CATEGORIAS DE ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS E SENTIDOS CONSTITUÍDOS PELO PEDAGOGO/GESTOR: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA Elizangela Fernandes Martins1-UEMA Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Trabalho a ser apresentado no XII EDUCERE, III SIRSSE, V SIPD – Cátedra UNESCO e IX ENAEH sobre Formação de professores, complexidade e trabalho docente. Este artigo é produto da reflexão teórica, mediada pelas categorias da Psicologia Sócio-Histórica, que é sustentada pelo Materialismo Histórico Dialético. Defendemos a tese de que a realidade social é mediadora do desenvolvimento do ser humano e tomamos como fundamento, algumas categorias do Materialismo Histórico Dialético e da Psicologia Sócio-Histórica-PSH, as quais permitem analisar os significados e os sentidos da gestão escolar, constituídos pelo pedagogo/gestor, visto que essa abordagem teórica permite compreender o ser humano, como ser que se constitui e, é constituído, pela mediação da totalidade de suas ações. Para Vigotski (2001) e para Leontiev (1978), fundadores da PSH, o ser humano se desenvolve de modo processual e histórico, fato que explica o processo do ser humano tornar-se humano por meio das relações que ele estabelece com outros humanos e com o mundo objetivo. Neste trabalho, delimitamos como objetivo, apresentar a discussão sobre um conjunto de categorias da Psicologia Sócio-Histórica - (PSH), propondo-as como instrumento de análise dos significados e dos sentidos da gestão escolar constituídos pelo pedagogo/gestor. Organizamos este artigo em 3 seções que contemplam as categorias do MHD: Historicidade, Consciência e, da PSH: Significado e Sentido, estabelecendo nexos de compreensão com nosso o objeto de estudo, significados e os sentidos da gestão escolar constituídos pelo pedagogo/gestor, buscando compreender o movimento de constituição desse processo. O conjunto de autores que mediaram nossa produção é composto de: Vigotski (2001), Leontiev (1978), Afanasiev (1968), Burlatski (1987), Prestes (2012), Tuleski (2008) dentre outros. Os estudos e discussões sobre as mencionadas categorias mediaram a compreensão do nosso objeto de estudo como uma atividade material em constante transformação. 1 Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Piauí. Mestre em Educação pela UFPI. Especialista em Psicopedagogia pela UFRJ. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão. Professora Assistente da Universidade Estadual do Maranhão campus Caxias e da Educação Básica da Rede Pública Municipal de Caxias - MA. Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Psicologia Sócio-Histórica e Educação – NEPSH. E-mail: [email protected] ISSN 2176-1396 13457 Palavras-chave: Historicidade. Consciência. Significado e Sentido. Introdução Entender o processo de desenvolvimento humano a partir da mediação entre o histórico e o cultural, tem tornado cada vez mais frutíferas as discussões e pesquisas sobre o ser humano, a sociedade e a educação. Tal compreensão tem possibilitado a efervescência de pesquisas, nas quais a formação docente e a gestão escolar se constituem como objeto de estudo, buscando compreender que tipo de formação está sendo vivenciada pelos profissionais da educação, como também, objetivando explicitar se tais processos de formação atendem as necessidades que surgem no movimento das relações sociais, que se encontram sempre em transformação. Neste texto, apresentamos uma reflexão teórica sobre as categorias do MHD e da PSH, como instrumentos de análise sobre os significados e os sentidos da gestão escolar, constituídos pelo pedagogo/gestor. A pesquisa teórica está firmada sobre as bases do Materialismo Histórico Dialético. A motivação para desenvolver uma pesquisa, no campo da gestão, partiu de uma vivência em gestão escolar e dos resultados obtidos em pesquisa de mestrado. No processo de desenvolvimento da pesquisa fomos compreendendo as categorias do Materialismo Histórico Dialético e da Psicologia Sócio-Histórica, como instrumento de análise da realidade. As categorias, como explica Afanasiev (1968), são o resultado da atividade prática e cognoscitiva do homem, são fases do mundo circundante pelo homem. Assim, as categorias servem de lupa para compreender a realidade material vivida e produzida pelo ser humano por meio das relações sociais. Acreditamos que a realidade social é mediadora do processo de constituição e de desenvolvimento do ser humano. Firmamos nossa produção em um conjunto de autores composto por: Vigotski (2009), Leontiev (1978), Afanasiev (1968); Burlatski, (1987); Prestes, (2012); Tuleski, (2008) dentre outros. E, organizamos o artigo em três