Unicamp/Instituto de Economia – Texto para discussão A SUSTENTABILIDADE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Humberto Nascimento Neste artigo tratamos das conotações que o termo sustentabilidade historicamente ganhou na Ciência Econômica, particularmente nas Teorias do Desenvolvimento, quando estas referiam-se à realização de desenvolvimento sustentado. Numa perspectiva mais atual, tentamos explorar possíveis reinterpretações para o problema da sustentabilidade a partir de autores como Ignacy Sachs, Herman Daly e Martínez-Alier. Nosso intuito básico é contribuir para o reencontro entre a economia e a ecologia. I - Introdução Eivados de uma visão monolítica, os defensores da globalização consideram qualquer atitude contrária ou crítica à aplicação imediata de sua ideologia, que tem no mercado seu fim, um atraso e uma negação da realidade dominante na economia mundial. Dessa forma, um processo de desenvolvimento para se sustentar deve estar inserido nessa visão monolítica, herdeira do totalitarismo das concepções únicas e absolutistas. A questão que levantamos é se é possível pensar em desenvolvimento sustentável no contexto atual da globalização? Ou melhor, o próprio conceito de sustentabilidade não necessita ser repensado nesse contexto? A nosso ver é possível propor uma abordagem não-convencional da sustentabilidade do desenvolvimento. Diante dessa perspectiva, consideramos, desde já, que o desenvolvimento na perspectiva convencional é insustentável tanto para os países pobres como para os ricos e que a (des)ordem global, além de impor sérios riscos à sobrevivência do e no planeta, nos impõe a necessidade de estabelecer uma outra (des)ordem, em que a lógica da inclusão e da exclusão dialoguem permanentemente nas engrenagens do mutante capitalismo mundial. A Teoria do Subdesenvolvimento analisou a situação na qual um país é considerado subdesenvolvido porque não consegue internalizar o padrão de vida existente em países industrializados. A segunda guerra mundial (1939-45) foi o ambiente de demonstração militar da condição de subdesenvolvimento, pois os países pobres deveriam ser forçados a seguir os padrões industriais dos países ricos. Há uma desqualificação sócio-econômica e cultural, por meio da nova divisão do trabalho no pós-guerra, de vários países africanos, asiáticos e latino-americanos, para que se submetessem à lógica do desenvolvimento capitalista, que naquele momento representaria a hegemonia ideológico-militar do ocidente. Quanto à Teoria da dependência, há nela a aceitação da noção de subdesenvolvimento, ou seja, são subdesenvolvidos aqueles países que são dependentes. Mas, se são dependentes, não significa que serão eternamente subdesenvolvidos. A condição de periferia é um conceito também utilizado pelos dependentistas, já que ele se refere a vários países de passado colonial recente presentes na África, Ásia e América Latina, os quais estariam subordinados aos países centrais (Europa Ocidental e América do Norte). A adoção dos padrões de comportamento dos países mais desenvolvidos (valores, moda, consumo, hábitos etc.) também faria parte das relações de dependência. Por outro lado, é essa dependência que permite a países com forte prevalência do setor primário, desenvolverem o setor secundário (os “novos países industrializados”), reproduzindo internamente as relações capitalistas. Não foi à toa que o processo de endividamento externo se estendeu rapidamente nos países periféricos e, mais do que isso, o endividamento interno dos mesmos promoveu o elo de ligação entre a elite 2 dirigente local com as dos países centrais. O objetivo dessa ligação foi o de fortalecer os grupos econômicos nacionais e, simultaneamente, os grupos estrangeiros, através do estreitamento de laços com os grupos políticos tradicionais, particularmente, a elite oligárquica da América Latina. Os teóricos do imperialismo de linha marxista (Hobson, Hilferding, Lênin, Baran, Sweezy) aprofundaram as críticas em relação às causas do empobrecimento generalizado nos países periféricos, pois estes quanto mais estreitavam laços com os países do centro mais sofriam as conseqüências da desestruturação político-social: crescimento do desemprego e do sub-emprego e o desenvolvimento desigual das diversas regiões do mundo, frente às mesmas alternativas técnicas, nas relações de comércio internacional. Dessas visões alternativas de desenvolvimento, destacamos as visões de Prebisch e de Celso Furtado sobre os benefícios do desenvolvimento para a América Latina: “Tem sido feitas referências às assim denominadas altas taxas de crescimento possíveis para a América Latina. Eu não compartilho do regozijo sobre esta perspectiva. Além do mais, as altas taxas de crescimento que têm sido atingidas por alguns países são acompanhadas por uma crescente disparidade de distribuição de renda e pela falta de habilidade do sistema