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II Congresso Nacional de Formação de Professores
XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores
Trabalho Completo
FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO NAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
Mara Silvia Pasian, Enicéia Gonçalves Mendes, Fabiana Cia
Eixo 5 - A formação de professores na perspectiva da inclusão
- Relato de Pesquisa - Apresentação Oral
RESUMO A realização de estudos na área de Educação Especial está sendo mais efetiva
as pesquisas que articulam contextos de redes colaborativas de pesquisa estão sendo
incentivadas. O presente trabalho faz parte do Observatório Nacional de Educação Especial
(Oneesp), cujo foco é a produção de estudos integrados sobre políticas e práticas
direcionadas para a questão da inclusão escolar e avaliar no âmbito nacional o programa de
implantação de “Salas de Recursos Multifuncionais” (SRM), referente ao atendimento
educacional especializado (AEE). O objetivo é criação de um questionário on line – survey
para ser respondido por professores as SRM, para isso foram selecionadas falas retiradas
do grupo focal realizado com professores de SRM e através dessas, foram criados objetivos
com questões a serem respondidas por professores que participaram ou não do projeto
Oneesp de todo Brasil. São apresentada as etapas e o resultado final do questionário
relativo a formação do professor da SRM, que será aplicado em rede nacional e espera-se
coletar dados de diferentes regiões brasileiras e com isso, melhorar a compreensão dessa
nova implantação e as necessidades de adaptações. Palavras chave: educação especial,
aprendizagem, necessidades especiais.
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Ficha Catalográfica
FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO NAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
Mara Silvia Pasian; Enicéia Gonçalves Mendes; Fabiana Cia.
Universidade Federal de São Carlos. FAPESP.
INTRODUÇÃO
Na história do Brasil a Educação Especial se organizou como atendimento
educacional especializado substitutivo ao ensino comum, em escolas especiais e classes
especiais (BRASIL, 2008). Atualmente a opção política é de priorizar a chamada “sala de
recurso multifuncional” (SRM), uma espécie de “serviço tamanho único”, quando ele
deveria ser apenas mais um dos vários serviços disponíveis no sistema do contínuo dos
serviços. Torna-se essencial, a partir dessa realidade, que seja analisada como tem
funcionado essa proposta de atendimento educacional especializado e saber como os
professores têm planejado e desenvolvido o ensino dos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação para as salas
de recursos a partir de sua formação.
Verifica-se que na realidade atual, são muitas são as dificuldades encontradas na
política atual para a efetivação da inclusão escolar, entre essas a questão que iremos
focar nesse artigo, que é a formação dos professores para o atendimento educacional
especializado que acontece nas salas de recursos multifuncionais.
Formação de professores para a inclusão escolar
A formação de professores para a Educação Especial no país assumiu ao longo
do tempo diferentes contornos nos diversos estados brasileiros, onde alguns priorizaram
os estudos adicionais para professores do ensino regular do nível médio, outros
investiram na formação em nível de pós-graduação lato sensu, e outros ainda na
formação específica em nível superior (MENDES, 2009). Toda esta diversidade de
propostas apontava para um falta de diretriz política para a formação de professores de
Educação Especial, embora o MEC tenha feito, possivelmente desde a década de 1970,
investimentos sistemáticos tendo em vista a formação de professores para a proposta de
integração escolar de estudantes com deficiências, via secretarias estaduais de
educação, portanto fora do circuito do sistema de ensino superior que ia pouco a pouco
se ampliando no país (MATTOS, 2004).
A LDB de 1996, em seu Capítulo V, que dispõe sobre a Educação Especial, no
artigo 59 previu que os sistemas de ensino deveriam entre outras coisas, formar dois
tipos de professores: “professores com especialização adequada em nível médio ou
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superior, para atendimento especializado e professores do ensino regular capacitados
para a integração desses estudantes nas classes comuns” (BRASIL, 1996, p. 23).
No caso específico da formação de professores para a Educação Especial havia
no país até o ano 2000, 31 cursos de Pedagogia com habilitação em Educação Especial,
e um único curso de nível superior de Licenciatura Plena em Educação Especial que era
o da Universidade de Santa Maria (BUENO, 2002).
