1
1
167
NS
total
2
50
Qualidades associadas ao
atendimento
PACIENTES
frequencia
Atendimento Atencioso
Atendimento Carinhoso
Atendimento Atencioso e
Carinhoso
Atendimento Bom
Total
9
3
2
22
36
168
O que Precisa Mudar?
PACIENTES
respostas
nada
Não Resp.
Não Sabe
calor
mais bancos
pintura gasta
conforto nas esperas
mais ventiladores
as cores
mais vagas nos setores
diversidade de
tratamentos
sessões curtas
escadas ruins
distancia de casa
Avaliação
Poucos Equipamentos na
fisio
Remuneração das
Estagiárias
Total
O que Precisa Mudar?
PACIENTES
conceitos
Nada
Conf. em Geral
Atendimento/ Gest.
NS
Outros
Total
frequência
21
9
1
2
1
2
2
1
1
1
2
Conceito Equiv.
Tudo Bom
NS
NS
Conforto geral
Conforto Geral
Conforto Geral
Conforto Geral
Conforto Geral
Conforto Geral
Atendimento/Gestão
Atendimento/Gestão
2
1
1
1
1
Atendimento/Gestão
Conforto Geral
Outros
Atendimento/Gestão
Atendimento/Gestão
1
Outros
50
frequência
21
10
7
10
2
50
169
O que Falta?
PACIENTES
respostas
Nada
Elevador
Ventilador
Mais tipos de tratamentos
Pouco tempo nas sessões
Seqüência dos horários
Avaliação
Ar Condicionado
Menos calor, mais ventilação
Mais vagas para tratamento
Elevador e escada melhor
Mais tipos de tratamentos e mais tempo nas
sessões
Equipamentos na Fisio
Bancos, cadeiras na espera
Não sabe ou não respondeu
Acessibilidade difícil
Total
O que falta?
PACIENTES
conceitos
Tudo Bom
Conforto Térmico
Conforto Geral
Atendimento/Gestão
Acessibilidade
NS
total
frequência
21
3
1
2
1
1
1
3
1
2
1
1
conceito Equiv.
Tudo Bom
Acessibilidade
Conforto Térmico
Atendimento/Gestão
Atendimento/Gestão
Atendimento/Gestão
Atendimento/Gestão
Conforto Térmico
Conforto Térmico
Atendimento/Gestão
Acessibilidade
Atendimento/Gestão
1
1
9
1
50
Atendimento/Gestão
Conforto Geral
NS
Acessibilidade
frequência
21
5
1
9
5
10
51
170
O que Mais Gosta no Prédio?
PACIENTES
Perguntas
frequência
Não respondeu
10
Nada em Especial
2
Tudo
3
As Rampas
1
A Quantidade de
1
Bebedouros
Sala de TV, é Bom o lugar
1
Gosto de tudo
2
A esperas
1
cantina
2
Localização
1
Área da rampa , Bonita
1
Espera /recepção
1
A Espera da massagem
2
TV e Cantina
1
A convivência
1
total
50
conceitos
NS
Nada em Especial
Tudo
Esperas em geral
Esperas em geral
jardim/TV
Tudo
As Esperas em geral
Área da Cantina
Nada Especial
Jardim/ TV
Recepção
Esperas em geral
Jardim TV e Cantina
Esperas em geral
Que Mais Gosta no Prédio?
PACIENTES
conceitos
frequência
Tudo
7
Jardim/TV
4
As Esperas em geral
9
Área da Cantina
4
Jardim TV e Cantina
2
Nada em Especial
4
N Sabe responder
20
total
50
171
"Wish Poem"
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
PACIENTES
respostas
frequência
Como ela é hoje.
15
Com elevador
3
Mais perto de minha casa
Colorida
Mais ventilada na Espera
Mais fácil para circular
Tivesse mais tratamentos
Com um visual melhor
Mais Fresca
Com sessões mais longas
Com acesso e circulação mais
fáceis
Mais Ampla e fresca
Mais bem pintada
Não respondeu
total
3
1
1
1
5
1
5
1
6
2
1
5
50
conceito equiv.
Tudo Bom
Acessibilidade
/Circulação
Localização
Estética
Conforto Térmico
Acessibilidade/Circulação
Atendimento/Gestão
Estética
Conforto Térmico
Atendimento/Gestão
Acessibilidade/Circulação
Conforto Térmico
Estética
NR
"Wish Poem"
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
PACIENTES
conceitos
frequência
Tudo Bom
15
Conforto Térmico
8
Estética
3
Atendimento/Gestão 6
Acessibilidade/
10
Circulação
Localização
3
NS
5
Total
50
172
O que é bom aqui?
ACOMPANHANTES
respostas
Tudo
O atendimento
atendimento, incluem os pais
atendimento, muito agradáveis
o prédio e o atendimento da correção
postural
simpatia dos atendentes
equipe médica
a troca entre as pessoas
atendimento, são atenciosos
total
o que é Bom aqui?