econômico em absorver com satisfatória produtividade o contínuo aumento da força de trabalho. A introdução da sociedade de consumo significa que estamos nos ‘beneficiando’ com todas as ‘delícias’ do seu padrão de consumo tais como poluição, uso irresponsável dos recursos não-renováveis, crescente congestionamento das cidades e erosão de alguns valores humanos que gostaríamos de preservar. (Prebisch, 1974:40, citado por Daly, 1984:114) “a hipótese de generalização, no conjunto do sistema capitalista, das formas de consumo que prevalecem atualmente nos países cêntricos, não tem cabimento dentro das possibilidades evolutivas aparentes desse sistema. ( ... ) O custo, em termos de depredação do mundo físico, desse estilo de vida, é de tal forma elevado que toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização, pondo em risco as possibilidades de sobrevivência da espécie humana. Temos assim a prova definitiva de que o desenvolvimento econômico – a idéia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das formas de vida dos atuais povos ricos – é simplesmente irrealizável.” (Furtado, 1974:75) O economista Armando de Melo Lisbôa, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, referindo-se aos países que, como o Brasil, foram seduzidos pela ilusão do desenvolvimento faz duas menções básicas em sua análise. Uma sobre a difusão do desenvolvimento como mito, através do Programa Ponto Quatro, proposto pelo presidente norte-americano Harry Truman no quarto ponto de seu discurso de posse em janeiro de 1949, lançado em 1950 com o objetivo de ajudar de forma técnica, educacional e sanitária aos países subdesenvolvidos, “para que todos os povos no mesmo caminho para a prosperidade”. Isso viria a ser aplicado, disseminando o significado atual de desenvolvimento, usando-se um pretexto bastante conhecido, presente na seguinte passagem do artigo de Lisbôa: “O conceito de desenvolvimento, como um Cavalo de Tróia, nasce como a marca da missão civilizadora do ocidente capitalista industrial para enfrentar a novidade da emergência política do terceiro mundo (impulsionada pela revolução chinesa e ascensão do bloco comunista)”. 3 Outra menção do mesmo autor, diz respeito à necessidade do desenvolvimento nos termos em que se apresentou para a América Latina, ou seja, como “um olhar colonizador sobre o Outro, julgado miserável antes de ser”. Essa perspectiva levou a uma crise sem precedentes da idéia de desenvolvimento: “Hoje os povos do Sul [países situados abaixo da linha do equador, hem isfério sul] estão entregues à própria sorte. (...) Obcecado por uma modernidade obsoleta nosso pensamento tem se desencontrado com a realidade”. Sendo assim: “O contrário de desenvolvimento não é decrescimento, é a possibilidade da sociedade de se pensar através dela mesma, de usufruir criativamente de sua diversidade”. E chega a uma conclusão radical: “Se não se cura o mal com o mal, não podemos remediar as insuficiências da industrialização com mais industrialização, mais desenvolvimento. Talvez estejamos andando em círculos. Não se trata de reconceituá-lo. Trata-se de abandoná-lo”. As tentativas de mistificação da idéia de desenvolvimento, obedecendo aos propósitos da industrialização como panacéia, revelando a ilusão do desenvolvimento, remete-nos a uma constatação pessimista: a de que o modelo de desenvolvimento tradicional, embora com efeitos positivos no curto prazo, no longo prazo tem se mostrado nocivo à realidade dos povos subdesenvolvidos. Mas podemos ir um pouco mais longe. A questão é de poder e riqueza, processo de dominação que marcou os diversos percursos do desenvolvimentismo no mundo. A idéia de desenvolvimento, incorporada às diversas teorias, na verdade, foi uma manifestação clara dessa constatação, por isso não se encampou uma séria defesa daquela problemática presente em Harrod e Domar. Tal postura acabou distinguindo dois pólos de pensamento: entre ortodoxos- liberais, para manter a ordem vigente e ortodoxos- marxistas, para subverter a ordem que imperava. Produziu-se, assim, o monolitismo de pensamento. Quanto aos heterodoxos, dispersos entre os dois pólos, no caso da América Latina, restava- lhes pelo menos admitir o caráter dependente e ‘desequilibrado’ dos modelos de desenvolvimento, embora sem terem retomado a dupla problemática: insustentabilidade e instabilidade. Em fins dos anos 60, essa dupla problemática veio à tona através: da degradação humana e ambiental convivendo com as formas mais avançadas de progresso técnico e concentração de riqueza, bem como da dificuldade/impossibilidade de reproduzir esses “avanços” e distribuir essa riqueza para as gerações presentes e futuras. Esse é o balanço do século 20. Mas falta a pergunta: se há uma combinação perversa de insustentabilidade e instabilidade na economia mundial, como promover o desenvolvimento? O claro desafio quem coloca é A. M. Lisbôa (1996): “É suficiente criticar o ‘mal-desenvolvimento’ e redefini-lo? Desenvolvimento humano, na escala humana, social, integral, endógeno, sustentável, alternativo, ecodesenvolvimento, etnodesenvolvimento ... Nesta procura por um ‘outro’ desenvolvimento, o espaço de reconceituação descobre e incorpora novos adjetivos (revelando a carência do conceito) que qualificam o essencial, o permanente substantivo: desenvolvimento, uma idéia tragicamente subdesenvolvida”. A linha de argumentação que adotamos até aqui, fez questão de salientar que há incompatibilidade entre o desenvolvimento econômico e sua perspectiva de sustentabilidade. Acreditamos que as evidências de que o capitalismo é um sistema instável ficaram claras nas várias tentativas de desenvolvimento dos países pobres e na incapacidade das Teorias do Desenvolvimento em tratar a questão da instabilidade como uma característica inerente aos modelos frente à realidade, inclusive agora na 4 abordagem do desenvolvimento sustentável pela teoria econômica convencional, de viés neoclássico ou não. Para nós, a globalização, entendida como generalização do padrão de vida dos países ricos ao alcance de todos, em que a liberdade de comércio e de circulação financeira propiciará as condições e oportunidades efetivas de desenvolvimento aos diferentes países, não passa de uma grande ilusão e risco. Exacerbar os limites biofísicos da natureza e biopsíquicos do homem não é possível sem uma drástica alteração na vida no e do planeta, o que gerará um desequilíbrio congênito que se autoreproduzirá indefinidamente sem controle possível. Na Conferência Mundial da Sociedade Internacional para o Desenvolvimento, realizada no México em abril de 1994, o ex-secretário geral da ONU, Cuéllar, afirmava: “nossas formas de desenvolvimento baseadas na expansão contínua do consumo material não são viáveis nem prorrogáveis ao infinito. Não apenas elas dilaceram o tecido de que as culturas são feitas como também ameaçam a biosfera e a sobrevivência da humanidade” (LISBÔA, A. M., 1996). No workshop “Agenda 21 Brasil: A Utopia Concreta”, o teólogo Leonardo Boff, segundo descreveu o jornalista Wasington Novais do Jornal Gazeta Mercantil (21.03.97), vaticinava: “é preciso questionar até mesmo o conceito de desenvolvimento sustentável. Ele seria uma contradição em termos, pois desenvolvimento é um conceito linear, que vem da economia, pensa em horizontes ilimitados, com voracidade crescente, acumulação permanente, é competitivo, não-cooperativo, produtor de exclusão, do fim do emprego. Por definição, seria insustentável”. Essas duas visões se complementam e podem ser enriquecidas com alguns fatos: ? A vida urbana - diagnósticos feitos em 19961 , na reunião da Habitat II, em Stambull, “lembrou que no começo deste século apenas 10% da humanidade morava em cidades e agora já estamos próximos de 50%”. As grandes cidades concentraram cerca de 50% da população urbana: só megalópoles já são 22 com mais de 8 milhões de habitantes cada e serão 33 milhões em 2015. “Os níveis de insegurança são insuportáveis, o ruído urbano já quase equivale ao industrial. Sucederam-se inundações, congestionamentos, deseconomias”. ? O padrão de consumo - “Um relatório brasileiro para a Rio 92 lembrava que um habitante no Primeiro Mundo tem hoje um impacto sobre os recursos naturais (por sua renda e consumo) 25 vezes maior que o habitante médio dos países ditos em desenvolvimento”. Outros estudiosos estimam essa diferença em até 200 vezes, se for levar em conta “os mais ricos entre os ricos e os mais pobres entre os pobres. (...) Segundo todos os estudiosos, não seria possível estender a todos os habitantes do planeta esse nível de consumo do Primeiro Mundo: nem há recursos naturais suficientes, nem seria suportável o nível de devastação e poluição daí decorrente”. ? A globalização - esse processo agrava as disparidades entre ricos e pobres e “coloca em xeque o que parecia vôo em céu de brigadeiro”. É o que demonstram os dados do Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 1996 no capítulo sobre globalização: “Entre 1995 e 2001, a Rodada do Uruguai do Gatth, que criou a OMC, deverá provocar um aumento na renda mundial entre 212 e 510 bilhões de dólares, via aumento do comércio, da maior eficiência das negociações e das maiores taxas de rendimento do capital”. Porém, na repartição desta renda a tendência observada até o início dos anos 90, aponta o Relatório, é de que os países menos 1 Gazeta Mercantil, artigo: “A crise das cidades e os índios”, de 23.04.97. 