Em 2001 foi aprovada a Resolução Nº 02/2001, do Conselho Nacional de
Educação e da Câmara de Educação Básica, que instituiu as “Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica”, reforçando necessidade de prover tanto
professores do ensino comum capacitados quanto professores de Educação Especial
especializados para o atendimentos às necessidades diferenciadas dos alunos (Artigo 8,
inciso I).
O documento “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva” (PNEE-EI) (BRASIL, 2007) especificou a necessidade de garantir
entre outras coisas a “formação de professores para o atendimento educacional
especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar” (BRASIL,
2007, p. 8). Analisando a proposta de formação de professores contida neste documento
pode-se concluir que a proposta de formação para atuar no AEE é bastante complexa,
pois deve envolver habilidades e conhecimentos para trabalhar:
• Com todos os tipos de alunos com necessidades educacionais especiais (deficiência
intelectual, deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência múltipla
transtornos globais de desenvolvimento, e talentosos/superdotados).
• Em todos os níveis e modalidades de ensino (educação infantil, ensino fundamental,
ensino médio, ensino superior, educação do campo, educação tecnológica, educação
de jovens e adultos) e
• Em todos os tipos de lócus (escolas especiais, classes de recursos, classes
hospitalares, ensino domiciliar, exceto nas classes especiais, opção esta vedada pela
política).
A referência ao papel de docente subjacente a PNEE-EI deixa implícita uma visão
de que o professor especializado deverá ser algum professor do ensino comum que
acumulará posteriormente uma formação especializada, portanto, como formação
continuada, não considerando assim a possibilidade de formação especializada desde o
processo de formação inicial.
Enfim, a complexa proposta contida neste documento quando contextualizada no
atual momento, na qual se observa a escassez de oportunidades de formação inicial em
âmbito dos cursos de graduação nas agências que tradicionalmente vem se
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responsabilizando pela formação em nível superior, permite-nos vislumbrar muitas
dificuldades para implementar uma política de Educação Especial na perspectiva da
inclusão escolar.
Para estudar essa nova realidade implantada, foi criada uma rede nacional de
pesquisadores da área de Educação Especial - Observatório Nacional da Educação
Especial (Oneesp) com foco na produção de estudos integrados sobre políticas e práticas
direcionadas para a questão da inclusão escolar na realidade brasileira.
O Oneesp é uma rede colaborativa de pesquisadores que tem como meta
potencializar a produção de informações e conhecimentos necessários para melhorar as
decisões em matéria de políticas de inclusão escolar dos sistemas educacionais, além de
oportunizar o compartilhamento de experiências entre pesquisadores para aperfeiçoar a
sistemática de produção de conhecimento e de desenvolvimento de pessoal na área de
Educação Especial.
Os pesquisadores da rede ONEESP estão coletando dados em 56 municípios
junto aos professores de sala de recursos multifuncionais, onde um dos enfoques é sobre
a formação de professores para a inclusão escolar.
O presente trabalho é uma proposta de continuidade dessa agenda e tem a
finalidade de complementar a coleta de dados feita no âmbito dos municípios, tem como
objetivo conhecer a opinião dos professores de SRM sobre esse serviço e avaliar se há
diferenças entre as opiniões de professores que participaram anteriormente do projeto no
âmbito de seus municípios, e daqueles que não tiveram a oportunidade de participar dos
encontros reflexivos. Assim, pretende-se avaliar os limites e as possibilidades das salas
de recursos multifuncionais como sistema de apoio a escolarização de alunos com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação)
na ótica dos professores, e ao mesmo tempo avaliar que impacto em termos de formação
teve a participação no projeto para alguns dos professores de SRM.
METODOLOGIA
O presente trabalho envolve a descrição da etapa de elaboração do survey –
questionário on line que será enviado a professores da SRM que participaram e de outros
que não participaram do projeto do Oneesp.
O survey foi elaborado tomando como base “falas reais” de professores de SRM
já coletadas nos municípios investigados advindas de um estudo preliminar que envolveu
uma pesquisa colaborativa a partir de uma série de encontros reflexivos de um
pesquisador com os professores de SRM, foi usada a técnica de grupo focal com
questões disparadoras. As falas dos professores foram filmadas e posteriormente
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transcritas. Em seguida as falas foram categorizadas pelos pesquisadores responsáveis
pela condução do estudo em seu respectivo município.