ACOMPANHANTES
conceitos
Tudo Bom
Atendimento/ Tratamento
Atendimento/ A. Físico
total
frequência conceito equiv.
4
Tudo Bom
12
Atendimento/
tratamento
1
Atendimento/
tratamento
1
Atendimento/
tratamento
1
Atendimento/ A.
Físico
1
Atendimento/
tratamento
1
Atendimento/
tratamento
2
Atendimento/
tratamento
2
Atendimento/
tratamento
25
frequência
4
20
1
25
173
O que Precisa Mudar?
ACOMPANHANTES
Respostas
Nada
o calor, é muito quente aqui
o calor
o barulho na espera
o calor nas esperas
mais opções de tratamento
o tempo de atendimento em cada
sessão
a falta de vagas
a falta de elevador
não tem sanitário para a limpeza do
paciente
N. resp.
total
O que Precisa
Mudar?
ACOMPANHANTES
conceito
Nada
Conforto Témico
Conforto Acústico
Adequação de
sanitários
Acessibilidade
Atendimento/ gestão
N. respondeu
total
frequência
7
2
3
2
1
1
1
1
2
2
3
25
conceito equiv.
Nada
Conforto Térmico
Conforto Térmico
Conforto Acústico
Conforto Térmico
Atendimento /
Gestão
Atendimento /
Gestão
Atendimento /
Gestão
Acessibilidade
Adequação de
sanitários
N. resp.
frequência
7
6
2
2
2
3
3
25
174
O que falta?
ACOMPANHANTES
Respostas
nada
mais tratamentos
atividades informativas enquanto aguardam
ventiladores, AC
sala de espera refrigerada
elevador
limpeza do paciente
frequência
8
1
1
3
1
1
3
acessibilidade ao pav. Superior
n.resp.
total
1
6
25
O que falta?
ACOMPANHANTES
conceito
nada
atendimennto/gestão
conforto térmico
acessibilidade
adequação funcional
n. resp.
total
conceito equiv.
nada
atendimento/gestão
atendimento/gestão
conforto térmico
conforto térmico
acessibilidade
adequação
funcional
acessibilidade
n. resp.
frequencia
8
2
4
2
3
6
25
175
O Que Mais Gosta no Prédio?
ACOMPANHANTES
perguntas
Tudo
jardim interno
dos bancos da cantina
espaço da cantina
o jardim e a cantina
frequência
3
3
1
4
2
espera da fono
das plantas
do espaço da cantina
das esperas, fono, correção, etc.
nada especial
n.resp.
total
1
1
1
4
2
3
25
Que Mais Gosta no Prédio?
ACOMPANHANTES
conceitos
Que Mais Gosta no
Prédio?
Tudo
Jardim/TV
As Esperas em geral
Área da Cantina
Jardim TV e Cantina
Nada em Especial
n.resp.
total
conceito equiv.
Tudo
jardim/ TV
Área da Cantina
Área da Cantina
Jardim TV e
Cantina
Esperas em geral
jardim/ TV
Área da Cantina
Esperas em geral
Nada em Especial
n.resp.
frequência
3
4
5
6
2
2
3
25
176
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
"Wish Poem" ACOMPANHANTE
Respostas
mais fresca
menos quente
perto de minha residência
perto de minha casa
com mais lugares para distrair a atenção
com mais atividades para quem aguarda
ampliada, reformada e embelezada
Mais florida
n. respondeu
total
"Wish Poem" / ACOMPANHANTE
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
"Wish Poem"
conceito
Conforto Tèrmico
Distrações
Estetica
Localização
N. resp.
total
frequência
10
2
2
1
2
1
1
1
5
25
Conceito Equiv.
Conforto Térmico
Conforto Tèrmico
Localização
Localização
Distrações
Distrações
Estetica
Estetica
N. resp.
frequência
11
3
3
3
5
25
177
O que é bom aqui?
PROFISSIONAIS
respostas
O atendimento aos pacientes
O atendimento multidisciplinar
frequência
28
7
autonomia e recursos
qualificação dos profissionais
Bom relacionamento entre os profissionais
Nada Bom
N. Respondeu
o compromisso dos superv. com os
estagiários
total
O que é Bom aqui?
PROFISSIONAIS
conceitos
Atendimento em geral
Atendimento Multidisciplinar
Condições de trabalho em
geral
N. respondeu/ Outros
total
5
1
6
1
3
2
conceito equivalente
Atendimento em geral
Atendimento
Multidisciplinar
Condições de trabalho
Atendimento em geral
Condições de trabalho
Nada Bom
N. Respondeu
Condições de trabalho
53
frequência
29
7
13
4
53
178
O que Precisa Mudar?
PROFISSIONAIS
Respostas
frequência
conceito equiv.
As cores, a recepção, setores,
cantina.
