Centro Curso Saúde Educação Física Título: Deficiência Visual e talento para o esporte: um estudo de caso Autor (es):Emerson Rodrigues Duarte, Josiane Margarida de Lima, Clarissa Salles Costa E-mail para contato: [email protected] IES: FESJF Palavra(s) Chave(s): deficiência visual. cegueira. esporte. talento. RESUMO A visão é um dos principais sentidos do ser humano, pois além de ser uma importante fonte sensorial que atua no controle dos movimentos coordenados, ainda interfere diretamente nas relações com o mundo exterior desde o nascimento, possibilitando um registro geral de imagens que atuará no desenvolvimento psicossomático de uma criança. De outra forma é preciso reconhecer que pessoas com deficiência visual também devem desenvolver capacidades motoras para serem utilizadas em prática esportiva. Elas nem sempre chegam ao nível de desenvolvimento que indivíduos sem deficiência atingem. Contudo, é possível afirmar que alguns, ao serem comparados aos pares, ou seja, outras pessoas com deficiência visual possuem dotação motora que pode ser “transformada” em talento esportivo. Para compreender como dotação se transforma em talento, optou-se, nesta pesquisa, por adotar o modelo teórico de Gagné (2009). Essa escolha se justifica tanto pela clareza dos contructos dotação e talento quanto pelo fato de se tratar de uma proposta abrangente, capaz de proporcionar uma visão sistêmica dos diversos fatores que se inter-relacionam na determinação desses fenômenos. Para Gagné (2005), dotação designa a posse e o uso de potencialidades naturais extraordinárias (dotes) que não foram previamente exploradas em pelo menos um domínio de capacidade. O talento, por sua vez, refere-se a excelência superior em habilidades que são desenvolvidas a partir do treino sistemático e do domínio de conhecimento em pelo menos uma área da atividade humana. Ambos os conceitos permitem destacar alguns indivíduos entre os 10% mais capazes do seu grupo de pares. Portanto, o objetivo deste estudo foi identificar dotação no domínio capacidades físicas, mais especificamente, a coordenação motora entre pessoas com deficiência visual. Participaram desta pesquisa 14 indivíduos com deficiência visual de uma associação para pessoas cegas. Todos eram do sexo masculino, com idade entre 17 e 62 anos média em anos igual a 34,65 (±13,10). Dentre eles, nove apresentam cegueira adquirida e cinco cegueira congênita. Cinco são praticantes do atletismo, sendo três com baixa visão; cinco são praticantes de goalball, dois com baixa visão e quatro não praticam nenhum esporte, todos apresentam perda de visão total. Foi aplicado um formulário para caracterização demográfica, contendo 17 perguntas, e aplicada a bateria de teste KTK para avaliação da coordenação motora. Não foram observadas diferenças significativas entre os desempenhos na KTK dos participantes. Foi possível identificar um participante com deficiência visual com características de dotação na coordenação motora do domínio capacidades físicas distinguindo-o de seus pares. Conclui-se, mesmo sendo este estudo limitado, sobre a importância da identificação de pessoas com deficiência visual com características de dotação motora e talento para o esporte para o planejamento do processo de desenvolvimento no esporte bem como as possibilidades oferecidas por esta prática no seu desenvolvimento biopsicossocial.