Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377 Curso de Pedagogia – N. 11, JUL/DEZ 2011 DUAS AUSÊNCIAS NAS REFORMAS DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO: A PEDAGOGIA E O PROFESSOR Deborah Senid Gribel 1 RESUMO O presente texto tem como objetivo discutir alguns aspectos das reformas implementadas a partir da década de 1990 no Sistema Educacional Brasileiro em consonância com grandes organismos multilaterais. Pretende-se também ressaltar as contradições destas reformas de cunho neoliberal mediante a teoria Pedagógica e o papel do professor. PALAVRAS-CHAVE: Banco Mundial. Política neoliberal. Educação. Professor. ABSTRACT: This paper aims to discuss some aspects of the reforms implemented since the 1990s in the Brazilian Educational System, in line with major multilateral organizations. It is also intended to highlight the contradictions of these neoliberal reforms by Educational theory and the role of teacher KEYWORDS: World Bank. Neoliberal politcs. Education. Teacher, 1 Pedagoga e pós-graduada em Didática pela Fundação Carlos Chagas. Aposentada após 26 anos de regência nas séries iniciais do Ensino Fundamental na Rede Estadual de MG e também por 13 anos na Rede Municipal de Juiz de Fora. Recentemente nomeada para o cargo de Coordenadora Pedagógica numa escola da Rede Municipal desta cidade. Concluindo o curso de Pós-Graduação em Gestão Educacional pelo Instituto Metodista Granbery. Aprovada no processo seletivo para o mestrado em Educação, Políticas Públicas e Avaliação Educacional pelo PPGE/UFJF – 2012. 1 1 Considerações Iniciais Como professora, atuando na rede pública de ensino, ao nos depararmos com a inconsistência e incoerência das propostas que direcionam a política educacional no Brasil, é impossível não nos indignarmos. Lamentavelmente, percebe-se que grande parte dos profissionais que atuam na educação pública desconhece a profundidade e a perversidade de tais propostas. Este artigo pretende discutir alguns aspectos das reformas educacionais implementadas no Brasil a partir da década de 1990, enfocando a necessidade iminente da tomada de consciência das relações entre o político e o pedagógico, assim como refletir sobre as escolhas feitas por profissionais que atuam nas escolas públicas. Defende-se a especificidade da teoria pedagógica, que deve embasar o trabalho do professor, gestor e todos os envolvidos no trabalho realizado nas escolas públicas do país, Evidencia-se a contradição entre a concepção educativa e os objetivos propostos pelo Banco Mundial para a política educacional brasileira, e as concepções e os objetivos explicitados na LDBEN 9394/96. Ressalta-se, ainda, a ausência do professor e da teoria pedagógica na elaboração dessas propostas. Aborda-se a articulação entre trabalho, educação e teoria pedagógica, numa concepção abrangente da constituição da condição humana e do caráter universal da educação básica, que se constitui não somente para a qualificação para o trabalho, mas e principalmente como um princípio educativo, direito público subjetivo de todo cidadão. Denuncia-se o massacre ideológico imposto pelo BM e outros organismos multilaterais que tornam hegemônico o modelo neoliberal, ao priorizar a educação pública como um dos veículos de inculcação, reprodução e manutenção de valores alheios aos verdadeiros interesses dos grandes setores marginalizados da sociedade brasileira. 2 A informação como meio de compreender as questões políticas e ideológicas nas reformas no sistema educacional no Brasil Atuando-se na rede pública de Ensino, percebe-se que o professor tem um cotidiano alienado e alienante. Obrigado a múltiplas jornadas de trabalho, com recursos e tempo reduzidos para a leitura e aquisição de livros, envolvido no planejamento das aulas e correção de trabalhos, transforma-se em massa de manobra política. Sem se dar conta da ideologia 2 tentacular e perversa imposta pelo Banco Mundial e outros organismos multilaterais em absoluta concordância com as altas esferas do Governo Brasileiro, apresenta uma postura passiva e permissiva. Não se aborda nas reuniões de professores, ou mesmo nas conversas informais, temas no âmbito político-educacional. Há poucos comentários, alusões ou troca de informações sobre os rumos impostos pela política educacional no Brasil. O professor vive num imediatismo alienante, perdendo a dimensão social e política do trabalho que realiza, tornando-se um profissional lamuriante, desmotivado e angustiado. Percebe-se um mal-estar, uma sensação de que as coisas não vão bem. O trabalho efetivo nas escolas não tem alcançado os objetivos propostos, ficando, desta forma, cada vez mais distante da função social da escola, entendida como um processo amplo de desenvolvimento humano, formação de cidadania crítica e ética capaz de transformar e construir uma