Utopia e Cidadania: lógicas de intervenção local e no mundo digital Fátima Vieira Universidade do Porto CETAPS – Centre for English, Translation and AngloPortuguese Studies Eduardo Galeano • Para que serve a Utopia? Visão utópica • Visão utópica vs. visão reformadora • Lógicas de intervenção da utopia: – 3 funções: crítica, compensatória e catalisadora Utopia, Thomas More (1516) • Livro I • Livro II • Livro III? • Utopia – não o caminho, mas os diferentes possíveis caminhos O Fim da utopia? • Karl Popper, A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, de Karl Popper (1945) • Judith Shklar, After Utopia: The Decline of Political Faith (1957) • Seymour Martin Lipset, Political Man (1960) • Daniel Bell, The end of Ideology (1960) • Raymond Aron, The Opium of the Intellectuals (1962) Adalberto Dias de Carvalho • Utopia e Educação (1994) • A Contemporaneidade como Utopia (2000) • “Utopia: Esclarecer Conceitos para Renovar Sentidos” (2004) • “From Contemporary Utopias to Contemporaneity as a Utopia” (2005) Dimensão antropológica da utopia • Adalberto Dias de Carvalho, Utopia e Educação (1994): – “ [a utopia é ] constitutiva do homem e, portanto, o cerne de uma antropologia filosófica e de uma educação que, visando-o, nele se inspira.” (Carvalho 1994: 19). • Fernando Catroga, Caminhos do Fim da História (2003): – “(…) não podemos estancar (…) a índole desejante do modo de ser do homem, insatisfação que o incita à criação do que ainda não é” (Catroga 2002: 159). Perenidade da ideia de utopia vs. Caducidade da ideia de projeto • “(…) [a utopia] nutre-se de problemáticas que, sendo filosóficas, são, como tais, perenes, independentemente da forma que assumem. Realce-se que o projeto tem uma origem de natureza psicológica ou sociológica, podendo assumir contornos filosóficos quando interroga os seus fundamentos, isto é, quando afinal se aproxima do círculo utópico mas sem nunca perder de vista as suas motivações primeiras, sob pena de se desqualificar. A utopia – essa – sem prejuízo de estar sujeita a condicionantes históricas – brota diretamente das grandes inquietações filosóficas para desaguar nas expectativas e nas ansiedades das pessoas e das organizações sociais, principalmente, quando se experimentam impasses ou fases agudas de transformação. A incomensurabilidade é a sua razão de ser e de permanecer.” (Carvalho 1994: 19). • “A utopia, ainda que contenha projetos, não se esgota neles, da mesma maneira que um qualquer projeto não pode ser substituído por uma utopia.” (Carvalho 1994, p. 20) • Gilles Deleuze, “Qu’est-ce que la Philosophie?” (1991): –Presente vs. Actual • “(…) o devir, na sua pureza, ainda que nascendo e caindo na história, nunca se reduz a ela porque nela não se pretende realizar “ (Carvalho 2004: 16). • Henri Maler, Convoiter l’Impossible (1995) –Ideal vs. Idealização • “(…) l’idéal (…) est presenté comme une idéalisation de ce qui s’accomplit en son nom: une idéalisation que n’excède pas les barrières de son temps » (Maler 1995 : 348). Utopia filosófica • 1) Inscreve-se no domínio do actual • 2) Faz descoincidir a capacidade de idealização com o ideal A utopia hoje • Utopia filosófica Utopia • Utopias literárias • Pensamento utópico Utopismo literário • Distopias Críticas (Baccolini & Moylan) • Hiperutopias Hiperutopia ≠ Micronações Micronações, microestados, países imaginários, contrapaíses, nações não reconhecidas ou Estados efémeros, são termos utilizados para países cuja independência foi declarada por indivíduos ou pequenos grupos (usualmente excêntricos), e que, apesar dos seus esforços, não conseguiram reconhecimento diplomático. Muitos têm apenas um habitante, outros são um pouco maiores. (…) Na maior parte dos casos, os fundadores das Micronações reivindicam a posse de terra que existe na realidade; trata-se frequentemente de pequenas ilhas isoladas, por vezes submersas. Tal como os países reais, algumas destas nações proclamam declarações de independência, adoptam constituições, procuram reconhecimento diplomático, exibem brasões, emitem selos, passaportes e moeda. Hiperficção • O conceito de hiperficção surge da conjugação de duas noções: hipertexto e ficção. Por hipertexto entendemos um agregado de textos interligados por links; estes links podem ser activados pelo leitor que é transportado para outros documentos desse agregado. O hipertexto permite assim uma nova forma de leitura. É este o processo que encontramos na hiperficção: a leitura não se desenvolve de forma linear (leitura tradicional) mas através da activação de links por parte do leitor que escolhe o seu percurso individual de leitura, participando desta maneira na elaboração da própria obra. Hiperutopia • • • • O leitor é agora o viajante utópico Visita não mediada Leitura irrepetível Obra em aberto • Hiperutopia – renovação do género literário • Utopia filosófica • Internet – lugar para a enunciação do desejo utópico Hiperutopia - Bergonia . Importância de variarmos a forma como olhamos para a realidade • (Eduardo Galeano: não estamos treinados para nos apercebermos da diversidade de alternativas) Hiperutopia - Bergonia • Revolução – índole intelectual • Redefinição da ideia de progresso e de desenvolvimento (Edgar Morin) • Princípios gerais de Bergonia: – Solidariedade – Participação e responsabilização cívicas – Aproximação à natureza – Organização em pequenas comunidades Revolução intelectual • Não se faz por decreto • Poderemos estar a assistir a uma mudança de paradigma? • Qual o papel da Internet, nesse caso? Hoje - movimentos sociais • Efervescência utópica organizada através das redes sociais • Globalização – abolição da distinção lá fora / cá dentro? - ex. Greve 14 de Novembro Existe uma distinção lá fora / cá dentro • Altermundistas (1999) – “Another world is possible” • Mensagem utópica globalizante • Movimento dos Indignados – Início em Portugal (12 de Março de 2012) – Alastramento a Madrid, Atenas, Santiago, Tel-Aviv, Roma, Londres, Nova Iorque, Montreal… – (2011: 80 cidades em todo o mundo) Movimentos sociais • Localização da denúncia dos males sociais Reivindicações concretas Democracia Real YA! (Indignados madrilenos) Reforma fiscal favorável a quem tem menores rendimentos Moralização da vida política Plataforma Convergir • 1.ª Assembleia Geral – 15 de Setembro – incorpora o slogan dos altermundistas – tenta incorporar ideias propostas por diferentes indivíduos, grupos, associações… – Propõe-se promover a mudança utilizando os recursos existentes Outras plataformas • A nível global / a níve local – Ex-: Projecto Vénus (sustentatibilidade) Portugal - Futuragora Que novas ideologias? • Movimento contrário ao da lógica neo-liberal • Princípios: – Cooperativismo (ex. Co-house movement) – Democracia participativa – Democracia económica – um mundo sem crescimento – Desmundialização / relocalização – Modelo baseado na credibilidade das instituições e daqueles que governam Utopia Filosófica • Revolução intelectual • Frédéric Lenoir – O movimento de mudança tem de partir do indivíduo – O indivíduo tem de se implicar cada vez mais na sociedade • A nível local • A nivel global Mundo digital • Local privilegiado para o debate (co-implacement) . Pode fornecer modelos de atuação local / global . Visões do futuro – a cidade – o papel dos arquitectos Razões para esperança? • História da humanidade – utopias concretizadas • A ciência e a tecnologia • Os nossos jovens • Há realidades a querer nascer (Galeano)