No presente, o projeto tem um acervo de dados brutos (relatos transcritos) dos
encontros em cinco municípios (Rio Claro-SP, São Carlos -SP, Feira de Santan – Ba,
Catalão-GO, Marília-SP), além dos dados tratados (em categorias) que resultam em
quatro diferentes sistemas de categorização.
Tomando esse corpus de dados a construção do instrumento foi feita através dos
seguintes procedimentos:
a) Compatibilização dos cinco diferentes sistemas em um único sistema de
categorização;
b)
Seleção de excertos de falas reais representativas de cada categoria para
compor itens do questionário;
c) Criação um objetivo a ser atendido por cada questão formulada;
d) Definição do sistema de resposta, após discussão entre pesquisadores optou-se
pelo questionário tipo likert
e) Submissão a juízes para validação de conteúdo;
f) Aplicação piloto com três professores de SRM para validação semântica.
Local
Este estudo é de âmbito nacional, envolve o universo dos professores de SRM. É
desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos e o questionário será
disponibilizado na internet aos participantes. O questionário para a survey será
hospedado no sitio do Oneesp para que os professores tenham acesso e possam
responder ao mesmo.
Participantes
O questionário será aplicado em larga escala, portando pretende-se coletar dados
junto a 1500 professores de SRM das redes municipais de ensino. O recrutamento será
feito pelos pesquisadores envolvidos no Oneesp e via divulgação em folder, com
instruções sobre como ter acesso ao site e endereço eletrônico. Os participantes
recrutados receberão uma senha de acesso ao questionário e deverão assinar o termo
de consentimento livre e esclarecido que também será disponibilizado pelo site.
RESULTADO
Será apresentado o resultado advindo da etapa de construção do survey, as
questões que foram extraídas das falas dos professores e os objetivos a serem atingidos
a partir de cada questão referente a formação do professor da sala de recursos. A
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construção dos objetivos a serem alcançados e as questões referentes aos mesmos foi
uma etapa importante do projeto, pois o survey será utilizado para coletar informações de
56 municípios espalhados pro todo território nacional. A forma como foi composta essa
díade, objetivos – questões, são o resultado das análises das falas dos próprios
professores da sala de recursos multifuncionais, o que foi importante para uma
proximidade com o que ocorre na realidade da formação desses professores.
A seguir são apresentados alguns exemplos dos extratos das transcrições do
relato dos professores na forma “bruta”, isto é, a fala deles sobre tópicos da formação dos
professores da SRM que foram a base para a construção das questões e dos objetivos a
serem atingidos. No total foram selecionados sessenta “trechos de falas”, aqui serão
expostos alguns exemplos.
Tabela 1: Extrato das falas dos professores
É um privilégio trabalhar na Educação Especial porque a gente sempre tem incentivo,
sempre somos chamados para cursos, capacitação, parcerias com universidades. Eu
acho que isso nos torna com um diferencial com relação aos outros professores.
No curso de pedagogia é passado as deficiências de forma bem superficial, deficiência
visual, deficiência física e outras, a gente não aprofundou em nenhuma especialidade.
Quando você vai pra uma sala de aula e se depara com o aluno na situação real, dá
vontade de fugir. Pode ter estudado muito, achar que está preparado, mas quando
chega no dia a dia com o aluno, nas orientações que você tem que dar para o professor
e para a família é bem diferente, é muito complicado.
Fui trabalhar em sala de recursos e o enfoque era trabalhar com todas as deficiências,
foi chocante, tive que trabalhar com um deficiente auditivo e eu nunca tinha visto um
deficiente auditivo na minha vida. Acho nós temos uma base conceitual, mas depois
você tem que aprender muito ainda, é uma área que não dá para parar de estudar
nunca.
Fiz cursos no decorrer da minha carreira que me ajudaram muito, porque estavam
vinculados às minhas necessidades. No curso você pode colocar suas dúvidas,
perguntar para professora, discutir o que pode fazer.
Uma coisa que eu penso é que nós trabalhamos com inclusão dentro de escolas, a
gente não tem que saber lidar só com o nosso aluno na sala de recursos, nós temos que
saber lidar também com os outros professores. É bem difícil ter uma boa relação com os
professores, alguns são muito resistentes.
