Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 241 | Junho - 2015
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP
PREÇOS SEGUEM EM ALTA EM TODOS OS ESTADOS DA “MÉDIA BRASIL”
O preço do leite recebido pelo produtor (sem frete e
impostos) teve alta de 4,4% em maio, passando
para R$ 0,9334/litro na “média Brasil”, que
pondera o preço pelo volume captado nos estados
de BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP, segundo pesquisas
do Cepea (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse valor, no
entanto, é 8,9% menor que o de maio de 2014, em
temos reais (valores deflacionados IPCA de
abril/15). O preço bruto médio (com frete em
impostos) foi de R$ 1,0142/litro, perda de 14,1%
frente a maio/14.
São Paulo, os preços continuaram se recuperando,
puxados pela diminuição da oferta e melhora da
demanda comparativamente aos meses anteriores.
A média do leite UHT foi de R$ 2,22/litro, 4,48%
superior à de abril. No mesmo sentido, a muçarela,
em maio, teve média de R$ 12,24/kg, superando
em 4,08% a do mês anterior – as altas foram
praticamente diárias. O levantamento de preços de
derivados do Cepea é diário e conta com apoio
financeiro da Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB).
ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - ABRIL/15. (Base 100=Junho/2004)
O aumento do preço médio nacional de abril para
maio foi influenciado pela valorização no Sul do
País, principalmente em Santa Catarina (7%), e em
Goiás (5,6%). É comum os preços se manterem em
alta ou pelo menos firmes neste período de
entressafra e, levantamentos do Cepea junto a
representantes de laticínios/cooperativas
confirmam essa tendência também para os próximos
meses.
Mais da metade dos compradores ouvidos pelo
Cepea (59,5%), que representam 56,2% do volume
do leite amostrado, acreditam ainda em alta nas
cotações em junho. Outros 40,5%, que respondem
por 43,2% do leite amostrado, já esperam
estabilidade para este mês.
Dentre os estados acompanhados pelo Cepea, o
preço do leite subiu fortemente (7%) em Santa
Catarina, indo para R$ 0,9239/litro. Além da
menor produção no estado, a alta esteve atrelada à
competição pela matéria-prima entre as empresas
da região. Alguns produtores têm deixado a
atividade, e laticínios se preocupam em oferecer
valores que evitem a perda de novos fornecedores.
O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAPL/Cepea) teve queda de 2,89% em abril,
considerando-se os sete estados que compõem a
“média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). A
região Sul teve queda significativa na produção, de
4,87% no Rio Grande do Sul, 3,65% no Paraná e de
3,34% em Santa Catarina. Para os próximos meses,
a captação deve começar a se recuperar no Sul do
País, devido às forragens de inverno. Os demais
estados também tiveram queda de produção leite
em abril; a menor delas, de apenas 0,5%, ocorreu
em Minas Gerais, principal estado produtor.
No mercado atacadista de derivados do estado de
PANORAMA
pág. 05
pág. 06
pág. 07
Brasil passa a exporta à Rússia; Volume
embarcado a todos os destinos recua no
mês
Entressafra no sul reduz oferta e preço
segue em alta
Investimento em tecnologia gera produtividade
até 5 vezes maior em regiões do RS
MERCADO DE MILHO
E FARELO DE SOJA
MAIO/15
ABRIL/15
mai/abr
Sul / Sudoeste de Minas
