BOLETIM TÉCNICO
MANEJO DE PASTAGEM ECOLÓGICA NO PROJETO “SEMEANDO ÁGUA”
Arquivo IPÊ
Autores: Alexandre Uezu, Oscar Sarcinelli e Rogério Lourenção
O Sistema Produtor de Água Cantareira é um dos
maiores de abastecimento para consumo humano em
todo o mundo, fornecendo água a mais de 13 milhões de
pessoas residentes na Região Metropolitana de São
Paulo e no interior paulista (PCJ 2010). Apesar de sua
importância, os 230 mil hectares que compõem a região
de contribuição deste sistema, e que influencia diretamente na qualidade e quantidade de água, apresentam
problemas essenciais. O atual uso do solo é em boa parte
inadequado sendo mais de 50% da área composta por
pastagem degradada, como mostra o mapa:
Animais com melhor oferta de forrageira
BOLETIM TÉCNICO
utilizados para realizar a rotação do rebanho e oferecer
uma pastagem de melhor qualidade ao gado.
Arquivo IPÊ
Pelo lado da conservação dos recursos hídricos, a
manutenção da cobertura vegetal sobre o solo é considerada por especialistas como uma das principais práticas
para conter a erosão e seus efeitos negativos. Com a
erosão hídrica do solo, que é o processo de desagregação e o arraste das camadas superiores do solo nas
encostas de uma bacia hidrográfica (BERTONI E
LOMBARDI NETO, 1999), uma grande quantidade de
água e de solo são depositados no interior dos rios,
córregos e reservatórios, como o caso do Sistema
Cantareira. A água das chuvas, quando escorre sobre
um solo mal protegido pela vegetação, não consegue
infiltrar para abastecer as reservas de água que ficam
abaixo da superfície.
Arquivo IPÊ
Unidade Demonstrativa de Piracaia
Manejo de Pastagem Ecológica
Diante deste cenário, uma das metas do projeto
“Semeando Água” é o planejamento, a instalação e o
monitoramento econômico e ecológico de seis Unidades
Demonstrativas (UDs) de Manejo Ecológico de Pastagens
distribuídas por seis municípios a fim de que estas sirvam
como modelos para um mudança maior na região.
Uma vez instaladas, essas áreas podem servir para
várias ações de comunicação e educação ambiental, em
que os métodos e os resultados podem ser vivenciados
pelos participantes dessas atividades.
Arquivo IPÊ
Unidade Demonstrativa de Extrema
Neste sistema, cada um dos piquetes “descansa” por
períodos de 30 a 45 dias para só então receber
novamente o gado, que não deve passar mais do que 1 a
3 dias no mesmo piquete. Ao possibilitar o descanso do
pasto, torna-se possível ampliar a produção de biomassa
de capim e proporcionar uma maior capacidade de
lotação dos pastos na mesma área (SCHUH; SEHNEM
2013). Pelo lado da conservação da água, ao melhorar a
cobertura vegetal do solo com o capim mais vigoroso, é
possível reduzir a erosão do solo, o assoreamento dos
rios e córregos e ainda permitir que uma maior
quantidade de água infiltre e seja armazenada no solo.
As UDs foram alocadas nos municípios de Nazaré
Paulista, Joanópolis, Bragança Paulista, Piracaia,
Extrema e Itapeva. Em cada área foram feitas a
conversão do uso do solo de cerca de cinco hectares,
totalizando 30 ha no projeto. Nessas áreas a pastagem
convencional foi substituída pelo manejo de pastagem
ecológica. Este manejo consiste na rotação de
pastagens que é uma técnica de parcelamento das
pastagens existentes nas propriedades utilizando a
cerca elétrica. O uso da cerca elétrica barateia
consideravelmente o sistema e possibilita a construção
de uma maior quantidade de piquetes, que serão
Unidade Demonstrativa de Joanópolis
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