ÁREA TEMÁTICA: 25- Psicologia Escolar e Educacional para alunos superdotados.
CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA COMO CARACTERÍSTICA MEDIADORA DO
DESENVOLVIMENTO DE DOTAÇÃO E TALENTO
FREITAS, Márcia de Fátima Rabello Lovisi de 1
RESUMO:
Autoeficácia é um conceito da Teoria Social Cognitiva entendido como a crença do indivíduo
quanto às próprias capacidades. Tais crenças têm como alvo tarefas bastante específicas e, por
isso, possuem aplicações nos mais diferentes campos do saber. Entre esses campos, têm-se a
educação de alunos com características de dotação e talento. Vários são os modelos teóricos
que buscam explicar e articular os conceitos de dotação e talento. O Modelo de Dotação de
Munique destaca o papel de moderadores intrínsecos e ambientais que interferem na
manifestação do talento. Crenças de autoeficácia são consideradas como importantes
moderadores individuais desse processo. O objetivo do presente trabalho foi comparar níveis
de autoeficácia de adolescentes com e sem dotação e talento. Devido à falta de instrumentos
com evidências de validade, foi necessário realizar uma primeira etapa de pesquisa com o
objetivo de analisar as propriedades psicométricas de uma escala de autoeficácia para, depois,
comparar essas crenças em alunos com e sem dotação e talento. Durante a primeira etapa de
pesquisa, foram obtidas evidências de validade de conteúdo, semântica, fatorial e de
consistência interna para a versão brasileira da Children’s Self-Efficacy Scale, denominada
CSES-Br. Após a tradução da escala para o português, três juízes validaram o conteúdo dos
itens, que obtiveram concordância maior que 75%. Realizou-se uma aplicação piloto da escala
com 29 alunos do 6º ano, o que permitiu a validação semântica do instrumento. Em seguida, a
CSES-Br foi aplicada em 679 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino
Médio. Os resultados da análise fatorial confirmaram que o instrumento possui nove
subescalas unidimensionais como na versão original em inglês. O item 38 foi excluído das
análises por apresentar carga fatorial inferior a 0,30. A consistência interna de cada uma das
nove subescalas situou-se entre 0,7 e 0,9, o que representa precisão de boa a excelente. Os
resultados demonstraram evidências de validade satisfatórias para o contexto brasileiro,
permitindo que a escala fosse utilizada posteriormente. Já na segunda etapa de pesquisa, a
CSES-Br foi aplicada em 390 estudantes do Ensino Fundamental, sendo que 7,7% deles
possuíam dotação e talento e estavam vinculados ao Centro para Desenvolvimento de
Potencial e Talento de Lavras, em MG. O cálculo da ANOVA de medidas repetidas, que
compara as médias alcançadas dentre os grupos avaliados (com e sem dotação e talento),
evidenciou que ambos tendem a avaliar suas crenças de autoeficácia de modo equivalente,
considerando as nove subescalas, uma vez que elas se apresentam praticamente na mesma
ordem nos dois grupos. Contudo, a comparação entre grupos revelou que há diferença
estatisticamente significante entre eles considerando as nove escalas em conjunto. Ou seja, os
alunos identificados com dotação e talento tendem a avaliar suas crenças de autoeficácia com
mais intensidade quando comparados aos pares. Por fim, ressalta-se que a autoeficácia
desempenha um papel desenvolvimental e educacional que vai muito além da mediação do
desenvolvimento de dotação e talento, sendo necessário, portanto, desenvolvê-la em todos os
estudantes, sejam eles identificados com características de dotação e talento ou não.
Palavras-Chave: Autoeficácia; Capacidades; Teoria Social Cognitiva.
1
Mestrado em Psicologia
[email protected]
pela
Universidade
Federal
de
Juiz
de
Fora,
Brasil.
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