5 desenvolvidos serão desfavorecidos. Em 1991 os países pobres respondiam por 0,3% do comércio mundial, metade do que tinham em 1970. Os países em desenvolvimento acumularam perdas entre 1980 e 1991 de cerca de 291 bilhões de dólares. Razão: queda de 45% em 1990 dos preços reais dos produtos básicos em relação a 1980 e queda de 35% dos produtos manufaturados entre 1970 e 1991. E tem mais. As leis anti- migração em toda a Europa e EUA; os atuais conflitos étnicos no mundo; a imposição de barreiras não tarifárias no comércio internacional pelos países ricos em transações com os países menos desenvolvidos; o novo processo de endividamento externo/interno imposto aos países latino-americanos, asiáticos e do velho bloco socialista em troca de uma estabilidade apenas monetária; o próprio descontrole das finanças internacionais que tem beneficiado os portadores de capitais especulativos e penalizado os capitais produtivos dentro de uma lógica que se baseia na ampliação e prolongamento do ciclo de incertezas e não em tentativas de evitá- las; são exemplos do estado atual de instabilidade sistêmica que contamina todas as esferas da economia mundial. Por outro lado, acreditamos que o capitalismo está em processo de mutação e a globalização é apenas a manifestação aparente da mesma, que vem se dando com a generalização da instabilidade para todo o planeta da forma de produzir e repartir os frutos do progresso. Exige isso um profundo recuo/abandono da via totalitária do desenvolvimento, mas não da sua totalidade. Subentende-se que o desenvolvimento econômico pleno é impossível porque traz em si o germe da instabilidade do crescimento a qualquer custo. A sua insustentabilidade torna a instabilidade uma regra geral da manutenção do poder/dominação do capital nos destinos do desenvolvimento no mundo. Sendo insustentável, representaria a ruína do ecossistema natural e humano. Desenvolvimento como reprodução da idéia de que o “progresso material” é extensivo a todos os povos do planeta, que continua e ganha força nos marcos da globalização, é incompatível com a perspectiva da sustentabilidade. A inerente instabilidade do capitalismo distorce o significado de sustentabilidade e dificulta a procura do equilíbrio ambiental e da eqüidade social desejáveis. II - Desenvolvimento como percepção do re -envolvimento: economica-ecológica ou ecodesenvolvimento? A proposta desse texto é buscar um diálogo frutífero entre Herman Daly, Joan Martínez-Alier e Ignacy Sachs no tratamento da questão do desenvolvimento. Tais tendências, tentam pensar a economia e a ecologia de maneira conjunta, inseparável. Re- integrar as duas ciências, esse é um propósito maior e um desafio para os próximos tempos. Re- integrar comunga com outro sentido, o de re-envolver. Tratando-se de economia e ecologia, re- integrar refere-se ao estabelecimento de um diálogo permanente entre as duas ciências; e re-envolver refere-se à ação, à prática propriamente dita de construir, se possível, as novas bases do desenvolvimento no planeta. Quanto ao primeiro aspecto, re- integração, já há um certo consenso de que não dá para prosseguir/insistir em trajetórias insustentáveis de desenvolvimento. Agora, quanto ao segundo aspecto, re-envolvimento, a controvérsia é grande: uns defendem o nãocrescimento e outros, ainda argumentam a favor de sua continuidade. Como a percepção dessa discussão com relação à teoria da economia ambiental de viés neoclássico já é 6 mais conhecida, veremos como ela se dá em relação aos adeptos da economia-ecológica e do ecodesenvolvimento 2 , ambas de compreensão mais sutil. Daly, como um dos maiores críticos à teoria economia ambiental ortodoxa, baseado no fato de que: ? a natureza impõe uma escassez geral da qual não se escapa; ? os limites absolutos invalidam a idéia de que seja possível à tecnologia substituir indefinidamente recursos velhos por novos; ? a interação entre desejabilidade e possibilidade fornece o limite econômico do crescimento; defende a emergência de uma economia política das necessidades finitas e do nãocrescimento. Para isso, retoma o conceito de estado-estacionário de Stuart Mill, que dizia: “o melhor estado para a natureza humana é aquele em que, se por um lado ninguém é pobre, por outro lado ninguém deseja ser mais rico do que é, nem tem motivo algum para temer para ser jogado para trás pelos esforços que outros fazem para avançar.” (Stuart Mill) Esse era o sentido clássico de um estado real de coisas em direção ao qual o mundo, se supõe, estaria evoluindo. O seu sentido mecanicista ou neoclássico supõe uma economia na qual gostos e técnicas são constantes. Segundo Daly: “o estadoestacionário significa um constante estoque de riqueza física (capital) e um constante estoque de pessoas (população)”. Ou seja, para que haja um equilíbrio, é necessário igualar a taxa de influxo (nascimento, produção) à de afluxo (morte, consumo). Essa relação de igualdade entre influxo e afluxo é denominada de transfluxo ou taxa de utilização de matéria-energia, que serve para medir a constância dos acervos. O ideal é que quanto menor a taxa matéria-energia, maior a durabilidade dos estoques e melhor a qualidade de vida. Durabilidade significa, alé m da duração pura e simples de