O PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA E SUAS IMPLICAÇÕES NA
APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
OLIVEIRA, Fabiane Lopes de – PUC/Pr e Bagozzi
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Eixo Temático: Educação Infantil
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
RESUMO
O presente artigo quer demonstrar, através da evolução da escrita vivida pela humanidade,
como tal evolução se apresentou no decorrer dos séculos e como ela se concretiza na
aprendizagem das crianças quanto ao processo da escrita, por meio de um breve histórico. Da
mesma forma, busca analisar os processos pelos quais as crianças passam na construção da
escrita, tendo em vista a elaboração de suas hipóteses de construção. A história da escrita traz
a evolução pela qual os alunos passam para desenvolver a sua própria escrita. É importante,
neste momento, enfatizar os níveis e fases de escrita que as crianças passam para demonstrar
como as mesmas são desenvolvidas e que os aprendizes superam de forma linear e de maneira
eficiente. Quando é chegado o momento da produção de texto propriamente dita, podem
apresentar certa dificuldade em desenvolvê-lo, tendo resistências e até um bloqueio para fazêlo. Tais dificuldades dos alunos nem sempre se colocam como impedimento para a produção
textual. Com o auxílio das tecnologias, cada vez mais presentes e que estão a cada dia
facilitando e auxiliando os alunos a desenvolverem a habilidade da escrita tão exigida no
mundo atual, pode-se em algum momento questionar o papel do professor neste processo.
Porém, o que podemos afirmar é que nunca foi tão importante a presença de uma pessoa que
auxilie na mediação da aprendizagem dos alunos com relação ao seu processo de escrita,
mesmo com a informática tão presente, pois nada substitui as relações interpessoais que se
estabelecem entre as crianças e suas aprendizagens.
Palavras-chave: Construção da escrita. Produção de texto. Dificuldade dos alunos.
Tecnologias.
Introdução
A humanidade evoluiu muito durante todos estes anos. Contudo, um dos aspectos de
grande relevância desta evolução foi à escrita. Desde os tempos remotos, na pré-história, os
homens se comunicam das formas mais diversas possíveis.
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No início, a comunicação se deu em forma de desenhos, onde os homens
demonstravam os seus feitos através de pictogramas. Estes pictogramas estavam associados às
imagens e não aos sons das representações. Somente havia a idéia do que queria representar,
sem agregar um significado real fonético e sim pictórico, desenhado.
Em seguida, os homens desenvolveram uma forma mais aprimorada de representar
seus pensamentos e ações diárias: inicia-se, assim, na história, a fase ideográfica, onde os
desenhos representavam a fala das pessoas e com isso, todos se faziam entender. Era um
método mais criterioso, pois o detalhamento existente era grandioso.
O momento seguinte se refere à escrita alfabética, onde são dados símbolos para
representar cada letra e com este conjunto de símbolos formarem uma escrita. São ainda
ideográficos, porém sem valor pictográfico, e sim com atribuição de sons, chamados fonemas.
Sendo assim, as letras que conhecemos hoje como nosso alfabeto, originaram desta fase, com
suas devidas evoluções e adaptações durante os anos e de acordo com a evolução dos povos
que a utilizavam.
“O caminho que uma criança percorre na alfabetização é muito semelhante ao
processo de transformação pelo qual a escrita passou desde a sua invenção”.
(CAGLIARI, 1997, p.106). As crianças, na escola e até mesmo antes dela, já estão inseridas
no mundo das letras. Esta é a grande diferença entre alfabetização e letramento. Alfabetização
é estar em contato com os símbolos que nos rodeiam, desde rótulos, outdoors, cartazes,
revistas, jornais, e tudo o mais. O letramento é o processo pelo qual a criança começa a se
apropriar das letras e fazer suas hipóteses de escrita, desde o começo do contato com as letras,
ou seja, desde o seu nascimento. Assim, a partir destas hipóteses, a mesma adentra no mundo
da Escrita, elaborando a sua própria “Construção da escrita”.