seções, nas quais contemplamos as categorias do MHD: Historicidade, Consciência e da PSH: Significado e Sentido para estabelecer nexos de compreensão com nosso objeto de estudo, considerando que se trata de uma atividade material em constante transformação. Na seção que segue abordaremos o que se constitui categoria para o MHD. 13458 As Categorias da PSH como instrumento de análise da realidade O ser humano se constitui humano na dialética contida nas transformações históricosociais, o que significa, em outras palavras, que é nesse movimento que acontece o processo de hominização. O trabalho e a linguagem se constituem como os dois grandes fatores que, sustentando esse processo, marcaram o avanço do ser humano para além da história natural dos animais, para a condição de ser ativo da história social, pela qual pode se tornar, cada vez mais, humanizado. É possível entender essa dinâmica de constituição do humano, ao tomar como fundamento as categorias MHD e da PSH, visto que tais categorias permitam a compreensão do homem, como ser que se faz na totalidade de suas ações. Tanto para Vigotski (1996), quanto para Leontiev (1978), o ser humano se torna humano, por meio da totalidade de suas relações sociais, numa dinâmica processual e histórica. Para os fundadores da PSH o ser humano é um ser em constante transformação e, foi se diferenciando dos demais animais, conforme o desenvolvimento de suas funções psicológicas superiores, constituídas no processo de relações recíprocas com o mundo. Leontiev (1978) explicita que, ao nascer, o homem tem garantidas as possibilidades de se tornar humano. Mas, somente as possibilidades biológicas não lhes dão a condição humana. Para tornar-se humano, é preciso apropriar-se dos produtos do desenvolvimento histórico da sociedade humana. Nesse processo de humanização, o ser humano relaciona-se com o mundo por meio do uso de instrumentos e signos e, com isso, vai se apropriando da cultura e desenvolvendo o psiquismo humano. Em outros termos, o movimento que constitui o ser humano, isto é, que torna o ser humano capaz de pensar, sentir e agir é histórico, mediado e produtor de significações sobre a realidade. Desde modo, as categorias nos servem de instrumentos para analisar a realidade. Conforme Afanasiev (1968), para a dialética marxista as categorias são sínteses da experiência multissecular dos homens, de sua atividade e de seu desenvolvimento. O ser humano, em seu processo de desenvolvimento, ao longo dos tempos, foi compreendendo o que é essencial, o universal e foi objetivando os resultados em categorias e conceitos. Destacaremos no próximo item a historicidade como categoria que permite entender a dialética história do desenvolvimento humano. 13459 A categoria historicidade e a dialética das relações sociais Para iniciar essa discussão, é necessário definir a categoria historicidade, entendendo que as categorias medeiam a compreensão da realidade material, ajudando-nos a compreender o ser humano e suas relações com o mundo material. Na definição de Historicidade recorremos a Demo (1980) que a caracteriza como a mobilidade constante do vir-a-ser contínuo das transformações sociais. É a propriedade de ser histórico que explicita o ser humano como um ser dialético. Para explicar porque o ser humano é um ser social e, historicamente constituído, sistematizamos por meio da categoria Historicidade o movimento dialético do homem com sua realidade. A capacidade histórica é específica das realidades sociais, somente o ser humano vivência o histórico como dialética do movimento que o constitui. Segundo os autores da PSH, é a categoria Historicidade que explica o caráter social e transformador do ser humano, esclarecendo que esse se faz humano no movimento histórico que articula passado, presente e futuro. Assim, Historicidade é uma categoria teórica que expressa o movimento dialético que constitui e explica as transformações do ser humano ao longo da história. Essa compreensão faz da categoria Historicidade constructo fundamental para explicar o desenvolvimento do homem como ser social e histórico e compreender o objeto de nossa pesquisa, buscando entender a realidade dos gestores, como desenvolvem sua prática educativa e como a história da atividade gestora foi mediando significados e sentidos que norteiam seu pensar agir e sentir na atividade docente. De acordo com Vigotski (2001), a compreensão do ser humano somente se faz possível, quando concebemos seu desenvolvimento psicológico como processo histórico. Em Tuleski (2008) encontramos uma discussão frutífera sobre a importância da história na produção do pensamento humano e da historicidade como categoria de análise. Assim, a