Aumento de espaço físico
a iluminação
ventilação
limpeza wc
arejamento dos ambientes
barulho 2°pav.
ampliar horário das sessões
espaços para trabalhos em grupo
muito calor no refeitório
adequação física
melhorar a entrada e saída dos
pacientes
localização dos setores
4
conforto estético
10
2
1
1
1
1
4
1
1
3
5
conforto funcional/ dim.
conforto /luz/ ventilação
conforto /luz/ ventilação
conforto em geral
conforto /luz/ ventilação
conforto em geral
atendimento/gestão
conforto funcional/ dim.
conforto em geral
conforto funcional/ dim.
conforto funcional/ dim.
2
a recepção, banheiros
espaço maior para ter hidroterapia
questões administrativas
n. resp.
total
1
1
13
3
54
conforto funcional/
articulações
conforto em geral
conforto funcional/ dim.
outros
n. resp.
O que Precisa Mudar?
PROFISSIONAIS
conceito
conforto estético
conforto /luz/ ventilação
conforto funcional/ dim.
atendimento/gestão
conforto funcional/
articulações
conforto em geral
outros
n. resp.
total
frequencia
4
4
20
4
2
9
13
3
51
179
O que falta?
PROFISSIONAIS
Respostas
telhado sobre a rampa
limpeza
acesso aos andares
elevador
melhor iluminação e ventilação
n. resp.
questões adm., como
motivação,aparelhos, etc.
ampliação dos setores
um parque para as crianças
espaço maior na recepção
espaço físico
n. resp.
total
O que falta?
PROFISSIONAIS
conceito
conforto funcional/ cobertura
limpeza
acessibilidade
conforto em geral
q. adiministrativas
conforto funcional/ dim.
n. resp.
total
frequência
6
2
1
1
2
3
16
17
1
1
1
3
54
conceito equiv.
conforto funcional/
cobertura
limpeza
acessibilidade
acessibilidade
conforto em geral
n. resp.
q. adiministrativas
conforto
conforto
conforto
conforto
n. resp.
funcional/ dim.
funcional/ dim.
funcional/ dim.
funcional/ dim.
frequencia
6
2
2
2
16
20
6
54
180
Que Mais Gosta no Prédio?
PROFISSIONAIS
perguntas
tudo
meu setor
jardim interno
frequência
1
15
16
a área da rampa
2
N Sabe responder
organização dos setores
pracinha interna
12
1
1
tamanho do meu setor
1
manutenção, simplicidade,ter área livre, 4
etc.
a cantina
1
total
Que Mais Gosta no Prédio?
PROFISSIONAIS
conceitos
Tudo
Refeitório
Jardim TV e Cantina
Próprio setor
N Sabe responder
Outros
total
conceito equiv.
Tudo
Próprio setor
Jardim TV e
Cantina
Jardim TV e
Cantina
N. resp.
Próprio setor
Jardim TV e
Cantina
Próprio setor
Outros
Jardim TV e
Cantina
54
frequência
1
2
18
17
12
4
54
181
"Wish Poem" / PROFISSIONAIS
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
"Wish Poem"
Respostas
maior p/ atender a todos
maior
mais espaço físico
um lugar mais amplo
ampliada
com mais recursos financeiros
frequência
7
6
4
2
4
5
mais reconhecida
7
mais moderna, mais equipada
5
uma instituiçãoque remunerasse
melhor
n. resp.
total
7
"Wish Poem" / PROFISSIONAIS
Complete a Frase:
Eu Gostaria que a AFR Fosse:
"Wish Poem"
conceito
Maior
Mais Reconhecida
C/ Mais Recursos
N. resp.
total
7
54
conceito Equiv.
Maior
Maior
Maior
Maior
Maior
Mais
reconhecida
C/ Mais
Recursos
C/ Mais
Recursos
C/ Mais
Recursos
N. Resp.
frequência
23
5
19
7
54
182
PROFISSIONAIS
O que é Atendimento Humanizado?
Respostas
frequência Conceito
Equiv.
8
Respeito
3
Respeito
4
Visão Holística
4
Visão Holística
respeito, dignidade
respeito mútuo
tratar o paciente como um todo, não só a patologia
melhor cond. de tratamento e integração paciente, família,
terapêuta
considerar os sentimentos e sofrimentos dos pacientes
respeito, carinho, amizade e atenção
2
2
atender como gostaríamos de ser atendidos
atenção , disponibilidade para ouvir, respeitar o paciente
olhar além da patologia, focando suas particularidades
igualdade, financeira e educacional
atender c/ técnica profissional e respeito
atendimento igual para todos
olhar e escuta
trar o indivíduo de maneira única
atenção e conforto
n. resp.
total
1
2
6
2
6
1
2
3
3
5
54
ROFISSIONAIS
O que é Atendimento
Humanizado?
conceito
Respeito
Visão Holística
Empatia
Afetos Positivos
Igualdade
N. resp.
total
Empatia
Afetos
Positivos
Respeito
Empatia
Visão Holística
Igualdade
Respeito
Igualdade
Empatia
Visão Holística
Respeito
N. resp.
frequência
21
17
6
2
3
5
54
183
PROFISSIONAIS
O ambiente físico pode ajudar no sentido da Humanização? Como?