Através da linguagem escrita foram transmitidas idéias, emoções, realizações e todo o
conjunto de experiências individuais e coletivas que constituem o ser humano.
Evolução da escrita na história da humanidade
Na evolução da escrita distinguem-se três etapas fundamentais. Na primeira, os
objetos eram representados com um desenho do próprio objeto, é o que se denomina escrita
Pictográfica, e que apresenta duas sérias limitações: a de necessitar de tantos signos quanto
objetos, e a de ser incapaz de representar idéias abstratas.
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A evolução natural levou à escrita ideográfica que, partindo dos signos anteriores,
transformava-os em símbolos para representar idéias ou conceitos; assim, o desenho de um
pé, além de referir-se ao próprio membro, podia representar a ação de caminhar, como, uma
cabeça de boi representava o animal e a repetição de cabeças o número de reses. Um símbolo
como o sol, passou a representar não apenas o astro, mas também a idéia de dia.
Uma terceira etapa evolutiva foi a da escrita fonética, na qual os signos não têm mais
uma relação próxima com o objeto, mas sim com os sons.
As relações entre a expansão da escrita e da sociedade capitalista são notáveis, por
exemplo, a circunstância de fixação do alfabeto grego, no século VII a.C., ter-se dado
simultaneamente à aceitação da moeda como fator de circulação dos produtos comerciais.
O primeiro livro foi as placas de URUK, contendo inscrições provavelmente
relacionadas com a contabilidade dos sacerdotes, visto que são muitos os sinais que
representam sacos de cereais e cabeças de gado ordenados, inclusive em colunas, o que sugere
que poderia tratar-se de um livro contábil.
Os povos Acádios eram descendentes dos Semitas e falavam uma das muitas línguas
Semíticas da antiguidade que se manteve por mais de dois séculos, com alterações
consideráveis. Com ele, desenvolveu-se completamente o sistema silábico. Do Acadiano
nasceram duas tradições escritas diferentes: a babilônia e a assíria que paulatinamente
desenvolveriam suas próprias características fonéticas, léxicas e gramaticais e evoluiriam de
modo totalmente diverso uma da outra, dando lugar a dois idiomas independentes. Através da
cultura escrita assírio-babilônica foi registrada no Antigo Testamento informações sobre os
modos de vida da época. Assim, existe uma considerável semelhança entre o episódio da
Torre de Babel e as grandes Torres, que constituíam o centro de todas as cidades da
Mesopotâmia. É muito provável que a memória dessas impressionantes construções esteja
presente na narração bíblica, na proliferação de várias línguas que iriam dificultar a
comunicação entre os povos.
O bustrofédon era o termo utilizado para denominar o modo de escrever que começa
uma linha onde terminou a anterior. Como o boi que, ao arar os campos vai e vem seguindo
trilhos.
A revolução da escrita através do papiro, árvore de nome cyperus papirus, na
antiguidade, podia ser encontrada em toda a extensão do vale e do delta do Nilo. Desde os
tempos mais remotos, o papiro já era utilizado para a produção de cordas, roupas, velas de
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barco e até mesmo de pequenas embarcações. Do seu caule eram extraídas finas lâminas, que
eram então trançadas e tratadas até a obtenção de uma superfície lisa, perfeita para escrever.
Foram os Egípcios que o inventaram, e logo se converteu em produto de exportação para
diferentes localidades. Tratava-se de um material extremamente caro, fato demonstrado pela
existência de que pedaços de papiro eram raspados retirando o texto original para ser
reaproveitado.
Os escribas, responsáveis pela escritura dos textos, gozavam de um grande prestigio
no Egito antigo. Representavam uma peça de fundamental importância na estrutura
administrativa, além de ocuparem um lugar chave na hierarquia social, inferior apenas aos
faraós e seus familiares.
Por volta do século VII surgiu uma nova modalidade de escrita cursiva no Vale do
Nilo: o demótico. A atividade de escrever passou a ser executada de um modo cada vez mais
rápido, as letras deixaram de ser representadas separadamente e cada componente da palavra
apresenta-se ligado entre si.