mai/abr
1,0658
0,8418
0,9597
0,9742
0,7553
0,8705
3,83%
3,91%
1,1105
0,8140
0,9828
1,0077
0,7178
0,8829
9,74%
10,34%
1,0539
0,8239
0,9479
0,9666
0,7418
0,8630
3,89%
4,05%
1,1490
0,8435
1,0275
1,0673
0,7687
0,9486
7,98%
8,54%
1,0059
0,7854
0,9459
0,8914
0,6759
0,8328
2,20%
2,60%
1,1155
0,8358
1,0079
1,0290
0,7557
0,9239
6,49%
7,01%
1,1075
1,0170
1,0891
1,0393
0,9508
1,0213
0,51%
0,73%
0,9659
0,8519
0,9116
0,8862
0,7748
0,8331
3,99%
3,61%
1,1476
0,6470
0,9693
1,0172
0,5278
0,8429
3,51%
2,35%
1,0399
0,7926
0,9444
0,9477
0,7060
0,8544
3,53%
3,52%
1,0302
0,8617
0,9661
0,9428
0,7781
0,8801
3,30%
3,10%
1,1089
0,8587
1,0359
1,0451
0,7838
0,9570
5,05%
4,97%
1,1460
0,9880
1,0729
1,0512
0,8937
0,9728
8,68%
9,39%
1,1640
1,0397
1,0951
1,0934
0,9711
1,0257
1,27%
1,35%
1,1208
0,9290
1,0524
1,0456
0,8526
0,9746
2,94%
3,26%
1,1997
0,9737
1,0943
1,1154
0,8943
1,0123
1,49%
2,25%
0,9899
0,6843
0,8063
0,9137
0,6146
0,7346
10,99%
11,65%
1,3018
0,9677
1,1703
1,1928
0,8697
1,0649
2,73%
2,82%
1,3356
0,7680
1,0870
1,2222
0,6673
0,9792
4,53%
4,87%
0,9254
0,8344
0,8874
0,8499
0,7609
0,8128
2,67%
2,83%
1,1451
0,8537
1,0152
1,0671
0,7814
0,9402
2,95%
4,40%
4,51%
1,1886
0,9680
1,0625
1,0963
0,8788
0,9849
2,35%
1,2089
0,9405
1,0977
1,1109
0,8485
1,0021
4,49%
5,92%
1,1844
0,9402
1,0714
1,0885
0,8494
0,9815
4,06%
5,57%
-1,74%
0,9815
0,8894
0,9319
0,9070
0,8166
0,8590
-1,54%
1,0839
0,9726
1,0438
1,0042
0,8955
0,9651
0,97%
1,74%
1,0474
0,9280
1,0025
0,9791
0,8617
0,9353
0,81%
-0,45%
1,1173
0,8765
1,0142
1,0343
0,7976
0,9334
3,59%
4,38%
Fonte: Cepea
Preços em estados que não estão incluídos na ‘‘média Brasil’’ - RJ, MS, ES e CE
1,2532
0,8640
1,0435
1,1280
0,7475
0,9230
11,17%
1,1639
1,1202
1,1337
1,0894
1,0461
1,0596
0,56%
0,94%
1,1271
0,9244
1,0218
1,0447
0,8450
0,9438
5,28%
3,20%
0,8790
0,7408
0,8374
0,7967
0,6616
0,7560
2,27%
2,10%
1,0697
0,7626
0,9329
0,9380
0,6378
0,8043
-1,42%
-2,15%
1,0137
0,7738
0,9130
0,8970
0,6625
0,7986
0,39%
-0,23%
0,9943
0,8861
0,9455
0,9039
0,7981
0,8562
0,71%
0,73%
1,0139
0,8096
0,9150
0,9313
0,7315
0,8380
-0,15%
0,21%
1,1817
0,9899
1,1176
1,1177
0,8956
1,0372
-1,23%
-1,36%
0,9024
0,7995
0,8645
0,8484
0,7370
0,7997
1,69%
1,56%
1,1845
0,9866
1,0716
1,1301
0,8866
0,9972
-0,30%
-0,34%
1,0719
0,9000
0,9909
1,0058
0,8177
0,9162
-0,43%
-0,10%
Fonte: Cepea
Equipe Leite:
Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite
Isadora Vieira, Marianne Tufani Batista,
Natália Salaro Grigol, Ana Paula Negri e
Vitória Guereschi Lucas
Equipe Grãos:
Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos
Ana Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira,
Camila Tolotti, Samara G. de Oliveira
Débora Kelen P. da Silva e
Rafaela Moretti Vieira
3,87%
Wagner Hiroshi Yanaguizawa
Pesquisador Projeto Leite
Ana Paula Silva Ponchio - Mtb: 27368
D
Flávia Romanelli - Mtb: 27540
Flávia Romanelli - Mtb: 27540
EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM
PREÇO AO PRODUTOR SOBE EM MAIO, MAS AINDA NÃO COMPENSA ALTA DOS CUSTOS
Por Wagner H. Yanaguizawa, analista de mercado, equipe Gado de Leite Cepea
Os custos vinham subindo mais que as receitas
até abril. Com o início da entressafra na região
Sul do País, e consequente aumento dos valores
pagos ao produtor, em maio, o preço do leite teve
alta, porém, insuficiente para compensar os
maiores custos no acumulado do período.
