Parte II: o Problema da Correlação Eletrônica Joaquim Delphino Da Motta Neto Departamento de Química, Cx. Postal 19081 Centro Politécnico, Universidade Federal do Paraná (UFPR) Curitiba, PR 81531-990, Brasil Resumo A situação nas décadas de 30 e 40 A Conferência de Shelter Island (1951) O problema da correlação Definição da energia de correlação A fórmula de transição (Nesbet, 1955) Conclusões XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 2 As décadas de 30 e 40 O método de orbitais moleculares de Hund, Mulliken e Hückel havia sido adotado pela comunidade científica. Roothaan estabeleceu as bases de aplicação de cálculos ab initio baseados no uso do determinante de Slater. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 3 Era evidente que, se se desejava ir além do esquema Hartree-Fock, era necessário usar como função tentativa não um único determinante de Slater mas uma série de tais determinantes, ou uma “superposição de configurações”. No final da década de 40, S.F. Boys na Inglaterra usou o método CI para calcular a estrutura eletrônica de moléculas pequenas. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 4 Conferência de Shelter Island (1951) Discutiu-se uma série de problemas fundamentais: Fórmulas de recursão fechadas, estritamente matemáticas, podem se comportar muito estranhamente quando se admitem arredondamentos nas quantidades envolvidas. Kotani enfatizou que os dois elétrons do H2 deveriam ocupar orbitais diferentes. Em vez de orbitais duplamente ocupados, se teria uma “separação de correlação” de cada orbital. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 5 Charles A. Coulson (1910-1974) Barnett & Coulson mostraram seu esquema de cálculo de integrais moleculares envolvendo funções de Bessel. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 6 O problema da correlação Dois elétrons i e j deveriam se evitar por causa da repulsão Coulômbica mútua 2 e rij XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 7 Exceto por um artigo clássico de Wigner sobre a correlação no modelo do gás de elétrons, muito pouco se conhecia sobre este problema. Era evidente que o modelo de partículas independentes como manifesto no esquema Hartree-Fock tinha um certo “erro de correlação”. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 8 Para Slater o erro dominante era o comportamento assintótico errado do método MO-LCAO para átomos separados. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 9 Para outros como Mulliken e Kotani, o erro do esquema Hartree-Fock na distância de equilíbrio seria a quantidade mais interessante. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 10 Era portanto necessário definir uma quantidade que exprimisse este problema do esquema Hartree-Fock... XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 11 Per-Olov Löwdin (1916-2000) Ainda um jovem estudante na Univ. de Uppsala, mostrou-se um talentoso matemático. Orientado inicialmente por Dirac, completou seu Ph.D. em 1948 trabalhando com propriedades de cristais. Inventou os símbolos gordos. Fundou o QTP na Universidade da Florida em 1960. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 12 Definição da energia de correlação Como a maioria dos cálculos feitos até então tinha sido executada no esquema Hartree-Fock restrito (RHF), Löwdin sugeriu que esta “energia de correlação” fosse definida por Ecorr. Eexata EHF onde Eexata é o autovalor exato do Hamiltoniano sob consideração, e EHF é a energia da função obtida pelo método Hartree-Fock. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 13 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 14 Esta quantidade deve ser de suma importância para sistemas moleculares, daí que procurou-se obter expressões analíticas fechadas para ela... A maioria das deduções usava o conceito de operador de reação. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 15 R. K. Nesbet Foi o primeiro a obter uma estimativa para a energia de correlação em forma fechada. Em 1967 formulou com Pople o método UHF. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 16 A fórmula de transição (1955) Considere a função de estado CI completa rs 0 c ar ra c ab rsab ... a r a b r s onde vale a normalização intermediária 0 1 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 17 Projetando a equação de Schrödinger no estado de referência , vem: ~ ~ r r 0 H 0 H 0 c a a ... a r XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 18 Neste ponto devemos incluir os diversos elementos de matriz, que já são conhecidos (pois são obtidos facilmente pelas regras dos elementos de matriz): ~ r 0 H a 0 ~ rs 0 H ab ab rs ~ rs... 0 H ab... 0 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 19 Substituindo estes elementos de matriz na equação projetada, afinal obtemos a expressão fechada Ecorr. E0 EHF c a b r rs ab ab rs s a qual é surpreendentemente simples. Lembre-se que as integrais de dois elétrons já estão disponíveis do cálculo SCF. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 20 Ecorr. E0 EHF c a b r rs ab ab rs s Esta expressão é interessante por que ela sugere que para calcular a energia de correlação exata só precisamos das integrais e dos coeficientes das excitações duplas na expansão CI. Mas... Atenção! Os coeficientes das duplas exatos são obtidos apenas se o cálculo CI for exato, o que implica full CI e não apenas CISD. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 21 Neste curso examinaremos diversas aproximações e diversos procedimentos para obtenção da energia de correlação. Examinaremos em particular os métodos variacionais (CI, CISD, CAS-SCF) e perturbativos (MP2, MP3, MP4, CCSD, CCSDT etc.). XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 22 Samuel F. Boys (1911-1972) Famoso por seu esquema de localização de orbitais. Foi o primeiro a usar funções multiconfiguracionais para estudar a estrutura eletrônica de moléculas pequenas. Para evitar o problema das integrais moleculares, propôs o uso de funções Gaussianas. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 23 Interação de Configurações (CI) É a mais simples rota formal para a construção de uma função de onda eletrônica de grande acurácia. Envolve apenas (i) escolher um conjunto de base de spin-orbitais ortonormais, (ii) tomar todos os determinantes de Slater que podem ser formados, (iii) usar as regras de Slater para obter os elementos de matriz e (iv) resolver as equações seculares para encontrar os níveis de energia e coeficientes da expansão. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 24 Em princípio, o método fornece uma solução exata para o problema de muitos elétrons. Infelizmente, a convergência é lenta e pode ser necessário incluir milhões de termos para atingir acurácia química... XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 25 Número de termos na expansão Dado um conjunto de K funções de base espaciais, pode-se formar uma base de 2K spin-orbitais, e para um sistema de N elétrons pode ser formado um total de... 2K (2 K ) ! N N !2 K N ! determinantes de Slater XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 26 É conveniente descrever cada determinante em como ele difere do determinante de referência obtido pelo método Hartree-Fock. Assim, a função de onda variacional pode ser escrita como 0 c0 0 ... N 2K a 1 r N 1 N N car ar 2K 2K rs rs c ab rs ab ab ... a 1 b 1 r N 1 s N 1 Ou seja, a função tentativa é igual à função de referência (que pode ser a função Hartree-Fock) mais excitações simples, duplas, triplas etc. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 27 As configurações abrs...... são construídas utilizando-se o conjunto de spinorbitais obtidos pelo método Hartree-Fock, e os rs... coeficientes c ab são os parâmetros variacionais ... determinados considerando-se o funcional ~ E H com a condição 1 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 28 É bom observar que existem N 2K N N! 2 K N ! ... n n n !N n ! n!2 K n ! N !2 K N ! ... 2 n! N n !2 K n ! excitações de n elétrons. Faça dois ou três exercícios para treinar! XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 29 Determinantes excitados O método Hartree-Fock produz um conjunto { i } de 2K spin-orbitais. O estado “de referência” Hartree-Fock, 0 1 2 3 ... a b ... N é a melhor aproximação (no sentido variacional) para o estado fundamental do sistema. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 30 Muitos outros determinantes podem ser formados. O número de determinantes que podem ser formados colocando N elétrons em 2K spin-orbitais é dado pela fórmula binomial, 2K 2 K ! N N ! 