um produto, o grau de eficiência de reutilização do produto para o mesmo ou diferentes fins ao longo do tempo, reduzindo consideravelmente a degradação dos recursos. Por esse lado vemos uma possibilidade de garantia de sustentabilidade dos vários ecossistemas, porém será que evitaria a instabilidade do sistema econômico? É aí que entra a dificuldade: se a estabilidade não puder ser assegurada, dificilmente a sustentabilidade poderia ser alcançada e mantida como se deseja. A “condição estacionária”, como previu Mill e retoma Daly, pode vir a ser uma quimera, pois deve-se entender que o capitalismo, ao invés de estar preocupado com metas socialmente desejáveis que mantenham baixa a taxa de utilização matériaenergia, ocupa-se com a realização de lucros. Realizar lucros significa acumular riqueza no sentido físico e financeiro, produzindo-se mercadorias e dinheiro. Mantém-se a rodaviva da acumulação produzindo necessidades insatisfeitas, manipuláveis por intermédio de técnicas sofisticadas. Portanto, o aumento da riqueza não pode ser estancado apenas por intermédio da consciência ecológica, porque é da natureza do capitalismo a busca do lucros, a insaciabilidade. Daly defende suas idéias mais para países ricos que já alcançaram estágio avançado de desenvolvimento econômico e que, se continuado ao mesmo ritmo, trará danos irreversíveis para a humanidade e o meio ambiente. Ele argumenta que esses países deveriam ser os primeiros interessados na implementação de uma economia do estado-estacionário, já que são eles que determinam as regras de funcionamento do 2 Não vamos nos referir aqui ao conceito de Desenvolvimento Sustentável, que é mais genérico e sujeito a interpretações ambíguas. 7 sistema econômico no mundo como um todo, podendo inclusive colaborar mais ativamente com os menos desenvolvidos na busca desse propósito. O próprio Daly é realista nesse sentido: “É uma absoluta perda de tempo, tanto quanto um retrocesso moral, pregar a doutrina do estado-estacionário aos países subdesenvolvidos antes que os países superdesenvolvidos tenham tomado alguma medida para reduzir seu crescimento populacional e o crescimento do seu consumo per capita de recursos. Logo, o paradigma do estado-estacionário precisa antes de tudo ser adotado e aplicado nos países superdesenvolvidos” (Daly, 1984:94) O problema da distribuição salta imediatamente aos olhos quando se fala em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a questão é: como conciliar numa economia de mercado eficiência e eqüidade? “A alocação entre empresas, do limite agregado de recursos extraídos durante um dado período de tempo seria efetuada inteiramente pelo mercado. A distribuição de renda dentro de fronteiras mínimas e máximas seria igualmente deixada ao mercado. A distribuição de licenças de reprodução [humana] é feita fora do mercado na base de estrita eqüidade (uma pessoa = uma licença) mas a realocação via trocas de mercado é permitida no interesse da eficiência. A combinação das três instituições apresenta uma bela reconciliação entre eficiência e eqüidade e fornece o macrocontrole do crescimento ecologicamente necessário com o menor sacrifício em termos de liberdade a nível de microvariabilidade.” (Daly, 1984:77) Daly nos informa que aos países subdesenvolvidos caberia, de algum modo, um papel importante em direção a uma economia do estado-estacionário, já que a condição de subdesenvolvido é dada justamente pela relação de ampla desigualdade entre pobres e ricos. Uma das atitudes a tomar seria exercer pressão política forte em relação aos desenvolvidos (hoje o que ocorre é exatamente o contrário), para que estes reduzam substancialmente a punção da atividade econômica (superconsumo) sobre os recursos naturais. Outra iniciativa seria evitar o crescimento descontrolado da população e perseguir uma meta de estabilidade entre nascimento (nascer menos) e morte (morrer menos). Da mesma forma necessitariam serem reduzidas as expectativas e revisadas as metas de crescimento, dando uma outra dimensão aos investimentos que efetivamente melhore a qualidade de vida da população. O princípio da suficiência e o teorema da impossibilidade são dois supostos fundamentais dentro da formulação de Daly. O princípio da suficiência diz que uma produção per capita é suficiente quando permite prover o maior número de pessoas ao longo do tempo, através de uma regra que ele chama de “maximização da vida”, isto é, “as necessidades básicas das pessoas no presente têm prioridade sobre as das pessoas do futuro, mas a existência de pessoas no futuro tem prioridade sobre os desejos das pessoas do presente”. O teorema da impossibilidade diz o seguinte: “uma economia de alto consumo de massa, tipo EUA, para um mundo de 4,5 milhões de pessoas é impossível (grifo nosso) e mesmo que, por um milagre, fosse atingida teria certamente curta duração. Ainda mais irreal é a projeção