Os professores da sala de recursos se relacionam com toda a escola, com os
coordenadores, com a direção, com os alunos. Eu aprendi a me relacionar com o meu
aluno e com a família também.
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Outra demanda de formação hoje pro professor que atua em sala de recursos é lidar
com a questão da comunidade escolar, porque as vezes a gente sofre mesmo muita
pressão da comunidade escolar não sabemos como lidar com isso.
Os alunos têm direitos e existe uma cobrança grande de orientar o professor, mas tem
professor que não que ser orientado e como é que você faz? Uma nova demanda é
aprender a lidar melhor com o grupo de professores e com a comunidade escolar.
Tem professor da sala de aula que fica altamente ansioso quando recebe um aluno com
deficiência, fica muito ansioso, um me relatou que nem dormiu a noite de pensar que no
outro dia ia se deparar com esse aluno. Vem buscar ajuda, apoio e orientação no
professor de educação especial. Como é que eu lido também com isto? Porque que é
uma demanda pra gente.
O atendimento no Estado é muito ruim, não sabem definir quem é o aluno e qual sua
necessidade, não sabem a definição do papel do professor de Educação Especial e nem
a definição do aluno a ser atendido por aquela sala.
Temos a necessidade de aprender mais para trabalhar na sala de recursos, como fazer
adaptação e confecção de material e também como fazer a adequação curricular.
Pelo que estou vivendo hoje, sinto uma necessidade de aprender sobre Educação
Física adaptada, porque cada dia aqui é uma coisa. Os professores questionam
algumas coisas que eu não sei responder pra eles essa questão.
Sinto necessidade de aprofundar conhecimentos para a atuação com aluno com
autismo, que eu acho que é uma área que eu tenho maior defasagem e é muito difícil de
trabalhar.
Vejo necessidade de ser trabalhado mais a questão da relação interpessoal com os
demais membros da comunidade escolar, de aprender como lidar com o outro sobre a
questão da inclusão.
Pode ser oferecido tudo para a escola, para o professor, o melhor curso de formação, os
melhores recursos, os equipamentos ideais que você precisa, oferecido ajuda para
conversar se você precisar, mas se não tiver certo interesse, se não gostar daquilo que
ele faz, não vai adiantar.
O professor de educação especial pode ter boa vontade, se esforçar, mas se não tiver
formação, nem pedagogia, não dá certo. Por exemplo, passar de educador de creche
para professor não funciona, pois a formação, as técnicas são importantes, o
conhecimento específico.
Tenho formação em pedagogia, quando assumi ser professora de educação especial fiz
várias especializações na área de educação especial e continuo fazendo mais cursos de
formação.
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Fui parar em sala de recursos sem saber o que era, fui fazer o curso preparatório e
comecei a gostar, aprender o que é a sala de recursos multifuncionais. Não me imagina
trabalhar na educação especial, não era minha área de interesse, mas a partir do
momento que eu fui estudando, gostando, fui aprendendo e quero ficar.
O professor de AEE deveria se especializar em uma deficiência, por exemplo, tenho
aluno autista, aluno com AVC, com transtorno emocional, síndrome de Down, alunos
com diferentes deficiências. Como lidar com tantos tipos de deficiências e ao mesmo
tempo fazer um bom trabalho? Eu acredito que seria o ideal o professor de AEE se
especializar em uma deficiência.
Uma das grandes dificuldades da gente na escola não são os alunos, são os colegas de
trabalho, que não trabalham em conjunto. Nossos alunos perdem muita coisa porque
não temos feedback dos nossos colegas, acham que nosso trabalho com o aluno é
brincadeira, que vão pra lá para brincar no computador.
Quando li a legislação e as atribuições do professor do AEE achei muita. Comecei a
buscar tudo, todos os cursos, formação para dar conta do que está estabelecido nas
normas. Encontrei materiais de LIBRAS, Braille, Deficiência Física, estudei um pouco de
cada coisa, mas ainda não me sinto apta.
Para o planejamento das atividades dos alunos, do que propor, de como orientar o
professor na sala regular é necessário tempo. É preciso discutir, estudar o caso, a
situação do aluno, quais os atendimentos que ele tem e conversar com os profissionais
que atendem esse aluno e conversar com a família.
