O seu CQ está tentando dizer alguma coisa? *CONECTANDO PONTOS PARA REVELAR PADRÕES E CAUSAS DETERMINÁVEIS Existe uma lição que precisa ser aprendida a respeito de causas comuns e especiais de desvios, ambas em controle de qualidade. Como cientistas de laboratório, fomos ensinados a conectar os pontos de resultados de controle para procurar por padrões nos dados e causas indeterminadas. Estes eventos podem nos ajudar a entender as dificuldades e a importância das práticas de controle de qualidade no laboratório, como separar causas comuns de variação de causas determináveis, que são problemas que devem ser consertados. CAUSAS COMUNS X DETERMINÁVEIS “Algumas maçãs podres” parece ser o termo não técnico para “outlier” que se encontra fora do comportamento normal esperado ou variação normal. Na linguagem de controle de qualidade, esta variação é atribuída a causas comuns. Variação incomum ou anormal é atribuída a uma causa especial que é determinável em um evento indeterminado, e é denominada causa especial ou determinável. Causas comu ns são aqueles fatores e variáveis que aumentam a variação normal, enquanto causas especiais são aquelas que levam a uma variação anormal ou incomum. As causas comuns geralmente levam a pequenas variações randômicas que individualmente são difíceis de sere m isoladas e controladas, mas juntas resultam em uma faixa de variação esperada e frequentemente previsível. Em processos analíticos, variações pequenas no volume de amostra, volume de reagentes, controle de temperatura, tempo, etc., aumentam a estabilidade inerente da imprecisão que é a característica de performance do método. Causas determináveis, por outro lado, aumentam a variação incomum ou anormal que, se adequadamente identificada, pode então ser eliminada. A eliminação de causas determináveis, ou no mínimo a minimização de seu número, deverá realmente ser o primeiro passo no estabelecimento de uma situação de controle estatístico onde a faixa de desvios torna-se previsível. Em relação aos instrumentos de laboratório a responsabilidade é do fabricante. Em relação aos processos de dosagens a responsabilidade é do gerente do laboratório. Na rotina de um laboratório, o trabalho do analista é identificar causas determináveis quando estas ocorrem, realizar correções quando necessário, e eliminar problemas indeterminados quando possível. Esta é a razão da utilização do CQ estatístico e porque ele é tão importante. A habilidade de distinguir entre causas comuns e causas determináveis pode depender da capacidade do analista. Todos nós sabemos que os analistas de laboratório, com muitos anos de experiência, podem dar uma olhada no mapa de controle e imediatamente dizer se existe ou não um problema. Quando alguém pergunta como eles fazem isto, eles frequentemente falam da aparência ou padrão nos dados. A dificuldade para os novos analistas é ganhar experiência suficiente para avaliar competentemente os dados de controle. É um desafio para os gerentes de laboratórios que devem ter a certeza de que todos os analistas possuem as habilidades necessárias para identificar problemas. REGRAS DE CONTROLE DEVEM SEPARAR AS CAUSAS COMUNS DAS CAUSAS DETERMINÁVEIS Por esta razão a definição das regras de controle é importante. As regras de controle definem o padrão que estamos procurando nos dados. Obtido o comportamento normal ou variação do processo, devemos identificar resultados que excederam a faixa esperada, bem como padrões incomuns dentro da faixa esperada. Por exemplo, ai está o que as seguintes regras estão procurando: 13s – Existe algum resultado que exceda o valor especificado de variação? Existe somente cerca de 3 chances em 1000 de se observar um resultado fora dos limites que estão estabelecidos em Média ± 3DP. 22s – Existe um padrão onde dois resultados consecutivos excedem o mesmo limite controle 2s? Esta regra requer dois resultados em uma linha, dois resultados altos ou dois resultados baixos, que podem ser causados por uma mudança sistemática nos resultados do método (problema de exatidão). Existe somente cerca de 4 chances em 1000 de se observar esta condição devido a variação normal do processo. R4s- Existe um padrão onde a faixa de resultados está muito extensa, um resultado excedendo a média de + 2s e o outro resultado excedendo a média de – 2s do limite do controle? Se existe, o erro randômico do método está maior do que o esperado (problema de precisão). 41s – Existe um padrão onde 4 resultados consecutivos do controle excedem a mesma média + 1s ou a mesma média – 1s do limite do controle? Se existe, provavelmente existe um erro sistemático ou um problema de exatidão. 10x – Existe um padrão onde dez resultados consecutivos de controles estão todos acima ou abaixo da média? Se existe, provavelmente existe um erro sistemático ou problema de exatidão. Pode-se notar que como o limite do controle aproxima-se da média da variação normal, a “série” das observações consecutivas deve aumentar para identificar corretamente um padrão incomum no meio da variação normal esperada. Uma longa série de eventos relatados, mesmo no meio da variação normal, pode revelar que algo incomum está acontecendo e existem causas indeterminadas que necessitam ser identificadas e definidas. DETURPAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE Se a regra de controle errada é usada, pode haver perigo na declaração de uma causa determinada mesmo que a variação esteja normal. Por isto a regra 12s comumente usada é um problema. Esta regra não foi listada acima porque ela não distingue causas comuns de causas determinadas. Todos sabemos que existe 5% de chance de se observar 1 medição fora do limite de controle 2s, mesmo que tudo esteja perfeito. Esta regra leva a um “falso alarme” ou a uma “falsa rejeição” porque esta medição fora do limite é devido a variação comum e esperada do processo. O que vários analistas não sabem é que a mudança de uma falsa rejeição é de cerca de 10% quando dois níveis de controles são analisados, que é o mínimo solicitado pelo CLIA (e cerca de 15% se três níveis de controles são analisados). Um alto nível de falsas rejeições causa tanta confusão, que o analista não sabe o que fazer quando a bateria de testes está fora do controle. Isto leva a prática comum de repetições do controle até que ele fique “dentro”. Esta prática deturpa as aplicações de controle de qualidade porque não fazemos nenhuma tentativa de identificar as causas determinadas e corrigir ou eliminar os problemas. A LINHA INFERIOR A gerência é responsável por estabelecer os procedimentos de controle apropriados que fornecem resultados de testes seguros para os pacientes. As ferramentas de CQ e treinamentos são necessários para os técnicos de bancada para que eles possam realizar suas funções de maneira adequada, isto é, produzir resultados de qualidade necessários para o tratamento do paciente. Se tivermos um problema de controle hoje, isto significa que temos problemas de gerenciamento. Se quisermos mudar estes problemas de controle, significa que teremos de mudar nosso procedimento de gerenciamento ou a pessoa responsável por ele. As “maças podres” não são aquelas pessoas da linha de frente que estão fazendo suas obrigações e realizando seus trabalhos como esperado. As “maçãs podres” estão no gerenciamento. A linha inferior está na gerência que é responsável pelos problemas de qualidade. *Westgard QC, A Word from JOW: Connecting the Dots to Reveal Patterns and Assignable Causes. July 2004.