de um sempre crescente padrão de consumo para uma sempre crescente população. As matérias primas concentradas na crosta terrestre e a capacidade do ecossistema para absorver tanto grandes quantidades quanto exóticas qualidades de material e poluição térmica, fixam um limite para o número de pessoas- 8 ano que podem viver em um ‘estado desenvolvido’ como este termo é entendido hoje, nos Estados Unidos e Terceiro Mundo.” (Daly, 1984:95) Sem uma mudança considerável dos valores e sem acordos intenacionais firmes, dificilmente se conseguirá estabelecer e impor práticas necessárias à perseguição de uma economia em bases sustentáveis como preconizado na doutrina do estadoestacionário. O próprio Daly relata o rol de dificuldades: “Em acréscimo à falta de boa vontade internacional, a existência de conflito de classes dentro de cada grupo de nações transforma a nossa solução em simples e irrealística. Os países superdesenvolvidos não querem limitar o consumo, porque o crescimento do consumo é o que adia o conflito social e distrai a atenção a respeito do problema da distribuição de renda e riqueza que tanto divide opiniões. (...) [Nos países subdesenvolvidos] trabalho abundante e barato é benéfico para os donos de terra e capital, a classe dominante, à qual, é claro, limita sua própria procriação.” (Daly, 1984:98) O problema é: quem vai abrir mão do prestígio e poder que a acumulação de riqueza traz? O capitalismo demonstrou, historicamente, que poder de competição e monopólio foram e são requisitos essenciais para a conquista e destruição de uma nação por outra ou, dito de outra forma, para o triunfo do individualismo (e do consumismo que o reafirma) sobre o comunalismo (e da cooperação que o caracteriza). É preciso que haja uma mudança dentro dos próprios marcos do sistema de produção e consumo que determine a passagem de um modo de produção excludente (baseado na posse individual e na competitividade) para um modo includente (baseado no uso individualcomunal e na cooperação). Mesmo com todos esses problemas, Daly não considera de todo irrelevante a discussão de uma economia do estado-estacionário para os países subdesenvolvidos, pois em boa parte deles podemos encontrar situações muito parecidas com as vividas nos países ricos3 . Dentro ainda da abordagem da Economia Ecológica, temos o Ecologismo Popular, de Martínez-Alier, economista catalão, que traz uma discussão interessante sobre pobreza e ecologia. Esse autor critica o lugar comum das abordagens sociológicas acadêmicas de qualquer matiz ideológica que tratam o “ecologismo” como “um fenômeno típico de setores prósperos dos países ricos, sem relação com a tradição de solidariedade universal característica do pensamento social progressista.” (MartínezAlier, 1998:17) Para esse autor, a questão para os pobres é de sobrevivência e não de qualidade de vida, visto que há uma piora da distribuição ecológica que não é compensada por uma melhor distribuição econômica, pois, no geral, os pobres danificam menos o meio ambiente e são mais ecológicos que os ricos. Essa postura realça e complementa ainda mais a abordagem de Daly, que parecia mais utópica. Ecologismo popular é a forma que os povos de muitas comunidades de países subdesenvolvidos encontram para sobreviver, convivendo em harmonia com a natureza que os cerca. Esses povos preservam o meio ambiente porque, para sobreviver, 3 “Ironicamente, já está experimentando os problemas ambientais do super desenvolvimento antes de ter resolvido os tradicionais problemas do subdesenvolvimento.” ( ... ) “... se a meta é aumentar o bem -estar da maioria dos brasileiros na presente e futura gerações, então parece claro que o Brasil deverá sair da auto-estrada do rápido crescimento e seguir a estrada lenta e esburacada da redistribuição e do controle populacional. Ao menos estas duas instituições do estadoestacionário já são relevantes para o Brasil e, provavelmente, para um grande número de outros países do Terceiro Mundo”. (Daly, 1984:113-114) 9 necessitam do acesso aos recursos e serviços ambientais disponíveis. Estão intrinsecamente ligados a essa condição e dela dependem para realizar suas potencialidades, manter suas identidades e perpetuar suas gerações no tempo e no espaço. Essa relação homem- natureza é solidária (fluxo permanente de troca recíproca de matéria-enegia), incorpora valores éticos e viabiliza alternativas de sobrevivência coletiva. Diz: “A palavra ‘ecologia’ não se refere aos luxos estéticos da vida, mas ao fluxo de energia e materiais, à diversidade biológica e ao uso agroecológico do solo e, portanto, resulta absurdo pensar que a consciência ecológica é uma novidade nascida nos círculos ricos dos países ricos.” (Martínez-Alier, 1998:31) Para ele, na verdade, as sociedades ricas praticam um ecologismo da abundância: reagem contra a destruição ambiental causada pelos próprios resíduos da abundância