A biblioteca de Alexandria chegou a ser um centro de conhecimento de dimensões
inusitadas da antiguidade. A sala principal obrigava um total de 700.000 volumes ou rolos, e
um anexo foi construído no templo de Serápis com mais de 43.000 peças. Tratava-se também
de um centro de criação literária e de investigação histórica e científica. Lamentavelmente
quase que a totalidade dos seus documentos se perdeu em sucessivos incêndios. O primeiro
deles ocorreu durante a tomada da cidade por Júlio César.
Diante do exposto podemos relacionar as fases históricas da escrita com o
desenvolvimento da criança em relação à escrita.
A evolução da escrita – níveis da escrita
A criança aos poucos vai adquirindo e ampliando suas formas de conhecer e
representar os objetos, até chegar à palavra escrita. Os níveis estruturais da linguagem escrita
explicam diferenças individuais e os ritmos dos alunos que, segundo Emilia Ferreiro, são:
Nível 1 – Fase Pré-Silábica:
a) Pré-silábica um: Nesta fase, a criança usa os mesmos sinais gráficos para escrever
tudo que deseja.
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b) Pré-silábica dois: Nesta subfase a criança já descobriu que coisas diferentes têm
nomes diferentes. Assim, ela imprime diferenças nas grafias das palavras, às vezes,
apenas mudando, a ordem das letras, quando possui poucos recursos gráficos.
Nível 2 - Fase Silábica:
Nesta fase a criança trabalha com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras
da fala, de modo que para ela cada segmento oral corresponde a um segmento escrito.
Nível 3 - Fase Silábica Alfabética:
Esta fase apresenta-se como uma transição entre a anterior, silábica, e a posterior,
alfabética. Nesta fase a criança sente a necessidade de fazer uma análise que vai além da
sílaba.
Nível 4 – Fase Alfabética:
É a escrita considerada correta, onde são colocados os fonemas de acordo com as
normas da Língua Portuguesa. Daí em diante, serão corrigidos erros ortográficos, mas a idéia
principal da escrita já faz parte da produção da criança.
As fases pelas quais as crianças passam muito se assemelham à evolução da escrita,
pois, da mesma forma, tudo começa a partir do desenho. Os alunos ainda com um ano e meio
a dois anos começam a desenvolver o processo das garatujas, onde, num primeiro momento,
tudo está relacionado com a idéia que faz das coisas: um mesmo rabisco vertical ou horizontal
pode significar a mãe, o pai, a bola ou o personagem da história contada. É imprescindível o
papel do adulto enquanto escriba neste momento, registrando o significado da garatuja, pois a
criança em pouco tempo esquece o que desenhou e muitas vezes estes significados se perdem.
Num segundo momento, os riscos retos dão lugar às bolinhas: tudo é representado por
bolas e, como na fase dos riscos, o escriba não pode perder este momento de registro tão
importante, pois aí está o início de todo o processo da alfabetização e dele depende o
incentivo futuro para a escrita alfabética. Ou seja, um desencorajamento nesta fase, pode,
futuramente, desenvolver um bloqueio na produção da escrita, onde a criança pode ter receio
de se expor e formular suas hipóteses de escrita.
É de suma importância um registro escrito ao lado dos desenhos que a criança faz,
mesmo quando os desenhos começam a adquirir formatos mais semelhantes aos
convencionais, pois desta forma, a criança vai cada vez mais se familiarizando com as letras e
ampliando sua curiosidade em relação à sua forma de fazer e escrever.
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A questão da escrita não pode ser vista de forma isolada. Não se faz escrita sem a
leitura e não se faz a leitura sem a fala. Uma está intrinsecamente ligada à outra. A escrita é
uma das formas de linguagem, mas não a única. “A escrita desenvolveu-se daí, dessa
capacidade de falar e compreender o que os outros falam” (LAJOLO, 2003, p. 6). Pode-se
dizer que a escrita é a representação da fala, é um tipo de comunicação que se tem um maior
alcance. Porém, a fala é desenvolvida de forma natural, faz parte da estrutura do ser humano
dito normal, que não tem nenhum impedimento em relação a isso. Ao contrário, a escrita é um
processo complexo pelo qual as crianças passam e exige um grande amadurecimento e
preparação cognitiva, emocional e social. A escrita é uma linguagem que precisa ser ensinada.