Pesquisadores do Cepea indicam que o cenário
tende a se reverter nos próximos meses, com a
manutenção das altas do leite.
Na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, SC, SP e
RS), o Custo Operacional Efetivo (COE) –
considera os gastos correntes da propriedade –
teve alta de 3,42% no acumulado de 2015 (até
maio), enquanto o Custo Operacional Total (COT)
– composto pelo COE acrescido da depreciação
e pró-labore da atividade – subiu de 3,61% no
mesmo período.
Quanto ao preço médio do leite líquido pago ao
produtor (sem frete e impostos), também se
considerando a “média Brasil”, houve elevação
de 2,88% no mesmo período de 2015. Esses
cálculos são elaborados pelo Cepea em parceria
com a CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil)
A alta nos custos foi influenciada principalmente
pelo encarecimento dos grupos mão de obra,
silagem e concentrados. Os preços do farelo de
soja e milho, que compõem o grupo de
concentrados, subiram nos três primeiros meses
de 2015, mas recuaram nos dois seguintes,
limitando a elevação no acumulado até maio
deste ano.
A seca prolongada no final de 2014 e início de
2015 em alguns estados da região Centro-Sul
prejudicou a qualidade e a disponibilidade de
forragens para a alimentação dos animais. Além
disso, com a demanda enfraquecida e os preços
do leite recebidos pelo produtor, em queda,
muitos pecuaristas optaram por secar as vacas
antes do período normal para reduzir os custos e
ter uma melhor produtividade no começo da
safra.
O grupo mão de obra teve alta acumulada no ano
de 9,7%, puxado pelo reajuste do salário mínimo
no início do ano, de 8,8%, e também pelos
aumentos específicos estaduais, de 16% no Rio
Grande do Sul e de 11,7% em São Paulo. Na
média de janeiro a maio de 2015, esse grupo
respondeu por 16,1% do COE da pecuária de
leite na “média Brasil”.
Os itens que compõem a silagem, por sua vez,
tiveram valorização de expressivos 4,6% na
“média Brasil”. Alguns insumos que apresentam o
fósforo como base e alguns inseticidas e
fungicidas que possuem o seu preço atrelado ao
dólar, tiveram forte elevação. A silagem
representou 14,5% do COE.
A oferta reduzida de milho no início do ano, uma
das principais matérias-primas do concentrado,
elevou as cotações no decorrer dos primeiros
cinco meses de 2015. No acumulado do ano, o
grupo concentrado subiu 1,8% na “média Brasil”
e representou 41,3% do COE, o de maior
representatividade nos custos do pecuarista de
leite.
Figura 1 – Variação acumulada da pecuária de leite do COE, do COT e do preço do leite,
na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, SC, SP e RS) no acumulado de jan-maio/15.
Fonte: Cepea/CNA.
BRASIL PASSA A EXPORTAR À RÚSSIA; VOLUME EMBARCADO A TODOS OS DESTINOS RECUA NO MÊS
Ana Paula Negri, analista de mercado da equipe Leite Cepea
Depois de acordo realizado no final do ano
passado, o Brasil passou a exportar produtos lácteos
ao mercado russo em maio. No mês, 3,5% do
volume embarcado pelo Brasil teve a Rússia como
destino. A manteiga teve participação de 87,5% nas
vendas àquele país e os queijos, de 13%,
totalizando 614 mil litros em equivalente leite.