de que se beneficiam, o que não tem nada a ver com sociedades “pós- materialistas”, baseadas no maior peso do setor de serviços 4 . Mas suas objeções vão mais longe. Martínez-Alier parte da constatação de que os obstáculos ecológicos inviabilizam cada vez mais qualquer defesa pura e simples do crescimento econômico como panacéia redentora dos povos pobres. Daí vem sua crítica à própria ciência econômica. Afirma que a ciência econômica vive uma crise de princípios. Um dos problemas principais está na teoria do valor, quando esta considera a questão ecológica. Na valoração ambiental não há possibilidade, mesmo por tentativa de aproximação, de tornar racional o que é arbitrário: as avaliações de externalidades. Há um claro conflito, segundo ele, entre racionalidade econômica e gestão de recursos ambientais, porque, no que concerne à questão ecológica, inexiste uma comensurabilidade econômica. Se inexiste uma comunsurabilidade econômico-ecológica, propor uma espécie de racionalidade ecológica, baseada em políticas ambientais que levem em conta a capacidade de suporte de um determinado ecossistema, é contraproducente, pois, enquanto a ciência ecológica não explicitar que o problema relevante é de “distribuição ecológica”, ou seja, de assimetrias e desigualdades sociais, espaciais e temporais no acesso e uso dos recursos e serviços ambientais, não há como praticar de modo convincente e justo a internalização de externalidades. Dá um exemplo: “Se os pobres vendem barato [seus produtos], se sua disposição de pagar para gozar de um bom ambiente é escassa, se sua aceitação de um ambiente contaminado é relativamente barata, então os recursos e funções ambientais que lhes pertenciam (uma vez que se tenham estabelecidos títulos jurídicos adequados sobre estes recursos e funções) seguramente alcançariam valores mais baixos quando chegassem ao mercado, o mercado ecologicamente ampliado não será muito eficaz para dirigir a economia para a sustentabilidade.” (Martínez-Alier, 1998:196) E mais: “A avaliação crematística [cálculo econômico- financeiro para internalização de custos/benefícios ambientais] de externalidades irreversíveis e incertas, por meio de instituições que imitam ou complementam o mercado, é uma quimera, porque os não-nascidos não podem participar de nenhuma transação autêntica ou fictícia, e as outras 4 Nova York, a Big-apple norte-americana, seria um exemplo de sociedade pós-materialista. 10 espécies tampouco podem acudir ao mercado. Os elementos da economia são incomensuráveis, não existe uma única medida de valor”. (MartínezAlier, 1998:260) O claro desafio, então, é fazer com que a ciência econômica não se resuma ao estudo da formação de preços (crematística), mas dedique-se mais largamente ao estudo do aprovisionamento material e energético das comunidades humanas (oikonomia). E aponta caminhos. Um deles seria incorporar o enfoque ecológico à Teoria do Subdesenvolvimento, que vê a perpetuação das desigualdades como fruto da dependência. A dependência, nesse caso, além de infravalorar a força de trabalho dos países pobres e deteriorar suas relações de intercâmbio com os países ricos (medidas em preços), expressa-se principalmente na “troca desigual (medida em tempo de produção) entre ‘produtos’ extraídos, de impossível ou de longa reposição, e produtos de rápida fabricação.” Ignacy Sachs (1986), vem propor uma abordagem um pouco controversa em relação à Economia do Estado-Estacionário, de Daly e ao Ecologismo Popular, de Martínez-Alier, mas nem por isso complementares. Fala em Ecodesenvolvimento. O ecodesenvolvimento está fundamentado, segundo Sachs, na lógica das necessidades sociais e não da produção, ou seja, questiona o crescimento selvagem e afirma que é possível crescer sem destruir. Seu conceito é o seguinte: “É um estilo de desenvolvimento que, em cada ecorregião, insiste nas soluções específicas de seus problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os culturais, as necessidades imediatas como também aquelas de longo prazo.” (Sachs, 1986:18) Pelo texto acima, notamos que a tentativa de Sachs em compatibilizar desenvolvimento com gestão ambiental vai desde reconhecer o espaço e o tempo em que estamos inseridos, contextualizando a realidade, até ao estudo concreto de estratégias de desenvolvimento, que é basicamente um ato pedagógico de “aprender a aprender” a lidar com o mundo: construir saídas e novas entradas de como sair e de como entrar. Por isso não existe um única estratégia. Daí define e defende o que sejam “estilos de desenvolvimento”: 1. valorização dos recursos locais próprios da ecorregião; 2. realização das potencialidades humanas através da implantação de um ecossistema social satisfatótio; 3. utilização e gestão de recursos naturais? numa perspectiva de solidariedade diacrônica com as gerações futuras; 4. redução do impacto das atividades humanas sobre o