TRABALHOS ACADÊMICOS Trabalho apresentado no World Trauma Congress, 22 de Abril de 2012. Rio de Janeiro - RJ. Brasil PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS EM UMA LIGA DE CLÍNICA MÉDICA Digite para introduzir texto Stéfano Franco Minohara1; Estela Mion Petrillo1; Layla Bomfim Faleiros1; Renan Rodrigues N. R. do Nascimento1; Tiago Marques Agostinho1; Egidio Lima Dórea2. ! Liga Acadêmica de Clínica Médica (LACM) Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) São Paulo – SP [email protected] ! Introdução ! Ligas Acadêmicas (LAs) são formadas por grupos de alunos que organizam-se para aprofundamento didático em determinado tema. Os integrantes da LA recebem aulas teóricas sobre determinado assunto, organizam cursos e simpósios, desenvolvem projetos de pesquisa e participam de atividades junto a serviços médicos ou à comunidade (1). As atividades das LAs são fundamentadas na tríade: ensino, pesquisa e extensão (2) e fazem parte do cotidiano extracurricular do estudante de medicina brasileiro (1). ! A Liga Acadêmica de Clínica Médica (LACM) da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) foi fundada em 2007. Todo o atendimento ambulatorial é realizado por estudantes do terceiro ao oitavo semestre do curso de medicina, sempre sob supervisão e orientação do médico coordenador da LACM. Os atendimentos são realizados uma vez por semana no prédio dos ambulatórios de medicina da UNICID. ! O fato que despertou a atenção para a realização do presente estudo foi a necessidade de conhecer o perfil dos pacientes atendidos por estudantes pertencentes a uma LA, além da falta de estudos científicos referentes aos objetivos aqui propostos. Portanto, este trabalho teve como objetivo apresentar o perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes atendidos em uma LA. De acordo com Stamm et al (3) a análise da população que frequenta determinado serviço médico, seja a nível ambulatorial, emergencial ou através da rede de atenção primária à saúde, é de valiosa importância para o processo de conhecimento genérico desses pacientes ! Objetivos ! Geral: •!Traçar o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na LACM-UNICID, no período de 2007 até dezembro de 2013 ! Específicos: •!Comparar os dados coletados com a literatura estudada; •!Identificar variáveis relacionadas ao estilo de vida; •!Caracterizar o número de comorbidades mais comuns; •!Identificar a polifarmácia ! Materiais e Métodos ! Este é um estudo descritivo, do tipo série de casos, abrangendo os prontuários dos pacientes atendidos na LACM-UNICID. A população do estudo foi constituída por todos os prontuários dos pacientes atendidos por integrantes da LACMUNICID, desde o início das atividades, em 2007, até dezembro de 2013. Procurouse aproveitar o maior número de informações possíveis de cada prontuário, contudo, alguns dados foram perdidos pois estavam incompletos ou continham caligrafia incompreensível. ! As informações de interesse para este estudo incluíram: número total de pacientes atendidos, número de consultas realizadas, quantidade de atendimentos por paciente, idade, sexo, estado civil, escolaridade, peso, altura, medicações na primeira consulta, patologias diagnosticadas, utilização de bebida alcoólica, tabagismo, utilização de drogas ilícitas, realização de atividade física. ! Os resultados foram inseridos em uma planilha do programa Microsoft Excel e foram representados e analisados em forma de tabelas e gráficos. ! ! Resultados ! O número total de pacientes atendidos na LACM-UNICID foi de 106 pacientes, destes 51,88% (55) não retornaram para a segunda consulta. ! Em nosso estudo houve predomínio de pacientes do sexo masculino 60,36% (64/106) atendidos na LACM-UNICID, a maioria eram casados (38,8%) seguido pelos viúvos (30%). Entre as mulheres os grupos de casadas e viúvas obtiveram a mesma porcentagem 40,62%. ! A faixa etária prevalente foi de 60 a 70 anos (38,29%), seguido pelo grupo dos pacientes com idades entre 70 a 80 anos (20,50%). Quando separados por gênero, no grupo masculino a faixa etária preponderante estava entre 60 a 70 anos (50,79%), seguido pelo grupo etário de 70 a 80 anos (14,28%). Já no grupo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ! 1 Discentes do curso de Medicina da UNICID 2 Docente do curso de Medicina da UNICID/ Coordenador da LACM-UNICID feminino a faixa etária dominante foi de 70 a 80 anos (30%), seguido pelo grupo etário entre 60 a 70 anos (22,5%). Doze prontuários (11,32%) foram excluídos da análise da idade. