Quénia/ Refugiados da Somália/ Crianças brincam no exterior do Campo IFO em Dadaab. A violência persistente na Somália conduziu a um aumento do número de refugiados somalis que procuram refúgio na fronteira com o Quénia. Recentemente, a situação na região agravou-se, devido a uma das maiores secas de que há memória. O ACNUR luta, diariamente, para melhor responder às necessidades dos milhares de recém-chegados que precisam de abrigo, alimentação e cuidados médicos, neste que é um dos maiores campos de refugiados do Mundo. / UNHCR / E. Hockstein / Dezembro 2008 DE RELATÓRIO ACTIVIDADES 2011 Conselho Português para os Refugiados INTRODUÇÃO A escalada de violência a que assistimos no Norte de África e Médio Oriente na Primavera de 2011 e a persistência de velhos conflitos e graves violações dos Direitos Humanos no Afeganistão e no Iraque contribuíram fortemente para o aumento, na ordem dos 20%, do número de pedidos de asilo nos países industrializados. No entanto, registe-se que os cerca de 441 300 pedidos efectuados no ano passado, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), não atingem o terrível número de 463 000 pessoas que vivem num só campo de refugiados, o de Dadaab, no nordeste do Quénia. Continuam a ser os países mais pobres os mais generosos para com os refugiados e as vítimas da violência generalizada. Portugal acompanhou a tendência de crescimento e registou, exactamente no ano em que o Conselho Português dos Refugiados celebrou o seu 20º aniversário, um aumento de 71,8% em relação ao ano anterior (2010), consubstanciando-se em 275 pedidos. Não obstante este número é dos mais baixos de entre os 27 Estados-membros da União Europeia. Ao número acima indicado, juntam-se os 30 refugiados acolhidos em Portugal no âmbito do Programa Nacional de Reinstalação. Nacionais da Eritreia, Senegal e Iraque são provenientes da Tunísia, Mauritânia, Síria e Ucrânia. No total, Portugal acolheu, pois, 305 pessoas com necessidades de protecção, tendo o CPR, através dos seus serviços, diligenciado o apoio necessário a esta população. Perante este aumento, foram notórias as dificuldades sentidas pela organização ao longo do ano, com especial incidência no último trimestre de 2011, uma vez que o sistema nacional de acolhimento está apenas apto para receber entre 160 a 180 pessoas. Foi necessário recorrer, entre outras medidas, a formas de alojamento alternativas para fazer face à sobrelotação do Centro de Acolhimento para Refugiados, na Bobadela. Acresce que a interrupção de apoios sociais aos requerentes de asilo, em fase de instrução, por parte de algumas instituições e a falta de resposta célere da Segurança Social, teve consequências financeiras sérias para o CPR. Perante esta nova realidade, a organização encetou esforços para rapidamente responder a esta dificuldade, contactando e sensibilizando os principais "stakeholders" do Asilo em Portugal e, em particular, o ACNUR, seu parceiro operacional. Apresentamos aqui uma síntese do trabalho realizado, com grande empenho e dedicação de toda a direcção, dos técnicos, estagiários e voluntários. Todos têm sabido responder às necessidades específicas dos requerentes de asilo e refugiados a nível legal, social, profissional, sem descurar a necessária mobilização e sensibilização da sociedade portuguesa, incluindo os responsáveis políticos. Enormes avanços foram dados ao longo de 2011 na concretização do projeto de reconstrução da "Casa para o Mundo", o primeiro Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas em Portugal, administrado pelo CPR, que tem tido o apoio muito empenhado do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e o suporte inestimável, durante todas as fases da construção, da Swatch, Tempus Internacional. O CPR celebrou, em 20 de Setembro de 2011, o 20.