ambiente através de formas de organização da produção que enxergam os processos complementares e o aproveitamento de resíduos ao longo da cadeia produtiva; 5. redução do consumo de energia proveniente de fontes comerciais, apostando na capacidade natural da região em aproveitar a fotossíntese sob todas as suas formas (fontes locais de energia, transporte alternativo, etc.); 6. compatibilização de tecnologias apropriadas com claros objetivos econômicos, sociais e ecológicos; 7. criação de nova s trajetórias institucionais processos democráticoparticipativos (autoridade horizontal, planejamento participativo e benefícios internalizados localmente) ; 8. complementação das estruturas participativas de planejamento e de gestão com educação ambiental formal e informal. ? Sachs define recursos naturais como um dado cultural: as estimativas de uma civilização sobre seu meio. 11 Sachs esclarece que: “No âmago de nossa problemática se encontra a interação dos processos naturais e sociais. Descrita pelo historiador e pelo geógrafo, e também pelo antropólogo, essa interação é, na maioria das vezes, subestimada pelo economista que só vê o lado social das relações de produção, e pelo ecologista que, em suas análises, rarissimamente insiste na imbricação das mudanças nos ecossistemas com as estruturas políticas e sociais.” (Sachs, 1986:44) O Ecodesenvolvimento exige condições estruturais propícias como reforma agrária e comunidades relativamente autônomas, a fim poder corresponder a todos os propósitos enumerados acima. Ao contrário do que muitos imaginam, na verdade, as alternativas são muitas e, portanto, “é errado pressupor que a ‘taxa de exploração da natureza’(Wilkinson, 1973) esteja relacionada apenas com a taxa de crescimento econômico e não com as formas, conteúdos e usos do crescimento. A relação paramétrica entre as duas taxas só seria verdadeira se os objetivos da sociedade, os padrões de consumo e de produção, assim como as opções tecnológicas não fossem passíveis de controle social intencional. Em vez de se questionar o crescimento como tal, caberia melhor explorar padrões alternativos de crescimento, baseados em uma função-objetivo diferente, organizados e instrumentalizados de maneira a minimizar os impactos ecológicos negativos e o uso de recursos exauríveis. O desafio consiste na redefinição das formas e usos do crescimento e não na desistência do crescimento.” (Sachs, 1986:52-53) Com tal postura, Sachs propõe a formulação de estratégias de transição de práticas predatórias tradicionais para práticas prudentes política, social e ecologicamente no curso do desenvolvimento. As estratégias promoveriam, de modo mais flexível e efetivo, os critérios socio-culturais de encaminhamento e resolução dos problemas ecológicos no interesse de um novo projeto civilizatório, em que a sustentabilidade do desenvolvimento seria um item negociável e realizável de sua viabilidade. V - CONCLUSÃO Nesse artigo, tivemos o propósito não de simplesmente mostrar divergências, mas convergências. Dissemos que re-integrar é propor uma dialogicidade entre economia e ecologia, do mesmo modo que re-envolver seria trilhar o caminho desse reencontro como um compromisso prático. Portanto, tanto a Economia Ecológica, no aspecto da reintegração, tem contribuído bastante, quanto a abordagem do Ecodesenvolvimento, no aspecto do re-envolvimento, tem colaborado significativamente. Essas duas posturas marcam o sentido das novas percepções sobre o desenvolvimento, cuja sustentabilidade não é mais um item exclusivo da economia, mas um item necessário para se assegurar o maior de todos os temas: o destino do planeta e dos povos que nele habitam. Nesse sentido, a mudança atual na dinâmica de regulação das economias capitalistas favorece uma maior internalização de valores sócio-ambientais no próprio funcionamento da economia. Falta discutirmos a justiça distribuiva, visto que, numa perspectiva mais justa de sustentabilidade, a riqueza ganha uma dimensão qualitativa em que a ecologia e a ação pró-ecologia são consideradas numa nova trajetória institucional e tecnológica, ou seja, entre as instâncias (instituições) responsáveis pelo desenvolvimento e a criação de modos de fazer (tecnologias) menos predadores e mais realizadores do potencial humano. 12 BIBLIOGRAFIA DALY, H. A Economia no Século XXI. Porto Alegre/RS: Mercado Aberto, 1984. GALBRAITH, J. K. O novo estado industrial. Col. “Os Economistas”, 3ª ed. São Paulo: Nova Cultural. JONES, H. G. Modernas Teorias do Crescimento Econômico. São Paulo: Atlas, 1979. JORNAL GAZETA MERCANTIL – vários números. LISBOA, A. de Melo. (1996) Desenvolvimento: uma idéia subdesenvolvida. In: Cadernos do CEAS, Salvador/BA, nº 161, jan-fev, p. 11-21. MARTÍNEZ-ALIER, J. Da Economia Ecológica ao Ecologismo Popular. Blumenal/SC: Ed. Da FURB, 1998. ROMAN, Carla R. 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