Respostas
Sim, através de cores vivas, materiais adequados, ambiente harmonioso
Sim, quando o ambiente é agradável, oferece conforto e beleza ao usuário
Sim , um ambiente bonito é importante, traz harmonia
sim, sendo alegre, harmonioso, bonito
um ambiente aconchegante faz com que o paciente sinta-se seguro.
sim , o conforto é importante para o bem estar do paciente
sim , com ambientes bem iluminados, ventilados etc.
sim, o ambiente interfere diret. , um ambiente acolhedor torna o atend.de melhor
qualidade
sim o conforto é importante para a qualidade do atendimento
frequência
2
2
2
2
3
1
3
1
1
sim, um ambiente confortável traz bem estar
sim, a decoração de cada setor, tem seu valor , colabora com o bem estar
sim, organizando as acomodaçãoes resulta em resultados positivos para o paciente
sim, um ambiente confortável, e agradável influencia no comport. das pessoas,
pode tranquilizá-las
sim o ambiente pode facilitar a motivação do paciente
sim, muito atenuando o incômodo
1
1
2
1
sim, um amb. organizado transfere organização interna ao paciente
1
sim, melhorando o conforto, ventilação, etc. o paciente sente-se à vontade
sim, melhorando as condições de acessibilidade para todos
1
3
sim, com rampas, elevadores,orientação adequados
2
sim, possibilitando uma maior integração entre as pessoas
pode, melhorando a integração
sim, é necessário ambientes que favoreçam a socialização entre os pacientes
sim, proporcionando vivências aos pacientes
sim, sendo funcional, adequado às necessidades
1
1
1
2
2
Não respondeu
total
13
54
2
3
184
PROFISSIONAIS
O ambiente físico pode ajudar no sentido da Humanização? Como?
conceito
frequência
Aconchego
4
Harmonia
4
Bem Estar
11
Alegria
2
Tranquilidade
1
Motivação
2
Socialização
5
Atenuação do incômodo
3
Auxílio na Organização interna do paciente
1
Inclusão
5
Qualidade do atendimento
3
N. Resp.
13
total
54
185
ESPERAS EM GERAL
PACIENTES
Iluminação
Ventilação
Conf.Térmico
Conf.Acústico
Jardim/Outras Distrações
Cores do Ambiente
Conforto dos Móveis
Limpeza
Conservação
Orientação/Com. visual
M.Bom
8
4
0
3
7
1
1
5
0
1
ESPERAS EM GERAL
ACOMPANHANTES M.
Bom
Iluminação
Ventilação
Conf.Térmico
Conf.Acústico
Jardim/Outras
Distrações
Cores do Ambiente
Conforto dos Móveis
Limpeza
Conservação
Orientação/Com.
visual
10
3
1
5
1
2
1
1
Bom
26
23
11
23
14
27
27
30
19
29
Razoável
6
12
13
9
7
8
9
5
17
8
Ruim
0
1
7
4
2
4
3
0
4
1
Bom
Razoável Ruim
11
15
3
12
7
4
3
7
2
3
17
18
14
14
15
5
4
9
9
9
4
6
8
4
1
3
1
Péssimo
0
0
9
1
10
0
0
0
0
1
Total
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
Péssimo Total
9
2
6
1
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
186
Transcrições das Entrevistas
Supervisor da Fisioterapia Geral
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Somos generalistas, trabalhamos fisioterapia geral.
Sendo que a predominância é a
neurologia fisioterápica ou fisioterapia neurológica. Nossos pacientes apresentam carência
afetiva, de uma forma geral, isto é bem marcante. Eles acabam gerando doenças psicosomáticas
originárias pelo estresse causado pela deficiência. É importante relaxar, dar conforto, dar um
“colinho” para ele ceder e então começa o tratamento.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
Seria considerara, ter feeling para perceber o que ele traz por trás da patologia , além do
corpo que adoece, ver mais que um corpo doente.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
De suma importância. Porque reabilitar não é só devolver a condição física. Reabilitar na a
sua essência da palavra é devolver à este paciente a sua vida, a vida social, a sua familia. Dentro
do nosso trabalho faz parte as orientações para que ele retorne a sua vida social, ao seu convívio
em grupo,a participação em festinhas familiares , participação em atividades sociais de uma
forma geral . Inclusive desenvolvemos aqui um trabalho, em nossa equipe de psicologia, com
grupos de pacientes deficientes , onde eles vão trabalhando, primeiro, datas comemorativas como
dia das mães, dia dos namorados, etc. depois orientando para que sejam inseridos no contexto
familiar também para este tipo de coisa, para que eles saiam. Como prolongamento do tratamento
que está recebendo aqui. Porque uma vêz que eles comecem a sair com pessoas próximas , eles
vão iniciando o processo de adaptação em seus deslocamentos, como a adaptação com as
cadeiras, ou treinar a andar com próteses na rua, adaptar-se aos obstáculos ou dificuldades de
acessibilidades que encontram com freqüência. Faz parte de nosso conteúdo programático.