sociedade mais justa, igualitária, humana. Contrariando esses conceitos, fala-se muito das avaliações sistêmicas (SAEB) 2, do IDEB ( _ Índice de Desenvolvimento da Educação Básica _ ), da preocupação em elevar as médias dos alunos. A competição já está instalada nos sistemas de Ensino, entre as escolas, assim como entre alunos e professores de uma mesma escola. A ideologia neoliberal é implantada de forma assustadora. A comunidade escolar não percebe, mas já incorporou esses conceitos da sociedade pós-moderna. Avaliações sistêmicas, aprendizagem medida em índices, o uso de um vocabulário técnico e econômico como: insumo, produto, competências e habilidades. Pais e alunos se apresentam como clientes e consumidores. Diretores, agora, são denominados gestores. Globalização, empregabilidade e mercado econômico. As escolas foram transformadas em empresas competitivas no mercado educacional e, para vencerem a competição, devem oferecer um “produto de qualidade”, entendido como um aluno com formação básica, flexível, adaptável, capaz de garantir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais excludente e incerto. Considera-se importante refletir sobre a definição ampla de educação dada por Saviani (2008) : “[...]a educação é inerente à sociedade humana, originando-se do mesmo processo que deu origem ao homem. Desde que o homem é homem ele vive em sociedade e se desenvolve pela mediação da educação” (SAVIANI ,2008, p. 2). 2 Sistema de Avaliação da Educação Básica. 3 Partindo do pressuposto de que o homem só existe em sociedade e se desenvolve através da educação, a sociedade é determinada pelo modo como é produzida a existência humana em seu conjunto, o que implica o desenvolvimento de conteúdos e elementos que são validados pela experiência, configurando um verdadeiro processo de aprendizagem. Tais elementos e conteúdos necessitam ser preservados e transmitidos às novas gerações no interesse da continuidade da espécie. Desde as comunidades primitivas, passando pelas sociedades antigas e medievais, até chegar às sociedades modernas e pós- modernas, percebe-se essa preocupação, guardadas as especificidades de cada época. Num recorte mais recente da história mundial, não foi por acaso que a constituição da sociedade burguesa trouxe consigo a bandeira da escolarização universal e obrigatória. (ibid, 2008, p. 3 ) Segundo Libâneo (1998), é importante considerarmos que a Pedagogia, como a compreendemos hoje, está associada à Modernidade e a fatos ocorridos a partir da Revolução Francesa e Industrial. Podemos compreendê-la da seguinte forma: “É o campo de conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana” (LIBÂNEO, 1998, p. 22). No entanto, percebe-se com estarrecimento a ausência da Pedagogia e do professor, espaço ocupado por economistas, burocratas e tecnocratas que ditam os rumos da educação de nossas crianças e jovens, numa opção clara pela adequação ao modelo neoliberal vigente, hegemônico e avassalador em termos humanos, ambientais e sociais. Paro (2000), com muita propriedade, explica as diferenças e as especificidades do trabalho pedagógico escolar: é preciso ter presente que se trata de um trabalho não-material. Seu produto não é um objeto tangível, mas um “serviço”. Isto levou Marx a entender que o trabalho pedagógico escolar não pudesse ser subsumido senão formalmente na sociedade capitalista, em virtude da “natureza mesma” desse trabalho ( PARO, 2000, p.31). Em acordo com as proposições de Paro, Saviani faz uso dessas aproximações de Marx e advoga: “uma especificidade da educação escolar que estaria fundada na não separação entre produto e consumo, e na consequente impossibilidade de subordinação real do trabalho ao capital no processo de produção pedagógico” (SAVIANI apud PARO, 2000, p. 31). 4 Na sociedade capitalista a aula é, de fato, considerada o produto do processo de educação escolar. Todavia, um exame mais apurado irá revelar que a aula não é produto do trabalho, mas o próprio trabalho pedagógico. Uma concepção de educação enquanto relação social que se dá entre sujeitos que se apropriam de um saber (conhecimentos, valores, atitudes, comportamentos, etc) historicamente produzido revelará que o produto de tal processo é algo mais complexo, que não se restringe ao ato de aprender. Neste sentido, o educando não se apresenta unicamente como consumidor, mas também como objeto de trabalho. Fazendo uma analogia com o mundo da produção material, o objeto de trabalho aceita passivamente sua transformação, completamente distinta da resposta do educando que, nesse processo, se dá de acordo com sua especificidade humana, tendo, pois, uma participação ativa, enquanto sujeito histórico, sendo “produtor ou co- produtor em tal atividade” (PARO, 2000, p. 32). É preciso que se atente para um aspecto de extrema relevância não