UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LETRAS VALERIA SILVA DE OLIVEIRA AS CRENÇAS DE ALUNOS BRASILEIROS DO ENSINO FUNDAMENTAL QUANTO AO PAPEL DA CORREÇÃO DE ERROS ORAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LINGUA INGLESA Niterói 2011 VALERIA SILVA DE OLIVEIRA AS CRENÇAS DE ALUNOS BRASILEIROS DO ENSINO FUNDAMENTAL QUANTO AO PAPEL DA CORREÇÃO DE ERROS ORAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LINGUA INGLESA Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Estudos de Linguagem. Subárea: Linguística Aplicada ao Ensino/Aprendizagem de Língua Estrangeira (inglês). Orientadora: Profª Drª REJANE TEIXEIRA VIDAL Niterói 2011 VALERIA SILVA DE OLIVEIRA AS CRENÇAS DE ALUNOS BRASILEIROS DO ENSINO FUNDAMENTAL QUANTO AO PAPEL DA CORREÇÃO DE ERROS ORAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LINGUA INGLESA Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Estudos de Linguagem. Subárea: Linguística Aplicada ao Ensino/Aprendizagem de Língua Estrangeira (inglês). Aprovada em abril de 2011. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________________________ Profª Drª REJANE TEIXEIRA VIDAL – Orientadora UFF ________________________________________________________________________ Profª Drª SOLANGE COELHO VEREZA UFF Profª Drª AURÉLIA LEAL LIMA LYRIO UFES Niterói 2011 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter proporcionado a oportunidade e inspiração para que eu seguisse com os meus estudos, por ter possibilitado encontrar pessoas maravilhosas com quem pude contar integralmente durante toda a jornada e por me permitir ter chegado até aqui. À minha querida família, por sempre acreditar nos meus sonhos me incentivando incansavelmente a seguir em frente, mesmo quando eu mesma duvidava. À professora Doutora conduziu todo processo com mostrou disponível para me criatividade ao permitir que Muito obrigada. Rejane Teixeira Vidal, uma admirável orientadora, que segurança, respeito, amizade e profissionalismo, que se orientar sempre que necessário, que estimulou minha eu amadurecesse minhas idéias com muita liberdade. À minha querida amiga Wanessa Domingos e família, pela amizade incondicional, por todo apoio concedido durante todo o processo. Serei eternamente grata. À direção da escola em que a geração de dados para esta pesquisa foi realizada, e à boa vontade e disponibilidade da professora regente e alunos participantes. À Michelle Silva de Mattos, pela disponibilidade e por me facilitar o acesso a uma parte da bibliografia usada neste trabalho. À Aurélia Emília de Paula Fernandes e Tatiana Diello Borges que prontamente se dispuseram a me facilitar a obtenção de seus artigos. Aos funcionários da secretaria da Pós Graduação da UFF, pelo atendimento eficiente e cordial de sempre. RESUMO O objetivo deste estudo é investigar as crenças de alunos brasileiros do ensino fundamental quanto ao papel da correção de erros orais no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. A metodologia de pesquisa adotada é de natureza etnográfica e, com base nos princípios condizentes com esse tipo de pesquisa, foram adotados como instrumentos de coleta de dados a observação, gravação em vídeo, questionários aberto e semi-estruturado e a entrevista retrospectiva semi-estruturada com o grupo dis cente alvo. A análise dos dados coletados foi realizada a partir dos princípios de uma abordagem qualitativa. Os resultados sugerem que os alunos acreditam que a correção de erros é uma estratégia importante no auxílio da aprendizagem. A maioria dos alunos participantes deste estudo espera que todos os erros sejam corrigidos, embora um aluno tenha destacado que muitos erros são cometidos por nervosismo ou ansiedade e não por falta de conhecimento. Os alunos também revelam a importância dos professores manterem ambiente harmonioso em sala de aula, evitando brincadeiras impróprias ou ironias durante a correção de erros orais. O resultado do presente estudo sugere que o sistema de crenças dos alunos ainda se baseia em uma visão tradicional da aprendizagem já que o professor ainda é visto como a única fonte de todo conhecimento no processo de tratamento de erros. Além disso, as diferentes respostas encontradas revelam um grupo formado de indivíduos com experiências próprias, e por isso, heterogêneo. As crenças professadas pelos alunos podem tornar os professores conscientes dos elementos que constituem o contexto multifacetado da sala de aula alvo e contribuir para que o professor oportunize maiores chances de aprendizagem. Palavra-chave: Inglês como língua estrangeira, correção de erros orais em sala de aula, crenças dos alunos ABSTRACT The aim of this study is to investigate high school Brazilian learners’ beliefs on oral error correction in the English learning/teaching process. The methodology applied is ethnographic. This approach supported the use of instruments of data gathering coherent with this type of methodology, such as, observation, video recording, opened and semi- structured questionnaires and semi-structured retrospective interview with the target group. The analysis of collected data was carried out qualitatively. The results suggest that learners believe that error correction is an important strategy in language learning. The great majority of participants of this study assert tha t all mistakes should be corrected, although one student highlighted that many errors occur due to learner’s anxiety or nervousness and not because of his/her lack of knowledge. Participants also revealed the importance of teachers to keep a harmonious atmosphere in the classroom, avoiding inappropriate jokes or ironies during oral error corrections. The result of this study points to the fact that learners’ system of beliefs relies on a traditional perspective of the learning process, since, according to them, teachers are still viewed as the authority of the error treatment process. Besides, the different answers found indicate a group formed by individuals imbued of personal experiences, and, because of that, heterogeneous. Learners’ beliefs may inform teachers of the elements that constitute the multifaceted context of the target classroom and contribute so that teachers provide more opportunities of learning in the classroom. Keyword: English as a foreign language, oral error correction in the classroom, learners’ beliefs. LISTA DE FIGURAS Figura 01 Modelo computacional de aquisição de segunda língua.........................................44 Figura 02 Representação da sala de aula tradicional x sala de aula investigada .....................97 LISTA DE QUADROS Quadro 01 Organização dos participantes............…………………………………….......95 Quadro 02 Tipo de material………………………………………………………….........99 Quadro 03 Fonte e o objetivo do material ……………………………............................100 Quadro 04 Uso do material (nível de controle) .…………………………………….......100 Quadro 05 A correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? (questionário aberto)…………………………………………………….................109 Quadro 06 A correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa (questionário semiestruturado) ..................................................................................110 Quadro 07 Crenças sobre se todos os erros orais devem ser corrigidos ..........................113 Quadro 08 Prioridade na correção de determinados erros orais ......................................123 Quadro 09 Correção oral: individual ou em grupo...........................................................129 Quadro 10 Justificativa da preferência pela correção de erros orais ou em grupo...........130 Quadro 11 Justificativas quanto às preferências em relação aos sujeitos da correção dos erros orais................................................................................................................................135 Quadro 12 Crenças quanto à correção de erros realizadas por colegas ............................135 Quadro 13 As melhores estratégias de correção de erros orais segundo crenças profesadas................................................................................................................................137 Quadro 14 Justificativa dos tipos de correção de erros preferidos....................................139 Quadro 15 Formas de não se corrigir erros orais segundo crenças professadas ..............144 Quadro 16 Estratégias realizadas após a correção de erros orais (questionário aberto).....................................................................................................................................148 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 Número de ocorrências dos tipos de correção de erros identificados.............106 Gráfico 02 Número de ocorrências dos tipos de erros identificados.................................108 Gráfico 03 Representação gráfica do número de alunos que responderam sobre se todos os erros devem ser corrigidos......................................................................................................113 Gráfico 04 Como os alunos que acreditam que todos os erros orais devem ser corrigidos justificam suas respostas ........................................................................................................114 Gráfico 05 Proposição – A correção é fundamental, pois contribui para aperfeiçoar o inglês.......................................................................................................................................118 Gráfico 06 Proposição – É errando que se aprende .........................................................119 Gráfico 07 Proposição – A correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário.................119 Gráfico 08 Proposição – A correção de erros é mais importante na pronúncia................120 Gráfico 09 Proposição – A correção de erro em sala de aula pode atrapalhar na aprendizagem, pois o aluno não se sente à vontade quando corrigido em frente aos colegas....................................................................................................................................120 Gráfico 10 Proposição – É preciso saber o certo antes de continuar, por isso, a falta de correção pode atrapalhar a aprendizagem...............................................................................121 Gráfico 11 Proposição – A correção faz com que o aluno se torne consciente o erro. Ao se tornar consciente o aluno tem mais chances de aprender mais...............................................121 Gráfico 12 Crenças quanto a tipos de erros específicos...................................................122 Gráfico 13 Crenças quanto ao momento ideal de corrigir um erro oral............................126 Gráfico 14 Representação gráfica da preferência dos alunos quanto à correção oral individual ou em grupo...........................................................................................................130 Gráfico 15 Preferências quanto aos sujeitos da correção dos erros orais..........................134 Gráfico 16 Os tipos de correção de erros mais preferidos entre os selecionados..............138 Gráfico 17 Representação das crenças professadas quanto a como não se deve corrigir erros orais ...............................................................................................................................145 Gráfico 18 Estratégias realizadas após a correção de erros orais (questionário semiestruturado) .....................................................................................................................149 SUMARIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................7 LISTA DE QUADROS...............................................................................................................8 LISTA DE GRÁFICOS..............................................................................................................9 1- APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................13 2- HISTÓRICO DA QUESTÃO DE PESQUISA E OBJETIVOS.....................................18 3- PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ........................................................................................23 3.1 O PAPEL DA CORREÇÃO DE ERROS EM SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA TUALIDADE........................................................................................25 3.1.1 A correção de erros em uma perspectiva histórica: situando os princípios que regem o contexto investigado.................................................................................................................26 3.1.1.1 O que são erros? .......................................................................................................30 3.1.2 A importância da produção oral no processo de aquisição de segunda língua (ASL) em contexto comunicativo de língua (ECL) ..................................................................................33 3.1.3 A importância da conscientização linguística no contexto de aprendizagem de segunda língua ........................................................................................................................................38 3.1.4 A correção de erros sob a perspectiva da instrução focada na forma ...........................40 3.1.5 A correção de erros: uma opção para o ensino formal da língua-alvo em contexto comunicativo ............................................................................................................................42 3.1.6 A correção de erros dentro de uma perspectiva sociocultural ........................................49 3.2 CRENÇAS.........................................................................................................................52 3.2.1 O que são crenças?..........................................................................................................53 3.2.2 Porque investigar crenças dos aprendizes de língua inglesa...........................................56 3.2.3 Um breve esboço sobre algumas categorias que influenciam na formação das crenças.......................................................................................................................................58 3.2.4 Reflexões acerca das crenças dos aprendizes quanto à correção de erros orais em sala de aula de língua inglesa ...............................................................................................................60 4 – METODOLOGIA ............................................................................................................65 4.1 A NATUREZA QUALITATIVA DA PRESENTE PESQUISA.......................................66 4.2 A PRESENTE PESQUISA SOB OS PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM ETNOGRÁFICA......................................................................................................................69 4.2.1 Da pesquisa interpretativista ...........................................................................................71 4.2.2 Um adendo sobre a importância de se considerar as ações dos participantes na pesquisa sobre crenças ............................................................................................................................73 4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................75 4.3.1 A importância da pesquisa piloto ....................................................................................75 4.3.2 Dos instrumentos de geração de dados ...........................................................................77 4.3.2.1 Observação .................................................................................................................77 4.3.2.2 Questionário aberto ...................................................................................................79 4.3.2.3 Questionário semiestruturado ..................................................................................80 4.3.2.4 Entrevista retrospectiva semiestrutura da em grupo ..............................................81 4.3.2.5 Outras informações contextuais ...............................................................................83 4.4 DO CONTEXTO DE PESQUISA .....................................................................................83 4.4.1 Dos participantes da pesquisa..........................................................................................84 4.4.2 Do professor regente .......................................................................................................85 4.4.3 Da pesquisadora ..............................................................................................................89 4.5 DOS PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS.....................................................90 5 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS .....................................................................92 5.1 DESCREVENDO O CONTEXTO DE SALA DE AULA ................................................93 5.1.1 A sala de aula ..................................................................................................................93 5.1.1.1 Tipo de atividade ........................................................................................................94 5.1.1.2 Organização dos participantes ..................................................................................95 5.1.1.3 Conteúdo .....................................................................................................................97 5.1.1.4 Modalidade de aluno ..................................................................................................98 5.1.1.5 Material .......................................................................................................................99 5.1.2 A correção de erros orais no contexto investigado .......................................................101 5.1.2.1 Correção dos erros orais: as estratégias utilizadas pela professora regente.......102 5.2 TRIANGULAÇÃO DOS DADOS ..................................................................................109 5.2.1 O papel da correção de erros na aprendizagem segundo crenças professadas...............109 5.2.2 Em relação aos erros orais em sala de aula ...................................................................112 5.2.3 Investigando outras crenças declaradas ........................................................................118 5.2.4 Quanto ao tipo de erro mais importante para ser corrigido ...........................................122 5.2.5 Quanto ao momento mais apropriado para se corrigir um erro.....................................126 5.2.6 Correção em grupo ou individual? ................................................................................128 5.2.7 Crenças quanto às preferências pelos agentes da correção ...........................................133 5.2.8 Quanto às melhores formas de corrigir os erros orais ...................................................136 5.2.9 Como a professora não deve agir ao corrigir um erro oral ...........................................144 5.2.10 Das estratégias realizadas pelo aluno após a correção de erros ..................................148 5.2.11 Quanto ao nível de compreensão das estratégias de correção oral aplicadas pela professora regente ..................................................................................................................151 5.2.12 Outras considerações....................................................................................................151 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................154 6.1 REFLEXÕES FINAIS .....................................................................................................154 6.2 RETOMANDO AS PERGUNTAS DE PESQUISA .......................................................157 6.2.1 Quais são as crenças dos alunos em relação ao papel da correção de erros orais em sala de aula?...................................................................................................................................157 6.2.2 Como os aprendizes esperam que seus erros sejam corrigidos?....................................159 6.2.3 Quando os erros orais devem ser corrigidos segundo os aprendizes? ..........................160 6.2.4 Os aprendizes esperam que o professor seja sempre a fonte da correção? Os aprendizes aceitam a coconstrução do conhecimento através da aceitação de feedback do colega?........161 6.2.5 Outras considerações .....................................................................................................161 6.3 DAS LIMITAÇÕES DE PESQUISA ..............................................................................162 6.4 UMA SURPRESA AGRADÁVEL: A ENTREVISTA RETROSPECTIVA SEMIESTRUTURADA EM GRUPO....................................................................................163 6.5 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS..................................................................164 7 BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................166 8 ANEXOS.............................................................................................................................177 9 APÊNDICES ......................................................................................................................185 13 1. APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA Por muitas décadas, muitas pesquisas realizadas em contexto educacional, principalmente na área de ensino de línguas estrangeiras, como, por exemplo, o projeto Gutemberg1 , objetivavam descobrir o melhor método de ensino de línguas para que este, posteriormente, servisse como referência no ensino de língua estrangeira. Nesse sentido, consolidava-se a busca pela ‘prescrição ideal’, ou seja, o método infalível que garantiria aos professores o sucesso no ensino de línguas estrangeiras. No entanto, as pesquisas tomaram novos rumos. De fato, os esforços acadêmicos mostraram que, na verdade, a sala de aula e o processo de ensino e aprendizagem são tão complexos que a prescrição de um método, seja ele qual fosse, não daria conta desse universo multifacetado. Assim, foi observado que uma abordagem descritiva do processo de aprendizagem, em detrimento da prescritiva, seria mais enriquecedora no sentido de revelar o que realmente acontece em sala de aula. Allwright e Bailey (2004) afirmam que, já na década de 70, Nós não poderíamos mais aceitar que tudo que acontece é porque um método em particular, ou um conjunto de técnicas específicas são meramente aplicadas. Ao contrário, nós começamos a perceber que algo anterior ao nível da técnica (algo mais interativo e menos obviamente pedagógico) ocorria, e esta interação (ou seja, qualquer coisa que realmente aconteça em sala de aula) provavelmente proveria um rendoso/proveitoso tópico de investigação2 . (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 9) 1 Este projeto, originalmente conhecido como GUME (Gothenburg English Teaching Method Project), foi um projeto realizado no final da década de 60-70 para investigar técnicas e, com isso, chegar a uma visão mais acurada do método em questão. (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 9) 2 Tradução feita por mim. Original : “We could no longer assume that all that happens is that a particular method, or a particular set of techniques, is simply implemented. Instead, we began to feel that something below the level of technique (something more interactive and less obviously pedagogic) takes place, and that this interaction (that is, whatever actually happens in the classroom) is likely to provide a fruitful topic for investigation”. (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 9) 14 Essa abordagem descritiva dos ‘processos’, ou seja, do que realmente ocorre em sala de aula fez surgir novas tendências e pontos de vista de pesquisadores interessados em descobrir elementos dinamizadores constituintes de uma aula de ensino de língua estrangeira. Um desses pontos de vista parte do princípio de que a aula é um evento socioconstruído por todas as pessoas envolvidas num contexto interativo. Em outras palavras, pesquisadores deixaram de considerar o professor como o elemento de referência ou como condição sine qua non para garantir o sucesso na aprendizagem de uma língua estrangeira ou como fonte de todo saber, e passaram a observar, mais atentamente, como as pessoas interagem dentro de um contexto oportunizando um ambiente de aprendizagem. Outro ponto de vista, que também surgiu da abordagem descritiva, parte de uma perspectiva mais linguística e foca na importância do insumo no processo de aquisição de língua estrangeira. Conforme sugerido por Allwright e Bailey (2004), acredito sinceramente que ambos os pontos de vista não são autoexcludentes. Ao contrário, eles se complementam entre si e revelam a importância de se reconhecer outros elementos, facilmente identificáveis ou não, que constituem o ambiente multifacetado da sala de aula. Esses elementos dialogam entre si em perfeita simbiose fazendo surgir um contexto propício para aprendizagem. Nesse sentido, assim como é sugerido por Allwright e Bailey (2004, p. 148), acredito também que a aprendizagem ocorre, principalmente, através e durante a interação entre professor e alunos ou aluno-aluno. Porém, é importante não esquecer que quando essa interação ocorre, ela manifesta consigo as experiências de vida e de aprendizagem de uma língua estrangeira dos sujeitos envolvidos. Essas experiências, por sua vez, materializam-se em ações, revelando um sistema de crenças que se encontram em constante processo de atualização, auxiliando nas escolhas individuais, nas habilidades e na incrível capacidade de adaptação dos seres humanos 3 . Portanto, talvez seja possível que, uma vez que o professor tenha conhecimento das crenças de seus alunos, ele se torne mais competente para, primeiramente, esclarecer dúvidas a respeito de como melhor proceder dentro de um contexto específico, além de perceber o que pode estar dificultando a aprendizagem e, posteriormente, buscar soluções para os desafios encontrados. Foram esses os principais pressupostos que me motivaram a investigar quais as crenças dos alunos brasileiros de nível fundamental em 3 A jornalista Sharon Begley, formada pela Yale University, defende a capacidade do ser humano ‘mudar’ o cérebro partindo de recentes pesquisas realizadas na área de neurociência, comentadas em seu livro “ Treine a mente, mude o cérebro” da editora Fontanar, 2007. 15 relação a uma situação específica de interação que ocorre frequentemente em sala de aula de ensino de inglês como língua estrangeira: a correção de erros orais. Dentro desse contexto, conforme sugere Barcelos (2006), Entendo crenças, de maneira semelhante à Dewey (1933), como uma forma de pensamento, como construções da realidade, maneiras de ver e perceber o mundo e seus fenômenos, co-construídas em nossas experiências e resultantes de um processo interativo de interpretação e (re)significação. Como tal, crenças são sociais (mas também individuais), dinâmicas, contextuais e paradoxais. (BARCELOS, 2006, p. 18) Portanto, as crenças possivelmente exercem uma forte influência no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Da mesma forma, dificilmente uma sala de aula de ensino de inglês como língua estrangeira, em contexto brasileiro, se isente do evento ‘correção de erros orais e/ou escritos’. Em se tratando do ensino de língua inglesa em contexto comunicativo, a sala de aula pode ser a única oportunidade para o aluno, através da correção de erros, rever e testar suas hipóteses da língua-alvo. Segundo Lima e Menti (2004), entre outros, Há sérias razões para crer que os aprendizes necessitam de evidência negativa, isto é, necessitam de informação que demonstre que suas hipóteses sobre a língua-alvo são errôneas. Essa constatação é especialmente relevante em contextos de língua estrangeira propriamente dita, no qual sabemos que oportunidades de exposição à língua-alvo são muito limitadas.4 (LIMA E M ENTI, 2004, p.132) Assim, a correção de erros faz parte da rotina de muitos professores de língua inglesa, como recurso pedagógico no processo de aprendizagem da língua estrangeira em foco. A utilização desse recurso para a aprendizagem vem sendo sugerida atravé s de resultados de diversas pesquisas que apontam que a correção de erros, mesmo quando aplicadas intuitivamente pelos professores ou pelos próprios alunos, quer seja explicitamente ou implicitamente, pode contribuir para aprendizagem no contexto comunicativo (LYSTER; RANTA, 1997; SPADA: 2006). Pesquisas recentes demonstram não só a importância da correção de erros em sala de aula, mas também os diversos tipos que mais contribue m para a aprendizagem da língua-alvo. O crescente interesse pelo tema não só representa a possibilidade de que a correção de erros 4 Ênfase de minha autoria. 16 possa ter um papel na aprendizagem, mas também justifica a importância de se resgatar e rediscutir sua contribuição no processo de aprendizagem de língua estrangeira (BLEYVROMAN, 1986; CHAUDRON, 1988; RUTHERFORD, 1987; WHITE, 1989,1991; CARROL & SWAIN, 1993; NASSAJI AND SWAIN, 2000; LARSEN FREEMAN, 2001). Muitos estudos já foram realizados para poder identificar os diferentes tipos de correção de erros, os mais frequentes e os mais eficientes; ou seja, o processo e o produto desse tipo de instrução (CUNHA; LIMA, p. 2002). Em 1997, Lyster e Ranta afirmaram que, mesmo após 20 anos de pesquisa, ainda havia muitas incertezas em torno do tema. Acredito que o cenário de incertezas ainda predomina nos dias atuais. Na prática, professores ainda têm dúvidas quanto a como melhor proceder em sala de aula após a ocorrência de erros. De fato, é possível afirmar que o seguinte dilema ainda circunda a rotina de muitos professores: “se professores não corrigem os erros, as oportunidades para os alunos associarem forma e função podem ser reduzidas; se professores corrigem erros, eles podem correr o risco de interromper o fluxo da comunicação 5 ” (LYSTER AND RANTA, 1997, p. 40). Dessa forma, se o erro é percebido, o professor deve ignorá- lo ou corrigi- lo? (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 100; CUNHA; LIMA, 2002, p. 9). O professor comp rometido com o ensino reflexivo 6 , ao deparar-se com tais dilemas, provavelmente tentará buscar respostas em suas próprias crenças e experiências como professor e aluno ou em alguma literatura coerente com suas crenças. Cunha e Lima (2002, p.10) afirmam, porém, que “algumas pesquisas constataram que as perspectivas dos professores e dos aprendizes de L2 diferem em relação ao desejo de tratamento de erro”. Segundo o resultado dessas pesquisas 7 , por exemplo, aprendizes adultos 8 demonstraram um forte interesse pela a correção de todos 9 os erros, enquanto que os professores dos contextos pesquisados pareciam não manter essa atitude. Minha motivação em pesquisar o assunto se origina da percepção de que de fato há diferenças entre as crenças de participantes de um 5 Tradução feita por mim “If teachers do not correct errors, opportunities for students to make links between form and function are reduced; if teachers do correct errors, they risk interrupting the flow of communication.” 6 O ensino reflexivo está associado à formação docente; “formação do professor-pesquisador; ou seja, ressalta-se a importância da formação do profissional reflexivo; aquele que ‘pensa-na-ação’, e cuja atividade profissional parece estar aliada à atividade de pesquisa” (LONGUINI; NARDI, 2002, p. 3, citando SCHÖN, 1992, p. 41). Disponível em <http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v4_n2/4213.pdf>. Acesso em 27 out 2010. 7 Cunha e Lima (2002) referem-se às pesquisas discutidas por Chaudron (1988) em seu livro Second Language Classrooms: Research on Teaching and Learning, que foram realizadas por Cathcart e Olsen (1976) e Chenoweth et alli (1983). 8 Cunha e Lima (2002) não mencionaram a idade dos participantes ao citar a pesquisa. 9 Ênfase de minha autoria 17 mesmo contexto de sala de aula, independente de faixa etária. Acredito que tal ‘diferença’ possa gerar contrariedades entre alunos e professores prejudicando a possibilidade de uma interação fluida entre os atores ou inibindo a autonomia do aluno no processo de aprendizagem. Assim, embora seja válido que professores recorram sempre às suas próprias experiências ou à literatura para contribuir para melhor prática em sala de aula, deve-se também levar em consideração a opinião e experiência dos alunos. Acredito que as crenças dos alunos exerçam uma importante função no referido processo e, consequentemente, na aprendizagem (LIGHTBOWN; SPADA, 2006). Poucas pesquisas, porém, foram realizadas a partir do que os próprios alunos pensam da correção de erros no processo de aprendizagem (LIGHTBOWN; SPADA, 2006). Segundo Lima e Menti (2004, p.126), “não são muitas as pesquisas encontradas na literatura especializada que têm o aluno como centro do processo de tratamento de erro”. Mais adiante, Lima e Menti (2004) afirmam que uma aná lise de estudos anteriores aponta que (...) a coleta de dados centrada no professor deixa passar grande parte da interação em sala de aula. (...) Pesquisa sobre feedback corretivo centrada no aprendiz é recente e é preciso levar em consideração outros fatores, tais como nível de proficiência e interesses individuais10 . (LIMA; MENTI 2004, p.127) Rauber e Gil (2004) também acreditam que uma pesquisa sobre correção de erros pode se receber uma grande contribuição da investigação das crenças dos alunos participantes da pesquisa dentro do contexto investigado. Da mesma forma, acredito que pesquisar as crenças de alunos aprendizes de língua inglesa venha contribuir para não só para alcançar resultados mais condizentes com a realidade investigada. Investigar as crenças dos alunos também é uma forma de colaborar com a prática reflexiva, já que tal estudo pode gerar instrumentos/ferramentas para que professores possam se aperfeiçoar no seu papel de agentes facilitadores da aprendizagem. 10 Ênfase feita por mim. 18 2. HISTÓRICO DA QUESTÃO DE PESQUISA E OBJETIVOS Meu interesse pelo tema surgiu durante o curso de Especialização em Linguística Aplicada: Ensino-aprendizagem de língua inglesa, na UFF, em 2007/2008, quando tive oportunidade de melhor observar e refletir quanto à minha prática em sala de aula no que concerne à correção de erros. Entre uma leitura e outra percebi na prática que a correção de erros pode trazer benefícios, facilitando o processo de aprendizagem de língua estrangeira. Relato a seguir o incidente que veio a despertar o meu interesse pelo assunto. Durante uma aula de ensino de inglês como língua estrangeira em um curso de língua no Rio de Janeiro, um aluno de uma turma de nível avançado segundo parâmetro do curso em questão, insistia em dizer I see TV, quando o mais apropriado seria dizer I watch TV. Essa colocação se repetia diversas vezes ao longo da aula e, assim, senti- me compelida a comentar quanto à escolha inadvertida do aluno. Na verdade, não esperava que o aluno pudesse ‘atualizar’ o conhecimento que ele tinha da língua-alvo tão rapidamente. Esperava que meus comentários fossem o ponto de partida para que ele observasse com mais acuidade situações onde o uso do verbo watch fosse mais corrente e com isso perceber o seu uso. Porém, para minha surpresa, uma semana após o ocorrido, recebi um e- mail desse aluno onde ele me perguntava sobre o significado de uma palavra que tinha ouvido na televisão. Ao esclarecer a dúvida do aluno, logo em seguida ele responde ao e- mail com o seguinte texto: Thank you, teacher! I’ve heard about it watching TV in a TV show that was showing the Tony Braxton’s CD and that expressions let me curious. One more time thank you for take this doubt. Observei através do e-mail que o aluno em questão teve sucesso quanto ao uso do verbo watch em um contexto diferente do de sala de aula. Acredito ser possível afirmar que 19 houve aprendizagem, ao menos a curto prazo. Observei que o aluno, ao conscientizar-se dos itens a serem trabalhados, tornou-se mais capacitado para promover o reparo em sua interlíngua 11 . Esses reparos contribuem para que a interlíngua aproxime-se cada vez mais da língua-alvo (SPADA, 1997, p. 78). Tal incidente e considerações motivaram- me a investigar sobre correção de erros. Também durante o Curso de Especialização, conscientizei- me de que o aluno é participante ativo no processo de aprendizagem e que, por isso, suas crenças teriam um papel muito importante no referido processo. Consequentemente, um estudo de caso foi realizado para investigar o que os meus alunos de um grupo de nível avançado de um curso de línguas pensavam em relação à correção de erros em sala de aula. A partir dos resultados dessa pesquisa, esperava rever minhas escolhas em sala de aula como professora de inglês como língua estrangeira. É importante observar que essa investigação não fora idealizada como estudo piloto, tornando-se naturalmente dessa natureza conforme decidi dar continuidade à investigação do tema em questão, porém em outro contexto. Primeiramente, uma atividade pedagógica foi aplicada, durante o estudo, agora considerado, piloto, realizado em 2008, para verificar evidências quanto à eficácia da correção de erros em sala de aula, pois, conforme sugerido por Cunha e Lima, A questão de se os erros dos aprendizes deveriam ser corrigidos, todavia, pode não depender inteiramente de suas preferências, muito embora a satisfação de suas necessidades percebidas possa ser importante para uma atitude positiva. A resposta afirmativa deveria originar-se primariamente da evidência da eficácia da correção do erro, um fenômeno, reconhecemos, distintamente difícil de demonstrar.(CUNHA; LIMA, 2002, p.10) Devido ao limite de tempo, optei por aplicar uma atividade simples, porém que se mostrou eficiente para avaliar o papel da correção de erros a curto prazo. Foram anotados os erros cometidos pelos alunos em questão durante algumas aulas que tinham carga horária de duas horas semanais. Todos os erros cometidos foram comentados durante as respectivas aulas. Na aula subsequente, foi aplicada uma atividade em que os alunos deveriam formar frases com os itens corrigidos. No quadro foi desenhado o tic, tac, toe em que os alunos 11 Interlanguage: “(…) a term that Selinker (1972) adapted from Weinreich’s (1953) term ‘interlingual’. Interlanguage refers to the separateness of a second language learners’ system, a system that has a structurally intermediate status between the native and the target languages. (...) This is neither the system of the native language nor the system of the target language, but a system based upon the best attempt of learners to bring order and structure to the linguistic stimuli surrounding them.” (BROWN, 2000, p. 215-216) 20 escolheriam um número e cada número revelaria uma tarefa. Por exemplo, um aluno seleciona número seis. O numero seis sugere que o aluno forme uma frase com o verbo read no passado. Assim, seria observado objetivamente se o aluno ainda se lembrava da correção das aulas anteriores que apontava que o passado de read é read, com variação apenas na pronúncia. A atividade provou eficiente já que os alunos demonstraram 90% de melhora/aprendizagem a curto prazo. Em seguida, foi aplicado um questionário a um grupo experimental de vinte alunos, onde 55% dos alunos (11 al.) que participaram da pesquisa sugeriram que professores deveriam evitar ironias ou brincadeiras inapropriadas ao corrigir erros em sala de aula. Essa crença sinaliza que muitos professores fazem uso de brincadeiras e piadas como meio para realizar a correção de erros, provavelmente objetivando facilitar a aprendizagem através da informalidade. Porém, muitos professores não estão conscientes dos limites que essas brincadeiras e/ou piadas deveriam ter em sala de aula para evitar que o aluno se sinta constrangido. Acredito que o resultado da investigação das crenças dos alunos promova alguma elucidação quanto aos procedimentos mais ou menos apropriados a serem seguidos no contexto de sala de aula segundo as crenças dos próprios alunos. Os resultados do estudo de caso foram grandes motivadores para que eu desse continuidade à investigação, de forma mais sistemática, justificando-se a atual pesquisa. Porém, procurando buscar resultados a partir de outra perspectiva, realizei a investigação em contexto de sala de aula de uma escola regular de ensino onde eu não era a professora regente. Acredito que o fato ter investigado um grupo ao qual eu não eu tinha qualquer vínculo contribuiu para um maior distanciamento na análise. Outro incidente, mais recente, que descrevo a seguir, exemplifica como as crenças dos alunos atuam durante o processo de aprendizagem. Uma aluna – que chamarei ficticiamente Angela - ao solicitar esclarecimentos qua nto à atividade que estava em progresso, não mostrou proficiência na língua-alvo. A aluna expressou-se com dificuldades e sua fala apresentava diversos erros gramaticais. Já que o desempenho mal sucedido de Angela não impediu a comunicação, o professor optou por chamar atenção para a construção mais apropriada da forma gramatical em um outro momento, em grupo, para não interferir na fala da aluna e desviar do foco da atividade, conforme o esperado por Angela. Porém, outro aluno - o qual chamarei ficticiamente Miguel - ao perceber que Angela tinha cometido o erro e que este não seria corrigido naquele 21 momento, imediatamente franziu a testa expressando aborrecimento e impaciência e olhou diretamente para o professor aguardando uma atitude retificadora. Como isso não ocorreu, o aluno interrompeu a fala da colega para perguntar ao professor sobre a estrutura gramatical utilizada de forma inapropriada. Tal situação exemplifica não só que alunos recorrem às suas crenças no momento da aprendizagem, mas também revela que não devemos esquecer que embora contidos em um grupo, trata-se de indivíduos heterogêneos em sua natureza. Nesse sentido, acredito que uma investigação sobre as crenças pode revelar os diversos perfis que compõe uma sala de aula, contribuindo para que as escolhas dos professores sejam as mais adequadas ao contexto. Acredito que quando boa parte da atitude do professor corresponde às crenças dos alunos a aprendizagem pode ser facilitada. Por outro lado, contrariedades ao longo do processo de aprendizagem podem resultar em frustrações e até desmotivação reduzindo o aproveitamento. Assim, acredito que o professor pode melhor contribuir para a harmonia no processo de aprendizagem, uma vez que tenha habilidade para inferir as diferentes expectativas e crenças de um grupo discente e trabalhar o conteúdo a partir da realidade dos aprendizes. Para isso, faz-se importante o conhecimento da visão dos alunos, o que pode ser realizado através do estudo de suas crenças e dos fatores a elas relacionados. Foram esses os principais pressupostos norteadores dos objetivos para a presente pesquisa. Face ao exposto, pode-se observar não só que a correção de erros orais pode contribuir, ao menos a curto prazo, para o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, mas também que os alunos possuem suas próprias crenças quanto ao processo de correção de erros orais em sala de aula. Acredito que a correção de erros orais esteja intrinsecamente associado ao contexto de sala de aula comunicativo e que, de fato, os alunos não só esperam pela correção de erros orais – conforme exemplificado anteriormente o caso do aluno Miguel – como também possuem um sistema de crenças relacionado ao processo (i.e. quanto à forma mais apropriada de se corrigir os erros), ao produto (i.e. quanto aos tipos erros que devem merecer maior atenção), e quanto ao comportamento/atitude do professor ao se corrigir um erro. Segundo Sherer (2000) as crenças12 em relação à correção de erros podem refletir a ideia do que é aprender e ensinar língua estrangeira. 12 Originalmente, Sherer (2000) optou por usar o termo ‘concepções’ em lugar de ‘crenças’. 22 Embora saber sobre o que os alunos pensam sobre o processo da aprendizagem possa contribuir para que os professores se tornem facilitadores da aprendizagem mais eficientemente, estou ciente de que professores não devem fazer com que sua prática dependa única e exclusivamente das crenças dos alunos. Acredito que o resultado da investigação das crenças dos alunos em relação à correção de erros orais em sala de aula seja, na verdade, mais um recurso/ferramenta que pode contribuir para que o professor atue de fato como facilitador da aprendizagem. Portanto, esta pesquisa não objetiva buscar o certo ou errado, mas investigar quais as crenças, opiniões e percepções dos alunos, ou seja, busca-se revelar os princípios que orientam as atitudes dos alunos em relação à correção de erros orais de língua inglesa em sala de aula de um grupo de nível fundamental inserido em um determinado contexto. Em suma, o objetivo geral deste estudo consiste em investigar as crenças professadas de um grupo de alunos do no no ano do ensino fundamental de uma escola privada quanto ao papel da correção de erros orais em sala de aula de ensino da língua inglesa como língua estrangeira. Nesse sentido, busca-se responder às seguintes perguntas de pesquisa: (1) Quais são as crenças dos alunos em relação ao papel da correção de erros orais em sala de aula? (2) Como os aprendizes esperam que seus erros sejam corrigidos? (3) Quando os erros orais devem ser corrigidos segundo os aprendizes? (4) Os aprendizes esperam que o professor seja sempre a fonte da correção? (5) Os aprendizes aceitam a coconstrução do conhecimento através da aceitação do feedback do colega? No capítulo seguinte serão discutidos os pressupostos teóricos que apontam não só para a importância de se investigar as percepções do ‘leigo’ dentro de um determinado contexto, mas também o papel da correção do erro no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira e a contribuição de se investigar as crenças dentro desse contexto. 23 3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Este capítulo tratará de apresentar os subsídios teóricos que nortearam a presente pesquisa. Para facilitar a leitura deste capítulo, acho importante destacar que este contempla dois objetivos principais: debater as teorias diretamente relacionadas com o papel da correção de erros em contexto comunicativo de ensino de língua inglesa como língua estrangeira e teorias que justificam a importância das crenças no processo de aprendizagem. Primeiramente, trato de abordar a correção de erros orais como uma ferramenta importante para ser utilizada no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Para ressaltar o papel da correção de erros orais no contexto pesquisado, valho- me das pesquisas realizadas pela pesquisadora canadense Merril Swain (1985, 1995, 2000, 2006 a, 2006 b), cujos resultados apontam para a importância de se focar na forma através da produção oral ou escrita realizada em contexto comunicativo, culminando no conceito de lingualização. Apoiome também em Long (1996), ao sugerir a hipótese da interação e o ajustamento que pode ocorrer durante o evento. Smidth (1990, 2001), Svalberg (2007) foram fundamentais para destacar a importância da consciência linguística na aprendizagem. O modelo computacional de Ellis (1998), embora restrito, serviu apenas como ponto de partida, como um esquema inicial que situa a atuação da correção de erros orais. Em seguida, a discussão da perspectiva sociocultural da aprendizagem de Vygo tsky (1978, 1986) vem concluir a primeira parte teórica, onde exponho o posicionamento desta pesquisadora na presente pesquisa. Já na segunda parte teórica – aquela que trata especificamente sobre o papel das crenças no processo de aprendizagem – valho- me dos argumentos de Pajares (1992), Barcelos (2001, 2004, 2007), Madeira (2005) e Moita Lopes (1996, 2002, 2008), para justificar o porquê de se investigar as crenças dos aprendizes. 24 Embora muitos estudiosos sejam favoráveis à correção de erros como já explicitado, alguns teóricos e professores já consideraram, ou provavelmente ainda consideram, a correção de erros como uma ferramenta inapropriada para ser utilizada no contexto de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (KRASHEN, 1982, 1986). Acredito que essa ferramenta tem sido depreciada por muitos, possivelmente em função da crença de que a correção de erros em sala de aula pode deixar o aluno desconfortável ao ponto de interferir negativamente no processo de aprendizagem. Porém, mais recentemente, o papel da correção de erros no processo de aprendizagem e ensino de língua estrangeira em contexto comunicativo vem sendo rediscutido e ganhando proeminência (LYSTER; RANTA, 1997; FREUDENBERGER; LIMA, 2003; ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, SPADA, 2006, entre outros.). Com o advento da abordagem comunicativa, surgiu uma forte tendência de se destacar a importância da instrução focada na forma como benéfica para o aluno alcançar a proficiência na língua-alvo. Essa tendência tornou-se um movimento muito importante para resgatar a importância do ensino da forma em contexto comunicativo em detrimento do ensino da língua estrangeira baseado unicamente na livre comunicação ou insumo natural. É também dentro desse contexto de se rediscutir o papel do foco na forma em contexto comunicativo, que a correção de erros orais renasce como uma das muitas opções utilizadas para a instrução formal objetivando contribuir para a aprendizagem da língua-alvo. Acredito que seja possível afirmar que a correção de erros orais se faz presente na maioria das salas de aula de ensino de inglês como língua estrangeira. Além disso, conforme já comentado, a correção de erros orais pode servir como uma opção ou ferramenta para a instrução focada na forma – ou foco na forma, entre outras terminologias - dentro de um contexto comunicativo. Dessa forma, através da interação com algum tipo de feedback corretivo – seja ela professor-aluno ou aluno-aluno – os sujeitos teriam maiores chances de se tornarem conscientes dos elementos linguísticos a serem corrigidos a fim de tornarem-se proficientes na língua-alvo. Junto com a consciência desses elementos existe uma expectativa de como o erro deve ser tratado. Acredito que, dentro desse contexto, muito pode ser feito pelo professor no sentido de contribuir para o processo de aprendizagem, uma vez que este esteja consciente do sistema de crenças que constituem as teorias dos sujeitos desse processo em relação ao papel da correção de erros orais em sala de aula. 25 A partir desses pressupostos, este capítulo será subdividido a seguir em dois blocos: o primeiro bloco (3.1) objetiva discutir o papel da correção de erros no ensino de língua inglesa na atualidade, segundo resultados de pesquisa e teorias do ensino e aprendizagem de língua estrangeira. Já o segundo bloco (3.2) objetiva situar a importância das crenças no processo de ensino e aprendizagem e, finalmente, resumir pesquisas já realizadas quanto às crenças em relação à correção de erros no processo de ensino de língua estrangeira. 3.1. O papel da correção de erros em sala de aula de língua estrangeira na atualidade A correção de erros nem sempre foi reconhecida como evento ou ferramenta contida no contexto de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Na verdade, sua importância no referido processo oscila consideravelmente. Acredito que o resultado dessa inconstância quanto ao reconhecimento do papel da correção de erros no processo de aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira é a riqueza de informação/dados provenientes dos diversos estudos realizados e perspectivas discutidas. Portanto, acredito ser enriquecedor revisitar conceitos ou perspectivas a fim de refutá- los ou agregá- los à presente pesquisa. É com esse objetivo que este bloco divide-se em quatro subseções: a primeira trata de discutir a correção de erros dentro de uma perspectiva histórica e, subsequentemente, destaca brevemente a importância da produção oral, da interação, da atenção seletiva e da conscientização linguística no processo de aprendizagem de língua estrangeira; a subseção seguinte concentra-se em brevemente discutir a correção de erros sob a perspectiva da instrução focada na forma; a terceira subseção preocupa-se em focar na importância do contexto comunicativo o que garantiria maiores oportunidades para os aprendizes se beneficiarem mais eficientemente da correção de erros; e, finalmente, a última subseção trata de discutir a correção de erros a partir de uma perspectiva sociocultural, pois, afinal de contas, os aprendizes não são máquinas que se limitam a responder a estímulos ou a armazenar dados exatamente conforme esses são transmitidos; ao contrário, a informação destinada a ser ‘armazenada’ sofre inúmeras modificações provenientes de diversos fatores que atuam simultaneamente e acabam interferindo no processo de aprendizagem da língua-alvo, por exemplo, as crenças dos aprendizes. 26 3.1.1. A correção de erros em uma perspectiva histórica: situando os princípios que regem o contexto investigado Esta seção objetiva expor o estado de arte da correção de erros na atualidade segundo teorias de ensino e aprendizagem de língua estrangeira. No entanto, acredito que um breve histórico das principais teorias e princípios de aprendizagem de língua estrangeira possa contribuir para melhor elucidar o papel dessa ferramenta outrora tão repelida em diversos contextos, e hoje muito bem- vinda principalmente em contextos comunicativos. Nesse sentido, esta seção contribuirá também para oferecer parâmetros de avaliação do contexto investigado, possibilitando situar e esclarecer os princípios que regem esse contexto e o papel da correção de erros dentro desse cenário. Tradicionalmente, desde a era dos gregos e romanos, o ensino de uma língua estrangeira era associado ao ensino normativo da gramática. Essa abordagem aparentemente prevaleceu até recentemente, entre as décadas de 50 e 60, quando “ A centralidade da gramática no ensino da língua refletia a centralidade da gramática na linguística estrutural que por sua vez validava os métodos de ensino de língua 13 ” (TONKYN, 1994, p. 2). A linguística estruturalista implicava na análise descritiva e contrastiva (AC) da língua com a finalidade de revelar seu sistema e prever os possíveis erros que poderiam ser cometidos pelos aprendizes de uma determinada língua com o objetivo de preveni- los. Nesse contexto, acreditava-se que os erros provavelmente ocorriam devido a uma “transferência de hábitos”: ou seja, aprendizes transfeririam hábitos de sua língua nativa para a língua-alvo. Até a década de 60, em concordância com princípios teóricos do behaviorismo, evitar erros, ou seja, a prevenção de hábitos ‘inapropriados’, era mais importante do que sua identificação. Porém, conforme Allwright e Bailey (2004) apontam, Professores e pesquisadores percebiam através da experiência em sala de aula, que os erros comuns feitos por alunos não eram necessariamente os previstos pela AC. Havia erros que não podiam ser explicados simplesmente por compararem-se as diferenças entre as línguas envolvidas, e, às vezes, os erros que a AC previa não eram encontrados na prática14 (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 83). 13 Minha tradução. Texto original: “The centrality of grammar in language teaching mirrored the centrality of grammar in structural linguistics, which was increasingly called on to validate language teaching methods” (TONKYN, 1994, p.2). 14 Tradução realizada por Lilian Cristine Scherer, Dissertação de Mestrado, UFRGS, ano 2000. Texto Original: “Teachers and researchers, however, knew from classroom experience around the world that the errors which 27 Dessa forma, houve um ressurgimento da análise de erros em substituição à análise contrastiva, objetivando focar nos erros que os alunos de fato produziam em sala de aula. Pesquisas realizadas partindo da identificação dos erros levaram pesquisadores a constatar que os erros são inevitáveis. A partir dessa conclusão, surgiram novos questionamentos: Os erros são um problema ou fazem parte do processo de aprendizagem? O que leva as pessoas a cometerem erros? Como os professores reagem aos erros? (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 83). Dessa forma percebe-se uma transferência de foco do produto para o processo. Ou seja, a forma ou os tipos de erros em si não eram mais importantes e sim o entendimento de como, quando e porque a aprendizagem se realiza. Nesse sentido, o final da década de 60 representou o declínio do foco na forma, pois linguistas, psicolinguistas e sociolinguistas começaram a marginalizar o papel da instrução formal e passaram a destacar a primazia do ato de fala ou discurso e do contexto comunicativo. Hymes (1972), por exemplo, preocupava-se em discutir a língua como um comportamento social e sugere a noção de competência comunicativa 15 para representar o uso contextualizado da língua. Segundo Savignon (2001, p.16), o foco da abordagem comunicativa “(...) tem sido a elaboração e a implementação de programas e metodologias que promovam a habilidade funcional da língua através da participação do aluno em eventos comunicativos 16 ” tendo em vista suas necessidades e estilos 17 . Foram a partir desses pressupostos originalmente discutidos por Hymes, que se originaram, já na década de 70, os princípios do Ensino Comunicativo de Línguas (ECL). É importante mencionar que os linguistas e pesquisadores que originalmente se engajaram em chamar a atenção para o contexto comunicativo naquele momento, não intencionavam excluir ou depreciar o papel do foco na forma. Conforme Tonkyn (1994) sugere, O sociolinguista Hymes (1972), por exemplo, defendia a ampliação da noção de competência para além 18 da limitada fronteira Chomskyana para se alcançar a learners commonly made in class were not necessarily always the ones predicted by contrastive analyses . There were errors that could not be explained simply by noting the differences between the languages involved, and sometimes the errors that a contrastive analysis did predict were not found in practice”. (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 83) 15 O termo ‘communicative competence’ foi originalmente proposto por Hymes (1971) “para representar o uso da língua em contexto social, ou a observância de normas sociolinguísticas de uso”. (SAVIGNON, 2001, p. 16) 16 Tradução feita por mim. 17 Needs and styles. 18 Ênfase em negrito de minha autoria. 28 competência comunicativa, um conceito que inclui não só a dimensão linguística, como também sociolinguística, visível principalmente na habilidade de usar e interpretar a língua apropriadamente em contextos específicos19 . (TONKYN, 1994, p.5) Nesse sentido, é possível reconhecer a importância de um equilíbrio no ensino comunicativo da língua estrangeira caracterizado pela crescente atenção aos aspectos formais em contextos comunicativos de ensino de língua estrangeira. Dentro dessa perspectiva, há um reconhecimento significativo da importância do ensino de elementos linguísticos/aspectos formais da língua no processo de desenvolvimento de habilidades comunicativas (SPADA, 2006, p. 259). Inspirados pelos princípios propostos por Hymes quanto ao ECL, muitos linguistas e pesquisadores passaram a sugerir diversos modelos que validassem esses princípios. CelceMurcia e Hills (1988), Savignon (2001) e Larsen Freeman (2001), por exemplo, sugerem que os aspectos formais da língua não devem ser ensinados de forma fragmentada ou isolada. Acredita-se que tal atitude pode levar os aprendizes a enfrentarem dificuldades no uso da língua-alvo em situações reais. Portanto, as pesquisadoras sugerem que o ensino da gramática deve ser integrado a um esquema comunicativo, combinando a forma com fatores semânticos, pragmáticos e discursivos dentro de um contexto significativo. Acontece que, a despeito dos esforços para validar o foco na forma em contexto comunicativo, a interpretação equivocada do ECL levou muitos linguistas e professores a cultivarem mitos ou conceitos errôneos do que realmente consistia essa nova abordagem. Por exemplo, houve quem sugerisse o fim do ensino dos aspectos formais da língua e da correção de erros em sala de aula. De fato, às diversas interpretações do que consistia ECL, houve quem sugerisse que essa abordagem fosse descartada. É possível que muitos dos diversos mitos relacionados ao ECL tenham surgido a partir das hipóteses de Stephen Krashen (1982). Na década de 80, Krashen sugere que o processo de aquisição da segunda língua seria similar ao da primeira língua a partir da constatação de que as sequências e estágios de desenvolvimento da aprendizagem eram bem parecidos. A partir dessa observação, ele sugeriu que os aprendizes da segunda língua teriam maiores chances de se tornarem mais 19 Tradução de minha autoria. Original “The sociolinguist Hymes (1972), for instance, was arguing for the broadening of the notion of competence beyond its narrow Chomskyean boundaries to become ‘communicative competent’, a concept with not only a linguistic dimension, but also a sociolinguistic one, seen especially in the ability to use and interpret language appropriately in specific contexts” (TONKYN, 1994, p. 5). 