187
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum , como a área da cantina ou TV,
e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
Nós utilizamos estes espaços externos ao setor para darmos continuidade às práticas e
exercícios terapêuticos. Muitas vezes nós treinamos o paciente à andar aqui dentro , orientamos
os pacientes para começarem a andar aqui dentro, numa dimensão pequena, com elementos
paralelos, dentro do espaço onde ele tem marcos, tem maior segurança. Num segundo momento
andamos com o paciente dentro do próprio setor, para ele habituar-se com os estímulos na
realização da marcha. Depois, para dificultar mais ainda, eu utilizo a rampa , como plano
inclinado, a escada, os degráus, desta forma trabalhamos a percepção dos estímulos externos em
relação ao equilíbrio.
Se quizermos dinamizar as condições para o convívio social, no sentido da circulação nas
calçadas, atravessar a rua , subir em ônibus, caminhar no entorno ( Campo de São Bento). A
cantina é um lugar muito legal para o convívio mas tem a questão do controle da alimentação,
que é a parte mais difícil. Os espaços são todos explorados mas, pena que sejam poucos,
gostaríamos de explorar mais ainda, como dificuldades de andar em calçadas com buracos, etc.
Os espaços de sala de espera e de cantina são de grande importância, existe troca importante,
muitas vezes motivações de tratamentos acontecem alí. Um paciente mais deprimido e outro que
já passou por essa fase, um apoia o outro, trocam enquanto estão aguardando. Aqui no próprio
setor, algumas vezes pensamos em dividir em boxes para garantir privacidade, mas por outro lado
o espaço aberto permite um olhar sobre o que o outro que já conquistou, o que ele pode julgar
tão difícil naquele momento. A cortina foi a solução encontrada, dá privacidade quando
necessária, mas possibilita essa troca quando desejada , um dando força para o outro.
188
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
O espaço é pequeno, precisamos e um elevador, uma acústica melhor na espera. Espaço para
desenvolver outras terapias , temos idéias , mas temos limitação de espaço físico.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um ambiente mais confortável, mais espaçoso.
Supervisor do Setor de Pedagogia
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Atendemos em psico-pedagogia em geral. São crianças na faixa de 3 à 13 anos. Nosos
usuários são autistas, com déficit cognitivo, de alfabetização muito intenso. Também orientamos
os pacientes de outros setores quanto à assuntos que dizem respeito à questão pedagógica. As
necessidades são grandes , atendemos uma parte delas. Precisam da colaboração de toda a
sociedade, escolas adequadas, de famílias conscientes
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
Ter um olhar de amor. É um trabalho difícil que não apresenta resultados em curto prazo, por
isto exige paciência , perceverança. Assumir o desafio de ensinar a criança com deficiências
mentais com amor. A família tem que ser também ouvida, melhor atendida, orientada. A saúde
geral deve ser acompanhada, as escolas devem ser envolvidas, nos fazemos o contato com as
escolas.
189
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
Importantíssimo.
Através desse convívio vão haver trocas de esperiências e, em
consequencia , gerar crscimento. Quando se trabalha com desenvolvimento infantil, tem que ser
feito em grupo.
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
Desde que o profissional esteja atuando junto ao paciente. Por outro lado, os acompanhantes
tocam informações e experiências.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
O espaço terapêutico
de que dispomos é inadequado,
muito pequeno para as nossas
necessidades e falta mobiliário e equipamentos. Falta sala de psicomotricidade, informática, sala
de atendimento para grupo, sala de atendimento individual e sala para estagiários. Além disso,
temos um projeto de psicomotricidade para idosos que precisa de espaço apropriado.
6ª Questão: Quai seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um espaço maior.
Supervisor do Setor fisioterapia-Eletroterapia
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
O objetivo principal da profissão aqui na associação é gerar a independência física do
paciento e aliviar algum quadro que atormente esse paciente. Os pacientes bucam alguma especie
de ajuda, atenção, carinho, etc. Observamos que os pacientes vêm para cá por uma questão de
190
amizade,há falatórios no corredr por que eles se encontram e para muitos isto é um benefício.
Querem ter um ciclo de amizade. Os pacientes não querem , em geral se afastar, ter alta, pelo
convívio que se observa aqui. Vemos neles , em geral, a carência, além da econômica que é
comum aqui mas, afetiva, de cuidados.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
Seria as instituições terem um mínimo de condições para gerar um bom serviço. Para que dse
possa atender de forma dígna. A forma dígna seria ter respeito pelo paciente, é ter o mínimo de
responsabilidade. Condições mínimas, equipamentos, etc. Aqui nos temos condições físicas para
fazer um bom atendimento. Melhor oferecer o serviço, na parte material, humana, de higiêne, etc.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
É um dos pontos mais importantes para os nossos pacientes. Recebemos pessoas que ,
estavam em condições físicas ideais, após um fato que gerou a mudança, um desequilíbrio
emocional ocorre e nos buscamos atender neste sentido. É importante o convívio para que o
paciente sinta que pode ser aceito novamente pela sociedade.