apenas para os interesses dos professores, mas também para a melhoria da qualidade do ensino: uma consciência política que perceba, para além dos interesses imediatos, os interesses estratégicos e políticos mais amplos, que possibilitem unificar as diversas categorias profissionais. O professor, pela natureza do trabalho que exerce e pelos fins a que serve, precisa avançar mais, atingindo um nível de consciência e de prática política que contemplem sua articulação com os interesses dos usuários de seus serviços. O movimento de reivindicação salarial e por melhores condições de trabalho dos educadores, só terá respaldo da comunidade, se, como adverte Paro (2000): Este trabalho só terá uma importância social que justifique a atenção do modo significativo no provimento de ensino para a população, em que as vastas camadas dessa população estiverem Estado de no momento convencidas da relevância de tal serviço e se dispuserem a reivindicá-lo (PARO, 2000, p. 36). O leitor pode argumentar que a autonomia da escola, de seus profissionais e de toda comunidade escolar está assegurada pela LDBEN 39394/96, no artigo 14, inciso I e II. No entanto, cabe a constatação de que esta autonomia está cerceada pelas avaliações sistêmicas, pelos PCNs 4, pelo PNLD 5 e outros mecanismos de controle do conteúdo a ser ensinado mediante resultados que serão quantificados e classificados. 3 4 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Parâmetros Curriculares Nacionais. 5 Cabe verificar se estes resultados avaliam, de fato, o saber do aluno e em quais aspectos esse saber pode ser quantificado, no que diz respeito à formação humana, aquisição de atitudes, valores e aspectos comportamentais, como por exemplo: maior respeito ao próximo, maior cuidado com o meio ambiente, habilidades na resolução de conflitos a partir do diálogo, preservação do patrimônio público ou um tratamento mais gentil com as pessoas. Como essas aquisições tão significativas são avaliadas? Parece pertinente o seguinte questionamento: educar para quê? Quais projetos tem-se para as novas gerações? Que tipo de sociedade pretende-se formar? Até quando as condições sociais perversas de exclusão das massas e de privilégio de poucos serão mantidas e não transformadas? Outra questão diz respeito à autonomia concedida às escolas para administrar seus recursos materiais e financeiros, prevista no artigo 12, inciso II da LDBEN 9394/96. O que se vê é um gestor escolar com postura empresarial, distante cada vez mais das práticas pedagógicas desenvolvidas pela escola, sempre sobrecarregado com licitações, emprego das verbas, formulários, questões burocráticas e prestações de contas em tempo hábil. Sobre isso nos fala Paro (1986): “Mas estes também acabam se envolvendo em atividades rotineiras que pouco têm a ver com uma verdadeira coordenação do esforço pessoal escolar com vistas à realização de objetivos pedagógicos (PARO, 1986, p. 73 ) Esse pensamento é ratificado observação cotidiana dos espaços escolares, e também como descrito: “É possível identificar uma nítida presença de conceitos e práticas de gestão empresarial na gestão educacional. A emergência da lógica privada na administração do ensino expressa a busca da eficiência e produtividade” (SHIROMA, MORAES, EVANGELISTA, 2007, p.98). Que autonomia resta às nossas escolas diante do rolo compressor neoliberal que direciona hoje as políticas públicas de educação em nosso país? Como assegurar a especificidade do fazer pedagógico? Administrar uma escola não se limita a aplicar técnicas e métodos importados, muitas vezes de empresas que não tem relação com objetivos educacionais. Na administração escolar, há especificidades diferentes da administração predominantemente capitalista, cujo objetivo é o lucro e para o qual se empregam racionalmente os recursos; diferentemente da administração escolar, que visa fins pedagógicos e deve buscar a realização humana no rico processo de ensinar e aprender? 5 Programa Nacional do Livro Didático. 6 O governo tem se empenhado em construir consensos, contudo, não há como ocultar o descontentamento da maioria dos educadores em torno dessa política, tanto em relação aos objetivos anunciados – e aos velados – quanto às estratégias e à forma como vem sendo implementada a reforma do sistema educacional brasileiro. É preciso que os profissionais tomem conhecimento e consciência dessa situação e retomem o papel protagonista que lhes cabe na condução dos rumos da educação pública no Brasil. Num breve relato, pode-se citar o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, em 1932, que acabou inviabilizado com o advento do Estado Novo, em 1947. Outra oportunidade deu-se em 1946, materializada no projeto de LDB que deu entrada no congresso Nacional em 1948, que se viu engolfada no conflito escola particular X escola