29 proficientes se as condições de aprendizagem fossem iguais ao da língua materna. Portanto, para se tornarem mais proficientes na segunda língua, segundo Krashen, os aprendizes deveriam apenas estar expostos a um insumo significativo e motivador, com o mínimo de intervenção possível e que fosse em um pequeno nível além do seu nível real de proficiência. Isso significa que as opções ou ferramentas de ensino da segunda língua como, por exemplo, a correção de erros ou qualquer outra forma de instrução gramatical, não condiziam com esse ambiente ideal de aprendizagem natural e espontâneo. Assim, nesse contexto onde “a correção de erros é considerada desnecessária e, talvez, contraprodutiva, o importante é que os aprendizes possam entender e se fazerem entendidos 20 ” (CELCE-MURCIA, 2001, p.8). Embora a teoria de Krashen tenha falhado na tentativa de provar empiricamente suas hipóteses, ela influenciou significantemente na crença de que a correção de erros e o foco na forma seriam elementos dispensáveis já que poderiam desencadear o aumento do filtro afetivo dos aprendizes e, consequentemente, prejudicar o processo de aprendizagem. Em 2006, na tentativa de resgatar os reais princípios do ECL, Nina Spada disserta contra os mitos principais. Em resumo, ela defende que: 1. ECL não precede exclusivamente do foco no significado. Na verdade, conforme já foi sugerido previamente nesta seção, um equilíbrio entre a forma e o significado é necessário para que o aprendiz alcance maiores níveis de proficiência. 2. A correção de erros deve fazer parte do ECL. E mais, segundo pesquisas, quanto mais explícito, melhor. 3. A aula não precisa ser integralmente centrada no aluno. Aprendizes podem se beneficiar bastante da alternância entre trabalhos em grupo, através dos quais alunos têm maiores chances de autonomia sobre sua aprendizagem, e de momentos em que o professor é o foco, como por exemplo, nos momentos em que ele engaja-se em dar instruções, explicar a matéria ou corrigir um erro. 4. Não só a compreensão auditiva e conversação devem ser o foco de uma sala de aula que se fundamente em princípios comunicativos. É preciso que haja um equilíbrio entre compreensão auditiva, conversação, escrita e leitura. Já que são todas as habilidades igualmente importantes para que os aprendizes se tornem proficientes. 20 Tradução de minha autoria. Original: “ Error correction is seen as unnecessary and perhaps even counterproductive; the important thing is that the learners can understand and can make themselves understood”. 30 5. Por fim, o uso da primeira língua em sala de aula não precisa ser totalmente descartado. Na verdade, a primeira língua do aprendiz pode colaborar em diversas instâncias no processo de aprendizagem da língua estrangeira. Destaco aqui a possibilidade o eventual uso da primeira língua inclusive durante a correção de erros orais. É a partir desses pressupostos que muitas instituições e professores acreditam que essa abordagem oferece maiores chances de aprendizagem por possibilitar um contexto onde a participação ativa dos aprendizes na fala, escrita, leitura e compreensão auditiva através de uma língua estrangeira sejam motivadas por necessidades genuínas (SAVIGNON, 2001 e outros). Esses princípios permitem redefinir o papel dos alunos em sala de aula no sentido de promovê- los agentes de sua própria aprendizagem, em detrimento de um perfil passivo outrora muito comum no contexto de sala de aula. Assim, o aluno, no processo de interação autêntica com o mundo e seus interlocutores, através da língua estrangeira alvo, engaja-se no uso de uma série de estratégias (conhecimento de mundo, contexto, schemata etc) com a finalidade de compreender e ser compreendido. É importante notar que essa atitude em relação à aprendizagem pode garantir o aumento da motivação, oportunizando, consequentemente, maiores chances de aprendizagem. Em suma, é dentro desse contexto comunicativo que a correção de erros ressurge e realiza-se de forma mais interativa e multidimensional contribuindo para a promoção da aprendizagem. 3.1.1.1 O que são erros? Antes de dar continuidade à importância do contexto comunicativo no momento da produção do erro oral e de sua respectiva correção, acho importante discutir, ainda dentro de uma perspectiva histórica, como a literatura conceptualiza ‘erros’ em contexto de aprendizagem de língua estrangeira a fim de apontar qual perspectiva será adotada no presente estudo. Segundo Allwright e Bailey (2004), conceptualizar ‘erros’ não é uma tarefa simples. Esses mesmos pesquisadores sugerem que “uma definição típica inclui alguma referência à 31 produção da forma linguística que desvie da forma correta 21 ”. Dentro dessa conceptualização, o modelo de referência para a forma correta seria a forma produzida pelos falantes nativos. Essa perspectiva é criticada por Allwright e Bailey (2004) já que, na prática, nem todo contexto de sala de aula de ensino de língua inglesa terá um professor nativo na docência e, por isso, dependendo da proficiência do professor regente, poderá haver desvios às regras estandardizadas da língua inglesa. Além disso, segundo relatos de Allwright e Bailey (2004, p. 84), nem mesmo aqueles que aprendem a língua inglesa enquanto inseridos no contexto da língua-alvo, ou seja, fora da sala de aula, irão adotar a variedade a qual estão expostos como modelo. Por isso, essa perspectiva tradicional do que seria a ‘forma correta’, e com isso, a definição de erros inicialmente proposta, não seria suficiente explicar uma realidade tão multifacetada. Segundo Allwright e Bailey (2004, p. 86), Chaudron22 também discutiu várias formas de definir erros: “1) formas ou conteúdos linguísticos que diferem das normas ou fatos dos falantes nativos, e 2) qualquer outro comportamento sinalizado pelo professor como algo que precise ser melhorado 23 . Corder (1967) também contribuiu amplamente para as futuras pesquisas em relação à correção de erros levantando algumas questões interessantes. Primeiramente, ele afirmava acreditar que os erros contribuem para que o aprendiz verifique ou rejeite suas hipóteses em relação à língua-alvo. Essa afirmativa ainda é defendida por muitos pesquisadores até os dias atuais (por exemplo, SWAIN, 1995, ALLWRIGHT; BAILEY, 2004). Outra contribuição importante refere-se à explanação sobre a diferença entre mistakes e errors, que serão traduzidos na presente pesquisa, respectivamente, como lapsos de memória e erros. Segundo Corder (1967, p. 166-167), os lapsos de memória consistiriam nos desvios momentâneos das normas da língua-alvo. Esses desvios seriam provocados por estados psicológicos ou físicos anormais como o cansaço mental ou físico, estresse, ou por um momento de emoções fortes. Na prática, os lapsos podem ser observados quando um aluno, ao ser selecionado aleatoriamente para responder a um exercício, acaba respondendo errado por se sentir 21 “Typical definition include some reference to the production of a linguistic form which deviates from the correct form” (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 84). 22 Craig Chaudron (1946-2006) specialized in second language classroom research, second language research methods, applied psycholinguistics and discourse analysis. 23 “Chaudron defined errors as 1) linguistic forms or content that differed from native speaker norms or facts, and 2) any other behavior signaled by the teacher as needing improvement”. (ALLWRIGHT, BAILEY, 2004, p. 86). 32 pressionado ou intimidado pela presença do professor e dos próprios colegas. Já os erros seriam caracterizados como sistemáticos e a partir deles seria possível reconstruir o conhecimento real, que Corder 24 (1967) nomeia ‘competência transicional’, do aprendiz em relação à língua-alvo. Em outras palavras, Allwright e Bailey afirmam que “A regularidade da ocorrência de determinados padrões – no caso, os erros – revela a competência subjacente ao aprendiz; o sistema de regras que governa seu discurso 25 ” (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 91), e por ser parte das regras de uso internas do aprendiz, ele não reconhece os desvios como errados, não havendo a autocorreção. Acredito que a principal diferença entre esses dois conceitos consiste no fato de que nos lapsos de memória o falante é perfeitamente competente para se autocorrigir, já que o desvio ocorre de forma temporária, motivado por uma condição extraordinária. Porém, Corder também assume que muitas vezes é difícil diferenciar os erros dos lapsos, por isso um estudo detalhado seria necessário. Acredito que há duas situações que pode contribuir para que o professor ou pesquisador identifique a possibilidade de ocorrência de um lapso: primeiramente deve-se atentar para o estado emocional do aprendiz; e segundo, verificar se há a ocorrência de autocorreção seguida do desvio. A partir do exposto tentarei apresentar uma definição para ‘erros’. Acredito que erros são formas, conteúdos linguísticos ou qualquer outro comportamento que faça parte do sistema de regras do aprendiz, mas que seja sinalizado pelo professor, ou pelo próprio colega mais capacitado, como algo que precise ser melhorado para garantir o sucesso do aprendiz no uso da língua-alvo. Com essa definição pretendo incluir alguns princípios importantes: • Erros são sistematizados e revelam hipóteses e regras que constituem o conhecimento do aprendiz em relação à língua-alvo; 24 “The opposition between systematic and non-systematic errors is important. We are all aware that in normal adult speech in our native language we are continually committing errors of one sort or another. These, as we have been so often reminded recently, are due to memory lapses, physical states, such as tiredness and psychological conditions such as strong emotion. These are adventitious artifacts of linguist performance and do not reflect a defect in our knowledge of our own language. We are normally immediately aware of them when they occur and can correct them with more or less complete assurance. It would be quite unreasonable to expect the learner of a second language not to exhibit such slips of the tongue (or pen), since he is subject to similar external and internal conditions when performing in his first or second language. We must therefore make a distinction between those errors which are the product of such chance circumstances and those which reveal his underlying knowledge of the language to date, or, as we may call it his transitional competence. The errors of performance will characteristically be unsystematic and the errors of competence, systematic. As Miller (1966) puts it, ‘It would be meaningless to state rules for making mistakes’. It will be useful therefore hereafter to refer to errors of performance as mistakes, reserving the term error to refer to the systematic errors of the learner from which we are able to reconstruct his knowledge of the language to date, i.e. his transitional competence”. (CORDER, 1967, p.166-167) 25 “The regularity of such patterns reveals the learner’s underlying competence – the system of rules that governs his speech” (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 91) 33 • a correção ocorre a partir da necessidade do aluno; • o professor ou um colega mais capacitado têm um papel de facilitador nesse processo; • e, evita-se tratar do falante nativo como referência no processo de aprendizagem em detrimento da necessidade do aluno, permitindo lugar para preservação da identidade 26 e da criatividade. Da mesma forma, o conteúdo, embora muitas vezes pré-definido e estandardizado caracteriza-se como uma referência, um guia no processo de aprendizagem. Acredito que essa perspectiva vai de encontro a uma ideia tradicional de que o nativo é o falante ideal e que, por isso, a imitação, ou réplica de um comportamento garantiria o sucesso. Essa perspectiva tradicional induziria o aluno a uma aprendizagem mecânica da língua-alvo (rote learning). 3.1.2. A importância da produção oral no processo de aquisição de segunda língua (ASL) 27 em contexto de ensino comunicativo de língua (ECL) Conforme já foi sugerido, é de extrema importância que a sala aula de aula de língua inglesa seja um ambiente comunicativo para ga rantir maiores chances de sucesso da instrução formal e consequente aprendizagem da língua estrangeira. Nesta seção, serão abordados alguns pressupostos teóricos a partir da hipótese da interação de Long (1996) e do conceito de lingualização de Swain (1985, 1995, 2000, 2006a, 2006b) que justificam a importância produção oral, da interação, da atenção seletiva e do ajuste em contexto de ECL. Segundo Long (1996), a sala de aula é um ambiente/meio linguístico que tem um papel muito importante no contexto de ASL. Esse ambiente é constituído não só de diferentes tipos de instrução, mas também de candidatos a parceiros conversacionais que “(...) poderão ser importantes como facilitadores e formadores da produção dos aprendizes em um processo através do qual falantes não nativos aprendem pelo menos uma parte de uma nova gramática por engajar na conversação 28 ” (op.cit., p. 413). 26 Esses aprendizes proveem uma grande Hall (1992), por exemplo, trata da questão da identidade cultural; que ao aprender uma outra língua estrangeira não podemos falar em substituição (replacement), mas de deslocamento (displacement); esse processo garante a preservação integridade cultural do aprendiz. 27 O termo “aquisição de segunda língua” (ASL) é utilizado nesta pesquisa de forma intercambiável, referindo-se tanto à aquisição de segunda língua quanto à aprendizagem de língua estrangeira. 28 “(…) may be important as facilitators and shapers of learner output and as participants in a process whereby nonnative speakers (NNSs) learn at least part of a new grammar by doing conversation” (LONG, 1996, p. 413) 34 oportunidade para negociação significativa. Long (1996) afirma que é esse tipo de negociação que ocorre durante a interação entre participantes que permitem aos alunos se engajarem num processo de atenção seletiva e de aperfeiçoamento do desenvolvimento da capacidade de processar a segunda língua. A importância dessas características que compõem um ambiente linguístico é advogada pela hipótese da interação. O mais interessante é que Long (1996) reconhece o potencial do papel da correção de erros como uma opção para promover modificações conversacionais e, consequentemente, a aprendizagem da língua-alvo em contexto significativo. O feedback negativo obtido durante um trabalho de negociação ou em qualquer outro lugar pode ser um facilitador para o desenvolvimento da segunda língua, pelo menos para vocabulário, morfologia, e sintaxe, e essencial para a aprendizagem de determinados contrastes da L1 e L229 (LONG, 1996, p.416). Long (1996) também enfatiza a importância do ajustamento que ocorre durante a interação em detrimento do insumo compreensível30 . Segundo ele, o primeiro lida com a complexidade linguística enquanto que o último tende a simplificar características da língua. Essa simplificação pode ser um retrocesso na aquisição de segunda língua (ASL). Dessa forma, (...) o insumo compreensível pode, na verdade, inibir a aprendizagem, porque é frequentemente possível entender uma mensagem sem entender todas as estruturas e itens lexicais de uma língua, e sem ter ciência de que o aprendiz não entende esses elementos de forma alguma. Redundância linguística, informação contextual e conhecimento de mundo podem compensar os elementos que não são de conhecimento do aprendiz 31 . (LONG, 1996 p. 425) 29 Tradução feita por mim. Original: Negative feedback obtained during negotiation work or elsewhere may be facilitative of L2 development, at least for vocabulary, morphology, and language-specific syntax, and essential for learning certain specifiable L1-L2 contrasts” (LONG, 1996, p. 416). 30 Termo utilizado por Stephen Krashen para se referir ao insumo que o aluno consegue compreender. Pode ser compreensível em parte por causa de simplificação, de gestos, situações ou informação prévia (LIGHTBOWN; SPADA, 2006, p. 197). 31 Tradução feita por mim. Original: (…) comprehensible input may actually inhibit learning on occasion, because it is often possible to understand a message without understanding all the structures and lexical items in the language encoding it, and without being aware of not understanding them all. Linguistic redundancy, contextual information, and knowledge of the world can all compensate for the unknown elements. (LONG, 1996, p. 425) 35 Portanto, a oportunidade interagir com outros, incluindo alunos e professores, é mais importante que a simplificação de formas linguísticas uma vez que a finalidade seja a ASL. Conforme afirmam Cunha e Menti (2007), O trabalho de Long (1996) sobre o papel da negociação do significado e do feedback negativo no contexto da Hipótese da Interação (ver Long , 1996) sugere que ele considera o foco na forma como eme rgindo da necessidade de reparo da comunicação, não de uma predisposição geral para prestar atenção `a forma (CUNHA; MENTI, 2007, p.103). Além disso, Long (1996) também sugere que a ‘atenção’ e consciência de elementos linguísticos específicos são condições importantíssimas no processo de aquisição de segunda língua, e que o insumo compreensível parece não oportunizar a realização dessas condições. Não só Long (1996), mas também Swain (1985) têm observado a inadequação do insumo compreensível, como sugerido por Krashen, em ASL. Em 1985, Swain analisou crianças cujas línguas nativas eram o inglês e que estavam aprendendo francês como segunda língua em um contexto de programa de imersão da língua francesa. Uma das conclusões da pesquisa realizada foi que após sete anos de insumo compreensível, os aprendizes poderiam entender perfeitamente o conteúdo ensinado, mas eram incapazes de adquirir o sistema da língua-alvo integralmente. Isso significa que a hipótese do insumo compreensível de Krashen parece não ser o suficiente para garantir a aprendizagem da segunda língua e que o insumo – conforme Krashen já tinha sugerido - oportuniza o foco principalmente no significado. Consequentemente, segundo Swain, “... embora o insumo compreensível possa ser essencial para a aquisição da segunda língua, ele não é o suficiente para garantir que o resultado será de uma performance similar a do nativo 32 ”. Mas o que levaria aprendizes a focarem nos aspectos formais da língua? Na tentativa de responder essa pergunta, Swain sugere que a produção teria um papel muito importante no processo de ASL, porque, entre outras razões, o uso da língua provavelmente força os aprendizes a mover do processo semântico para o processo sintático. Assim, embora a produção e o insumo sejam ambos importantes para a aprendizagem da língua-alvo, a pesquisadora canadense dá mais ênfase à produção (VIDAL, 2007). No sentido de esclarecer o insumo compreensível e a produção como entidades distintas, Swain sugere que “(...) a habilidade de descodificar a língua, ou seja, a habilidade de 32 “…although comprehensible input may be essential to the acquisition of a second language, it is not enough to ensure that the outcome will be native like performance” (SWAIN, 1985, p. 236) 36 entender o significado transmitido por uma frase em particular, não é a mesma da habilidade de desvendar os códigos, ou seja, a descoberta do sistema linguístico que carrega aquele significado 33 ” (SWAIN, 1995, p.128). Dessa forma, em 1985, Swain mostrou a eficiência da produção em fazer com que os alunos se esforcem para dizer na língua-alvo aquilo que desejam, assim como também pensem sobre a língua ao mesmo tempo em que tentam falar, resultando no desenvolvimento da competência linguística. Em 1995, Swain apresentou três funções da produção que se relaciona m mais com acurácia do que com a fluência na aprendizagem da segunda língua: função da atenção, função teste- hipóteses, e função metalinguística 34 . A função da atenção implica na ideia de que “na produção da língua-alvo (vocalmente ou subvocalmente) aprendizes podem perceber/atentar para a lacuna que existe entre o que eles querem dizer e o que eles são competentes para dizer, levando-os a reconhecer o que eles não sabem ou sabem apenas parcialmente 35 ” (SWAIN, 1995, p. 126). A função teste-hipóteses seria uma grande oportunidade para que os aprendizes teste hipóteses de suas interlínguas. Isso significa que cometer erros seria um evento positivo pois sinalizaria que os aprendizes estão engajados em testar suas hipóteses da língua-alvo. Nesse contexto, os erros representariam as hipóteses que precisariam ser reparadas. E, finalmente, na função metalinguística, “os aprendizes refletem sobre língua-alvo (...) possibilitando o controle e internalizarão do conhecimento linguístico 36 ” (SWAIN, 1995, p. 126). Consequentemente, Swain também discute sobre o potencial das três funções da produção para promover a acurácia. Em 2000, Swain, considera mediar a aquisição através do que ela chama de ‘dialogo colaborativo’ que implica na solução de problemas e correção de erros entre os participantes corroborando para um diálogo de construção do conhecimento. De fato, no diálogo colaborativo, o uso da língua medeia a aprendizagem da língua-alvo. Dessa forma, podemos reconhecer que esse diálogo trata-se de uma atividade cognitiva e social. 33 As últimas “(…) the ability to decode language, that is, the ability to understand the meaning conveyed by a particular sentence, is not the same as code breaking, that is, discovering the linguistic systems which carry that meaning (SWAIN, 1995, p. 128) 34 Tradução feita por mim. Original são, respectivamente: noticing function, hypothesis -testing function and metalinguistic function. 35 Tradução feita por mim. Original: “(…) in producing the target language (vocally or subvocally) learners may notice a gap between what they want to say and what they can say, leading them to recognize what they do not know, or know only partially” (SWAIN, 1995, p. 126). 36 “learners reflect upon their own target language, (…) enabling them to control and internalize linguistic knowledge (SWAIN, 1995, p. 126). 37 considerações de Swain no que concerne à aquisição de segunda língua representaram um grande avanço para além da hipótese do insumo e da produção. Dessa forma, em 2000, Swain estende o conceito de produção para (...) incluir a produção como uma ferramenta cognitiva sócio-construída. Como uma ferramenta, o d iálogo serve à aprendizagem da segunda língua através da mediação de sua própria construção e da construção do conhecimento sobre o diálogo. A internalização do processo e do conhecimento é facilitado por suas aparições iniciais na fala 37 . (SWAIN, 2000, p.112) Swain também sinaliza a natureza social do diálogo colaborativo, ou seja, a interação dos participantes ocorre motivada por um objetivo comum que todos desejam alcançar. Esse comportamento coletivo que é construído socialmente trará benefícios individuais, levando a atividades cognitivas. O trabalho inicial de Swain sobre a hipótese da produção foi influenciado pela teoria da cognição, mas os trabalhos mais recentes têm sido influenciados pela teoria sociocultural. (...) teóricos socioculturais assumem que os processos cognitivos começam como uma atividade social externa mediada e eventualmente torna-se internalizada 38 . (LIGHTBOWN; SPADA, 2006, p.48) Acredita-se que o conhecimento linguístico é coconstruído no momento em que participantes estão engajados em tarefas significativas de produção (escrita ou fala), que direcionam a atenção desses participantes para o forma e significado. Em suma, acredito que um contexto significativo para ASL deve ser oferecido para que os aprendizes sejam capazes de engajarem-se num trabalho colaborativo não só com os colegas de sala, mas também com a própria professora. Esse processo de co-construção do conhecimento através da interação é uma condição muito importante para que a atenção seletiva e consequentemente os ajustes ou correções possam ocorrer, oportunizando maiores chances de aprendizado. 37 Conforme sugerido por Swain (2000), o esforço colaborativo, (…) include its (output) operation as a socially-constructed cognitive tool. As a tool, dialogue serves second language learning by mediating its own construction, and the construction of knowledge about itself. Internalization of process and knowledge is facilitated by their initial appearance in external speech (SWAIN, 2000, p. 112). 38 Tradução feita por mim. Original: Swain’s (2000) early work on the output hypothesis was influenced by cognitive theory, but more recent work has been motivated by sociocultural theory. (…) sociocultural theorists assume that the cognitive processes begin as an external socially mediated activity and eventually become internalized (LIGHTBOWN; SPADA, 2006, p.48). 38 mediado pelo diálogo, pode contribuir para a internalização de estruturas linguísticas corretas. Dessa forma, a correção de erros orais pode ser uma ferramenta importante para levar o aluno à atenção focada nos elementos linguísticos em contexto significativo. Já que a correção de erros, como uma opção de instrução focada na forma requer atenção e consciência dos elementos linguísticos até certo ponto, a seção seguinte focará em brevemente discutir sobre essa questão e seu papel no processo de aquisição de uma segunda língua segundo a literatura atual. 3.1.3 A importância da conscientização linguística39 no contexto de aprendizagem de segunda língua Esta seção objetiva brevemente comentar sobre a importância da conscientização linguística (SVALBERG, 2007) no processo de ASL. Teóricos da teoria da informação e cognitivistas concordam que o conhecimento consciente facilita a aprendizagem de segunda língua (SCHMIDT, 1990, 2001; LIGHTBOWN; SPADA, 2006; SVALBERG, 2007). Não só a consciência, mas outras noções a ela relacionadas como a atenção e percepção 40 podem ter um papel muito importante na ASL. Nesta seção, alguns fundamentos teóricos serão comentados a fim de mostrar mais uma perspectiva que pode contribuir para dar suporte ao papel da correção de erros em sala de aula. Svalberg, citando o site da Association for Language Awareness (ALA41 ), define a conscientização linguística “(...) como conhecimento explícito sobre a língua, e percepção consciente e sensitiva na aprendizagem, ensino e uso da língua 42 ” (SVALBERG, 2007, p. 88). Svalberg (2007) associa esse ‘conhecimento sobre a língua’ não só com aquisição da língua, mas também , e mais especificamente, com o conhecimento sobre a gramática da língua-alvo. Segundo a autora, embora a atenção e a conscientização linguística não signifiquem a mesma coisa por definição, eles realizam-se juntos na definição de percepção, um fenômeno que é central principalmente na instrução focada na forma. Schmidt define a percepção como “ o registro (detecção) da ocorrência de um estímulo eventual enquanto ciente e consciente e o 39 ‘Conscientização linguística’ será utilizado como tradução de ‘language awareness’no presente estudo. Tradução feita por mim de ‘noticing’. 41 ALA – Association for Language Awareness - http://www.languageawareness.info/ 42 “(…) as explicit knowledge about language, and conscious perception and sensitivity in language learning, language teaching and language use” Svalberg (2007, p. 288). 40 39 subsequente armazenamento da informação na memória de longo prazo (...) a percepção é condição necessária e suficiente para converter insumo em aprendizagem43 ” (SVALBERG, 2007, p. 289). Dessa forma, tanto a atenção quanto a conscientização linguística têm papéis muito importantes na promoção da ASL, principalmente no processo de aquisição de elementos linguísticos já que os aprendizes tendem a perceber o significado antes da forma. Essa noção também pode contribuir para o ensino da pragmática, pois sua natureza sutil pode passar despercebida por muitos aprendizes. Assim a instrução focada na forma pode instruir não só quanto à forma em si, mas também quanto ao porquê e a como se expressar de determinada forma segundo regras de comportamento da cultura da língua-alvo, o que contribui para o sucesso do aprendiz como falante de língua estrangeira. Conforme já discutido na seção anterior, Swain (1985, 1995, 2000, 2006a e 2006 b) após anos de pesquisa constatou que para que os aprendizes tenham maiores chances de modificar a interlíngua, era necessário dar mais atenção à forma. Ela também percebeu a importância da ‘atenção e conscientização’ no processo de aquisição de segunda língua ao sugerir a ‘percepção’ como uma função importante para promover maior acurácia e fluência na ASL. Posteriormente, ela sugeriu que o termo ‘lingualização’ para dar conta de noções que incluem a importância da conscientização linguística, o que poderia ser eventualmente promovido pela reflexão. E ainda, ela percebeu que a lingualização era um conceito importante dentro de uma perspectiva sociocultural da aprendizagem. Essas perspectivas teóricas sugerem que para garantir maiores chances de aprendizagem da segunda língua, a atenção dos alunos não deve deixar de se voltar para a forma. Nesse sentido, a instrução formal e as opções de ensino a ela relacionadas ganham credibilidade no contexto de ASL. Assim, acredito que a correção de erros pode ser considerada como uma estratégia eficaz no sentido de promover a percepção, consciência e atenção do aluno quanto aos elementos linguísticos específicos da língua-alvo em contexto comunicativo. 43 Tradução feita por mim. Original: “Noticing’ is defined by Schmidt as ‘the registration [detection] of the occurrence of a stimulus event in conscious awareness and subsequent storage in long term memory (…) noticing is the necessary and sufficient condition for converting input into intake’” (SVALBERG, 2007, p. 289). 40 3.1.4. A correção de erros sob a perspectiva da instrução focada na forma Ellis (2001) afirma que o termo ‘instrução focada na forma ’ (IFF) é um termo abrangente que inclui a correção de erros. Portanto, acredito que discutir brevemente os pontos mais relevantes para a presente pesquisa sobre o que consiste a instrução focada na forma irá contribuir para elucidar quanto ao papel da correção de erros no processo de aprendizagem de língua inglesa. Dentro dessa perspectiva, a correção de erros ocorre como uma das opções utilizadas para levar o aprendiz à atenção e conscientização de elementos linguísticos em contexto comunicativo de sala de aula de língua inglesa. Por isso, acredito que um breve esboço do que se entende por instrução focada na forma na atualidade venha, em contrapartida, legitimar o papel da correção de erros orais através da validação e homologação do uso dessa opção em sala de aula de língua inglesa. Os estudos indicam que a instrução focada na forma, e consequentemente, uma de suas opções, a correção de erros orais, são mais eficientes quando não ocorrem de forma fragmentada, descontextualizada ou isolada. Portanto, o contexto, aspectos pragmáticos, discursivos, o significado, entre outros aspectos, devem ser considerados objetivando uma aprendizagem significativa da língua inglesa (CELCE-MURCIA; HILLS, 1988; LARSEN FREEMAN, 2001). Outra questão interessante é a discussão referente à natureza proativa ou reativa da instrução focada na forma. Dentro do contexto de correção de erros, acredito ser importante destacar que esta pode tanto ser planejada quanto incidental. E por último, vale destacar a discussão quanto ao contexto ou momento ideal para que ocorra a instrução focada na forma. Essas três questões serão brevemente abordadas a seguir. Long (1991) argumenta que um currículo com foco na forma deve considerar a ideia de chamar atenção dos alunos para elementos linguísticos à medida que surge a necessidade enquanto alguma outra matéria/disciplina – por exemplo, matemática, a cultura dos falantes da língua-alvo, oficinas, entre outros - está sendo lecionada. Dentro dessa perspectiva, Long apóia não só a ideia de focar na necessidade dos alunos, mas também de prover o foco na forma em um contexto significativo cujo principal objetivo é a comunicação. Alguns anos posteriores, Long e Robinson (1998, p. 23) definem foco-na- forma em termos de alocação de recursos de atenção focada dos alunos, desta forma: “(...) foco-na- forma frequentemente consiste em uma mudança ocasional de atenção para elementos linguísticos - pelo professor e/ou um ou mais alunos – provocados pela ocorrência de problemas na compreensão ou na 41 produção 44 ” (LONG; ROBINSON, 1998, p. 23). É possível inferir dessa proposição que é necessário um desarranjo, ou inconsistência, na comunicação ou na produção para que o foco na forma ocorra. Williams (2001) considerou a definição de foco na forma de Long e Robinson (1998) limitada já que restringe o papel do professor a responder às dúvidas dos alunos a medida que as questões aparecem (WILLIAMS, 2001, p. 32). De fato, estou de acordo que o professor não deve se limitar a uma atitude reativa. Acho importante lembrar que muitos erros orais ocorrem em sala de aula de língua inglesa, sem necessariamente causar uma interrupção ou desarranjo na comunicação. É o caso de erros mais ‘sutis’ de natureza pragmática ou discursiva que, quando ocorrem dentro de um contexto de ensino de inglês como língua estrangeira, podem passar despercebidos não só para professores mas, principalmente, entre os aprendizes. Ao deixar passar esses erros, os aprendizes podem perder uma oportunidade muito importante de conscientização linguística e até mesmo de aprendizagem. A definição de Long (2007) de foco na forma foi refinada posteriormente, incluindo a possibilidade do uso da instrução formal mesmo quando não há um desarranjo na comunicação, sugerindo que Foco na forma, (...), envolve chamar brevemente a atenção dos alunos para elementos linguísticos problemáticos específicos, quando conveniente, dentro de um contexto, em uma lição de natureza comunicativa. Isso pode ajudar aos alunos a ‘perceber’ itens no insumo que em circunstancias normais poderia m passar despercebidos, assim como discrepâncias entre o insumo e a produção dos alunos, especialmente quando não há um desarranjo na comunicação45 (LONG, 2007, p. 122-3). Embora Long (2007) admita em trabalhos mais recentes a possibilidade de intervenção, ou seja, de focar na forma mesmo quando não há um desarranjo na comunicação, ele continua a afirmar que o foco na forma não é proativo, mas reativo por definição. Ellis (2001) inclui em sua definição de IFF abordagens tradicionais de ensino da forma baseadas no currículo estrutural 44 Tradução feita por mim. Original “ (…) focus on form often consists of an occasional shift of attention to linguistic code features – by the teacher and/or one or more students – triggered by perceived problems with comprehension or production” (LONG; ROBINSON, 1998, p.23). 45 Tradução feita por mim. Original: Focus on form, the sixth of 10 methodological principles in Task-Based Language Teaching (…), involves briefly drawing students’ attention to problematic linguistic targets, when certain conditions are met, in context, in an otherwise communicatively oriented lesson. It can help learners “notice” items in the input (in the sense of Schmidt, 2001, and elsewhere) that otherwise may escape them, as well as mismatches between the input and deviant forms in their output, especially when there is no resulting communication breakdown that might serve the purpose. (LONG, 2007, p. 122-3) 42 (...) instrução-focada-na-forma (IFF) é usada para referir-se a qualquer atividade instrucional planejada ou incidental que tenha o objetivo de induzir aprendizes da língua a prestarem atenção nas formas linguísticas. Isto serve consequentemente, como um termo mais abrangente que inclui a variedade de outros termos que aparecem na literatura atual – ensino analítico (Stern, 1990), foco-na-forma e foco nas formas (Long, 1991), correção de erros, e negociação da forma (Lyster e Ranta, 1997). Dessa forma, IFF inclui tanto abordagens tradicionais de ensino das formas baseado no currículo estrutural quanto abordagens mais comunicativas, onde a atenção à forma surge durante atividades significativas. O termo “forma” inclui aspectos fonológicos, gramaticais e pragmalinguísticos da língua46 (ELLIS, 2001, p. 1-2). Para concluir, a partir dessa breve discussão sobre a instrução focada na forma, é possível observar a importância da atenção/foco dos aprendizes em relação aos elementos formais da língua-alvo em contexto de ensino de segunda língua; a importância de um contexto significativo e comunicativo para que foco na forma através de correção de erros ocorra garantindo maiores oportunidade de aprendizagem da língua-alvo; que há a possibilidade de a correção de erros orais não ser realizada apenas quando há uma interferência na comunicação, e que a correção de erros orais pode ocorrer tanto de forma incidental quanto planejada. 3.1.5 A correção de erros: uma opção para o ensino formal da língua-alvo em contexto comunicativo As pesquisas realizadas objetivando investigar os efeitos da instrução mostraram que IFF não tem o poder de modificar a ordem /sequência natural de aquisição dos elementos linguísticos 47 (ELLIS, 2001, p. 6). Porém, se a instrução ocorrer para contribuir com o nível de conhecimento real e atual do aluno, este poderá alcançar níveis mais elevados de 46 (…) “form-focused instruction” (FFI) is used to refer to any planned or incidental instructional activity that is intended to induce language learners to pay attention to linguistic forms. It serves, therefore, as a cover term for a variety of other terms that figure in the current literature – “analytic teaching (STERN, 1990), “focus-onform”, and “focus-on-forms” (LONG, 1991), corrective feedback/error correction, and “negotiation of form” (LYSTER; RANTA, 1997). Thus, FFI includes both traditional approaches to teaching forms based on structural syllabi and more communicative approaches, where attention to form arises out of activities that are primarily meaning-focused. The term “form” is intended to include phonological, lexical, grammatical, and pragmalinguistic aspects of language. (ELLIS, 2001, p. 1-2) 47 Ordem natural de aquisição é a ordem em que certos elementos da língua (por exemplo, negação ) são adquiridos no processo de aprendizagem de lingua estrangeira. É também conhecido como ‘estágios de desenvolvimento’ (developmental stages). (LIGHTBOWN; SPADA, 2006, p.198) 43 proficiência mais rapidamente. Considerando essa perspectiva e a noção de que a ocorrência de erros pode ser um possível indicador do nível real de conhecimento do aluno, acredito que a correção de erros possa servir como uma ferramenta não só para tornar o aluno ciente e consciente dos elementos linguísticos em contexto significativo, mas também promover aprendizagem da língua-alvo no momento em que o aprendiz está possivelmente preparado para aprender. Nesse sentido, esta seção irá finalmente apresentar mais objetivamente a correção de erros como uma opção para o ensino formal da língua em contexto comunicativo. Segundo Ellis, ‘opção’ significa “(...) uma estratégia específica para dar instrução” (op.cit., 1999, p. 5). Linguistas e pesquisadores acreditam que a identificação da opção possibilita discutir e entender ASL dentro de visão que vai além do conceito de método48 (ELLIS, 1998, 1999; ELLIS, 2001; LONG, 2007). Ellis (1998), baseado no modelo psicolinguístico da ASL, identifica quatro macro-opções para o ensino da gramática. São eles: a) Instrução baseada no insumo b) Instrução explícita c) Instrução baseada na produção d) Correção de erros Cada macro-opção oferece uma variedade de técnicas (micro-opções) para promover a produção e prática. É importante destacar que, segundo Ellis (1999), sempre haverá uma combinação das macro-opções no dia-dia de sala de aula em detrimento do uso de uma alternativa apenas. Porém, essa combinação pode parecer “problemático do ponto de vista do pesquisador para determinar especificamente qual opção é de fato responsável pela aprendizagem49 ”. Por outro lado, é importante também mencionar que uma macro-opção não é melhor que a outra no processo de aprendizagem. Temos que reconhecer a importância do uso das diferentes alternativas de instrução para que as diferentes dimensões da gramática possam ser abordadas para garantir maiores chances de sucesso no processo de aprendizagem (LARSEN FREEMAN, 2001). Porém, objetivando alcançar um melhor entendimento de como a IFF contribui para a aprendizagem, Ellis (1999) afirma que seria mais interessante uma investigação detalhada de uma opção em particular. Dessa forma, o Modelo 48 Os métodos são extremamente criticados hoje, pois não dão conta de explicar ou ajudar a entende o que realmente ocorre no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira. 49 Tradução feita por mim: Original: “problematic from the researcher’s point of view because it is difficult to determine which specific option is responsible for any learning that takes place” (ELLIS, 1998, p.43) 44 Computacional de Ellis será utilizado como ponto de partida para discutir a correção de erros como uma opção para IFF dentro de um contexto significativo de aprendizagem da língua inglesa. O Modelo Computacional de Aquisição de Segunda Língua de Ellis (1998) pode não ser o modelo mais apropriado, porque é baseado em princípios que não levam em consideração as varáveis socioculturais, por exemplo. Nessa metáfora computacional, aprendizes são vistos como máquinas inteligentes, ou melhor, como computadores onde as ações são operacionalizadas dentro de uma estrutura de natureza automática de causa e efeito. Embora essa visão possa ser muito limitadora para explicar o ensino e aprendizagem de língua inglesa, considero como um ponto de partida interessante por resumir, de forma breve e simplificada, como as macro-opções podem realizar-se como possibilidade de intervenção pedagógica (VIDAL, 2007). Esse modelo será brevemente explicado para que seja possível alcançar melhor entendimento quanto ao papel da correção de erros como uma opção para IFF no processo de aquisição de segunda língua. Segundo esse modelo, a produção é geralmente precedida por algum tipo de insumo. Ellis (1995) afirma que o foco em elementos linguísticos específicos no insumo é uma oportunidade muito importante para que a aquisição de novos elementos aconteçam. Figura 01: Modelo computacional de aquisição de segunda língua. A B C D Output Negative feedback Explicit L2 knowledge Input Intake Intake Interlanguage system A Computational Model of L2 Acquisition Ellis, 1998 45 É importante atentar para o fato de que ao manipular o insumo a que os aprendizes estão expostos, tal atitude poderá interferir diretamente no desenvolvimento da interlíngua50 dos aprendizes (ELLIS, 1999, p. 6). A intervenção direta na interlíngua poderá, em contrapartida, levar a maiores níveis de competência gramatical (KRASHEN, 1986; LONG, 1983; PICA, 1992; SWAIN, 1985; ELLIS, 1995). Porém, professores devem também estar conscientes de que não há garantias de que a intervenção será um sucesso, pois o insumo absorvido 51 pode não se tornar parte do conhecimento implícito da língua-alvo, ou seja, nem toda a informação gramatical será processada e tornar-se-á parte da memória de médio ou longo prazo. Subsequentemente, o ponto B representa o conhecimento explícito. Estudos têm sugerido a importância de despertar a consciência dos alunos para elementos gramaticais específicos e seus significados através da sua compreensão e, acima de tudo, através da reflexão que pode ser promovida através de opções de instruções mais explícitas (SCHMIDT, 1990; DOUGHTY, 1991; TUZ, 1992; VAN PATTEN AND CADIERNO, 1993). De fato, Celce Murcia e Hills (1988) e Larsen Freeman (2001) já vem sugerindo a importância da instrução explícita para evitar a estagnação na aprendizagem da língua inglesa. Dessa forma, essa abordagem – junto com o insumo – poderá permitir que alunos se equipem com o mínimo de conhecimento da língua-alvo motivando-os, consequentemente, a seguir para a próxima etapa da aprendizagem: a produção-prática. Produção-prática é representada pela letra C – produção. Este ponto aponta para o momento em que deve-se criar oportunidades para que o aluno pratique e produza a estrutura específica da língua-alvo. O objetivo fundamental dessa etapa é levar os alunos a produzirem seus próprios textos na língua-alvo com sucesso. E, finalmente, o ponto D simboliza a correção de erros. Segundo Ellis (1998), o ponto A e D representam evidências positivas e ne gativas, respectivamente. Nassaji e Swain (2000, p. 34) afirmam que “(...) isso (a correção de erros) pode ser necessário para rejeitar hipóteses falsas e para prevenir de alguma s generalizações se tornarem parte da interlíngua do 50 “ Interlanguage : A learner’s developing second language knowledge. It may have characteristics of the learners’ first language, characteristics of the second language, and some characteristics that seem to be very general and tend to occur in all or most interlanguage systems. Interlanguages are systematic, but they are also dynamic. They change as learners receive more input and revise their hypothesis avout the second language”. (LIGHTBOWN; SPADA, 2006, p. 201) 51 Tradução utilizada para ‘intake’. 46 aprendiz52 ”. Acredito que tal função acontece apenas devido ao fato de a correção de erros ser uma grande oportunidade para que os alunos prestem atenção e tenha consciência de possíveis interpretações equivocadas ou da falta de conhecimento da língua-alvo que foram, por sua vez, despertadas por uma necessidade comunicativa. Ellis (1999) também acredita que a correção de erros é mais eficiente quando ela ocorre durante atividades que são primeiramente baseadas no significado, atendendo assim às necessidades comunicativas. É importante ressaltar que é a conjunção do contexto comunicativo com a atenção focada que contribuem para maiores chances de sucesso na aprendizagem. De fato, teóricos tem sugerido que o insumo que provê apenas a evidência positiva não é suficiente no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira (MITCHELL; MYLES, 2004, p. 135). Até mesmo na aprendizagem da primeira língua a correção de erros pode ser eficiente. Segundo Mitchell e Myles (2004, p. 135), alguns pesquisadores observaram que a remodelação 53 de sentenças mal fo rmadas por crianças é mais frequente do que o esperado. E ainda, esse tipo de correção de erros pode contribuir para que a criança elabore hipóteses quanto ao sistema linguístico da língua materna através da evidência negativa. Mitchell e Myles (2004) apontam que Do seu ponto de vista geral, Long (1996) conclui que pesquisadores da aquisição da primeira língua têm geralmente tido êxito em demonstrar que a correção de erros (implícita) está regularmente presente no DDC – discurso/fala direcionado(a) à criança –, que existe de forma utilizável e é selecionado e utilizado por crianças aprendizes, pelo menos a curto prazo 54 (MITCHELL; MYLES, 2004, p.135) Conforme já sugerido, pesquisadores também concordam com a idéia de um possível papel para a evidência negativa no caso da aprendizagem da língua inglesa. Na verdade, as pesquisas apontam que, dependendo do tipo de correção de erros, ela pode ser mais ou menos eficientes no processo de aprendizagem. Por exemplo, segundo algumas pesquisas, os meios 52 “(...) it (negative evidence) may be needed for rejecting false hypotheses from particular sources and preventing certain kinds of over-generalization from becoming part of the L2 learner’s interlanguage” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p.34) 53 Esse tipo de correção de erros é mais conhecido como recast e consiste na remodelação do conteúdo a ser corrigido, sem chamar atenção do aluno para o erro cometido. Espera-se que o aluno percebe por si mesmo o erro. Esse tipo de correção de erros é de natureza implícita. 54 Tradução feita por mim. Original: From his general review, Long (1996) concludes, however, that L1 acquisition researchers have generally succeeded in demonstrating that (implicit) negative evidence first, is regularly in CDS – Child-Directed Speech -, second, exists in usable form and, third, is picked up and used by child learners, at least in the short term. 47 mais explícitos de corrigir erros são não só os mais esperados, mas também mais eficientes do que tipos mais implícitos ou indiretos como, por exemplo, a remodelação. E ainda, embora a remodelação seja o tipo de correção de erros menos eficiente, esta parece ser a estratégia mais frequentemente usada por professores (LYSTER; RANTA, 1997). Esse quadro pode sugerir que professores deveriam ser mais cuidadosos e conscientes quanto às opções de correção de erros. As teorias do processamento da informação também defendem a correção de erros no processo de aprendizagem de segunda língua. Segundo essa linha teórica, os seres humanos não nascem com capacidades inatas para aquisição de línguas. Na verdade, o processo de aprendizage m dependeria das faculdades cognitivas, ou seja, outros mecanismos que levariam o aprendiz a “(...) processar a informação disponível no insumo para se chegar a uma representação mental da língua-alvo 55 ” (ELLIS, 1999, p. 66). Acima de tudo, o processamento da informação implica em esforço cognitivo por parte do aprendiz (LIGHTBOWN; SAPDA, 2006, p. 39). Outro ponto importante é que cérebro humano armazena apenas informações selecionadas devido à sua limitada capacidade de processamento. Isso significa que a exposição unicamente da evidência positiva pode não ser o suficiente para garantir a aprendizagem de elementos específicos. Acredito que como a atenção pode ser subjetiva, é quase impossível estarmos cem por cento certos de quais elementos linguísticos seriam o foco de atenção do aprendizes ou se eles estão realmente focando em alguma coisa durante a aula. Portanto, a correção de erros pode servir como uma oportunidade para que essa atenção seja garantida. Da mesma forma, Schmidt (1990) acredita que a ‘consciência 56 ’ seja um elemento muito importante no processo de aprendizagem, i.e., “(...) aprendizes devem atentar conscientemente para elementos linguísticos no insumo para que ocorra a entrada 57,58 ” (ELLIS, 1999, p. 66). Em outras palavras, há maiores chances da aprendizagem da segunda língua ocorrer quando aprendizes mantêm a atenção focada. Mais uma vez sugiro a correção de erros como uma grande oportunidade para que aprendizes possam perceber os problemas da interlíngua, podendo servir mais especificamente “(...) para 55 “(…) process information available in the input in order to arrive at a mental representation of the target language” (ELLIS, 1999, p.66) 56 Original: ‘ consciousness’ 57 Entrada ou Intake “is the subset all input that actually gets assigned to our long-term memory atore”. (BROWN, 2000, p. 248). “It is only when input becomes intake that SLA takes place” Ellis, 2004: 159. 58 Tradução feita por mim. Original: “learners need to attend consciously to linguistic features in the input in order for intake occur” (ELLIS, 1999, p. 66) 48 ajudar os aprendizes a perceberem a lacuna entre as formas produzidas desviadas da norma padrão e as produções gramaticalmente corretas59 ” (ELLIS, 1999: 52). Segundo Schmidt (1999, 2001) e Ellis (1995), a atenção pode ser um importante começo no processo de aprendizagem de língua estrangeira. Outra questão importante é que a correção de erros é uma macro-opção constituída de um número de micro-opções. Em outras palavras, há diferentes formas de se corrigir um erro. Isso significa que professores, pesquisadores e aprendizes frequentemente terão que decidir, conscientemente ou inconscientemente qual micro-opção utilizar, conforme já apontado anteriormente (3.1.1.2). Ellis (1998) cita Lyster e Ranta (1997) que identificam as seguintes micro-opções como tipos de correção de erros: (...) recast. Essa correção envolve um interlocutor (e.g. professor), reformulando a sentença do aluno ou parte dela segundo as normas da língua alvo. (...) (a) correção explícita, em que a professora prover a forma correta; (b) solicitação de esclarecimento, em que a professora indica que uma sentença não foi entendida; (c) explicação metalinguística, em que a professora usa linguagem técnica para se referir a um erro (ex. ‘isso é feminino’); (d) elicitação, em que o professor tenta induzir ou extrair a forma correta do aluno; e (e) repetição, em que o professor simplesmente indica que o erro foi cometido através da repetição totalmente ou parcialmente a frase do aluno60 ”. (LYSTER; RANTA, 1997 apud ELLIS, 1998, p. 53) Essas micro-opções são categorizadas dentro de uma escala que varia do tipo de correção de erros mais implícitos para o mais explícito. Professores devem estar curiosos em querer saber qual opção é mais eficiente. Ellis (1999) sugeriu que a observação da “tentativa dos aprendizes de reparar seus próprios erros 61 ” (op.cit, p. 52) – isto é, a compreensão do aluno – pode ser forma de descobrir qual a opção de corrigir erros é a mais eficiente. Porém, somente a compreensão do aluno não é o suficiente para garantir que o aluno irá aprender corretamente o elemento linguístico. 59 Na verdade, uma observação em longo prazo e “(…) to help learners notice the gap59 between their own deviant productions and grammatically correct productions” (ELLIS, 1998, p.52) 60 Enfase é minha. “ (…) recast. It involves an interlocutor (such as the teacher) reformulating a learner’s utterance or part of an utterance in accordance with target-langauge norms . (…) (a) explicit correction, in which the teacher provides the correct form; (b) clarification requests, in which the teacher indicates an utterance has not been understood; (c) metalinguistic feedback, in which the teacher uses technical language to refer to an error (e.g., “It’s feminine); (d) elicitation, in which the teacher attempts to elicit the correct form from the student; and (e) repetition, in which the teacher simply indicates an error has been made by repeating all or part of a learner’s utterance60 .(ELLIS, 1998, p. 53) 61 Tradução feita por mim. Original: “learners’ attempts to repair their own errors” (ELLIS, 1998, p. 52) 49 comprometimento dos professores com ensino reflexivo e pesquisa de caso seriam necessários. 3.1.6 A correção de erros dentro de uma perspectiva sociocultural Nesta seção, pretendo brevemente discutir alguns construtos teóricos da teoria sociocultural que apontam a correção de erros como uma atividade social “(...) envolvendo a participação conjunta e transações significativas entre o aprendiz e o professor62 ” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 35). Acredito que essa linha teórica possa esclarecer mais aprofundadamente o papel da correção de erros no processo de aprendizagem de língua inglesa. A teoria sociocultural (TSC) origina-se do trabalho de Vygotsky (1978) e de seus colegas. Segundo Lantolf e Thorne (2000, p. 201), “TSC defende que o funcionamento mental humano é fundamentalmente um processo mediado que é organizado por artefatos culturais, atividades e concepções 63 ”. Essa afirmação aponta para a importância e influência da cultura, atividades e, principalmente, concepções – ou crenças – na organização de um trabalho mental. Acredito que se às crenças são atribuídas tamanha responsabilidade, isso significa que pode ser importante estar ciente das crenças dos aprendizes de inglês, por exemplo. Esse tipo de informação pode fornecer aos professores ferramentas para trabalhar nas estratégias comunicativas e necessidades dos alunos. É importante destacar que a ‘reciclage m’ das experiências e conhecimento de mundo do aluno ocorre a partir de interação com o meio, tendo a língua como mediadora desse processo. Isso significa que Em termos práticos, os processos de desenvolvimento ocorrem através da participação da cultura, língua e cenários construídos historicamente como a vida familiar e interação entre um grupo de colegas, e contextos institucionais como a escola, atividades esportivas organizadas, e locais de trabalho, só pra citar alguns. (...) a forma mais importante de atividade cognitiva humana é desenvolvida através da interação dentro de um ambiente social e material64 . (LANTOLF; THORNE, 2000, p. 201-202) 62 Tradução feita por mim. Original: “(…) involving joint participation and meaningful transactions between the learner and the teacher” (NASSAJI; SWAIN, 2000: 35) 63 Tradução feita por mim. Original: “SCT argues that human mental functioning is fundamentally a mediated process that is organized by cultural artifacts, activities, and concepts” (LANTOLF ; THORNE, 2000, p. 201). 64 Traduzido por mim. Original: “Practically speaking, developmental processes take place through participation in cultural, linguistic, and historically formed settings such as family life and peer group interaction, and in 50 Considerando que a correção de erros orais, como instrumento linguístico, pode mediar a interação dentro de um ambiente social e comunicativo, seria interessante examinar algumas noções relacionadas às teorias socioculturais que podem elucidar quanto ao papel da evidência negativa segundo essa perspectiva. A teoria sociocultural de Vygotsky (1978) defende que a colaboração, interação e a comunicação são processos que constroem o conhecimento que, por sua vez, é de natureza social. Dentro dessa perspectiva, há a noção de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Segundo Vygostky (1978, p. 86), a aprendizagem ocorre uma vez que a interação ocorre dentro da ZDP do aprendiz. ZDP é definido como (...) a distância entre o nível de desenvolvimento ideal que é determinado pela solução de problemas de forma independente e o nível de desenvolvimento em potencial, que é determinado pela solução de problemas a partir da orientação de um adulto ou em colaboração com colegas mais capazes/competentes 65 . (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36). Essa definição parece abranger todos os componentes que constituem um cenário de aprendizagem de língua inglesa como, por exemplo, os professores, os alunos, seus objetivos, suas motivações, suas crenças, seus históricos culturais e sociais e, principalmente, recursos dialogicamente construídos. Para a presente pesquisa, ZDP é entendida da mesma forma que foi sugerido por Nassaji e Swain (2000), ou seja, ela se revela durante a interação e consequentemente é não é fixa, mas ilimitada. Além disso, os problemas que podem acontecer durante a interação frequentemente não são todos antecipados. Outra noção importante é a ideia de colegas mais capacitados (o perito) servirem como guia e apoiarem colegas menos capacitados (o novato) enquanto trabalhando em colaboração. Nassaji e Swain (2000) afirmam que essa noção “(...) se refere à situação quando um participante instruído pode criar condições favoráveis em que o novato pode participar, e institutional contexts like schooling, organized sports activities, and work places, to name only a few. (…) the most important forms of human cognitive activity develop through interaction within social and material environments”. (LANTOLF; THORNE, 2000, p. 201-202) 65 (…) the distance between the actual developmental level as determined by independent problem solving and the level of potential development as determined through problem solving under adult guidance or in collaboration with more capable peers. (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36) 51 estender suas atuais habilidades e conhecimento para níveis mais elevados de competência 66 ” (op.cit., p. 36). Essa noção é amplamente conhecida como ‘andaime’ e é formalmente definida como “(...) um processo conjuntamente construído com base na necessidade do aprendiz67 ” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36). No entanto, é importante destacar que segundo Lightbown e Spada (2006, p. 48) trabalhos recentes tem expandido a termo ZDP para incluir também a colaboração entre aprendizes iniciantes. A essa altura é possível inferir o papel da correção de erros orais a partir dos princípios da teoria sociocultural. Acredito que a correção de erros orais possa servir como uma opção para dar instrução focada na forma dentro de um contexto comunicativo e conforme a necessidade do aprendiz. É a necessidade do aprendiz que deve servir como referência e evidência de que ele se encontra preparado para aprender um determinado elemento linguístico em um determinado contexto. Ainda, é essa necessidade que possivelmente tenha surgido através da intenção consciente ou inconsciente de resolver um problema que, por sua vez, motivará e encorajará aos aprendizes a testarem suas hipóteses na língua-alvo para o objetivo final que é a comunicação proficiente na língua inglesa. E é através da realização dessa tentativa de atingir um objetivo com sucesso, que aprendizes podem se beneficiar do suporte colaborativo proporcionado por interlocutores durante a interação dentro da zona de desenvolvimento proximal. No entanto, é importante mencionar que antes de qualquer saber sistematizado, as crenças revelam-se como um dos fatores mais determinantes do comportamento humano (Lima, 2006, p. 148). A partir dessa afirmação Lima (2006) pontua que “sendo assim, (...) consideramos que a origem de todo conhecimento novo está na crença, pois o indivíduo começa a dar sentido às coisas a partir de uma visão particular que tem dos fatos” (op.cit, p.148). Isso significa que, no contexto de sala de aula de língua inglesa, se a atitude do professor de língua inglesa ao corrigir o erro não condisser com as crenças e expectativas do aprendiz, este poderá ser tomado por um sentimento de falta de sentido ou frustração e possivelmente poderá ter sua oportunidade de aprendizagem diminuída ou mesmo anulada. 