uma estrangeira157. É assim num contexto de grande agitação política que são convocadas as cortes de Torres Novas, as quais vieram a reunir em 1438158. Desta reunião saiu um compromisso, mediante proposta do Infante D. Henrique, o qual estabelecia que a rainha D. Leonor ficaria com o encargo da cryaçam de seus fylhos, e com a governança, e ministraçam de toda a fazenda159, cabendo ao Infante D. Pedro, duque de Coimbra, a administração de todos os assuntos que dissessem respeito à justiça e à defesa do reino160. O acordo firmado nestas cortes não veio a produzir os frutos desejados. Na realidade, o duque de Coimbra ambicionava mais, pretendia a regência do reino na totalidade, contando para tal com o apoio da maioria da população, da nobreza terra-tenente e de grande parte dos concelhos do reino. É neste clima de grande instabilidade e de luta pelo poder que têm lugar as cortes de Lisboa de 1439, agendadas ainda no decurso das cortes de Torres Novas161. Estas deveriam ter sido restritas, conforme havia sido anteriormente arregimentado. No entanto, a forte oposição por parte de determinados sectores da nobreza, que se reviam na postura e intenções do Infante D. Pedro, acabaram por levar os seus objectivos avante, conseguindo a realização de cortes gerais, condição essencial para que se abolisse o anteriormente aprovado nas cortes de Torres Novas162. D. Pedro, duque de Coimbra, conseguia assim a regência do reino163, embora com forte oposição por parte da rainha, a qual chegou mesmo a pedir apoio a seus irmãos, os infantes de Aragão, e de alguns sectores da nobreza, nomeadamente D. Afonso, conde de Barcelos, de D. Pedro de Noronha, arcebispo de Lisboa, de D. Frei Nuno Gonçalves de Góis, prior do Crato e de Vasco Fernandes Coutinho, marechal do reino. Sectores nobiliárquicos que receavam o predomínio descontrolado por parte do duque de Coimbra e de seu irmão D. João, bem como da maioria dos concelhos164. D. Pedro, assim que toma posse da regência do reino procura distanciar-se daqueles que o elegeram, tomando uma postura de líder, recusando-se a beneficiar clientelas sociais e políticas, evitando grupos de pressão, tomando assim uma postura de homem de “Estado”, em que o seu principal 204 A NOBREZA