ORIENTAÇÃO POSTURAL APLICADA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR
Inajara Gabriel Mendes (UNICENTRO) – [email protected]
Bruna Thaynara Albertti (UNICENTRO) – [email protected]
Eliane Gonçalves de Jesus Fonseca (UNICENTRO) – [email protected]
Área Temática da Extensão Universitária: Ciências da Saúde
Linha Temática da Extensão Universitária: Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Palavras-chaves: Orientação postural; educandos; prevenção primária; atividade
extensionista.
1. Introdução
Define-se postura como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo
das partes corporais para a realização de uma atividade específica, ou uma
determinada maneira de sustentá-lo (SMITH et al, 1997, p. 461).
Postura e movimento estão associados, pois o movimento começa com
uma postura e termina em outra. As relações posturais dos segmentos do corpo
podem ser controladas e modificadas cognitiva e voluntariamente, no entanto esse
controle é de curta duração porque ele necessita de concentração (KENDALL et al,
1995, p. 3).
A boa postura é compreendida como o equilíbrio dos sistemas muscular e
esquelético protegendo as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou
deformidade progressiva não dependendo da atitude, nas quais essas estruturas
estão em repouso ou em movimento, sendo assim há um eficiente funcionamento
dos músculos e os órgãos torácicos e abdominais estão em suas posições ideais
(KENDALL et al, 1995, p. 3 e 4).
Quando há uma relação defeituosa entre os segmentos do corpo, ocorre
uma maior tensão sobre as estruturas de suporte, que irá acarretar em um equilíbrio
menos eficiente do corpo sobre sua base de suporte, caracterizando uma má
postura (KENDALL et al, 1995, p. 4).
Os problemas posturais geralmente são resultados de efeitos acumulados
de má postura, mau posicionamento no trabalho ou escola, estresse diário, vida
sedentária e maus hábitos ao dormir. Portanto podem-se classificar os
desequilíbrios em emocionais, mecânicos e orgânicos (VERDERI, 2001, p. 41).
As principais alterações da coluna são: a Escoliose (A) quando há presença
de curvaturas no plano frontal da coluna vertebral, a Hipercifose (B) quando ocorre
um aumento da curvatura cifótica e a Hiperlordose (C) quando há um aumento da
lordose. Além desses distúrbios podem ocorrer ainda a Hérnia de Disco e as
Espondilólises e Espondilolisteses (AMARAL, 1997, p. 7; NEGRELLI, 2001, p. 3940; e JASSI et al, 2010, p. 367).
Os distúrbios músculo-esqueléticos que estão fortemente associados às
Anais do Salão de Extensão
alterações posturais são a Cervicalgia, a Lombalgia, Ciatalgia e a Estenose do
Canal Vertebral (SBED, 2010, p. 1; TOSCANO & EGYPTO, 2001, p. 132; CIENA et
al, 2009, p. 424; e BRANDT & WAJCHENBERG, 2008, p. S29).
De acordo com Deliberato (2002, p. 52-60), a ação preventiva escolar deve
incluir tanto os educandos quanto os professores.
Os problemas posturais na maioria das vezes manifestam-se na infância e
na adolescência, desenvolvendo-se a partir dos 10 anos. Um educando sem a
devida orientação postural possui uma maior probabilidade de adquirir vícios
posturais, principalmente, no manuseio de materiais escolares, nas atividades do
dia-a-dia e nas aulas de Educação Física praticadas na escola. Sendo assim é de
extrema necessidade cuidar da saúde deles nesse período (VERDERI, 2001, p. 41).
A importância da prevenção na escola reside no fato de que o
conhecimento do corpo deve ser iniciado na infância, pois a criança está em fase de
desenvolvimento onde o corpo está se adaptando ao que aprende, estando sujeito
às transformações (VERDERI, 2001, p. 41).
A partir do momento em que pais, alunos e professores são orientados
sobre os riscos de uma postura inadequada eles se tornam capazes de identificar as
influências e hábitos que possam desenvolver uma boa ou má postura, contribuindo
para o bem estar da vida diária da criança em desenvolvimento. A orientação deve
ser passada de uma forma que gere um interesse e cooperação da criança
(KENDALL et al, 1995, p. 115).
A correção postural e a adoção de uma postura correta ainda na fase da
infância permitem bons padrões posturais na vida adulta (DELIBERATO, 2002, p.
53).
As principais alterações e queixas dos alunos em idade escolar são a
escoliose, a hipercifose, algias vertebrais, a bursite de ombro, a cervicobraquialgia, a
lombociatalgia, a hiperlordose lombar, a protusão de ombros e cabeça, retrações e
contraturas musculares, diminuição da força muscular geral, a diminuição da
resistência à fadiga e problemas respiratórios (DELIBERATO, 2002, p. 53).
Os sinais e sintomas mais comuns relatados incluem dores, parestesias,
limitações dos movimentos, diminuição da força muscular, cefaléia, cãibras, tensão
muscular, tosse, hipersecreção brônquica e dispnéia (DELIBERATO, 2002, p. 53).
Como exposto anteriormente, a orientação também deve ser vinculada aos
professores, orientando-os quanto aos diversos problemas, principalmente os
posturais, que a sua profissão pode causar, e também as formas adequadas de
prevenção contra esses problemas (DELIBERATO, 2002, p. 55).