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
As esperas são positivas para o convívio. Mas os pacientes conversando nas esperas daqui
da eletro, prejudicam o tratamento dentro dos boxes de tratamento. As divisórias dos boxes não
vão até o teto, ouve-se tudo.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Minha sala fica desconectada do meu setor. Os boxes ficam do outro lado do corredor, isto não é
funcional.
191
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Os espaços da instituição não estão bem distribuidas no edifício, há espaço disponível para
ser aproveitado no terceiro piso.
Supervisor do Setor de Psicologia Neuro- Infantil
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Trabalhamos com crianças com comprometimento mental , de 2 ou 3 mêses até 17 anos.
Trabalhamos com estimulação precoce de bebês até o correspondênte à 3 anos, e terapia infantil
para a o desenvolvimento das diversas linguagens, falada, corporal, de comunicação em geral.
Trabalhamos a estimulação precoce da criança, de forma individual e junto aos pais com vistas à
uma melhor relação com esta criança, par que esta seja recebida e tratada de maneira positiva.
Na terapia infantil tratamos, entre outras, crianças psicóticas, neuróticas e/ ou com com
comprometimentos corporais. Da mesma forma o adolescente.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
Nós temos como conduta o “olhar escuta”, sobre os pais e sobre aquela criança , não
somente sobre o próprio disgnóstico. Sobre o sujeito, não ficar preso ao diagnóstico.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
Nós entendemos que todo ser humano quer ser amado e aceito. Trabalhamos esta aceitação
pela família, para que auxiliem em uma melhor adaptação social desta criança. Temos casos de
crianças que, apesar de não terem recebido grande influência de
tratamentos mas, se ela foi bem acolhida por uma comunidade, se as pessoas a incentivaram , ela
foi longe, com certeza.
192
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
Tem justamente poque elas promovem a integração. Tem a questão de se alimentarem
juntos, por ex. as famílias eram mais felizes quando jantavam juntas, tinha mais comunicação.
Nestes lugares elas estão se comunicando, matando curiosidades, enfim se integrando no grupo.
Quando a criança é bem aceita em uma comunidae , por exemplo , em uma escola , seu
desenvolvimento é superior, comparada com as outras que estão recebendo igual tratamento.
Na maioria dos casos, principalmente as mães, vêem acompanhar seus filhos , desde bebês e o
tratamento pode levar vários anos, que vão exigir a sua permanência nesta rotina-são duas a três
horas , duas vezês por semana. O convívio social que os familiares encontram aqui é , portanto,
de grande importância para o bem estar dessas pessoas. Elas trocam as experiências,angústias,
dúvidas, sofrimentos e se apoiam, motivam-se ,crescem. Isto vai gerar benefícios para a própria
criança.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Além de funcionar bem, estar adaptado ás necessidades eser confortável, a imagem do
ambiente é importante. O aspecto estético do ambiente é importante, os pacientes e os pais
percebem quando o ambiente está sendo feito para eles, percebem como carinho, atenção. Os
pacientes mais desorganizados precisam de um ambiente bem organizado como compensação,
eles começam a arrumar as coisas quando chegam aqui e vêem alguma desorganização.
193
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Seria ideal que pudessemos contar com um espaço maior,
com um parquinho,
com
brinquedos próprios para elas, serviria como local ao mesmo tempo de lazer e terapia.
Supervisor do Setor de Fonoaudiologia Neuro-Infantil
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Trabalhamos com estimulação precoce, crianças com deficiências e/ou com dificuldades
funcionais da alimentação, como alimentação por sondas, etc. São crianças, na maioria de faixa
de renda baixa, que encontram aqui tratamento,atenção, conforto. Elas são treinadas a
se
alimentarem de maneira independente e, ao mesmo tempo, são alimentados, nutridos durante as
sessões. Temos um lanche durante as sessões.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
É um trabalho de equipe no sentido de se chegar ao melhor para o paciente. Trabalhamos de
maneira multidisciplinar, discutimos a evolução dos pacientes, e procuramos incluir a família.
Na maioria das vezês os pais ou acompanhantes chegam aqui sem o diagnóstico de seu filho, sem
entender qual é o problema do seu filho, o que ocorre com ele. Os médicos não esclarecem, ou
algumas vezês precisam de algum tempo para absorver a idéia da condição do paciente.
Orientamos a familia quanto à necessidade de promover a integração do paciente na sociedade,
para que possam ser tão independentes quanto possível.