O aprendizado da leitura e da escrita não termina quando se completa o período da
alfabetização estende-se por toda a vida escolar, aliás, por toda a vida, pois a cada momento,
estamos aprendendo algo novo, palavras novas, significados novos. Quando uma criança
aprende a falar e a escrever, ela começa a dominar um sistema lingüístico e aos poucos
compreende a regularidade que se apresenta na escrita. Aos poucos, vai começando a
conviver com essas regras, testando-as, elaborando suas hipóteses a apreendendo a escrita.
Uma das regras que vai aparecer bem rapidamente é que não escrevemos como falamos.
Temos duas formas de expressar-nos: a escrita, com normas definidas e a falada, que
permite o corte de muitos fonemas, principalmente os “s” e “r” nos finais de palavras, entre
outras. “A escrita é, então, o instrumento do pensamento reflexivo. Por possibilitar um
pensamento sobre o pensamento, a escrita é completamente diferente da transcrição do
oral - o qual, por sua própria evanescência, permite aplicar o pensamento à ação, que
tudo inicia”. (FOUCAMBERT, 1997, p. 49). Portanto, é muito difícil para as crianças
aprenderem a escrever e também a forma culta da escrita, o que já é, desde muito cedo
exigido na escola. É preciso se levar em conta o aspecto maturacional da criança para poder
exigir da mesma um procedimento, pois se ela não estiver pronta para este momento, de nada
adiantará as intervenções incansáveis das professoras. Ela ainda estará explorando suas
hipóteses e ainda não estará preocupada com a forma culta da escrita.
Um próximo passo será a produção de textos. A partir do momento que a criança
começa a ouvir histórias e desenvolve a fala, ela já é capaz de reproduzir oralmente as
histórias. Não são raros os casos das crianças pegarem os livros e fazerem de conta que estão
lendo. Na verdade, elas já ouviram tantas vezes a história e gostam tanto dela que sabem
reproduzi-la como se realmente estivessem lendo.
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Quando começa a exigência da escrita da história que ouviram, a criança se dá conta
que seu pensamento é mais rápido do que as palavras ou desenhos e por isso acha que pode
colocar poucos caracteres para significar muita coisa. Porém aos poucos, isto vai sendo
desmitificado e a criança conta suas histórias nos textos: as que ela já conhece a consegue
inventar suas próprias. Este passo é importante, porém é onde começam os “problemas” dos
textos. A produção textual segue um roteiro próprio e é preciso aos poucos ir ampliando este
roteiro dos alunos para que obtenham sucesso na produção. É preciso que haja introdução,
desenvolvimento e conclusão, iniciar com letras maiúsculas as frases não só do começo do
parágrafo, mas do seu meio também. É necessário que se tenha coesão, que se fale sobre o
assunto proposto, que seja original, e uma infinidade de outras exigências para uma produção
de texto correta.
A criança muitas vezes é tão cobrada em tais aspectos que inicia, inconscientemente,
um bloqueio e não consegue desenvolver um texto escrito. É nesse momento que é necessária
a intervenção, onde a criança tenha restabelecida a sua autoconfiança e com isso possa
realizar seus textos de forma ‘correta’, convencional. O papel da professora está
intrinsecamente ligado ao sucesso do aluno, no sentido de que uma fala, uma falta de
incentivo pode comprometer a aprendizagem da criança. Portanto, é necessário um trabalho
conjunto, de parceria entre a família e a escola, onde cada um cumpra seu papel no auxílio do
aluno.
A escola não consegue dar conta de todo o programa a seguir, pois o mesmo é muito
extenso e quando um aluno apresenta alguma dificuldade é ‘atropelado’ pelos conteúdos e
com isso acaba ‘fazendo de conta’ que aprende.
