Dia de luta das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade “Mulheres em luta por uma vida sem agrotóxicos e sem violência”. Quem Somos S omos mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, organizadas em Movimentos Sociais. Mais uma vez voltamos às ruas para reafirmar o 08 de março como um dia de luta, resistência e enfrentamento a todas as formas de violência que nos oprimem, massacram, exploram e violentam enquanto mulheres e classe trabalhadora. Nesse Dia de Luta das mulheres camponesas e urbanas, estamos denunciando mais uma das formas de violência que nos atinge, que é a utilização de agrotóxicos, intoxicando nossos alimentos, nosso ambiente e nossa vida, além de toda a cadeia de exploração, a concentração das riquezas e a não fiscalização pelos órgãos competentes. Queremos uma vida mais digna, com terra, trabalho, sem violência, direitos verdadeiramente iguais e acima de tudo alimento e ambiente saudáveis para nós e nossos filhos/as viverem. Por isso, que milhares de mulheres no Brasil e no mundo se manifestam nesta data contra a violência, os latifúndios, o agronegócio, o uso de agrotóxicos e todo o sistema de morte. Queremos dias melhores pra nós e para a humanidade, em defesa da vida, dos seres humanos e da natureza. Denunciamos... O AGRONEGÓCIO E O USO DE AGROTÓXICOS: O agronegócio é fortemente vinculado à concentração de terras, ou seja, aos latifúndios. Junto a isso, a um modelo de agroexportação de produtos e utilização de venenos, sem medida, com pouca fiscalização e punição diante dos abusos. - De acordo com pesquisas, com a liberação dos transgênicos, o uso de agrotóxicos aumentou em 60%, o que faz com que tanto a população camponesa quanto urbana fosse afetada seja pelo ar, pela água contaminada ou pela alimentação. - Constata-se que 22% das hortaliças dos mercados em geral, possuem mais agrotóxico do que a quantidade permitida e isso praticamente não é fiscalizado por órgãos públicos. Entre os alimentos que contém mais agrotóxicos estão: pimentão, abacaxi, uva, morango, alface, mamão, repolho, tomate, arroz, cebola, cenoura, entre outros. - O Ibama indica que 88% dos agrotóxicos vendidos em 2009 estavam classificados entre perigosos, muito perigosos e altamente perigosos. 45% do total é glifosato, ou seja, Roundap. As vendas mundiais de agrotóxicos atingiram cerca de US$ 48 bilhões em 2009, e entre 2000 e 2009, o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 94%, ao passo que no Brasil subiu 172%. - O Brasil é o pais que mais utiliza agrotóxicos no mundo por habitante, o que significa que cada pessoa consome, involuntariamente, em média 5,2kg de agrotóxicos ao longo de um ano. - Esse modo de produção desrespeita totalmente os ciclos na natureza em nome do mercado e dos lucros, emprega muita tecnologia e descarta mão de obra humana. uO HIDRONEGÓCIO: A construção de usinas hidrelétricas no Brasil é marcada pelo desrespeito ao meio ambiente e à sociedade, sobretudo o desrespeito às populações atingidas, que veem seus modos de vida se alterar drasticamente, em nome do chamado “desenvolvimento da sociedade capitalista”. uA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA AS MULHERES: As diferentes formas de violência praticada contra as mulheres são a manifestação mais dura e cruel da violência de gênero, devido ao fato dos homens, independente de raça e classe social se acharem no direito de agredir, humilhar e violentar. De acordo com dados do IBGE, no Brasil são gastos 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com a violência doméstica. Dos espaços em que acontecem as violências 90% dos casos, ocorre dentro de casa, onde o agressor é alguém que faz parte das relações cotidianas: marido, namorado, companheiro, irmão mais velho, pai, etc. Nos casos de abuso sexual/estupros de crianças ou mulheres adolescentes ou adultas, o estuprador, em 92% dos casos é o pai ou padrasto. uSUPEREXPLORAÇÃO DO TRABALHO E O DESEMPREGO: Dados nos mostram que atualmente temos mais de 11% de desempregados/as no Brasil e que o trabalho informal atinge 58,1% dos ocupados no Brasil, ou seja, 38,1 milhões de pessoas, segundo estudo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). uA CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA: O Estado brasileiro tem se utilizado de todo seu aparato para defender as empresas, o agronegócio e a propriedade privada e criminalizar as lutas sociais. Em contraposição a isso, deixa de fiscalizar e punir agressões contra mulheres e crianças, bem como o uso abusivo dos agrotóxicos na agricultura extensiva. uFINANCIAMENTO DO ESTADO: Atualmente, 80% do volume total dos créditos liberados para a agricultura no Brasil é destinado ao agronegócio ao passo que apenas 20% é para a agricultura camponesa, que produz de 70 a 80% dos alimentos que vão à mesa de brasileiras e brasileiros. Mais da metade do volume de créditos liberados pelo governo é investido em agrotóxicos, enriquecendo as empresas transnacionais como Bayer, Basf, Syngenta, Dreyfus, Monsanto às quais também produzem os “medicamentos”. Defendemos: Estamos mobilizadas para construir um projeto de agricultura camponesa integrando a natureza com a sabedoria das mulheres, articulado a um projeto popular para o Brasil, com efetivação da soberania alimentar e nutricional, na garantia do direito de toda a população a ter acesso regular e permanente, a uma alimentação saudável e suficiente, e ao mesmo tempo garantindo todas as necessidades essenciais, respeitando a saúde, a diversidade cultural, os direitos sociais e o ambiente. Desta forma, defendemos a agroecologia, a biodiversidade, a agricultura camponesa, a produção de alimentos saudáveis e diversificados, o trabalho, a Reforma Agrária, os direitos previdenciários, a saúde e educação gratuita e de qualidade para todos/as. Queremos um mundo sem violência contra as mulheres, que nos machuca, maltrata, mata e nos coloca como mercadorias e objetos, além da exploração da nossa força de trabalho não remunerada ou reconhecida. Garantia de políticas públicas visando a produção diversificada e agroecológica de alimentos, mantendo a preservação da biodiversidade e o cuidado com o ambiente; A água e a energia como bens públicos que devem estar a serviço da melhoria da qualidade de vida dos povos. Assinam: Movimento de Mulheres Camponesas - MMC Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Defesa da Lei Maria da Penha frente os constantes ataques sofridos, na tentativa de torná-la inconstitucional. Defesa e implementação do III Plano Nacional de Direitos Humanos. Fiscalização e punição, por parte do Ministério Público Federal, na utilização do uso indiscriminado dos agrotóxico. Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Movimento dos Trabalhadores Desempregados - MTD Movimento Popular Urbano - MPU