Ainda assim, o volume das exportações a todos os
destinos caiu 28% de abril a maio, totalizando 17,3
milhões de litros em equivalente leite em maio,
segundo a Secex. Essa queda se deve à redução de
44% nas vendas de leite em pó à Venezuela (o país
adquiriu 7,4 milhões em equivalente leite a menos em
maio). As exportações lácteas à Venezuela se
reduziram 40% de abril para maio, ao Chile, 17% e
à Arábia Saudita, 12%. Em receita, houve queda de
27% de abril para maio, totalizando US$ 13,5
milhões.
mesmo período no ano passado, quando estava em
29,7 milhões de litros em equivalente leite.
Mercado Internacional: A produção de leite na
Oceania caiu, por conta do clima desfavorável.
Chuva e frio nas principais regiões produtoras de
lácteos têm prejudicado a produção. Na Europa,
mesmo com condições climáticas favoráveis, a
produção está menor, já que os preços pagos ao
produtor são considerados baixos.
IPE-L/Cepea – Em maio, o Índice de Preços de
Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) recuou 7,7%
em relação a abril, registrando média de US$
4,46/kg ou de R$ 13,66/kg. As cotações de queijos
e manteiga subiram 54,4% e 3,7% respectivamente.
Já os valores de iogurtes, manteiga, doce de leite e
leite condensado caíram 68,3%, 54,3%, 14,8% e
3,3% na sequência.
Gráfico 1. Volume em equivalente litros de leite das exportações brasileiras em maio/15
Apesar do menor volume de leite em pó embarcado
no mês, esse produto teve a maior participação nas
exportações totais, de 54%, seguido pelo leite
condensado (25%), por queijos (14%) e pelo leite
modificado (5%).
Já as importações totalizaram 97,8 milhões de litros
em equivalente leite, leve aumento de 5% frente a
abril. O Uruguai e a Argentina continuam sendo os
maiores fornecedores de leite em pó ao Brasil. Os
gastos com as importações totalizaram US$ 39,5
milhões em maio, aumento de 5% em relação a
abril/15.
Com menor volume exportado e maior importado, o
resultado é aumento no déficit da balança comercial
láctea. Em maio, o déficit foi de 80,4 milhões de
litros em equivalente leite, 171% superior ao do
Tabela 1 2015
2014
US$ 2.419
US$ 2.756
US$ 4.150
US$ 4.687,5
-42%
-41%
2015
2014
US$ 2.163
US$ 2.025
US$ 4.025
US$ 4.006,25
-46%
-49%
Os dados se referem à média entre 4 de maio a 31 de maio de 2015; para 2014, foi considerado período semelhante.
Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹
Mai/15
17.351
9.307
4.299
2.410
113
Abr/15 - Mai/15 (%)
Participação no total exp. em Mai/15
Mai/14-Mai/15 (%)
-28%
-44%
17%
47%
-75%
54%
25%
14%
1%
-48,7%
-65%
28%
-7%
80%
Total de janeiro a maio/15 frente ao mesmo período de 2014: -50%
Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;
(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.
Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹
Participação no total imp. em Mai/15
Abr/15 - Mai/15 (%)
Mai/15
²
97.797
76.873
20.153
97
1.454
5%
0,2%
30%
99%
-19%
78,6%
20,6%
0,1%
-
Total de janeiro a maio/15 frente ao mesmo período de 2014: 74%
Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;
(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro.
Mai/15 - Mai/14 (%)
54%
66%
23%
9429%
-44%
ENTRESSAFRA NO SUL REDUZ OFERTA E PREÇO SEGUE EM ALTA
Por Vitoria Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental
Os preços dos derivados no atacado paulista
mantiveram a trajetória de alta iniciada em abril.
A entressafra leiteira na região Sul do País reduziu
a oferta de matéria-prima, sustentado as
cotações. Além disso, a procura pelos lácteos
seguiu firme em maio.
Assim, o valor médio do UHT no atacado paulista
foi de R$ 2,226/litro em maio, 3,71% superior ao
do mês anterior, e o queijo muçarela teve média
de 12,236/kg (inclui frete e impostos) em maio,
3,29% acima da de abril/15. Essa pesquisa
diária de preços tem o apoio financeiro da OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras)
menores patamares de preços podem ser
justificados pelos sete meses de queda dos
preços do leite UHT, de outubro/14 a abril/15,
principalmente em função do excesso de oferta e
dificuldades para escoar os estoques.