194
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
É fundamental para que eles possam criar uma certa independência. A própria atividade diária,
se eles não tiverem toda essa questão social envolvida se torna mais difícil. Esta criança acaba
exilada em uma casa , a mãe ocultando-a, e o mundo lá fora é excluído dela. Ocorre que
independência em geral do paciente é prejudicada. A questão da escola, da pracinha, etc. não
podem ser excluídas dele. Até mesmo para se trabalhar a questão do preconceito, que ocorre
mesmo dentro do ambiente familiar. É mais cômodo deixá-los em casa. A psicologia e a
pedagogia aqui nos auxiliam à trabalhar essa criança nestes vários níveis.
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
No meu entender, esta questão esta muito ligada
à Terapia Ocupacional, no que diz
respeito à independência nas atividades diárias , do paciente poder se locomover, chegar até a
cantina. Tem algumas crianças que foram treinadas, pelas próprias mães a utilizar a cantina, o
que facilita quando tiverem que lidar com o mundo lá fora.
Muitas vezês os profissionais de psicologia utilizam da estratégia de abordarem, nestes
locais, os pais ou responsáveis que se recusam à participar do tratamento psicológico e, nesta
oportunidade, convencê-los da importância do mesmo. Nestes ambientes, mais informais que
dentro das salas de tratamento, as pessoas estão mais à vontade, e isto pode facilitar a entrada
dos profissionais junto aos acompanhantes.
195
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Nós aqui trabalhamos com os pacientes individualmente, neste sentido, esse espaço é
excelente. Eventualmente promovemos sessões com duas crianças para estimular a fala,
especialmente. O espaço de nosso setor é bastante bom.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um edifício com fácil acessibilidade, que pode ser obtido através da instalação de
elevadores. O cuidado com a apresentação e conservação do ambiente, no sentido de torná-lo
acolhedor, é importante.
Supervisor do Setor de Terapia Ocupacional
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Na TO nos trabalhamos com pacientes que possuam qualquer tipo de problema ( deficiência)
físico e/ou mental no sentido de capacitá-los para as atividades do cotidiano. Temos como
principal ferramenta a atividade. Temos como principal objetivo, reabilitar e/ou prevenir a
instalação de complicações devido à sua patologia. Proporcionar uma maior independência e
autonomia na realização das funções da vida diária. De uma maneira geral são portadores de
sequêlas físicas e/ou cognitivas. A principal necessidade está ligada à questão da independência,
da autonomia, por não poderem mais realizar as tarefas sozinhos, como o faziam anteriormente à
doença. Aqui trabalhamos a reabilitação motora e cognitiva através de tarefas simples do
cotidiano.
196
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
O respeito em geral. Quanto aos horários, as sua necessidades e individualidades. Com
relação à postura dos profissionais,fazendo com que os pacientesse sintam valorizados.
Chamando pelo nome, estabelecendo uma relação de confiança, pra que se sintam seguros,
acolhidos.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
Vejo pelo lado da promoção do convívio entre os pacientes.A questão social está muito
ligada ao trabalho que desenvolvemos, tenta-se promover a integração entre eles, durante as
oficinas terapêuticas, para que possam trocar entre si, sobre o tratamento, a família, e fazer novas
amizades. O convívio é primordial.
4ª Questão:
Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou
TV, e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação
dos pacientes? Como?
Sim vejo. De uma maneira ou de outra, do lado de fora a troca existe, eles começam a ter
questionamentos a cerca da cura, que para muitos deles é relativa, ou inatingível. É tão
importante quanto aqui no grupo, mas lá fora eles estão mais soltos. Tem função terapêutica para
os pacientes e indiretamente através dos acompanhantes, é muito interessante observar isto. No
Hospital santa Cruz existe uma T.O. para idosos e percebemos que a sala de espera é importante
para eles, a pontro termos criado lá um local para dinâmicas de grupo que chamamos de “ Sala de
Espera”.
197
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Temos um espaço bom aqui para exercermos a TO , mas o ideal seria uma réplica do espaço
residêncial, com ambientes equipados como os da casa deles, com banheiro, cozinha , quarto com
armários, etc,
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um espaço acessível para os deficientes, com iluminação, ruído, barras auxiliares nos
banheiros, pisos anti-derrapantes. Sob o ponto de vista estético, é importante que a instituição não
pareça algo como um presídio, aquilo que passe uma energia ruím. Antes tínhamos aqui cor
cinza nas paredes, depois pintaram de verde, melhorou bastante o ambiente. O ideal seria ter um
setor de TO semelhante a uma residência.
Supervisor do Setor de Serviço Social
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Fazemos encaminhamentos para os tratamentos , atendimentos, etc.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
A forma de tratamento, tentando uma aproximação com a situação do outro, para que se possa
ajudar da melhor forma possível.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
É muito importante, temos casos de pacientes que não apresentam a evolução esperada por
conta do isolamento.