66 Tradução feita por mim. Original: claim that this notion “(…) refers to a ‘situation where a knowledgeable participant can create supportive conditions in which the novice can participate, and extend his or her current skills and knowledge to higher levels of competence” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36). 67 Tradução feita por mim. Original: “(…) a joint process constructed on the basis of the learners’ need” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36) 52 Essa consequência é passível de ocorrer devido à natureza dinâmica das crenças que mantém uma relação intrínseca com os valores, expectativas, atitudes e motivação do aluno (Lima, 2006). Portanto, qualquer interferência nessa relação pode provocar uma instabilidade no processo de aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira. Diante da importância desse fator que parece ser tão determinante no referido processo, as seções posteriores tratarão de discutir mais detalhadamente o que são crenças; o porquê de se investigar as crenças dos alunos aprendizes de língua inglesa; os fatores que influenciam a formação das crenças; e finalmente, algumas reflexões acerca das crenças dos aprendizes quanto à correção de erros orais em sala de aula de língua inglesa. 3.2. Crenças Esta seção tem por objetivo discutir a importância de investigar crenças e, consequentemente, seu papel no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Conforme já discutido em seções anteriores, a abordagem comunicativa do ensino de línguas tem destacado, desde a década de 80, a importância de se considerar o aprendiz um participante ativo no processo e aprendizagem de língua inglesa. Nesse sentido, o foco nas crenças dos aprendizes está atrelado a uma visão do processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa que inclui o aprendiz como elemento central desse processo. centralidade atribui-se maior responsabilidade e autonomia. A essa Por isso, o papel central do professor consistiria em guiar e orientar os alunos para que estes alcancem o desenvolvimento de suas atribuições principais com sucesso. No entanto, não podemos esquecer que, conforme sugerido por Madeira (2005, p. 350), “(...) novos conc eitos não são facilmente concebidos sem esbarrar na teoria implícita trazida pelos alunos (...)”. Por isso, acredito que o resultado da inferência e investigação das crenças seja uma ferramenta muito importante, que pode servir como ponto de partida para que professores de língua inglesa possam iniciar seus trabalhos objetivamente resultando na formação de um cidadão ativo e reflexivo. 53 3.2.1. O que são crenças? As crenças são um conceito complexo (PAJARES, 1992, BARCELOS, 2001, MADEIRA, 2005). De fato, conceituar crenças pode não ser tão simples quanto, a princípio, possa parecer já que o termo é utilizado para representar diversas concepções em diversos contextos, assim como uma profusão de termos também são encontrados na literatura para referir-se a um único conceito. Por isso, acredito ser importante discorrer sobre como esse conceito vem sendo abordado, principalmente dentro da literatura e das pesquisas referentes ao ensino e aprendizagem de língua estrangeira, objetivando situar a abrangência ao termo na presente pesquisa. O conceito de crenças é tão antigo quanto a origem da humanidade já que “ser humano é acreditar em algo, é construir saberes e teorias para interpretar o que nos cerca” (BARCELOS, 2007, p. 2). Nesse sentido, acredito que as crenças sejam o ponto de partida para agirmos em qualquer circunstância da vida, incluindo o processo de aprendizagem de língua estrangeira. No entanto, segundo Barcelos (2004, p.129), torna-se difícil de investigar esse conceito por ser originalmente proveniente de diversas ciências/disciplinas como a psicologia, filosofia, antropologia e sociologia e não ser específico da Linguística Aplicada (LA). Além disso, a complexidade de se buscar uma conceptualização uniforme e definitiva também pode ser atribuída aos diversos termos que surgem para se referir às crenças, por exemplo, “(...) ‘representações dos aprendizes’ (HOLEC, 1987), ‘filosofia de aprendizagem de línguas’ (ABRAHAM; VANN, 1987), ‘conhecimento metacognitivo’ (WEDEN, 1986), ‘cultura de aprender’ (ALMEIDA FILHO, 1993; BARCELOS,1995)” , ‘concepções’ (SCHERER, 2000), e ainda, conforme citado por Madeira (2008, p. 49), ‘imaginário’ e ‘construtos pessoais’. Portanto, a conceptualização de crenças, e até mesmo um termo para se referir a elas, parece não ter sido ainda estabelecido de forma homogênea (BARCELOS, 2001). O dicionário Michaelis online 68 define crenças como “1 Ato ou efeito de crer. 2 Fé religiosa. 3 Opiniões que se adotam com fé e convicção. 4 Crédito diplomático”. A definição do dicionário não nos dá nenhuma indicação quanto à relação de crenças e aprendizagem. Ratifica-se assim a idéia de ‘crenças’ ser um conceito ‘emprestado’ de outras ciências. Já 68 Disponível em: < http://michaelis.uol.com.br/ >. Acesso em 28 jun. 2009. 54 Madeira (2005) resgata uma definição que data do início do século o passado, estabelecida por Dewey (1933), como ponto de partida. Segundo Madeira, “Dewey (1993) se referiu à crença como um conceito que ‘cobre todas as questões sobre as quais não temos um conhecimento certo, mas (...) aceitamos como verdade, como conhecimento, mas que mesmo assim podem vir a ser questionadas no futuro” (op.cit., p.351 ). A partir dessa definição é possível inferir que, pelo menos desde então, já não seria atribuído às crenças o papel de revelar o correto ou o errado conforme ocorre frequentemente com pesquisas que objetivam gerar um saber cientificamente comprovado. Essa perspectiva do papel das crenças em um contexto mais amplo é de extrema importância, pois acredito que prevalece até os dias atuais no âmbito de pesquisa do ensino de aprendizagem de línguas. Mais recentemente, Barcelos (2001: 72), uma expressiva pesquisadora de crenças no contexto de ensino e aprendizagem, sugere que “(...) elas (as crenças) podem ser definidas como opiniões e idéias que os alunos (e professores) têm a respeito dos processos de ensino e aprendizagem de línguas”. Posteriormente, as crenças passaram a serem consideradas, mas especificamente, como um construto cuja origem seria as experiências vividas pelo indivíduo inserido em um contexto e que serviria como parâmetro/referência para tomadas de decisões. Um exemplo prático: ao avistar uma poça d’água, sua experiência de vida vai sinalizar que será preciso desviar do caminho, caso contrário, existe a possibilidade de ter a roupa respingada ao passar dentro da poça. Acredito que é assim que ‘funcionamos’ no nosso dia a dia. Temos a tendência a escolhermos os caminhos que, por experiência, são mais fáceis ou menos tortuosos. Possivelmente, é assim que ocorre também no processo de ensino e aprendizado de língua inglesa. Em outras palavras, as escolhas durante a aprendizagem são baseadas no conhecimento adquirido pelo aprendiz do que funciona ou não. Esse conhecimento acaba por constituir um conjunto de crenças. Portanto, em concordância com Barcelos (2004, p.132), acredito que “as crenças não são somente um conceito cognitivo, mas também social, porque nascem de nossas experiências e problemas, de nossa interação com o contexto de nossa capacidade de refletir e pensar sobre o que nos cerca”. Muitos fatores parecem atuar na construção/formação de crenças. Madeira (2005, p. 352) chama essa configuração de fatores de atores ‘coadjuvantes’ que atuam juntos aos atores principais: professores e os alunos. Uma questão parece estar presente na discussão dos diversos pesquisadores envolvidos nas investigações de crenças de alunos e professores: é consenso entre 55 eles que são muitos os fatores que atuam na construção das crenças (Barcelos, 2001). (...) Ao se tratar dos “atores” envolvidos no processo de aquisição de LE, é natural que nos venha à mente os “protagonistas”: professores e alunos. Porém, não se pode deixar de considerar os atores “coadjuvantes” – uma configuração de fatores que atuam na formação das crenças. (MADEIRA, 2005, p. 352) Assim, as crenças são reconhecidas hoje em dia por sua natureza dinâmica, interativa e recíproca. Barcelos (2004, p. 144) acredita que Woods (1996) exerceu grande influência para se chegar à atual forma de se enxergar crenças pois, (...) além de mostrar que as crenças são dinâmicas, sociais, e que elas (as crenças) não só influenciam o comportamento, mas são também influenciadas nesse processo, ele (Woods) também mostrou que o que interessa não é julgar se as crenças devem ser chamadas crenças ou conhecimento, mas como elas são usadas no processo de decisão dos professores. (BARCELOS, 2004, p. 144) Na citação supracitada, há três posições importantíssimas em relação ao papel das crenças. A primeira origina-se em seu aspecto dinâmico, o que revela a natureza flexível das crenças por essas serem passíveis de modificação à medida que o aprendiz revê suas hipóteses através de suas experiências com o mundo. A segunda posição baseia-se no fato de as crenças fazerem parte de um processo. Conforme Woods (1996) sugere, acredito que o resultado da aprendizagem seja o produto proveniente de uma série de processos que ocorrem internamente (e.g. afetivo, cognitivo, etc). Ou seja, é a partir das crenças que os aprendizes constroem suas próprias abordagens de ensino e aprendizagem e, consequentemente, em relação às suas atitudes diante da correção de erros. Assim, o conjunto de crenças, cuja origem não é só cognitiva, mas também social, pode exercer forte influência nesse processo. É nesse contexto que vale ressaltar o terceiro aspecto que implica a importância dos professores estarem cientes das crenças dos alunos para auxiliar nas diversas decisões a serem tomadas diariamente em sala de aula. Em suma, a partir das idéias discutidas por Barcelos (2001, 2004, 2007) e Madeira (2005), as crenças serão definidas para a presente pesquisa como um conjunto de opiniões e idéias, conscientes ou não, originárias da capacidade do indivíduo de refletir sobre suas experiências e problemas vivenciados dentro de um determinado contexto, a partir de sua interação com o meio e seus ‘atores’. Nesse sentido, a natureza conceptual das crenças não é só cognitiva, mas também social. 56 3.2.2 Porque investigar crenças dos aprendizes de língua inglesa Por décadas, principalmente a partir do advento do Ensino Comunicativo de Línguas, teóricos discutem a importância do papel dos aprendizes no processo de aprendizagem de línguas, a necessidade de se desenvolver a autonomia destes nesse processo e de promover o ensino baseado em suas necessidades reais. É nesse contexto que o estudo das crenças dos aprendizes tem alcançado um papel expressivo dentro da pesquisa de sala de aula de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Acredito que isso se deve principalmente ao fato de muitas das pesquisas tradicionais, cujo foco era no produto, não esclarecerem plenamente quanto ao processo e dificilmente propunha ferramentas suficientes para que os professores pudessem estar promovendo a autonomia do aluno de forma mais objetiva. Muitos linguistas também vêm corroborando para enfatizar a necessidade dessa transição do foco no produto para o processo em pesquisas de ensino e aprendizagem de línguas e mais especificamente de língua inglesa. Moita Lopes (1996, 2002, 2008), Celani (1992, 1998), Cavalcanti (2008), entre outros comprometidos com questões de ordem prática e ética, estão engajados na tentativa de reinventar formas de produzir conhecimento e, por isso, vêm repensando o papel da linguística aplicada na contemporaneidade. Segundo Rajagopalan (2008, p.155-156), a linguística tem um histórico de descaso em relação à opinião do leigo 69 quanto à linguagem. Em outras palavras, o nativo só vale enquanto fornecedor de dados. A análise desses dados deve ficar exclusivamente por conta do linguista. Isto é, ao linguista interessa tudo o que o nativo diz em sua língua. Se, porventura, o mesmo nativo começa a falar sobre a sua língua, a melhor opção para o linguista é não dar ouvidos a seu entrevistado, pois o que o nativo tem a dizer sobre sua própria língua só pode 70 atrapalhar o rumo da pesquisa. ( RAJAGOPALAN, 2008, p.155-156) Essa é justamente a ‘linguística que nos faz falhar71 ’que, segundo Moita Lopes (2008), consiste justamente na prática de ignorar o que é pensado sobre linguagem pelas 69 Por ‘leigo’, segundo minha interpretação da leitura desse artigo (2006), entende-se qualquer sujeito que não tenha conhecimento cientifico da linguagem. 70 Ênfase do autor. 71 Sobre os questionamentos em relação “a linguística que nos faz falhar” no livro Resposta aos meus debatedores organizado por Lopes da Silva e Rajagopalan (2004). 57 pessoas do cotidiano, “(...) embora igualmente insista em produzir conhecimento sobre a vida delas ou lhes indicar ações políticas” (p.88). De fato, embora para alguns possa parecer evidente que o processo talvez mereça maior enfoque do que o produto e que as crenças exerçam algum papel no processo de aprendizagem, é importante assinalar que a literatura voltada para aprendizagem de língua estrangeira nem sempre corroborou com essa visão. O fato é que embora o conceito de crenças seja antigo, somente a partir da década de 80, com a influência dos princípios da abordagem comunicativa e quando o aluno tornou-se o foco da aprendizagem, é que diversos conceitos de origem na psicologia, sociologia, filosofia e antropologia foram revisados e ‘emprestados’ para tentar explicar as crenças e também os aprendizes de língua inglesa como “(...) pessoas completas com dimensões comportamentais, cognitivas, afetivas, sociais, experienciais, estratégicas e políticas” (LARSEN FREEMAN, 1998, p. 207). É nesse contexto que entender o processo torna-se complexo, mas necessário. É assim que desde meados da década de 90, houve um crescente interesse em investigar o papel das crenças dos alunos brasileiros. Segundo Barcelos (2007, p. 1), em 1995, o Prof. Dr. José Carlos Paes de Almeida “(...) falava do conceito de cultura de aprender e de ensinar e colocava as crenças dos alunos como parte dessa cultura” (op.cit) em seu curso de verão “Abordagens no Ensino de Línguas”, ministrado na UNICAMP. As crenças dos alunos tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores não só no Brasil, mas também no exterior não só por ser a única maneira de mostrar que os alunos são seres que pensam e que interagem com seu ambiente (BARCELOS, 2004, p. 137). Barcelos (2004, p. 125-126) acredita que uma das principais razões para discutirmos e investigarmos as crenças seria porque “nenhuma instituição ou relacionamento humano pode ser adequadamente entendido, a menos que consideremos as suas expectativas, valores e crenças” (BREEN, 1985, p.136). A mesma, em 2001, já havia sugerido que uma das características das crenças refere-se a sua influência no comportamento, em outras palavras, “elas – as crenças – são forte indicadores de como as pessoas agem” (BARCELOS, 2001, p. 73). Por isso, o estudo das crenças dos aprendizes pode também ser uma forma de elucidar quanto às estratégias de aprendizagem72 de língua estrangeira utilizadas por esses alunos. Na 72 Segundo Brown (2000: 122), “estratégias são aqueles ‘ataques’ específicos que fazemos a um determinado problema . Elas são as técnicas que aplicamos a cada momento para resolverem os problemas apresentados pelo insumo e produção da língua-alvo”. Embora Brown (2000) faça uma distinção entre as estratégias utilizadas no 58 verdade, até recentemente, conforme citado por Madeira (2005, p. 352), acreditava-se que as crenças influenciavam diretamente nas estratégias dos alunos. Nesse sentido, ao se observar as estratégias utilizadas pelo aluno em sala de aula, seria possível inferir as crenças diretamente ligadas a ela. Dentro dessa perspectiva, as crenças não só influenciariam as estratégias, mas as estratégias, por sua vez, também influenciariam as crenças, havendo assim uma relação de reciprocidade entre elas. Murphey acredita que essa relação é recíproca, ou seja, as crenças podem influenciar as estratégias de aprendizagem, mas o uso de certas estratégias pode, por sua vez, influenciar a formação de algumas crenças. O autor afirma que nossas ações podem influenciar e mudar nossas crenças. Para ele, desde que haja tempo e modelo adequado, as crenças podem ser modificadas se conseguimos mudar primeiro o comportamento. (BARCELOS, 2001, p. 74). No entanto, é importante ressaltar que uma pesquisa sobre as crenças não deve restringir-se a sua descrição apenas ou no estabelecimento de uma relação de causa e efeito entre crenças e comportamento, mas incluir também a análise de outros fatores envolvidos na sua formação (BARCELOS, 2001; MADEIRA, 2005). Hoje, já se reconhece que essa relação entre crenças e ação não é tão direta assim, pois a natureza interativa das crenças revela sua instabilidade, flexibilidade e complexidade, possivelmente provenientes da influência predominante de diversos aspectos referentes ao contexto. Na seção seguinte, serão brevemente discutidos quais fatores podem interferir na formação das crenças e será sugerido o estudo do fator contextual para a realização da presente pesquisa. 3.2.3 Um breve esboço sobre algumas categorias que influenciam na formação das crenças Esta seção objetiva tecer um breve esboço quanto à natureza complexa da formação de construtos de crenças. Segundo Madeira (2005, p.353), a formação das crenças dos aprendizes surge a partir da interrelação de diversos fatores. Entre eles estão conceitos insumo (o que ele chama de ‘learning strategies’) e as estratégias utilizadas na comunicação (o que ele chama de ‘communication strategies’). Utilizo o termo ‘estratégia de aprendizagem’ de forma mais abrangente, englobando ambos os conceitos. 59 inadequados adquiridos, fatores sócio-culturais, hábitos arraigados e questões afetivas. A seguir serão discutidos brevemente alguns desses fatores. À idéia de aquisição de conceitos inadequados sugerida por Madeira (2005) eu acrescentaria também os conceitos adequados. Afinal, deve se levar em consideração que o processo de aprendizagem não é feito só de ‘dor e espinhos’. Acredito que através da própria correção de erros e posterior prática/produção dos novos conceitos adquiridos, por exemplo, é possível chegar à conclusões mais precisas quanto ao sistema e funcionamento da língua-alvo. Os aspectos de natureza afetiva e emocional também fazem parte da formação das crenças de aprendizes quanto ao ensino e aprendizagem de língua inglesa. De fato, os alunos não são como máquinas que mecanicamente respondem a um estímulo, atuando como mero processadores de informações. Conforme sugerido por Mattos (2009, p. 48), os alunos, ao entrarem em sala de aula, “(...) trazem consigo uma variedade de atributos pessoais e sentimentos que devem ser respeitados (...)”. Portanto, contrariedades podem levar à frustrações e desmotivação, aumentando o filtro afetivo. Um estudo realizado por Mattos (2009), em relação às crenças de alunos adultos de nível iniciante em relação à correção de erros orais, revelou que os aprendizes participantes diferem consideravelmente em suas crenças e, por isso, o professor não deve deixar de considerar aspectos individuais do aprendiz no momento da correção de erros para que seja possível alcançar um ambiente confortável e seguro para a ocorrência de aprendizagem. Nesse sentido, conhecer as crenças de um grupo alvo torna-se uma ferramenta eficiente e eficaz nesse contexto. Por hábitos arraigados entende-se a experiência adquirida pelos alunos ao longo de sua vida estudantil. Madeira (2005) considera esse fator um dos mais importantes, “Ex professores, materiais didáticos, atividades em sala de aula e recursos utilizados, por exemplo, servem para formar idéias que se tornam prescrições de como, supostamente, se aprende – e como se deve ensinar – a nova língua (...)” (MADEIRA, 2005, p. 353). É assim que muitos professores e alunos muitas vezes, por serem fiéis aos hábitos que acreditam serem os ideais, resistem às novas idéias, perdendo uma grande oportunidade de aprimorarem suas habilidades. E, finalmente, o entendimento do contexto sociocultural no qual se insere o processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa como língua estrangeira também é de suma importância. Sua importância reside no fato deste ser um dos responsáveis por indicar/sugerir o ambiente de ensino ideal dentro de uma determinada sociedade. Esse ambiente ideal é 60 legitimado e formalizado pelas instituições (i.e. escola), seus representantes (i.e. professores, diretores, funcionários etc), legislação, entre outros. Madeira (2005) sugere que a natureza complexa desses fatores faz com que eles se desdobrem em categorias que se encontram interrelacionadas. No caso de contexto sociocultural, destaca-se o desdobramento em questões relacionadas à identidade e questões familiares. O fator contextual será observado na presente pesquisa, porém, limitar- me-ei em descrever o ambiente na tentativa de identificar o princípio que rege a sala de aula investigada, a professora regente e episódios relacionados à correção de erros orais que é o foco da presente pesquisa. Esta seção objetivou relatar brevemente as dimensões constituídas na formação das crenças e sua natureza complexa, pois, por mais que haja um esforço de se isolar um determinado fator para estudo, frequentemente há a justaposição desses fatores. Para a presente pesquisa, conforme metodologia a ser sugerida em seções posteriores, pretendo focar na inferência das crenças dos aprendizes de inglês em relação à correção de erros orais a partir de um determinado contexto. No entanto, conforme já observado, não pretendo aprofundarme nas categorias que se originam do desdobramento do fator em foco, como identidade e questões familiares. 3.2.4 Reflexões acerca das crenças dos aprendizes quanto à correção de erros orais em sala de aula de língua inglesa Esta seção objetiva revisar algumas pesquisas realizadas na última década que trataram de investigar sobre as crenças em relação à correção de erros orais. Conforme já mencionado, a correção de erros orais inevitavelmente faz parte do contexto de ensino e aprendizagem da língua inglesa comunicativo. Os alunos anseiam por um feedback corretivo e tal expectativa é baseada em um conjunto de crenças construídas a partir de sua interação com o contexto social. Acontece que professores quando entram em sala, também possuem um conjunto de crenças pessoais que não necessariamente correspondem às expectativas que os alunos levam para sala de aula. Acredito que esse desencontro inconsciente de expectativas pode levar a um conflito de interesses, e consequentemente, passar a existir um impasse que irá prejudicar o processo da aprendizagem. Daí surge a importância dos professores terem conhecimento das expectativas de seus alunos, e a partir delas, realizar um trabalho de coconstrução do conhecimento. Acredito que ao pesquisar as crenças pode-se não 61 só elucidar quanto às estratégias e habilidades de um determinado grupo, mas também identificar os traços comportamentais comuns por parte dos professores segundo perspectiva dos alunos, além de ajudar a esclarecer algumas questões muito importantes já levantadas por Hendrickson em 1978 que, até os dias atuais, são motivadoras de muitos debates e pesquisas: • Os erros dos aprendizes devem ser corrigidos? • Quando os erros dos aprendizes devem ser corrigidos? • Quais os erros devem ser corrigidos? • Como os erros devem ser corrigidos? • Quem deve corrigir os erros? Em 2001, objetivando esclarecer qual seria a melhor forma de se corrigir os erros orais dos aprendizes de língua inglesa, Lyrio conduziu uma pesquisa para investigar quais seriam as respostas dos alunos e professores investigados em relação às seguintes questões: • Como os alunos esperavam que seus erros fossem corrigidos; • Como eles percebiam os procedimentos empregados; • Como os procedimentos afetam suas performances; • Como os erros deveriam ser corrigidos segundo os professores; • Como eles percebem os procedimentos empregados; • Se os professores e alunos estão cientes da influência desses procedimentos; • Se há alguma equivalência entre as opiniões de professores e alunos; e, finalmente, • Como o conhecimento dessas variáveis poderia contribuir para o avanço de processos de ensino de língua estrangeira, aquisição e aprendizagem. A pesquisa foi realizada no Curso de Línguas para Comunidade (CLC), em Vitória /ES. Para coleta de dados foram utilizados questionários abertos e fechados. As perguntas para os alunos e professores eram praticamente as mesmas e contavam de 21 e 19 questões, respectivamente. Os questionários foram aplicados a um total de 608 alunos do nível intermediário ao avançado e quinze professores. Os resultados mostraram que “Professores e alunos têm diferentes expectativas em relação à correção de erros orais e 62 diferentes visões do que deve ou não deve ser feito, e quando, um fato tem certo peso na sua visão em relação ao processo e ensino e aprendizagem73 ” (LYRIO, 2001, p. 238). Outro resultado pertinente diz respeito à forma de correção de erros que deve ser evitada em sala de aula. 19,5% dos alunos entrevistados destacaram a importância de o professor corrigir de forma educada, evitando ironias. Acredito que nenhum professor, ao corrigir o aluno, tenha a intenção de ofendê- lo ou ironizar o erro. Isso pode significar que alguma expectativa do aluno não foi correspondida durante a correção, levando esse aluno a entender como ofensa uma tentativa de aliviar a tensão ao estar sendo corrigido através do uso de uma piada ou uma brincadeira por parte do professor, por exemplo. A consequência de se criar um ambiente de frustração devido às contrariedades que ocorrem no processo de aprendizagem faz com que ocorra um impasse durante o processo e perde-se a oportunidade de aprendizagem. Outro resultado importante dessa pesquisa, é que enquanto 73, 4 % dos professores acreditam que as correções de erros orais não devem ser realizadas o tempo todo, 85,3 % dos alunos acreditam que a correção de erros orais é sempre necessária. Essa diferença de expectativa pode certamente gerar uma frustração e até desconforto por parte dos aprendizes, conforme já comentado anteriormente o caso do aluno Miguel, que não satisfeito por eu não ter corrigido uma aluna durante a explicação, interrompe todo o processo para chamar a atenção do erro oral cometido pela aluna em questão. Um outro resultado pertinente diz respeito ao fato de a maioria dos alunos que participaram da pesquisa (61, 3%) aceitarem a correção dos colegas por diversas razões, entre elas, por tornar a aula mais dinâmica e participativa. Mas também há aqueles (aprox. 47,2 %) que podem se sentir inibidos com a atitude do colega ou mesmo inseguros já que a informação passada pode estar errada. Acredito que o professor ao estar ciente dessas contrariedades pode usá- las em favor da aprendizagem e amenizar frustrações através do diálogo ou atividades que contribuam para que aprendizes remodelem suas experiências. Mais recentemente, Mattos (2009) pautando-se na afirmativa de Nunan (1995) de que “ os professores devem descobrir como os alunos pensam e sentem, e como desejam aprender” (MATTOS, 2009, p. 14) e provavelmente motivada pelas questões levantadas por Hendrickson (1978), sugere, como foco de pesquisa, investigar como um aluno adulto em 73 Tradução feita por mim. Original: “Teachers and students have different expectations in relation to the correction of oral errors and different views of what should or should not be done, and when, a fact which has some weight on their way of looking at the teahing and learning process”. (LYRIO, 2001, p. 238) 63 nível iniciante se sente quando tem seus erros orais corrigidos e qual a melhor forma de correção segundo o aluno (MATTOS, 2009, p. 14). E assim, Mattos (2009) investiga as crenças de alunos adultos de nível iniciante de um curso particular de inglês quanto à correção de seus erros orais através de um estudo da afetividade na correção de erros orais. O resultado da pesquisa sugere os alunos não entram na sala de aula como uma ‘tabula rasa’. Ao contrário, ele traz consigo uma gama de traços individuais (por exemplo, experiências, personalidade, noção do que funciona melhor na prática, pressupostos e idéias baseadas na experiência educacional anterior e etc), que vão influenciar suas habilidades e atitudes no contexto de aprendizagem a todo o momento. Essa influência pode ser tanto positiva quanto negativa. O fator positivo é que as crenças não são fixas e, por isso, não são eternas, ou seja, são passíveis de serem modificadas. Acredito que o professor possa estar contribuindo nesse processo de coconstrução, mas, para isso, é preciso um ponto de partida. Nesse sentido, as crenças são importante instrumento para tornar o professor consciente do que pode estar provavelmente interferindo no processo de aprend izagem. Isso posto e considerando a importância da correção de erros orais em sala de aula de língua inglesa como segunda língua em contexto comunicativo, além do desejo de ratificar, esclarecer e/ou contribuir com novos dados quanto às perspectivas dos aprendizes em relação à correção de erros orais, pretendo investigar as seguintes perguntas de pesquisa: 1) Quais são as crenças dos alunos em relação ao papel da correção de erros orais em sala de aula? 2) Como os aprendizes esperam que seus erros sejam corrigidos? 3) Quando os erros orais devem ser corrigidos segundo os aprendizes? 4) Os aprendizes esperam que o professor seja sempre a fonte da correção? 5) Os aprendizes aceitam a coconstrução do conhecimento através da aceitação do feedback do colega? Diferentemente de Lyrio (2001) e Mattos (2009) o grupo investigado é proveniente de uma escola privada e regular de ensino fundamental. Algumas questões a serem investigadas serão as mesmas de outras pesquisas realizadas já que, mesmo após anos de pesquisa, estas questões ainda suscitam a curiosidade desta pesquisadora no sentido de se observar o que há de diferente em termos de experiências e crenças de um determinado grupo dentro de um determinado contexto. Essa curiosidade surge do entendimento de que se mesmo em um contexto diferente os alunos ainda dividem as mesmas crenças professadas em pesquisas 64 anteriores, isso pode sugerir que, mesmo após anos de pesquisa, 1) as atitudes de alguns professores se repetem/não se atualizam o que pode sinalizar questionamentos na formação de professores e/ou 2) pouca ou nenhuma medida tem sido adotada no sentido de se trabalhar as crenças dos alunos para desenvolver estratégias de aprendizagem para serem utilizadas no momento em que um erro oral é corrigido. Embora essas questões não sejam exploradas na presente pesquisa acredito que os dados gerados deste estudo podem direcionar para tais questionamentos / reflexões. Outra questão importante é que a presente pesquisa focará apenas no universo discente de um grupo da última série do nível fundamental em detrimento da opinião docente. Nesse sentido, ambiciona-se realizar uma análise a partir da inferência das crenças professadas objetivando não buscar o certo ou errado conforme ocorre a partir de dados gerados por meio de métodos científicos, mas busca-se revelar as crenças de alunos de um determinado grupo em relação à correção de erros orais em sala de aula. E ainda, a inferência a ser realizada por esta pesquisadora limitar-se-á a considerar o contexto a ser estudado para compor a aná lise, deixando de se aprofundar nas questões afetivas conforme realizado por Mattos (2009). Sumarizando, esta subseção tratou de discorrer sobre algumas pesquisas realizadas nas últimas décadas que contribuíram para ampliar a discussão sobre o papel das crenças em relação à correção de erros orais dentro de um contexto de ensino e aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira. A seção subsequente descreve a metodologia a ser adotada na presente investigação a partir da discussão dos princípios teóricos que orientaram a seleção dos instrumentos de coleta e análise dos dados provenientes deste estudo. 65 4. METODOLOGIA Este capítulo objetiva descrever a metodologia que foi adotada para a realização da presente pesquisa. Segundo Telles (2002, p. 101), “Metodologia de pesquisa74 diz respeito às visões de mundo, às concepções teóricas e à concepção de verdade que fundamentam o método ou tal conjunto de procedimentos”. Em outras palavras, ao tratar da metodologia adotada na presente pesquisa, este capítulo estará discutindo os princípios teóricos que orientaram a seleção dos instrumentos da coleta e a análise de dados deste estudo. Na primeira seção, sumarizo a natureza da pesquisa qualitativa e exponho as concepções gerais norteadoras da presente pesquisa. Na sequência, discorro a respeito dos princípios de uma abordagem de natureza qualitativa, a abordagem etnográfica, e sua importância e influência na escolha dos métodos para a coleta e análise de dados. Na subseção posterior, trato de conceptualizar a pesquisa interpretativista buscando esclarecer a importância da interpretação como um recurso de análise dos dados coletados a partir de uma abordagem etnográfica. Em seguida, realizo um breve esboço sobre a importância de se utilizar uma abordagem contextual na investigação das crenças, segundo Barcelos (2001). Finalmente, na seção subsequente, informo os instrumentos utilizados para a coleta de dados e argumento a favor da importância do planejamento e elaboração desses instrumentos a partir do relato da experiência desta pesquisadora no referido processo. 74 Grifo do autor. 66 4.1 A natureza qualitativa da presente pesquisa Segundo Mackay & Gass (2005, p. 2), uma pesquisa pode ser realizada a partir de diferentes abordagens. Entre os tipos mais comuns, a pesquisa qualitativa destaca-se como a mais apropriada para o contexto pesquisado conforme explicado a seguir, e por isso, foi a abordagem adotada. Para garantir melhor entendimento das escolhas metodológicas e trajetória da investigação, esta seção explicitará brevemente os preceitos de um estudo de natureza qualitativa. A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela natureza não-quantitativa dos dados gerados. Acredito que isso ocorra principalmente devido à natureza dos dados coletados provenientes de instrumentos como a observação, questionários abertos, entrevistas e autorrelatos. Em geral, são dados dinâmicos, variando segundo o contexto, e subjetivos, e que, por isso, não podem ser generalizados. Portanto, é possível que o pesquisador engajado na investigação das crenças dos alunos em relação à correção de erros orais, ao focar unicamente na quantidade e objetividade, pode acidentalmente deixar de ter acesso a outras informações igualmente importantes, de natureza mais subjetiva, como, por exemplo, o conhecimento proveniente da análise de um contexto específico a partir da observação do que realmente ocorre em sala de aula (as ações) e da análise das crenças professadas a partir de um determinado contexto. Nesse sentido, acredito que a abordagem qualitativa é congruente com a natureza dinâmica da realidade contribuindo para gerar dados que revelam a complexidade das crenças (PAJARES, 1992; BARCELOS, 2001: 72) sobre correções de erros orais em um momento singular dentre os muitos que ocorrem em uma determinada sala de aula. Os aspectos dinâmicos e subjetivos inerentes aos dados de natureza qualitativa incitam- me a refletir quanto à melhor forma de analisar tais dados. Segundo Mackay & Gass (2005, p. 2), a análise dos dados gerados a partir de uma pesquisa qualitativa deve ser de natureza interpretativista e não estatística. Conforme sugere Mattos (2009, p. 102), “tal posicionamento [interpretativista] vai de encontro ao modelo quantitativo ou positivista de pesquisa que tem como objetivo o controle, a precisão e a generalização”. De fato, o modelo quantitativo assume uma realidade estável e a pesquisa realizada dentro desses parâmetros produz saberes generalizáveis e aplicáveis em qualquer contexto. Acredito que tal perspectiva não seja a mais apropriada para produzir saberes em contexto de sala de aula que é de natureza dinâmica e, muitas vezes, imprevisível. 67 Dessa forma, é possível chegar a algumas conclusões quanto aos princípios gerais de uma abordagem qualitativa. Tais conclusões serviram como diretrizes para a realização da presente pesquisa. Primeiramente, os pesquisadores que optarem por seguirem os parâmetros da pesquisa qualitativa, se encarregarão de realizar uma rica e detalhada descrição em detrimento da quantificação através de contagem ou medições. Nesse sentido, encarrego- me de detalhar ao máximo o contexto investigado por acreditar na importância deste para a análise mais acurada dos dados coletados. Um outro fator inerente à pesquisa qualitativa é que não há a tentativa de controlar o ambiente a ser analisado. Conforme sugerem Mackay e Gass, Ao invés de tentar controlar fatores contextuais (variáveis estranhas) através do uso de laboratórios ou ambientes artificiais, os pesquisadores qualitativos tendem a serem mais interessados em apresentarem um quadro natural e holístico do fenômeno a ser estudado75 . (MACKAY; GASS, 2005, p. 163) Nesse sentido, a professora e os alunos participantes da pesquisa não receberam qualquer orientação quanto aos tipos de erros orais ou formas de correção de erros orais. Dessa forma, acredita-se garantir maiores chances para que o ambiente analisado e a interação entre os participantes se mantivessem naturais, não havendo nenhuma interferência externa/estranha ao contexto durante as aulas filmadas e observadas, na resposta dos alunos aos questionários e na entrevista retrospectiva com o grupo. Ainda dentro dessa abordagem a pesquisa limitou-se a analisar apenas um pequeno grupo de alunos, trabalhando mais intensamente com o mesmo grupo. A interpretação dos dados foi realizada a partir dos próprios dados gerados; e não a partir de categorias préestabelecidas como comumente ocorre em estudos quantitativos. Essa perspectiva de interpretação dos dados Mackay e Gass (2005, p. 163) nomeia como emic perspective que consiste no “uso de categorias que são significativas aos membros da comunidade que está sendo investigada”. Portanto, os questionários elaborados para coleta de dados foram gerados a partir de um estudo piloto realizado durante o curso de Especialização em Linguística Aplicada, no período de 2007 a 2008. Assim que foi escolhido o grupo para a realização desta 75 “That is, rather than attempting to control contextual factors (extraneous variables) through the use of laboratories or other artificial environments, qualitative researchers tend to be more interested in presenting a natural and holistic picture of the phenomena being studied”. (MACKAY; GASS, 2005, p. 163). 68 pesquisa, foi realizado um primeiro contato através da observação de uma aula (doravante observação piloto) e aplicado um questionário aberto que serviu posteriormente de base para a elaboração de um questionário mais completo, o semiestruturado. Esses procedimentos serão detalhados mais adiante. Um outro aspecto importante da pesquisa qualitativa consiste no seu processo aberto76 ou seja, Enquanto pesquisas quantitativas delimitam-se a testar hipóteses específicas, a pesquisa qualitativa tende a abordar o contexto de pesquisa com o propósito de observar o que quer que se apresente nesse contexto, permitindo que outros questionamentos possam emergir desse contexto77 . (MACKAY; GASS, 2005, p. 163). Tal perspectiva enquadra-se perfeitamente ao contexto da presente pesquisa já que observação piloto do grupo alvo forneceu dados importantes para orientar a realização da elaboração dos instrumentos de coleta posteriores. Finalmente, as perguntas de uma pesquisa qualitativa geralmente são abertas e as hipóteses surgem a partir do resultado da investigação ao invés de comporem a parte inicial da pesquisa. Segundo Mackay e Gass (2005, p. 164), é justamente esse potencial de gerar novas hipóteses o fator de maior importância da pesquisa qualitativa. No entanto, é importante ressaltar que apesar de a pesquisa qualitativa e quantitativa apresentarem diferenças, Mackay e Gass (2005, p. 164) sugerem que elas não precisam ser vistas como extremos opostos ou autoexcludentes. Na verdade, elas podem até se complementar. Foi levando esse aspecto em consideração que uma pequena contagem foi realizada durante a análise dos dados. A contagem realizada apenas ambicionou mostrar informações mais precisas dentro do contexto em questão, servindo como complementação e elemento de auxilio na elucidação e interpretação dos dados, já que esses foram analisados em termos de grupo e não individualmente (exceto quando ocorreu alguma particularidade que tenha gerado a necessidade de algum comentário específico). 76 Open-ended processes. “Thus, whereas quantitative researchers set out to test specific hypotheses, qualitative researchers tend to approach the research context with the purpose of observing whatever may be present there, and letting further questions emerge from the context”. (MACKAY; GASS, 2005, p. 163). 77 69 A seguir, esboço um breve perfil da pesquisa etnográfica, cujos princípios foram os principais norteadores da presente pesquisa, e que também pode ser associado à pesquisa qualitativa devido à sua natureza interpretativista e subjetiva. Segundo Watson-Gegeo (1988, p. 576), o termo ‘pesquisa qualitativa’ é, na verdade, um termo guarda-chuva que abrange diferentes abordagens de pesquisa e técnicas, entres elas está a etnografia. 4.2 A presente pesquisa sob os princípios da abordagem etnográfica: As pesquisas recentes realizadas no campo de conhecimentos linguísticos e da educação, mais especificamente em relação à aprendizagem de língua estrangeira no contexto de sala de aula, têm frequentemente adotado a filosofia e procedimentos da etnografia como abordagem para coleta e análise dos dados. Acredito que a presente pesquisa, que é de natureza qualitativa, poderá se beneficiar amplamente dessa abordagem. A seguir será realizada uma breve discussão em relação à pesquisa em questão sob os princípios filosóficos que orientaram a investigação e análise dos dados coletados sob a perspectiva etnográfica. Segundo Watson-Gegeo (1988, p. 576), “originalmente a etnografia foi desenvolvida por antropólogos para descrever as ‘formas de convivência’ de um grupo 78 ”. Pode-se dizer que, atualmente, essa abordagem define-se como o estudo do comportamento de um grupo em seu ambiente natural. Apesar dessa definição as diferenças individuais também são importantes para ilustrar as variações no comportamento. Porém, o foco da etnografia é no comportamento do grupo e esse comportamento é interpretado principalmente à luz de aspectos culturais/contextuais. Watson-Gegeo afirma que O objetivo do etnógrafo seria fornecer uma descrição e um relato interpretativo e explicativo do que as pessoas fazem em um ambiente (por exemplo, sala de aula, bairro, ou comunidade), o resultados das interações e a forma que essas pessoas entendem o que estão fazendo ( o significado das interações para elas)79 . (WATSON-GEGEO, 1988, p. 576) 78 “Originally developed in anthropology to describe the “ways of living” of a social group (…)” (WATSONGEGEO, 1988, p. 576). 79 “The ethnographer’s goal is to provide a description and an interpretative-explanatory account of what people do in a setting ( such as a classroom, neighborhood, or community), the outcome of their interactions, and the ways they understand what they are doing ( the meaning interactions have for them)”. 70 Nesse sentido, essa abordagem outrora usada predominantemente por antropólogos, serve para se alcançar um melhor entendimento/conhecimento do que acontece em sala de aula. Segundo a autora supracitada e ainda Moita Lopes (1994, p. 334) e Allwright e Bailey (2004, p. 5), para alcançar esse objetivo, pesquisadores devem focar no significado desses eventos não só a partir das suas interpretações, mas também, e principalmente, a partir da visão dos participantes da pesquisa e aspectos culturais/contextuais. Tais princípios vão ao encontro do objetivo desta pesquisa, que consistiu justamente em focar no significado de um evento específico no processo de aprendizagem da língua inglesa, segundo a visão de um grupo de alunos do nono ano do ensino fundamental. A pesquisadora acredita que tais objetivos foram alcançados ao investigar a cultura de sala de aula através da observação e análise de aspectos específicos presentes nas aulas filmadas incluindo outros elementos inerentes ao contexto em questão e através da análise das crenças dos alunos participantes quanto ao papel de correção de erros orais em sala de aula. E ainda, Para alcançar o objetivo de fornecer um relato descritivo e interpretativo-explicativo do comportamento das pessoas em um determinado ambiente, o etnógrafo realiza uma observação sistêmica, intensiva e detalhada desse comportamento – examinando como comportamento e interação são socialmente organizados – e as regras sociais, expectativas interacionais, e valores culturais subjacentes ao comportamento80 . (WATSON-GEGEO, 1988, p. 577) Ainda dentro dos parâmetros dos princípios da abordagem/metodologia em questão, o cenário investigado manteve-se natural, ou seja, não houve qualquer forma de manipulação ou ações que interferissem com a rotina da sala de aula do contexto pesquisado. Mais importante é que, conforme tais pressupostos, a pesquisa concentrou-se na tentativa de coletar dados sobre as experiências e crenças dos participantes em relação a uma prática que está contida no universo de uma sala de aula de língua inglesa de uma escola privada ao qual pertenciam. Nesse sentido, o presente estudo pôde oferecer percepções que não são nem totalmente verdadeiras ou falsas, mas são esclarecedoras dentro de um determinado contexto. É importante ressaltar que embora a coleta de dados tenha sido realizada não só como consequência do estudo piloto, mas também com base em uma estrutura teórica conforme 80 “To accomplish the goal of providing a descriptive and interpretative-explanatory account of people’s behavior in a given setting, the ethnographer carries out systematic, intensive, detailed observation of that behavior – examining how behavior and interaction are socially organized – and the social rules, interactional expectations, and cultural values underlying behavior.” 71 exposto em seções anteriores, a observação e interpretação etnográfica não é determinada pela teoria. Conforme sugere Watson-Gegeo, Primeiramente, cada situação investigada pelo etnógrafo deve ser entendida dentro de suas condições. Em relação ao processo de pesquisa isso significa que o etnógrafo muda o foco da observação para incluir um fenômeno e interações que estão fora do escopo sugerido pela teoria anterior, ambos para corrigir o que estiver faltando ou errado na teoria anterior e procurar por interações, padrões de comportamentos e outros fenômenos significativos ou mesmo únicos da situação que está sendo estudada81 . (WATSON-GEGEO, 1988, p. 579) Sendo assim, a teoria que antecede à análise dos dados do presente estudo serviu apenas como um guia que, junto com o estudo piloto, ajudou o pesquisador a decidir quais as evidências mais significativas que serviriam para responder as perguntas de pesquisa propostas inicialmente. Essa perspectiva que estabelece que a interpretação ocorra a partir do contexto estudado e dos próprios dados gerados em detrimento do uso de um esquema interpretativo de base teórica pré-estabelecido vai ao encontro da perspectiva êmica 82 de análise dos dados já discutida na seção anterior. Objetivando maior precisão na interpretação e inferência das crenças professadas, a coleta de dados foi realizada através de instrumentos diversos como questionários, gravações, observações/anotações de aula e entrevista (Allwright e Bailey). A análise foi realizada a partir de uma abordagem interpretativista. Segundo Moita Lopes (1994, p. 330), a pesquisa etnográfica é um tipo de pesquisa contida nessa tradição. Na sequência, segue um breve esboço sobre a pesquisa interpretativista. 4.2.1 Da pesquisa interpretativista Segundo Moita Lopes (1994, p. 331), o homem interpreta e reinterpreta o mundo no qual está inserido, atribuindo a esse mundo significados, resultando na construção não só de 81 “For one thing, each situation investigated by an ethnographer must be understood in its own terms. With regard to the research process, this means that the ethnographers shifts the focus of observation to include phenomena and interactions outside the scope suggested by prior theory, both to correct for what may be missing from or misleading in prior theory and to search for interactions, patterns of behavior, and other phenomena significant to and perhaps unique in the situation under study”. (WATSON-GEGEO, 1988, p. 579) 82 Emic perspective. 72 uma realidade, mas múltiplas realidades. Em outras palavras, é o homem o cocriador das várias realidades através da interpretação e reinterpretação do mundo social ao qual faz parte. A linguagem possibilita a construção do mundo social e é a condição para que ele exista: “o significado não é o resultado da intenção individual mas de inteligibilidade inter-individual. Em outras palavras, o significado é socialmente construído...” (MOITA LOPES, 1994, p. 331). Assim, é importante destacar também o papel da linguagem e do indivíduo na coconstrução dessa realidade social. Trata-se de se reconhecer o indivíduo não como o ser isolado, mas como aquele que coconstrói significados através da interação com o meio. Nesse sentido, faz-se importante considerar a ‘pluralidade de vozes em ação no mundo social’ (MOITA LOPES, 1994, p. 331). Moita Lopes (1994, p. 331) afirma que ao se investigar o mundo social, é impossível ignorar a visão dos participantes do contexto investigado. É essa perspectiva da pesquisa interpretativista que se faz importante para a presente pesquisa a partir do momento que este estudo se propõe a interpretar os vários significados que compõe um fato através da investigação das ações e crenças professadas por indivíduos que compõem um grupo alvo dentro de um determinado contexto. Moita Lopes (1994, p. 332) afirma, ainda, que os procedimentos metodológicos, utilizados para detectarem as várias realidades de um determinado contexto, são determinados pelos princípios da pesquisa interpretativista brevemente exposto nos parágrafos anteriores. Nesse sentido, somente a interpretação daria conta dos diversos significados que constituem a realidade. “É o fator qualitativo que interessa” (MOITA LOPES, 1994, p. 332). A tentativa de padronizar uma realidade em experimentos resultaria na distorção dessa realidade. Daí a importância da não intervenção do pesquisador no contexto pesquisado e de se considerar toda multiplicidade de significados por mais contraditórios que, à princípio, possa parecer. A subjetividade, ou melhor, a intersubjetividade 83 subjacente à interpretação é justamente o que garante maiores chances de manter-se fidedigno ao fato social. Moita Lopes (1994, p. 332) afirma que “(...) é justamente a intersubjetividade que possibilita chegarmos mais próximos da realidade que é constituída pelos atores sociais – ao contrapormos os significados construídos pelos participantes do mundo social”. 83 Nesse sentido, o processo Intersubjetividade é definido por Moita Lopes (1994, p. 332) como “os significados que os homens, ao interagirem uns com os outros, constroem, destroem, e reconstroem”. 73 torna-se o foco da pesquisa em detrimento do produto. Essa perspectiva vai ao encontro da proposta inicial do presente estudo que objetiva entender como determinados significados são construídos através da interpretação das crenças professadas. Por conseguinte, A linguagem é, ao mesmo tempo, a determinante central do fato social, (...) e o meio de se ter acesso a sua compreensão através da consideração de várias subjetividades/ interpretações dos participantes do contexto social sob investigação e de outros pesquisadores. (MOITA LOPES, 1984, p. 333) Em suma, esta seção objetivou expor os principais princípios norteadores de uma pesquisa de natureza interpretativista a fim de esclarecer a relação de contiguidade com a etnografia que foi a abordagem central adotada na presente pesquisa. É de entendimento desta pesquisadora que as concepções aqui tratadas servem para legitimar a interpretação como ferramenta de análise dos dados coletados dentro da abordagem adotada. Na sequência, segue um breve esboço sobre a importância de se considerar as ações dos participantes na pesquisa sobre crenças. 4.2.2. Um adendo sobre a importância de se considerar as ações dos participantes na pesquisa sobre crenças. Esta seção tem por objetivo expor brevemente a importância de se considerar as ações dos participantes da pesquisa na investigação sobre crenças. Tal proposta enquadra-se como um método de coleta de dados dentro da abordagem conhecida como contextual. Essa abordagem tem sido proposta por Barcelos (2001) como um importante meio de investigação, já que oferece uma coleta de dados rica e detalhada além de propor as crenças como dinâmica, complexas e pertencentes a contextos específicos. É a partir dessa perspectiva que Barcelos (2001) sugere a importância de se focar na ação e no que os participantes revelam de suas concepções sobre essa ação. A seguir, realizo uma revisão dos principais princípios dessa abordagem. Ao fazer uma revisão dos tipos de metodologias utilizadas na investigação das crenças no contexto de aprendizagem de línguas, Barcelos (2001) constatou que até aquele momento as pesquisas limitavam-se a mostrar apenas uma descrição dessas crenças ou uma relação de causa e efeito entre as crenças e comportamento. Embora essa correlação realmente exista, 74 Barcelos (2001, p. 72) afirma que “(...) ela [a correlação entre comportamento e crença] depende de vários fatores como experiência anterior de aprendizagem dos alunos, abordagem de ensinar do professor, nível de proficiência, motivação e contexto”. São esses fatores que constituem os “significados intersubjetivos” (BARCELOS, 2001, p. 74) que sustentam ações e pensamentos. Nesse sentido, Barcelos propõe “uma abordagem de investigação mais interativa, que leve em consideração a reciprocidade entre crenças e ações” (op.cit., 2001, p. 74). Dentro dessa perspectiva mais interativa, as ações e intenções devem ser também consideradas para inferir as crenças dos participantes. Dentre as metodologias de pesquisa propostas por Barcelos, ela sugere a abordagem contextual como a que oferece maior compreensão das crenças dos alunos já que essa metodologia “(...) fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenças e do contexto onde essas crenças se desenvolvem (...)” (BARCELOS, 2001, p. 82). Essa abordagem consiste em focar as crenças não como conhecimento cognitivo, ou seja, a investigação das crenças dentro dessa abordagem de pesquisa não se resumiria às afirmações passíveis de serem coletadas através de questionários fechados (e.g. os questionários tipo likert). Na verdade, o que se sugere dentro dessa abordagem é que as observações de sala de aula focando nas ações e análise do contexto 84 sejam condições fundamentais para investigação das crenças em contexto de sala de aula objetivando não a generalização, mas o entendimento das crenças dos alunos em determinados contextos ou cultura de aprender de um determinado grupo. Assim, a importância dessa abordagem reside no fato de que “(...) a relação entre crenças e ação não é somente sugerida, mas é investigada dentro do contexto específico dos alunos.” (BARCELOS, 2001, p. 82). Já que, segundo essa abordagem, as crenças dependem do contexto, as entrevistas e observações de sala de aula realizam-se como instrumentos fundamentais na coleta de dados. É importante acrescentar que na abordagem contextual os sentidos surgem através dos dados. Tal perspectiva está em harmonia com os princípios inspiradores da metodologia aplicada no presente estudo até então expostos. Assim, acredito que a abordagem contextual oferece a possibilidade de produzir conhecimentos que retratam mais detalhadamente as crenças dos participantes em relação à 84 Definição de contexto no artigo de Barcelos (2001, p. 81) em nota de pé de página “A definição do contexto neste trabalho não se refere a ‘um recipiente estático que circunda a intenção social’ (LAVE, 1993, p. 22). Contexto é definido neste estudo como ‘um fenômeno socialmente constituído e sustentado interativamente’, onde ‘cada ação acrescentada dentro da interação modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interações subsequentes’ (GOODWIN; DURANTI, 1992, p. 5-6). De acordo com essa definição, as perspectivas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepções dos eventos são essenciais”. 75 correção de erros orais dentro de um determinado contexto. Somente a descrição das crenças parece não dar conta de toda gama de conhecimento que se pode ter acesso ao se investigar o tópico em questão devido a sua natureza complexa. Por isso, Barcelos (2001, p. 87) encerra o artigo afirmando que “é preciso uma investigação contextualizada das crenças”, e complementa sugerindo que “(...) uma investigação do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experiências e ações; (b) suas interpretações sobre essas experiências; e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiências” (op.cit. 2001, p. 87). Espero sinceramente que, na tentativa de seguir tais orientações, este estudo tenha contribuído para a produção de conhecimento significativo do tópico em questão no campo da linguística aplicada na subárea do ensino de línguas. Na sequência, segue o detalhamento dos procedimentos metodológicos. 4.3 Procedimentos Metodológicos Esta seção objetiva esclarecer quanto aos procedimentos metodológicos aplicados no presente estudo. Segundo Moita Lopes (1994, p. 334), para garantir que o pesquisador tenha acesso aos vários significados que compõe uma determinada realidade, o pesquisador deve ater-se aos instrumentos de pesquisa que apresentem “descrições/interpretações do contexto escolar”. Nesse sentido, a pesquisadora optou por considerar a ação dentro do contexto estudado e procurou analisar crenças professadas ou não nos questionários semiestruturados aplicados e entrevista retrospectiva. A pesquisadora espera que os vários instrumentos tenham possibilitado a triangulação dos dados com sucesso e que tenham validado a interpretação por parte do pesquisador. 