Proposta de Avaliação da Eficiência do Uso da Água nas Edificações Residenciais distribuição do consumo de água pelos equipamentos hidráulicos da edificação foi baseada em dados de estudos do IPT (1988) [02] e da DECA (2008) [03]. Silvio Romero Fonseca Motta (1); Paula de Castro Teixeira (2); Maria Teresa Paulino Aguilar (3) (1) Engenheiro Arquiteto, Msc - UFMG; [email protected] (2) Arquiteta Urbanista - UFMG; [email protected] (3) Engenheira, Profa. Dra. da Escola de Engenharia UFMG; [email protected] Foram escolhidas estratégias e ações que influenciam no uso de água e definido os impactos destas no consumo de água do modelo adotado. As ações e estratégias escolhidas foram: ações economizadoras e de gestão, e fontes alternativas de abastecimento. Resumo Diante dos questionamentos ligados à racionalização de água e às críticas necessárias ao desperdício, foi estudado o consumo de água dentro de uma edificação de maneira a organizar ações de economia. Equipamentos econômicos, medição individualizada, plano de gestão, captação de água pluvial e reaproveitamento das águas cinza, formam cada qual com seu peso, um conjunto de medidas que impactam o consumo habitual de água por uma edificação padronizada. Os dados revisados foram organizados em planilhas de estudo que fazem parte do desenvolvimento de um software com o qual se calcula o dimensionamento do reservatório de água de chuva nas capitais brasileiras, de acordo com as condicionantes climáticas, no caso o índice pluviométrico, específicas a cada localidade. Buscou-se relacionar um potencial de economia de uso da água, como um índice de eficiência da edificação. Introdução Hoje participamos de uma preocupação mundial perante a escassez dos nossos recursos naturais. Um dos principais recursos é a água, essencial à existência do homem e à conservação do meio ambiente. É importante o desenvolvimento de medidas e incentivos que introduzam novos pensamentos e ações, ou seja, uma mudança cultural com relação ao uso deste recurso natural. No Brasil, devemos buscar um uso mais eficiente da água. Apesar de possuirmos uma reserva abundante de águas potencialmente próprias para o consumo humano, estas são mal distribuídas em nosso território. A disponibilidade de água nas regiões de maior população é muitas vezes escassa. Por isso, é importante o uso racional da água. Para um melhor uso dos recursos hídricos, diminuindo o gasto per capita brasileiro, é essencial a busca de ações ligadas ao uso racional da água nas edificações. Este trabalho é uma proposta para medidas de incentivo ao uso racional da água em edificações residenciais. Materiais e Métodos Buscando compreender a eficiência do uso da água nas residências, adotou-se um modelo padrão de edificação, baseado em dados revisados de consumo per capita de água. Este modelo representa uma média do padrão brasileiro de consumo na tipologia residencial. A partir dos dados estudados por GHISI (2004) [01], adotamos um consumo padrão de 200 litros de água per capita por dia. A Nas ações economizadoras e de gestão foram considerados equipamentos hidráulicos economizadores, como torneiras com arejadores, chuveiros com redutor de vazão, bacias duplo fluxo e, também, a medição individualizada. Os dados de impactos dos equipamentos economizadores no consumo de água pela edificação foram baseados em estudos da DECA (2008) [03] e do empreendimento GENESIS (2007) [04]. O consumo de água da residência foi reduzido em 18% com o uso de arejadores nas torneiras, em 11% com o uso de redutores de vazão (12 litros por minuto) nos chuveiros, e em 4% com o uso de descarga duplo fluxo nas bacias. A medição individualizada é uma ação de gestão que inibe algumas atitudes cotidianas que impactam na economia de água. A economia de uso de água quando da adoção de medição individualizada foi baseada em aos estudos realizados pela ANA (2005) [05], que mostram resultados de 15% de economia. Para avaliação do impacto no consumo de água de abastecimento público foi considerado o aproveitamento de água de chuva e reuso de água cinza. Não foi considerado o uso de poços artesianos como fontes alternativas devido ao impacto negativo deste no ciclo natural hídrico. No estudo do aproveitamento de água de chuva, foi considerado o dimensionamento do sistema. Para isto, foram feitas simulações que calcularam a capacidade dos reservatórios em várias tipologias de edificação, localizadas em todas as capitais brasileiras. As simulações foram realizadas em software