Acho que deveria ter capacitações em todas as áreas. Por exemplo, eu sou formada em
deficiência mental, mas me interessei e preciso de outras capacitações.
Cada ano tem uma criança diferente, então é preciso uma capacitação contínua, fazer
cursos de acordo com o que você pegou aquele ano. Sinto-me apta para atuar porque
eu conheço as deficiências de forma geral, só que, na prática você precisa de uma
preparação para atender determinada demanda.
Após esse levantamento, esses extratos foram levados a um grupo de juízes,
formado por 15 pesquisadores entre mestrandos, doutorandos e professores da
Universidade Federal de São Carlos que fizeram sugestões para que, a partir desse
material, fossem formuladas as questões e os objetivos a serem alcançados sobre a
formação do professor da SRM para compor o survey.
Abaixo, é apresentado o resultado dessa etapa: os objetivos a serem atingidos
com as respectivas questões que serão disponibilizadas na forma do questionário on line
(survey) para que os professores respondam.
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Os resultados da criação do questionário são fundamentais para a etapa seguinte,
coletar dados advindos dos professores relativos da relação de sua formação com seu
trabalho na SRM em todo território nacional.
Tabela 2: Questões para a construção do survey sobre formação do professor as SRM e
os objetivos a serem atingidos.
OBJETIVO
QUESTÃO
Verificar se há incentivo 1. Na minha escola, a formação continuada do professor de
a formação continuada Educação Especial é incentivada, pois somos chamados
do professor de EE
para cursos, capacitações e parcerias com universidades.
Avaliar formação inicial 2. Na minha formação inicial, as informações sobre inclusão
do professor do AEE
escolar
e
educação
especial
foram
abordadas
superficialmente.
Verificar
a
relação 3. Acho que nós temos uma base teórica, mas não é
formação
inicial
com suficiente para trabalhar na prática da SRM.
prática
Complementar formação
4. Na prática, como professor de SRM, precisei recorrer a
professores mais experientes para complementar minha
formação.
Verificar a avaliação da 5. Fiz cursos no decorrer da minha carreira que me
qualidade da formação ajudaram,
continuada
Avaliar
porque
estavam
vinculados
às
minhas
necessidades com professor de SRM.
se
oportunidade
há 6. Faço curso baseado na necessidade específica dos meus
de alunos de SRM, por exemplo, se tenho um aluno com DV,
formação continuada sob faço curso de baixa visão.
demanda.
Avaliar demanda de
7. Uma demanda de formação que sinto necessidade como
formação na relação
professora de SRM é
com outros professores
colaboração com os outros professores da escola.
aprender como
trabalhar em
Avaliar instabilidade na 8. Sinto necessidade de trabalhar mais tempo em um mesma
função e relação com escola para desempenhar melhor meu papel na SRM.
qualidade do trabalho
Complementar formação
9. Tenho necessidade de aprender mais sobre adequação
curricular para trabalhar na SRM.
Avaliar compreensão da 10.
função do AEE
Tenho dificuldade em compreender o que significa a
função
do
AEE
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de
complementar e
suplementar a
escolarização dos alunos público alvo da Educação Especial.
Verificar a necessidade 11. Sinto necessidade de aprofundar conhecimentos para a
capacitação
atuação do aluno com autismo.
Avaliar motivação para 12. Aproveito sempre as oportunidades que me são
formação continuada
oferecidas (como cursos, oficinas e congressos) para
melhorar minha formação.
Verificar a relação da 13. Acho as atribuições do professor do AEE definidas pela
teoria com a prática.
Avaliar
o
senso
legislação, complexa demais.
de 14. Sinto-me apta a ensinar qualquer tipo de aluno do público
autoeficácia do professor
Verificar
o
índice
alvo da Educação Especial.
de 15. Sinto que com mais prática e formação terei condições
autoeficácia do professor
de ensinar qualquer tipo de aluno do público alvo da
Educação Especial.
Verificar
o
preparo 16. Eu acho que o profissional para trabalhar na SRM, além
específico do professor
de ter a graduação, precisa ser especialista na categoria
(deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas
habilidades/superdotação).
Avaliar
o
índice
de 17. Não acredito que um único profissional de AEE consiga
autoeficácia do professor
dar conta de todas as especificidades que aparecem para ser
atendidas na SRM.