pública e se deteve diante do avanço dos setores privatistas. Mais recentemente, a circunstância da elaboração de uma nova LDB, propiciada pela Constituição de 1988, criou novas esperanças que resultaram frustradas pela ofensiva neoconservadora que logrou tornar-se politicamente hegemônica a partir de 1990 (SAVIANI, 2008, p. 228). A comunidade escolar precisa reconhecer os danos sociais e ambientais a que está submetida incorporando valores de mercado que favorecem apenas os setores dominantes da sociedade, em detrimento dos valores maiores da educação na formação do ser humano que conduzirá os destinos do planeta nas próximas décadas. É possível, quando se traçam claramente os objetivos do processo educativo, tratar as relações entre trabalho e educação assumindo o trabalho como princípio educativo e a centralidade do trabalho humano como constituinte da condição humana. Há, portanto, um campo convergente: a teoria pedagógica sustentada pela sociologia, filosofia, antropologia, psicologia, história e professores das diversas áreas do conhecimento. Toda educação não é humanização? Claro que a teoria pedagógica está inserida na grande teoria da humanização, assim como as relações entre trabalho e educação. Todo o pensar e repensar do currículo, da didática, da organização escolar, das práticas escolares, encontra seu sentido na formação da infância, em sua constituição como humano. Não se pode negligenciar os referenciais epistemológicos, ou abandonar a melhor compreensão dos processos produtivos, nem a centralidade do trabalho, das novas tecnologias, da globalização, do neoliberalismo; ao contrário, pretende-se compreender a educação a partir de seus estreitos vínculos com o trabalho, cujo destaque tem se direcionado apenas para os processos produtivos. 7 O trabalho como princípio educativo vincula-se com a vida produtiva e cultural, com o humanismo, com a constituição histórica do ser humano. O objetivo deve firmar-se na formação intelectual e moral, sua autonomia, liberdade individual e coletiva, sua emancipação, incluindo recursos materiais e técnicos, a produção e o trabalho. Todos os esforços devem ser aplicados na construção de relações interpessoais respeitosas, afetivas, éticas e igualitárias. Essas preocupações remetem ao projeto de humanização da educação básica universal da modernidade, do pensamento humanista e socialista, alargando tal concepção na incorporação de novas dimensões para a função social e cultural da escola. Não se pode restringir esse processo ao objetivo restrito e limitante de formação de capital humano, como pretende a política neoliberal, mas defendendo a ideia de que a educação básica de qualidade é um tempo de formação assim como um direito do futuro trabalhador. A nova LDBEN alarga a visão do processo educativo, trazendo uma concepção mais universal da educação básica ao reconhecer os vínculos entre o tempo da escola e os processos formativos mais amplos, incorporando a educação escolar como desenvolvimento pleno do educando, colocado como finalidade central da educação no Brasil ( Artigos, 2ª, 22ª, 29ª e 32ª). E prossegue, esclarecendo que o desenvolvimento da capacidade de aprender, a aquisição de conhecimentos e habilidades aparecem como meios para alcançar esse desenvolvimento pleno; e não como fins em si mesmos. (LDBEN 9394/96) Retoma-se, portanto a ênfase na compreensão da omnilateralidade, no caráter desinteressado da educação básica, não reduzindo as análises à melhor compreensão das transformações na produção e no trabalho, mas reafirmando a visão universal e a compreensão dos processos de formação humana. A essa concepção e prática mais universal se contrapõe a concepção propedêutica, preparatória (na estreiteza da propaganda do governo: aprender para vencer), transmissiva, utilitária e reducionista de educação apenas para inserir na vida e competir no mercado de trabalho. Estamos em um tempo propício a retomada da educação básica com a centralidade devida, para legitimá-la no imaginário social e, sobretudo, no ideário da teoria e prática pedagógica, do currículo e da didática, da administração da educação e da formação de professores. Afinal essa é a função da escola pública, ao garantir educação, como um direito subjetivo de todo cidadão. 