autora explica que não é possível compreender o pensamento de forma fragmentada, por partes, desconsiderando a historicidade. Nosso pensar, agir e sentir são produzidos e organizados pela sociedade. E, aponta a necessidade de adotar a historicidade como categoria que nos possibilita compreender a realidade, e, explica: 13460 [...] o fazer e o pensar são históricos e estão intimamente relacionados, o que subentende uma determinada forma de existência em processo de transformação, tanto quanto compreender que uma teoria não prolifera em alguma estratosfera semântica, alijada das lutas que os homens travam na produção material de sua existência social (TULESKI, 2008, p.65). De acordo com a autora isso não é simplesmente uma variável a ser considerada, mas constitui a unidade de análise. O entendimento das necessidades históricas possibilita compreender o porquê, a razão pela qual se luta por uma psicologia marxista, que considera as múltiplas determinações, em todos os processos tipicamente humanos. Ainda mediando nosso entendimento sobre o movimento histórico na produção do pensamento humano, Prestes (2012) esclarece que para conhecer como um pensador criou e inovou seu campo de atuação é importante conhecer a época em que viveu o contexto social e histórico de seu país, seus círculos de amizade e seus colaboradores, entender sua história por meio da categoria historicidade. A autora recorre a Vigotski, ao explicar que não existe ambiente social sem individuo que o perceba e o interprete. O ambiente social é uma realidade que envolve o ambiente e a pessoa, é o entre. Por meio da tese de Prestes compreendemos a importância da categoria historicidade como mediadora da compreensão do pensamento humano. O pensar, agir e sentir estão organizados por elementos histórico-sociais, assim, para compreender o nosso objeto de estudo, necessitamos conhecer o movimento histórico de sua constituição, como a atividade gestora aconteceu ao longo da história, quais concepções influenciaram a prática desses gestores, quem eram e com que modo e, a partir de que tipo de formação devia desenvolver tal atividade. Traçar esse caminho por meio da categoria historicidade não é produzir uma simples revisão da literatura, mas é conhecer como se deram os fatos, suas relações políticas, sociais e culturais. Pesquisar sobre a constituição dos significados e sentidos da gestão pelo pedagogo/gestor requer compreender o processo histórico da gestão escolar, sua origem, as políticas públicas, as leis e os movimentos sociais, que mediaram transformações na forma de gerir a escola. De administrador escolar, diretor de escola até chegar ao gestor escolar ocorreu não só transformações nas denominações, mas, na concepção de gestão, na maneira de gerir e pensar a escola, seu corpo administrativo e pedagógico. É preciso compreender que acontecimentos mediaram tais transformações, o porquê da necessidade de se mudar a forma de administrar a escola e, ainda, quem é o profissional que tem condições objetivas para realizar essa atividade. 13461 Por meio da categoria historicidade se explicita a necessidade de produção do estado da arte do objeto, fazendo não um simples levantamento de quantas dissertações e teses foram produzidas sobre Gestão escolar, mas de identificar os objetos de estudos, de dar conhecimento sobre o foco de cada pesquisa e, assim, criar as condições de entender nosso objeto para, então, produzir conhecimento sobre o mesmo. Diante do exposto, afirmamos que a historicidade pode responder questões antes obscuras, fazendo-nos entender a necessidade de um estudo contextualizado do nosso objeto, propondo não um estudo linear de datas e fatos, mas uma análise dos acontecimentos para entender seu desenvolvimento. Na próxima seção abordaremos a categoria consciência como instrumento de compreensão da realidade material. A categoria consciência: o pensar, o agir e o sentir do ser humano A segunda categoria do MHD que nos ajuda no estudo dos significados e sentidos do trabalho do Pedagogo/gestor é a consciência. É, pela mediação da categoria consciência que podemos produzir entendimentos sobre o pensamento, sentimentos, vontade, sensações, opiniões, etc. A partir do MHD defendemos a premissa que primeiro surgiu a matéria e posteriormente a consciência. Assim, a consciência é um produto da natureza, uma propriedade da matéria altamente organizada, o cérebro humano. Mas, ter cérebro não é condição determinante para o pensamento, o cérebro precisa ser estimulado por meio dos sentidos para atingir os canais nervosos e assim excitar o cérebro. Desta forma, Leontiev (1978) explica que o ser humano mantém-se em atividade, ao longo