Já em comparação com maio/14, os preços dos
dois derivados estão inferiores. Para o UHT, a
queda em 12 meses é de 3,4% e para a
muçarela, de 11,7% em valores reais. Os
Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em março no atacado paulista
Mai/14
em Mai/15
R$ 2,226/litro
R$ 12,236/kg
-3,40%
-11,73%
Abr/15
3,71%
3,29%
Fonte: Cepea – OCB/CBCL.
Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.
Preços médios dos derivados praticados em ABRIL e as variações em relação ao mês anterior
2,6%
1,8%
-1,9%
2,6%
0,6%
-0,3%
1,62
1,91
15,97
13,51
13,74
14,14
0,9%
0,8%
-1,4%
2,5%
1,3%
3,3%
1,63
1,98
12,39
11,28
11,30
12,19
-0,3%
3,5%
1,7%
6,3%
1,3%
0,4%
1,62
1,95
14,41
12,43
13,43
12,23
1,9%
8,4%
1,7%
0,3%
2,1%
-0,1%
1,73
2,05
15,00
12,37
12,92
13,64
1,9%
4,4%
8,9%
3,9%
2,5%
3,1%
1,66
1,97
14,34
12,44
12,87
13,49
1,40%
3,7%
1,7%
3,0%
1,6%
1,3%
Fonte: Cepea/ESALQ-USP
1,70
1,93
13,96
12,63
12,96
15,28
INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA GERA PRODUTIVIDADE ATÉ 5 VEZES MAIOR EM REGIÕES DO RS
Por Isadora Trouva Vieira, graduanda em Ciências Econômicas
O Rio Grande do Sul é o segundo maior
produtor de leite do País, com mais de 3,6
bilhões de litros anuais, representando 12% da
produção brasileira. A produtividade do
estado é uma das maiores do Brasil, chegando
a 2.430 litros por vaca ordenhada no ano –
dados do IBGE. Ainda assim, segundo
levantamentos do Cepea há uma enorme
diferença no perfil das propriedades gaúchas,
principalmente em função do alto nível
tecnológico das que apresentam melhor
rendimento. Nas fazendas mais tecnificadas, a
produtividade da mão de obra permanente
chega a ser cinco vezes maior que nas demais.
No geral, alguns aspectos edafoclimáticos do
Rio Grande do Sul, assim como a tradição da
atividade, fazem com que a produção no
estado seja tão significativa. Há duas
mesorregiões gaúchas que mais se destacam
na produção de leite, o noroeste e sudeste e
nelas estão inseridas as propriedades típicas
avaliadas pelo Cepea: Cruz Alta, Três de Maio
e Pelotas.
A propriedade típica de Cruz Alta, no noroeste
gaúcho, tem a maior área destinada para a
pecuária leiteira, de 65 hectares. Apresenta
uma das maiores produções de leite por dia do
Brasil, de 1.700 litros diários, com 77% de
vacas em lactação na média do ano com
relação ao total de vacas e uma produtividade
por mão de obra de 425 litros/homem/dia.
Nas regiões de Três de Maio (Noroeste) e
Pelotas (Sudeste), os perfis são semelhantes,
com uma área média de 30 hectares, produção
em torno de 300 litros/dia e a produtividade
média de 140 litros/homem/dia. Além disso,
apresenta uma produção diária por vacas em
l a ct a ç ã o d e 1 6 e 1 4 l i t ros p o r d ia
respectivamente, também inferior a de Cruz
Alta, que tem uma produção de 22 litros por dia
das vacas em lactação.
Essa grande disparidade entre as regiões
ocorre principalmente porque em Cruz Alta as
propriedades têm um alto nível tecnológico e
bons indicadores técnicos, o que as torna
superiores em produtividade, inclusive em
relação às principais bacias leiteiras do País.
Entre esses indicadores estão uma melhor
remuneração da mão de obra e níveis
superiores de quantidade e qualidade de
concentrado para a alimentação.