4.3.1 A importância da pesquisa piloto Acredito que dentro das opções de procedimentos metodológicos para a realização de uma pesquisa de natureza qualitativa e etnográfica, a pesquisa piloto pôde contribuir como o 76 primeiro passo do processo investigativo, já que esta, por definição, procura constatar e buscar maior familiaridade de algo num fenômeno 85 . Piovesan e Temporini 86 sugerem que Ao se pretender realizar pesquisa sobre fatores humanos, recomenda-se o estudo prévio da realidade, na fase de planejamento da pesquisa, com a finalidade principal de elaborar um instrumento baseado nas experiências reais dos sujeitos, no seu vocabulário e ambiente de vida. (Piovesan e Temporini, acessado em 04/07/2009) Assim, o estudo de caso realizado durante o curso de Especialização, cuja natureza foi de base qualitativa e exploratória e que, a princípio, não fora idealizado como estudo piloto, serviu como referência para a elaboração dos instrumentos de coleta de dados da presente pesquisa. Essa investigação, que naturalmente se tornou piloto, revelou enfoques, percepções e terminologias específicas de um grupo discente. A informação gerada contribuiu para que a pesquisadora ajustasse as suas percepções à percepção dos alunos participantes da presente pesquisa. Esse ajuste permitiu que os instrumentos de coleta de dados fossem mais adequados ao contexto a ser investigado, “aumentando o grau de objetividade da própria pesquisa, tornando-a mais consentânea com a realidade 87 ”. Nesse sentido, acredito ser importante informar que os questionários elaborados para coleta de dados no presente estudo não foram elaborados a partir de teorias pré-estabelecidas. Na verdade, a elaboração desses instrumentos originou-se da análise da realidade de aproximadamente vinte e cinco alunos de 14 a 17 anos de idade pertencentes a uma escola particular e de um grupo de aproximadamente sete alunos, com idades entre 15 e 17 anos, matriculados em um curso de idiomas. Ambos os grupos, embora provenientes de contextos diferentes, o primeiro de uma escola regular e o segundo de um curso de línguas, detinham conhecimento intermediário da língua inglesa segundo critérios das instituições cujos grupos pertenciam. Durante a pesquisa piloto foram aplicados questionários abertos, semiestruturados e entrevistas que foram cuidadosamente elaborados e reelaborados, sob supervisão de um especialista na área, até que os instrumentos se tornassem adequados para uma coleta final. 85 Disponível em: < http://www.docstoc.com/docs/5227424/Metodologia-da-Pesquisa>. Acesso em: 02 jun. 2009. 86 Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos2/pesquisa-exploratoria-procedimento/pesquisaexploratoria-procedimento2.shtml >. Acesso em: 04 jul. 2009. 87 Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos2/pesquisa-exploratoria-procedimento/pesquisaexploratoria-procedimento2.shtml> Acessado em 04 jun.2009. 77 Em suma, essa fase de investigação piloto possibilitou que esta pesquisadora pudesse realizar uma investigação mais objetiva e amadurecida no presente estudo, valorizando e acrescentando a importância da observação ao contexto de sala de aula outrora ignorado na investigação das crenças dos alunos em relação aos erros orais. 4.3.2 Dos instrumentos de geração de dados Esta seção objetiva expor acerca dos instrumentos aplicados para a geração dos dados da presente pesquisa. Segundo Mackey e Gass (2005, p. 179), ao analisar dados de natureza qualitativa, é necessário levar em consideração a questão de credibilidade e a qualidade dos dados serem transferíveis, ratificáveis e confiáveis 88 . Para atender esses quesitos, é importante que a coleta seja realizada através de diversos instrumentos para fins de triangulação das informações coletadas. Esse preceito também vai de encontro aos princípios da abordagem etnográfica. Conforme afirmam Mackey e Gass (2005, p. 170) “etnografias envolvem (...) a análise repetida e cuidadosa de dados obtidos de fontes múltiplas 89 ”. Com base nos princípios da abordagem etnográfica, a pesquisadora procurou focar também no contexto dos participantes a fim de investigar com maior acuidade as crenças professadas e não professadas nas observações, nas aulas filmadas, questionários (aberto e semiestruturado) e entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo. 4.3.2.1 Observação Conforme já sugerido em seções anteriores, uma pesquisa de natureza etnográfica deve focar na interpretação de dados coletados sem dissociar da influência de elementos contextuais. Segundo Barcelos, os fatores contextuais exercem forte influência nas crenças e, consequentemente, nas ações dos alunos. Nesse sentido, o contexto parece muitas vezes determinar essa relação entre crenças e ações. Assim, pode parecer que as “(...) crenças têm impacto nas ações e as ações que, por sua vez, afetam as crenças. No entanto, não é uma 88 Credibility, transferability, confirmability and dependability (MACKEY; GASS, 2005, p. 179). “(...) ethnographies involve (...) repeated and careful analysis of data obtained from multiple sources” (MACKEY; GASS, 2005, p. 170) 89 78 relação de causa e efeito. É uma relação em que a compreensão dos limites contextuais ajuda 90 na compreensão das crenças (BARCELOS, 2006, p. 32)”. Portanto, por acreditar que o contexto pode, de fato, contribuir para melhor compreensão das crenças professadas pelos alunos, esta pesquisadora atentou não só para as crenças professadas pelos participantes da pesquisa, mas também para a descrição geral do ambiente em questão e dos eventos contextuais específicos relacionados à correção de erros orais. Inicialmente, a pesquisadora optou por estabelecer um primeiro contato com o grupo através de uma observação não-participante. Segundo Mattos (2009, p. 113), “a observação não-participante 91 é aquela em que o pesquisador observa e grava o que ocorre em sala de aula sem se envolver pessoalmente com o contexto pesquisado.” O objetivo desse primeiro contato com o grupo alvo foi verificar através da performance dos alunos durante a realização de uma tarefa se, de fato, o contexto investigado estimulava o desenvolvimento da competência comunicativa e se dentro desse contexto ocorria a correção de erros orais não só entre professor e aluno mas também entre os próprios alunos como estratégia de foco na forma em contexto comunicativo. Após verificar que, de fato, tratava-se de um contexto comunicativo e que a correção de erros orais se fazia presente, foi realizada a gravação em vídeo de duas aulas que posteriormente foram observadas e analisadas. É importante informar que a pesquisadora não esteve presente em nenhum momento durante a filmagem, pois, confo rme sugerem Mackey e Gass (2005, p. 170), “a participação do pesquisador pode mudar a natureza do evento 92 ”. Por isso, houve a tentativa de evitar a presença desnecessária de outros elementos estranhos ao contexto além de uma filmadora, contando assim que os alunos se sentiriam mais a vontade para agir naturalmente, dentro do possível. Em posse das aulas filmadas foram realizados dois procedimentos: primeiramente foi realizada uma transcrição de todos os episódios de correção de erros a fim de realizar um levantamento dos tipos de erros orais corrigidos e das estratégias utilizadas para a correção de erros orais; posteriormente foi realizada uma observação mais abrangente do contexto estudado a fim de ilustrar com maior propriedade o ambiente ao qual os participantes pertenciam. Para esse fim, foi utilizado um esquema de observação de aula, o COLT (Communicative Orientation of Language Teaching), de Fröhlich, Spada, e Allen (1985). A 90 91 92 A ênfase é minha. Grifo da autora. “(...) the researcher’s participation may change the nature of the event” (MACKEY; GASS, 2005, p. 170). 79 observação das aulas filmadas também serviu para elucidar questões específicas que surgiram no processo de triangulação dos dados ao analisar especificamente as crenças professadas nos questionários abertos e semiestruturados. Com isso, é possível constatar que a observação foi um instrumento fundamental para a presente pesquisa devido à riqueza de dados que é possível ser coletado a partir dessa ferramenta. De fato, segundo o entendimento desta pesquisadora, essa foi a etapa de maior importância do presente estudo, pois somente através da ação foi possível observar como se realiza a interação dos participantes no sentido de buscar e fornecer a correção de erros orais em sala de aula. Confo rme sugerem Mackey e Gass (2005, p. 175), “as observações são úteis, pois elas oferecem ao pesquisador a oportunidade de coletar uma grande quantidade/riqueza de dados referentes ao comportamento dos participantes e suas ações dentro de um determinado contexto 93 ”. Porém esses mesmos autores sugerem que é necessária a combinação desse método com outros para acessar quais as motivações dos participantes da pesquisa para determinados comportamentos e ações (op. cit., p.179). Nesse sentido, outros instrumentos também foram utilizados para coleta conforme relatados a seguir. 4.3.2.2 Questionário aberto Segundo McDonough e McDonough (1997, p. 41) “(...) um bom questionário é aquele que é relativamente fácil para ser respondido, fácil de protocolar e avaliar, amigável e sem ambiguidades 94 ”. Nesse sentido, para a elaboração do questionário aberto foram levados em consideração aspectos relacionados à estruturação da pergunta incluindo o vocabulário utilizado, conteúdo, tipos de resposta e a sequência das perguntas no questionário, conforme sugerem Cohen e Manion (1989, p. 97). A experiência proveniente da pesquisa piloto serviu como condição fundamental para orientar o processo de estruturação do questionário aberto dentro dos parâmetros citados por McDonough e McDonough (1997, p. 41). Conforme já mencionado na seção anterior, a primeira observação realizada foi nãoparticipante. Logo após essa etapa, foi aplicado um questionário aberto que serviu de 93 “Observations are useful in that they provide the researcher with the opportunity to collect large amounts of rich data on the participant’s behavior and actions within a particular context” (MACKEY; GASS, 2005, p. 175176). 94 “(…) a good questionnaire is one which is relatively easy to answer, easy to record and evaluate, user-friendly and unambiguous” (McDONOUGH; McDONOUGH, 2005, p. 41). 80 ratificador da similaridade entre as crenças professadas na pesquisa piloto e as crenças professadas no grupo alvo. Tal verificação permitiu que esta pesquisadora avançasse mais confiante na elaboração do questionário semiestruturado que foi elaborado não só a partir das crenças professadas no questionário aberto aplicado no grupo alvo, mas também a partir das crenças professadas na pesquisa piloto. 4.3.2.3 Questionário semiestruturado O questionário semiestruturado foi aplicado com o objetivo de identificar possíveis experiências, interpretações dessas experiências e crenças quanto ao papel da correção de erros orais em sala de aula. O questionário aplicado caracterizou-se por ter algumas questões fechadas e outras abertas. Segundo Abrahão (2006), Os questionários construídos com itens abertos têm por objetivo explorar as percepções pessoais, crenças e opiniões dos informantes. Buscam respostas mais ricas e detalhadas do que aquelas obtidas por meio de questionários fechados. (...). Já o questionário misto, envolvendo algumas questões fechadas e outras abertas, tem sido empregado com o propósito de levantar informações pessoais, curriculares, expectativas e mesmo crenças, para comprovar ou não dados coletados por métodos qualitativos. (ABRAHÃO, 2006, p. 222) Nesse questionário foram investigadas as seguintes questões: • Se os alunos esperam que os erros orais sejam corrigidos • Se os alunos gostam/preferem ou não que seus erros orais sejam corrigidos pelo professor • Como gostaria que os professores corrigissem seus erros orais • Quais os erros orais que têm prioridades de serem corrigidos • Qual o momento mais apropriado para se corrigir um erro oral segundo crenças professadas • Como se sentem ao serem corrigidos pelos colegas É importante destacar que todos os questionários foram elaborados em língua portuguesa, para que o entendimento do que está sendo perguntado fosse facilitado e para que 81 os alunos se sentissem mais confiantes expressar suas crenças. Para melhor a visualização e análise das respostas aos questionários, essas foram consolidadas em uma planilha e eventualmente representadas através de gráficos conforme consta no capítulo 5. 4.3.2.4 Entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo Após a aplicação do questionário semiestruturado, foram filmadas duas aulas e a partir de uma delas foi realizado o que esta pesquisadora nomeou de entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo. Esse instrumento objetivou esclarecer ambiguidades e dúvidas quanto às crenças já professadas nos questionários além de prover mais informações e enriquecer a análise dos dados até então coletados. Conforme afirma Barcelos (2001), “Alguns pesquisadores já sugeriram que entrevistas abertas e observações de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visão bem mais precisa a respeito das crenças” (op. cit., p. 84). Primeiramente, antes de tratar de descrever mais detalhadamente as etapas de aplicação desse instrumento de coleta de dados, pretendo definir melhor o que seria uma entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo, já que, até os dias atuais, esta pesquisadora não encontrou nenhuma literatura que empregasse essa terminologia. Resumidamente, como é de familiaridade de muitos pesquisadores, o termo entrevista semiestruturada consiste na realização de perguntas previamente elaboradas pela pesquisadora. Porém, essas perguntas servem apenas como um roteiro, permitindo que ocorra o desdobramento em outras perguntas não previstas durante a entrevista a partir das repostas dos participantes da pesquisa. Nesse sentido, a entrevista semiestruturada é mais flexível que a estruturada e mais controlada do que a entrevista aberta. O termo ‘retrospectiva’ foi empregado para destacar que a entrevista foi realizada a partir de um olhar para o passado (ERICSSON; SIMON, 1993). É importante salientar que esse olhar voltou-se para um passado recente ocorrido dentro contexto pesquisado e cujos atores eram os próprios participantes da pesquisa. Assim, foi exibida uma das aulas gravadas em vídeo do grupo alvo servindo de estímulo para discussão de um tópico específico. Acredito que a exibição de uma das aulas gravadas fo i um importante instrumento de estímulo que serviu para evocar crenças mais consentâneas com a realidade dos alunos participantes da pesquisa. 82 Conforme sugerem Mackey e Gass (2005, p. 173), a entrevista permite ao pesquisador investigar aquilo que não é observado diretamente, sendo, por isso, uma grande aliada na investigação das crenças, percepções e as atitudes dos participantes desta pesquisa. Além disso, a natureza interativa das entrevistas permite que o pesquisador ‘preencha as lacunas’ dos dados coletados, esclarecendo as ambiguidades ou respostas que à principio pareçam incompreensíveis ou incompletas. Para que fosse realizada essa etapa da coleta, foi agendado um dia e horário para a utilização da sala de vídeo da escola. Em seguida, os alunos que participaram das filmagens iniciais foram convidados a estarem presentes nessa sessão e orientados a expressarem suas opiniões conforme a pesquisadora indicasse o momento. O procedimento utilizado pela pesquisadora foi mostrar aos alunos algumas situações específicas e perguntá- los sobre suas crenças em relação às situações mostradas. As perguntas realizadas serviram mais como um roteiro, incitando uma discussão aberta com toda a turma. Ao término de cada resposta a pesquisadora tentava estimular outras respostas que sustentassem ou refutassem as crenças já professadas dizendo: ‘Mais alguém?’ ‘Todo mundo concorda?’ ‘Alguém discorda?’ ‘Alguém tem algo a acrescentar?’. Conforme conveniente, a pesquisadora também fez uso da estratégia de repetir a resposta do aluno imediatamente após sua fala, de forma neutra, para evocar maiores reflexões e complementações ao que já tivesse sido declarado (MACKEY; GASS 95 , 2005, p. 175). Por exemplo: M7: só melhorando mais, é, quando você vai sendo corrigido, você só vai melhorando e então aprimora. M8: xx corrigindo você se aprimora mais xxx. P: Entendi, [a pesquisadora olha para outra aluna que balançou a cabeça afirmativamente, concordando com a opinião dos alunos que se manifestaram] você acha também que aprimora ... F1: Exatamente, você tem menos chances de errar. Antes da realização da sessão a pesquisadora informou ao grupo alvo que não havia respostas corretas ou erradas e que o importante era falar o que realmente pensavam. Para deixá-los à vontade, a pesquisadora iniciou a seção realizando o seguinte protocolo: • Agradecer a participação dos alunos; • Informar que não existem respostas corretas, é importante apenas apresentar a opinião; 95 Sobre sugestões para realizar uma entrevista: “Mirror the interviewee’s responses by repeating them neutrally to provide an opportunity for reflection and further input.” (MACKEY; GASS, 2005, p. 175). 83 • Explicar por que o grupo foi escolhido. • Explicar o que será feito e como os alunos poderão se manifestar durante o vídeo. • Explicar que os erros a serem mostrados em vídeo sempre seriam considerados em termos de grupo. O último procedimento foi uma tentativa de deixá- los mais à vontade, já que a pesquisadora considerou a hipótese de que alguns alunos poderiam ter seu filtro afetivo elevado ao se verem sendo corrigidos, inibindo a participação durante a entrevista retrospectiva. É importante acrescentar também que todas as etapas da entrevistas foram realizadas em português. Dessa forma, esperava-se que os participantes se sentissem mais confortáveis para expressarem suas opiniões, evitando que os alunos se preocupassem com questões de proficiência ou pronúncia e que, com isso, prejudicassem a qualidade e quantidade dos dados coletados. 4.3.2.5 Outras informações contextuais Concomitantemente à aplicação dos instrumentos de geração de dados supra- citados a pesquisadora tratou de realizar um levantamento de algumas informações específicas relacionadas ao cenário alvo a fim de compor a análise do contexto de sala de aula. Essas informações foram as seguintes: • Perfil da professora regente • Perfil dos alunos participantes Em suma, esta seção objetivou sintetizar os instrumentos utilizados para a geração dos dados coletados. Nas próximas subseções tratarei de realizar a contextualização da pesquisa. 4.4 Do contexto de pesquisa A pesquisa foi realizada em uma das filiais de uma escola particular localizada em um bairro de classe média da zona norte do Rio de Janeiro. Atualmente, o objetivo do ensino de 84 língua inglesa na escola consiste em desenvolver a competência comunicativa dos alunos. Essa nova abordagem ao ensino de língua inglesa foi adotada, na referida escola, em 2005 e ainda encontra-se em processo de adaptação. Por isso, segundo a professora regente, os professores ainda procuram formas de melhorar sua prática dentro desse novo contexto; portanto, muitas discussões ainda são necessárias para alcançar o progresso no ensino da língua inglesa para fins comunicativos. Uma das mudanças já efetuadas consiste na divisão de uma turma de 40 alunos em dois grupos com no máximo 20 alunos objetivando alcançar resultados mais eficientes na aprendizagem da língua em questão. As aulas desses grupos acontecem simultaneamente, cada grupo com um professor diferente que segue m a mesma abordagem e têm o mesmo objetivo. Segundo a professora regente, o livro adotado pela escola contribui para que os professores alcancem o objetivo inicialmente estabelecido. O livro adotado é o Connect, de Jack Richards, Carlos Barbisan, Chuck Sandy & Dorothy Zemach, da editora Cambridge University Press. O livro é dividido em quarto volumes, cada um correspondendo a níveis diferentes. É importante mencionar que o referido material didático foi elaborado sob os princ ípios dos PCNs (Parametros Curriculares Nacionais) 96 . Portanto, esse material foi criado para atender às necessidades de alunos brasileiros do nono ano do ensino fundamental. 4.4.1 Dos participantes da pesquisa O grupo é constituído de adolescentes de 13 a 14 anos de idade, a grande maioria pertencente às famílias de classe média. As aulas regulares de língua inglesa acontecem às terças e quintas- feiras das 16:30 às 17:30 da tarde. A pesquisadora optou por deixar os alunos à vontade caso não quisessem fazer parte das aulas filmadas. Por isso, de um total de quatorze, treze alunos participaram da pesquisa. Os discentes participantes do presente estudo estão cursando o nono ano do nível fundamental e têm um nível pré- intermediário da língua inglesa segundo parâmetros estabelecidos pela instituição de ensino em questão. Segundo a professora, esses alunos são extremamente motivados a estudar inglês. De fato, a pesquisadora observou que é um grupo 96 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf >. Acesso em: 23 fev. 2011. 85 bastante motivado e participativo. A professora regente acredita que tal motivação se origina, principalmente, de seus familiares e de conhecidos que são muito bem sucedidos em suas vidas por causa do conhecimento da língua inglesa. Ainda segundo informações da professora regente, esse grupo é extremamente competitivo e cada aluno mostra-se genuinamente preocupado em superar dificuldades pessoais para mostrar bons resultados. Além disso, o objetivo desses alunos parece ser adquirir a competência comunicativa, pois estão sempre muito interessados em desenvolver conversações e entender filmes e músicas na língua inglesa. O grupo parece possuir boa compreensão auditiva. De fato, as aulas são ministradas na língua-alvo e os alunos parecem entender bem as instruções dadas pela professora, conforme já observado em visita realizada em 2009 para fazer reconhecimento do contexto a ser pesquisado. 4.4.2 Do professor regente Esta seção objetiva focar na provisão de dados considerados por esta pesquisadora de extrema importância não só para informar o perfil da professora participante da pesquisa, mas também para o entendimento dos princípios que possivelmente regem a sala de aula em questão. As informações a seguir foram coletadas a partir de entrevista e da leitura de uma seção de um trabalho de pesquisa realizado e escrito pela professora regente durante um curso de pós-graduação realizado em 2007-2008. Acredito que esta seção pode contribuir para melhor compreensão do contexto estudado. A professora regente, que será doravante referida como ‘professora W’ para preservar a verdadeira identidade, tem 29 anos e vem atuando como professora de língua inglesa desde 1997. Isso significa que W já atuava como professora antes mesmo de graduar-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2004. Com a graduação concluída, conquistou os graus de bacharel e licenciado no curso de língua inglesa e respectivas literaturas. Sua experiência inicial resumiu-se ao ensino de língua inglesa para crianças de cinco a sete anos de idade. A professora regente reconhece e afirma que antes da graduação, como não tinha nenhum suporte teórico e nem experiência na área, todas as sua decisões e atitudes em sala de aula eram baseadas na intuição. Com o tempo, a partir da experiência que foi se 86 construindo em conjunção com a intuição, a professora percebeu que o fato de alguns alunos não apresentarem o mesmo desenvolvimento na língua-alvo que outros, não significava que tinha fracassado em seus objetivos como professora, mas que, na verdade, havia diferenças individuais que deveriam ser respeitadas. A professora regente afirma que foi um período doloroso até ela se dar conta de que ela não era a única responsável no processo da aprendizagem de seus alunos, o qual, na verdade, depende de uma série de variáveis, inclusive o respeito às preferências individuais. A professora regente afirma que seu contato com pesquisadores e as teorias de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras ocorreu apenas durante a graduação e, posteriormente, pós-graduação. W comenta que durante o período em que lecionava inglês antes da graduação, ela sempre acreditou que a aprendizagem da língua-alvo acontecia através da imitação. No entanto, ao conscientizar-se dos processos de ensino e aprendizagem de língua inglesa após muito estudo e engajamento em pesquisa, ela percebeu que, assim como afirma Lightbown e Spada (2006, p. 183), as crianças podem até repetir muitas coisas que ouvem, mas nem tudo que produzem é cópia perfeita do que ouviram. A professora percebeu que os alunos são autênticos e criativos. Durante sua vida profissional e acadêmica, a professora W afirma ter se conscientizado também de que o professor não é um recipiente repleto de todo conhecimento pronto para ser transmitido aos alunos. Ela percebeu também que os alunos podem, na verdade aprender com outros alunos, e assim em uma relação de colaboração alunos e professores podem construir conhecimento juntos. Além disso, a professora percebeu ainda a importância de estar ciente do perfil do público alvo e de estar atenta às necessidades dos alunos. Tais percepções sugerem uma profissional de perfil reflexivo, comprometida em aprimorar a prática e em constante formação. Quanto à experiência profissional, além de já ter lecionado crianças a professora regente também trabalhou com o ensino de inglês para adultos no Instituto de Línguas do SENAC. Após uma vasta experiência no ensino da língua estrangeira em questão às crianças e adultos, em 2001 a professora recebeu um convite para ensinar adolescentes em uma escola particular da zona norte, onde atua até os dias atuais. No início, a professora foi orientada que o ensino da língua inglesa deveria realizar-se dentro da metodologia de uma reconhecida escola de línguas que baseava-se em exercícios de repetição, drills, memorização e tradução. Segundo o criador desse modelo, a 87 responsabilidades dos professores era transmitir uma série de regras e fórmulas durante o processo de aquisição da língua-alvo. Embora fosse favorável ao foco na forma, W não se sentia confortável com a predominância do uso da língua materna em sala de aula e nem com a metodologia sugerida. Uma das críticas da professora é que, segundo a metodologia, o ensino da gramática deveria ocorrer implicitamente. Mesmo que os alunos tentassem buscar por explicações mais explícitas, o professor tinha a obrigação de evitar tal abordagem. Mesmo contrariada, a professora optou por dar continuidade ao seu trabalho na escola já que seria uma ótima oportunidade de adquirir experiência em ensinar adolescentes. W afirma que já aprendeu muito com os adolescentes. Inclusive, foi através deles que ela mudou a forma que costumava corrigir erros. Segundo a professora, no passado ela costumava corrigir seus alunos o mais explicitamente possível. Na época, ela acreditava que havia apenas essa forma de corrigir erros e que era a mais eficiente. A professora atribui essa atitude ao fato de ter estudado em uma escola de línguas que procedia da mesma forma. Porém, um certo dia, durante uma atividade em par, ao invés da aluna dizer, I went to the beach on the weekend, ela disse I goed to the beach ..., então, imediatamente, W disse ter corrigido a aluna fazendo uso de metalinguagem. Além de contrariar o método e a orientação de não utilizar terminologias em sala de aula, W percebeu que ela deixou a aluna desconcertada, inibida e que após a correção da professora, a aluna se sentiu ainda mais insegura em responder outras questões. Além disso, foi observado que todas as vezes que a professora se aproximava a aluna enrubescia e ainda se recusava a falar. A professora afirma que, daquele dia em diante, ela decidiu adotar outras formas de corrigir os erros, do contrário ela poderia bloquear a possibilidade de interação com seus alunos. Assim, após conversar com alguns colegas de trabalho para trocar experiências, ela passou a adotar remodelação que é uma forma mais implícita de correção de erros que consiste em repetir a frase que o aluno falou errada mas com o item corrigido, sem chamar atenção para o erro. Foi assim que, por um longo tempo, W passou a responder aos erros dos alunos apenas através da remodelação ao invés de apontar mais explicitamente para os erros dando explicações gramaticais como fazia anteriormente. Acontece que, enquanto teve acesso aos artigos de diversos pesquisadores durante o curso de pós-graduação (Especialização) em Linguística Aplicada: Ensino/Aprendizagem do Inglês como Língua Estrangeira, concluído em 2008 pela Universidade Federal Fluminense, a professora descobriu que há diversas formas de se corrigir um erro que também poderiam ser 88 tão eficazes quando a remodelação, como, por exemplo, a correção entre colegas, a expressão facial, gestos, entre outros. Ela diz que passou a concordar com Lyster e Ranta (1997) que em seus estudos destacaram “o fato de que o tratamento instrucional como a correção de erros pode interagir com as características dos alunos e contextuais de formas complexas 97 ” (LYSTER; RANTA, 1997, p. 39). Em 2004, ainda trabalhando com os adolescentes na escola privada, W foi convidada a coordenar o departamento de língua inglesa da escola. Ela afirma que esse foi um grande desafio pois além de se considerar pouco experiente na prática de ensino de inglês como língua estrangeiras para adolescentes, foi- lhe atribuída a missão de mudar a metodologia das aulas de inglês para uma abordagem comunicativa do ensino da língua-alvo. Como coordenadora, a professora era a responsável por escolher um material adequado à idade e nível dos alunos e que estimulasse as habilidades comunicativas na língua inglesa em sala de aula. Além disso, W teria que escrever um plano de curso para cada série e também contactar uma pessoa responsável por instruir e orientar a equipe de professores quanto à nova abordagem. Acima de tudo, ela era a responsável por realizar quaisquer adaptações necessárias para que os alunos alcançassem o principal objetivo: o desenvolvimento da competência comunicativa. Segundo W, uma das mudanças necessárias para se alcançar resultados efetivos foi a divisão da turma que, em média, é composta de 40 alunos, em dois grupos de no máximo 20 alunos durantes as aulas de língua inglesa. Cada uma dessas metades tem aula de inglês simultaneamente, mas com diferentes professores que seguem as mesmas orientações e têm os mesmos objetivos. Essa nova abordagem foi primeiramente adotada na filial diretamente coordenada pela professora regente na época, como um projeto piloto. Com o sucesso a implementação inicial, a abordagem comunicativa foi adotada em todas as filiais. Segundo a professora regente, uma das dificuldades que pareceu encontrar até então na implementação da nova abordagem nas filiais, foram os mitos de concepções erradas que muitos professores ainda possuíam em relação à abordagem comunicativa. Segundo W, muitos ainda acreditavam que uma aula comunicativa não deve focar na forma, apenas no significado. Essas visões bastante divergentes entre professores levaram à realização de 97 “ (…) the fact that instructional treatments such as error correction may interact with learner characteristics and contextual features in complex ways” (LYSTER; RANTA, 1997, p. 39). 89 encontros mensais a fim de discutir que a abordagem adotada, na verdade reivindica por maiores oportunidades de foco na forma em contexto comunicativo (SPADA, 2006, p. 264). Em suma, acredito que o relato até então realizado possa elucidar a investigação proposta, contribuindo para uma análise mais fidedigna do contexto de sala de aula e da ação/atitude não só da professora, mas, principalmente, dos alunos, pois conforme sugerido pela professora regente em entrevista, a atitude dos alunos dependem muito da atmosfera criada pela professora em sala de aula. Acredito que esta seção contribuiu para esclarecer não só o perfil da professora, mas também que tipo de atmosfera a professora acredita criar em sala de aula. 4.4.3 Da pesquisadora Tenho 29 anos e leciono inglês para adolescentes e adultos em níveis básico, intermediário e avanç ado em escolas de línguas há 7 anos. Assim como a professora regente, sou graduada em Letras (inglês e respectivas literaturas) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, especializada em Linguística Aplicada ao Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua Estrangeira pela Universidade Federal Fluminense e, no momento, sou aluna do curso de Mestrado em Letras da Universidade Federal Fluminense. Durante o curso de Especialização aprofundei- me na prática do ensino reflexivo o que me levou a reconhecer a importância de, como professora de língua inglesa, estar sempre atenta às necessidades dos alunos e, acima de tudo, às suas crenças. É com grande respeito que trato desse assunto, pois acredito que as crenças estão para a aprendizagem como o combustível está para o veículo: são as crenças que nos movem, que nos guiam, que nos motivam a seguir adiante. Sem elas temos grandes chances de perdermos a referência e até estagnarmos, perdendo grandes oportunidades. Acredito que através das crenças os professores podem ter contato mais direto com a realidade dos alunos e, por isso, um bom trabalho pode ser realizado a partir delas. Meu caminho na pesquisa começou ao observar que alunos podem aprender através da correção de erros orais, uma estratégia muito comum em contexto comunicativo de ensino de inglês como língua estrangeira no Brasil. Decidi então investigar o que os alunos pensam em relação a essa experiência tão recorrente em sala de aula. Foi assim que uma investigação iniciada durante o curso de Especialização na Universidade Federal Fluminense resultou no atual estudo. 90 4.5 Dos procedimentos de análise de dados Uma pesquisa de natureza etnográfica deve fazer uso de instrumentos diversos e deve, acima de tudo, dar enfoque ao contexto a fim garantir que os significados construídos a partir da interpretação dos dados aproximem-se ao máximo de revelar/informar fidedignamente quanto a um determinado evento dentro de um determinado ambiente. Devido ao uso de instrumentos diversos como a observação sistematizada das aulas filmadas, questio nário aberto, questionário semiestruturado e a entrevista retrospectiva, a análise dos dados foi dividida em dois momentos: primeiramente foi realizada uma análise das aulas filmadas objetivando retratar o contexto pesquisado; posteriormente, foi realizada uma análise interpretativista dos questionários abertos e semiestruturados. A entrevista retrospectiva realizada com os alunos serviu para enriquecer as análises realizadas nas duas fases. Para analisar o contexto de sala de aula foram observados aspectos diversos considerados importantes para descrever e informar quanto ao cenário em questão, além da descrição da ocorrência de um evento específico, a correção de erros orais, que é o foco da presente pesquisa. Para a descrição desse evento a pesquisadora preocupou-se em detalhar os tipos de erros orais corrigidos pelo professor (gramatical, lexical, pronúncia ou pragmático), as opções de tratamento de erros utilizadas (remodelação, feedback metalinguístico, etc), os agentes da correção (a professora, o aluno/autocorreção ou colegas) e as atitudes dos alunos em sala de aula no momento da correção de erros orais. Foram realizadas transcrições de todos os momentos em que houve ocorrência de correção de erros orais, segundo critérios sugeridos por Allwright e Bailey (2004). A transcrição encontra-se nos anexos. Para a análise dos questionários foi elaborado um quadro por item do questionário onde é possível visualizar a resposta individual. A cada quadro segue uma interpretação geral da pesquisadora. As respostas aos questionários também estão nos Anexos. Ao terminar a análise minunciosa das duas fases estabelecidas pela pesquisadora, seguirá uma seção onde as perguntas de pesquisa serão respondidas a partir das correlação entre contexto, comportamento e crenças, conforme sugere Barcelos (BARCELOS, 2001, p. 72), tendo por base as análises anteriores. 91 Embora a teoria tenha sido discutida anteriormente à análise dos dados, a primeira serviu apenas como guia no processo de investigação já que a pesquisadora optou por seguir os princípios da abordagem contextual (BARCELOS, 2001, p. 84), que sugere que o sentido surja a partir dos dados. Nesse sentido, novas categorias foram identificadas e acrescentadas durante a análise dos dados. Em suma, no próximo capítulo será apresentada uma análise dos dados coletados, proveniente da investigação sobre as crenças dos alunos em relação à correção dos erros orais com base na interpretação da pesquisadora quanto aos sentidos gerados a partir da análise dos próprios dados. 92 5. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS Este capítulo objetiva a análise dos dados coletados. Inicialmente, será realizada uma análise do contexto. E, por último, a análise das crenças professadas nos questionários aberto, e semiestruturado. Essa etapa final de análise será enriquecida com esclarecimentos manifestados pelos alunos participantes a partir da entrevista retrospectiva semiestruturada e com as inferências desta pesquisadora com base na análise prévia do contexto. Segundo Barcelos (2001), “(...) uma investigação do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experiências e ações; (b) suas interpretações sobre essas experiências; e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiências.” Assim, a investigação das diferentes perspectivas apontadas por Barcelos (2001) faz-se importante, para identificar, mais precisamente, as crenças dos alunos quanto à correção de erros orais em sala de aula. No presente estudo, tentei abordar as diversas dimensões propostas por Barcelos com o objetivo de responder às perguntas de pesquisa inicialmente propostas. Apenas a questão de como esse contexto molda as experiências do grupo alvo não foi considerado foco nesta pesquisa. Porém a pesquisadora pode ter realizado inferências e comentários gerais dessa natureza a partir da análise dos dados. Na tentativa de facilitar o entendimento da organização do presente estudo, segundo proposta de Barcelos (2001), este capít ulo será dividido em seções e subseções. A primeira seção (5.1) tratará do contexto de sala de aula. Esta será dividida em mais duas subseções (5.1.1 e 5.1.2). Na primeira, retomo a descrição do contexto de sala de aula e da abordagem de ensino de línguas adotada pela professora. Para certificar-se de uma descrição mais 93 fidedigna do contexto de sala de aula, a pesquisadora aplicou um esquema de observação. O esquema de observação adotado foi o COLT (Communicative Orientation of Language Teaching), de Fröhlich, Spada, e Allen (1985). Para garantir que o objetivo da pesquisadora em detalhar o contexto de sala de aula seja alcançado, será utilizado apenas a parte A do esquema que sofreu adaptações por melhor adequar-se ao presente estudo. Na subseção 5.1.2, serão observadas as ações e experiências dos participantes em relação à correção de erros orais através da observação das formas de tratamento de erros orais utilizadas pela professora regente e os tipos de erros orais cometidos pelos alunos. Embora tenham sido filmadas apenas duas aulas, esta pesquisadora entende que essas aulas seriam uma amostra do que normalmente ocorre frequentemente na sala de aula em foco. Subsequente à seção que trata do contexto, segue a triangulação dos dados onde serão apresentadas subseções que tratarão de mostrar a análise das crenças dos alunos sobre suas experiências através das crenças professadas em questionário aberto, semiestruturado e em entrevista retrospectiva. A entrevista retrospectiva colaborou imensamente para a interpretação dos dados pela pesquisadora nessa última subseção, através da provisão de esclarecimento, ratificação ou enriquecimento da análise das crenças professadas nos questionários. 5.1 Descrevendo o contexto de sala de aula Esta seção descreve o ambiente de sala de aula com a finalidade de expor fatores contextuais que possam ter influenciado ou ainda podem influenciar na formação das crenças dos alunos participantes da pesquisa em relação à correção de erros orais dentro de um determinado contexto. Nesse sentido, o ambiente retratado durante as subseções a seguir servirá de base para a triangulação dos dados que será realizado na seção 5.2 subsequente. 5.1.1 A sala de aula Nesta subseção pretendo realizar uma exposição do contexto pesquisado. O critério utilizado como norteador desse levantamento consiste na adaptação de um esquema de observação comumente utilizado entre pesquisadores que objetivam realizar a descrição de 94 um contexto de sala de aula comunicativo. O esquema de observação aplicado foi o COLT98 de Fröhlich, Spada, e Allen (1985), que foi traduzido por esta pesquisadora como ‘Esquema de Orientação Comunicativa do Ensino de Línguas’. A parte A desse instrumento divide-se em: tipo de atividade, organização dos participantes, conteúdo, modalidade de aluno e material, aspectos que serão brevemente abordados a seguir. A importância desta subseção está em não só contribuir para a interpretação dos dados coletados, mas também é uma tentativa de garantir o quesito transferability (Mackey; Gass, 2005, p. 180); que em uma tradução direta significaria ‘qualidade do que é transferível’. Segundo Mackey e Gass (2005, p. 180), para garantir que o resultado da análise de uma pesquisa qualitativa seja aplicável a um outro contexto, é necessário uma descrição densa/detalhada (thick description) do contexto pesquisado. 5.1.1.1 Tipo de atividade Segundo o esquema COLT, esse é um parâmetro aberto, sem nenhuma descrição prédeterminada. Embora o esquema sugira a descrição de cada atividade realizada detalhadamente, esta pesquisadora optou por realizar uma descrição mais generalizada das atividades realizadas durante as duas aulas filmadas, preocupando-se com detalhes apenas quando julgou ser fator relevante para contribuir para análise das crenças dos alunos participantes da pesquisa quanto à correção de erros orais. Segundo currículo da escola, os professores devem administrar suas aulas para que ao término de uma etapa curricular, os alunos tenham a oportunidade de revisar a matéria antes dos procedimentos avaliativos. Apesar de a escola adotar um material didático específico para fins comunicativos, durante essas aulas de revisão os professores ficam livres para realizar as atividades que acharem mais convenientes com o objetivo de revisar o conteúdo e dar oportunidade para que os alunos avaliem os conhecimentos adquiridos e esclareçam suas dúvidas. Assim, a professora regente optou por aplicar exercícios extras que oportunizassem aos alunos trabalhar as quatro habilidades: compreensão auditiva, leitura, escrita e, principalmente, produção/conversação. Percebe-se que a aula versou ora sobre exercícios 98 Communicative Orientation of Language Teaching 95 mais estruturados e controlados para revisar itens gramaticais, ora sobre atividades menos controladas, e ora na prática e produção livre, sempre levando em conta o tema central pautado em um currículo funcional e nocional. Os exercícios encontram-se no anexo. 5.1.1.2 Organização dos participantes Esse parâmetro proposto pelo COLT, descreve os padrões de organização dos participantes em sala de aula. É uma observação muito importante para se identificar a atitude da professora regente em relação ao processo de aprendizagem dos alunos participantes. Essa perspectiva é também importante para examinar se o contexto investigado organiza-se de modo a facilitar a aplicação dos princípios de uma abordagem comunicativa conforme sugerido pela professora regente em entrevista. Entre as categorias estabelecidas dentro desse parâmetro, foram identificadas as seguintes: Quadro 01: Organização dos participantes. CATEGORIAS DESCRIÇÃO Da professora para toda a turma, e central guiada pela professora está interage com toda a turma e/ou com professora está trabalhando com toda a Toda a turma vice versa (uma atividade acontecendo; a professora alunos individualmente. A turma) De aluno para aluno, ou de aluno(s) para a turma (os alunos conversam entre eles, tanto como parte da lição quanto como forma de socialização; uma atividade central guiada pelo aluno pode estar acontecendo, por exemplo, um grupo de alunos atuando em uma cena enquanto os demais alunos da turma atuam como a audiência.) Trabalho em coro. (a turma toda participa em coro, repetindo o modelo oferecido pela professora ou pelo texto). É o caso, por exemplo, quando os alunos respondem à correção dos exercícios em coro. Trabalho em grupo (como é organizado) Todos os grupos trabalhando na mesma tarefa. Porém, não foram observados grupos trabalhando simultaneamente em tarefas diferentes. 96 Trabalho Os alunos trabalham individualmente na mesma tarefa. Não foram individual observados alunos trabalhando individualmente em tarefas diferentes. Trabalho pares em Alunos trabalham em pares dividindo informações novas e relacionadas à realidade do aluno com o colega. Dentre as categorias relacionadas acima apenas a última não pertence originalmente ao esquema COLT. Esse item foi relacionado a partir da observação das aulas filmadas. É importante ressaltar também que apenas uma categoria originalmente contida no esquema não foi observada nas aulas filmadas. Não foram constatadas ocasiões em que alunos realizavam uma tarefa em grupo enquanto outros trabalhavam sozinhos. Acho importante ressaltar também a organização dos lugares dos alunos da sala de aula do contexto pesquisado. Acredito que a disposição das carteiras pode ser um grande aliado na facilitação da interação entre os participantes da sala de aula em contexto comunicativo. Nesse sentido, o ambiente, ao oportunizar e facilitar a ocorrência de diversos tipos de interação possíveis em sala de aula, possivelmente contribui para que os benefícios da correção de erros sejam ainda maiores, já que os alunos terão maior espaço para testar suas crenças e reformulá- las segundo suas próprias experiências. Tradicionalmente, as carteiras eram dispostas em fileira e os alunos tinham somente a visão do quadro, da professora e da nuca do colega sentado à frente. Qualquer tentativa de diálogo com o colega detrás poderia ser considerado uma interferência na ordem e esse comportamento seria, consequentemente, classificado como indisciplinado. Acredito que essa visão restrita em relação às possibilidades de interação em contexto tão multifacetado limitava não só o campo de ação do professor, mas também o desenvolvimento do próprio educando. Portanto, o observado no contexto investigado vai de encontro a uma perspectiva mais tradicional de organização da sala de aula. Na sala de aula investigada, as carteiras são organizadas em semicírculo facilitando o contato visual dos alunos não só com a professora mas também com o grupo e com todo o ambiente. Dentro desse contexto, o aluno possivelmente sente-se com maior liberdade de dialogar com o outro aluno que se encontra do outro lado da sala, conforme o desejar, não só através da palavra, mas através de gestos também. E é dentro desse contexto mais humanista da sala de aula que os participantes 97 sentem-se mais confortáveis para colaborar com o colega e trocar experiências, permitindo a formulação e reformulação de crenças a partir das próprias experiências. FIGURA 02: Representação da sala de aula tradicional x sala de aula investigada 99 . Quadro Professor Quadro Mesa do professor Mesa do professor Carteiras Carteiras Professor Figura 1: Sala de aula tradicional Figura 2: Sala de aula investigada 5.1.1.3 Conteúdo Os tópicos das aulas de revisão versaram sobre como fazer planos para um futuro incerto e sobre como falar dos planos que não se concretizaram num passado determinado. Os aspectos gramaticais abordados foram, respectivamente, o futuro will e o passado simples. Em relação ao vocabulário, as folhas extras apenas sugeriram um vocabulário básico para que alunos fossem equipados com o mínimo de informação para dar início à realização das tarefas. Foi observado que o escopo semântico evoluiu à medida que os alunos desenvolviam as tarefas. Nesse sentido, é possível informar que o vocabulário partiu da realidade dos alunos, já que surgiu de acordo com suas necessidades de expressar uma experiência ou expectativas pessoais. T: Well, tell me please, activities for a sunny day ... Give me ideas… LLL: xxx, go to the beach, go to the gym, go to orkontro … T: I’ll write down, just a second. What can you do on a sunny day? M1: Go to orkontro! 99 Baseado na representação de agrupamento de sala de aula segundo Harmer (2009, p.162-163) 98 M2: Ride a bike. T: Ride a bike. What else: M1: Go to orkontro! T: Orkontro? What’s this? M1: The party!!xxx (...) M2: Go to the night parties ... Lapa. T: I didn’t understand … M2: Go to the night places in the Lapa. T: Go to Lapa? Lapa night. (…) (Aula dia 24/06/2010, 41’:05’’) Embora a professora regente seja não só a responsável pelo tópico abordado, mas também àquela que detém o controle do assunto, existe uma abertura para que os alunos contribuam com a aula trazendo e trocando experiências pessoais. Durante as aulas filmadas foi possível observar a predominância do foco na forma (gramática, vocabulário ou pronúncia) dentro de um contexto comunicativo, principalmente através da correção de erros. Os aspectos relacionados ao uso da língua (pragmática) e pronúncia foram trabalhados a partir das necessidades dos alunos. E finalmente, entre as subcategorias contidas nesse parâmetro (referência de variação reduzida, referência de variação limitada e referência de variação ampla 100 ) foi verificada maior ocorrência da referência de variação limitada. Tópicos dessa subcategoria referem-se às informações que tratam de assuntos externos à sala de aula, mas ainda de concepções limitadas: cinema, férias, atividades extracurriculares e assuntos relacionados à vida partic ular e pessoal do aluno. As folhas extras com o conteúdo abordado encontram-se nos Anexos. 5.1.1.4 Modalidade de aluno Segundo critérios pré-estabelecidos por Fröhlich, Spada, e Allen (1985), esta subseção identifica as várias habilidades envolvidas na atividade de sala de aula. O foco é no aluno, e o propósito é descobrir se o aluno está desenvolvendo a compreensão auditiva, produção, leitura ou escrita ou se essas atividades estão ocorrendo em formas combinadas. 100 Cada subcategoria está explicada no esquema de observação utilizado que se encontra nos Anexos. Fonte: esquema COLT. 99 Conforme pode ser observado nas aulas filmadas e nas folhas de exercício incluídas nos Anexos, houve uma tentativa de desenvolver as quatro habilidades da fala, escrita, leitura e compreensão auditiva durante as aulas. E, mais importante, os alunos receberam tanto o feedback positivo quanto o negativo (correção de erros) do professor e dos próprios colegas. A pesquisadora entende que o contexto pesquisado ofereceu oportunidades variadas para a professora regente explorar formas diversas e criativas de motivar os alunos no processo de ensino e aprendizagem em contexto comunicativo e de prover correção de erros orais, conforme necessário. 5.1.1.5 Material O parâmetro material descreve o material utilizado em conexão com a atividade de sala de aula. Abaixo segue m quadros organizados pela pesquisadora a partir do esquema proposto. Acredito que esses quadros oferecerão uma análise mais definida do material utilizado no contexto da sala de aula observada. Quadro 02: Tipo de material. Tipo de material Texto Sim Áudio Sim Visual Sim Os textos utilizados foram diálogos, mais especificamente as falas de personagens e um texto dissertativo ambos sobre os tópicos abordados. Também foi aplicada uma atividade voltada para a compreensão auditiva. Percebe-se que o foco na forma é abordado de forma contextua lizada (vide folha extra 2, nos Anexos). Já os materiais visuais utilizados consistiram tanto nas figuras de apoio presentes na própria folha de exercício quanto em figuras utilizadas pela professora, afixadas ao quadro para servir de apoio aos alunos para realizarem as atividades de conversação. 100 Quadro 03: Fonte e o objetivo do material Fonte e o objetivo do material Pedagógico (especificamente elaborado para o ensino da língua Sim inglesa) Não-pedagógico (material originalmente direcionado à objetivo Não não escolares) Semi-pedagógico ( utilização de objetos da vida real e textos Sim mas de forma modificada) O material foi certamente elaborado especificamente para o ensino da língua-alvo, mas não posso ignorar a inclusão da realidade do aluno durante a realização das tarefas. Por isso, embora o material seja predominantemente pedagógico, houve momentos de utilização da realidade dos alunos, o que eu considerei semi-pedagógico. Conforme já comentado na seção de conteúdos, o objetivo do material é focar na forma em contexto comunicativo. Por isso, os alunos revisam a forma futuro com will e o passado simples através do seu uso ao fazer planos incertos e tratar de um passado determinado, respectivamente. Quanto ao uso do material, esse parâmetro oferece as opções relacionadas no quadro abaixo : Quadro 04: Uso do material (nível de controle) Uso do material (nível de controle) Altamente controlado (forte adesão ao material) Sim Semi-controlado (extensão ocasionais para além das restrições Sim impostas pelo material.) 101 Minimamente controlado ( materiais como ponto de partida para o Não inicio de uma conversação, que pode abranger uma ampla variedade de assuntos). A pesquisadora observou que prevaleceu uma forte adesão ao material. Porém houve momentos em que o material serviu de apoio como ponte de partida para que o aluno pudesse participar sua realidade a partir do conteúdo sugerido nos exercícios propostos. Em suma, embora o ambiente seja positivo para a realização de atividades comunicativas, ainda há restrições impostas pela atitude da professora regente no que concerne ao controle sobre o desempenho dos alunos na realização de algumas tarefas. Acredito que muitos professores, incluindo a pesquisadora, na prática, ainda encontram-se com muitos questionamentos quanto ao que seria a atitude ideal por parte dos professores de modo que os alunos aproveitem plenamente as oportunidades de aprendizagem em contexto comunicativo sem terem a sensação de que a aula ficou muito ‘solta’. Essa sensação por parte dos aprendizes é negativa dentro do processo de aprendizagem, pois pode resultar em desmotivação. A pesquisadora acredita que o melhor caminho para aperfeiçoarmos nossa prática seja através do trabalho nas crenças e o primeiro passo nesse sentido é tomar consciência delas. 5.1.2 A correção de erros orais no contexto investigado Esta subseção trata-se de uma análise do contexto que vai além do proposto pelo esquema de observação utilizado. Já que a pesquisa propôs a investigação das crenças dos alunos em relação à correção de erros orais em contexto comunicativo, concluí ser de extrema importância não só a aplicação do esquema de orientação comunicativa do ensino de línguas (COLT), mas também a análise dos tipos de correção de erros orais utilizados pela professora regente, assim como dos tipos de erros que ocorrem no contexto investigado. A importância desse tipo de análise consiste da noção que se tem de que as crenças são complexas, dinâmicas, interativas e recíprocas (BARCELOS, 2004), conforme já discutido na subseção 4.2.1 (cf. da pesquisa interpretativa). Isso significa que as crenças não só influenciam os comportamentos, mas também são reciprocamente influenciadas por eles. É importante 102 ressaltar que é justamente o ambiente que irá oportunizar a realização desses comportamentos através das oportunidades de interação dos alunos com o meio e seus participantes. Ao interagirem com os elementos dinamizadores da aprendizagem, os participantes testam suas hipóteses e suas crenças em relação, por exemplo, à correção de erros orais em contexto comunicativo. Esse teste realiza-se através das suas atitudes e do que o próprio ambiente tem a oferecer. Nesse sentido, a presente subseção faz-se importante para uma análise mais acurada de experiências específicas dos participantes oportunizadas não só pelos participantes, mas pelo próprio contexto investigado. 5.1.2.1 Correção dos erros orais: as estratégias utilizadas pela professora regente Esta subseção discorrerá sobre as catego rias de tratamento de erros orais que foram identificadas na presente pesquisa. Há muitas formas de se tratar ou corrigir um erro, conforme afirmam Cunha e Lima (2002). Porém, nem todas são utilizadas pelos professores. Acredito que ao fazer uso das diversas opções de tratamento de erros o professor estará contribuindo para que diversas habilidades sejam desenvolvidas na sala de aula. Foram utilizadas como parâmetro para a classificação dos tratamentos as categorias sugeridas por Lyster e Ranta (1997), porém foram acrescentadas novas categorias de acordo com os dados obtidos. Antes de abordar o referido tema, acredito ser importante atribuir uma definição para ‘correção’. Segundo Allwright e Bailey (2004) e Cunha e Lima (2002), Chaudron (1976: 31) definiu reação corretiva como “qualquer reação do professor que transforma, que com desaprovação refere-se a, ou demanda aperfeiçoamento de um comportamento ou da fala do aprendiz101 .” (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p.86). Para o presente estudo, acrescentarei à definição proposta importância de não só do professor, mas também do colega mais capacitado atuar como agente da correção do erro. A partir dessa conceptualização, trato a seguir das categorias de tratamento de erros utilizadas no presente estudo. Entre as opções de tratamento classificadas por Lyster e Ranta (1997) temos: explicit error correction, recasts, elicitation, clarification requests, metalinguistic feedback e 101 “Chaudron also used the concept of ‘corrective reactions’ – defined as ‘any reaction by the teacher which transforms, disapprovingly refers to, or demands improvement of, a student’s behavior or utterance” (ALLWRIGHT; BAILEY, 2004, p. 86). 103 repetition, que serão traduzidos na presente pesquisa respectivamente como correção de erro explícita, remodelação, elicitação, pedido de esclarecimento, feedback metalinguístico, repetição. e Com análise dos dados foram acrescentadas ainda as seguintes categorias: demonstração, correção entre colegas e linguagem corporal. Subsequentemente, tratarei de definir cada opção de tratamento do erro exemplificando com os dados apresentados na presente pesquisa. A correção de erro explícita é aquela que se baseia na indicação explícita da ocorrência de um erro e no fornecimento também explícito da forma correta pelo professor. Por exemplo: LLL: teaches / tsits?s/ T: Pay attention to the pronunciation: /ti:ts/ [correção de erro explícita] LLL: teach /ti:ts/ (Aula 22/06/2010) A remodelação consiste na reformulação total ou parcial do enunciado do aluno, corrigindo o erro implicitamente: T: Yeah, what were your plans? M: uh, go to the … travel BahiaT: Ah I remembered yeah! Your plans were to travel, but you couldn’t. [remodelação] M: No. (Aula 24/06/2010) O pedido de esclarecimento realiza-se através de uma reação do interactante no sentido de sugerir ao autor do ato de fala de que sua frase está mal formulada e que por isso foi genuinamente mal compreendida. Nicole: xxx Orlando xx skii xxx ski? T: Sorry? [pedido de esclarecimento] Is there any ski in Orlando? Is that what you said? [busca por confirmação] Nicole nods in agreement. (Aula 22/06/2010) Acho importante destacar que embora tenha sido observado uma generalização da classificação da expressão “sorry” como indicador de um pedido de esclarecimento na literatura que trata de pesquisar as opções de tratamento de erros, foi observado na presente pesquisa outra função para o uso da mesma expressão, conforme pode ser observado no exemplo abaixo: T: Number two “She studies French …..” 