8 Não se pode perder a noção de que a teoria pedagógica faz parte da teoria social e não se pode abandonar a compreensão dos determinantes estruturais, políticos e ideológicos que condicionam a existência humana e os processos de nossa constituição como humanos. É pertinente a denúncia da produção histórica dos sistemas escolares, seu uso como aparelhos ideológicos de inculcação e reprodução do poder, de controle dos saberes e dos valores. Cada vez mais evidenciam-se as contradições da política neoliberal que tornou-se hegemônica a partir da década de 1990, avolumando-se os indícios que apontam para a necessidade de superação desse modelo político, imposto pelo BM. Tal modelo hegemônico aponta para uma direção oposta aos anseios democráticos, de redução das desigualdades sociais e afirmação dos diretos humanos. Desde o modelo de sociedade idealizada por Platão, até o período histórico atual, filósofos e educadores pensam e repensam um meio eficaz de transformar seres humanos em seres sociais: capazes de viverem em harmonia, atuando como cidadãos plenos de direitos e deveres. Diante desse sonho, espera-se que a pedagogia contribua, através das didáticas e metodologias, conteúdos e processos educativos, de forma a conduzir os indivíduos a uma vida plena, harmoniosa e feliz. Tais aspirações não encontram eco nas determinações do BM e uma rápida passagem por sua trajetória histórica, permite compreender com mais clareza os rumos tomados por essa instituição. 3 Breve histórico do Banco Mundial Diante das argumentações sobre a especificidade do campo pedagógico e da educação básica, cabe fazer uma analogia das propostas e interferências feitas nas políticas educacionais em nosso país. Segundo Soares (1998), o BM 6distanciou-se bastante dos seus objetivos desde sua criação em 1944. A princípio, foi criado com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento e reconstrução dos países no período pós-guerra. Mantido com recursos dos países desenvolvidos, com hegemonia norte-americana, gradativamente, foi de forma tentacular infiltrando-se em vários países, oferecendo condições privilegiadas de financiamentos em infraestrutura (SOARES, 1998, p. 17-18). 6 Banco Mundial 9 No fim da década de 1960, o capitalismo dá sinais de que apesar do desenvolvimento econômico; a pobreza, a desigualdade e a exclusão só aumentavam em todas as partes do mundo, gerando sucessivas crises e conflitos sociais de toda ordem. (SOARES, 1998, p. 21). Emerge o processo de globalização, deteriorização do controle dos estados endividados e imposição da política neoliberal mediante empréstimos com “condicionalidade cruzada”, fazendo desaparecer características julgadas inconvenientes como: protecionismo, intervenção e regulação estatal. O BM se apresenta como o “Banco do Conhecimento” numa postura antidemocrática, não transparente, avessa à participação popular e utiliza o combate à pobreza como forma de controle social e manutenção da ordem. Inicia-se com grande velocidade a implantação das relações trabalhistas em redes, substituindo a perspectiva de pirâmides, amplamente utilizadas na demarcação das posições hierarquias no trabalho. Alguns fatores favorecem a implantação dessa visão diferenciada das relações trabalhistas: a revolução tecnológica, a velocidade da informação, tida como forte elemento de poder, aliada a ampliação da hegemonia do capitalismo. Nessa perspectiva, as relações humanas são gradativamente deterioradas em função da crescente competitividade, luta pelo poder e lucro a qualquer custo. Começa-se a investir em educação com ênfase na formação de “capital humano”. Acordos de cúpula são feitos hermeticamente, de forma quase inacessível à população. Implanta-se a ideologia da legitimação do sistema neocapitalista, com consequências visíveis: Privatizações, Estado mínimo, falta de investimento nas políticas sociais, arrocho salarial, desemprego, miséria, destruição do meio ambiente, pressões sociais intoleráveis, instabilidade e desconfiança pública. O financiamento da educação brasileira ocorre não só em capital, mas, sobretudo através de ideias e pacotes hegemônicos, segundo o Banco, aplicáveis em todos os cantos do planeta, com objetivos claramente definidos: dar continuidade ao processo de industrialização e desenvolvimento econômico que caracteriza a globalização, instrumentalizar a política econômica e compensar os perversos efeitos sociais (SOARES, 1998, p. 21). 4 Concepções de educação do Banco Mundial O modelo educativo que nos propõe o BM é um modelo essencialmente escolar com duas grandes ausências: os professores e a pedagogia. Torres, assim se expressa, esclarecendo a proposta do BM: 10 Um modelo escolar configurado em torno de variáveis observáveis e quantificáveis, que não comportam os aspectos especificamente qualitativos, ou seja, aqueles que não podem ser medidos, mas que constituem a essência da educação (TORRES, 1998, p. 139). A concepção de educação do BM verifica-se por projetos elaborados por economistas, cuja ênfase é a regulação entre custo X benefício, e não a qualidade da educação. Privilegia-se a educação básica com ênfase na alfabetização, matemática, arte e ciências, o que representa aumento da oferta de mão-de-obra minimamente qualificada e barata, o que aumenta a competitividade entre os trabalhadores, reduzindo o custo de produção. “Quatro novos pilares se erguem