Julga-se importante esta questão da construção da escrita e enfatiza-se sua
importância, pois sem conseguir organizar corretamente as palavras a construção de um texto,
toda a sua vida escolar fica comprometida: todas as disciplinas são permeadas pela escrita,
compreensão e interpretação. Como poderá resolver um problema matemático sem a
interpretação dos dados? Como fará para compreender um texto de história e geografia?
Como fará um relatório de ciências e laboratório? Sem mencionar as questões que envolvem a
disciplina do português. Ou seja: a construção de texto é muito importante para o sucesso da
vida escolar. E o que se pode fazer com os alunos que não conseguem?
Uma ferramenta utilizada nas escolas e que está a cada dia ampliando as
possibilidades dos alunos é o computador. As tecnologias integram o dia-a-dia dos alunos de
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forma que auxiliam em vários aspectos: pesquisas escolares, conhecimentos diversos, e
também na produção de textos. Com os corretores ortográficos, na maioria das vezes falho,
mas que mostram evidentemente o erro, os alunos estão mais atentos e fazendo autocorreção
do que produzem o que ameniza aos professores o papel de ‘carrascos’ da língua portuguesa,
ou melhor, da correção das produções. É impressionante, mas as crianças aceitam muito bem
o ‘vermelho do computador’ quando a palavra está errada, mas não gostam quando o
professor faz o apontamento do erro.
Uma estratégia de correção que surte efeito positivo em relação aos erros é um código
de correção, elaborado pelos próprios alunos, onde um pode corrigir o texto de outro e assim,
dinamizar o trabalho em sala de aula.
A cada momento que vive, os alunos são estimulados visualmente por inúmeros
atrativos, que contribuem para uma alienação da criatividade, da produção criadora e
transformadora, embora desenvolvam outros aspectos que também são considerados
relevantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
Acredita-se que a temática mais importante é o enfoque do dia-a-dia de muitos
educadores, pois nos deparamos com alunos que não conseguem expressar-se oralmente de
forma adequada e, por conseqüência, a produção textual perde a qualidade argumentativa, de
coesão e de intertextualidade. E esta questão pode mascarar um problema ainda maior: as
dificuldades de aprendizagem.
Com o uso de equipamentos eletrônicos, os alunos deixam de usar sua própria
criatividade, para utilizar o que está pronto, não se permitindo ousar, experimentar, tentar.
Este não uso de sua potencialidade pode acarretar um problema de aprendizagem, que, em
princípio, é somente um obstáculo momentâneo, e depois, futuramente, pode tornar-se um
impedimento total para a aprendizagem.
Pretende-se verificar constantemente o nível que se encontram os alunos em relação à
escrita propriamente dita e à produção textual, suas evoluções e até que ponto as dificuldades
de aprendizagem são as responsáveis pelo fracasso ou insucesso dos alunos neste aspecto.
A escrita e a leitura estão intimamente ligadas, na medida em que uma não acontece
sem a outra. E é desta forma, desde o princípio. É uma das funções da escrita: informar algo a
alguém e para isso ser de forma clara e que se faça entender.
Muitas são as sugestões de trabalho com os alunos e vários são os problemas que se
pode elencar a respeito da produção de texto. O que não se pode perder de vista é um aspecto
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importante: é necessário incentivar e estimular os alunos acerca da produção escrita. A
humanidade desenvolveu a escrita ao longo de muitos anos, e as crianças em pouco tempo
conseguem adquiri-la de forma magnífica.
Quando as crianças começam a explorar o mundo das letras, passam a fazer tentativas
de escrita, elaborando um nível de hipóteses, usando várias letras juntas para significar
alguma coisa. Muitas vezes, contam histórias inteiras utilizando um rol mínimo de letras. É a
mente exercitando a criatividade e a imaginação e a coordenação motora tentando
acompanhar este desenvolvimento.
Porém, muitas escolas começam a tolher a mente criativa das crianças nesta fase.