104 LLL: does she? LLL: doesn’t she? T: Sorry? [elicitação] LLL: does she? LLL: doesn’t she? (Aula 22/06/2009) Conforme pode ser observado, o uso da expressão “sorry” não foi utilizado para solicitar esclarecimento, por falta de compreensão de uma fala truncada. Observa-se que a professora regente utiliza-se dessa expressão simplesmente para sinalizar que houve um erro e, ao mesmo tempo elicitar a forma correta do grupo. A essa opção de tratamento de erros orais dá-se o nome de elicitação que, segundo Lyster e Ranta (1997) citado por Vidal, (2007, p. 9) consiste na “técnica utilizada para elicitar a forma correta diretamente, através de pausas, perguntas, ou pedidos de reformulação da forma errada, “No, not that. It’s a ...”, “How do we say X in English?”). Outro exemplo, T: I will go ..... [elicitação] LLL: by! T: by car, alright? Yes F1? I’ll go by car. Alright? Uh, ok, another volunteer, please. Ok, F2! (Aula 24/06/2010) Segundo Lyster e Ranta (1997, p.47) e Vidal (2007, p. 9), feedback metalinguístico consiste na realização de comentários relacionados aos aspectos linguísticos da frase mal formulada pelo aluno; porém, sem fornecer a forma correta explicitamente. Segundo Vidal (2007, p. 9), “esse tipo tem por objetivo chamar a atenção para o erro eliciando a reformulação pelo próprio aprendiz”, por exemplo, “No, not X”, “It’s masculine”. Porém nos exemplos encontrados nas aulas transcritas, a professora regente predominantemente realizava os comentários linguísticos junto com algum outro tipo de tratamento, sempre fornecendo a forma correta. Essa combinação de mais de um tipo de feedback caracteriza-se como feedback múltiplo (LYSTER; RANTA, 1997, p. 48). T: Now, “I know someone who …..” LLL: lives T: lived. [remodelação] Very good! “Lived in Australia for two years. He loved it.” As the sentence is in the past you use lived, ok? [feedback metalinguístico] (Aula 22/06/2010) Foi observado durante a análise das aulas transcritas que a professora regente constantemente utilizava de feedback múltiplo. Por isso, em um mesmo turno ocorriam diversas formas de tratamento dos erros orais. Porém, com o propósito de mostrar mais 105 detalhadamente as diversas opções utilizadas, procurou-se discriminar cada estratégia de correção de erros orais, mesmo quando ocorridas em um mesmo turno e em relação a um mesmo erro. Portanto, embora eu reconheça a existência da categoria ‘feedback múltiplo’, conforme sugerido por Lyster e Ranta (1997, p. 48), essa categoria não foi utilizada na presente pesquisa devido à sua natureza muito ampla. A repetição consiste na repetição isolada do erro do aluno pela professora. Por exemplo: M3: I’m going to the beach ….. with car….. F1: Will. [correção entre colegas] [a aluna olha para a professora procurando confirmação, mas a professora opta por corrigir o erro que chamou mais atenção no momento] T: With? [repetition] By car?[remodelação] (Aula de 22/06/2010) A demonstração consiste na correção realizada através da aplicação real, exemplificando com elementos reais presentes no contexto de sala de aula. T: Pay attention. Aren’t …..? LLL: you. T: You?! “Karina and you, I’m talking to two people; you and Karina [a professor aponta para dois alunos como exemplo], aren’t …..? [demonstração] LLL: you. LLL: they. T: You! You and Karina! Because I heard ‘aren’t they’! You and Karina, aren’t you? Why can’t I use ‘they’? Wht can’t a use they? (Aula de 22/06/2010) A correção entre colegas, como o próprio termo sugere, caracteriza-se pela ocorrência da correção entre os próprios colegas durante uma atividade em par ou correção oral em grupo. T: [a professora circula pela sala e pára em uma dupla para monitorar o andamento da tarefa] Tell me a little bit about your plans. M3: I’m going to the beach ….. with car….. F1: Will. [correção de erros entre os colegas] (Aula de 22/06/2010) No exemplo acima, a aluna F1 corrige o colega quanto ao tempo verbal utilizado já que o foco da tarefa era tratar de um futuro incerto através do uso do modal ‘will’. Esse foi o único exemplo observado, o que não garante que seja o único evento dessa natureza ocorrido. 106 E, finalmente, foi considerado também a linguagem corporal por se tratar de um estratégia presente durante correção de um erro oral da professora regente. M4: Where are you going to last week? T: No, ‘last week’ no. [ a professora faz gestos com as mãos mostrando que ‘last week’ é passado e aponta para frente sugerindo o futuro] [elicitation + linguagem corporal] Iago: Next, next. T: Next, ok! M4: Sorry. (Aula de 22/06/2010) A partir da identificação nas duas aulas gravadas dos nove (09) tipos tratamentos dos erros orais utilizados predominantemente pelo professor regente e suas respectivas definições com exemplificações destacadas da análise dos dados coletados, realizei um levantamento do número de ocorrências de cada tipo de correção de erros. Nesse sentido, foram identificadas sete ocorrências (7,7 %) da correção entre colegas durante a correção de erros orais com toda a turma, vinte e duas ocorrências (24 %) de remodelação, vinte e cinco ocorrências (27,5%) de correção de erros explícitas, dezessete ocorrências (18,7%) de elicitação 102 , dez ocorrências (11%) de feedback metalinguístico, uma ocorrência (1,1%) de demonstração, uma ocorrência (1,1%) de repetição, quatro ocorrências (4,4%) de pedido de esclarecimento e quatro ocorrências (4,4%) de linguagem corporal. Gráfico 01: Número de ocorrências dos tipos de correção de erros identificados. 102 Optou-se por utilizar a tradução de Lima e Menti (2004) e Vidal (2007). 107 TIPO DE CORREÇÃO DE ERROS CORREÇÃO ENTRE OS COLEGAS - 7 (7,7 %) REMODELAÇÃO - 22 (24%) CORREÇÃO DE ERRO EXPLÍCITA - 25 (27,5%) ELICITAÇÃO - 17 (18,7%) FEEDBACK METALINGUÍSTICO - 10 ( 11 %) DEMONSTRAÇÃO- 1 (1,1 %) REPETIÇÃO - 1 (1,1%) PEDIDO DE ESCLARECIMENTO - 4 (4,4%) LINGUAGEM CORPORAL - 4 (4,4%) [OBSERVAÇÃO: O GRÁFICO FOI FEITO A PARTIR DO NÚMERO REAL DE VEZES QUE A CORREÇÃO DE ERROS OCORREU E NÃO A PARTIR DA PORCENTAGEM, A PORCENTAGEM SERVE APENAS PARA COMPLEMENTAR A ANÁLISE] É importante ressaltar que o levantamento dos tipos de correções de erros orais foi realizado a partir da transcrição dos turnos observados nas aulas filmadas em que ocorre a correção de erros orais. Por isso, é possível que outras ocorrências de correção de erros entre colegas possa ter acontecido durante trabalhos em pares, por exemplo, porém não identificados na filmagem. Uma outra observação importante trata-se das categorias utilizadas para nomear os tipos de correção de erros. Conforme já discutido, a presente pesquisa apóia-se na teoria como ponto de partida para investigação, porém, é uma pesquisa direcionada pelos próprios dados gerados. Por isso, a partir das categorias sugeridas por Lyster e Ranta (1997), foram adicionadas novas categorias: a linguagem corporal e a demonstração, já definidas em seções anteriores. A partir do Gráfico 1 pode-se observar a predominância da correção de erros de forma explícita, remodelação e elicitação. A demonstração e a repetição foram as estratégias menos utilizadas nas aulas filmadas. É possível constatar ainda que as aulas filmadas foram amostras de que os alunos são oportunizados com formas diversas de correção de erros orais no contexto pesquisado. A pesquisadora acredita que esse quadro é positivo no sentido de oferecer aos alunos diversas oportunidades para elaborarem suas teorias em relação ao 108 processo de aprendizagem, o que contribui para que os alunos se tornem mais habilidosos no referido processo. Já em relação aos tipos de erros corrigidos foram observados cinque nta e quatro erros corrigidos. É importante ressaltar que para fins de contagem, foram consideradas as ocorrências inéditas dos erros, dentro de um mesmo turno, não correspondendo ao número de tipo correção de erros, já que a professora regente utilizou diversas formas para corrigir o mesmo erro. Outra informação importante é que só foram quantificados os erros que foram corrigidos. Não entraram na contagem os erros que passaram sem correção. Entre os erros corrigidos foram identificados a correção de dezoito erros (33,3%) de pronúncia, vinte e oito erros (52%) gramaticais, três erros (5,6%) de vocabulário, um erro (1,9%) de ortografia (spelling), dois erros (3,7%) de pragmática e 2 duas ocorrências (3,7%) do uso do português . Foi considerado erro o uso de português apenas quando o foco do turno dos alunos era no uso da língua, não foram considerados erros os casos em que a língua materna foi utilizada como ferramenta para melhor entendimento ou para diminuir a ansiedade. Gráfico 02: Número de ocorrências dos tipos de erros identificados. TIPO DE ERROS Pronúncia - 18 (33,3 %) Gramática - 28 (52 %) Vocabulário - 3 (5,6%) Ortografia (spelling) - 1 (1,9 %) Pragmática - 2 (3,7 %) Uso do português - 2 ( 3,7 %) [OBSERVAÇÃO: O GRÁFICO FOI FEITO A PARTIR DO NÚMERO REAL DE VEZES QUE A CORREÇÃO DE ERROS OCORREU E NÃO A PARTIR DA PORCENTAGEM, A PORCENTAGEM SERVE APENAS PARA COMPLEMENTAR A ANÁLISE] O gráfico revela que os erros mais corrigidos foram os de gramática e pronúncia sendo que o primeiro superou o segundo em número de ocorrências. Os diversos tipos de erros 109 corrigidos revelam a preocupação da professora regente em focar na forma em contexto comunicativo durante a correção dos erros orais. É possível observar também que o número de ocorrências de correção de erros de vocabulário, pragmática e o uso do português foram significativamente inferiores aos demais. A pesquisadora acredita que o fato de haver poucas ocorrências de correção do uso do português significa que as atitudes dos alunos participantes da pesquisa em relação à língua-alvo correspondem às expectativas geradas em um contexto comunicativo de ensino de línguas que consiste na preferência pelo uso da língua-alvo. Já a pouca ocorrência da correção de erros de pragmática pode significar tanto que os alunos realmente estejam esclarecidos quanto às regras contextuais da língua-alvo em uso ou que a professora regente não costuma dar muita atenção para esse aspecto. Uma investigação mais detalhada sobre o tema seria necessária para explicar com maior acuidade esse fenômeno observado. A pouca ocorrência da correção de erros de vocabulário pode ser devido ao fato de a professora ter procurado sempre prover os alunos com um vocabulário básico antes da realização das tarefas. Resumindo, esta subseção tratou de descrever a correção de erros orais em contexto comunicativo, já que conforme sugere a abordagem contextual, essa discussão servirá para elucidar quanto aos aspectos contextuais significativos que podem contribuir para uma melhor interpretação das crenças professadas. 5.2 Triangulação dos dados Esta seção objetiva expor a análise dos dados coletados através de um processo de triangulação. Será levado em consideração toda a discussão previamente realizada quanto aos aspectos contextuais, o questionário semiestruturado, o questionário aberto e a entrevista retrospectiva em grupo. Cada item investigado sobre as crenças dos alunos em relação à correção dos erros orais será dividido em subseções para melhor visualização dos aspectos analisados. É importante lembrar também que o questionário semiestruturado, que será a base para a análise, foi elaborado a partir das crenças professadas em questionário aberto aplicado ao mesmo grupo no ano anterior. Por isso, a comparação entre as respostas dos dois questionários será inevitável a fim de ratificar as crenças professadas ou, retificar, se for o caso, as crenças que foram modificadas. 110 5.2.1 O papel da correção de erros na aprendizagem segundo crenças professadas Perguntados sobre se achavam que a correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa, 100% dos alunos (14 alunos) participantes da pesquisa responderam positivamente, conforme ilustra o quadro abaixo. Quadro 05: A correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? (questionário aberto). Student 1 Sim. Pois quando você erra algo e quando você aprende o que você estava errando, você não esquece tão fácil. St 2 St 3 Sim. Pois ensina o certo, corrigindo o que está errado. Sim. Pois depois de corrigir os erros a gente passa a tentar a falar as palavras corretamente. St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 Sim, pois um erro a gente aprende e não erra mais. Sim. Porque errando é que a gente aprende. Claro, pois é errando que se aprende. Sim, pois nós corrigimos nossos erros e aprendemos o certo. Sim. Pois aquele erro fica na mente e teremos tanto medo de fazê-lo de novo que não vamos cometer. St 9 St 10 St 11 Sim. Isso melhora a comunicação. Sim. Eu posso com erros, depois eu aprendo melhor inglês. Sim, com os nossos próprios erros a gente aprende muito mais , se não erramos continuaremos com dúvidas. St 12 St 13 St 14 Sim. É errando que se aprende. Sim. Porque é um jeito de nós fixarmos na nossa mente. Sim, pois é errando que se aprende. A grande maioria dos alunos afirmou ‘que é errando que se aprende’( St 1, 4, 5, 6, 7, 10, 11, 12, 14). Essa crença mostra que há alunos que vêem a ocorrência de erros de forma positiva e como parte do processo de aprendizagem. Há ainda alunos que focam na importância da correção de erros para comunicação, e outros que justificam a correção de erros por motivos cognitivos, por exemplo, memorizar o certo (st 7, st 13). Acredito que apenas uma atmosfera positiva pode oferecer ao aluno a oportunidade de experimentar e perceber os possíveis benefícios da correção de erros levando-os a crer nas afirmações acima destacadas. De fato, pode-se afirmar através da observação das aulas filmadas que trata-se de um contexto cordial, receptivo e incentivador já que até mesmo a própria professora regente 111 sem nenhum constrangimento faz questão de para chamar atenção de um erro cometido por ela mesma na aula anterior. No questionário semiestruturado observa-se a ratificação das crenças professadas em questionário aberto. 100% dos alunos ratificam a noção de que correção de erros é importante para a aprendizagem. Quadro 06: A correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? (questionário semiestruturado) Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Sim. Pois esclarecendo os erros melhora o aprendizado. Sim. Porque se você não for corrigido, você continuará cometendo erros. Sim. Pois com a correção o nosso inglês irá melhorar com o tempo. Sim. Pois tira as dúvidas, os erros, melhorando a aprendizagem. Sim. Todo (correção de) erro é bem vindo, só faz com que a gente melhore e não volte a errar. Sim. Como diz o povo, nós aprendemos com os nossos erros. Sim. Ela (Wanessa) mostra nosso erro e ensina como consertá-lo. Sim. Com meus erros aprendo mais inglês. Sim. Porque me ajuda a sempre aperfeiçoar o meu inglês. Sim. Porque se os erros não forem corrigidos, os alunos aprenderão errado, sem saber. Sim. Você entende o que errou e já sabe escrever / falar corretamente. Sim. Cada vez que erramos aprendemos mais. Sim. Pois a gente aprende com os erros. Os alunos utilizaram-se de outras palavras para justificar da mesma forma (por exemplo: St 1 “Pois esclarecendo os erros melhora o aprendizado” = “é errando que se aprende”). E ainda acrescentaram a ideia de que a correção de erros teria o papel de aperfeiçoar, melhorar, a aprendizagem do inglês. Em entrevista retrospectiva, os alunos participantes também não hesitaram em afirmar que a correção de erros orais é importante para a aprendizagem. [1] P: Gente quero que vocês respondam com sinceridade: a correção de erros orais em sala de aula ela é importante? LLL: Sim! P: Vocês concordam que são importantes. Alguém quer dizer porque ... só pra resumir a ideia ... M8 : Ela vai aprender o certo, vai tentar errar menos vezes, e ... sei lá... a pessoa vai ficando mais, mais ... M7: só melhorando mais, é, quando você vai sendo corrigido, você só vai melhorando e então aprimora. M8: xx corrigindo você se aprimora mais xxx. P: Entendi, [a pesquisadora olha para outra aluna que balançou a cabeça afirmativamente, 112 concordando com a opinião dos alunos que se manifestaram] você acha também que aprimora ... F1: Exatamente, você tem menos chances de errar. M1: x tem vezes que ela [a pessoa] fala, a, o, a partir do momento que ela sabe, apesar que ela sabe que tá errado, entendeu, tipo live/ lived [o aluno pronuncia corretamente /’lived/], o passado, mas ela fala /liv‘Ed/. Ela sabe que tá errado, mas ela não sabe como é que ela vai entonar, então ela precisa que alguém corrige, né. Entendeu? É necessário. ( setembro / 2010) É possível observar no extrato acima que o aluno M1 explanou de forma clara e objetiva o que ele acredita ser o papel dos erros e da correção de erros orais em contexto comunicativo através de uma exemplificação. Nessa instância, o aluno M1 parece sugerir que a correção de erros orais teria um papel muito importante como instrumento facilitador da aprendizagem através do qual o indivíduo mais capacitado pode contribuir para ampliar o conhecimento de outros. Além disso, os erros teriam o papel de oferecer a oportunidade para que o aprendiz verifique ou rejeite sua s hipóteses em relação à língua-alvo, conforme já sugerido por Corder (1967). Acredito que a exemplificação citada foi possivelmente elaborada a partir da própria experiência de M1 como aluno de língua inglesa. De fato, conforme foi observado em seções anteriores, o erro de pronúncia é um dos tipos de erros mais corrigido oralmente, ficando atrás apenas dos erros de gramática, com 33,3% de ocorrências. Acredito ser pertinente destacar ainda que o evento ilustrado pelo aluno pode demonstrar não só a importância dos alunos estarem conscientes dos próprios erros, mas também a importância das experiências dos alunos na formação de suas crenças e de como essas crenças podem influenciar em suas atitudes em contexto de aprendizagem. Em outras palavras, ao estar consciente da dúvida, o aluno pode utilizar-se do recurso de falar errado mesmo estando consciente do erro, com a expectativa de ser corrigido para aprender a forma correta. Em suma, os alunos participantes da pesquisa atribuem diversos papéis à correção de erros orais no contexto em questão conforme já discutido: aperfeiçoar/melhorar o inglês, melhorar o aprendizado, evitar erros futuros. Essas atribuições parecem justificar a presença desse instrumento em sala de aula comunicativa segundo as crenças do corpo discente alvo. 5.2.2 Em relação aos erros orais em sala de aula 113 Para se chegar às crenças dos alunos procurei investigar suas preferências e o porquê delas. Acredito que a justificativa é a parte mais importante para identificar as crenças já que, ao explicar o porquê de suas escolhas, os alunos recorrem às crenças que possivelmente surgiram a partir de suas próprias experiências. Assim, foi perguntado através de questionário semiestruturado, se os alunos achavam melhor que todos os erros orais fossem corrigidos, que nem todos fossem corrigidos, que nenhum erro fosse corrigido ou se não gostavam que a professora corrigisse seus erros. Segue abaixo a transcrição das crenças professadas e justificadas em questionário semiestruturado e uma representação gráfica das referidas crenças para fins de contribuição para a análise. Quadro 07: Crenças sobre se todos os erros orais devem ser corrigidos. Student 1 Opção escolhida (X) Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. St 2 Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Acho que todos ser corrigidos. Acho que todos ser corrigidos. Acho que todos ser corrigidos. Acho que todos ser corrigidos. Acho que todos ser corrigidos. os erros orais têm que os erros orais têm que os erros orais têm que os erros orais têm que os erros orais têm que Acho que nem todos os erros orais têm que ser corrigidos. Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. Justificativa Pois isso (os erros não corrigidos) pode prejudicar mais pra frente pode nos atrapalhar. Para quando você for se comunicar com algum estrangeiro terá um diálogo saudável. Para que nós possamos aprender o inglês de forma correta. Para tirar todas as dúvidas e melhorar o inglês da pessoa. Tem que ser corrigido para que falemos corretamente e não voltemos a errar. O modo como se falam as palavras é diferente do modo que se pronúncia. Todos os erros devem ser corrigidos, embora alguns erram por “pressão” de todos olhando, mesmo sabendo o certo. Pois nem todos são altamente necessários para ser corrigido. Para ter uma melhor fluência ao falar inglês. Porque ajuda na pronúncia dos alunos. Se um erro oral não for corrigido, vai parecer ao aluno que ele está certo. Porque só assim podemos saber se estamos falando ou escrevendo errado. Porque eu acho que a gente também tem que aprender a pronúncia. 114 Gráfico 03: Representação gráfica do número de alunos que responderam sobre se todos erros devem ser corrigidos. todos os erros orais têm que ser corrigidos (92% 12 al.) nem todos os erros orais têm que ser corrigidos (8% - 01 al.) nenhum erro oral deve ser corrigido Conforme pode ser observado no Gráfico 3 acima, 92 % dos alunos (12 al.) acreditam que todos os erros orais devem ser corrigidos, por razões diversas. Gráfico 04: Como os alunos que acreditam que todos os erros orais devem ser corrigidos justificam suas respostas. correção de todos os erros garante a melhora no inglês. 54% ( 7 al.) Foco= correção de erro de pronúncia. 23% (03 al.) correção = evita erros futuros. 8% (01 al.) Erro = resultado de alto filtro afetivo. 8% (01 al.) O Gráfico 04 ilustra que entre os 92 % de alunos que acreditam que todos os erros devem ser corrigidos, 54% (7 alunos) acreditam que a correção de todos os erros garantem uma melhora no inglês e a aprendizagem correta da língua-alvo; 8% (1 al.) menciona que a correção pode evitar que os erros prejudiquem, atrapalhem futuramente; 23 % (03 al.) foca na importância da correção de erros para a pronúncia e 8% (01 al.), embora concorde que todos os erros devem ser corrigidos, reconhece que a ocorrência de erro pode acontecer devido ao alto filtro afetivo (ver st 7, Quadro 07). 115 É importante observar ainda no Gráfico 03 que apenas 8 % ( 01 al.) afirma que nem todos os erros devem ser corrigidos, pois, segundo essa aluna, “nem todos são altamente necessários para ser corrigido”. Dessa forma a aluna parece estabelecer níveis de importância entre os tipos de erros a serem corrigidos (ver st. 8, Quadro 07). A possibilidade de os alunos acreditarem que alguns erros podem ser mais importantes que outros, levou- me a arguí- los em entrevista retrospectiva se realmente eles acreditavam que todos os erros deveriam ser corrigidos. A estratégia utilizada por esta pesquisadora foi mostrar um episódio em que um aluno cometia diversos tipos de erros e a professora regente optou por não corrigi- los imediatamente. Porém, ao realizar a correção após o término da realização da tarefa, a professora preferiu focar na correção dos erros orais gramaticais. Após a exibição do episódio, a pesquisadora contextualiza a situação para, em seguida realizar a pergunta. [2] P: Aqui eu tenho uma pergunta pra vocês [referindo-se ao episódio recém mostrado, após a pausa], depois a professora vai fazer uma pergunta pra vocês [a professora regente também queria fazer uma pergunta]. É, bom, não sei se vocês perceberam, durante a interação de vocês, em dupla, houve uns deslizes de pronúncia, enfim [essa narração generalizada foi uma tentativa da pesquisadora de não focar no erro cometido por um aluno apenas para evitar constrangê-lo]. Mas a professora deu prioridade, preferiu focar na questão gramatical. Foi ao quadro, “gente, [ a pesquisadora faz um gesto simulando a situação em que a professora regente vai ao quadro dar explicações gramaticais.] não se es queça do ‘will’, don’t forget ‘will’”. Queria saber de vocês o que vocês acham? Vocês acham que a professora tem que corrigir todos os erros orais, ou ela pode escolher o que é mais importante, o que vocês acham? A professora tem que corrigir todos os erros? A partir dessa da pergunta, os alunos manifestaram diversas opiniões com base no que foi observado na aula filmada. Um deles acredita que é importante que o erro seja corrigido somente se a professora tiver certeza de que o aluno realmente não sabe, pois há casos em que o aluno está nervoso e acaba cometendo o erro. [3] M3: tipo assim, se ela vê assim que ele falou assim só tipo, o cara tá nervoso, aí ele comete deslize mesmo, mas ele sabe qual é o certo, aí não é necessário. Mas se ele pensa que é certo, mas não é certo, aí ela tem que corrigir. Ainda mais porque escrevendo [ alusão ao momento em que a professora vai ao quadro e corrige o erro no quadro] que fica até melhor de ser corrigido. Nessa fala o aluno M3 aponta claramente para a diferença entre lapso e erros conforme já discutido na subseção 3.1.1.1, que trata da definição de erros. Assim como sugere Corder (1967), o aluno também acredita que os lapsos devem ter a atenção do professor dispensada já que trata-se de um desvio momentâneo das regras estandardizadas da língua-alvo motivado 116 por um estado emocional temporário e extraordinário. Tal desvio não significa que o aluno não tenha o conhecimento da língua-alvo. Porém, Corder também assume que muitas vezes é difícil diferenciar os erros dos lapsos. Acredito que há duas situações que podem contribuir para que o professor ou pesquisador identifique a possibilidade de ocorrência de um lapso: primeiramente deve-se atentar para o estado emocional do aluno. Conforme M3 sugere, se o aluno estiver nervoso, esse estado pode interferir na qualidade da produção da língua-alvo; e, segundo, se há autocorreção seguida do desvio. Conforme pode ser observado a seguir: [4] M4 [inicia a leitura]: “Hi, I’m Jessica Chen. I’m from the U.S. I stayed at my grandparent’s house near the beach last summer. One day I meet a girl from Colombia. We become – became [ autocorreção] great friends. We e-mail each other every day now. (aula 24/06/2010) Esse mesmo aluno revela ainda a importância do quadro branco como instrumento de apoio no processo de correção de erros orais. Outro aluno afirma que a correção depende do tipo de erros cometidos. [5] M1: Eu até acho que sim. Mas depende dos erros. É no caso assim... Ela pode até corrigir, mas também depende. Vamos fingir que ela tá assim entrando xx e ele comete um erro. Se esse erro for assim, eu quero falar que ‘viajei sem ter destino com a sua mãe’, entendeu? Em inglês, aí o que ele vai falar? Aí vai ter que corrigir. Mas normal, confundir o -ing com o –ed, acho que não. Dessa fala tive o entendimento de que os erros que devem ser corrigidos com mais urgência, segundo a opinião do aluno M1, devem ser aqueles que interferem com a comunicação de um modo geral. A partir dessa conclusão busquei por confirmação: [6] P: Entendi, então os erros que você acha mais gritantes. M1: Os erros mais gritantes assim. Com certeza ... P: Aqueles que interferem no significado, né, você acha mais importante. Agora erros que você acha que não interfere, por exemplo, preposições né, at, in, on, você não acha tão importante corrigir. [aqui procurei não intervir na crença do aluno, apenas parafraseei na tentativa de confirmar a minha interpretação com relação às crenças professada pelo aluno]. M1: Não. Já um outro aluno discordou da preferência do aluno M1 posicionando-se a favor da correção integral dos erros orais. A manifestação da opinião do aluno M1 desencadeou uma discussão a favor da correção integral dos erros. 117 [7] M2: Eu já acho importante, erros assim, corrigir melhor, assim. Quanto mais erros corrigir melhor porque assim a pessoa vai aprender e não vai repetir o mesmo erro. Quando for possível, a pessoa vai aprender, e não vai repetir o mesmo erro, então melhorM3: Você, você pode viajar pra algum lugar que fale assim, até a pessoa não vai entender se você falar – M2: é pode ser o menor erro possívelM3: Mas não vai te achar estranho falando desse jeito. M2: xxx uma língua estrangeira vai sair e não vai conseguir te entender, então tem que dar também atenção tanto aos erros grandes quanto aos pequenos. P: Tá, então vocês dois acham que os dois são importantes – M8: Ainda mais quando começa dos erros pequenos né, porque os erros pequenos vão levar aos maiores. F1: é, concordo com o M8. M7: É. P: Quem disse ‘é’? M7: eu, eu, falei ‘é’. Eu concordo ... [ o aluno aponta para o M8]. Porque eu acho que se você for errando mesmo erros pequenos, quando você, por exemplo, for para os EUA ou algum país que tenha essa língua frequente, você vai ver que... pô ‘será que eu to falando errado? Mas eu aprendi assim.’ Entendeu? Você vai ver que tem um erro. P: Entendi. LLL:xxx M3: O cara pode ... você pode parar pra pedir informação, aí o cara entende outra coisa aí ele pode te dar uma informação errada. xx M7: É verdade. P: por causa de uma preposição, ele pode ... M3: simples erro que ele xx. P: Livia? F2: Eu concordo. P: Concorda? Então você acha que tem que corrigir tudo, os erros pequenos e os erros mais gritantes. [ a aluna balança a cabeça concordando] O aluno M1 que tinha professado a crença de que não há necessidade de corrigir todos os erros contra-argumenta a partir de suas próprias experiências. [8] M1: xxx pessoas que foram para os Estados Unidos e vê que ... falam que aprenderam até demais. Até demais. Porque muita coisa que aprendemos a falar no fundo você não vai usar. Pode até usar, mas tem uma diferença. Mesma coisa se um americano for aprender tudo, quando eles virem as nossas gírias eles vão se perder, aqui, eles vão, sabe, vão achar que aprenderam demais, a gente vai falar gíria e eles vão ficar perdidos. Não ensinaram isso. Nessa fala o aluno parece estar chamando atenção para o fato de que ele acredita que aprende muita coisa que para ele não vai ter uso. Por isso, ele afirma que não adianta aprender ‘demais’. O aluno, como membro de uma comunidade constituída de adolescentes de classe média, não consegue ver o objetivo da linguagem que está aprendendo. Acredito que essa crença pode interferir na sua atitude em relação à aprendizagem. Por exemplo, ele pode ficar desmotivado se a professora insistir em corrigir erros orais que ele acha sem 118 importância. É importante a professora regente estar ciente dessas crenças para que possa realizar um trabalho de co-construção de experiências, objetivando o desenvolvimento de um ambiente ideal, facilitador da aprendizagem. Outro aluno também aproveitou a oportunidade para apoiar o colega M1. [9] M8: Eh, quem nem, a gente aqui tem que escrever, quando você vai fazer prova, essas coisas, você tem que botar ‘want to’, ‘going to’, enquanto a gente pode falar ‘gonna’. P: é mas aí são duas questões, é ‘going to’ é formal, ‘gonna’, né é a lingua falada, né? M8: eu só acho menos necessário porque a gente provavelmente vai usar o mais informal. P: Mais informal. Entendi. M1: xx ‘you are’, você pode por ‘u’ e o ‘r’ [o aluno aqui refere-se à língua inglesa utilizada em chat]. P: Entendi. M2: o mais formal a gente só vai usar quando fizer alguma coisa mais importante, tipo um trabalho... P: Entendi. Então vocês se preocupam que sejam corrigidos erros que vão ser necessário para o uso da língua. Né? LLL: Isso. P: O que vocês realmente vão utilizar, que vocês acham que vão utilizar na língua falada. Né isso? M8: pra mim são os mais importantes. Nessa instância, os alunos M1 e M8 argumentaram a favor da correção seletiva a partir de suas experiências, ratificando minha interpretação anterior de que alguns alunos se sentem mais confortáveis quando são corrigidos erros orais que eles entendem que realmente podem interferir na comunicação. Dessa forma, pode-se observar que a experiência dos alunos é sempre muito importante na formação das crenças e das suas atitudes em relação ao processo de ensino e aprendizagem. Conhecer o aluno é condição fundamental para que a professora possa facilitar a aprendizagem de indivíduos díspares, agregadores de experiências múltiplas e pertencentes a um universo tão multifacetado que é o da sala de aula. 5.2.3 Investigando outras crenças declaradas Os alunos foram submetidos a informar se concordam plenamente, parcialmente ou se discordam com algumas crenças professadas não só por eles mesmos durante a resposta do questionário aberto, mas também pelos alunos que participaram da pesquisa piloto. O resultado desse levantamento está exposto nos gráficos a seguir: 119 Gráfico 05: Proposição - A correção é fundamental, pois contribui para aperfeiçoar o inglês. concordo plenamente (100%) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (0%) discordo plenamente (0%) 100% (13 alunos) concordam plenamente que a correção seja fundamental, pois contribui para aperfeiçoar o inglês. Gráfico 06: Proposição - É errando que se aprende: concordo plenamente (84 %) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (16%) discordo plenamente (0%) Apenas 16% (02 al.) concordam parcialmente com a afirmativa de que “é errando e corrigindo que se aprende”. Segundo essas alunas, é possível aprender mesmo sem cometer erros. Os demais (84 % = 11 al.) concordam plenamente com a afirmativa. Esse item remete-se às crenças professadas pelos alunos quanto à importância de se corrigir erros orais em sala de aula. Muitos alunos haviam justificado previamente (ver subseção 5.2.1) que a correção de erros é importante porque “é errando que se aprende”. A pesquisadora decidiu retomar essa afirmação a fim de ratificar se realmente a maioria dos alunos apoiavam a assertiva declarada. Gráfico 07: Proposição - A correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário. 120 concordo plenamente condordo parcialmente (mais concorda que discorda) discordo plenamente 100% (13 alunos) concordam plenamente que a correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário. Gráfico 08: Proposição – A correção de erros é mais importante na pronúncia. concordo plenamente (23%) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (54%) discordo plenamente (23%) 54 % (7 al.) concordam parcialmente que a correção de erros é a mais importante na correção da pronúncia. Enquanto que 23 % (03 al.) concordam plenamente e os demais 23 % (03 al.) discordam plenamente. Um dos alunos que discorda plenamente afirma que todos os erros têm a mesma prioridade. (ver questionário st 7, Quadro 07). Gráfico 09: Proposição - A correção de erro em sala de aula pode atrapalhar na aprendizagem, pois o aluno não se sente à vontade quando corrigido em frente aos colegas. 121 concordo plenamente (8%) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (8%) discordo plenamente (84%) 84 % (11 al.) discordam plenamente da afirmativa que diz que a correção de erros em sala de aula pode atrapalhar na aprendizagem devido ao desconforto gerado no aluno quando corrigido em frente aos colegas. Apenas 8% (01 al.) concordam plenamente e apenas 8% (01 al.) concordam parcialmente com a afirmativa. Gráfico 10: Proposição - É preciso saber o certo antes de continuar, por isso, a falta de correção pode atrapalhar a aprendizagem concordo plenamente (54%) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (38%) discordo plenamente (8 %) 54 % (07 al.) concordam plenamente que a ausência de correção de erros pode atrapalhar a aprendizagem. Enquanto que 38 % (05 al.) concordam parcialmente com a afirmativa, apenas 8 % (01 al.) acreditam que a falta da correção de erros não atrapalha na aprendizagem. A partir desse dado é importante observar que embora 100% dos alunos acreditem que a correção de erros contribua para aprendizagem (ver subseção 5.2.1) e que 92 % (12 al.) que acreditam que todos os erros devem ser corrigidos por razões diversas, conforme análise do subitem anterior, apenas 54 % (07 al.) acreditam que a ausência de correção de erros possa atrapalhar a aprendizagem enquanto que 38 % mais concordam que discordam. 122 Gráfico 11: Proposição - A correção faz com que o aluno se torne consciente do erro. Ao se tornar consciente o aluno tem mais chances de aprender mais. concordo plenamente (100 %) condordo parcialmente (mais concorda que discorda) (0%) discordo plenamente (0%) 100% (13 al.) concordam plenamente com a afirmação de que a correção faz com que o aluno se torne consciente do erro. Ao se tornar consciente o aluno tem mais chances de aprender mais. O resultado da análise desse item revela que todos os alunos estão de acordo com o papel da correção de erros orais como uma ferramenta que auxilia o aluno a se tornar consciente da sua interlíngua, tornando-o mais competente para ajustá-la conforme conveniente. Em suma, os alunos parecem compartilhar de grande parte das crenças professadas pelos alunos que participaram da pesquisa piloto e ratificaram a maioria das respostas fornecidas através de outros instrumentos utilizados para a coleta dos dados. 5.2.4 Quanto ao tipo de erro mais importante para ser corrigido Foi solicitado ao aluno que informasse quais eram os erros orais mais importantes para serem corrigidos: o erro de pronúncia, erro de gramática, de vocabulário ou de pragmática. O resultado está ilustrado no gráfico a seguir. Gráfico 12: Crenças quanto a tipos de erros específicos. 123 14 12 10 Acho que esse erro não é importante. Nem precisa corrigir. 8 Esse erro nem é tão importante, ele pode ser corrigido ou não. 6 4 É muito importante que esse erros seja corrigido. Esse erro tem que ser corrigido. 2 0 Erro de pronúncia Erro de gramática Erro de vocabulário Erro de pragmática O gráfico revela que a maioria dos alunos, 92 % (12 al.), acreditam que a correção da pronúncia seja muito importante e, por isso, esse tipo de erro deveria ser corrigido. Observe que nenhum aluno acredita que a correção desse tipo de erro não seja necessária. Porém há um aluno que acredita que esse erro nem seja tão importante, podendo ser corrigido ou não. Em segundo lugar encontra-se o erro de gramática, com 77 % (10 al.) a favor da correção desse tipo de erros contra aproximadamente 23 % (03 al.) desfavorável à correção. Já a correção de erro de vocabulário parece ser mais importante do que a correção do erro gramatical já que apenas 8% (01 al.) acreditam que esse tipo de erro não seja importante, e, por isso nem precisa corrigir enquanto que 23 % (03 al.) acreditam que os erros gramaticais não sejam importantes. Em entrevista retrospectiva, dois alunos complementaram suas justificativas quanto às suas preferências. [10] M8: Acho a gramática. Porque a gramática vai levar aos outros. M1: Eu acho o vocabulário. Por que xxx você usando as palavras certas e cometer certos erros de presente, passado e futuro, aquela pessoa com quem você está falando ela já tem um conhecimento então ela vai poder te corrigir. Agora se eu to querendo falar ‘eu quero ir no banheiro’, e você começa a falar ‘eu quero ver televisão’, a pessoa não vai entender que você está querendo ir no banheiro. Já se eu falar ‘eu queria, é eu irei querer... ver televisão’ a pessoa já vai saber ‘bom peraí xxx alguma coisa, e dá pra você corrigir. P: Entendi, então o vocabulário dá uma sugestão do que você está querendo dizer. M1: É. U-hum 124 O aluno M1 privilegia a correção de erros de vocabulário, pois ele acredita que é isso que vai garantir a sobrevivência em um contexto comunicativo alvo. Já o aluno M8 apóia-se na gramática como sustentáculo da sua aprendizagem da língua-alvo. O erro de pragmática parece ser considerado o menos importante de todos segundo a opinião dos alunos participantes desta pesquisa já que apenas 16 % (02 al.) acreditam que a correção desse erro seja muito importante, enquanto 54% (07 al.) consideram que esse erro não seja tão importante, podendo ser corrigido ou não e 31 % (04 al.) acredita que esse tipo de erro nem precisa ser corrigido. O quadro a seguir relaciona as respostas dos alunos participantes quanto ao que ele acredita ser prioridade na correção de erros orais e suas respectivas justificativas. Quadro 08: Prioridade na correção de determinados erros orais. Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: porque corrigindo que se aprende. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: porque são erros principais. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia. Justificativa: pois os erros de pronúncia são mais importantes que os erros gramaticais. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: Para melhorar a língua inglesa dos alunos isso é fundamental. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática Justificativa: porque eles podem comprometer o entendimento. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: a correção é importante, tanto na pronuncia quanto na escrita, para fazer uma redação de documento. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gra mática, vocabulário e pragmática. Justificativa: A pronúncia deve ser corrigida, pois os alunos devem saber pronunciar o inglês correto, deve também saber o modo educado de se falar e escrever e não confundir as palavras. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia e pragmática. Justificativa: pois na pronuncia ser seria um pedido em inglês para a professora. Marcou ‘1’ para erro de gramática. Justificativa: porque nos faz melhorar o inglês. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: porque estes são as bases para o aprendizado da língua. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: é importante saber pronunciar bem e não ter erros de vocabulário, pois numa conversa, ele não será compreendido. O mesmo para gramática. Marcou ‘1’ para erros de pronúncia e gramática. Justificativa: Pois são os erros que se não corrigidos, sempre serão pronunciados errados. Marcou ‘1’ para erro de pronuncia. Justificativa: na verdade todos devem ser corrigidos. 125 É possível observar nas justificativas que dos alunos no questionário semiestruturado, que ao optar pela pronúncia, os participantes o fizeram de forma consciente. Por exemplo, St11: Justificativa: “é importante saber pronunciar bem e não ter erros de vocabulário, pois numa conversa, ele não será compreendido. O mesmo para gramática.” O aluno que também deu prioridade à pragmática acredita ser importante não só falar a pronúncia correta, mas também falar de modo educado. St7: Justificativa: “A pronúncia deve ser corrigida, pois os alunos devem saber pronunciar o inglês correto, deve também saber o modo educado de se falar e escrever e não confundir as palavras”. Embora esse aluno esteja conscie nte da importância de se ter o conhecimento do uso da língua inglesa, a grande maioria dos participantes parece não estar consciente da importância do aspecto pragmático da língua-alvo já que 54 % (07 al) acreditam que esse tipo de erro nem seja tão importante e 31 % (04 al.) optaram por descartar sua correção. Além disso, apenas um aluno dos dois que consideram ser muito importante a correção de erro de pragmática percebeu a função da pragmática na língua-alvo, enquanto outro não conseguiu justificar a importância da correção deste tipo de erro (ver resposta do st 8, Quadro 08). Acredito que o ocorrido deveu-se ao fato dos aprendizes participantes não serem tão esclarecidos quanto aos aspectos de uso da língua inglesa. Isso se confirma, por exemplo, quando um aluno manifesta-se protestando quanto ao por que de a professora ensinar going to e não gonna. Somente após o momento que a pesquisadora regente, durante a entrevista retrospectiva, exemplifica a questão pragmática através da exemplificação é que o aluno conseguiu associar a necessidade do uso de going to em avaliações, por exemplo. [11] M8: Eh, quem nem, a gente aqui tem que escrever, quando você vai fazer prova, essas coisas, você tem que botar ‘want to’, ‘going to’, enquanto a gente pode falar ‘gonna’. P: é mas aí são duas questões, é ‘going to’ é formal, ‘gonna’, né é a lingua falada, né? M8: eu só acho menos necessário porque a gente provavelmente vai usar o mais informal. P: Mais informal. Entendi. M1: xx ‘you are’, você pode por ‘u’ e o ‘r’ [o aluno aqui refere-se à língua inglesa utilizada em chat]. P: Entendi. M2: o mais formal a gente só vai usar quando fizer alguma coisa mais importante, tipo um trabalho... 126 Com isso, pode-se concluir que os alunos somente conseguem justificar o uso daquilo que conscientemente faz parte de suas experiências reais. Isso pode indicar a necessidade de serem acrescentados ao contexto de sala de aula materiais não pedagógicos e minimamente controlados, já que não foram observados instancias desses materiais na análise do contexto. A possibilidade dos alunos realizarem maior número de tarefas com texto autêntico, por exemplo, pode contribuir para que o aluno seja motivado a transferir a experiência do uso da língua inglesa aprendida em sala de aula para atender suas necessidades no mundo real. É importante notar que ao exemplificar o que seria pragmática durante a entrevista retrospectiva, os alunos incluíram esse tipo de erro no grupo dos que devem ser corrigidos. Consequentemente, nenhum aluno informou acreditar que a correção oral de algum tipo de erros fosse desnecessária. Subtende-se então que os alunos devem ser estimulados a estarem conscientes das noções de uso para que não percam oportunidades de aprendizagem. 5.2.5 Quanto ao momento mais apropriado para se corrigir um erro Ao grupo discente participante foi perguntado qual seria o melhor momento para se corrigir um erro: ao terminar a fala, durante a fala, interrompendo-a, ou no final da aula. O gráfico a seguir ilustra o resultado das crenças professadas. Gráfico 13: Crenças quanto ao momento ideal de corrigir um erro oral. 127 Gosto quando a professora interrompe a minha fala para me corrigir imediatamente, no momento que eu cometi o erro. (23 %) Gosto quando a professora espera eu terminar de falar para depois me corrigir. (77 %) Gosto quando a professora corrige todos os meus erros só no final da aula ou na aula seguinte. (0%) A professora é que decide (0%) Outras sugestões (0%) A partir do gráfico é possível observar que dentre as opções apresentadas, 77 % (10 al.) dos alunos participantes da pesquisa preferem que a professora aguarde o término da fala do aluno para que seja realizada a correção dos erros. Apenas 23 % (03 al.) preferem que a professora interrompa. Nenhum aluno gosta que a professora postergue a correção de erros. É interessante observar também que nenhum aluno deixou a decisão do melhor momento para a correção de erros orais nas mãos do professor. Esse dado sugere que os alunos têm uma crença e esperam que seja respeitada. Em entrevista retrospectiva foi mostrado um evento em que o aluno produzia oralmente para o grupo a tarefa realizada anteriormente em dupla. Durante a produção desse aluno, foi observado diversos erros de diversos tipos. Porém, a professora regente optou por não interrompê-lo no momento do ato de fala. Após a exibição desse evento a professora regente que estava presente, porém conservava o status de não-participante, prontificou-se a perguntar para o grupo e a esse aluno especificamente quanto às suas crenças em relação ao melhor momento para a correção do erros. [12] Professora regente: A minha pergunta é a seguinte: durante o trabalho em par você estava produzindo já pra turma, né M7, o que você produziu em par com o M8. Você observou que eu não te interrompi em momento algum. Apesar de você ter cometido alguns errinhos. Vocês gostam de não ser interrompidos no momento da produção ou vocês preferiam que eu parasse ali no momento, o tempo inteiro, ‘não é assim, é assado, não’ ou deixasse realmente como aconteceu, vocês produzirem, irem falando, falando e depois sim eu corrigir. É assim que vocês preferem ou vocês preferem no momento que estão falando e ficar interrompendo. M8: Acho melhor corrigir depois porque senão você pode acabar inibindo a pessoa. M2: Eu prefiro mais corrigindo acho que parando porque ... a pessoa... depois quando corrigir tudo você pode se perder ou pode não entender direito. Vai tipo, com calma, aos poucos, todos os erros. Mais fácil, pelo menos pra mim. Professora regente: M8 você pode repetir o que você disse? M8: Eu acho que explicar depois, porque senão pode acabar inibindo a pessoa. 128 M1: Não, e também, também depois você pode dar chance pra pessoa acertar. De tanto ela tentar e tentar ela pode acertar, aí depois você corrige, ‘oh, toda vez que você fazer isso, você lembra disso, pra chegar a isso”. M3: Eu acho que perde o raciocínio da pessoa. Ela tá falando aí a professora para na metade, aí ela corrige essa parte, aí depois ele se enrola e aí tem que começar tudo de novo. M8: E aí a pessoa pode até ficar com medo, queria falar uma coisa, mas não querer falar pra num x ser corrigido na hora. F2: mas não deixa de ser ... Professora regente: E você M7? M7: Eu gostei de, é, quando você corrigiu assim porque, é, não é o meu problema, mas, vamos supor, pega um aluno que tenha muita vergonha, que até, realmente ia ficar inibido, porque ‘poxa eu errei aí, será que vou errar mais pra frente? E a professora vai corrigir, todo mundo vai ver que eu errei?”. Eu não, não tenho esse problema, achei bom, o termo que você fez ali, a correção depois de deixar eu falar mesmo estando errado, depois foi corrigir no final. Achei, assim, que não é meu problema, eu me acostumo das duas formas, mas dependendo da pessoa, é melhor assim. A partir do extrato acima é possível destacar que a entrevista retrospectiva vai de encontro ao informado no questionário semiestruturado. Os alunos possuem crenças diversas em relação à correção de erros orais. Alguns preferem que o professor regente espere pelo término da fala para que a correção oral seja efetuada, outros optam por ter o ato de fala interrompido alegando que assim o aluno poderá dar conta de cada erro corrigido com mais eficácia. Mas nenhum aluno manifestou gostar da correção dos erros orais apenas no final da aula. É interessante observar também que a escolha do professor em relação ao momento da correção de erros pode afetar diretamente a questão afetiva do aluno. Os alunos utilizaram palavras como “inibir” e “vergonha” para explicar que a interrupção da fala de um aluno pode resultar em alto filtro afetivo. Consequentemente, ao agir de forma contrária às expectativas do aluno a professora regente pode acidentalmente impedir uma oportunidade de aprendizagem. Essa constatação ratifica a opinião desta pesquisadora que acredita ser de extrema importância que a professora esteja consciente das expectativas e crenças de seus alunos. Outra questão pertinente diz respeito ao argumento utilizado pelo aluno M1 para justificar a preferência pela a correção de erros postergada. Segundo esse aluno, o fato de a professora adiar a correção, em detrimento da correção imediata, possibilita ao aluno uma oportunidade de refletir e arriscar sobre o uso da língua-alvo. E o mais importante, o aluno não deixa de mencionar a necessidade de uma pessoa mais capacitada agir posteriormente, servindo como guia e dando suporte ao aluno retificando ou ratificando as opções de uso da língua-alvo utilizadas. 129 [13] M1: Não, e também, também depois você pode dar chance pra pessoa acertar. De tanto ela tentar e tentar ela pode acertar, aí depois você corrige, ‘oh, toda vez que você fazer isso, você lembra disso, pra chegar a isso”. Conforme já discutido em seções anteriores, essa noção é amplamente conhecida como ‘andaime’ e é definida como “(...) um processo conjuntamente construído com base na necessidade do aprendiz” (NASSAJI; SWAIN, 2000, p. 36). Acredito que é justamente nesse momento que o aluno sente-se seguro para arriscar e receber apoio quanto ao seu desempenho, que o aprendiz tem a oportunidade de estender suas habilidades e conhecimentos atuais para níveis mais elevados de competência. Por isso, acredito que faz-se importante estar ciente das crenças dos alunos para que o professor esteja seguro do momento ideal para atuar como andaime do processo de aprendizagem da língua inglesa, impedindo o surgimento e interferência de alto filtro afetivo de um corpo discente. 5.2.6 Correção em grupo ou individual? Durante uma aula de ensino do inglês como língua estrangeira é possível constatar, conforme observado nas aulas filmadas, que a correção de erros orais pode ocorrer tanto em grupo, com toda a turma, quanto individualmente, cabendo ao professor optar por uma ou outra estratégia no ato da correção. Como essa escolha sempre parte do professor, que provavelmente opta pela correção individual ou em grupo a partir de suas próprias experiências e crenças, acho importante verificar as crenças dos alunos quanto a essas opções do processo de correção de erros orais através da arguição de suas preferências e respectivas justificativas. Nesse sentido, foi verificado que dos dez (100%) alunos que responderam a esse item no questionário aberto, sete (70%) optaram pela correção oral em grupo. É importante observar que a maioria daqueles que preferem a correção em grupo justificaram suas repostas levando em consideração o grupo como um todo. Dessa forma, fica subtendido que alguns alunos vêem o grupo como uma comunidade, onde a cooperação e troca de experiências pode levar ao benefício de todos os membros dessa comunidade. Acredito que a disposição das carteiras em semicírculo possa ter contribuído para que esse tipo de atitude. Abaixo segue quadro com as respostas ao questionário aberto consolidadas. 130 Quadro 09: Correção oral: individual ou em grupo Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 No momento em que o erro ocorre e individualmente, porque desse modo eu consigo me concentrar mais no momento da correção. No exato momento, em grupo pois fica mais fácil de eu entender. No exato momento. Em grupo. Para que não aja dúvidas depois. No exato momento claro, em grupo mesmo, pois assim aprendo melhor. No exato momento e em grupo, porque é mais divertido e o correto para aprender direito e discutir também com os colegas. Dizendo o errado e falando o certo logo após. No exato momento. Individual. Não gosto de dividir meu erros. No exato momento e individual para as pessoas não rirem de você. No exato momento, em grupo; porque assim se alguém for tímido se reconfortará em grupo. Em grupo, no exato momento. Em grupo porque para não acharem que eu mereço mais atenção No exato momento, em grupo porque fica melhor de captar o erro e aprender o correto. É possível observar ainda que dois (20%) alunos daqueles que optaram pela correção individual justificaram suas preferências a partir de questões afetivas, prevalecendo o medo de errar e de ser corrigido em frente aos colegas de sala. Essa percepção pode sinalizar que talvez seja necessário realizar um trabalho específico com esses três alunos com a finalidade de fazê- los ver o contexto de sala de aula como um espaço menos ameaçador. Com isso, espera-se levar o aluno a um maior aproveitamento das oportunidades de aprendizagem. É pertinente observar que os alunos participantes da pesquisa não mudaram suas opiniões no ano posterior ao responder o questionário semiestruturado. Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, 84 % (11 al.) preferem que os erros sejam corrigidos em grupo e apenas 16 % (02 al.) preferem que sejam corrigidos individualmente. Gráfico 14: Representação gráfica da preferência dos alunos quanto à correção oral individual ou em grupo 131 Prefiro que meus erros orais sejam corrigidos em grupo, com toda a toda a turma ( 84 % ) Prefiro que meus erros orais sejam corrigidos individualmente, quando meus colegas não estão presentes. (16 %) Isso significa que o grupo parece de fato adequar-se ao contexto comunicativo de ensino de inglês como língua estrangeira que tem como um de seus princípios a co-construção de conhecimento através da interação com o mundo e seus interlocutores. Nesse sentido, a correção em grupo é mais interativa, pois indiretamente convida os demais alunos a participarem da oportunidade de co-construção de conhecimento ao dividirem entre eles suas dúvidas e experiências. As respectivas justificativas a seguir ratificam a avaliação realizada. Quadro 10: Justificativa da preferência pela correção de erros orais individual ou em grupo. Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Em grupo. O aluno respondeu em entrevista que em grupo é melhor pois pode ser a dúvida de outra pessoa. Em grupo. Pois o meu erro pode ser os de outras pessoas também. Individualmente. Pois não quero passar vergonha na frente dos meus colegas. Em grupo. Pois todos erram e é preciso que eu aprenda a assumir perante os outros, isso é válido para toda a vida. Em grupo. Porque outros alunos podem usufruir dessa correção também. Em grupo. Pois evita que futuramente Em grupo. Pois não devemos nos envergonhar do erro e caso ocorra dar incentivo para não errar. Em grupo. Pois em grupo é melhor para todos que sua opinião do inglês é valorizada. Individualmente. Porque, desse modo, se concentra melhor. Em grupo. Porque quando meu erro é corrigido em frente à turma outros que cometeram o mesmo erro e não se pronunciaram, podem aprender com meus erros. Em grupo. Meu erro oral pode ser o mesmo de outra pessoa. Então corrigindo em grupo, ajuda a todos. Em grupo. Porque se alguém também costuma errar como eu também será corrigido. Em grupo. Pois assim os alunos que poderiam cometer esses erros são cometam. De fato, é pertinente observar que as justificativas são muito similares ao do quadro anterior. A grande maioria que optou pela correção em grupo, pensa na coletividade, ou seja, 132 pensa no quanto o colega poderá se beneficiar com o próprio erro. Um dos alunos (st 4) que optou pela correção em grupo sugeriu a importância dessa opção para a vida e o outro (st 7) enfatiza a ocorrência de uma das variáveis da afetividade, o ato de envergonhar-se, e sugere o espaço da sala de aula como um espaço para ensaio onde errar é permitido, porém precisa ser corrigido. Já os demais alunos 16 % (02 al.) que optaram pela correção de erros individual, apresentam explicações variadas para justificar a preferência. O st. 3 preocupa-se com a questão afetiva enquanto que st. 9 preocupa-se com a questão cognitiva. Em entrevista retrospectiva foi mostrado aos alunos uma situação em que os alunos estavam realizando uma atividade em pares, enquanto a professora circulava pela sala verificando o andamento da tarefa e dando o suporte necessário para a realização da mesma. A professora regente pára em frente a uma dupla e, durante a interação entre a dupla e a professora, ocorre uma correção de erro oral individual. Após a exibição desse episódio a pesquisadora decide perguntar aos alunos se preferem que a correção seja realizada em grupo ou individual. [14] P: Então gente, a W, nesse momento a W está eh ... verificando junto às duplas né se tem alguma dúvida na realização da tarefa e aí ela parou nessa dupla e aí ela chamou atenção, verificou um pequeno deslize do ‘with car’, ‘by car’, aí eu tenho uma pergunta para o M1. M1, você preferiria que a professora corrigisse o erro com a turma toda, ou você prefere individualmente mesmo, tá bom ... M1: Ah, tanto individualmente, quanto com a turma toda não tenho nada com expor meus erros. Naquela, naquela hora mesmo [referindo-se ao momento mostrado da aula] eu preferiria quando ela tivesse assim, bem do jeito que ela fez só comigo falando porque ficou mais fácil, entendeu? Porque cada um focava, um tava focando em praia, em shopping, não tava com essa dúvida. P: Entendi, então no momento da tarefa o importante ser individual pra você. [o aluno balança a cabeça confirmando a conclusão da pesquisadora] P: E você? [referindo-se a outro aluno] Você prefere que seja em grupo, em dupla. Porque anteriormente você também fez uma participação muito interessante, né, você falou com a turma dos seus planos para o futuro e... como você preferiria que a professora corrigisse? Que fosse individual ou que fosse em grupo? M10: Por mim tanto faz. Em grupo deve ser melhor xxx. Em grupo. P: Você prefere em grupo? M10: [ o aluno concorda] P: Quem mais prefere em grupo aqui? M2: Não tenho preferência. P: Não tem preferência. [ a pesquisadora faz uma demonstração, em seguida pergunta a preferência] Qual vocês preferem? LLL: Não tenho preferência. M1: Contanto que corrija meu erro. M3: Dependendo da situação. Tipo assim, eh ... às vezes é ruim porque tipo, o Leo errou aí enquanto ela tá corrigindo com ele, só só fica pra ele, mas se ela for falar pra todo mundo, os outros podem ter dúvida nessa mesma questão ou às vezes pode até atrapalhar o raciocínio da pessoa porque tipo assim, ele tá entretido lá na ..., vendo o que ele vai botá aí a professora 133 fala um negócio, aí ele pára pra prestar atenção aí ele se perde. Aí pode ser bom ou ruim. Dependendo de cada um. P: Entendi, legal! Alguém mais tem alguma coisa para dividir? Legal dez, obrigada tá! Vamos lá, vamos continuar. Embora a maioria que tenha se manifestado durante a entrevista retrospectiva tenha optado pela correção em grupo, há àque les que também concordaram com a correção individual. É importante notar que dessa vez, os alunos que manifestaram suas preferências pela correção individual não justificaram suas crenças devido a uma questão afetiva. Na verdade, àqueles que se manifestaram a favor da correção individual a partir do evento observado, estavam mais uma vez pensando na coletividade. Embora à princípio pareça contraditório, essa constatação é de fácil entendimento quando se observa mais atentamente as suas crenças dos alunos quanto as suas escolhas. Conforme um dos alunos entrevistados esclareceu, a correção individual pode ser necessária em momentos em que a turma está dividida em pares e concentrada na realização individual da tarefa. Pois, segundo crença professada, a correção em grupo nesse momento pode atrapalhar os colegas já que cada dupla pode estar concentrada em aspectos diferentes da realização da tarefa. [15] M1: Ah, tanto individualmente, quanto com a turma toda não tenho nada com expor meus erros. Naquela, naquela hora mesmo [referindo-se ao momento mostrado da aula] eu preferiria quando ela tivesse assim, bem do jeito que ela fez só comigo falando porque ficou mais fácil, entendeu? Porque cada focava, um tava focando em praia, em shopping, não tava com essa dúvida. (...) M3: Dependendo da situação. Tipo assim, eh ... às vezes é ruim porque tipo, o Leo errou aí enquanto ela tá corrigindo com ele, só só fica pra ele, mas se ela for falar pra todo mundo, os outros podem ter dúvida nessa mesma questão ou às vezes pode até atrapalhar o raciocínio da pessoa porque tipo assim, ele tá entretido lá na ..., vendo o que ele vai botá aí a professora fala um negócio, aí ele pára pra prestar atenção aí ele se perde. Aí pode ser bom ou ruim. Dependendo de cada um. Nesse caso, acredito, a professora tem que ter a sensibilidade de perceber o que é mais interessante para o aluno. Já que qualquer escolha, corrigir em grupo ou não, pode gerar perdas ou ganhos para uns ou para outros. Acredito que investigar as crenças dos alunos pode contribuir para que o professor desenvolva essa sensibilidade de forma mais consciente e acurada. Em suma, as crenças professadas quanto ao tópico em questão mostram que o grupo participante da pesquisa pensa em termos de coletividade. Por isso, a preferência 134 predominante é pela correção de erros orais em grupo. Porém, os alunos participantes da pesquisa reconhecem que não há como generalizar. No caso, por exemplo, de uma tarefa realizada em pares, o ato de parar a turma para corrigir um erro em grupo, que outrora fora cometido isoladamente por apenas um aluno ou pela dupla, pode atrapalhar o desenvolvimento da tarefa em outras duplas, pois essa atitude pode acidentalmente interromper o raciocínio dos alunos (M3). Nesse sentido, é possível concluir que os alunos estão a favor do bom senso e defendem a escolha de uma ou outra opção dependendo da situação. Mais importante, essa escolha deve ocorrer sempre em prol da coletividade conforme pode-se concluir a partir das crenças professadas. Porém, há ainda aqueles poucos estudantes que declaram ter a preferência pela correção individual por questões afetivas. No caso desses alunos, acredito ser necessário o desenvolvimento de um trabalho específico para que eles se sintam mais confortáveis/seguros em contexto de sala da aula comunicativo. 