para a educação, fundamentados no prazer, no utilitarismo e no individualismo, encarados como investimento em capital humano competitivo no mercado de trabalho”(ARCE,2001,p.260). A ideia do êxito, no neoliberalismo, não supõe a cooperação e solidariedade, mas o triunfo da competição, baseada na degradação do valor do trabalho, do meio ambiente, da qualidade de vida e destituição das conquistas trabalhistas em nome da competitividade. Verifica-se a isenção da responsabilidade do Governo na manutenção da educação pública, transferindo-a ao setor privado ou à sociedade civil. As reformas administrativas operaram uma transmutação do Estado Administrador e provedor para um Estado Avaliador, incentivador e gerador de políticas. Há o predomínio das formações técnicas, aligeiradas e superficiais, de forma a atender à demanda do mercado sem que o indivíduo seja capaz de fazer nenhum questionamento ou movimento organizado de transformação ou resistência, de forma que: “[...] qualquer posicionamento contrário a esta hegemônica filosofia não passa de um delírio, um suspiro da razão falida” (ARCE, 2001, p. 257). Outros investigadores aprofundam as aspirações do BM e demais organismos multilaterias. Kruppa (2001) em sua tese de doutorado apresentada USP afirma: A linha de atuação privatizante do BM é o elemento constante. Como elemento catalisador, essa linha acelera o processo da implantação da lógica do privado em todos os setores da esfera pública, que influencia por meio da concessão/articulação de empréstimos (KRUPPA, 2001, p. 6). Essa ideia é ratificada mais adiante por Kruppa: 11 A política atual do Banco não é mais a de financiar o “hardware” (equipamentos e prédios), mas sim o “software” (as reformas). Isto deve ser lido como a proposta do Banco de financiar e intervir na programação do sistema educacional, das políticas sociais como um todo, não se limitando a partes do sistema (KRUPPA, 2001, p. 11). Encontram-se professores e alunos sucateados, permitindo passivamente que sejam subtraídas suas subjetividades, sonhos e lutas; “em nenhum momento ele (o professor) é chamado a teorizar, apenas a agir e refletir a respeito de sua prática” (ARCE, 2001, p. 265). A comunidade é convidada a participar do processo democrático de gestão escolar, desde que seja para contribuir financeiramente ou com serviços prestados gratuitamente. Não há possibilidade de se pôr em prática nenhuma reforma no campo educacional, sem colocar no centro, o professor, não só como executor, mas como protagonista da proposta e do processo de mudança. No entanto, considerado como um insumo caro e problemático, o professor incomoda o BM cujo tema salarial é o “mais evitado e escorregadio de toda argumentação” (TORRES, 1998, p. 166). Contudo, oferece ao professor uma capacitação em serviço (em outras profissões não ocorre isto), a possibilidade de trabalhar com um número enorme de alunos em sala de aula, (na ótica do Banco, sem prejuízo da aprendizagem), uma formação técnica, superficial e aligeirada, desqualificando-o ainda mais. O BM sugere, ainda, que o professor tenha outras atividades profissionais e que os parcos recursos destinados à educação sejam destinados à qualificação dos gestores, coerente com a falsa ideologia de autonomia da escola e política de descentralização. Implanta-se a ideologia da naturalização das diferenças, que passam a ser compensadas por um sentido de progressiva equidade social. Em 1992, o documento elaborado pela CEPAL 7, juntamente com a UNESCO 8, esboçava as diretrizes para ação no âmbito das políticas e instituições que pudessem favorecer as vinculações sistêmicas entre educação, conhecimento e desenvolvimento nos países da América Latina e Caribe. Pretendia-se criar condições educacionais de capacitação e de incorporação de progresso científico e tecnológico que tornassem possível a transformação das estruturas produtivas, induzindo a “uma profunda revisão dos conteúdos cognitivos, instrumentais e 7 8 Comissão Econômica para América Latina e o Caribe. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 12 éticos da formação proporcionada pela sociedade às novas gerações” (SHIROMA et al, 2007, p. 54). Tal equidade pode ser entendida como medidas governamentais que oportunizam o acesso à educação, embora com qualidade bastante questionável No entanto, essa oportunidade oferecida às massas trabalhadoras, nada mais é que uma estratégia aplicada para tentar solucionar ou mascarar o grave problema dos excluídos de ensino, da capacitação e consequentemente das frentes de trabalho (SHIROMA et al, 2007, p. 54). O BM oferece um pacote de medidas contraditórias, visto que procura atender à demanda das tecnologias de trabalho num mundo moderno eliminador da força de trabalho, assim como tenta atender às explosivas demandas sociais reduzindo o gasto