de seu desenvolvimento, caracterizando-se como um ser que, por meio de suas atividades, desenvolve sua consciência, e se torna capaz de discernir o mundo. Para Afanasiev (1968 p.82) “consciência humana é a propriedade singular que a matéria altamente organizada, o cérebro, tem de refletir a realidade material”. Portanto, o pensar e o sentir são inerentes somente ao ser humano, que é produto de uma ação prolongada do mundo material e do meio social.O ser humano é superior na relação com natureza e com qualquer máquina inteligentemente programada, pois, conhece e produz o meio social. O ser humano é capaz de refletir, de forma consciente, sobre a realidade, de tornar as circunstâncias adequadas a si, transformando o meio social, mediado pelos conhecimentos historicamente constituídos. Podemos afirmar que consciência é um processo complexo do psiquismo humano e do comportamento social, constitui-se socialmente e consiste na capacidade de o indivíduo 13462 compreender seu mundo. De modo geral, essa capacidade do ser humano de discernir, aprender e refletir a realidade é social e cultural. Esse modo de ser do ser humano é constituído, tendo em vista a totalidade das experiências vivenciadas. Deste modo, podemos dizer que a vida social, os conhecimentos e, toda a experiência acumulada estimula o desenvolvimento da consciência. A consciência não é dada, nem simplesmente desenvolvida; ao contrário, é resultado de um processo constituído histórica e socialmente, um processo relacionado à totalidade dos fatos, da realidade e depende das experiências, das histórias de vida e do conteúdo emocional de cada indivíduo. Sobre essa questão, Leontiev (1978) explica que a consciência surge, a partir do momento histórico em que o ser humano apreende a realidade em que está inserido e consegue se enxergar nesse processo. A realidade objetiva se apresenta aos seres humanos como a consciência constituída no desenvolvimento das relações do indivíduo com o mundo. Nesse sentido, a consciência, é mutável, em constante transformação. Assim, o valor da categoria consciência, aos estudos sobre a constituição dos significados e sentidos da gestão pelo pedagogo/gestor está no fato dela possibilitar a ampliação da compreensão da forma como o ser humano significa o mundo e a constituição do seu pensar, agir e sentir. Entendemos que as categorias do MHD nos guia na compreensão da realidade investigada, por permitir entender nosso objeto de estudo não como uma natureza cristalizada, estagnada, mas, como movimento social, dinâmico que necessita de um método que dê conta dessa transformação da realidade material, que se constitui em um movimento infinito, em desenvolvimento contínuo de renovação, de morte do velho e nascimento do novo. Utilizar a consciência na compreensão do nosso objeto é entendê-lo como uma realidade em constante transformação, uma realidade material e objetiva que se firma e se desenvolve pelas ações do ser humano. Ao realizar uma análise categorial é preciso entender a gestão escolar como um movimento que possui elementos da universalidade, de sua particularidade e, ainda, singularidades. A investigação da Gestão escolar, em especial sobre a constituição de significado e sentido da gestão pelo Pedagogo/gestor, por meio do método dialético materialista, tendo como instrumento as categorias da PSH, é ir além de enumerar dados e estabelecer paralelos de comparação sem nexos. A categoria consciência tomada como instrumento, que permite extrair compreensões sobre gestão escolar, em seu processo histórico, entendendo o movimento que caracterizou as ações da Administração Escolar, Direção Escolar até chegar a 13463 Gestão Escolar, reconhecendo a materialidade e o processo de consciência, que explica a especificidade da Gestão escolar, em especial o trabalho do pedagogo à frente da gestão, como profissional que recebeu formação para o desenvolvimento dessa atividade. Os significados e os sentidos: a objetividade e a subjetividade do trabalho do pedagogo gestor A terceira categoria a que nos reportamos é a unidade composta pelo significado e pelo sentido. Segundo Vigotsky (2009), o significado é fruto de construções históricas e culturais estáveis, mas sujeitas à dialética das transformações. Sentido, por sua vez, é construção subjetiva, constituída a partir das vivências do sujeito. Aguiar (2006) esclarece que o homem é um ser singular, porém, na expressão de sua singularidade, existem significados sociais e sentidos subjetivos. Assim, como aprendemos a ser humanos, apropriando-nos dos significados, produzindo sentidos. Para compreender o sujeito, o ponto de partida são os significados, suas construções sociais mais