UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Letras e Artes Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural Especialização em Estudos Literários JOÃO BOSCO DA SILVA ([email protected]) CANTOS E CANTARES – UMA TRAJETÓRIA DE INVENÇÃO LÍRICA Autora: Rosana Ribeiro Patrício Fichamento Feira de Santana 2012 Para melhor entender a obra, fizemos o fichamento. PAG. TEXTO 77 Helena Parente Cunha, escritora baiana há vários anos radicada no Rio de Janeiro (...) 78 Tem cerca de vinte livros publicados (...) No campo do ensaio a autora também se destaca (...) Em 1967, Helena Parente Cunha participa, com dez poemas, da célebre Antologia da Moderna poesia bahiana, com seleção por Leodegário de Azevedo Filho (...) 79 Portella acredita que (...) “A Bahia deixa de ser simples memória sentimental do passado para ser um palpitante esforço de construção do presente” (...) estreia em livro com o volume Corpo no cerco, em 1978 (...) 80 Bem recebida pela crítica, no livro seguinte, Maramar, de 1980, a poesia de Helena Parente Cunha revela (...) um lirismo de tendência metafísica (...) Depois de quinze anos dedicados mais ao ensaio e à ficção, a autora volta a publicar um novo livro de poesia, intitulado O outro lado do dia – poemas de uma viagem ao Japão. 81 O lirismo pleno retorna ao leito da poesia (...) no livro Cantos e cantares, lançado em 2005 (...) 82 Sobre Caminhos de quando e além (2007), poesia, diálogo com Fernando Pessoa (...) senti-me atraída pelo teor altamente simbólico do “Cancioneiro” e me dispus a uma espécie de diálogo, interagindo com vários poemas (...) 83 Helena Parente Cunha desde o seu primeiro volume de poemas já revelava, segundo Pedro Lyra, um trabalho de reinvenção da palavra (...) na ânsia de encontrar respostas para o absurdo de existir. (...) o papel do poeta diante de um mundo que, como já percebeu Drummond, a rima não seria uma solução. 85 O volume de Cantos e cantares é dividido em quatro partes que se articulam entre si (...) parece potencializar ora um sentido ora outro, mas com nítido destaque para a visão e o olfato. A primeira intitulada “Cantos de uma viagem de Frankfurt a Paris passando pela primavera”, é também a maior, com vinte e seis poemas. A segunda “Cantos de uma viagem entre mim e comigo” tem dezesseis poemas. A terceira, “Cantos de uma viagem por esquinas passando por meninos e relógios”, seis poemas. E, a quarta, “Cantares de água e luz”, seis poemas. 86 (...) o termo viagem (...) uma incursão para dentro de si mesmo (...) Certamente Helena Parente Cunha fez também uma viagem interior ao compor esses poemas (...) 87 O lago simboliza o olho da terra por onde os habitantes do mundo subterrâneo podem ver os homens (...) 88 A origem do universo acontecendo e começando ali, naquele momento a poeta se transporta há milhares de anos, ao começo de tudo, a água como criadora, que espelha o mundo. 89 Nesse poema (A onda) (...) A posse do masculino (mar), confluindo com o feminino (onda) (...) e o clímax é comparado a uma arrebentação de ondas na areia e posterior afogamento (...) a água é mediadora (...) entre as duas forças: masculino/feminino que se fundem e se adequam (...) A água também possui a ambivalência de ser princípio de vida/morte (...) o sentimento amoroso mal direcionado também pode ser fonte de desgostos e possível morte. 90 No poema Maramar, temos a confluência do mare o verbo amar (...) 92 A água, finte primordial da vida, também sugere o movimento de fecundação e perpetuação da vida. 93 (...) em Água e luz (...) o eu lírico refere-se às agruras dos desfiladeiros, como a 95 96 98 102 metáfora para as dificuldades do viver (...) quando precisou descer até a “última pedra”, ao destino final (...) No poema, a voz feminina sobe pelos próprios cabelos e pela fissura aberta na escuridão. (...) A troca de imagens entre água e luz, transcendentes e complementares, a água que ascende à linha do horizonte, ao brilho de magras pupilas (...) Num movimento cíclico, a água e a luz comparecem no primeiro e derradeiro poema Cantos e cantares. (...) o eu lírico almeja a ruptura de prazos e limites, o desvelamento de percursos, o ir além. Nesse poema (Chá) o eu lírico destaca a sinceridade da água, como a atribuir a este elemento uma qualidade humana: a honestidade. Sua poesia se particulariza como uma espécie de ritual poético, fundado sobre os elementos e as vivências, representados pelas águas e suas diversas formas, o lago, o mar, a onda, a maré, assim como pela observação da singularidade das flores (...) que elabora a poesia a partira das vivências e da captação dos sentidos dos mínimos gestos e fatos do cotidiano. REFERÊNCIAS PATRICIO, Rosana Ribeiro. Cantos e cantares. Rituais das palavras na poesia de Helena Parente Cunha. In: HOISEL, Evelina et al (org.). As formas informes do desejo. Seminário Helena Parente Cunha. Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2010, p. 77-103.