social, subordinando as políticas públicas ao objetivo econômico da competitividade. Segundo Torres (1998) a reforma educacional brasileira não precisa ser desenhada de maneira centralizada, elitista e vertical, com conteúdos e procedimentos definidos de forma homogênea e prescrita para toda uma nação. A tradição da reforma-pacote elaborada de forma centralizada e hermética por um pequeno grupo de especialistas já mostrou suas fragilidades e limites (TORRES, 1998, p. 155). Segue o plano elaborado por economistas com medidas mais severas de corte de investimentos em pesquisa, o que acarretará ao país um nível crescente de dependência na importação de tecnologia de ponta. Oferece ao povo brasileiro educação técnica em detrimento da educação universitária, que neste momento não interessa ao mercado, que se dispõe a oferecer ao trabalhador a qualificação que convém às demandas do próprio mercado. Ainda de acordo com Torres (1998), a qualidade da educação, na visão do Banco, pode ser mensurada pelo volume de recursos aplicados, resultados do rendimento escolar e pelo valor agregado da escolaridade associado ao incremento na probabilidade de geração de renda. Qualidade essa, que o BM espera alcançar através de insumos como: bibliotecas, tempo de instrução, tarefas de casa, livros didáticos, conhecimentos e experiência do professor, laboratórios, salários do professor e tamanho da classe (TORRES, 1998, p. 134). Cita-se também o fortalecimento da gestão escolar e maior eficiência nos gastos públicos. O currículo recebe uma visão reducionista sobre conteúdos e disciplinas, transformando-se em informação a ser transmitida e assimilada, baseada no texto escolar que é portador por excelência do currículo. Ignora-se o papel central do professor e a relação interpessoal com os alunos e demais membros da comunidade. 13 O foco no livro didático perpetua a clássica e crescente dependência do professor em relação ao material pronto e facilitador, reservando-lhe o papel de simples manipulador de textos e manuais, limitando, de fato, sua formação e crescimento. Seria pouco esclarecedor pensar que tudo é produto de uma conspiração, assim como seria ingênuo ignorar a existência de forças organizadas e projetos de dominação. Tais projetos são reforçados pela aparente passividade da sociedade e dos profissionais de educação que aceitam esta política, legitimando a desigualdade como natural. O fragmento abaixo retrata bem as intenções do governo brasileiro e as estratégias usadas para o convencimento da população: Não foi sem razão que, no início dos anos 90, uma vasta campanha de divulgação de estatísticas escolares intentava convencer a opinião pública de que o analfabetismo, o alto grau de repetência e evasão escolar no país deviam-se à falta de eficiência no sistema público. Ao mesmo tempo, apresentava a qualidade total como estratégia para melhorar resultados e promover excelência tanto nas empresas quanto na educação. A iniciativa privada, que há muito tempo se orientava por esses princípios, tornou-se assessora da reforma educacional que se implantaria no país (SHIROMA et al, 2007, p. 97). A referida reforma de 1990, diferentemente da de 1970, não caiu como um pacote sobre nossas cabeças. Foi se infiltrando pela mídia, minando e senso comum, cooptando intelectuais e formadores de opinião pública. Às ocultas, progressivamente, busca-se impor a mercantilização da educação (SHIROMA et al, 2007, p. 99). A qualidade da educação oferecida aos brasileiros deve ser prioridade e tratada como política de Estado. Trata-se de um investimento social que não pode mais ser adiado. O Brasil não precisa delegar ao Banco Mundial as decisões no campo educacional, setor fundamental para o desenvolvimento do país e de seu povo. “É uma questão de prioridade política” (SAVIANI, 2008, p. 319). Bastaria que a educação fosse definida no âmbito governamental como prioridade guiada pela racionalidade social. Contudo, a lógica que preside a proposta do MEC 9 é a da racionalidade financeira – sendo que o socorro aos bancos tem prioridade sobre o socorro às escolas, explicável pela própria estrutura de sociedade capitalista que, numa abordagem neoliberal, subordina invariavelmente as políticas sociais às políticas econômicas. A educação 9 Ministério da Educação e Cultura. 