2 K N ! XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 31 Uma maneira conveniente de descrever estes vários determinantes é considerar como eles diferem do determinante de referência 0 0 simplesmente declarando quais spin-orbitais ocupados (buracos) foram substituídos por quais spin-orbitais virtuais (partículas). XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 32 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 33 Que podemos fazer com estes outros determinantes? XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 34 Estes outros determinantes podem representar aproximações para os estados excitados (ex. método INDO/S), ou podem ser usados em combinações lineares com o determinante de referência para uma melhor descrição do estado fundamental ou dos estados excitados (ex. métodos CI ou MCSCF). XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 35 Um determinante “simplesmente excitado” é aquele no qual um elétron, inicialmente ocupando a no determinante de referência, é promovido para um spin-orbital virtual r . XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 36 Um determinante “duplamente excitado” é aquele no qual dois elétrons, inicialmente ocupando a e b no determinante de referência, são promovidos para spinorbitais virtuais r e s . XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 37 Portanto, todos os possíveis determinantes podem ser classificados como representando excitações simples, duplas, triplas, quádruplas, quíntuplas, sêxtuplas etc. A importância destes determinantes na representação dos verdadeiros estados excitados vai diminuindo com o grau de excitação (pois os orbitais moleculares foram obtidos para o estado de referência). XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 38 É interessante saber se conjuntos de determinantes excitados podem ser usados como funções de base multi-eletrônicas... Como? XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 39 De volta ao básico Suponha que dispomos de um conjunto completo de funções { i(x) }. Qualquer função (x1) de uma única variável pode ser (exatamente!) expandida em x1 ai i x1 i 1 onde os ai são os coeficientes da expansão. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 40 Será que podemos expandir uma função de duas variáveis de maneira análoga? Sim! A expressão correspondente é x1 , x2 bij i x1 j x2 i 1 j 1 Neste momento lembramos, e a anti-simetria? XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 41 Se quisermos impor a anti-simetria da função, ou seja, x1 , x2 x2 , x1 basta fazer bij = bji e bii = 0 o que resulta x1 , x2 bij i x1 j x2 j x1 i x2 i 1 j i 2 bij i j i 1 j i XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 42 Configurações spin-adaptadas (SACs) Muitos determinantes podem ser eliminados explorando-se o fato de que não há mistura de funções de onda de spins diferentes. Tomando-se combinações lineares apropriadas se pode formar configurações spin-adaptadas que são autofunções de S z e S 2 . Se estamos interessados em estados singletes, tomam-se apenas funções para as quais S z = 0. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 43 Mesmo usando SACs, o número de termos na expansão CI ainda é muito grande... Como fazer para montar a matriz do Hamiltoniano? XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 44 Estrutura da matriz full CI Usando as regras para elementos de matriz entre determinantes vistas anteriormente, é fácil montar a matriz CI completa. Como o Hamiltoniano ( H ) só contem operadores de no máximo duas partículas, então os elementos de matriz não-nulos são poucos. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 45 0 H 0 0 D H 0 H 0 0 0 0 H D 0 0 SH S SH D SHT 0 DH S DH D DH T DH Q TH S TH D THT THQ 0 QH D QH T QH Q XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 ... ... ... ... ... 46 O problema é que, devido à função fatorial explodir muito rapidamente, é impossível montar a matriz completa exceto para sistemas muito pequenos. Assim, foram examinadas diversas alternativas de simplificações: XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 47 CI contendo excitações duplas (CID) O mais simples. Baseado no teorema de Brillouin de que excitações simples não se misturam com o determinante de referência. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 48 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 49 Normalização intermediária Se | 0 > é uma aproximação razoável para o estado desejado, o coeficiente c0 será muito maior que os outros e é conveniente escrever a função de onda total na forma “intermediária normalizada”: 0 0 cct ct ccdtu cdtu ... c t c d XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 t u 50 Devido a c 0 0 1 c c t t 2 c tu 2 cd c d t ... u Esta função de onda não é normalizada. Entretanto, ela tem a propriedade de 0 0 1 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 51 É interessante examinar um sistema pequeno porque fazer as contas na mão nos proporciona alcançar uma visão mais clara do problema. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 52 Aplicação: H2 com base mínima XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 53 Como este sistema só tem dois elétrons, full CI envolve apenas excitações simples e duplas. A expansão CI adaptada por simetria e spin é 0 0 c 22 11 22 11 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 54 Dada esta função tentativa, o método variacional nos diz que a energia correspondente ( E0 ) é o mais baixo autovalor da matriz CI ~ ~ 22 0 H 0 0 H 11 H 22 ~ 22 ~ 22 11 H 0 H 11 11 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 55 Os elementos de matriz necessários são facilmente determinados usando-se as conhecidas regras (ver Szabo & Ostlund, capítulo 2). Como os orbitais moleculares são reais, temos: ~ 0 H 0 E0 2h11 J 11 22 11 (Hartree-Fock) ~ 22 H 11 2h22 J 22 ~ 22 22 ~ 0 H 11 (12 12) K12 11 H 0 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 56 Substituindo a equação da expansão CI na equação da energia de correlação, vem: H E0 0 c 1122 Ecorr. 0 c 1122 Multiplicando à esquerda pelo estado de referência, obtemos Ecorr. c 0 H 22 11 c K12 Da mesma maneira, multiplicando à esquerda pela excitação dupla, obtemos 1122 H 0 c 1122 H E0 1122 c Ecorr. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 57 Neste ponto podemos definir 2 22 11 H E0 22 11 2 2 1 J11 J 22 4 J12 2 K12 e então reescrever a equação na forma K12 2c c Ecorr. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 58 Estas duas equações simultâneas podem ser combinadas na equação matricial 0 K12 K12 1 1 Ecorr. 2 c c XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 59 Observe que poderíamos ter obtido este resultado diretamente do problema de autovalor CI E0 K12 K12 1122 H 1122 simplesmente subtraindo c0 E c 1 E0 0 c0 c1 0 c0 E0 c1 dos dois membros, usando a definição de 2 e fazendo c0 = 1 (normalização intermediária!). XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 60 De onde tiramos Ecorr. ? Para obter o mais baixo autovalor simplesmente resolvemos para o coeficiente c, o que é direto: K12 c Ecorr. 2 E substituímos na equação projetada: Ecorr. K122 Ecorr. 2 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 61 Esta equação é quadrática na energia de correlação. Resolvendo para a raiz mais baixa, encontramos a energia de correlação exata para a molécula de H2 usando um conjunto de base mínima: Ecorr. 2 K122 E a energia exata do H2 usando base mínima é E0 E0 Ecorr. 2h11 J 11 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 2 K122 62 Comentários: Como vimos, esta função CID é exata para o H2 com base mínima. Qualquer diferença para o experimento só pode ser devida à deficiência da base, que obviamente não é completa. Qual seria o resultado para outra base, digamos, 4-31G ou 6-31G* ? Faça alguns cálculos usando o programa Gaussian. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 63 Como vimos, a convergência da expansão CI é muito lenta. Como várias bases diferentes são possíveis, cabe a pergunta: Existe alguma base para a qual a convergência do CI é mais rápida?... XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 64 Orbitais Naturais (ANOs) Per-Olov Löwdin demostrou em 1955 que tal base existe. Para definir tais “orbitais naturais”, devemos considerar a matriz densidade reduzida de primeira ordem para um sistema de N elétrons. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 65 Dada uma função de onda normalizada , então (x1 , x2 ... xN ) *(x1 , x2 ... xN ) dx1 dx2 ... dxN exprime a probabilidade de um elétron estar na coordenada espaço-spin dx1 localizada em x1 , e simultaneamente outro elétron estar em dx2 localizada em x2 etc. até o último elétron estar em dxN localizada em xN . XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 66 Se estamos interessados apenas na probabilidade de encontrar um elétron em dx1 na posição x1 , independentemente dos outros elétrons, então devemos tirar a média ao longo de todas as outras coordenadas espaço-spin dos outros elétrons, ou seja, integrar ao longo de x2 , x3 , ... xN e obter x1 N dx 2 dx3 ...dx N x1 , x 2 ..x N * x1 , x 2 ..x N que é a chamada “função densidade reduzida” para um único elétron num sistema de N elétrons. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 67 O fator de normalização N é incluído de forma que a integral da densidade seja igual ao número total de elétrons, d x x N 1 1 Agora podemos generalizar a função densidade (x1) para uma matriz densidade ( x1, x1´ ) definida por x1 , x1´ N dx 2 dx3 ...dx N x1 , x 2 ..x N * x1 , x 2 ..x N XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 68 A matriz ( x1, x1´ ), que depende de dois índices contínuos, é chamada de “matriz densidade reduzida de primeira ordem” ou “matriz densidade reduzida de um elétron” ou simplesmente “matriz de um elétron”. Note que o elemento diagonal da representação contínua da matriz de um elétron é a própria densidade eletrônica ( x 1 , x1 ) = ( x 1 ) XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 69 Conclusões: O método CI envolve um formalismo simples e geral. A matriz full CI é tão grande que é necessário adotar aproximações, em geral restringindo o nível de excitação a simples ou simples e duplas. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 70 Método SCF Como a equação Hartree-Fock é não-linear, ela deve ser resolvida iterativamente. O procedimento para resolver a equação Hartree-Fock é chamado “método do campo autoconsistente” (SCF). A idéia básica é simples. Fazendo um chute inicial dos spin-orbitais, pode-se calcular o campo médio experimentado por cada elétron e resolver a equação de autovalor para um novo conjunto de spin-orbitais. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 71 Usando estes novos spin-orbitais, podemos obter novos campos e repetir o procedimento até que os campos não mudem mais. Os N spin-orbitais com energias mais baixas são chamados “ocupados” ou “buracos”. O determinante de Slater formado por estes spinorbitais é chamado “função de onda do estado fundamental Hartree-Fock”, e é a melhor aproximação para o estado fundamental do sistema. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 72 XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 73 Este é o exemplo mais simples da técnica geral de expandir um conjunto de orbitais moleculares espaciais em um conjunto de funções de base conhecidas K i r C i r 1 Para obter os orbitais exatos, precisaríamos de um número infinito de termos na expansão. Usar apenas dois termos para o H2 é um exemplo de função de “base mínima”. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 74 É evidente que, no caso geral de 2K > N, podem ser formados não um mas vários determinantes. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 75 Conclusão Portanto, qualquer função arbitrária anti-simétrica de duas variáveis pode ser expandida exatamente em termos de todos os determinantes formados de um conjunto completo de funções de uma variável { i(x) }. Este argumento é prontamente estendido para o caso de funções de mais de duas variáveis. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 76 Função de onda exata Podemos escrever a função de onda exata para qualquer estado do sistema como: c0 0 c ... r a a r a r c a b r rs ab rs ab ... s XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 77 Infelizmente, o procedimento acima não pode ser implementado na prática por que não podemos trabalhar com bases infinitas. A alternativa óbvia é trabalhar com um conjunto finito de spin-orbitais, mas aí o conjunto de determinantes não forma uma base completa. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 78 Entretanto, diagonalizar a matriz do Hamiltoniano ( ℍ ) formada por tal conjunto leva a resultados que são exatos dentro do subespaço coberto pelos 2K spin-orbitais, ou dentro do subespaço multieletrônico coberto pelos possíveis determinantes. XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 79 Este procedimento é chamado “full CI” ou “CI completo”. Mesmo para sistemas muito pequenos, o número de determinantes é muito grande (lembre-se que a função fatorial explode muito rápido). Voltaremos a este ponto depois! XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #2 80