Segundo Cagliari (1997, p.121) “Nessas tentativas de escrita, a criança não procura
copiar, mas representar o que ela imagina que seja a escrita. (...) É importante deixar
que as crianças experimentem como escrever as letras; dar tempo para que isso
aconteça.”. É desde muito cedo que começam as exigências da ”escrita correta” e com isso,
os alunos deixam de criar textos temendo estar com muitos erros, limitando sua tentativa de
escrita.
Para começar a escrever, as crianças não precisam estudar a Gramática, pois já
dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade está
simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma ortográfica das
palavras após seus primeiros contatos com o alfabeto. (CAGLIARI, 1997, p. 122)
Muitas escolas atrapalham o desenvolvimento dos alunos, mas o ato de escrever deve
ser, no mínimo, atraente para os alunos. Para incentivar a escrita, as tarefas devem começar de
forma simples, onde o nível de dificuldade não obstacularize a aprendizagem. Com isso, a
criança obterá sucesso e se sentirá motivada para ir avançando cada vez mais.
O professor tem de estar alerta e não se deixar levar pelo prazer de ver seu aluno
escrever frases. Mais do que escrever frases, a criança precisa começar a fazer a sua
redação. Precisa ir mais além. Se ela relaciona palavras, deve poder relacionar frases
para produzir um texto. (LACOMBE, 1991, p. 79)
Do início da elaboração das hipóteses de escrita até a produção de um texto com
estruturação do discurso, de coesão, argumentação, organização de idéias etc., as crianças
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passam por um grande salto de qualidade. Porém, o que notamos é que este salto não está
sendo dado de forma eficiente e que, ao final da 4ª série, os alunos não estão apresentando um
resultado esperado.
Vários são os fatores que podem estar impedindo esta qualidade textual. O uso das
tecnologias, onde os alunos não precisam pensar somente copiar, é um dos pontos, mas não o
único. A escola como local de aprimoramento intelectual não está mais sendo capaz de
motivar o aluno a pensar e a querer ir em frente. Está se tornando um local de obrigações e de
desprazer.
É fundamental que o professor tenha bem em mente que uma redação não é boa ou
má, forte ou fraca, conforme o número de palavras certas ou erradas que contenha,
mas sim conforme a clareza, criatividade, espírito crítico e adequação ao tema que
apresente. (LACOMBE, 1991, p.82)
Como se pode exigir um texto imaginativo e criativo dos alunos, se o local onde estão
inseridos não lhes dá prazer? É preciso reverter este quadro, buscando estratégias criativas de
trabalho em sala de aula. O trabalho com materiais alternativos, que façam o aluno o centro da
produção pode ser uma solução, mas ainda com certeza não será a melhor e nem a mais
eficaz.
O enfoque do trabalho docente deve ser de caráter quantitativo, pois o mesmo buscará
instigar os aspectos relevantes que fazem com que os alunos tornem-se produtores de textos
eficientes ou não. Este enfoque pode ser experimental e exploratório e se dá em forma de:
observações de turmas, para levantamento de dificuldades de produção de textos, verificação
do nível de aquisição da língua escrita por parte dos alunos, com o uso de material específico,
aplicação de atividades de produção de textos, como: histórias diversas, criações de histórias,
continuação das mesmas, entre outras, que constatem ou não as dificuldades. Também, a
capacidade criativa dos alunos, com jogos que possibilitem averiguação do nível que se
encontram a interpretação, compreensão e produção textual, utilizando a reescrita como
recurso, leituras de livros que enriqueçam as atividades realizadas, elaboração de atividades
lúdicas, onde as dificuldades poderão ser trabalhadas em conjunto, na turma.
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Considerações finais
É desta forma que o trabalho contempla o potencial da criança, bem como o
comprometimento da família e da escola, respeitando as individualidades, sem perder o
enfoque na aprendizagem significativa, buscando um contexto em tudo o que é produzido.
Assim, os alunos realmente apreendem e internalizam o conhecimento da leitura e da escrita e
com isso, tornam-se bons produtores de textos e com pleno desenvolvimento de raciocínios
lógicos, ligados a inúmeras áreas do conhecimento.
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