14 básica coloca-se no seio de uma complexidade em que o capital adquire novos contornos e legitima a sua interpretação sobre a crise educacional, aliando discurso conservador e soluções pseudodemocráticas. Há necessidade da reafirmação da escola como esfera pública, na qual interesses mais amplos da sociedade possam ser contemplados. É possível uma atuação política dos profissionais da educação que não se esquivem de dialogar com a sociedade, que reafirmem a predominância da modernidade cultural em contraposição à modernidade econômica, de forma que predominem os interesses da coletividade em contraposição aos interesses de uma parcela da sociedade. “É preciso ter clareza de que o BM não é um ator neutro, representante da racionalidade científica e da eficiência técnica” (TORRES, 1998, 185). O pacote de medidas não aponta na direção necessária para a verdadeira melhoria da educação, numa visão abrangente e a longo prazo, que certamente o Banco não está disposto a sustentar e apoiar. As pesquisas realizadas em outros países, demonstram “que as políticas, estratégicas e projetos destinados a melhorar a qualidade da educação, vários deles iniciados no final da década de 80, ainda não se traduzem em melhoria da qualidade da aprendizagem [...]” (TORRES, 1998, p. 186). Finalizando, recorre-se a Torres (1998), para enfatizar que: As análises setoriais continuam pouco se beneficiando dos avanços da pesquisa educativa e da contribuição das ciências afins [...]. Predomina a educação como um campo sem especificidade, sem antecedentes, nem história, órfã de tradição teórica e discussão pedagógica, no qual confluem e interatuam insumos, ao invés de pessoas, resultados, ao invés de processos, quantidades ao invés de qualidades. (TORRES, 1998, p. 141). O trabalho educativo das classes menos favorecidas realizado com consciência política e social remete a uma postura menos ingênua, a um posicionamento mais atento, crítico e engajado na busca de melhores possibilidades para o futuro das novas gerações. 6 Conclusão A história educacional é marcada pelo centralismo, cujas decisões sempre desconsideram os direitos da imensa parcela da população brasileira em benefício da manutenção de privilégios de uma minoria. A história se repete pela implantação das reformas 15 no campo político-educacional, reforçando a velha crença de que só uma elite teria competência para planejar e direcionar os rumos da educação. A tentativa de protagonismo da classe profissional da educação se manifesta desde a década de 1930, repetidamente frustrada pela ofensiva neoconservadora que tornou lograr-se politicamente hegemônica na década de 1990. O BM transformou-se na principal agência de assistência técnica em matéria de educação. Apresenta uma proposta articulada – uma ideologia e um pacote de medidas – que numa postura simplista e distorcida, propõe reformas educativas descontextualizadas, recortadas e congeladas, que são mostradas como inovadoras e genéricas, omitindo a avaliação dos resultados e impactos das políticas implantadas. A crença de que a abertura das portas da escola para todos traria consequentemente o desenvolvimento econômico para todos já mostrou ser inconsistente, permanecendo a exclusão de imensas camadas da população. O investimento na formação de capital humano para atender as demandas do mercado não reduz a desigualdade social, não propicia a distribuição de renda, tampouco democratiza os direitos sociais. A valorização da educação como um direito, oferecendo igualdade de condições, acesso e permanência para todos é ainda uma utopia a ser alcançada. Os profissionais envolvidos na educação, na medida em que se conscientizem e envolvam a comunidade escolar na qual atuam, podem e devem lutar pela transformação dessa realidade. Tem-se revelado uma luta árdua. Para isso, deve-se recorrer à especificidade do saber pedagógico, tendo bem definidos os reais objetivos para os quais educa-se um povo. Conhecer a realidade e reconhecer as dificuldades não pode se constituir um obstáculo; muito ao contrário, é a primeira forma de luta consciente de um professor que sabe a dimensão política e social do trabalho que realiza, acredita no embasamento teórico que recebeu e continua buscando para aprimoramento para sua formação e sabe perfeitamente a quais interesses quer servir. Provavelmente a ignorância e a alienação dos educadores brasileiros, além da sutileza ideológica imposta pelos grandes organismos multilaterais, muito contribuíram para que economistas e tecnocratas assumissem o lugar do professor na condução das políticas públicas educacionais no Brasil. Reitera-se a necessidade e urgência da retomada da luta dos educadores sustentados pela teoria pedagógico-social dando-lhes o lugar e o papel que lhes cabe no contexto 16 educacional, tendo em vista que essa postura é ao mesmo tempo um dever e um direito de quem escolheu militar no campo educacional no Brasil. REFERÊNCIAS ARCE, Alessandra. Compre o kit neoliberal para a educação infantil e ganhe grátis os dez passos para se tornar um professor reflexivo. In: Educação e Sociedade. Ano XXII, nº 74, abril, 2001. BRASIL, Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996 - Dispõe sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. FRIGOTTO, Gaudêncio. (org). 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