198
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
Sim vejo. É nestes espaços de espera que se dão as trocas, conversas, que são
importântes.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Um espaço confortável e organizado, além de seguro. Em nosso caso é fundamental a
privacidade. Aqui não está acontecendo.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Poderia ser mais arejado, mais claro.
Supervisor do Setor de Fisioterapia Neuro-Infantil
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Trabalhamos com a psicomotricidade, com a evolução motora, dentro da individualidade,
da individualidade de cada paciente. Atendemos
crianças de o à 14 anos
em casoa de
reumatologias, traumatologias e outras.
A criança em tratamento aqui necessita de espaços para explorar, as sensações, o longe e perto,
vivenciando com o próprio corpo.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
Incluir o contexto familiar, verificar como a família encara as patologias destas crianças.
Trabalhar também a família. É importante acompanhar a vida deles lá fora. Damos importância
aos aspectos afetivos.
199
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
A criança nestas condições sofre preconceitos por parte da sociedade em geral. Tem
dificuldade em ser aceito em seu meio como nas escolas. A criança que tem contato com as
outras aprende também por observação.
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
As mães ou responsáveis vivenciam triocas nestes ambientes. E podemos observá-los em
ação.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
O ambiente deve ser claro, arejado, fresco, o rendimento é maior em condições de conforto
ideais. Nos dispomos de uma ambiente extremamente pequeno, o que restringe as nossas
atividades.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um espaço mais acessível e mais amplo, com tratamentos como a hidroterapia, ecoterapia,
musicoterapia, habilitado para atender deficiêntes visuais.
trabalhar a psicomotricidade. Possibilitando o uso de
Ambientes onde fosse possível
bicicleta, patinete, footbol, etc. A nossa
criança precisa de motivação, precisamos descobrir do que eles gostam e trabalhar com isto.
Precisamos de um amplo espaço com material lúdico adequado.
200
Supervisor do Setor de Órteses e Próteses
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Nossa função é técnica, de gerenciamento da produção da oficina. Atendemos pacientes , na
maioria com mais de 60 anos, com amputações por diabetes, os jovens são, na maioria , vítimas
de acidentes de trânsito.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
É tratar o paciente com consideração e respeito.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
É fantástico, bastante importante. Ocorre aqui nas terapias , nas trocas entres os acompanhantes
nas esperas.
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
Tem função terapêutica na medida em que trocam experiências . Eles se encontram nos dias
certos para as medições, ficam conversando nas esperas, são de níveis sociais e idades diferentes ,
mas se integram trocando suas experiências.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
O espaço do meu setor é totalmente inadequado, é muito pequeno . A parte funcional é
importante mas também a estética. Não se pode ter um paciente em um ambiente frio, o calor tem
que ser sentido não só no atendimento mas no ambiente físico.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um ambiente confortável.
201
Supervisor do setor de Psicologia Clínica
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
Para a Psicologia, não existe especialização em uma psicologia própria para os pacientes
em reabilitação. Estes pacientes não são encarados , por nós, como uma categoria específica de
pessoa. Pelo contrário, são vistos como pessoas que passaram por perdas , permanentes ou não
e, a sua recuperação ou reabilitação vai se dar conforme suas características pessoais , seus
recursos morais ou afetivos e a sua história de vida. Cada dor é vivênciada de maneira diferente e
isto está relacionado com a sua história, que buscamos resgatar, retomar junto á ele.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
È ver o paciente em seu contexto geral, familiar e social ou biopsicosocial. Não se v~e o
paciente comoum amputado ou associado à sua lesão, como um incapacitado para esta ou aquela
função, não se estigmatiza o paciente, ou classifica em categorias ligadas ao seu problema.
Reabilita-lo é torna-lo hábil outra vêz, independente do tipo de dificuldade que ele enfrenta no
momento.
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
É de extrema importancia. Nos trabalhos de grupo promove-se as trocas entre as pessoas
com problemas diversos.
202
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum, como a área da cantina ou TV,
e a reabilitaão dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
São espaços importantes para as trocas, para a valorização dos pacientes.
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
Um ambiente que permitisse privacidade, houve-se através das divisórias. Ambientes mais
arejados, com salas para a suprrvisão, salas para estudo\e trabalhos de grupo. Mais claridade,
jardim, água, música neutra, cores pastel.
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
Um ambiente mais confortável e amplo.
203
Entrevistas
Supervisor da Fisioterapia Geral
1ª Questão: Fale sobre a sua especialidade e as características e necessidades das pessoas que
aqui são tratadas.
2ª Questão: O que entende por humanização do atendimento?
3ª Questão: Qual a importância do convívio social para os pacientes em reabilitação?
4ª Questão: Vê alguma Relação entre os espaços de uso comum , como a área da cantina ou TV,
e a reabilitação dos pacientes ? Estes espaços facilitam, de alguma maneira , a recuperação dos
pacientes? Como?
5ª Questão: Como seria o espaço ideal para o exercício de sua profissão?
6ª Questão: Quais seriam as características de um edifício ideal para a AFR?
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6. ANEXOS
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