Avaliar
a
capacitação 18. Acho que o professor de SRM deve ter capacitações e
geral
ensinar todas os tipos de alunos, seja com deficiências, altas
habilidades/superdotação
ou
transtorno
global
do
desenvolvimento.
Avaliar como sente o
19. Sinto-me solitária na condução do trabalho na SRM.
professor
Avaliar o trabalho
20. No HTPC da minha escola temos tempo para discutir
coletivo de interação
com os outros professores sobre os alunos da SRM.
Avaliar valorização do
21. O trabalho que faço da SRM sempre é valorizado pelos
trabalho do prof. da SRM
profissionais da escola.
pela escola
Avaliar valorização do
22. O trabalho que faço na SRM sempre é valorizado pelas
trabalho do professor da
famílias dos alunos.
SRM pelas famílias
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Esse é o resultado da construção do survey sobre a formação do professor da
SRM com os objetivos a serem atingidos, o mesmo será aplicado a professores de
diferentes regiões brasileiras com professor que participaram e que não participaram da
etapa de grupo focal do Oneesp, assim poderá ser analisado se houve alguma mudança
com a intervenção realizada.
Estudos que abordam a formação do professor de educação especial para o
trabalho na sala de recurso multifuncional são essenciais para que seja possível verificar
o que está sendo viabilizado e as dificuldades encontradas, e assim obter conhecimento
dessa nova realidade proposta na educação brasileira para os alunos público alvo da
educação especial e o que precisa ser melhorado e requer mais investimento.
CONCLUSÕES
As escolas são chamadas a se reestruturarem para atender a proposta da
inclusão escolar. Tal perspectiva nem sempre é fácil de ser posta em prática, tendo em
vista a realidade complexa, histórica e cultural das escolas. É importante salientar que a
diversidade de serviços oferecidos, assim como novas propostas podem favorecer a o
processo de inclusão escolar, Baptista (2011, p. 72) ressalta a importância dessa
diversidade de serviços colocando que “A ênfase em um serviço não deveria ser
confundida com a defesa de um modelo único para o país.” Para isso, torna-se
importante que haja pesquisas desenvolvidas na área para que possamos identificar a
realidade dos sistemas escolares, os avanços e as lacunas, que temos no processo de
inclusão escolar para os alunos que são o público alvo da educação especial.
Fica evidente a necessidade de mais pesquisas visando contribuir para um melhor
conhecimento dessa nova realidade. Porém, nessa constatação é preciso considerar que
a SRM é um processo que está em formação, mas que vislumbra muitos resultados
positivos ou não, que deverão ser descritos futuramente na literatura, como colocado por
Baptista (2011, p. 70):
Com relação aos estudos que analisam a sala de recursos, no contexto
brasileiro, podemos afirmar que não são muito numerosos. O motivo é
simples: não se pode investigar algo que não existe. Se há poucos
estudos é porque a existência desses espaços esteve restrita a alguns
contextos. O histórico investimento em classes especiais e em escolas
especiais reduzia a suposta necessidade de sala de recursos. O
incremento numérico dessas salas deverá provocar novas pesquisas que
nos mostrarão como têm sido ‘interpretadas’ as diretrizes para tais
dispositivos.
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O ONEESP vem de encontro com essa necessidade, sendo que diversos estudos
estão em andamento com o intuito de aprofundar conhecimento, incluindo o survey, que
irá gerar dados sobre a formação dos professores da SRM em diferentes contextos de
todo Brasil e, com isso, melhorar a compreensão dessa nova implantação e as
necessidades de adaptações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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prioridade na oferta de serviços especializados. Revista brasileira de educação
especial, Marília, v.17, p.59-76, 2011.
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Disponível
em
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BUENO, J. G. S. A educação especial nas universidades brasileiras. 1. ed. Brasília:
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MATTOS. Nelson Dagoberto de. Cidadania, Deficiência e Política Educacional no Estado
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(Educação do Indivíduo Especial)) - Universidade Federal de São Carlos
MENDES, E. G. . A formação do professor e a política nacional de Educação Especial. In:
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MENDES, E. G. A formação do professor e a política nacional de Educação Especial. In:
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Grupo de Pesquisa. Revista Eletrônica de Educação, v. 2, p. 1-11, 2008.
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