que está sendo desenvolvido pelos pesquisadores para dimensionamento de sistemas de coleta de água pluvial, e que vem sendo denominado N-PLUVI (Imagem 01 e Gráfico 01). Foram utilizados dados pluviométricos retirados do INMET (2008) [06]. As simulações mostraram que em algumas localidades o sistema de aproveitamento de água de chuva poderia atender toda a demanda da edificação. A fórmula de cálculo do reservatório foi resultado das simulações de várias situações nas capitais brasileiras. No reuso de águas cinza foram considerados a geração das mesmas pela edificação baseando-se na distribuição adotada. Sua quantidade foi definida em 50% do total da água consumida pela edificação modelo, já considerando um coeficiente de retorno de 80%. Imagem 01: Software N-PLUVI: cálculo do volume dos reservatórios para captação de água pluvial em diferentes cidades • Nrvaz = Quantidade de chuveiros com regulador de vazão de no mínimo 12 litros/min. • Nchuv = Quantidade de chuveiros existentes. • Ndflu = Quantidade de bacias dual-flush. • Nbac = Quantidade de bacias existentes. • Mind = 1 no caso de existência de medição individualizada. • Acap = Área utilizada para captação de água pluvial (m²). • Aideal= Área ideal a ser utilizada para captação de água pluvial é toda a área da cobertura da edificação (m²). • Rmin = 1 caso o reservatório tenha volume maior que o definido pela equação abaixo e 0 caso o reservatório tenha volume menor que o definido pela equação abaixo: Volume do reservatório (litros) = (3000 x Nhab) / IPanual (mm) Onde: Nhab = números de habitantes IPanual = Índice pluviométrico anual local (mm). • Vdem = 200 litros/dia x Nhab. • Vrcinz (litros) = Volume de água cinza tratada e aproveitada. Conclusões Gráfico 01: Dimensionamento dos reservatórios (m³) nas capitais brasileiras Resultados e Discussão Foi observada grande variação de influência de algumas estratégias no consumo de água da edificação. As simulações de água de chuva mostraram grande diversidade de resultados. Há, também, uma limitação causada pela variação dos dados desenvolvidos, podendo, desta forma, apresentar algumas distorções sobre as características de uma edificação com relação ao seu consumo de água. Um maior número de simulações contribuirá para maiores considerações e precisão dos impactos na eficiência do uso de água e no incentivo de economia dela. Baseado nos impactos no consumo per capita observados na pesquisa foi sugerido uma equação que busca relacionar as características do sistema de abastecimento de água das edificações com o potencial de consumo da mesma. A eficiência do uso da água, entendida por um potencial de uso, caracteriza-se por uma contribuição a um menor consumo, a partir de especificidades que colaboram para a utilização de fontes alternativas de água, como aproveitamento de água de chuva e reuso de águas cinza. A equação proposta é apresentada abaixo: PUEA = (Narej / Ntorn) * 18 + (Nrvaz / Nchuv) * 11 + (Ndflu / Nbac) * 4 + (Mind) * 15 + (Acap / Aideal) * Rmin * 50 + (Vrcinz / Vdem) *100. Onde: • PUEA = Potencial de uso eficiente da água. • Narej = Quantidade de torneiras com arejador. • Ntorn = Quantidade de torneiras existentes. A equação proposta é uma medida de incentivo inicial válida, que permite a avaliação de características da edificação que apresentam potencial de redução de consumo e uso eficiente da água pela mesma. Sugerimos continuidade de estudos para aprimoramento da mesma. Referências Bibliográficas [01] GHISI, E. (2004), Instalações Prediais de Água Fria, Universidade Federal de Santa Catarina. [02] Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Conservação de Água de Uso Doméstico. São Pauo: IPT 1988 (Relatório Técnico 27236). [03] DECA, <www.deca.com.br>, internet, acessado em 05/01/2009. [04] GÊNESIS, Manual de Conservação de Água, São Paulo. (2007). [05] ANA – Agência Nacional de Águas, Conservação e Reúso da Água em Edificações, Brasil, 2005. [6] INMET- Instituto Nacional de Meteorologia, < www.inmet.gov.br>, internet, acessado em 25/10/2008. Bibliografia MOTTA, S. R. F. (2008). Proposta para classificação da eficiência do uso da água nas edificações residenciais. NUTAU. Universidade Federal de Minas Gerais. OLIVEIRA, L. H., ILHA, M. S. O.; YWASHIMA, L.; REIS, R. P. A.. Levantamento do Estado da Arte: água. São Paulo: FINEP, 2007. . Brasil, 2007. SAUTCHUK, C. A. MARRACCINI, O. Formulação de Diretrizes para Implantação de Programas de Conservação de Água em Edificações. São Paulo: EPUSP, 2005.