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Observou-se que 2,40% (2/83) pacientes eram analfabetos; 33,73% (28/83) possuíam o ensino fundamental incompleto e 25,30% (21/83) fundamental completo; 3,61% (3/83) tinham o ensino médio incompleto e 20,48% (17/83) ensino médio completo; 6,02% (5/83) dos pacientes possuíam ensino superior incompleto e 8,43% (7/83) superior completo. Vinte e três pacientes de 106 prontuários (21,69%) foram excluídos desta amostra. ! Dos pacientes atendidos, 55,55% (55/97) negaram tabagismo e 43,45% (42/97) afirmaram serem tabagista ou ex-tabagista. Para esta análise, nove prontuários, foram excluídos. Quando indagados sobre o uso de drogas ilícitas, 95,80% (91/95) negaram a utilização, 4,20% (4/95) afirmam serem usuários de maconha (4 pacientes) e cocaína (1 paciente). A grande maioria dos pacientes (82,65%; 81/98) são sedentários e 17,35% (17/98) referiram realizar pelo menos 30 minutos de atividade física por, pelo menos, 3 vezes na semana. ! Com relação ao índice de massa corpórea (IMC), a maioria da população atendida na LACM estava em sobrepeso (32,35%), seguida por população com obesidade grau I (29,41). Quando relacionado ao sexo, em nosso estudo a maioria dos homens (51,21%; 21/41) estavam com o IMC entre 25 a 29,9. Já na população feminina, 46,15 (12/26) estava com o valor entre 30 a 34.5. Por falta de dados, não foi possível calcular o IMC de 38 pacientes (35,84%). ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! As comorbidades mais comuns encontradas nos prontuários foram: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (48); Diabetes Melitus (DM) (28), Dislipidemia (15); Acidente Vascular Encefálico (AVE) (12), Doença Renal Crônica (DRC) (10), Osteartrose (8), Hipotiroidismo (7), Insuficiência Cardíaca (IC) (5), Insuficiência Venosa Profunda (3), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) (3), Onicomicose (3). ! Com relação ao número de medicamentos na primeira consulta, observou-se que 18% dos pacientes não faziam uso de nenhuma medicação, contudo mais de 48% dos pacientes faziam uso de mais de 4 medicamentos, dois pacientes faziam uso de 11 medicamentos. ! Conclusões ! O estudo identificou as características dos pacientes atendidos em um ambulatório de uma liga acadêmica. As doenças crônicas não transmissíveis corresponderam a maior parte dos diagnósticos. Os pacientes apresentaram taxas elevadas de sedentarismo e aumento de peso, coincidentes com os dados da literatura mundial. A polifarmácia, mostrou-se relevante na amostra estudada. O atendimento nas ligas e o conhecimento do perfil da população atendida favorece o amadurecimento e crescimento do estudante que presta atendimento ambulatorial. 6. Arrais PSD, Coelho HLL, Batista M do CDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev. Saúde Pública. 1997;31(1):71–7. 7. Naranjo JLR, Martín MC, Taupier I de B, Estrada LC. Polifarmacia en la tercera edad. Rev. Cuba. Med Gen Integr. 2000;16(4):346–9. 8. Rollason V, Vogt N. Reduction of polypharmacy in the elderly: a systematic review of the role of the pharmacist. Drugs Aging [Internet]. 2003 Jan [cited 2014 Jan 3];20(11):817–32. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12964888 9. Wyles H, Rehman HU. Inappropriate polypharmacy in the elderly. Eur. J. Intern. Med. [Internet]. 2005 Sep [cited 2014 Jan 3];16(5):311–3. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pubmed/16137542 1. Filho PTH, Villas-Bôas PJF, Corrêa FG, Muñoz GOC, Zaba M, Venditti VC, et al. Normatização da Abertura de Ligas Acadêmicas: A Experiência da Faculdade de Medicina de Botucatu. Rev. Bras. Educ. Med. 2010;34(1):160–7. 2. Bastos MLS de, Trajman A, Teixeira EG, Selig L, Belo MTCT. O papel das ligas acadêmicas na formação profissional. J Bras Pneumol. 2012;38(6):803–5. 3. Stamm AMN de F, Osellame R, Duarte F, Cecato F, Medeiros LA, Marasciulo AC. Perfil socioeconômico dos pacientes atendidos no Ambulatório de Medicina Interna do Hospital Universitário da UFSC. Arq. Catarinenses Med. 2002;31(1-2):17–24. 10. Flores LM, Mengue SS. Uso de medicamentos por idosos em região do sul do Brasil. Rev Saúde Pública. 2005;39(6). 4. Cedeño AMR, Vázquez PMM, León JL, Enríquez MQ. Determinación de polifarmacoterapia en pacientes geriátricos de un consultorio del médico de la familia en cienfuegos. Rev Cuba. Farm. 2000;34(3):170–4. 11. Linjakumpu T, Hartikainen S, Klaukka T, Veijola J, Kivelä S-L, Isoaho R. Use of medications and polypharmacy are increasing among the elderly. J. Clin. Epidemiol. [Internet]. 2002 Aug [cited 2014 Jan 3];55(8):809–17. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12384196 5. Almeida OP, Ratto L, Garrido R. Fatores preditores e conseqüências clínicas do uso de múltiplas medicações entre idosos atendidos em um serviço ambulatorial de saúde mental. Rev. Bras. Psiquiatr. 1999;21(3):1–9. 12. Fialová D, Topinková E, Gambassi G, Finne-Soveri H, Jónsson P V, Carpenter I, et al. Potentially inappropriate medication use among elderly home care patients in Europe. JAMA [Internet]. 2005 Mar 16 [cited 2014 Jan 3];293(11):1348–58. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15769968 Trabalho apresentado no X Congresso Paulista de Clínica Médica. 4 e 5 de Abril, 2014. São Paulo - SP. Brasil Revista da Liga de Clínica. Médica. - UNICID / Volume 05 - Abril/Maio - 2014 29