estáveis, mas é preciso também transitar nas zonas mais instáveis, fluidas e profundas: a dos sentidos. Eles constituem-se por zonas muito mais amplas e por uma articulação particular do sujeito dos eventos psicológicos vividos em sua relação com o mundo. Os sentidos permitem entender o sujeito como a unidade dos processos cognitivos, afetivos e biológicos, que explicam os motivos e as causas do pensamento, dos afetos e das atividades. Entender o trabalho do pedagogo na gestão escolar implica aproximar-se das zonas de sentido, compreender as vivências profissionais, as contribuições sociais e as relações subjetivas que mediam a prática educativa do gestor escolar. Assim, a categoria significação é um instrumento que possibilita analisar o trabalho do gestor, em seus aspectos objetivo e subjetivo. A atividade gestora do pedagogo é uma produção mediada pelo social (significado) e pelo pessoal (sentido), e, portanto, o que faz um dado indivíduo ou grupo social, ou o que pode vir-a-ser e fazer depende dos significados sociais compartilhados e dos sentidos produzidos sobre sua realidade objetiva e subjetiva. Considerações Finais 13464 Os estudos, leituras e discussões realizadas e apresentadas em síntese, neste artigo, podem ampliar a compreensão sobre MHD e sobre PSH, mais especificamente, sobre suas categorias. E, com isso, serviram para sustentar a pesquisa bibliográfica e a reflexão, considerando os dois indissociáveis eixos de produção científica, teoria e método. A partir do processo de pesquisa e de reflexão, por meio das categorias do MHD e da PSH, podemos afirmar que tais conjuntos de produção teórica permitem analisar a realidade material compreendendo o pensar, agir e sentir no mundo em constante transformação. Reiteramos que nossa pesquisa teórica sobre a constituição do significado e sentido do trabalho do Pedagogo/Gestor teve como base teórica, o Materialismo Histórico Dialético/MHD e a Psicologia Sócio-Histórica, a partir da qual depreendemos as categorias que guiaram o nosso olhar sobre o objeto de estudo. Isso, porque, por meio da historicidade compreendemos a história do ser humano como um complexo em movimento, que está sujeito à determinação causal e múltipla e, não, linear, evidenciando que a historicidade se constitui como princípio do próprio ser. Desta forma a categoria historicidade é movimento de continuo de transformações qualitativas, que permite entender a os significados e os sentidos da gestão escolar constituídos pelo pedagogo como um complexo de mudanças e transformações. Assim, investigar a historicidade da gestão escolar é investigar seu processo de mudança. A consciência humana se constitui na e pela atividade social do ser humano. Essa afirmação explicita o ser humano como um ser da atividade, que por meio do trabalho e da linguagem iniciou o processo de desenvolvimento da consciência humana. Nesse movimento de constituição que é social e individual, que o ser humano constitui o seu modo de pensar, agir, sentir, suas vontades, desejos. Enfim, torna efetiva a sua história. Defendemos que a categoria consciência viabiliza compreensão acerca dos significados e dos sentidos da Gestão escolar constituídos pelo pedagogo gestor, entendendo-a como uma atividade material e social, que possibilita a compreensão do ser humano como co-responsável pelas mudanças e transformações sociais que vivencia e reafirmando-o como um ser socialmente ativo. Em síntese, destacamos as categorias Historicidade, Consciência, Significação, Significados e Sentidos como chaves para decifrar o movimento de apenas um tipo de processo do psiquismo: a constituição de significados e sentidos, pelo ser humano, sobre um objeto da realidade educacional. REFERÊNCIAS 13465 AFANASIEV, Viktor Grigorievich. Fundamentos da Filosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. AGUIAR, W. M. J. Sentidos e significados do professor na perspectiva sócio-histórica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. BURLATSKI, F. Fundamentos da Filosofia Marxista – Leninista. Trado: K. Asryants. Moscou: Edições Progresso, 1987. DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1980. LEONTIEV, Alexis. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte, 1978. PRESTES, Zoia. Quando não é quase a mesma coisa: traduções de Lev Semionovitch Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2012. TULESKI, Silvana Calvo. Vygotski: a construção de uma psicologia marxista. 2 ed. Maringá: Eduem, 2008. VYGOTSKY, L. S. Teoria e Método em Psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 1996. _______________. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. 2 ed. São Paulo: Editora Martins Fonte, 2009.