5.2.7 Crenças quanto às preferências pelos agentes da correção O contexto comunicativo de aprendizagem de língua inglesa possibilita diversas formas de interação ora com o professor ora entre alunos. A interação entre alunos é facilitada pela possibilidade de realização de trabalhos em pares e em grupo muito comum no referido contexto. Conforme pode ser observado na seção da análise contextual, o ambiente sob análise não poderia ser diferente. Foi verificada a ocorrência de trabalhos individuais, em pares, em grupo e com toda a turma. Nesse sentido, acho importante investigar se os alunos inseridos em um contexto comunicativo ainda adotam uma postura mais tradicional no processo de aprendizagem esperando que o professor, como a única fonte de todo o conhecimento, seja o único agente da correção de erros orais ou se já se adequaram a uma visão sociocultural, mais atualizada, da aprendizagem que considera todos os participantes do contexto responsáveis pela co-construção do conhecimento. A maioria dos alunos participantes da pesquisa respondeu em questionário semiestruturado que gostam quando tanto os colegas quanto os professores corrijam seus erros conforme figura abaixo. Gráfico 15: Preferências quanto aos sujeitos da correção dos erros orais. 135 Gosto que somente o professor corrija meus erros orais durante a aula ( 31 %) Prefiro discutir meus erros somente com os colegas (0%) Acho legal quando professores e colegas corrigem meus erros durante a aula (69 %) A partir do gráfico podemos observar que 69% (09 al.) dos alunos participantes da pesquisa parecem ver a sala de aula como uma comunidade onde professores e alunos participam igualment e em prol do melhor para o grupo. Por isso, não há distinção entre a correção de erros orais advinda do professor ou do próprio colega. Entretanto, 31 % (04 al.) preferem que apenas o professor corrija os erros. Tal crença reflete que ainda há um grupo que vê o professor como a fonte de todo o conhecimento e ainda não se sente confortável com a co-construção do conhecimento entre os membros de uma comunidade que no caso é o contexto de sala de aula. A correção entre os colegas apenas parece ser algo impraticável no grupo em questão já que ninguém optou pela opção “prefiro discutir meus erros somente com os colegas”. A partir dessa reflexão das crenças professadas subtende-se que, pelo menos no grupo em questão, ainda há a necessidade do feedback da professora em algum momento, ratificando ou retificando as conclusões dos alunos. Quanto às suas crenças pelas suas preferências 31 % (04 al.) ainda sustentam a visão de que o professor é a única fonte de todo conhecimento. Enquanto os demais 69 % (09 al.) veem a sala de aula como uma comunidade onde cada um tem uma parcela de responsabilidade e a quantidade de pessoas responsáveis pela correção de erros parece estar diretamente relacionada com a qualidade da correção conforme afirmam st 8, st 09, st 11. Sem contar que a participação indiscriminada desse processo parece fomentar maior companheirismo, conforto, interesse e diversão segundo sts 5, 6 e 10. Quadro 11: Justificativas quanto às preferências em relação aos sujeitos da correção dos erros orais. 136 Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Somente o professor.Porque assim que se aprende. Somente o professor. Porque o professor que é encarregado desse trabalho. Somente o professor.Pois o professor sabe mais que alguns alunos. Somente o professor.Pois é mais ‘reconfortante’. Professor e os colegas. Dependendo de como o colega corrige, é muito legal e divertido, tanto o professor, quanto o outros corrigirem. Professor e os colegas. Fica mais confortável, um trabalho em equipe. Professor e os colegas.Porque a turma interage mais uns com os outros dando confiança e interesse na aula. Professor e colegas. Pois é bom para mim e para todos que os professores e os colegas corrijam meus erros orais e seu inglês é muito mais valorizado. Professor e colegas. Porque desse modo, nós podemos saber as “correções” tanto dos alunos quanto do professor. Professor e os colegas. Porque mostra o companheirismo dos alunos. Professor e os colegas. Um colega também pode estar enganado, ou pode ser que exista mais de uma forma correta. Professor e colegas. Pois todos também podem ajudar. Professor e colegas. Pois a gente aprende melhor. Foi observado nas aulas filmadas que, de fato, os alunos parecem se sentir bastante a vontade para corrigir e ao terem seus erros orais corrigidos pelos colegas. Nesse sentido, a pesquisadora sentiu a necessidade de explorar mais aprofundadamente as crenças dos alunos em relação a um evento que ocorre com tanta naturalidade no contexto em questão. Ao serem questionados em questionário aberto como se sentiam ao serem corrigidos pelos colegas, responderam positivamente. Conforme pode ser observado no quadro abaixo, o grupo em questão parece estar confortável e veem de forma positiva a correção realizada por um colega. Essa atitude parece estar tão intrinsecamente associada à rotina desse grupo que a grande a maioria dos alunos participantes da pesquisa respondeu estar ‘neutros’ ou achar ‘normal’ a ocorrência de correção de erros por um colega. Quadro 12: Crenças quanto à correção de erros realizadas por colegas. Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 Normal. Bem. Se for um colega que seja íntimo comigo não tem problema me corrigir. Bem. Normalmente. Em dúvida, pois ele pode estar certo, mas não é um profissional. Não dou a mínima, pois sei que ele está me ajudando. Me sinto feliz que essa pessoa é um bom amigo e me chama a atenção quando erro e ainda consigo aprender melhor o inglês. Bem. Neutro. Normal. É até bom um colega ajudar. 137 St 12 St 13 Normal, acho até legal para me ajudar. Normal, é até legal da parte dele (a). Em entrevista retrospectiva, foi mostrado aos alunos um episódio em que ocorre a correção de erros entre os colegas e, em seguida, foi perguntada a opinião quando ao evento observado. [16] P: Gente, tenho uma pergunta pra vocês. Teve um momento, vocês estavam trabalhando em pares né, e o Leonardo deu uma cotovelada no Alan porque ele falou português. Isso pra mim é o que, é o colega ajudando, né... A tarefa a ser realizada. O que vocês acham disso gente? Vocês ficam à vontade quando o colega vai, dá uma dica, ‘não fala português’, dá uma cotovelada. M1: contanto que não me deixe roxo. Por mim tá tranquilo. P: Tá bom. O que vocês acham? Vocês estão ok, com os colegas ajudando... Ou não, só a professora que tem que dar a resposta. LLL: Não. Tudo ok. [ os alunos protestaram com a ideia de só o professor corrigir os erros]. M3: Ah, sendo amigo, amigo, né. [aí não tem problema] P: Amigo que é amigo tem que ajudar. M10: O professor também. A partir do extrato acima é possível observar que os alunos confirmaram as crenças professadas em questionário semiestruturado de que ambos, professor e alunos devem dar sua contribuição no processo de correção de erros orais. De fato, conforme foi observado em vídeo, os alunos pesquisados parecem sentir-se confortáveis quando o colega chama atenção para algum erro. 5.2.8 Quantos às melhores formas de corrigir os erros orais Procurei investigar também quais seriam as melhores formas de se corrigir um erro oral segundo crenças professadas. Para alcançar esse objetivo optei por relacionar e descrever detalhadamente cada tipo de correção de erros oral e, em seguida, foi solicitado que os alunos selecionassem objetivamente as melhores estratégias de correção e, posteriormente, que escolhessem a preferida e justificassem suas preferências. É importante ressaltar que os alunos podiam selecionar mais de uma opção. Além disso, foi oferecido ao aluno a alternativa ‘outras’ para que fossem oferecidas oportunidades aos participantes de incluir qualquer outra estratégia de correção que não tenha sido incluída pela pesquisadora. Abaixo segue quadro resumitivo com as respostas em relação às melhores estratégias de correção de erros orais segundo crenças professadas. 138 Quadro 13: As melhores estratégias de correção de erros orais segundo crenças professadas. a. Gosto quando a professora diz logo onde está o erro e dá logo a forma correta. (explicit error correction) b. Gosto quando a professora aponta onde está o erro e, sem dar explicações gramaticais, deixa que eu resolva o erro sozinho. (elicitation) c. Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro. (metalinguistic clues) d. Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro. (clarification request) e. Gosto quando a professora somente repete em voz alta o erro que eu cometi (sem dar nenhuma explicação), pois assim eu percebo melhor. (repetition) f. Prefiro que toda vez que eu cometa um erro a professora faça gestos, desenhos, como se fosse um jogo de adivinhação para em descobrir sozinho qual é o erro. (clues) g. Gosto quando professor faz brincadeiras e piadas a respeito de meus erros, fazendo a turma toda rir. h. Gosto quando a professora faz a correção com tradução. i. Gosto quando a professora compara com português (análise contrastiva) j. Gosto quando a professora corrige através de uma atividade em que ninguém fique parado. k. Gosto quando a professora diz logo a frase correta, sem chamar atenção para o erro. l. Outras 38 % (05 al.) 8% (1 al.) 61% (08 al.) 69 % ( 09 al.) 8 % (01 al.) 16 % (02 al.) 16 % (02 al.) 23 % (03 al.) 31 % (04 al.) 23 % (03 al.) 16 % (02 al.) 8 % (01 al.) “Gosto quando ela espera eu terminar para corrigir o erro.” Conforme dados consolidados no quadro acima, a grande maioria dos alunos ficou entre as opções ‘c’ e ‘d’ com 61 % (8 al.) e 69 % (9 al.), respectivamente. Esse dado revela que o grupo prefere formas mais explícitas de correção de erros. Outra observação importante é que o grupo parece não se incomodar em resolver o erro sozinho desde que seja apoiado pela professora. É o que revela 69 % de preferência pela a opção ‘d’ (Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro.) e apenas 8% (um aluno) tem a preferência pela opção ‘b’ (Gosto quando a professora aponta onde está o erro e, sem dar explicações gramaticais, deixa que eu resolva o erro sozinho (elicitação)). 139 Outra observação importante é que o grupo parece ter uma preferência variada quanto às formas de correção de erros orais. Por isso, a professora deve optar sempre pela variedade no uso das estratégias de correção de erros para que todos os alunos se sintam confortáveis em sala de aula e além de se beneficiar da oportunidade de foco na forma em contexto comunicativo. Entre as opções selecionadas acima, a maioria escolheu entre as opções disponíveis as opções ‘c’ (Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro) e ‘j’ (Gosto quando a professora corrige através de uma atividade em que ninguém fique parado) como as mais preferidas, conforme mostra gráfico seguinte. Gráfico 16: Os tipos de correção de erros mais preferidos entre os selecionados. opção a (16%) opção b (0%) opção c (23%) opção d (16 %) opção e (0 %) opção f (0%) opção g (8%) opção h (0%) opção i (8%) opção j (23%) opção k (0%) opção l (8%) Convém observar, porém, que a escolha por tipo de correção de erros mais preferidos entre as opções relacionadas foi também bem distribuído. Essa observação ratifica a constatação já realizada nessa seção de que as preferências do grupo em questão quanto às formas de correção de erros serem variadas e, por isso, é importante que o professor atente para que sejam oferecidas aos alunos oportunidades variadas de aprendizagem através do uso das diversas estratégias de correção de erros. Quanto às justificativas pela seleção das estratégias de correção de erros orais preferidas, elas também realizaram-se de forma bastante variada, conforme demonstra quadro a seguir: 140 Quadro 14: Justificativa dos tipos de correção de erros preferidos 103 . Opção a Gosto quando a professora diz logo onde está o erro e dá logo a forma correta. (explicit error correction) Opção c Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro. (metalinguistic clues) Opção d Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro. (clarification request) St 1 – pois é melhor para ser corrigido. St 12 – Assim eu já pego a forma correta mais rápido e não erro mais. St 2- assim eu não errarei mais. St 4 – ajuda a perceber o erro. St 5 – dando explicações gramaticais, outros possíveis erros também serão corrigidos. St 9 – Porque, desse modo, toda vez que eu for repetir a frase, eu irei me lembrar da correção, e não vou mais errar. St 11 – Pode ter sido um engano dela ou eu posso perceber mais rápido o meu erro. Opção g Gosto quando professor faz brincadeiras e piadas a respeito de meus erros, fazendo toda a turma rir. Opção i Gosto quando a professora compara com português (análise contrastiva) Opção j Gosto quando a professora corrige através de uma atividade em que ninguém fique parado. St 13 – pois aí aprendemos nos divertindo. St 10 – é mais fácil quando se compara com o português. St 3 – pois a aula fica mais dinâmica. St6 – para eu entender melhor, sem sombra de dúvidas. Opção l Outras: “Gosto quando ela espera eu terminar para corrigir o erro.” St 8 – pois é uma maneira divertida de corrigir os erros através de brincadeiras e piadas. St 7 – é melhor jeito de não atrapalhar o aluno. Preocupei- me com a possibilidade de os alunos não terem entendimento na prática de como essas estratégias de correção de erros orais são de fato realizadas. Por isso, insisti na investigação desse assunto e procurei em entrevista retrospectiva selecionar episódios em que determinadas estratégias ocorriam para que dessa forma fosse possível verificar a ratificação ou retificação das crenças professadas em questionário semiestruturado. Assim, foram selecionados dois episódios. No primeiro episódio a professora regente optou por corrigir o mesmo erro de três formas: primeiro ela optou pela elicitação, em seguida a professora regente aplicou a correção explícita que foi imediatamente seguida de correção 103 O Quadro 14 aponta apenas para as opções preferidas entre ‘melhores estratégias' selecionadas na questão anterior (quadro 13). 141 gramatical. A estratégia utilizada pela pesquisadora foi, antes de mostrar o episódio, explicar o que ia acontecer para que os alunos ficassem atentos para os movimentos da professora. [17] P: Então o que vai acontecer agora gente: a turma cometeu um pequeno errinho e a W vai utilizar três formas de corrigir esse erro. Eu vou parar em cada forma tá, e vou explicar- vou apontar pra vocês quais são essas formas. Depois eu vou voltar, tá e vou perguntar pra vocês qual das três formas vocês preferem, tá , se é a primeira, segunda ou terceira. Vamos lá, voltar aqui um pouquinho ... A partir dessa orientação, eu retorno ao ponto em que os alunos cometeram e sigo os passos informados. [18] P: Esse é o primeiro tipo de correção de erro dela. ‘Sorry?’ Vocês falaram e ela ‘sorry?’ Ela deixou que vocês resolvessem o problema. Tá? Segura essa aí. Tem mais uma. [a pesquisadora aperta o play para dar continuidade à aula. Após a ocorrência de correção de erro explícita, a pesquisadora pausa e continua com a exposição] P: Essa é a segunda forma que ela corrigiu o mesmo erro. É uma forma explícita. Ela falou: ‘pay attention’, presta atenção! ‘Affirmative!’ Essa é a segunda forma. Correção explíc ita. Tá? Então a primeira a gente tem o ‘sorry?’ e você resolve, e o segundo é ‘presta atenção, affirmative!’ Tem uma dica e ela corrige explicitamente. Terceira forma... [ nesse momento a pesquisadora dá sequência ao vídeo. Após a correção através de uma explicação metalinguística, a pesquisadora pausa e continua com a exposição.] P: Essa é a terceira forma que ela utiliza para corrigir o erro. Ela dá uma explicação gramatical. Tá? Então vamos lá, existem três formas: ‘sorry?’, e você resolve o erro, a segunda forma ela ‘pay attention!’, chama atenção e fala ‘affirmative!’, dá uma dica, e a terceira forma ela dá uma explicação gramatical. Após retomar e resumir as estratégias mostradas em vídeo, a pesquisadora dá início às indagações quanto às preferências e respectivas justificativas. [19] Quem prefere a primeira forma? ‘Sorry?’ e você resolve o erro? M8: Isso! [A pesquisadora sugere levantando o braço para que os alunos que prefiram essa forma de correção de erros levantem o braço. Após uma contagem foi observado que dos nove alunos presentes, seis alunos optaram pela primeira forma] P: Por quê? M1: Eu, porque assim você vai, você começa a buscar na sua mente, na aula que ela ensinou, aí você ... quando ela fala ‘sorry’ você acredita que você errou, então você vai buscar como foi que ela explicou isso, entendeu? P: Entendi. Alguém tem mais alguma opinião? Concorda com ele? M8: Acho que assim é melhor porque você vai estar sabendo onde você está errando. P: Você sabe onde você está errando. [ a pesquisadora repete a fala do aluno] M7: Aí você busca, aí você mesmo, éééé ‘pô onde eu errei’, aí depois que você vê que tá certo aí, aí sim vocêP: Então vocês gostam de resolver os erros sozinhos, ‘onde foi que eu errei’, ‘qual o problema’ ... [ os alunos que optaram por esse tipo de correção concordam].Quem gosta da segunda? Ela diz ‘pay attention’ e depois dá uma dica ‘affirmative!’, a segunda? [ nenhum aluno se manifesta] Ninguém? E a terceira? Ela dá uma explicação gramatical ... ‘gente’... F1: Porque... eu gostei quando porque, tipo, quando ela dá explicação, a pessoa aprende o que ela errou, ela vai entender melhor quando ela explicar. 142 P: Entendi, então você prefere a explicação gramatical porque o aluno aprende mais com a explicação gramatical. F1: Exatamente, ela corrige e explica. P: E você F2? L: Não eu concordo com M1 também. Esse episódio mostra que entre as opções destacadas (elicitação, correção explícita e a explicação metalinguística) a maioria dos alunos participantes da pesquisa que justificaram suas preferências apontaram que preferem que a professora apenas sinalize o erro como forma de estimulá- los na busca pela própria correção. Nenhum aluno expressou preferir a correção explícita e apenas uma aluna manifestou a preferência pela explicação gramatical por acreditar que o aluno aprende melhor quando a professora explica a gramática. Esse resultado contraria as crenças professadas em questionário semiestruturado já que naquele momento apenas 8% dos alunos (01 al.) escolheram a elicitação e nenhum aluno escolheu essa estratégia como a preferida. Essa observação mostra que talvez a forma mais adequada de se investigar as crenças dos alunos especificamente quanto às formas de correção de erros seria através da exibição das suas próprias experiências e ações (BARCELOS, 2007), conforme realizado em entrevista retrospectiva. Embora o questionário semiestruturado tenha sido muito importante para orientar a pesquisadora para chegar à entrevista retrospectiva, esse ultimo instrumento de coleta de dados parece revelar mais fidedignamente as crenças dos alunos em relação às suas preferências quanto à melhor estratégia de correção de um erro oral e respectivas justificativas. Nesse sentido, caso seja dada uma atenção privilegiada a esse tema em pesquisas futuras - o que não é o caso da presente pesquisa - sugiro que seja utilizada a entrevista retrospectiva com base na realidade dos próprios alunos a partir da exibição de aulas filmadas como instrumento de coleta de dados. Em um segundo episódio mostrado aos alunos para verificar suas crenças quanto aos tipos de correção de erros, foi mostrado a eles uma ocasião em que a professora regente corrige um mesmo erro oral de duas formas: ela opta pela elicitação, que é um tipo de correção mais implícito, seguido de uma explicação metalinguística, que é um tipo de explicação mais explícita. Optei por perguntar sobre o mesmo tema, porém de forma diferente, focando na natureza mais implícita ou explícita dos tipos de correção sinalizadas. Essa estratégia foi utilizada pela pesquisadora para fins de análise, em busca da ratificação ou retificação do que constatado no primeiro episódio e em questionário semiestruturado. Foi 143 perguntado ao aluno se eles mais preferiam que a professora utilizasse a primeira ou a segunda estratégia de correção de erros orais. [20] P: Então, aqui gente, ela falou, ‘I have a friend who ... Who...’ ficou esperando a resposta de vocês. ‘Who...’ ‘who..’. e depois ela deu uma explicação, I am, you are, he is, she is, qual dos dois vocês preferem? Quando ela fica ‘who, who’ ou quando ela vai direto ‘ah não precisava who, who’ , dá logo a explicação, qual dos dois vocês preferem? Nove alunos do total de participantes da entrevista levantaram a mão para sinalizar a preferênc ia pela correção mais explícita e direta (explicação metalinguística). Apenas dois alunos, M1 e M9 declararam preferir a elicitação. Esse resultado aproxima-se da análise das preferências do grupo em relação aos tipos de correção de erros orais realizada em questionário semiestruturado que mostrou que pelo menos oito alunos preferiam a explicação metalinguística enquanto apenas um aluno preferia a elicitação (vide Quadro 10). Essa triangulação ratifica a preferência do grupo por explicações mais explícitas conforme informado em questionário semiestruturado, porém a análise desse episódio contradiz o observado no primeiro episódio. Acredito que tal contradição traduz-se na seguinte observação: as preferências e crenças dos alunos vão variar segundo a na tureza do episódio. Ou seja, é provável que suas preferências quanto ao melhor tipo de erro oral variem de acordo com o contexto de situação e o tipo de erro corrigido. Em seguida pergunto pelas respectivas justificativas. As repostas foram as seguintes: [21] M1: Por que xx ‘who, who’ você não vai corrigindo todos os- tudo que ela fala, entendeu? Do começo até ... Acredito que o aluno quis dizer que o ‘who, who’, serve para sinalizar o momento que o erro ocorreu, não sendo necessário o aluno percorrer toda a frase para descobrir onde foi o erro. [22] M: Mas também se ninguém falar nada ela vai ficar ‘who, who’ até o final da aula. P: E quem prefere a explicação direta, por que? M3: Eh ... porque você não tem que pensar muito e procurar entre mil palavras em inglês para achar a certa. XXX tipo, é essa então fica com essa. Não tem é... a possibilidade de você errar na hora é, tipo assim, ‘cara o que que eu falei?’ mil palavras ... como M1 falou ... P: Entendi... já esqueceu o que você falou e aí você fica – M3: Ou então lembra errado, por que você falou um monte [de palavras]. 144 Nota-se que embora o aluno M3 tenha dado a mesma justificativa que o aluno M1, as respectivas explicações partiram de pontos de vista diferentes já que M3 optou pela correção mais direta, ao contrário do M1. Dando continuidade à entrevista, tentei estimular outros alunos a exporem suas preferências. [23] P: quem mais? E você? Prefere ‘who’ ou M9: ‘Who, who’. P: ‘Who, who’? M9: Pra apoiar o M1 ali. P: Pra apoiar ou você gostou mesmo? M9: Gostei mesmo, poxa. É isso aí, ‘who, who’, aí eu vou lembrar ... Embora não tenha sido um número significativo de alunos a expressarem suas preferências, é importante notar as crenças em relação às suas escolhas. O aluno M1 opta pela elicitação por acreditar que essa estratégia sugere diretamente o momento que o aluno errou, enquanto que o M3 opta pela explicação metalinguística pelo mesmo motivo. É possível concluir da análise do segundo episódio que o aluno M1 parece preferir ser estimulado a buscar por respostas a partir de suas próprias experiências enquanto que o aluno M3, por exemplo, prefere seguir a lei do esforço mínimo e não passar pelo estresse que seria buscar pela resposta correta através da tentativa e erro. Em suma, essa seção contribuiu para sinalizar dois aspectos muito importantes, conforme já sugerido durante a análise. Primeiramente, é sugestão desta pesquisadora que a entrevista retrospectiva com o uso de aulas filmadas do grupo participante são instrumentos de coleta de dados de extrema importância para que seja verificada com maior acurácia as crenças dos alunos em relação às diversas formas de correção de erros em sala de aula. Acredito que mostrar as próprias experiências dos alunos participantes da pesquisa contribui para elucidá- los quanto a como de fato se realizam determinados tipos de correção de erros orais e, partir desse conhecimento, os alunos tornam-se mais capacitados a expressarem suas crenças. Segundo, outro ponto de grande interesse que pude constatar foi que as crenças dos alunos em relação ao melhor tipo de correção de erros pode variar segundo contexto de situação e o tipo de erros corrigido. Por isso, acredito que esse tópico deva ser objeto de análise mais aprofundada, podendo constituir foco de investigação em pesquisas futuras. 5.2.9 Como a professora não deve agir ao corrigir um erro oral 145 Esse item procurou investigar as crenças dos alunos quanto à atitudes de professores que são reprovadas pelo aluno no processo de correção de erros. Primeiramente, foi perguntado aos alunos qual seria a forma mais imprópria de se corrigir um erro oral. Foi solicitado que levassem em consideração alguma situação/ experiência que tenha deixado-os desmotivado/desanimado após a correção de um erro. Posteriormente, foi elaborado questionário semiestruturado onde foram oferecidas alternativas para que os alunos selecionassem as que revelavam suas crenças quanto ao tópico em questão. As opções oferecidas foram retiradas a partir das crenças professadas por alunos em pesquisa piloto e pelo grupo alvo em questionário aberto. Nesse último instrumento os alunos puderam marcar mais de uma opção. Em questionário aberto os alunos responderam: Quadro 15: Formas de não se corrigir erros orais segundo crenças professadas. Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Ofendendo o aluno. Graças a deus isso nunca me ocorreu. Eu fiz um texto em inglês e estava praticamente tudo errado e desanimei, mas depois me esforcei e acertei. Dando esporro no aluno. Um amigo disse para o outro: seu burro, pra mim isso não adianta. Corrigir de má vontade. Gritar, não ter paciência de explicar, ou até mesmo rir da sua dúvida. Só escrever as respostas, isso já aconteceu comigo várias vezes mas foi em outra matéria. Desapontando, xingando, zoando uma pessoa por causa de um simples erro. Gritando o certo. Corrigisse falando assim: fala direito sua burrinha. Gritar com a pessoa e forçá-la a entender. Usando arrogância e ignorância. Não sei. Corrigir no final da aula. Um dia antes eu tive uma dúvida aí a professora falou que ia me explicar no final da aula mas acabou esquecendo. Conforme é possível observar nas respostas acima a intolerância/impaciência e as ações consequentes dela como xingamentos, ofensas e gritos são as principais crenças professadas a respeito da atitude que professores não deveriam ter uma vez que venham a corrigir erros orais. Essa constatação se confirma nas respostas ao questionário semiestruturado, com 84% dos alunos (11 al.) escolhendo a opção “[não gosto quando] o professor demonstra 146 impaciência e insinua que é um absurdo eu não saber aquele conteúdo”. Conforme pode ser observado no gráfico a seguir: Gráfico 17: Representação das crenças professadas quanto a como não se deve corrigir erros orais O professor demonstra impaciência e insinua que é um absurdo eu não saber aquele conteúdo. ( 84%) O professor faz brincadeiras impróprias ridicularizando o aluno, é grosseiro, debochado e irônico. (69 %) O professor deixa de corrigir o erro, e fica enrolando. ( 77 %) O professor corrige erros em grupo. (16 %) Professor se perde na correção; não tem didática. (54 %) O professor deixa para corrigir bem depois que o erro é cometido. (16%) O professor corrige no momento em que o aluno cometeu o erro. (16 %) Outras sugestões (0%) A grande maioria dos alunos (09 al. - 69%) também não gosta quando o professor faz brincadeiras impróprias, é debochado, irônico, ridicularizando o aluno. Esses dados revelam a importância do lado afetivo do aluno no processo de correção de erros orais já que esta opção está vinculada diretamente à afetividade. A grande maioria dos alunos também apontou para problemas diretamente relacionados à didática do professor, com 77% dos alunos (10 al.) afirmaram não gostar quando observam que o professor se perde na correção e fica enrolando. Nesse sentido, acredito que para que os alunos do grupo em questão tenham maior aproveitamento das correções de erros orais realizadas em sala de aula, o professor deve ficar atento às dimensões afetivas além de estar atento à didática, utilizando-se sempre de sinceridade quando não estiver seguro na explicação de algum item, pois os alunos podem se sentir desmotivados ao se sentirem ‘enganados’. Procurei investigar em entrevista retrospectiva as crenças não-professadas nos instrumentos outrora aplicados e as experiências dos alunos quanto ao tema em questão com o 147 objetivo de buscar por informações complementares. Assim, foi sugerido aos alunos para que pensassem não só na sala de aula da professora regente, mas também na aula de outros professores de língua inglesa e que narrassem alguma experiência que tenha sido negativa ou alguma atitude do professor que fora reprovada pelo aluno. A seguir as repostas dos alunos intercaladas com alguns comentários. • Preguiça e impaciência: O aluno chama atenção para o fato de muitas vezes o professor demonstrar impaciência durante a correção. [24] M1: Quando corrige com preguiça. P: Preguiça? Como é que é corrigir com preguiça? M1: Por exemplo, tá fazendo uma atividade com a gente no futuro e no presente. Aí você quer falar do presente com o professor, mas pelo fato de ele já ter falado duas aulas disso ele vai falar ‘não, mas eu já falei que é assim, assim , assim’ [ nesse momento o aluno muda o tom de voz para um tom mais impaciente]. Você vai falando e ele fala ‘mas é assim , assim’, aí ele vai perdendo a paciência, aí começa a jogar pro colega, olha ali, eu vou corrigir do lado e você vai ver. Se a gente tá errando muito é porque a gente precisa de mais atenção! P: Entendi. (...) M1: O professor acha que você ... acha que você tá fazendo aquilo por pura e espontânea vontade, você não quer aprender, sendo que você tem dificuldade, ele tenta lê sua mente, ‘não, eu não vou explicar o problema pra ele porque é isso...’ você pode até ser o mais espevitado da sala, mas naquele momento que você tá vendo que você está centrado, parado na sala prestando atenção e quando você pede o professor diz ‘não, não’ você está fazendo isso de brincadeira, você tá parado, quer me fazer de palhaço, entendeu... F1: Teve uma professora que, assim, ‘ah não vou explicar pra você porque você estava conversando’, só que a gente não estava conversando assim outras coisas, a gente tava comentando, assim ‘ah eu não sei, me ajuda’, e o professor acabo pensando que a gente tava conversando, tava falando de outra coisa. Acho que isso de ‘eu não vou explicar porque você estava conversando, não acho isso legal. M3: E mesmo que tivesse conversando, ele tá ali pra explicar. • Falta de criatividade do professor Os alunos M3 e F1 apontam que o professor deve estar atento à reposta do aluno à correção, pois ao perceber que a forma de correção de erros orais aplicada não contribuiu para esclarecer a dúvida do aluno, o professor deve recorrer a outros recursos, fazer uso de ferramentas diversas até que o aluno se sinta satisfeito com a explicação. [25] P: Alguém mais tem alguma sugestão? M3: xxx as vezes a professora explica, aí você não entende. Aí ela explica da mesma forma igualzinho. Você não entende. Se ela mudar a forma você pode até entender, mas como ela fica a mesma coisa, a mesma coisa, a mesma coisa, você nunca vai entender. Você entende, dessa forma, não dá. F1: Não adianta você ter dúvida e repetir a mesma coisa que a pessoa falou, porque se a 148 pessoa não entendeu, não adianta repetir que ela não vai entender do mesmo jeito. Tem que explicar de uma outra forma. Essa crença pode revelar a necessidade de capacitação regular de professores a fim de imbuí- los com ferramentas para que seja realizada uma aula mais criativa e dinâmica. • As brincadeiras inapropriadas Essa questão foi levantada pela pesquisadora já que teve grande maioria de preferência em questionário semiestruturado (09 al - 69%). [26] P: E vocês já passaram por alguma situação de o professor brincar e ser uma brincadeira que não foi muito legal... M8: Acho que aí depende do relacionamento do aluno com o professor, claro. Aí depende do relacionamento. M1: depende muito do tipo de aluno, tem tipo de aluno que é mais fechado, você faz uma piada, aí ele já fala xxx, mas se for um aluno cara de pau, entra na brincadeira também. M3: Se você tem amizade com o professor, você brinca com ele, ele brinca com você, aí é normal, mas tipo assim, você não vai muito com a cara do professor, aí ele pensa que você vai com a cara dele, e ele fica botando apelido, fazendo brincadeira que você não gosta, é meio desconfortável. M2: Mas o professor geralmente vai fazer brincadeira com o aluno que, sabe que ... M1: Mas eu prefiro até xx com professores que são meus amigos sabe, que são legais, que ficam no mesmo círculo é como se eu tivesse aprendendo com um amigo seu. Mas sabe que ele é professor e que tem que ter o mínimo de respeito xxx tem que brincar, porque senão fica uma coisa muito fechada: tem que estudar, tem que estudar, tem que estudar, tem que saber isso, tem que saber isso, tem que saber isso, você acaba... naquele momento você sai, aí quando chega em casa pra fazer o trabalho ... você não vê nada, não consegue se lembrar mais de nada. É possível observar que, conforme sugerido pelo M1, é importante que o professor tenha um bom relacionamento com o aluno principalmente se optar por fazer uso de brincadeiras ao se corrigir um erro oral. Um bom relacionamento entre os membros de uma comunidade pode criar um ambiente favorável e servir como um grande aliado no processo de aprendizagem. • Ironias e grosserias As brincadeiras realizadas de maneira imprópria com alunos que não tenham um bom relacionamento com o professor podem levá- los a ver a tentativa do professor em criar um ambiente descontraído como ofensivo. Consequentemente, pode-se perder uma grande oportunidade de aprendizagem. Além disso, há professores que parecem perder o controle da situação e apelam para o uso de palavras grosseiras na tentativa de forçar o aluno a entender a explicação dada. 149 [27] M3: É desconfortável quando você comete um erro aí o professor tira onda com a sua cara ‘ah, você é burro, você não entende isso, por que você ... por que você não aprendeu?’ vai de cada pessoa, o cara não consegue aprender, não é culpa dele, ou a culpa é dele. Em suma, é importante que o professor faça uso não só de diversas estratégias de correção de erros orais para que a informação alcance o maior número de alunos, mas que também se preocupe em estar consciente do perfil da turma, de suas preferências e crenças para que seja possível, a partir dessas informações, criar um ambiente favorável para a aprendizagem da língua inglesa. 5.2.10 Das estratégias realizadas pelo aluno após a correção de erros Procurando buscar a experiência dos alunos e suas crenças em relação às suas experiências, foi perguntado aos alunos em questionário aberto, semiestruturado e, posteriormente, em entrevista retrospectiva, qual a estratégia do aluno ao receber a nova informação após a correção de um erro oral. A grande maioria dos alunos participantes se dividiram entre memorizar e anotar. E alguns sugeriram a estratégia de colocar a nova informação em uso. Quadro 16: Estratégias realizadas após a correção de erros orais (questionário aberto). Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Eu a escrevo para estudar em casa. Que eu aprenda o certo ( a informação dada pela professora). Eu anoto. Repito. Tento não esquecer. Primeiro anoto e depois treino. Fica gravado na mente. Coloco-a em meu livro e em meu cérebro. Eu a uso. Eu aprendo e falo direito. Procuro entender, às vezes escrevo a explicação e se não entender digo que não compreendi direito. Guardo na memória. Eu anoto. Eu tento gravá-la. Em resposta ao questionário semiestruturado os alunos também escolheram as mesmas opções. 150 Gráfico 18: Estratégias realizadas após a correção de erros orais (questioná rio semiestruturado). Tento memorizar repetindo para mim mesma(o) várias vezes a forma correta. ( 69 %) Anoto mas nunca retorno às anotações. (0%) Anoto e procuro revisar as anotações em casa. (54 %) Tento usar o vocabulário corretamente em outras situações. ( 54%) Tento não repetir o mesmo erro. (54%) Faço nada. Não dou muita importância. ( 0%) costumo anotar os erros dos colegas. (0%) Outras sugestões (0%) Conforme pode ser observado no gráfico acima a maioria dos alunos participantes desta pesquisa (69% = 9 al.) utilizam como estratégia de aprendizagem, após a correção de um erro, a memorização e a repetição. Talvez fosse necessário que os professores, ao lecionarem para esse grupo, estimulem estratégias mais comunicativas e criativas de aprendizagem, como, por exemplo, a tentativa de uso de vocabulário em outras situações. Dessa forma, acredito que tal atitude contribua para o desenvolvimento de maior autonomia no processo de aprendizagem e maiores chances de resultar na formação de um cidadão mais criativo e participativo na sociedade. Durante a entrevista retrospectiva optei por mostrar um episódio em que um erro oral era corrigido e os alunos logo em seguida reagem de diversas formas após a correção. [28] P: Então gente, nesses primeiros minutinhos eu pude observar que vocês tem-adotam várias estratégias pra correção de erros, né, alguns anotam, quando a professora corrige anotam, outros repetem, que nem a, a , pouco momento minutos atrás a W disse inde’pendent, né alguém falou in’depedent e ela falou inde’pendent, e alguém repetiu no fundo inde’pendent quer dizer, é uma estratégia também o aluno repetir [ o exemplo foi dado a partir dos vídeo, das experiências dos alunos]. Eu gostaria de ouvir um pouquinho de vocês o que vocês fazem pra... quando a professora corrige um erro em sala de aula, o que vocês costumam fazer com essa informação nova? As respostas não foram muito diferentes das anteriormente informadas. [29] A1: Guardar. 151 Pesquisadora: Vocês guardam. Então vocês memorizam. M1: Memorizar, guardar – M2: é é, eu tenho mania de memorizar tipo, a palavra errada e a certa, aí eu vejo a diferença. P: Tendi. (...) M7: Eu costumo ... quando eu falo rápido eu costumo repetir porque aí eu gravo e aí eu falando o certo, na próxima vez eu já não erro. Praticamente eu gravo. Outros alunos sugeriram comparar o certo com o errado, anotar e tradução. [30] M2: Falando a errada eu me ligo da certa. Xxx P: Você faz uma análise contrastiva, compara, legal. Alguém mais utiliza alguma outra estratégia? M2: é [ o aluno concorda com a cabeça ] M3: Anotar a palavra. Anotar a palavra. xxx assinalar a que está achando que está errada [nesse momento o aluno faz um movimento com a mão como de tivesse riscando uma palavra] e anotar a certa. P: Então você anota, mas em casa você revê? Você faz uma revisão, ou não? M3: Não, não. Não hora de estudar assim, aí dá uma lida, aí pô errei aqui, não é assim, é assim. P: Entendi, então quando você estuda, você faz uma revisão dessas palavras. Mais alguém? Pode falar. F1: Eu pego a palavra certa e anoto já a tradução ... P: Entendi F1: Aí, quando eu for estudar eu vejo que mais fácil pra aprender. P: Entendi. Quem mais gosta da tradução? Quem prefere a tradução? M4: Eu gosto! M5: Eu! Eu, .... Quando não conhece, consegue a tradução. M6: It’s easier. M3: Eh até porque xxx [ parecendo concordar] É pertinente notar que um aluno M8 adota uma estratégia mais comunicativa e consegue transferir o conhecimento adquirido em sala de aula para o seu dia a dia, conforme relato a seguir. [31] M8: Eu procuro aprender como usar a palavra nova. Invés a tradução eh por dizer, eu procuro aprender como usar ela. P: Como usar. Mas como? Com música, pede exemplo pra professora, como é que você faz? M8: não, eu vô, geralmente vejo televisão aí eu vejo como é que usa a palavra, onde usa. Em suma, os alunos participantes da pesquisa parecem ainda não saber exatamente o que fazer com a nova informação adquirida em contexto comunicativo. Portanto, muitos ainda adotam estratégias tradicionais como a memorização, a repetição e até mesmo a tradução na tentativa de não perder a oportunidade de aprendizagem. Porém, sabemos que essas estratégias não garantem que aluno consiga atingir o objetivo final do ensino da língua 152 inglesa no contexto em questão: a comunicação. Apenas o aluno M8 sinalizou, em entrevista retrospectiva, adotar uma abordagem mais comunicativa do erro oral corrigido não só através do uso da nova informação, mas também na busca pela atribuição de um significado ao item corrigido com a aplicação dessa nova informação em seu dia a dia, de forma autêntica, fora de contexto de sala de aula. Nesse sentido, sugiro que talvez seja necessário orientar mais intensivamente os alunos quanto às estratégias diversas de aprendizagem, a fim de equipá- los de maiores recursos para que possam recorrer a essas estratégias de forma mais criativa, aumentando a motivação e em contrapartida as oportunidades de ampliar o conhecimento. 5.2.11 Quanto ao nível de compreensão das estratégias de correção oral aplicadas pela professora regente Foi solicitada uma autoavaliação aos alunos para que fosse informado se o grupo compreende a correção oral aplicada pela professora. Em resposta ao questionário semiestruturado, todos os alunos responderam acima de 80 % sendo que 07 alunos responderam que compreendem 100% a correção oral da professora. Essa auto-análise revela que eles acreditam possuir uma boa compreensão das correções realizadas pela professora em sala de aula . De fato, nas aulas filmadas é possível observar que os alunos acompanham bem as correções orais realizadas e sentem-se a vontade de solicitar novas correções caso não tenham suas dúvidas esclarecidas. Porém, apenas uma observação mais extensiva pode informar com mais acuidade a qualidade as estratégias utilizadas pela professora, ou seja, se essas estratégias contribuíram de fato para a aprendizagem. Porém, essa questão foge ao escopo da presente pesquisa. 5.2.12 Outras considerações Durante a entrevista retrospectiva a pesquisadora procurou observar também algumas questões diretamente relacionadas à capacidade de percepção da correção de erros orais no contexto pesquisado. É pertinente observar que os alunos participantes da pesquisa conseguiram perceber uma das formas mais implícitas de correção de erros, a remodelação. A constatação desse fato 153 se deu da seguinte forma: foi mostrado alguns minutos da aula até o episódio onde a professora regente optou pelo uso da remodelação para efetuar a correção de um erro oral. Após a ocorrência do evento foi perguntado aos alunos se conseguiram perceber qual foi o erro corrigido. [32] P: Ok, vocês perceberam o que vocês falaram? LLL: Lives. P: Perceberam a correção da professora? LLL: u-hu [responderam afirmativamente.] M: Lived. P: É uma outra forma de correção de erros. A professora corrige, não aponta o erro, ela só corrige [a pesquisadora estala os dedos para sinalizar a percepção do aluno] e aí vocês aprenderam. Embora os alunos tenham facilmente percebido o erro cometido pelo grupo e a correção realizada subsequentemente, foi constatado que nem sempre os alunos tem essa percepção do que realmente está acontecendo, conforme constatado no episódio a seguir. Em outro momento foram exibidos alguns minutos de aula e perguntado aos alunos qual foi o erro cometido. É importante acrescentar também a pesquisadora não mostrou o episódio de forma descontextualizada. A cena começou a partir da explicação do que era tag questions dada pela professora antes de iniciar a correção oral do exercício, seguida de correção de outros itens do mesmo exercício até chegar ao item em questão. Nesse sentido, os alunos participantes da pesquisa estavam cientes do foco da correção do exercício. [33] P: Ok, vocês conseguiram pegar qual foi o errinho? [ um ou dois alunos responderam] P: Quem não conseguiu? [ a pesquisadora faz sinal com a mão para que o aluno sinalize que não conseguiu ouvir o erro] [nesse momento alguns alunos revelam não ter ouvido o erro] P: Quem conseguiu? Alguém conseguiu? M8: Eh, só escutei depois que escutei ela falando ‘does she’. P: Tá, você percebeu no momento que ela corrigiu. M8: Tirando isso eu não entendi o que falaram. O episódio [33] pode sinalizar para o fato de que nem sempre os alunos percebem os erros cometidos, quando cometidos em grupo. Mesmo passando a filmagem até o momento que a professora chama atenção para o erro, os alunos tiveram dificuldades em identificar qual o erro estava exatamente sendo corrigido. Na prática, parece existir um timing até que o aluno realmente perceba o foco da correção do erro oral. Nesse sentido, a correção da professora regente pode fazer uma grande diferença no processo de aprendizagem ao chamar 154 a atenção para forma através da correção oral de um erro em momento ideal para a aprendizagem. Outra questão importante abrange a percepção dos alunos quanto ao que seria a correção ideal. No final da entrevista retrospectiva, a pesquisadora tentou buscar por palavras que imediatamente resumissem para os alunos o que seria uma correção oral ideal segundo suas crenças. Assim, a pesquisadora pediu para que os alunos completassem a frase “Gosto que meus erros sejam corrigidos assim ...”. Resumidamente, os alunos disseram as seguintes palavras: individualmente, com alegria, com exemplos, em grupo, com bom humor, sem a cara ranzinza do professor, com boa vontade, que esteja certo, explicativa, clara, com bom humor, sem dar muitas voltas, brincadeiras, objetivo. Resumindo, este capítulo tratou de expor a análise dos dados coletados através dos questionários aberto e semiestruturado, gravação em vídeo, observação e entrevista semiestruturada em grupo. No capítulo a seguir, exponho as respostas encontradas para as perguntas de pesquisa e realizo comentários gerais sobre questões importantes observadas ao longo da realização da coleta e análise dos dados. 155 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo apresentará as reflexões finais retomando sucintamente a motivação inicial, objetivos, arcabouço teórico e as perguntas de pesquisa que motivaram o presente estudo. Além disso, estarei abordando as limitações da pesquisa bem como a importância da entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo na presente investigação e algumas sugestões para futuros estudos que envolvam o tema aqui pesquisado. 6.1. Reflexões finais O presente estudo foi inicialmente motivado pelo desejo de querer saber mais sobre as crenças dos alunos em relação à correção de erros orais no contexto de ensino de língua inglesa como língua estrangeira, já que os estudos até hoje realizados dentro do tema mostraram-se inconclusivos devido à natureza complexa do próprio assunto (BARCELOS, 2007). Essa motivação foi desencadeada durante o curso de Especialização quando tive a oportunidade de, através de muito estudo teórico, tornar- me consciente da importância da interação dos elementos que compõem a sala de aula no processo de ensino e aprendizagem. Assim, a necessidade dos alunos manifesta-se um elemento muito importante no processo de aprendizagem em detrimento da imposição de um currículo “pré-fabricado”. Esse tipo de currículo pode causar certa resistência por parte dos alunos por não corresponder às suas expectativas, sendo as crenças um importante instrumento capaz de identificar as possíveis necessidades de alunos pertencentes a um determinado grupo. Uma investigação sobre crenças deve levar em consideração a relação entre contexto, crenças, e ação (BARCELOS, 2006). 156 Em minha prática diária em sala de aula, observei a ação de alguns alunos e constatei que eles não respond iam bem às contrariedades (ver seção 1.1) que ocorriam no contexto de ensino de língua inglesa como língua estrangeira. É possível que tais contrariedades ocorram devido às diferenças de expectativas entre professores e alunos (GARRIDO, 2006, p. 138). Acontece que o desencontro de expectativas pode levar o aluno a sentir-se desmotivado. Não é intenção de nenhum professor desmotivar seus alunos. Porém, acredito que muitas vezes professores podem contribuir para impedir um momento de aprendizagem por desconhecer as crenças do grupo discente. No entanto, acredito que o professor, ao tornar-se consciente das expectativas e crenças dos interactantes, pode utilizar-se dessa informação a favor da aprendizagem. É também com objetivo final de prover o professor com ferramentas que possam ser utilizadas em favor do processo de aprendizagem que realizei esta investigação. Além da possibilidade de investigar as crenças e atitudes dos alunos participantes do presente estudo, foi realizada também uma análise bastante acurada do contexto. A perspectiva contextual adotada por esta pesquisadora foi uma tentativa de por em prática uma abordagem contextual das crenças conforme sugerido por Barcelos (2007). A partir dessa abordagem foi possível observar as atitudes dos participantes desta pesquisa, os princípios que regiam a sala de aula do contexto pesquisado e também foi possível verificar como um evento específico que é objeto deste estudo, a correção de erros orais, se realizava dentro do grupo alvo. O contexto investigado revelou tratar-se de fato apoiado nos princípios de uma abordagem comunicativa por atender aos pressupostos relacionados às fls 29 e 30 e conforme foi possível constatar na aplicação do esquema de observação (COLT). A ocorrência da correção de erros orais dentro desse contexto confirmou a hipótese que esta pesquisadora defendeu desde o início de que dificilmente uma sala de aula de ensino de inglês como língua estrangeira se isente da ocorrência do foco na forma através da correção de erros orais (ver fls 15 e 16). Conforme afirmam Lima e Menti (2004), a evidência negativa é necessária para que os aprendizes possam ter ferramentas para confirmarem ou não suas hipóteses da língua-alvo. Além disso, é importante destacar que o contexto comunicativo pode oferecer um ambiente ideal para a ocorrência da atenção seletiva e conscientização linguística (SCHMIDT, 1990, 2001; LIGHTBOWN; SPADA, 2006; SVALBERG, 2007) através da interação. Conforme Long (1996) sugere, a conversação pode ser um importante veículo facilitador da aprendizagem de pelo menos uma parte de novos elementos linguísticos (ver subseção 3.1.2). 157 Por essa interação ocorrer em ambiente comunicativo, ela se torna bastante significativa para os envolvidos que acabam por serem os responsáveis pelos rumos que o foco na forma toma durante a interação, ocorrendo segundo suas necessidades. Embora Long (2007) e Ellis (2001) não dividam integralmente as mesmas perspectivas em relação ao significado do ensino formal, ambos sugerem que uma forma possível de realizar a instrução focada na forma durante a interação seja através da correção de erros orais (ver fls 41-42). Através da observação de diversas formas de ocorrência desse evento, foi possível constatar que embora tenham ocorrido interações tanto entre alunos-professora e aluno-aluno, o primeiro ainda era predominante dentro do contexto pesquisado. Essa observação pode indicar que embora estejamos teoricamente avançados ao sugerir que as necessidades dos alunos deveriam orientar o curso da aula, talvez, na prática, ainda exista certa dificuldade ou resistência por parte de professores em delegarem a responsabilidade de aprendizagem para seus alunos. A variedade de formas que a correção de erros pode realizar-se dentro de sala de aula também merece destaque. Conforme pontua m Allwright e Bailey (2004, p. 103), “(...) os professores devem oferecer aos alunos uma grande variedade de tratamentos, não só porque sabemos que não existe uma única forma de as coisas darem certo, mas também porque pessoas diferentes precisam ser tratadas de formas diferentes 104 ”. No contexto pesquisado, foram identificadas diversas estratégias, conforme sugerido por Lyster e Ranta (1997), como a correção de erros explícita, a remodelação, o pedido de esclarecimento, o feedback metalinguístico, o feedback múltiplo, a repetição, e a correção entre os colegas, sendo esta última classificação sugerida e acrescentada por mim. Sumariza ndo, a correção de erros orais é uma ferramenta que pode manifestar-se de diversas formas. O uso dessas diversas formas contribui para oportunizar ocorrência de aprendizagem dentro de um contexto significativo constituído de elementos heterogêneos. Porém, a aplicação desses diversos instrumentos não deve ser de uma forma aleatória, quase que irresponsável. Os professores devem estar conscientes dos diversos fatores que atuam diretamente no processo de aprendizagem para fazer melhor uso das oportunidades. Em outras palavras, conhecendo as crenças dos alunos o professor se torna mais capacitado para fazer uso dos diversos tipos de correção de erros orais conforme a necessidade do aluno, 104 “(…) teachers should offer learners the greatest possible variety of treatments, not only because we know of no one way that always works, but also because different people need to be treated differently anyway” (ALLWRIGHT ; BAILEY, 1991, p. 103). 158 ampliando assim, a oportunidade de aprendizagem através da oferta da possibilidade dos alunos vivenciarem múltiplas experiências. Após rever algumas questões importantes que orientaram o andamento da presente pesquisa, a seguir serão abordadas as perguntas de pesquisa em si e suas respectivas conclusões assim como outras considerações relevantes, mas de cunho mais geral. 6.2 Retomando as perguntas de pesquisa A presente pesquisa buscou investigar as crenças de alunos de ensino fundamental de uma escola privada quanto à correção de erros orais em contexto comunicativo. Este estudo realizou-se como uma tentativa de investigar as crenças dos alunos através da análise da relação dos três aspectos sugeridos por Barcelos (2007): contexto, crenças, e ações. A seguir, apresentarei um breve esboço das conclusões dos principais questionamentos realizados, resultado da análise qualitativa que foi aplicada aos dados. 6.2.1 Quais são as crenças dos alunos em relação ao papel da correção de erros orais em sala de aula? Essa pergunta é bastante abrangente, e para respondê- la foram realizadas perguntas mais específicas nos questionários aberto e semiestruturado, e em entrevista semiestruturada em grupo que foi elaborada não só a partir da observação das ações nas aulas filmadas, mas também da análise dos questionários e do contexto. Segundo o grupo investigado (vide subseção 5.2.1), todos concordaram que a correção de erros é importante para a aprendizagem. Além disso, muitos utilizaram a frase ‘é errando que se aprende’ para justificar a importância da correção de erros. Essa afirmativa dá ênfase não à correção, mas ao erro. Nesse sentido, é possível concluir que, segundo crenças professadas, errar parece fazer parte do cenário de ensino e aprendizagem de língua inglesa em contexto comunicativo. Há um aluno que sugere, em entrevista retrospectiva, que o erro pode ser uma estratégia de aprendizagem. Segundo ele, é possível que, mesmo sabendo que o item linguístico está errado, o aluno pode exteriorizar o erro na busca da forma correta através da correção (vide extrato [1]). Embora nem todos os alunos possam ter consciência dessa 159 estratégia, mesmo que façam uso dela na prática, acredito que os professores possam se beneficiar dessa informação para contribuir para que o aluno desenvolva essa habilidade conscientemente, como estratégia de aprend izagem, facilitando a coconstrução de conhecimento segundo as necessidades do aprendiz. Acho importante destacar também que 92% (12 al.) dos alunos esperam que todos os erros sejam corrigidos, embora, em entrevista retrospectiva, um dos alunos manifestou-se quanto à preferência para que sejam corrigidos apenas os erros que realmente venham a interferir com a comunicação, enquanto outro aluno tratou de apontar para a importância da questão afetiva (MATOS, p. 2009), sugerindo que o professor deve ficar atento às reações do aluno, pois, de repente, o aluno não respondeu adequadamente, mesmo sabendo o certo, por estar nervoso, e por isso, a correção não seria necessária (vide subseção 3.1.1.1 ‘lapso x erro’). Esse último depoimento aponta para necessidade de capacitação do professor. Acredito que somente a capacitação proverá o professor com a sensibilidade e sabedoria necessárias para guiarem as tomadas de decisões imedia tas que o contexto de sala de aula de ensino de língua inglesa demanda. Em resumo, os alunos participantes da pesquisa além de aceitarem a ocorrência de erros orais como evento intrínseco ao contexto de ensino da língua inglesa, eles também acreditam que a correção de erros orais pode aperfeiçoar/melhorar o inglês, melhorar o aprendizado e evitar erros futuros. Essas atribuições parecem justificar a presença da correção de erros orais como instrumento a ser aplicado em sala de aula comunicativa, segundo as crenças do corpo discente alvo. A partir das crenças professadas é possível inferir a necessidade de capacitação dos professores não só em relação aos conteúdos que está ensinando, mas também é necessário que o corpo docente tenha consciência das crenças dos alunos e, possivelmente, dos respectivos aspectos que influenciam na s suas formações que podem ser responsáveis por atrapalhar ou até mesmo impedir a aprendizagem. Entre esses aspectos formadores do construto de crenças estão: fatores socioculturais, questões afetivas, hábitos arraigados e conceitos inadequados adquiridos (vide subseção 3.2.3). É importante lembrar que a presente pesquisa é o resultado de um esforço realizado para investigar as crenças professadas em um determinado contexto a partir da metodologia sugerida por Barcelos que aponta que para obter resultados mais consentâneos com a realidade é necessário pesquisar não só as crenças, mas também as ações e o contexto. Nesse sentido, embora as categorias relacionadas à formação das crenças tenham sido por vezes reveladas e discutidas 160 de forma bastante abrangente durante a análise dos dados, o objetivo do presente estudo não foi aprofundar-se em qualquer das dimensões formadoras do construto de crenças especificamente. Porém, acredito que futuras pesquisas possam contribuir amplamente para o tema em questão ao propor uma investigação a partir das categorias que contribuem para formação das crenças. 