Alterações como protusão da cabeça e ombros, hiperlordose cervical e
lombar, cervicobraquialgia, lombociatalgia, algias vertebrais, bursite do ombro,
escoliose, tendinites do punho e síndromes compressivas do complexo punhoantebraço são as lesões e alterações mais comumente observadas entre os
professores (DELIBERATO, 2002, p. 55).
Entre os sinais e sintomas relatados incluem dores, parestesias, limitações
funcionais, inflamação, diminuição da força muscular de tronco e membros
inferiores, tensão muscular na cintura escapular e no pescoço, retrações musculares
Anais do Salão de Extensão
e limitações articulares, cãibras, cefaléias, problemas circulatórios, irritabilidade
geral e estresse orgânico e mental (DELIBERATO, 2002, p. 55).
O objetivo principal do trabalho é a orientação postural no nível primário de
prevenção para os alunos do ensino básico da cidade de Guarapuava – PR.
2. Metodologia
A participação da Fisioterapia no projeto de extensão “Ensino de Ciências e
Alfabetização Cientifica” tem por objetivo a orientação postural no nível primário de
prevenção através de duas etapas.
A primeira etapa é realizada durante as exposições itinerantes do projeto em
diversos colégios das redes públicas e privadas da cidade de Guarapuava – PR.
Nela são desenvolvidas atividades como mensuração do peso e altura dos
educandos, há ainda a exposição de peças anatômicas, a explicação de algumas
doenças que estão relacionadas às alterações posturais, bem como a distribuição
de panfletos juntamente com as orientações posturais oralmente e visualmente
através de banners.
A segunda etapa realiza-se mediante da apresentação de palestras de
caráter expositivo e preventivo para determinadas séries. A palestra é realizada
através de slides começando com a revisão anatômica da coluna vertebral por meio
de ilustrações e textos, seguido pela definição de postura, exposição das principais
patologias relacionadas, finalizando com as orientações para se evitar as más
posturas e para adotar práticas que levem a uma boa postura.
As atividades referentes foram realizadas durante o ano letivo de 2011.
3. Resultados obtidos
Os resultados esperados são primeiramente a conscientização dos alunos
sobre a importância de manter uma boa postura, além de evitar posteriores
patologias causadas pelos desvios posturais.
Por ser um projeto genuinamente extensionista, ele não possui nenhum valor
numérico atribuído, sendo que seus resultados são totalmente qualitativos.
4. Considerações finais
A ação preventiva primária realizada em crianças e adolescentes nas escolas
pode ser considerada como uma forma eficaz, simples e barata de se reduzir os
índices de problemas e alterações posturais causadas pela má postura adotada
desde os primeiros anos. A elucidação dos fatos associada com a orientação
postural pode ser capaz de melhorar os hábitos posturais das crianças e dos
adolescentes, além de proporcioná-los uma melhor qualidade de vida na fase adulta
e na velhice.
5. Referências bibliográficas
1. AMARAL, F. A. Ergonomia. Universidade Estadual do Maranhão. Maranhão:
Curso de Arquitetura e Urbanismo, p. 8, 1997.
2. BRANDT, R. A.; WAJCHENBERG, M. Estenose do canal vertebral cervical e
Anais do Salão de Extensão
lombar. Einstein. São Paulo, n° 6 (Supl. 1): S29-S32, 2008.
3. CIENA, A.P.; CUNHA, N.B.; MOESCH, J.; MALLMANN, J.S.; CARVALHO, A.R.;
MOURA, P.J.; BERTOLINI, G.R.F. Efeitos do Ultrassom terapêutico em Modelo
Experimental de Ciatalgia. Rev. Bras. Med. Esporte. São Paulo, vol. 15, n° 6, p.
424-427, Nov/Dez, 2009.
4. DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Básica dos Sistemas Orgânicos.
São Paulo: Ed. Atheneu, 1995.
5. DELIBERATO, P.C.P. Fisioterapia Preventiva Fundamentos e Aplicações.
Barueri: Ed. Manole, 2002.
6. JASSI, F. J.; SAITA, L. S.; GRACCO, A. C. P.; TAMASHIRO, M. K.; CATELLI, D.
S.; NASCIMENTO, P. R. C.; KURIKI, H. U.; FILHO, R. F. N. Terapia manual no
tratamento da espondilólise e espondilolistese: revisão de literatura. Fisioterapia e
Pesquisa. São Paulo, vol.17, n° 4, p. 366-371, out/dez, 2010.
7. KENDALL, F.P.; McCREARY, E.K.; PROVANCE, P.G. Músculos Provas e
Funções. 4ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1995.
8. NEGRELLI, W.F. Hérnia discal: Procedimentos de tratamento. Acta Ortop.
Bras. São Paulo: vol. 9 n°. 4, out/dez, 2001.
9. SMITH, L.K.; WEISS, E.L.; LEHMKUHL, L.D. Cinesiologia Clínica de
Brunnstrom. 5ª Ed. Barueri: Ed. Manole, 1997.
10. TOSCANO, J. J. O.; EGYPTO, E. P. Influência do sedentarismo na prevalência
de lombalgia. Rev. Bras. Med. Esporte. João Pessoa: vol. 7, nº 4, p. 132-137,
jul/ago, 2001.
11. VERDERI, E. Programa de Educação Postural. São Paulo: Ed. Phorte, 2001.
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