Segundo os levantamentos do Cepea, esse
maior investimento reflete diretamente em uma
maior produtividade e consequentemente em
retorno de capital superior. O manejo das
pastagens de forma mais consistente e a
suplementação mineral de melhor qualidade
também reforçam as diferenças de rendimento
entre as regiões analisadas.
Nas regiões de Três de Maio e Pelotas, apesar
do grande potencial produtivo, a pecuária
leiteira ainda necessita de avanços. Resolver
deficiências como alta taxa de mortalidade dos
animais, falhas na alimentação, utilização de
mão de obra menos qualificada, além de
adotar medidas de gestão que visem utilizar
todos os recursos disponíveis, pode levar a
melhores resultados de produtividade.
Gráfico 1. Produção no Rio Grande do Sul – Produção/dia (litros/dia)
e Produção/mão de obra (litros/homem/dia).
Fonte: CEPEA/Esalq-Usp
Tabela 1. Dados de Produção das regiões produtoras do Rio Grande do Sul.
Fonte: CEPEA/Esalq-Usp
MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA
Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva
MILHO: Colheita da segunda safra tem início; preços recuam
O clima seguiu favorável em maio ao desenvolvimento
das lavouras de milho no Brasil e ao cultivo do cereal
nos Estados Unidos. O plantio norte-americano,
inclusive estava adiantado em relação à média dos
últimos cinco anos para o período. Com esse cenário,
os preços internos do milho recuaram e chegaram aos
menores níveis em mais de seis meses, com a oferta
prevalecendo sobre a demanda.
Além disso, o início da colheita do cereal segunda
safra no Paraná e Mato Grosso contribuiu para a
desvalorização nas praças acompanhadas pelo
Cepea. Em média, no mês houve queda de 3,4% no
mercado de balcão (ao produtor) e de 5,7% no de
lotes (negociação entre empresas).
região de Campinas (SP), baixou expressivos 4,1%,
fechando a R$ 24,91/saca de 60 kg no dia 29. Se
considerados os negócios também em Campinas, mas
cujos prazos de pagamento são descontados pela
taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$
24,48/sc, queda de 4% em maio.
As exportações seguiram pouco expressivas no mês,
uma vez que o mercado estava focado nos embarques
da soja. De acordo com dados da Secex, em maio o
Brasil exportou 39,54 mil toneladas de milho, volume
75,9% menor na comparação com abril, quando
foram exportadas 163,74 mil toneladas de cereal e
69% inferior frente ao mesmo período do ano passado
(127,57 mil t).
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à
FARELO DE SOJA: Derivado tem a menor participação na receita da indústria
desde ago/13
Considerando-se os valores dos primeiros vencimentos
dos contratos de soja, farelo e óleo na Bolsa de
Chicago (CME/CBOT) e os rendimentos médios de
19% de óleo e de 78% de farelo (para cada tonelada
2015
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
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de soja em grão), 66% da receita da indústria
correspondeu ao farelo e os outros 34%, ao óleo. Essa
é a menor participação do farelo no faturamento da
indústria desde agosto de 2013.
Já as exportações brasileiras estiveram aquecidas em
maio. O Brasil embarcou 1,59 milhão de toneladas
de farelo de soja no mês, o maior volume desde 2008
para o período, ficando 32,7% acima de abril e
11,9% superior ao de 2014. O farelo exportado teve
preço médio em R$ 1.218,99/tonelada 2,46%
superior ao de abril.
27,41
1.013,85
27,99
954,59
29,44
1.050,92
27,61
999,72
25,34
947,49
Contato: [email protected]
Acompanhe mais informações
sobre o mercado de leite
em nosso site:
www.cepea.esalq.usp.br/leite
SP
Os valores de farelo de soja cederam no mês de maio
como resultado da demanda enfraquecida. No
acumulado de maio, na média das regiões
acompanhadas pelo Cepea, a desvalorização do
derivado foi de 1,6%. Dessa forma, o farelo passou a
ter menor porcentagem no faturamento das
esmagadoras, perdendo espaço para o óleo.
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