6.2.2 Como os aprendizes esperam que seus erros sejam corrigidos? Essa pergunta também é bastante abrangente e foi dividida entre as seguintes questões: se desejam que a correção seja individual ou em grupo (vide subseção 5.2.6), quanto às melhores formas de se corrigir um erro (vide subseção 5.2.8) e como a professora não deve agir ao corrigir um erro oral (vide subseção 5.2.9). Conforme já foi discutido, há uma preferência predominante pela correção em grupo. Alguns alunos disseram que depende do momento. Porém, outros alunos que apontaram para a correção individual em detrimento da correção em grupo, sinalizaram a influência da questão afetiva como fator determinante para a escolha pela correção individual. Nesse sentido, cabe ao professor estar ciente dessas questões para que seja realizado um trabalho junto ao grupo discente com a finalidade de diminuir o filtro afetivo, fazendo com que o aluno fique mais receptivo para a aprendizagem. Quanto à preferência por determinado tipo de tratamento dos erros, os alunos mostraram grande interesse em serem mais participativos no próprio processo de aprendizagem, já que demonstraram preferir estratégias que os estimulessem na busca pela autocorreção. Esse resultado pode sugerir que talvez a professora regente deva rever suas estratégias de ensino, no sentido de proporcionar maiores oportunidades para que os alunos sejam mais participativos no próprio processo de aprendizage m. Porém, conforme os próprios alunos sinalizaram, há um limite para essa tentativa de autocorrreção, por isso, o professor deve ficar atento para perceber quando o aluno não está mais interessado pela autobusca pela resposta correta e deseja logo ser informado da solução para seus questionamentos pelo professor. Do contrário, se o professor não tiver sensibilidade para perceber esse momento e insistir para que o aluno encontre a solução por ele mesmo, o aluno pode se sentir desanimado ou frustrado por não conseguir atingir a meta estabelecida. 161 Foi pertinente investigar também o que seria uma atitude negativa ao se corrigir um erro oral por parte do professor. O resultado apontou mais uma vez para a importância de capacitação do professor para que tenha sensibilidade de perceber qual o momento mais conveniente para realizar uma brincadeira ou de corrigir com maior seriedade. Para isso, acredito que é sempre importante o professor por em prática o ensino reflexivo, buscando analisar sempre os eventos que ocorrem em sala de aula e procurar sempre ouvir o aluno para não só conhecê- lo melhor, mas também a si mesmo. De fato, ao dar voz ao aluno, o professor pode inclusive tornar-se consciente do que Richards (1990) classifica como ‘blind self’ 105 , ou ‘o eu escondido/cego’, que refere-se à informação que é familiar para outros, mas não para o próprio professor (RICHARD, 1990, p.120). Por vezes, temos atitudes as quais não temos consciência e, por isso, podemos nos beneficiar do testemunho dos alunos para confirmar se nossas atitudes condizem com o que afirmamos ser nossas crenças. Acredito que nenhum professor tenha a intenção de ofender o aluno quando realiza uma brincadeira durante a correção de um erro oral. Porém, se o aluno percebe a brincadeira como uma ofensa, o professor deve estar ciente de sua tentativa fracassada de descontração para que sua atitude em sala de aula não se desdobre em desmotivação por parte dos alunos. Concluindo, investigar as crenças e preferências dos alunos pode ser muito positivo no contexto de sala de aula do ensino de língua inglesa, pois ambos, alunos e professores, podem se beneficiar da troca de informações, crenças, valores, experiências e preferências, levando à abertura de comunicação entre os membros do grupo e, conseque ntemente, facilitando a aprendizagem. 6.2.3 Quando os erros orais devem ser corrigidos segundo os aprendizes? Embora essa pergunta também se enquadre nas preferências dos alunos, no subitem anterior, ela foi considerada individualmente como pergunta de pesquisa por ser uma discussão muito importante, sempre presente em estudos sobre correção de erros orais. Dentre as opções apresentadas, foram sugeridas a possibilidade de correção ao término da fala, interrompendo a fala ou no final da aula (vide seção 5.2.5). 105 The blind self “refers to information known to others but not to the teacher” (RICHARD, 1990, p.120) 162 Os alunos dividiram-se entre interromper ou esperar o término da fala por diferentes razões; mas nenhum optou pela correção só no final da aula. Conforme já discutido, as diferentes respostas sugerem que um grupo é formado de indivíduos com experiências próprias e, por isso, é heterogêneo. Portanto, acredito que um tratamento uniforme pode prejudicar o processo de aprendizagem, pois além de o professor possivelmente não alcançar a todos, os alunos poderão está perdendo a oportunidade de desenvolver uma nova habilidade e a criatividade. 6.2.4 Os aprendizes esperam que o professor seja sempre a fonte da correção? Os aprendizes aceitam a coconstrução do conhecimento através da aceitação do feedback do colega? Quanto às preferências dos alunos em relação ao agente da correção, embora o grupo discente alvo não se incomode com o feedback do colega (GARRIDO, p. 2006), nenhum afirmou se satisfazer em discutir os erros apenas com os colegas. A figura do professor ainda é considerada a autoridade (ROSA, p. 2003), fonte de todo conhecimento, e, por isso, parece ser essencial que, mesmo se a resposta do colega estiver correta, o professor deve estar presente para ratificar a informação dada. Esses resultados confirmam o que Garrido (2006) e Rosa (2003) encontraram em suas investigações. 6.2.5 Outras considerações Durante a entrevista retrospectiva, um aluno criticou o fato de achar que aprende muita coisa que não vai precisar usar (vide extrato [7]). Conforme já sugerido na análise dos dados, esse aluno não consegue atribuir uma importância ao conteúdo que está aprendendo, pois não consegue transferir a aplicação do conteúdo abordado para uso em seu dia a dia. Essa atitude em relação à língua-alvo pode deixá- lo desmotivado e levá- lo a perder grandes oportunidades de aprendizado. Esse dado é um alerta para que professores estejam sempre conscientes da importância de trabalhar conteúdos a partir da necessidade do aluno e de forma contextualizada, mostrando claramente sua utilidade na prática. Mais uma vez, acredito sinceramente que apenas a capacitação de professores poderá imbuí- lo de ferramentas 163 necessárias para que consiga ensinar a língua-alvo dentro de uma abordagem genuinamente comunicativa com sucesso. É possível observar também que os alunos participantes da presente pesquisa dividem crenças parecidas com a dos alunos participantes de outras pesquisas realizadas dentro do mesmo escopo, porém em contextos diferentes (por exemplo, LYRIO, 2001; MATTOS, 2009; ROSA, 2003 e GARRIDO, 2006 recentemente citados). O professor, por exemplo, ainda é visto como a única fonte de todo o conhecimento no processo de tratamento de erros. Isso significa que o sistema de crenças dos alunos ainda se baseia em uma visão tradicional da aprendizagem. Essa constatação pode sugerir que, mesmo após anos de pesquisa, o conhecimento gerado não tem sido devidamente aproveitado pelos professores que insistem em manter hábitos arraigados. Essa perspectiva pode levar a questionamentos em relação à formação dos professores, já que mesmo após anos de leitura e produção de conhecimento durante a graduação e até mesmo em cursos de pós-graduações, professores sentem dificuldades em colocar em prática os estudos realizados em beneficio da aprendizagem. 6.3 Das limitações da pesquisa Neste estudo procurei colocar em prática a sugestão de Barcelos (2007) que afirma que a investigação sobre crenças deve levar em consideração não só as próprias crenças, mas também as ações e o contexto. Por isso, houve a tentativa de aplicar o maior número de instrumentos coerentes com a metodologia proposta a fim de buscar por dados o mais consentâneos com a realidade possível. Confesso que fui muito feliz por ter recebido total apoio logístico para a realização da coleta de dados como a câmera de filmagem, o datashow para reproduzir a aula para os alunos durante a entrevista retrospectiva, assim como a colaboração da professora regente e da própria escola no sentido de oportunizar o estudo. Embora tenha conseguido realizar todo o planejado, e até mesmo ir além com a possibilidade da realização da entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo, a aplicação dos instrumentos de coleta dependeu da disponibilidade do calendário escolar. Por isso, as gravações em vídeo foram realizadas em duas aulas de revisão, o que poderia limitar o contexto comunicativo. Acresce que a entrevista retrospectiva foi realizada no semestre subsequente, aproximadamente três meses após a gravação em vídeo e aplicação dos questionários. Contudo, acredito sinceramente que a distância entre a gravação em vídeo e a 164 entrevista não tenha sido fator tão limitador porque tive a possibilidade de resgatar as experiências dos alunos através da exibição das aulas gravadas. Outra questão pertinente que pode ser considerada nesta seção seria a não inclusão de uma seção que contemplasse a dificuldade de realmente se estabelecer uma diferença entre ‘preferências’, ‘atitudes’ e ‘crenças’. Entendo que a discussão teria contribuído para a presente pesquisa. 6.4 Uma surpresa agradável: a entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo Durante o processo de investigação pensei na possibilidade de realizar a entrevista para complementar a coleta de dados. Porém, ocorreu-me que os alunos poderiam sentir dificuldades em visualizar determinados eventos que certamente seriam citados por mim durante a entrevista. Além disso, seria difícil o aluno conseguir lembrar detalhes das aulas gravadas já que havia uma certa distância temporal entre as aulas gravadas em vídeo e a entrevista. Mattos (2009, p. 161) também observou a importância de os alunos responderem a partir de suas próprias experiências ao constatar que o não confronto dos alunos com a gravação em áudio de seus respectivos erros poderia ter limitado sua pesquisa no sentido de reduzir a possibilidade de gerar dados mais consentâneos com a realidade. Assim como Mattos (2009), ocorreu- me que mostrar as aulas filmadas aos alunos e entrevistá- los, simultaneamente, a partir de informações geradas pela sua própria realidade seria bastante enriquecedor para presente pesquisa. Mas como fazê- lo? Conversando com a professora regente fui informada de que a escola dispunha de uma sala de vídeo e data show e que com a devida autorização eu poderia estar realizando essa etapa da coleta. Foi assim que se originou o que eu chamei de entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo, uma ferramenta que se revelou fundamental na triangulação dos dados na presente investigação. O procedimento consistia em mostrar algumas cenas previamente selecionadas das aulas filmadas no grupo alvo e inquir ir sobre suas crenças a partir do contexto ao qual estavam inseridos. Essa técnica possibilitou que os alunos expressassem suas crenças a partir de suas próprias experiências. Isso garantiu que o resultado da análise dos dados refletisse mais fidedignamente as crenças dos alunos participantes da pesquisa. Acredito que essa ferramenta poderá também ter um papel muito importante em pesquisas futuras. 165 6.5 Sugestões para estudos futuros A presente pesquisa limitou-se a realizar um levantamento das crenças professadas por um grupo discente de língua inglesa em um determinado contexto em relação à correção de erros orais. Porém, acredito que ainda existe um campo pouco explorado dentro do tema investigado: a investigação das categorias que especificamente contribuem para formação das crenças dos alunos quanto à correção dos erros orais em sala de aula de ensino de língua inglesa como língua estrangeira (MADEIRA, 2005). Outro assunto que poderia ser tema central de investigação em pesquisas futuras diz respeito às preferências dos alunos quanto às opções de tratamento de erros orais. Acredito que a exibição das aulas gravadas do grupo alvo e entrevista realizada concomitantemente à exibição, conforme realizado no presente estudo, seria um poderoso instrumento de coleta de dados através do qual muito poderia ser explorado. De fato, a entrevista retrospectiva em grupo mostrou-se um valioso instrumento de coleta para a presente pesquisa, pois a possibilidade de exibir as próprias experiências dos alunos possibilitou que os inquiridos tivessem maior consciência e exatidão nas respostas dadas em entrevista. Através do presente estudo percebi que, possivelmente, uma forma bastante promissora de se investigar as crenças dos alunos, especificamente quanto às preferências aos tipos de correção de erros orais, seja através de entrevistas realizadas a partir da exibição das suas próprias experiências e ações, pois dessa forma fica claro para o aluno como cada categoria se realiza dentro do contexto ao qual pertence. Nesse sentido, caso seja dada uma atenção privilegiada a esse tema em pesquisas futuras, sugiro que seja utilizada a entrevista retrospectiva com base na realidade dos próprios alunos a partir da exibição de aulas filmadas. Em relação às técnicas de coleta de dados sugiro, ainda, a aplicação também de Protocolo Verbal na forma de introspecção retrospectiva (SWAIN, 2006b, p.2) como, por exemplo, o uso da técnica de ‘lembrança estimulada 106 ’ em estudos futuros. Espero sinceramente que a presente pesquisa possa ter contribuído para mostrar a importância do estudo das crenças dentro do contexto de ensino de língua inglesa. Os aprendizes são influenciados por elas durante a aprendizagem. Portanto, o professor, ao 106 “In a stimulated recall, individuals are provided with a stimulus which constitutes a bit of their past behavior. For example, individuals may be shown a clip of a video in which they appear and are asked to talk about what was going through their minds at that particular time.” (SWAIN, 2006b, p.2). Ênfase é de minha autoria. 166 tornar-se consciente delas, poderá fazer uso dessa informação para criar uma atmosfera mais positiva na sala de aula, evitando o desencontro de expectativas e aumentando as oportunidades de aprendizagem. Convido professores a darem continuidade à investigação das crenças dos alunos pois só assim seremos melhor capacitados para oferecermos ao aluno o que eles realmente precisam. 167 7. BIBLIOGRAFIA ABRAHAM, R.G.; VANN, R.J. Strategies of two language learners: A case study. In: WEDEN, A; RUBIN, J. (Ed.). Learner strategies in language learning. Londres: Prentice Hall, p. 85-102, 1987. ABRAHÃO, M.H.V. Metodologia na investigação das crenças. In: BARCELOS, A.M.F. ; ABRAHÃO M.H.V. (Orgs.) Crenças e Ensino de Línguas: Foco no professor, no aluno, e na formação de professores. 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Tipo de atividade Esse parâmetro inicial é aberto; nenhuma descrição pré-determinada deve ser préselecionada pelo observador. Cada atividade será descrita, por exemplo, discussões, jogos, ditados, etc. se a professora introduz o diálogo, se ler em voz alta se os alunos repetem parte do diálogo depois da professora. II- Organização dos participantes Esse parâmetro descreve os padrões de organização, que segundo Fröhlich, Spada e Allen (1985) são os seguintes: ü Toda a turma o Da professora para toda a turma, e vice versa (uma atividade central guiada pela professora está acontecendo; a professora interage com toda a turma e/ou com alunos individualmente. A professora está trabalhando com toda a turma) o De aluno para aluno, ou de aluno(s) para a turma (os alunos conversam entre eles, tanto como parte da lição quanto como forma de socialização; uma atividade central guiada pelo aluno pode estar acontecendo, por exemplo, um grupo de alunos atuando em uma cena enquanto os demais alunos da turma atuam como a audiência.) o Trabalho em coro. (a turma toda participa em coro, repetindo o modelo oferecido pela professora ou pelo texto. ü Trabalho em grupo (como é organizado) o Todos os grupos trabalhando na mesma tarefa. o Grupos trabalhando em tarefas diferentes. ü Trabalho individual ( os alunos trabalham individualmente, na mesma tarefa ou em tarefas diferentes.) ü Trabalho individual ou em grupo ( alguns alunos são involvidos em grupo, outros trabalham sozinhos.) ü Trabalho em pares ( categoria adicionada ao esquema a partir dos dados observados) 180 III- Conteúdo Esse parâmetro descreve o assunto das atividades, ou seja, o que a professora e os alunos estão falando, lendo, escrevendo ou ouvindo. Segundo Chadron, três grandes conteúdos tem sido discriminados: ü Administração da aula o Procedural directive o Declarações disciplinares ü Foco explicito na língua o Forma ( foco explicito na gramática, vocabulário, ou pronúncia) o Função ( foco explicito em atps ilocucionários como pedido de esclarecimentos, de desculpas e pedido de explicação. o Discurso ( foco explicito na forma que as frases combinam na coesão e coerência) o Sociolingüístico ( foco explicito na natureza que faz uma frase apropriada para um determinado contexto) ü Outros tópicos (o assunto do discurso de sala de aula fora a administração da aula e o foco explicito da língua) o Referência de variação reduzida ( essa subcategoria refere-se ao contexto de sala de aula imediato e trocas estereotipadas como “bom dia” ou “como vai você” que tem uma função fática mas pouco conteúdo conceptual. As referências de rotina de sala de aula estão incluídas nessa categoria como o dia da semana, comentários sobre tempo, etc.) o Referência de variação limitada (tópicos dessa subcategoria refere-se à informações que tratam de assuntos externos à sala de aula mas ainda de concepções limitadas: cinema, férias, atividades extracurriculares e assuntos relacionados à vida particular e pessoal do aluno, por exemplo, onde mora, número de irmãos e irmãs, etc) o Referência de variação ampla ( tópicos de variação ampla vai além da sala de aula e do contexto imediato, e inclui referencia à assuntos públicos controversos, eventos mundiais, idéias abstratas, reflexão de 181 informação pessoal, e outros assuntos acadêmicos como matemática e geografia). ü Controle do tópico ( quem seleciona o tópico que está sendo tratado – a professora, o aluno, ou ambos?) IV- Modalidade de aluno Essa seção identifica as várias habilidades envolvidos na atividade de sala de aula. O foco é no aluno, e o propósito é descobrir se o aluno está desenvolvendo a compreensão auditiva, produção, leitura ou escrita ou se essas atividades estão ocorrendo em combinadas. V- Material Esse parâmetro descreve o material utilizado em conexão com a atividade de sala de aula. A. Tipo de material a. Texto (escrito) b. Áudio c. Visual B. Fonte e o objetivo do material. a. Pedagógico (especificamente elaborado para o ensino da língua inglesa) b. Não-pedagógico ( material originalmente direcionado à objetivo não escolares) c. Semi-pedagógico ( utilização de objetos da vida real e textos mas de forma modificada) C. Uso do material (nível de controle) a. Altamente controlado ( forte adesão ao material) b. Semi-controlado (extensão ocasionais para além das restrições impostas pelo material) c. Minimamente controlado ( materiais como ponto de partida para o inicio de uma conversação, que pode abranger uma ampla variedade de assuntos). 182 (Tradução feita por mim. O esquema integral encontra -se em Allwright & Bailey, (1991: 216) e a adaptação foi realizada segundo a necessidade da pesquisa e das sugestões de adaptação de Nunan (1992: 99). ANEXO 2 - Folha de exercício da aula do dia 22/06/2011 183 ANEXO 3 - Pôsteres utilizados na atividade de conversação da aula do dia 22/06/2011 184 ANEXO 4 - Folha de exercício da aula do dia 24/06/2011 185 187 APÊNDICE 1 - Questionário aberto respondido pelos alunos em 2009 Prezado aluno, Por favor, siga a seqüência de perguntas e seja o mais honesto e preciso possível. Suas respostas devem refletir o que realmente pensa e sente. Não será necessário colocar seu nome neste questionário. Agradeço por seu tempo e colaboração. RESPONDA EM PORTUGUÊS: 1) O que você achou da atividade? Explique sua opinião: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 2) O que você aprendeu de interessante durante a atividade? Você aprendeu algo novo com seu colega? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 3) Quais os erros que você cometeu durante a atividade? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 4) Você acha que a correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? Explique sua opinião / justifique/ comente: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) Você prefere que a professora corrija seus erros ou você gosta mais quando pode discutir os erros com os colegas? Por quê? 188 _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 6) Como você prefere que a professora corrija os erros cometidos em sala de aula? No final da aula ou no exato momento em que o erro ocorre? Individual ou em grupo? Por quê? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7) Na sala de aula, no momento em que a professora corrige um erro, o que faz com a nova informação dada pela professora? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 8) Você já percebeu alguma melhora após a correção de um erro? Dê exemplos: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 9) Em sua opinião, qual seria a forma mais inapropriada de se corrigir um erro? (Pense em alguma situação/experiência que tenha deixado você desmotivado/desanimado após a correção de um erro) _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ OBRIGADA! 189 APÊNDICE 2 - Consolidado das respostas dos alunos participantes ao questionário aberto aplicado em 2009 O primeiro contato com o grupo alvo foi em 2009. A pesquisadora optou por aplicar uma atividade que ao mesmo tempo fosse comunicativa e oportunizasse o foco na forma em contexto comunicativo e interação não só com a professora mas também entre os alunos. A atividade aplicada é conhecida como Dictogloss que objetiva a reconstrução de um texto. Essa atividade consiste nas seguintes etapas: 1. Os alunos realizam a leitura de um texto duas vezes. Durante a primeira leitura os alunos não devem fazer nenhuma anotação, apenas ouvir para ter uma idéia geral do texto. Já durante a segunda leitura os alunos são orientados a anotarem tudo que conseguirem ouvir. Os alunos devem ser encorajados a anotarem as palavras que contribuem para que eles consigam construir o texto. 2. O texto deve ser lido em velocidade e ritmo normal. 3. Ao terminar a segunda leitura, os alunos devem trabalhar em pares para trocar informações e reconstruir o texto. 4. O papel da professor é de monitorar a atividade durante a reconstrução. Durante essa fase o professora deve apontar aos alunos os pequenos erros que ocorrerem durante a reconstrução do texto. 5. A última etapa da tarefa consiste na análise e correção de erros dos textos reconstruídos. A atividade foi aplicada pela professor que foi previamente orientada em relação à aplicação da atividade. A pesquisadora informou à professora que o texto reconstruído não precisa ser idêntico ao texto original. Questão 1: O que você achou da atividade (dictogloss)? Explique sua opinião: Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 Eu achei ela muito inteligente, pois com ela nós desenvolvemos mais a língua inglesa. Eu gostei foi ótimo, aprendemos muito só falando em inglês, sobre uma matéria divertida como inglês. Interessante, pois com essa atividade corrigimos nossos erros em grupo. Interessante, pois nos faz falar bastante inglês e isso é bom. Interessante. Serviu para a gente vê como que falamos inglês numa atividade diferente. Muito inteligente, pois amplia o nosso conhecimento no inglês. Bem, foi maneiro, uma atividade nova e interessante, gostei muito. Adorei. É uma ótima forma de praticar inglês, e eu amo essa língua. Muito boa. É uma atividade muito boa para poder trabalhar o nosso inglês. Achei legal, bem interessante. Eu acho que seria legal se tivesse de novo. 190 St 11 St 12 St 13 St 14 Eu achei bastante interessante, pois vi a opinião dos outros sobre problemas de saúde e pude aprender com ele. Gostei bastante da atividade pois perdi aula para isso! Eu achei uma ótima oportunidade de nós treinarmos nossa conversação. Eu achei interessante pois é uma coisa diferente de nossas aulas, todo dia era a mesma coisa. Isso foi muito legal para fugir do cotidiano. As respostas ilustram que os alunos puderam perceber os benefícios de uma atividade comunicativa como uma oportunidade de falar em inglês e melhorar a língua alvo. Apenas um aluno citou a correção de erros como uma estratégia positiva dentro desse contexto. Questão 2: [ não é necessária a análise, essa questão foi apenas uma tentativa de contextualizar o questionário, para que os alunos respondesses às questões levando em consideração a atividade.] Questão 3: Quais os erros que você cometeu durante a atividade? Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Eu cometi o erro de esquecer como é que se fala ‘preciso’ em inglês. Esqueci de algumas [palavras] do texto. Confundi os remédios para cada tipo de dor. Vários, não sabia falar algumas coisas. Falar em português e errar algumas palavras em inglês. Lembrar o texto. Só os de reescrever o texto que a professora leu. A formação da frase. Eu não sei. Bom, eu falar embaraçado, e as vezes falar em português. Eu cometi alguns erros no texto. Eu me atropelei nas palavras quando deveria ler. Algumas vezes eu esquecia algumas palavras que eu já sabia. Eu me confundi na atividade do texto, pois eu não consegui gravar o texto. Questão 4: Você acha que a correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? Explique sua opinião / justifique: Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 Sim. Pois quando você erra algo e quando você aprende o que você estava errando, você não esquece tão fácil. Sim. Pois ensina o certo, corrigindo o que está errado. Sim. Pois depois de corrigir os erros a gente passa a tentar a falar as palavras corretamente. Sim, pois um erro a gente aprende e não erra mais. Sim. Porque errando é que a gente aprende. Claro, pois é errando que se aprende. Sim, pois nós corrigimos nossos erros e aprendemos o certo. Sim. Pois aquele erro fica na mente e teremos tanto medo de fazê-lo de novo que não vamos cometer. Sim. Isso melhora a comunicação. 191 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Sim. Eu posso com erros, depois eu aprendo melhor inglês. Sim, com os nossos próprios erros a gente aprende muito mais, se não erramos continuaremos com dúvidas. Sim. É errando que se aprende. Sim. Porque é um jeito de nós fixarmos na nossa mente. Sim, pois é errando que se aprende. Questão 5: Você prefere que a professora corrija seus erros ou você gosta mais quanto pode discutir os erros com os colegas? Por quê? Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Quando a professora corrige, pois quando ela corrige, eu consigo evoluir mais do inglês. Pra mim os dois são iguais, eu estando errado quero que me corrijam para aprender o certo. Discutir com os colegas porque um amigo corrige um erro bem diferente do jeito da professora. A professora pois ela explica o certo. Com os dois. Porque com a professora você tem a certeza e com os colegas tem troca de opiniões e etc. A professora, pois com ela acho que tenho mais firmeza em tirar dúvias. Gosto que a professora corrija-os, pois o dela sim está certo. A professora. Pois é uma excelente profissional e tem a certeza de que erramos ou não. Poder discutir os erros com os colegas. A aula fica mais interessante. Prefiro discutir os erros. Porque é mais legal e eu posso corrigir os meus amigos. Que a professora corrija, pois assim estarei confiante de que aprendi direito. Prefiro aprender comigo mesmo. É mais fácil assim. Com meus colegas. Porque eu tenho mais afinidade. Prefiro que a professora corrija meus erros pos ela pode me explicar melhor que meus colegas. Questão 6: Como você prefere que a professora corrija os erros cometidos em sala de aula? No final da aula ou no exato momento em que o erro ocorre? Individual ou em grupo? Por quê? Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 No momento em que o erro ocorre e individualmente, porque desse modo eu consigo me concentrar mais no momento da correção. No exato momento, pois eu já fico sabendo o que está errado. No exato momento, em grupo pois fica mais fácil de eu entender. No exato momento, pois depois a gente esquece. No exato momento. Em grupo. Para que não aja dúvidas depois. No exato momento claro, em grupo mesmo, pois assim aprendo melhor. No exato momento e em grupo, porque é mais divertido e o correto para aprender direito e discutir também com os colegas. Dizendo o errado e falando o certo logo após. No exato momento. 192 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Individual. Não gosto de dividir meu erros. No exato momento e individual para as pessoas não rirem de você. Falando. O momento em que eu falo. No exato momento, em grupo; porque assim se alguém for tímido se reconfortará em grupo. No momento. Pois se deixar pra depois cai no esquecimento. Em grupo, no exato momento. Em grupo porque para não acharem que eu mereço mais atenção No exato momento, em grupo porque fica melhor de captar o erro e aprender o correto. Questão 7: Na sala de aula, no momento em que a professora corrige um erro, o que faz com a nova informação dada pela professora? Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Eu a escrevo para estudar em casa. Que eu aprenda o certo ( a informação dada pela professora). Eu anoto. Repito. Tento não esquecer. Primeiro anoto e depois treino. Fica gravado na mente. Coloco-a em meu livro e em meu cérebro. Eu a uso. Eu aprendo e falo direito. Procuro entender, as vezes escrevo a ecplicação e se não entender digo que não compreendi direito. Guardo na memória. Eu anoto. Eu tento gravá- la. Questão 8: Você já percebeu alguma melhora após a correção de deu erro? Dê exemplos: Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Sim. Eu consigo conversar em inglês e entender os exercícios. Sim. Eu a partir desse momento não erro mais aquilo. Não. Sim. Remédio eu não sabia. Sim. Fazer a tarefa de forma certa. Claro. Minha fala quando converso com algum colega na sala. sim, quando eu não sabia escrever certas palavras, eu comecei à acertá- las. Sim. Eu escrevia: dont e a professora dizia que era: don’t. Não. Sim eu falava neiborlhod errado agora falo o certo, também tem eletricity e depois falei certo. Sim eu errava os verbos no passado. Após compreender estava muito melhor na matéria aplicada. Sim diversas vezes eu melhor a pronúncia sendo corrigido. Sim a palavra remédio eu pronunciava errado e a professora me corrigiu e 193 St 14 eu não erro mais. Sim. Quando a professora corrigiu a prova eu consegui captar meus erros e corrigi- los. Os alunos reconhecem as diversas oportunidades para se corrigir um erro, tanto na escrita como oralmente. Questão 9: em sua opinião, qual seria a forma mais imprópria de se corrigir um erro? (Pense em alguma situação/ experiência que tenha deixado você desmotivado/desanimado após a correção de um erro). Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 St 14 Ofendendo o aluno. Graças a deus isso nunca me ocorreu. Eu fiz um texto em inglês e estava praticamente tudo errado e desanimei, mas depois me esforcei e acertei. Dando esporro no aluno. Um amigo disse para o outro: seu burro, pra mim isso não adianta. Corrigir de má vontade. Gritar, não ter paciência de explicar, ou até mesmo rir da sua dúvida. Só escrever as respostas, isso já aconteceu comigo várias vezes mas foi em outra matéria. Desapontando, xingando, zoando uma pessoa por causa de um simples erro. Gritando o certo. Corrigisse falando assim: fala direito sua burrinha. Gritar com a pessoa e forçá-la a entender. Usando arrogância e ignorância. Não sei. Corrigir no final da aula. Um dia antes eu tive uma dúvida aí a professora falou que ia me explicar no final da aula mas acabou esquecendo. 194 APÊNDICE 3 - Questionário semiestruturado respondido pelos alunos em 2010 Nome: __________________________________ Age: ____________ QUESTIONÁRIO Questão 1: Você acredita que a correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Justifique:__________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Questão 2: Em relação aos erros orais cometidos em sala de aula, marque com um (X ) a melhor opção e explique : ( ) Acho que todos os erros orais têm que ser corrigidos. ( ) Acho que nem todos os erros orais precisam ser corrigidos. ( ) Pra que corrigir erros orais? Eu esqueço tudo mesmo! Acho que os erros orais não precisam ser corrigidos. ( ) Não gosto que a professora corrija meus erros orais durante a aula. Por quê? Explique a resposta acima: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 3: As frases abaixo listadas expressam diferentes opiniões de alunos aprendize s de língua inglesa. Marque com X na coluna que corresponde ao quanto você concorda com estas afirmações: Concordo Plenamente Concordo parcialmente (mais concorda que discorda) Discordo plenamente/ totalmente 195 A correção é fundamental, pois 1 contribui para aperfeiçoar o inglês. 2 É errando e corrigindo que se aprende. 3 A correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário. A correção de 4 importante na pronúncia. erros é mais correção da A correção de erro em sala de aula pode atrapalhar na aprendizagem, 5 pois o aluno não se sente a vontade quando corrigido em frente aos colegas. É preciso saber o certo antes de continuar, por isso, a falta de 6 correção de erro pode atrapalhar na aprendizagem. A correção faz com que o aluno se torne consciente do erro. Ao se 8 tornar consciente o aluno tem mais chances de aprender mais. Questão 4: Enumere segundo sua opinião. (1) É muito importante que esse erro seja corrigido. Esse erro tem que ser corrigido. (2) Esse erro nem é tão importante, ele pode ser corrigido ou não. (3) Acho que esse erro não é importante. Nem precisa corrigir. ( ) Erro de pronúncia. ( ) Erro de gramática. Por exemplo, o aluno fala erradamente taked , mas a forma correta desse verbo no passado é took. ( ) Erro de vocabulário . Por exemplo, o aluno comete erros com falso cognatos: Push não significa puxar. To push = empurrar To pull = puxar 196 ( ) O aluno diz ‘Teacher, I want to go to the bathroom’ ao invés de usar a forma mais educada ‘Teacher, can I go to the bathroom?’ (pragmática) Agora comente porquê você acha que os erros que você marcou (1 ) são muito importantes e por isso têm que ser corrigidos : ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 6: Marque (X) qual o momento mais apropriado para corrigir um erro oral? ( ) Gosto quando a professora interrompe a minha fala para me corrigir imediatamente, no momento que eu cometi o erro. ( ) Gosto quando a professora espera eu terminar de falar para depois me corrigir. ( ) Gosto quando a professora corrige todos os meus erros só no final da aula ou na aula seguinte. ( ) A professora é que decide. ( ) Outras sugestões ___________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 7: Marque (X) a melhor opção: ( ) Prefiro que meus erros orais sejam corrigidos em grupo, com toda a turma. ( ) Prefiro que meus erros orais sejam corrigidos individualmente, quando meus colegas não estão presentes. Explique sua resposta (Por quê?): ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 8: Marque com (X) a sua opinião: a. ( ) Gosto que somente o professor corrija meus erros orais durante a aula. b. ( ) Prefiro discutir meus erros somente com os colegas. c. ( ) Acho legal quando professores e colegas corrigem meus erros durante a aula. 197 Por quê? Explique a resposta acima: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 9: Marque com um ( X ) quais são as melhores formas de se corrigir um erro segundo sua opinião: (pode marcar mais de uma opção) a. ( ) Gosto quando a professora diz logo onde está o erro e dá logo a forma correta. (explicit error correction) b. ( ) Gosto quando a professora aponta onde está o erro e, sem dar explicações gramaticais, deixa que eu resolva o erro sozinho. (elicitation) c. ( ) Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro. (metalinguistic clues) d. ( ) Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro. (clarification request) e. ( ) Gosto quando a professora somente repete em voz alta o erro que eu cometi (sem dar nenhuma explicação), pois assim eu percebo melhor. (repetition) f. ( ) Prefiro que toda vez que eu cometa um erro a professora faça gestos, desenhos, como se fosse um jogo de adivinhação para em descobrir sozinho qual é o erro. (clues) g. ( ) Gosto quando professor faz brincadeiras e piadas a respeito de meus erros, fazendo a turma toda rir. h. ( ) Gosto quando a professora faz a correção com tradução. i. ( ) Gosto quando a professora compara com português (análise contrastiva) j. ( ) Gosto quando a professora corrige através de uma atividade em que ninguém fique parado. k. ( ) Gosto quando a professora diz logo a frase correta, sem chamar a tenção para o erro. l. ( ) Outras ______________________________________________________ Questão 10: Entre as opções selecionadas acima, escolha uma preferida e explique o porquê : Eu escolho a opção letra ____ 198 Porque_____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 11: Marque com um ‘x’ a(s) opção(ões) que mais expressa(m) sua opinião sobre seguintes situações: Pode escolher mais de uma opção A) Em minha opinião, não gosto quando a professora corrige da seguinte forma: a) ( ) O professor demonstra impaciência e insinua que é um absurdo eu não saber aquele conteúdo. b) ( ) O professor faz brincadeiras impróprias ridicularizando o aluno, é grosseiro, debochado e irônico. c) ( ) O professor deixa de corrigir o erro, e fica enrolando. d) ( ) O professor corrige erros em grupo. e) ( ) Professor se perde na correção; não tem didática. f) ( ) O professor deixa para corrigir bem depois que o erro é cometido. g) ( ) O professor corrige no momento em que o aluno cometeu o erro. h) ( ) Outras sugestões____________________________________________ Questão 12: Na sala de aula, no momento em que a professora corrige um erro, o que faz com a nova informação obtida? (Pode marcar mais de uma opção) ( ) tento memorizar repetindo para mim mesma(o) várias vezes a forma correta. ( ) Anoto mas nunca retorno às anotações. ( ) Anoto e procuro revisar as anotações em casa. ( ) Tento usar o vocabulário corretamente em outras situações. ( )Tento não repetir o mesmo erro. ( ) Faço nada. Não dou muita importância. ( ) costumo anotar os erros dos colegas. Outros:_____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Questão 13: Você costuma entender claramente a correção oral da professora? Responda de 0 % a 100 %. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Questão 14: Como você se sente quando um colega corrige seus erros? 199 ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ APÊNDICE 4 - Consolidado das respostas dos alunos participantes ao questionário semiestruturado aplicado em 2010 QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO (TOTAL DE PARTICIPANTES DA PESQUISA : 13 ALUNOS) Questão 1: Você acredita que a correção de erros contribui para melhorar sua aprendizagem da língua inglesa? Justifique: Student 1 Sim. Pois esclarecendo os erros melhora o aprendizado. St 2 Sim. Porque se você não for corrigido, você continuará cometendo erros. St 3 Sim. Pois com a correção o nosso inglês irá melhorar com o tempo. St 4 Sim. Pois tira as dúvidas, os erros, melhorando a aprendizagem. St 5 Sim. Todo (correção de) erro é bem vindo, só faz com que a gente melhore e não volte a errar. St 6 Sim. Como diz o povo, nós aprendemos com os nossos erros. St 7 Sim. Ela (Wanessa) mostra nosso erro e ensina como consertá- lo. 200 St 8 Sim. Com meus erros aprendo mais inglês. St 9 Sim. Porque me ajuda a sempre aperfeiçoar o meu inglês. St 10 Sim. Porque se os erros não forem corrigidos, os alunos aprenderão errado, sem saber. St 11 Sim. Você entende o que errou e já sabe escrever / falar corretamente. St 12 Sim. Cada vez que erramos aprendemos mais. St 13 Sim. Pois a gente aprende com os erros. Questão 2: Em relação aos orais em sala de aula, marque um (x) a melhor opção e explique: Opção escolhida (X) Student 1 St 2 Justificativa Pois isso (os erros não corrigidos) pode Acho que todos os erros orais têm que prejudicar mais pra frente pode nos ser corrigidos. atrapalhar. Para quando você for se comunicar Acho que todos os erros orais têm que com algum estrangeiro terá um diálogo ser corrigidos. saudável. St 3 Para que nós possamos aprender o Acho que todos os erros orais têm que inglês de forma correta. ser corrigidos. St 4 Acho que todos os erros orais têm que Para tirar todas as dúvidas e melhorar o ser corrigidos. inglês da pessoa. St 5 Acho que todos os erros orais têm que Tem que ser corrigido para que ser corrigidos. falemos corretamente e não voltemos a errar. St 6 Acho que todos os erros orais têm que O modo como se falam as palavras é ser corrigidos. diferente do modo que se pronúncia. 201 St 7 Acho que todos os erros orais têm que Todos os erros devem ser corrigidos, ser corrigidos. embora alguns erram por “pressão” de todos olhando, mesmo sabendo o certo. St 8 Acho que nem todos os erros orais têm que ser corrigidos. St 9 Acho que todos os erros orais têm que Para ter uma melhor fluência ao falar ser corrigidos. inglês. St 10 Acho que todos os erros orais têm que Porque ajuda na pronúncia dos alunos. ser corrigidos. St 11 Acho que todos os erros orais têm que Se um erro oral não for corrigido, vai ser corrigidos. parecer ao aluno que ele está certo. Pois nem todos são altamente necessários para ser corrigido. St 12 Acho que todos os erros orais têm que Porque só assim podemos saber se ser corrigidos. estamos falando ou escrevendo errado. St 13 Acho que todos os erros orais têm que Porque eu acho que a gente também ser corrigidos. tem que aprender a pronúncia. Questão 3: As frases abaixo listadas expressam diferentes opiniões de alunos aprendizes de língua inglesa. Marque com X que corresponde ao quanto você concorda com estas afirmações: 1) A correção é fundamental, pois contribui para aperfeiçoar o inglês. 202 2) É errando e corrigindo que se aprende. 3) A correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário. 100% (13 alunos) concordam plenamente que a correção de erros ajuda a melhorar o vocabulário. 4) A correção de erros é mais importante na correção da pronúncia. 203 5) A correção de erro em sala de aula pode atrapalhar na aprendizagem, pois o aluno não se sente à vontade quando corrigido em frente aos colegas. 6) É preciso saber o certo antes de continuar, por isso, a falta de correção pode atrapalhar a aprendizagem. 204 7) A correção faz com que o aluno se torne consciente do erro. Ao se tornar consciente o aluno tem mais chances de aprender mais. 100% (13 al.) concordam plenamente com a afirmação de que a correção faz com que o aluno se torne consciente do erro. Questão 4: Enumerar segundo a opinião do aluno: (1) É muito importante que esse erro seja corrigido. corrigido. Esse erro tem que ser (2) Esse erro nem é tão importante, ele pode ser corrigido ou não. (3) Acho que esse erro não é importante. Nem precisa corrigir. 205 O gráfico revela que a maioria dos alunos, 92 % ( 12 al.), acreditam que a correção da pronúncia seja muito importante e, por isso, esse tipo de erro deveria ser corrigido. Observe que nenhum aluno acredita que a correção desse tipo de erro não seja necessária. Em segundo lugar encontra-se o erro de gramática, com 77 % (10 al.) a favor da correção desse tipo de erros contra aprox. 23 % (03 al.) desfavorável à correção. A correção de erro de vocabulário parece ser mais importante do que a correção do erro gramatical já que apenas 8% (01 al.) acredita que esse tipo de erro não seja importante, e, por isso nem precisa corrigir enquanto que 23 % (03 al.) acreditam que os erros gramaticais não sejam importantes. Finalmente, o erro de pragmática parece ser considerado o menos importante de todos segundo a opinião dos alunos participantes desta pesquisa já que apenas 16 % (02 al.) acreditam que a correção desse erro seja muito importante, enquanto 54% (07 al.) consideram que esse erro não seja tão importante, podendo ser corrigido ou não e 31 % (04 al.) acredita que esse tipo de erro nem precisa ser corrigido. Questão 5: Foi solicitado que o aluno comentasse o porquê dos erros marcados ‘1’ serem muito importantes e que, por isso, deveriam ser corrigidos. Student 1 Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: porque corrigindo que se aprende. St 2 Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: porque são erros principais. St 3 St 4 Marcou ‘1’ para erro de pronúncia Justificativa: pois os erros de pronúncia são mais importantes que os erros gramaticais. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: Para melhorar a língua inglesa dos alunos isso é fundamental. 206 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática Justificativa: porque eles podem comprometer o entendimento. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: a correção é importante, tanto na pronuncia quanto na escrita, para fazer uma redação de documento. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática, vocabulário e pragmática. Justificativa: A pronúncia deve ser corrigida, pois os alunos devem saber pronunciar o inglês correto, deve também saber o modo educado de se falar e escrever e não confundir as palavras. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia e pragmática. Justificativa: pois na pronuncia ser seria um pedido em inglês para a professora. Marcou ‘1’ para erro de gramática. Justificativa: porque nos faz melhorar o inglês. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa : porque estes são as bases para o aprendizado da língua. Marcou ‘1’ para erro de pronúncia, gramática e vocabulário. Justificativa: é importante saber pronunciar bem e não ter erros de vocabulário, pois numa conversa, ele não será compreendido. O mesmo para gramática. Marcou ‘1’ para erros de pronúncia e gramática. Justificativa: Pois são os erros que se não corrigidos, sempre serão pronunciados errados. Marcou ‘1’ para erro de pronuncia Justificativa: na verdade todos devem ser corrigidos. Questão 6: Qual o momento mais apropriado para corrigir um erro oral? 207 Questão 7: Marque a melhor opção: 84 % (11 al.) preferem que os erros sejam corrigidos em grupo e apenas 16 % (02 al.) preferem se corrigidos individualmente. Os motivos por tais preferências estão relacionados a seguir. Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Em grupo. O aluno respondeu em entrevista que em grupo é melhor pois pode ser a dúvida de outra pessoa. Em grupo. Pois o meu erro pode ser os de outras pessoas também. Individualmente. Pois não quero passar vergonha na frente dos meus colegas. Em grupo. Pois todos erram e é preciso que eu aprenda a assumir perante os outros, isso é válido para toda a vida. Em grupo. Porque outros alunos podem usufruir dessa correção também. Em grupo Pois evita que futuramente Em grupo Pois não devemos nos envergonhar do erro e caso ocorra dar incentivo para não errar. Em grupo Pois em grupo é melhor para todos que sua opinião do inglês é valorizada. Individualmente. Porque, desse modo, se concentra melhor. Em grupo. Porque quando meu erro é corrigido em frente à turma outros que cometeram o mesmo erro e não se pronunciaram, podem aprender com meus erros. Em grupo. Meu erro oral pode ser o mesmo de outra pessoa. Então corrigindo em grupo, ajuda a todos. Em grupo. Porque se alguém também costuma errar como eu também será corrigido. Em grupo. Pois assim os alunos que poderiam cometer esses erros são cometam. 208 Questão 8: Opinião quanto às preferências pelos agentes da correção: Explicando o porquê pelas preferências quanto aos agentes da correção dos erros: St 2 Somente o professor. Porque assim que se aprende. Somente o professor. Porque o professor que é encarregado desse trabalho. St 3 Somente o professor. Pois o professor sabe mais que alguns alunos. St 4 Somente o professor. Pois é mais ‘reconfortante’. Student 1 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 Professor e os colegas. Dependendo de como o colega corrige, é muito legal e divertido, tanto o professor, quanto o outros corrigirem. Professor e os colegas. Fica mais confortável, um trabalho em equipe. Professor e os colegas Porque a turma interage mais uns com os outros dando confiança e interesse na aula. Professor e colegas. Pois é bom para mim e para todos que os professores e os colegas corrijam meus erros orais e seu inglês é muito mais valorizado. Professor e colegas. Porque desse modo, nós podemos saber as “correções” tanto dos alunos quanto do professor. Professor e os colegas. Porque mostra o companheirismo dos alunos. Professor e os colegas. Um colega também pode estar enganado, ou pode ser que exista mais de uma 209 forma correta. St 12 St 13 Professor e colegas. Pois todos também podem ajudar. Professor e colegas. Pois a gente aprende melhor. Questão 09: Quantos às melhores formas de corrigir os erros orais: m. Gosto quando a professora diz logo onde está o erro e dá logo a 38 % al.) forma correta. (explicit error correction) (05 8% (1 al.) n. Gosto quando a professora aponta onde está o erro e, sem dar explicações gramaticais, deixa que eu resolva o erro sozinho. (elicitation) o. Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro. (metalinguistic clues) 61% (08 al.) p. Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu 69 % ( 09 falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro. al.) (clarification request) 8 % (01 al.) q. Gosto quando a professora somente repete em voz alta o erro que eu cometi (sem dar nenhuma explicação), pois assim eu percebo melhor. (repetition) r. Prefiro que toda vez que eu cometa um erro a professora faça 16 % (02 al.) gestos, desenhos, como se fosse um jogo de adivinhação para em descobrir sozinho qual é o erro. (clues) s. Gosto quando professor faz brincadeiras e piadas a respeito de meus erros, fazendo a turma toda rir. 16 % al.) t. Gosto quando a professora faz a correção com tradução. 23 % (03 al.) u. Gosto quando a professora compara com português (análise contrastiva) 31 % (04 al.) v. Gosto quando a professora corrige através de uma atividade em 23 % que ninguém fique parado. al.) (02 (03 w. Gosto quando a professora diz logo a frase correta, sem chamar 16 % (02 al.) atenção para o erro. x. Outras 8 % (01 al.) “Gosto 210 quando ela espera eu terminar para corrigir o erro.” Questão 10: Entre as opções selecionadas acima, escolha uma preferida e explique o porquê: Quanto às justificativas pela a escolha das questões selecionadas como preferidas: Opção a Gosto quando a professora diz logo onde está o erro e dá logo a forma correta. (explicit error correction) Opção c Gosto que a professora dê explicações gramaticais para me ajudar a resolver o erro. (metalinguistic clues) St 1 – pois é melhor para ser corrigido. St 12 – Assim eu já pego a forma correta mais rápido e não erro mais. St 2- assim eu não errarei mais. St 4 – ajuda a perceber o erro. St 5 – dando explicações gramaticais, outros possíveis erros também serão corrigidos. Opção d Gosto quando a professora pede para eu repetir a frase que eu falei errada e chama atenção para que eu conserte o erro. (clarification request) St 9 – Porque, desse modo, toda vez que eu for repetir a frase, eu irei me lembrar da correção, e não vou mais errar. St 11 – Pode ter sido um engano dela ou eu posso perceber mais rápido o meu erro. Opção g Gosto quando professor faz St 13 – pois aí aprendemos nos divertindo. brincadeiras e piadas a respeito de meus erros, fazendo toda a turma rir. Opção i Gosto quando a professora St 10 – é mais fácil quando se compara com compara com português (análise contrastiva o português. Opção j Gosto quando a professora corrige St 3 – pois a aula fica mais dinâmica. através de uma atividade em que ninguém St6 – para eu entender melhor, sem sombra fique parado. de dúvidas. St 8 – pois é uma maneira divertida de corrigir os erros através de brincadeiras e piadas. 211 Opção l Outras: “Gosto quando ela espera St 7 – é melhor jeito de não atrapalhar o eu terminar para corrigir o erro.” aluno. Questão 11: Em minha opinião, não gosto quando a professora corrige da seguinte forma: (os alunos puderam marcar mais de uma opção.) Questão 12: Das estratégias realizadas pelo aluno após a correção de erros: Questão 13: Você costuma entender a correção oral da professora? Responder de 0% a 100% Resultado: todos os alunos responderam acima de 80 % sendo que 07 alunos responderam que compreendem 100% a correção oral da professora. Questão 14: Como você se sente quando um colega corrige seus erros? 212 Student 1 St 2 St 3 St 4 St 5 St 6 St 7 St 8 St 9 St 10 St 11 St 12 St 13 Normal. Bem. Se for um colega que seja íntimo comigo não tem problema me corrigir. Bem. Normalmente. Em dúvida, pois ele pode estar certo, mas não é um profissional. Não dou a mínima, pois sei que ele está me ajudando. Me sinto feliz que essa pessoa é um bom amigo e me chama a atenção quando erro e ainda consigo aprender melhor o inglês. Bem. Neutro. Normal. É até bom um colega ajudar. Normal, acho até legal para me ajudar. Normal, é até legal da parte dele (a). 213 APÊNDICE 5 - Transcrição da aula do dia 22/06/2010 Os nomes que aqui se encontram são fictícios. Aula de 22/06/2010 Obs.: Foi realizada apenas a transcrição dos turnos onde há ocorrência de erros orais. Os intervalos entre uma ocorrência e outra está sinalizado pelo uso de colchetes contendo a seguinte informação: [some minutes later]. Allwright e Bailey (1991: 222) sugerem o uso de colchetes para a realização de comentários de qualquer tipo, como, por exemplo, para indicar o ponto do discurso em que a professora escreve no quadro. Transcrição apenas dos momentos que houve correção de erros: Intro T: People let’s star! Class, well LLL: Ok! T: The first part of the class today is the correction of the exercise, ok? Unit four. Get your papers please. [ some minutes later] T: Let’s go! The first exercise is exercise A, “Check the correct words to complete the sentence”, so, number one “My sister writes great stories. She is very …..” and you have two options: “trustworthy” and “creative”. LLL: Creative! T: Creative. Very good! Number two, “I didn’t take my books to the class again. I’m so …..” LLL: Forgetful. T: Very good! Episódio 1 Let’s go. Here in this exercise you have to use the vocabulary described in the sentence, ok? Number three “I put my CDs in alphabetical order so I’m …..” LLL: Organized. T: Organized. Very good! 214 M: Organized. [1’:26’’ - um aluno fala sozinho depois da professora e do grupo enfatizando ‘ed’ – remodelação/ correção entre colegas] ERRO DE PRONÚNCIA (1) Episódio 2 T: Number 4 “My friends travels abroad by herself”, “My friend”, sorry, it’s in the singular. [ a professora realiza uma auto-correção] “My friend travels abroad by hearself, she is very …..” LLL: Independent. ERRO DE PRONÚNCIA (2) T: ok, pay attention [correção explícita]: independent. LLL: Independent. [whole group repetition] T: Very good! Independent. LLL: Independent. T: Number five: “My brother is awful in the morning. He is really …..” LLL: Bad tempered. T: Very good. Bad tempered. So, exercise B, “Complete the conversation with the correct tag question”. What is a tag question? Do you remember? LLL: Don’t they?, etc. [ The students start to give various examples]. T: Yeah, ok. It’s a small question you ask to confirm your answer, remember? So, “They are living in Rio de Janeiro ….. LLL: Don’t they? T: Very good! Don’t they? [some minutes later] Episódio 3 (2’:48’’) T: Number two “She studies French …..” LLL: does she? LLL: doesn’t she? T: Sorry? [elicitation] LLL: does she? LLL: doesn’t she? ERRO DE GRAMÁTICA (1) 215 T: I heard ‘does she?’ Pay attention, [explicit error correction] I have affirmative. LLL: doesn’t she? T: So ….. LLL: Doesn’t she? T: Doesn’t she? As I have a positive sentence, my tag question is ….. [elicitation] LLL: Negative. T: Very good. Episódio 4 T: Number three. “You and Karina are friends …..” LLL: aren’t you? ERRO DE GRAMÁTICA (2) LLL: aren’t they? T: Pay attention. Aren’t …..? [ explicit error correction followed by elicitation] LLL: you. T: You?! “Karina and you, I’m talking to two people; you and Karina [a professor aponta para dois alunos como exemplo], aren’t …..? [demonstration] LLL: you. LLL: they. T: You! You and Karina! Because I heard ‘aren’t they’! You and Karina, aren’t you? Why can’t I use ‘they’? Wht can’t a use they? [explicit error correction] M2: in the….. T: Sorry? [elicitation] M3: Plural. In the plural. [ a professor faz um sinal com a cabeça negativamente, provavelmente rejeitando a sugestão de explicação do aluno] T: No? [ a professora sugere pela intonação que há uma outra explicação] [elicitation] M3: No, teacher ..... T: Take a look, you [ a professor aponta para o aluno] and Karina..... are friends, aren’t .....[a professora faz um gesto com a mão sinalizando o turno para oas alunos] LLL: you 216 T: Ok, I’m talking directly to the person. Ok? LLL: Ok. T: uh, the two people in fact. Number four, “Your sister is really outgoing …..” LLL: Isn’t she? T: Isn’t she. Very good! Number five, “you have a dog …..” LLL: Don’t you? T: Again, talking directly. Perfect. [ the teacher writes the answers on the board]. LLL: don’t you? Episódio 5 T: Now, “Complete de sentence, white the verb in the simple present, simple past or the gerund – ING form”. There are two possible ways to use the gerund, remember? As a subject. What’s the meaning of uh ‘subject’ in Portuguese? Subject. LLL: Matéria. T: uh, material, ou ….. LLL: Sujeito! T: Sujeito, perfect! And as an object. What’s the object? LLL: Objeto. T: Very good! Now, “I have a teacher who …..” LLL: Speaks. T: Speaks! Very good! “Who speaks Italian. She is very good at it.” I’m using the present. Why? M1: Why? T: Yes, why? ….. Why am I using the present here? “I have a teacher who speaks Italian. She is very good at it. Because the sentence ….. [ a professora faz um gesto com a cabeça pra enfatizar que a pausa representa o turno do aluno.] hum. LLL: xxx T: Why do I use the present? M2: The sentence is in the present. 217 T: the sentence is in the ….. M3, M2: Present. T: Present, ok? “She says blá, blá, blá language is fun. LLL: learning. T: learning, very good! Here I’m using the gerund as the subject or as the object? Pay attention. “She says leaning …..’ LLL: object ! T: Very good! [ some minutes later] 6’:42’’ T: Now, “I know someone who …..” ERRO DE GRAMÁTICA (3) LLL: lives T: lived. [ recast] Very good! “Lived in Australia for two years. He loved it.” As the sentence is in the past you use lived, ok? [ metalanguage /pedido de confirmação ] M4: lived. [ aluno repete a resposta / uptake] Episódio 6 ( 7’: 06’’) T: Hum, “ I have some friends who ….. LLL: teaches / tsits? s/ ERRO DE PRONÚNCIA (3) ERRO DE GRAMÁTICA (4) T: Pay attention to the pronunciation: /ti:ts/ [ explicit error correction] LLL: teach /ti:ts/ T: “I have some friends” as it is the plural – “who teach”, ok? [metalanguage] Episódio 7 (7’:35’’) T: “We have a friend who ….. F1: be ERRO DE GRAMÁTICA (5) M2: is M3: was T: Who? [ elicitation ] LLL: is 218 T: Is! [ the teacher points to the student who said ‘be’ and continues] Pay attention, why not ‘be’, because the verb ‘to be’ is in the, uh, in the infinitive, ok? So I am, You are, he is, ok? [metalanguage] T: uh, “We have a friend who ….. M1: is. T: is. Because this whole sentence is in the present. You have to use the present, ok? Episódio 8 (7’:54’’) T: Now, number five is the last one in the paper. ERRO DE PRONÚNCIA (4) M1: Visiting./vi‘siting/ T: Sorry? [ elicitation] LLL: /vi‘siting/ LLL: /‘visiting/ T: Again! [ elicitation] LLL: /vi‘siting/ LLL: /‘visiting/ M3: ING ! T: Visiting. Very Good! [explicit error correction] Visiting. [Explicit error correction] Alright? Visiting other countries and culture is important. Episódio 9 T: I have a cousin who ….. LLL: Travel. T: Ok, pay attention to the pronunciation: ‘traveled’. [explicit error correction] LLL: Traveled. [repetition] ERRO DE PRONÚNCIA (5) ERRO DE GRAMÁTICA (6) T: Traveled. [confirmation] Excellent! Very good job! [ SEGUNDO BLOCO DA AULA] T: Now you can put your materials in the backpack, ‘cause I’m going to give your paper, right? To be used. 219 Episódio 10 (9’: 49’’) T:Who is going to help me put these pictures on the board? M4: I! ERRO DE GRAMÁTICA (7) T: Come here please! Uh, It’s ‘me’, Rodrigo, ok? ‘me’. [explicit error correction] M4: Ok. Episódio 11 T: Well, as you can see written down in your paper ….. as you can see, take a look, what’s the class topic today? What’s the topic of the class? LLL: Making plans. (*) T: Very good. Uh, you’re going to talk about the plans you have for your vacations. July is coming, yeah? And we have only two or three weeks from now on, yeah? Two weeks? M6: Two weeks. T: You have to plan your vacation, right? So, the pictures here are going to help you discuss the plans you have, ok? These are some questions and some hints for the discussion, ok? [ a professora está se referindo aos pôsteres afixados ao quadro para ajudar a turma a realizar a tarefa] For example, think of places to go on your next vacation. What are yo ur options? You can go to the beach. Where else? M4: [ talking to himself] on the beach, on the beach. T: To the …..? M9: School. T: To the school on vacation? [clarification request] ERRO DE PRAGMÁTICA (1) LLL: [laughs and participates] [Some minutes later] T: So, these are the questions and the hints. I want you to discuss in couple ….. in pairs, right? Episódio 12 (15’:15”) T: [a professora circula pela sala e pára em uma dupla para monitorar o andamento da tarefa] Tell me a little bit about your plans. Rodrigo: I’m going to the beach ….. with car….. Livia: Will.[ peer correction] ERRO DE GRAMÁTICA (8) 220 [a aluna olha para a professora procurando confirmação, mas a professora opta por corrigir o erro que chamou mais atenção no momento] ERRO DE GRAMÁTICA (9) T: With? [repetition] By car? [recast] By car, ok? We don’t say ‘with’, we say ‘by car’, ok? Take a look at the hints. [ explicit error correction] Livia [the student nods and reapeats]: by car…. Rodrigo nods and continues: with friends … T: Oh yeah? Not alone, with your family? Rodrigo: xx too. T: Ok. Episódio 13 ( 17’:09’’) USO DO PORTUGUÊS (1) Nicole: xxx Orlando xx skii xxx ski? T: Sorry? Is there any ski in Orlando? Is that what you said? [clarification request] Nicole nods in agreement. T: Yes. In Orlando? I don’t think so. It’s not so cold. Try to speak in English, right? Episódio 14 (18’:20’’) T [ a professor fala para toda turma agora}: Finished? Have you finished? So I want to listen to you. Who wants to be the volunteer to tell me about plans? [a professora explicou para a pesquisadora que ela gosta de checar após atividades realizadas em pares para ter certeza de que a tarefa foi realizada e verificar se há dúvidas]. T: Ok, tell me your plans. Alan: Ah teacher, I go to the beach, I like it, Nossa! T: Ok. Alan: Sorry teacher, my Portuguese, sorry. T: No problem, continue. Alan: É, deixa eu ver. [nesse momento o aluno Leonardo dá uma cotovelada em Alan, chamando atenção do colega para o uso do português].[peer correction] […] Alan: Teacher, I go to the beach, I travel ….. Bahia ….. USO DO PORTUGUÊS (2) 221 T: Yeah! [Enthusiastically] Alan: Éé, I with …..my family ….. T: Yeah, wonderful! Alan: xxx [ private speech] I play soccer in the beach. T: Ok, and what else? Alan: Two months. T: You’re going to stay there for two months? [ Alan nods] T: Uau! But you don’t have two months of vacation, you have just fifteen days! Alan: Teacher … [ reclamando, aluno mostra ansiedade] T: But ok! M7 [falando do Alan]: Yeah? Teacher, he doesn’t have nothing for sure. T: He doesn’t have anything to do? [ recast] ERRO DE GRAMÁTICA (10) M7: anything to do. T: He said he had nothing to do. M7: nothing to do. Episódio 15 [Logo após o diálogo de Alan, que teve diversos problemas com pronúncia, construção de sentenças e uso do tempo verbal que é o foco da aula, a professora vai ao quadro explicar para todo o grupo a forma correta do use de ‘will’. Aqui observa-se que a professora, ao perceber a insegurança de Alan, optou pela correção em grupo em detrimento da correção ‘on the spot’.] T: Let me tell you something, pay attention, [a professor vai ao quadro] as we’re planning something for the future ….. Pay attention Alan! Take a look Alan! [a professor escreve no quadro] ‘I will travel to Bahia’, ok? I will travel to Bahia. [metalanguage] Alan: I forget ‘will’. ERRO DE GRAMÁTICA (11) T: Don’t miss ‘will’ because it’s the future idea, ok? You’re planning something for the future, ok? I’ll play soccer, ok? ‘At the beach’ or ‘on the beach’, ok? So don’t forget ‘will’. [metalanguage ] ERRO DE GRAMÁTICA (12) Episódio 15 (21’:16’’) 222 Douglas: I will stay at my uncle house. T: Ok, your uncle’s house. [ explicit error correction] ERRO DE GRAMÁTICA (13) Douglas: uncle’s house [the student nods] T: very good, very good. Who else? Episódio 15 (21’29’’) T: Rodrigo, tell me your plans for the future. Rodrigo: I will go to the beach and I will travel by car. I will go with my family and my friends. I go to the beach, I go to go windsurf ….. T: Sorry? [ elicitation] Rodrigo: I will, I will. T: You will? Ok. You will go to the beach. M2: Don’t forget will. [ peer correction] ERRO DE GRAMÁTICA (14) Rodrigo: And I will stay one week. And I will stay in the hotel. M2: Don’t forget will, don’t forget. [ peer correction] [some minutes later – professora pediu para que os alunos se levantassem e sentassem ao lado de outro colega para dar continuidade à atividade] Episódio 16 (26’:49’’) T: Tell about your plans to him. Ask her questions. Livia: I will go to the beach. T: No, no. Let me say something, you have to ask her the question. And you [ a professor refere-se à Livia] answer. Leonardo: When are you going to the beach? Livia: I’ll go to the beach in the vacation. ERRO DE GRAMÁTICA (15) T: Ok, on vacation, right? [ recast] [Livia nods] Leonardo: How long do you pretend to stay there? [ a professor optou por não corrigir o falso cognato] Livia: One week. Leonardo: Who are going with you? 223 Livia: My family. Episódio 17 (27’:45’’) Iago: Where are you going to last week? ERRO DE PRAGMÁTICA (2) T: No, ‘last week’ no. [ a professor faz gestos com as mãos mostrando que ‘last week’ é passado e aponta para frente sugerindo o futuro] [elicitation + linguagem corporal] Iago: Next, next. T: Next, ok! Iago: Sorry. Episódio 18 (29’:00”) ERRO DE PRAGMÁTICA (2) Rodirgo : How Will you travel? ERRO DE PRONÚNCIA (6) Alan: by plane /pl?n/. T: by plane /pleyn/. [recast] Alan: by plane /pleyn/, ok. [ the student nods] Rodrigo: Who you go with? T: Ok, Who will you go with? [ recast] Alan: My family. T: I will ….. [ a professora faz um gesto com o dedo médio e indicador para simular alguém andando, sugerindo o verbo “go” / elicitation + linguagem corporal/deitico] Alan: Go! ERRO DE VOCABULÁRIO (1) T: That’s it. [TERCEIRO BLOCO DA AULA] [some minutes later] 31’:25’’ T: Now, pay attention! You have a text here on your paper, right? You are going to read about Tom’s weekend, ok? His plans for next weekend. So, I’m going to give you two minutes, enough, isn’t it? Two minutes to read the text, yes? And then I’m going to make some questions about it, right? […..] So let’s start reading, please. Episódio 20 (33’:00”) T: Leonardo, you have to read. ERRO DE PRONÚNCIA (7) 224 Leonardo: I just read / ri:d/. T: you just read / red/, read again please. [recast] [ Marcus Vinicius é escolhido para ler ao texto. Ao final da leitura a professora agradece e em grupo chama a atenção de algumas palavras que não foram pronunciadas corretamente: Episódio 21 (32’:31’’) T: Excellent reading, very good! Now, just pay attention to some words. [explicit error correction] ‘Weekend’. Everybody please: ‘weekend’! ERRO DE PRONÚNCIA (8) LLL: ‘Weekend’. T: ‘Barbecue’. ERRO DE PRONÚNCIA (9) LLL: ‘Barbecue’. ERRO DE PRONÚNCIA (10) T: ‘Teen”. LLL: ‘Teen”. T: Might, ok? Might. May, might, ok? Remember this. M2 [o aluno chama atenção para a correção da pronúncia da palavra ‘but’]: but / bu:t/, but /b?t/. [peer correction] ERRO DE PRONÚNCIA (11) T: But /b?t /, ok? Thank you. He said what? What did he say? [ referindo-se ao Marcus Vinicius]. M2: But / bu:t/. T: Ok, but /b?t /, right? [explicit error correction] Invite. LLL: Invite. Marquinhos, excellent. Your reading is excellent. Very good. [ Em seguida, a professora faz várias perguntas sobre o texto. Logo após as perguntas, os alunos fazem um exercício refernete ao texto.] [Some minutes later] Episódio 22 (43’:59’’) T: What can you do on a raining day? [ muitos alunos fazem várias sugestões] M6: Go to the ice. ERRO DE VOCABULÁRIO (2) T: Go ice skating. [recast] Episódio 23 (45’:12’’) 225 T: When is it better to clean the room? LLL: Never. M2: Nothing! T: Never!? [the teacher laughs] [ recast and peer correction] ----------xxx--------xxx-------xxx-------xxx-------xxx-------xxx-------xxx------TIPO DE CORREÇÃO DE ERROS Total de turnos que apresentam correção de erros: 34 turnos Total de correção de erros: 52 [ em um mesmo turno foi identificado mais de um tipo de correção de erros.] Tipos de correção de erros identificados: Peer correction: 7, recast: 10, explicit error correction: 13, elicitation: 11, metalanguage: 5, demonstration: 1, repetition: 1, clarification request: 2, linguagem corporal: 2. TIPO DE ERROS [Foi observada a utilização de diversas formas de correção de erros para corrigir o mesmo erro. Por isso, para fins de contagem, foram consideradas as ocorrências inéditas dos erros, dentro de um mesmo turno, não correspondendo, por isso, ao número de tipo correção de erros. Outra informação importante é que só foram quantificados os erros que foram corrigidos. Não entraram na contagem os erros que passaram sem correção.] Total de erros corrigidos: 32 Tipos de erros corrigidos: Pronúncia: 11, gramatical: 15, vocabulário: 2, pragmática: 2 e o uso do português [ foi considerado erro o uso de português apenas quando o foco do turno dos aluno era no uso da língua, não foram considerados erros os casos em que a língua materna foi utilizada como ferramenta para melhor entendimento ou para diminuir a ansiedade] : 2. 226 APÊNDICE 6- Transcrição da aula do dia 24/06/2010 Os nomes que aqui se encontra m são fictícios. Aula de 24/06/2010 Obs.: Foi realizada apenas a transcrição dos turnos onde há ocorrência de erros orais. Os intervalos entre uma ocorrência e outra está sinalizado pelo uso de colchetes contendo a seguinte informação: [some minutes later]. Allwright e Bailey (1991: 222) sugere o uso de colchetes para a realização de comentários de qualquer tipo, como, por exemplo, para indicar o ponto do discurso em que a professora escreve no quadro. Episódio 1 T: Last class I assigned two exercises, ok? Exercise B and exercise C. Did you do the exercises? LLL: yes! T: So, let’s correct? LLL: Yes! T: In the first one uh, the, uh, the answers are personal answers, so I will choose some students to answer, ok? M1: ok! T: So, [ a professor inicia a leitura] “Imagine you have a free day tomorrow, what will you do? Complete the sentences bellow. One: If it doesn’t rain tomorrow …..” one volunteer ….. come on! You!? Ok! M1: I will go to sleep xx very much. ERRO DE GRAMÁTICA (1) T: Sorry? [clarification request] M1: I will go to sleep very much. T: Ok. I will sleep, ok? I will sleep very much. Right? Ok? [recast] M2: Ok! T: Is there anybody else who wants to say the answers? 227 M2: No! T: Number two “ If I go downtown on Saturday ….. “ Volunteer? Marquinhos! M4: I will, I will go buy things. ERRO DE GRAMÁTICA (2) T: I will buy things. Ok, Pay attention, you were saying [ a professor vai ao quadro] recast and explicit error correction] M4: [ buy things. T [ a professora escreve a frase dita pelo Marquinho no quadro]: “I will go buy things”. Pay attention, you don’t use go here [ a professora aponta para o quadro, e risca o verbo ‘go’], I Will buy, right? Just this. This is the main verb [ a professora aponta para o verbo ‘buy’ ] and this is the auxiliary [ a professor aponta para ‘will’]. Right? “Go’ here is not necessary. In fact it’s totally unnecessary. Right? Uh, what else, let me see… [explicit error correction, followed by metalanguage] Episódio 2 (47’:57’’) T: Ok, “number five, lá, lá, lá If I don’t have any homework to do”. Another volunteer ….. Leonardo? I volunteered you! Leonardo: I don’t do nothing, If I don’t have any homework. ERRO DE GRAMÁTICA (3) T: To do. You don’t, you do nothing if you don’t have homework? [ recast ] Leonardo: No, no. T: even sleep. Leonardo: No. T: nothing? Leonardo: nothing. T: Just sit down and do nothing. Leonardo: Yes. T: Ok. I will do nothing. But you can go, for example, uh, to the movies, the cinema, ok? [ recast] Episódio 3 (48’:44’’) T: “Seven, If I’m not tired tonight …..” Yes, Marquinhos. 228 Marquinhos: I will go to the party. T: Sorry? [ referente ao erro cometido anteriormente] Marquinhos: I will go to the party. T: ‘I will go to the party’. Now it’s ok! Pay attention, [ a professor vai ao quadro e compara a resposta errada dada pelo Marquinhos no item anterior com a resposta atual], ‘I will go to a party’ [ a professora escreve a frase no quadro], Alright? Pay attention, ‘will and the main verb is ‘go’, now it’s ok, right? [feedback metalinguistico] Episódio 4 [some minutes later – a professora pede para duas alunas lerem a redação que foi feita em casa. Mariana é a primeira voluntária] Mariana: Next weekend I Will Pro-probably travel to Saquarema. I- if the water is T: Ok, weather! [explicit error correction] nice- ERRO DE PRONÚNCIA (1) Mariana [continues the reading]: I will travel with my friends and will go with [nesse momento, ‘with’ foi pronunciado erroneamente pela aluna, ela pronunciou algo como ‘/uait/’] car. If the waERRO DE PRONÚNCIA (2) ERRO DE GRAMÁTICA (4) T: Weather [explicit error correction] Mariana: Weather is bad, I will see a film at home. T: Ok, very good. Just pay attention to this. [a professor vai ao quadro]. Class, pay attention! [ A professora escreve no quadro a frase seguinte] “I will go with car”. Is it correct? [elicitation] F1: xxx M5: No. T: I will go ..... [elicitation] LLL: by! T: by car, alright? Yes Mari? I’ll go by car. Alright? Uh, ok, another volunteer, please. Ok, Livia! [ explicit error correction] [ SEGUNDO BLOCO DA AULA] 52’: 37’’ T: Well, last class we talked about what we were going to do next weekend. You’re planning the future, uh activities for the vacation, right? Now, suppose it’s August, ok? And everybody returned to the class. So, I’m going to talk about the next time or something happened in the past? LLL: the past. 229 T: In the ….. [ a professor faz um gesto com a mão para trás] LLL: past. T: Past, yes. (…) So we’re going to talk about the past. So, as we discussed about the plans for our vacation, now we’re going to talk about what you really did in your vacation, right? So, take a look, uh … I would like you talk to your partner about what you did. Plans are different from what we really do, ok? You plan to travel, but probably you stayed home. Ok? So, in pairs you’re going to discuss with your partner what you really did in your vacation. On your vacation, I’m sorry, ok? So, start, please, the discussion. [Nesse momento as duplas começaram a falar sobre como foram as férias passadas. A professora circula pela sala colocando-se a disposição caso os alunos precisem de sua ajuda. Foram observados diversos erros cometidos ao longo do progresso da atividade em par, porém a professora optou por não intervir no diálogo em diversos momentos] [Some minutes later] Episódio 5 (55’:38’’) Alan: xxx to the beach…. Leonardo nods: yeah, what you did xx? Alan: I did …..tsc, the people, I play soccer ….. I uh everything! And you? Leonardo: I stayed home, and did nothing. Alan: Nothing. Leonardo: No. Just using the internet. T: So people, pay attention, were your plans frustrated? M1: yes! T: Yes?! Your plans were? And were your plans frustrated? [ a professora aponta para outro grupo] . Some people planned to travel to LLL: Africa, Amazonia, Bahia ... [a professor interage com os alunos, contextualizando a atividade] Episódio 6 T: What did you plan, remember? Rodrigo: I want to travel for the uh …..USA! ERRO DE GRAMÁTICA (5) T: So, your plans were to travel to the USA. So, did you go? [ recast] Rodrigo: No. 230 T: Where did you stay? Rodrigo : I, I went to uh São Paulo. T: Just São Paulo? [ the student nods] So, were your plans frustrated? Rodrigo: Very! T: Totally! ERRO DE GRAMÁTICA (5) Episódio 7 T: And yours, Marquinhos? Were your plans frustrated? Marquinhos: Yeah ….. a good, uh, no, don’t very good, but good. T: Ok, so your vacations were good. [ recast] Marquinhos: Good. [ faz um gesto com a mão indicando que foi umas férias mais ou menos.] T: Not very good. Marquinhos: not. T: So what did you do? Marquinhos: uh, I went to the shopping mall, uh xx I see a mo- I saw a movies with my friends ….. and my sister ….. T: Ok. It was good! What did you plan? What did you plan? Marquinhos: é ….. plan …. T: Yeah, what were your plans? Marquinhos: uh, go to the … travel BahiaT: Ah I remembered yeah! Your plans were to travel, but you couldn’t. [recast] Marquinhos: No. ERRO DE PRONÚNCIA (3) T: Ok, no problem. Episódio 8 1:01’:10” [A professora pede para dois alunos se voluntariarem para ler um texto] M4 [inicia a leitura]: “Hi, I’m Jessica Chen. I’m from the U.S. I stayeded at my grandparent’s house near the beach last summer. One day I meet a girl from Colombia. We become – became great friends. We e-mail each other every day now. T: Very good! Ok! Pay attention, uh, ‘stayed’, ok? ‘Stayed’. Right, let’s repeat please, ‘stayed’. [explicit error correction] 231 LLL: stayed. T: Ok. Uh, ‘beach’. LLL: beach. T: Summer. LLL: Summer. T: Alright, uh ….. ‘great friends’. [ explicit error correction] ERRO DE PRONÚNCIA (4) LLL: ‘Great friends’. T: Yes, ‘became’, yes ‘became’.[a professor responde à dúvida de um aluno, provavelmente do aluno que realizou a leitura] Ok? ‘Each other’. [explicit error correction] ERRO DE PRONÚNCIA (5) LLL: ‘Each other’. [o mesmo aluno se oferece para ler o segundo texto] T: Thank you! Erros de pronúncia. M4 [o aluno inicia a leitura]: “Hi, my name is Ju- [ a professora ajuda na pronúncia do nome em espanhol e o aluno prossegue] Juan Ramirez. I’m from Puerto Rico. I’m traveled all over Canadá with my family. My favorite city was Toronto. But I liked Ottawa and Vancouver too. When we were visiting the CN Tower we saw a movie crew filming a movie. It was very exci- exciting. ERRO DE PRONÚNCIA (6) T: Exciting. [ recast] ERRO DE PRONÚNCIA (7) M4: Exciting. T: Very good. Well, the first question I would like e- if you want to answer you raise your hand the same ok? M1: Ok! T: I will ask question about Jessica’s uh activities and about Juan’s, ok? [ some minutes later] 1:03’:52” T: Where did he travel, uh, last summer? LLL: All over Canada. T: All over Canadá! Is it interesting? LLL: Yeah! Rodrigo: I always dreaming go to the all over Canada. [ as últimas palavras são quase incompreensíveis] 232 T: Sorry? [Clarification request] Rodrigo: I always dreaming I’ll go to the all over Canada. ERRO DE GRAMÁTICA (7) T: Yes? You dreamed all over you life? [recast] Rodrigo: yeah. T: ‘I’ll over your life’ it was terrible [fala privada]. During your whole life, yes? To go to Canada? Episódio 9 1: 09’: 15” [a professora circula pela sala enquanto os alunos fazem um exercício relacionado ao texto.] F1: xxxxx ERRO DE GRAMÁTICA (8) ERRO DE GRAMÁTICA (9) T: Played [faz um gesto com a mão indicando o passado, linguagem corporal/deitico], played, because this is the past. ‘I played soccer’. People as we’re talking about the past, you don’t say ‘I play soccer’, you say I played [ a professor faz um gesto com a mão indicando o passado], played. [ explicit error correction & metalanguage ] M2: played. T: and you don’t say ‘I go to the beach’, I say ... [a professor faz um gesto com a mão pra indicar o passado e faz uma breve pausa] [explicit error correction followed by elicitation and linguagem corporal/deitico] LLL: I went. T: I went. Ok? It’s the past, we’re talking about the past, ok? [metalanguage ] Episódio 10 1: 09’: 50” T: Very good! Two volunteers to read the text! Leonardo, ok! And Rodrigo! Oh, the same volunteers! Ok, I’d like to read two, ok? No problem! [ …] so I have Nicole, Leornado, Maycon e Rodrigo. Nicole, ladies first, ok? Nicole [ inicia a leitura]: “Hi, I’m Nicole, I’m from Brazil. My Summer was ok. I travelled for Búzios. And I stayed two days. Because I love this place. It was very fun”. ERRO DE GRAMÁTICA (10) T: ok, pay attention people! [a professor vai ao quadro e escreve a frase seguinte “I traveled for Buzios”] What’s the problem with this sentence? [elicitation] M3: I traveled to. M4: to Búzios. 233 T: I traveled ….. LLL: to Búzios. T: to Búzios, ok? [ a professor risca o ‘for’ e escreve ‘to’]. Very good Nicole, excellent text! [explicit error correction] Episódio 11 T: The next! Ok, Maycon! Maycon: “Hi, I’m Maycon xx. I’m from Brazil. My summer was ok. I’m went to São Paulo. I didn’t fish xxx. I didn’t like it because I stayed two days. I was boring- [ aluno se autocorrige] It was boring. I would like to stay more there”. T: Teacher: Very good. Excellent text. But pay attention, what’s the problem here? [ a professora tinha escrito a seguinte frase no quadro: ‘I’m went to São Paulo’] [elicitation] LLL: I’m! [diversas vozes] ERRO DE GRAMÁTICA (11) T: I went! No verb to be here! [recast followed by metalanguage] Maycon: I, I, T: went. Maycon: Eu botei I went ... T: ah, and you read ‘I’m’, right? No problem. Ok, this happens. Maycon: xxx T: No problem, dear. We I’ll make mistakes during the life. I did one last class. I did one, pay attention! When I was erasing the board and you had already gone ….. When I was erasing the board I noticed that I wrote a word that was with a problem that had a mistake. Pay attention, this word [ a professor dirige-se ao quadro e escreve a palavra a qual ela se refere: ‘teather’]. What’s the problem here? What’s wrong? [elicitation] LLL: ‘T’. ERRO DE ORTOGRAFIA (1) T: ‘T’ is wrong? LLL: no, xxx. T: This? [apontando para o ‘h’] F: Second. T: The second ‘h’. ‘Theater’ is not written like that, I wrote it this way last class. When I was erasing the board, you had left, the bell rang and I looked, ‘My goodness I wrote it wrong’. 234 So, if you wrote it wrong, please, [a professora apaga o errado e escreve a forma correta] ‘theater’. [explicit error correction] M: Ah.... xxx. T:Ok? This is the correct way. So, mistakes are normal, are common. It’s part of the process, in the learning process, ok? ERRO DE GRAMÁTICA M2: I was this mistake. T: You made one. Ok! Now who is going to read? [ recast] Episódio 12 [Ao checar as respostas de um exercício de listening] T: Did she go to the rock concert? LLL: No! T: Why not? M4: anything person, é … anything é ….. for, go to her ….. [ o aluno procura pelas palavras] T: Ah, Yes! There was nobody to go with her. Very good, congratulations! [ recast] M4: nobody [ o aluno confirma com a cabeça]. ERRO DE VOCABULÁRIO (1) ERRO DE GRAMÁTICA (13) ----------xxx--------xxx-------xxx-------xxx-------xxx-------xxx-------xxx------TIPO DE CORREÇÃO DE ERROS Total de correção de erros: 39 [ em um mesmo turno foi identificado mais de um tipo de correção de erros.] Tipos de correção de erros identificados: Recast: 12, explicit error correction: 12 , elicitation: 6, metalanguage: 5 , request: 2 , linguagem corporal/deitica: 2. clarification TIPO DE ERROS [Foi observada a utilização de diversas formas de correção de erros para corrigir o mesmo erro. Por isso, para fins de contagem, foram consideradas as ocorrências inéditas dos erros, dentro de um mesmo turno, não correspondendo, por isso, ao número de tipo correção de erros. Outra informação importante é que só foram quantificados os erros que foram corrigidos. Não entraram na contagem os erros que passaram sem correção.] 235 Total de erros corrigidos: 22 Tipos de erros corrigidos: Pronúncia: 7, gramatical: 13, ortografia (spelling): 1, vocabulário: 1 [ foi considerado erro o uso de português apenas quando o foco do turno dos aluno era no uso da língua, não foram considerados erros os casos em que a língua materna foi utilizada como ferramenta para melhor entendimento ou para diminuir a ansiedade] . 236 APÊNDICE 7 - Roteiro da entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo 1) Introdução: • Agradecer a participação dos alunos • Informar que não existem respostas corretas e que o importante é apenas apresentar a opinião. • Explicar porque o grupo foi escolhido. • Explicar o que será feito e como os alunos poderão se manifestar durante o vídeo. • Falar em erros em termos de grupo. Evitar expor alunos falando de erros cometidos individualmente. 2) Perguntas: • Deixar o vídeo passar até min. 1:50 Eu observei no vídeo que quando a professora corrige, vocês repetem para vocês logo em seguida (ver min. 1:50), também observei um aluno apagando e escrevendo o correto. Qual é a estratégia mais eficaz em sua opinião. O que fazer para fixar melhor o erro corrigido? • Parar em no minuto 2:50. Explicar o que está por vir: a turma vai cometer um erro, pedir para o aluno prestar atenção e perguntar: Em que momento você percebeu que a turma cometeu um erro oral? (pedir para sinalizar minutos etc) Qual a correção mais satisfatória? Elicitation ? (Sorry) Explicit error correction ? (Pay attention!) Metalinguistic explanation (tag questions etc) 237 • Ir para o min. 6:35, pedir para o aluno acompanhar a aula. No min. 6:42 a professora regente vai usar um recast. PARAR APÓS O USO DO RECAST! Logo após que a professora fizer uma correção perguntar se os alunos perceberam qual foi o erro corrigido. • 7:30 – 8:00 Perguntar qual a preferência dos alunos: quando a professora deixa o aluno tentar descobrir o próprio erro (elicitation / who? Who?) Ou quando dá logo a resposta. (deixar passar até min. 09:00) – deixar os alunos assistirem. Pausar e explicar o próximo bloco da aula – going to/future/making plans / pair work. • Ir para o min. 14:00 deixar os aluno s assistirem ATENÇÃO: 15’:15’’ observar a situação. Perguntar ao aluno M8 se ele preferia a correção em grupo ou preferia a correção individual mesmo. Fazer a mesma pergunta à turma e ao Matheus. • Ir para o min. 17:35 até 20:00 Perguntar para a turma se todos os erros orais precisão ser corrigidos? Quais os erros que precisam ser corrigidos em sua opinião? (gramática, pronúncia, vocabulário, pragmática (regras no contexto social). • Continuar até o min. 21:00 – após a correção de um colega, perguntar à tur ma o que acha dos colegas corrigindo os erros um dos outros. 238 PART 2: • O que vocês acham da correção de erros orais em sala de aula? • Você prefere que a professora corrija seus erros ou você gosta mais quando pode discutir os erros com os colegas? Por quê? • Em sua opinião, qual seria a forma mais imprópria de se corrigir um erro? (pense em alguma situação / experiência que tenha deixado você desmotivado / desanimado após a correção de um erro). • Complete a frase: Gosto que meus erros orais sejam corrigidos assim__________________________________________________ FIM! APÊNDICE 8- Transcrição da entrevista retrospectiva semiestruturada em grupo Os nomes utilizados durante a entrevista são fictícios. Durante entrevista a pesquisadora diversas vezes utilizou como a estratégia de interação a repetição do que o aluno dizia pelos seguintes motivos: 1) Uma tentativa de deixar o aluno confortável, mostrando para esse aluno que a pesquisadora estava entendo o que era dito e que tudo que era dito era muito importante. Esperava-se com isso deixá- los mais seguros para participar da entrevista. 239 2) Quando falavam muito baixo, na tentativa de não perder a informação fornecida pelo aluno no momento da transcrição da entrevista. 3) Na busca de esclarecimentos. 3) Intro: • Agradecer a participação dos alunos • Informar que não existem respostas corretas, é importante apenas apresentar a opinião. • Por que o grupo foi escolhido. • Explicar o que será feito e como os alunos poderão se manifestar durante o vídeo. • Erros em termos de grupo 4) Perguntas: • Deixar o vídeo passar até min . 1:50 ROTEIRO: Eu observei no vídeo que quando a professora corrige, vocês repetem para vocês logo em seguida (ver min. 1:50), também observei um aluno apagando e escrevendo o correto. Qual é a estratégia mais eficaz em sua opinião. O que fazer para fixar melhor o erro corrigido? Pesquisadora: Então gente, nesses primeiros minutinhos eu pude observar que vocês temadotam várias estratégias pra correção de erros, né, alguns anotam, qua ndo a professora corrige anotam, outros repetem, que nem a, a , pouco momento minutos atrás a Wanessa disse inde’pendent, né alguém falou in’depedent e ela falou inde’pendent, e alguém repetiu no fundo inde’pendent quer dizer, é uma estratégia também o aluno repetir [ o exemplo foi dado a partir dos vídeo, das experiências dos alunos]. Eu gostaria de ouvir um pouquinho de vocês o que vocês fazem pra... quando a professora corrige um erro em sala de aula, o que vocês costumam fazer com essa informação nova? A1: Guardar. Pesquisadora: Vocês guardam. Então vocês memorizam. M1: Memorizar, guardar – M2: é é, eu tenho mania de memorizar tipo, a palavra errada e a certa, aí eu vejo a diferença. 240 P: Tendi. M2: Falando a errada eu me ligo da certa. Xxx P: Você faz uma análise contrastiva, compara, legal. Alguém mais utiliza alguma outra estratégia? M2: é [ o aluno concorda com a cabeça ] M3: Anotar a palavra. Anotar a palavra. xxx assinalar a que está achando que está errada [nesse momento o aluno faz um movimento com a mão como de tivesse riscando uma palavra] e anotar a certa. P: Então você anota, mas em casa você revê? Você faz uma revisão, ou não? M3: Não, não. Não hora de estudar assim, aí dá uma lida, aí pô errei aqui, não é assim, é assim. P: Entendi, então quando você estuda, você faz uma revisão dessas palavras. Mais alguém? Pode falar. F1: Eu pego a palavra certa e anoto já a tradução ... P: Entendi F1: Aí, quando eu for estudar eu vejo que mais fácil pra aprender. P: Entendi. Quem mais gosta da tradução? Quem prefere a tradução? M4: Eu gosto! M5: Eu! Eu, .... Quando não conhece, consegue a tradução. M6: It’s easier. M3: Eh até porque xxx [ parecendo concordar] M7: Eu costumo ... quando eu falo rápido eu costumo repetir porque aí eu gravo e aí eu falando o certo, na próxima vez eu já não erro. Praticamente eu gravo. P: Tá ótimo gente, muito obrigada. M8: eu procuro aprender como usar a palavra nova. Invés a tradução eh por dizer, eu procuro aprender como usar ela. P: Como usar. Mas como? Com música, pede exemplo pra professora, como é que você faz? M8: não, eu vô, geralmente vejo televisão aí eu vejo como é que usa a palavra, onde usa. M3: xxx P: É verdade. Não tem como. Ok, gente Muito obrigada, a gente vai prosseguir, tá. 241 • Parar em - 2:50 Explicar o que está por vir: a turma vai cometer um erro, pedir para o aluno prestar atenção e responder qual foi o erro cometido: P: Ok, vocês conseguiram pegar qual foi o errinho? [ um ou dois alunos responderam] P: Quem não conseguiu? [ a pesquisadora faz sinal com a mão para que o aluno sinalize que não conseguiu ouvir o erro] [nesse momento alguns alunos revelam não ter ouvido o erro] Essa situação sinaliza para o fato de que nem sempre os alunos percebem os erros cometidos, quando cometidos em grupo. Mesmo passando a filmagem até o momento que a professora chama atenção para o erro, os alunos tiveram dificuldades em identificar qual o erro estava exatamente sendo corrigido. Parece existir um timing até que o aluno realmente se de conta do foco da correção do erro oral. É importante acrescentar a pesquisadora não mostrou essa cena de forma descontextualizada. A cena começou a partir da explicação do que era tag questions dada pela professora antes de iniciar a correção oral do exercício, seguida de correção de outros itens do mesmo exercício até chegar ao item em questão. Nesse sentido, os alunos participantes da pesquisa estavam cientes do foco da correção do exercício. P: Quem conseguiu? Alguém conseguiu? M8: Eh, só escutei depois que escutei ela falando ‘does she’. P: Tá, você percebeu no momento que ela corrigiu. M8: Tirando isso eu não entendi o que falaram. 242 Ainda referindo-se a situação do minuto 2:50 Qual a correção mais satisfatória? Elicitation ? (Sorry) Explicit error correction ? (Pay attention!) Metalinguistic explanation (tag questions etc) P: Então o que vai acontecer agora gente: a turma cometeu um pequeno errinho e a Wanessa vai utilizar três formas de corrigir esse erro. Eu vou parar em cada forma tá, e vou explicarvou apontar pra vocês quais são essas formas. Depois eu vou voltar, tá e vou perguntar pra vocês qual das três formas vocês preferem, tá , se é a primeira, segunda ou terceira. Vamos lá, voltar aqui um pouquinho ... [ nesse momento a pesquisadora retorna ao ponto em que os alunos cometeram o erro, seguido da primeira correção oral do erro] P: Esse é o primeiro tipo de correção de erro dela. ‘Sorry?’ Vocês falaram e ela ‘sorry?’ Ela deixou que vocês resolvessem o problema. Tá? Segura essa aí. Tem mais uma. [ a pesquisadora aperta o play para dar continuidade à aul. Após a ocorrência de correção de erro explicita, a pesquisadora pausa e continua com a exposição] P: Essa é a segunda forma que ela corrigiu o mesmo erro. É uma forma explícita. Ela falou: ‘pay attention’, presta atenção! ‘Affirmative!’ Essa é a segunda forma. Correção explícita. 243 Tá? Então a primeira a gente tem o ‘sorry?’ e você resolve, e o segundo é ‘presta atenção, affirmative!’ Tem uma dica e ela corrige explicitamente. Terceira forma... [ nesse momento a pesquisadora dá sequência ao vídeo. Após a correção através de uma explicação metalinguística, a pesquisadora pausa e continua com a exposição.] P: Essa é a terceira forma que ela utiliza para o corrigir o erro. Ela dá uma explicação gramatical. Tá? Então vamos lá, existem três formas: ‘sorry?’, e você resolve o erro, a segunda forma ela ‘pay attention!’, chama atenção e fala ‘affirmative!’, dá uma dica, e a terceira forma ela dá uma explicação gramatical. Quem prefere a primeira forma? ‘Sorry?’ e você resolve o erro? M8: Isso! [A pesquisadora sugere levantando o braço para que os alunos que prefiram essa forma de correção de erros levantem o braço. Após uma contagem foi observado que dos nove alunos presentes, seis alunos optaram pela primeira forma] P: Por quê? M1: Eu, porque assim você vai, você começa a buscar na sua mente, na aula que ela ensinou, aí você ... quando ela fala ‘sorry’ você acredita que você errou, então você vai buscar como foi que ela explicou isso, entendeu? P: Entendi. Alguém tem mais alguma opinião? Concorda com ele? M8: Acho que assim é melhor porque você vai estar sabendo onde você está errando. P: Você sabe onde você está errando. [ a pesquisadora repete a fala do aluno] 244 M7: Aí você busca, aí você mesmo, éééé ‘pô onde eu errei’, aí depois que você vê que tá certo aí, aí sim você- P: Então vocês gostam de resolver os erros sozinhos, ‘onde foi que eu errei’, ‘qual o problema’ ... [ os alunos que optaram por esse tipo de correção concordam].Quem gosta da segunda? Ela diz ‘pay attention’ e depois dá uma dica ‘affirmative!’, a segunda? [ nenhum aluno se manifesta] Ninguém? E a terceira? Ela dá uma explicação gramatical ... ‘gente’... F1: Porque... eu gostei quando porque, tipo, quando ela dá explicação, a pessoa aprende o que ela errou, ela vai entender melhor quando ela explicar. P: Entendi, então você prefere a explicação gramatical porque o aluno aprende mais com a explicação gramatical. F1: Exatamente, ela corrige e explica. P: E você Livia? L: Não eu concordo com Rodrigo (M1) também. P: Ok, vamos lá, vamos assistir mais um pouquinho... Ir para o min. 6:35, pedir para o aluno acompanhar a aula. No min 6:42 Wanessa vai usar um recast. PARAR APÓS O USO DO RECAST! Logo após que a professora fizer uma correção perguntar se os alunos perceberam qual foi o erro corrigido. 245 [Os alunos conseguiram perceber o recast, que é uma forma mais implícita de correção de erros.] P: Ok, vocês perceberam o que vocês falaram? LLL: Lives. P: Perceberam a correção da professora? LLL: u-hu [responderam afirmativamente.] M: Lived. P: É uma outra forma de correção de erros. A professora corrige, não aponta o erro, ela só corrige [ a pesquisadora estala os dedos para sinalizar a percepção do aluno] e aí vocês aprenderam. • 7:30 – 8:00 Perguntar qual a preferência dos alunos: quando a professora deixa o aluno tentar descobrir o próprio erro (elicitation / Who? Who?) Ou quando dá logo a resposta. P: Então, aqui gente, ela falou, ‘I have a friend who ... Who...’ ficou esperando a repsosta de vocês. ‘Who...’ ‘who..’. e depois ela deu uma explicação, I am, you are, he is, she is, qual dos dois vocês preferem? Quando ela fica ‘who, who’ ou quando ela vai direto ‘ah não precisava who, who’ , dá logo a explicação, qual dos dois vocês preferem? LLL: Direto LLL: a ‘who, who’ 246 [nesse momento o grupo se divide nas preferências] P: Vamos lá, quem gosta de direto? [a pesquisadora faz sinal levantando a mão para sinalizar para que o aluno levante as mãos caso prefira a opção ‘direto’. Todos levantaram a mão com exceção do aluno Rodrigo (M1).] E ‘who, who’, ninguém gosta? Só você? Porque ‘who, who’ você gosta? M1: Por que xx ‘who, who’ você não vai corrigindo todos os- tudo que ela fala, entendeu? Do começo até ... [acredito que o aluno quis dizer que o ‘who, who’, serve para sinalizar o momento que o erro ocorreu, não sendo necessário o aluno percorrer toda a frase para descobrir onde foi o erro] M: Mas também se ninguém falar nada ela vai ficar ‘who, who’ até o final da aula. P: E quem prefere a explicação direta, por que? M3: Eh ... porque você não tem que pensar muito e procurar entre mil palavras em inglês para achar a certa. XXX tipo, é essa então fica com essa. Não tem é... a possibilidade de você errar na hora é, tipo assim, ‘cara o que que eu falei?’ mil palavras ... como Rodrigo falou ... [ é interessante notar que embora o aluno teve a mesma justificativa que o Rodrigo a partir de ponto de vista diferente já que optou pela correção mais direta, ao contrário do Rodrigo.] P: Entendi... já esqueceu o que você falou e aí você fica – M3: Ou então lembra errado, por que você falou um monte [de palavras]. P: quem mais? E você? Prefere ‘who’ ou - M9: ‘Who, who’. 247 P: ‘Who who’? M9: Pra apoiar o Rodrigo ali. P: Pra apoiar ou você gostou mesmo? M9: Gostei mesmo, poxa. É isso aí, ‘who, who’, aí eu vou lembrar ... P: Tá certo, vamos lá, mais um pouquinho. (Deixar passar até min. 09:00) – deixar os alunos assistirem. Pausar e explicar o próximo bloco da aula – going to/future/making plans / pair work P: Então gente, vou dar uma pausa aqui para explicar o segundo momento da aula. É esse é o momento que a Wanessa vai fazer com vocês uma atividade e vocês vão trabalhar o verbo ‘to be going to’ pra falar dos planos, vocês lembram dessa atividade? Pra falar, é pra fazer planos sobre o que fazer nas férias. Planos que vocês decidiram naquele momento com o coleguinha. Tá? Então vou passar um poquinho, pra gente ir nos momentos em que vocês estão realizando a tarefa, vamos lá! Ir para o min. 14:00 deixar os alunos assistirem ATENÇÃO: 15’:15’’ observar a situação. Perguntar ao Rodrigo se ele preferia a correção em grupo ou preferia a correção individual mesmo. 248 P: Então gente, a Wanessa, nesse momento a Wanessa está eh ... verificando junto às duplas né se tem alguma dúvida na realização da tarefa e aí ela parou nessa dupla e aí ela chamou atenção, verificou um pequeno deslize do ‘with car’, ‘by car’, aí eu tenho uma pergunta para o Rodrigo. Rodrigo, você prefe ria que a professora corrigisse o erro com a turma toda, ou você prefere individualmente mesmo, tá bom ... M1: Ah, tanto individualmente, quanto com a turma toda não tenho nada com expor meus erros. Naquela, naquela hora mesmo [referindo-se ao momento mostrado da aula] eu preferiria quando ela tivesse assim, bem do jeito que ela fez só comigo falando porque ficou mais fácil, entendeu? Porque cada focava, um tava focando em praia, em shopping, não tava com essa dúvida. P: Entendi, então no momento da tarefa o importante ser individual pra você. [o aluno balança a cabeça confirmando a conclusão da pesquisadora] P: E você? [referindo-se a outro aluno] Você prefere que seja em grupo, em dupla. Porque anteriormente você também fez uma participação muito interessante, né, você falou com a turma dos seus planos para o futuro e... como você preferiria que a professora corrigisse? Que fosse individual ou que fosse em grupo? M10: Por mim tanto faz. Em grupo deve ser melhor xxx. Em grupo. P: Você prefere em grupo? M10: [ o aluno concorda] P: Quem mais prefere em grupo aqui? M2: Não tenho preferência. 249 P: Não tem preferência. [ a pesquisadora faz uma demonstração, em seguida pergunta a preferência] Qual vocês preferem? LLL: Não tenho preferência. M1: Contanto que corrija meu erro. M3: Dependendo da situação. Tipo assim, eh ... às vezes é ruim porque tipo, o Leo errou aí enquanto ela tá corrigindo com ele, só só fica pra ele, mas se ela for falar pra todo mundo, os outros podem ter dúvida nessa mesma questão ou às vezes pode até atrapalhar o raciocínio da pessoa porque tipo assim, ele tá entretido lá na ..., vendo o que ele vai botá aí a professora fala um negócio, aí ele pára pra prestar atenção aí ele se perde. Aí pode ser bom ou ruim. Dependendo de cada um. [ Nesse caso, acredito a professora tem que ter a sensibilidade de perceber o que é mais interessante para o aluno. Já que qualquer escolha, corrigir em grupo ou não, pode gerar perdas ou ganhos para uns ou para outros.] P: Entendi, legal! Alguém mais tem alguma coisa para dividir? Legal dez, obrigada tá! Vamos lá, vamos continuar. Ir para o min. 17:35 até 20:00 Perguntar para a turma se todos os erros orais precisam ser corrigidos? P: Gente, tenho uma pergunta pra vocês. Teve um momento, vocês estavam trabalhando em pares né, e o Leonardo deu uma cotovelada no Alan porque ele falou português. Isso pra mim é o que, é o colega ajudando, né... A tarefa a ser realizada. O que vocês acham disso gente? Vocês ficam à vontade quando o colega vai, dá uma dica, ‘não fala português’, dá uma cotovelada. 250 M1: Contanto que não me deixe roxo. Por mim tá tranquilo. P: Tá bom. O que vocês acham? Vocês estão ok, com os colegas ajudando... Ou não, só a professora que tem que dar a resposta. LLL: Não. Tudo ok. [ os alunos protestaram com a ideia de só o professor corrigir os erros]. M3: Ah, sendo amigo, amigo, né. [aí não tem problema] P: Amigo que é amigo tem que ajudar. M10: O professor também. P: Ok, vamos lá. Vamos ver mais um pouquinho. [Foi mostrado o trecho da filmagem em que o Alan apresenta vários erros e insegurança mostrando um baixo nível de competência comunicativa. Nesse momento a professora regente optou por não corrigir os erros imediatamente, deixando o aluno à vontade para tentar realizar a tarefa comunicativa, mesmo apresentando dificuldades. Alguns minutos depois, pausa.] P: Aqui eu tenho uma pergunta pra vocês, depois a Wanessa vai fazer uma pergunta pra vocês. É, bom, não sei se vocês perceberam, durante a interação de vocês, em dupla, houve uns deslizes de pronúncia, enfim. [ essa narração generalizada foi uma tentativa da pesquisadora de não focar no erro cometido por um aluno apenas – o Alan -, para evitar constrangê- lo] Mas a Wanessa, deu prioridade, preferiu focar na questão gramatical. Foi ao quadro, “gente, [ a pesquisadora faz um gesto simulando a situação em que a professora Wanessa vai ao quadro dar explicações gramaticais.] não se esqueça do ‘will’, don’t forget ‘will’”. Queria saber de vocês o que vocês acham? Vocês acham que a professora tem que corrigir todos os erros orais, ou ela pode escolher o que é mais importante, o que vocês acham? A professora tem que corrigir todos os erros? 251 M3: Tipo assim, se ela vê assim que ele falou assim só tipo, o cara tá nervoso, aí ele comete deslize mesmo, mas ele sabe qual é o certo, aí não é necessário. Mas se ele pensa que é certo, mas não é certo, aí ela tem que corrigir. Ainda mais porque escrevendo [ alusão ao momento em que a professora vai ao quadro e corrige o erro no quadro] que fica até melhor de ser corrigido. M1: Eu até acho que sim. Mas depende dos erros. É no caso assim... Ela pode até corrigir, mas também depende. Vamos fingir que ela tá assim entrando xx e ele comete um erro. Se esse erro for assim, eu quero falar que ‘viajei sem ter destino com a sua mãe’, entendeu? Em inglês, aí o que ele vai falar? Aí vai ter que corrigir. Mas normal, confundir o -ing com o – ed, acho que não. P: Entendi, então os erros que você acha mais gritantes. M1: Os erros mais gritantes assim. Com certeza ... P: Aqueles que interferem no significado, né, você acha mais importante. Agora erros que você acha que não interfere, por exemplo, preposições né, at, in, on, você não acha tão importante corrigir. [aqui procurei não intervir na crença do aluno, apenas parafraseei na tentativa de confirmar a minha interpretação com relação às crenças professada pelo aluno]. M1: Não. M2: Eu já acho importante, erros assim, corrigir melhor, assim. Quanto mais erros corrigir melhor porque assim a pessoa vai aprender e não vai repetir o mesmo erro. Quando for possível, a pessoa vai aprender, e não vai repetir o mesmo erro, então melhor- M3: Você, você pode viajar pra algum lugar que fale assim, até a pessoa não vai entender se você falar – M2: é pode ser o menor erro possível- 252 M3: Mas não vai te achar estranho falando desse jeito. M2: xxx uma língua estrangeira vai sair e não vai conseguir te entender, então tem que dar também atenção tanto aos erros grandes quanto aos pequenos. P: Tá, então vocês dois acham que os dois são importantes – M8: Ainda mais quando começa dos erros pequenos né, porque os erros pequenos vão levar aos maiores. F1: É, concordo com o Leonardo. M7: É. P: Quem disse ‘é’? M7: Eu, eu, falei ‘é’. Eu concordo ... [ o aluno aponta para o Leonardo (M8)]. Porque eu acho que se você for errando mesmo erros pequenos, quando você, por exemplo, for para os EUA ou algum país que tenha essa língua frequente, você vai ver que... pô ‘será que eu to falando errado? Mas eu aprendi assim.’ Entendeu? Você vai ver que tem um erro. P: Entendi. LLL:xxx M3: O cara pode ... você pode parar pra pedir informação, aí o cara entende outra coisa aí ele pode te dar uma informação errada. xx 253 M7: É verdade. P: Por causa de uma preposição, ele pode ... M3: Simples erro que ele xx. P: Livia? F2: Eu concordo. P: Concorda? Então você acha que tem que corrigir tudo, os erros pequenos e os erros mais gritantes. [ A aluna balança a cabeça concordando] M1: xxx pessoas que foram para os Estados Unidos e vê que ... falam que aprenderam até demais. Até demais. Porque muita coisa que aprendemos a falar no fundo você não vai usar. Pode até usar, mas tem uma diferença. Mesma coisa se um americano for aprender tudo, quando eles virem as nossas gírias eles vão se perder, aqui, eles vão, sabe, vão achar que aprenderam demais, a gente vai falar gíria e eles vão ficar perdidos. Não ensinaram isso. [Aqui parece que o aluno está chamando atenção para o fato de que ele acredita que aprende muita coisa que para ele não vai ter uso. Por isso ele afirma que não adianta aprender ‘demais’. O aluno como adolescente não consegue ver o objetivo da linguagem que está aprendendo. Acredito que tal crença pode interferir na sua atitude em relação à aprendizagem. Por exemplo, ele pode ficar desmotivado se a professora insistir em corrigir erros orais que ele acha sem importância.] M8: Eh, quem nem, a gente aqui tem que escrever, quando você vai fazer prova, essas coisas, você tem que botar ‘want to’, ‘going to’, enquanto a gente pode falar ‘gonna’. 254 P: É mas aí são duas questões, é ‘going to’ é formal, ‘gonna’, né é a lingua falada, né? M8: Eu só acho menos necessário porque a gente provavelmente vai usar o mais informal. P: Mais informal. Entendi. M1: xx ‘you are’, você pode por ‘u’ e o ‘r’ [o aluno aqui refere-se à língua inglesa utilizada em chat]. P: Entendi. M2: O mais forma a gente só vai usar quando fizer alguma coisa mais importante, tipo um trabalho... P: Entendi. Então vocês se preocupam que sejam corrigidos erros que vão ser necessário para o uso da língua. Né? LLL: Isso. P: O que vocês realmente vão utilizar, que vocês acham que vão utilizar na língua falada. Né isso? M8: pra mim são os mais importantes. P: Tá ótimo, ok. Wanessa? Professora regente: A minha pergunta é a seguinte: durante o trabalho em par você estava produzindo já pra turma, né Alan, o que você produziu em par com o Leonardo. Você observou que eu não te interrompi em momento algum. Apesar de você ter cometido alguns errinhos. Vocês gostam de não ser interrompidos no momento da produção ou vocês 255 preferiam que eu parasse ali no momento, o tempo inteiro, ‘não é assim, é assado, não’ ou deixasse realmente como aconteceu, vocês produzirem, irem falando, falando e depois sim eu corrigir. É assim que vocês preferem ou vocês preferem no momento que estão falando e ficar interrompendo. M8: Acho melhor corrigir depois porque senão você pode acabar inibindo a pessoa. M2: Eu prefiro mais corrigindo acho que parando porque ... a pessoa... depois quando corrigir tudo você pode se perder ou pode não entender direito. Vai tipo, com calma, aos poucos, todos os erros. Mais fácil, pelo menos pra mim. Professora regente: Leonardo você pode repetir o que você disse? M8: Em acho que explicar depois, porque senão pode acabar inibindo a pessoa. M1: Não, e também, também depois você pode dar chance pra pessoa acertar. De tanto ela tentar e tentar ela pode acertar, aí depois você corrige, ‘oh, toda vez que você fazer isso, você lembra disso, pra chegar a isso”. M3: Eu acho que perde o raciocínio da pessoa. Ela tá falando aí a professora para na metade, aí ela corrige essa parte, aí depois ele se enrola e aí tem que começar tudo de novo. M8: E aí a pessoa pode até ficar com medo, queria falar uma coisa, mas não querer falar pra num x ser corrigido na hora. F2: Mas não deixa de ser ... Professora regente: E você Alan? M7: Eu gostei de, é, quando você corrigiu assim porque, é, não é o meu problema, mas, vamos supor, pega um aluno que tenha muita vergonha, que até, realmente ia ficar inibido, 256 porque ‘poxa eu errei aí, será que vou errar mais pra frente? E a professora vai corrigir, todo mundo vai ver que eu errei?”. Eu não, não tenho esse problema, achei bom, o termo que você fez ali, a correção depois de deixar eu falar mesmo estando errado, depois foi corrigir no final. Achei, assim, que não é meu problema, eu me acostumo das duas formas, mas dependendo da pessoa, é melhor assim. P: Gente eu vou parar por aqui. Acho que vocês já tem uma idéia do que a gente está explorando. Então tenho algumas perguntinhas pra vocês. Na sua opinião, qual seria o erro mais importante para ser corrigido? Gramatical, como por exemplo, presente, futuro, passado, ‘ed’ no passado, o da pronúncia, o de vocabulário, como você deu um exemplo, um vocabulário fora de contexto, que não tem nada a ver com o que está sendo falado, ou o que os professores chamam de pragmática, o que que é pragmática, é um errinho de uso, por exemplo, você futuramente vai a uma entrevista de emprego, ou atualmente você tem que falar com a professora, é mais apropriado você usar, por exemplo, ‘May I talk?’, ‘may’, porque o ‘may’, é mais formal. O ‘can’ é pro colega “Can I help?’, sabe? Tem uma diferença. Pra gente não tem diferença, tudo pode, mas pra eles, os americanos, os britânicos especialmente, faz uma diferença, é nível de educação. Então qual dos quatro vocês acham mais importantes: é a gramática, é a pronúncia, é o vocabulário, ou esse uso da língua [pra não dizer pragmática]? [Aqui procurei não me aprofundar muito por dois motivos: evitar o uso de muitos termos que pudessem ser incompreensíveis para o aluno, dificultando o entendimento da pergunta, e também para explorar até onde vai o entendimento dos alunos participantes da pesquisa quanto às dimensões existentes na língua estrangeira alvo.] [ Foi perguntado um a um. Oito alunos acharam que todos os erros devem ser corrigidos. Um aluno tem a preferência pela gramática e o outro pelo vocabulário] M8: Acho a gramática. Porque a gramática vai levar aos outros. M1: Eu acho o vocabulário. Por que xxx você usando as palavras certas e cometer certos erros de presente, passado e futuro, aquela pessoa com quem você está falando ela já tem um conhecimento então ela vai poder te corrigir. Agora se eu to querendo falar ‘eu quero ir no banheiro’, e você começa a falar ‘eu quero ver televisão’, a pessoa não vai entender que você está querendo ir no banheiro. Já se eu falar ‘eu queria, é eu irei querer... ver televisão’ a pessoa já vai saber ‘bom peraí xxx alguma coisa, e dá pra você corrigir. P: Entendi, então o vocabulário dá uma sugestão do que você está querendo dizer. 257 M1: É. U-hum P: Gente, quero que vocês respondam com sinceridade: a correção de erros orais em sala de aula ela é importante? LLL: Sim! P: Vocês concordam que são importantes. Alguém quer dizer porque ... só pra resumir a ideia ... M8 : Ela vai aprender o certo, vai tentar errar menos vezes, e ... sei lá... a pessoa vai ficando mais, mais ... M7: Só melhorando mais, é, quando você vai sendo corrigido, você só vai melhorando e então aprimora. M8: xx corrigindo você se aprimora mais xxx. P: Entendi, [a professora olha para uma outra aula que balançou a cabeça afirmativamente, concordando com a opinião dos alunos que se manifestaram] você acha também que aprimora ... F1: Exatamente, você tem menos chances de errar. M1: x tem vezes que ela [a pessoa] fala, a, o, a partir do momento que ela sabe, apesar que ela sabe que tá errado, entendeu, tipo live/ lived [o aluno pronuncia corretamente /‘lived/], o passado, mas ela fala /liv‘Ed/. Ela sabe que tá errado, mas ela não sabe como é que ela vai entonar, então ela precisa que alguém corrige, né. Entendeu? É necessário. P: Legal, interessante. Muito bom. Gente gostaria que vocês pensassem não só na sala de aula da professora Wanessa, mas vocês estudando com outros professores , até mesmo em cursinhos fora daqui, tem alguma forma, algum professor que tenha corrigido o erro de vocês que tenha deixado vocês desconfortáveis? Teria como relatar, narrar alguma experiência de vocês que foi negativa, que vocês não gostaram. M1: Quando corrige com preguiça. P: Preguiça? Como é que é corrigir com preguiça? M1: Por exemplo, tá fazendo uma atividade com a gente no futuro e no presente. Aí você quer fala do presente com o professor, mas pelo fato de ele já ter falado duas aulas disso ele vai falar ‘não, mas eu já falei que é assim, assim , assim’ [ nesse momento o aluno muda o tom de voz para um tom mais impaciente]. Você vai falando e ele fala ‘mas é assim , assim’, aí 258 ele vai perdendo a paciência, aí começa a jogar pro colega, olha ali, eu vou corrigir do lado e você vai ver. Se a gente tá errando muito é porque a gente precisa de mais atenção! P: Entendi. Alguém mais tem alguma sugestão? M3: xxx as vezes a professora explica, aí você não entende. Aí ela explica da mesma forma igualzinho. Você não entende. Se ela mudar a forma você pode até entender, mas como ela fica a mesma coisa, a mesma coisa, a mesma coisa, você nunca vai entender. Você entende, dessa forma, não dá. F1: Não adianta você ter dúvida e repetir a mesma coisa que a pessoa falou, porque se a pessoa não entendeu, não adianta repetir que ela não vai entender do mesmo jeito. Tem que explicar de uma outra forma. P: E vocês já passaram por alguma situação de o professor brincar e ser uma brincadeira que não foi muito legal... M8: Acho que aí depende do relacionamento do aluno com o professor, claro. Aí depende do relacionamento. M1: depende muito do tipo de aluno, tem tipo de aluno que é mais fechado, você faz uma piada, aí ele já fala xxx, mas se for uma aluno cara de pau, entra na brincadeira também. M3: Se você tem amizade com o professor, você brinca com ele, ele brinca com você, aí é normal, mas tipo assim, você não vai muito com a cara do professor, aí ele pensa que você vai com a cara dele, e ele fica botando apelido, fazendo brincadeira que você não gosta, é meio desconfortável. M2: Mas o professor geralmente vai fazer brincadeira com o aluno que, sabe que ... M1: Mas eu prefiro até xx com professores que são meus amigos sabe, que são legais, que ficam no mesmo círculo é como se eu tivesse aprendendo com um amigo seu. Mas sabe que 259 ele é professor e que tem que ter o mínimo de respeito xxx tem que brincar, porque senão fica uma coisa muito fechada: tem que estudar, tem que estudar, tem que estudar, tem que saber isso, tem que saber isso, tem que saber isso, você acaba... naquele momento você sai, aí quando chega em casa pra fazer o trabalho ... você não vê nada, não consegue se lembrar mais de nada. M3: É desconfortável quando você comete um erro aí o professor tira onda com a sua cara ‘ah, você é burro, você não entende isso, por que você ... por que você não aprendeu?’ vai de cada pessoa, o cara não consegue aprender, não é culpa dele, ou a culpa é dele. M1: O professor acha que você ... acha que vocêtá fazendo aquilo por pura e espontânea vontade, você não quer aprender, sendo que você tem dificuldade, ele tenta lê sua mente, ‘não, eu não vou explicar o problema pra ele porque é isso...’ você pode até ser o mais espevitado da sala, mas naquele momento que você tá vendo que você está centrado, parado na sala prestando atenção e quando você pede o professor diz ‘não, não’ você está fazendo isso de brincadeira, você tá parado, quer me fazer de palhaço, entendeu... F1: Teve uma professora que, assim, ‘ah não vou explicar pra você porque você estava conversando’, só que a gente não estava conversando assim outras coisas, a gente tava comentando, assim ‘ah eu não sei, me ajuda’, e o professor acabo pensando que a gente tava conversando, tava falando de outra coisa. Acho que isso de ‘eu não vou explicar porque você estava conversando, não acho isso legal. M3: E mesmo que tivesse conversando, ele tá ali pra explicar. P: só pra fechar agora tá. Gostaria que vocês completassem a frase: gosto que meus erros orais sejam corrigidos assim ... Resumo das palavras que os alunos disseram: Individualmente, com alegria, com exemplos, em grupo , com bom humor, sem a cara ranzinza do professor, com boa vontade, que esteja certo, explicativa, clara, com bom humor, sem dar muitas voltas, brincadeiras, objetivo. REFERÊNCIA DAS CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO DE DISCURSO DE SALA DE AULA ADOTADA NO PRESENTE ESTUDO: 260 ALLWRIGHT e BAILEY, K. Focus on the Language Classroom. Appendix H Transcription conventions for classroom discourse. Cambridge University Press, p. 222, 2004.