º aniversário com um conjunto de iniciativas emblemáticas. Começou com uma visita de um grupo de refugiados, residentes no Centro de Acolhimento para Refugiados, à exposição "O Renascer da Esperança/ Kakuma", no Museu da Electricidade, em Lisboa, em parceria com a Fundação EDP, seguida de um pequeno debate sobre a situação dos refugiados em Kakuma e a crise no Corno de África. Durante sete dias, a Praça D. Pedro IV (Rossio, Lisboa) acolheu uma tenda familiar do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, promovendo o espírito de solidariedade para com os milhões de pessoas que ainda vivem em tendas em todo o mundo. No final do dia 20, foram plantadas diversas árvores no Jardim da Criança, nas futuras instalações do Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas. Estas foram generosamente oferecidas pelo grupo Soroptimist International - Clube Lisboa Fundador. Ainda no âmbito das comemorações, nos dias 22, 23 e 24 de Setembro decorreu no Espaço Memória dos Exílios, em Cascais, o primeiro Ciclo de Cinema Asilo & Refugiados, do CPR, com os filmes: "Bem-vindo" (Welcome), de Philippe Lioret (2009), a Cidade dos Mortos (2009), de Sérgio Tréfaut, "Neste Mundo" (In This World), de Michael Winterbottom (2002), e o clássico "Casablanca", de Michael Curtiz (1942), encerrou a mostra, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Cascais. A conferência "Refugiados em Portugal: a sua História é a nossa História" foi um dos eventos mais aguardados das comemorações dos 20 anos do CPR. Presidida pelo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a sessão contou com a intervenção da presidente do Conselho de Administração da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, e teve como orador principal o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. Mais de 350 pessoas estiveram presentes, entre as quais muitos refugiados. A todos aqueles que estiveram ao nosso lado, num ano caracterizado por inúmeros desafios, nomeadamente esforçando-se para que Portugal continue a ser um país de asilo e um abrigo seguro para os que necessitam de protecção internacional, o meu muito obrigada. Teresa Tito de Morais Mendes MISSÃO APOIAR OS REQUERENTES DE ASILO E REFUGIADOS DESDE A FASE DO ACOLHIMENTO ATÉ À SUA INTEGRAÇÃO NA SOCIEDADE PORTUGUESA. Apoiar os requerentes de asilo e refugiados desde a fase do acolhimento até à sua integração na sociedade portuguesa. O Conselho Português para os Refugiados (CPR) foi criado a 20 de Setembro de 1991 com o objectivo de promover o Direito de Asilo e dos Refugiados através de políticas humanas, garantindo que todas as pessoas que procuram protecção em Portugal acedem a um procedimento de asilo, justo e eficaz, bem como a um acolhimento digno e adequado. O CPR é a única organização não governamental para o desenvolvimento (ONGD) em Portugal a trabalhar exclusivamente com requerentes de asilo e refugiados. Apoia todos aqueles que fogem de perseguições motivadas por questões rácicas, religiosas, étnicas, filiação em grupos sociais, opiniões políticas, conflitos armados e graves violações dos Direitos Humanos, chegando ao nosso país em busca de protecção, liberdade e segurança. O Conselho Português para os Refugiados (CPR) foi criado a 20 de Setembro de 1991 com o objectivo de promover o Direito de Asilo e dos Refugiados através de políticas humanas, garantindo que todas as pessoas que procuram protecção em Portugal acedem a um procedimento de asilo, justo e eficaz, bem como a um acolhimento digno e adequado. O CPR é a única organização não governamental para o desenvolvimento (ONGD) em Portugal a trabalhar exclusivamente com requerentes de asilo e refugiados, dedicando-se assim a apoiar aqueles que fogem de perseguições motivadas por questões rácicas, religiosas, étnicas, filiação em grupos sociais, opiniões políticas, conflitos armados e graves violações dos Direitos Humanos, chegando ao nosso país em busca de protecção, liberdade e segurança. A missão do CPR, ONGD sem fins lucrativos, independente e pluralista, consiste em assistir os requerentes de asilo e refugiados desde a fase de acolhimento até à sua integração na sociedade Portuguesa. Este apoio inicia-se à chegada ao território nacional com o apoio jurídico (prestado igualmente aos pedidos apresentados em postos de fronteira) e a recepção no Centro de Acolhimento para Refugiados (CAR) que dirige, prolongando-se no tempo durante a fase de recurso, sempre tendo em vista a integração na sociedade de acolhimento. A actividade do CPR desenvolve-se, acompanhando o percurso dos requerentes de asilo e refugiados em Portugal, incluindo Apoio Jurídico, Apoio Social, Aconselhamento para o Emprego e Formação em Língua Portuguesa. No âmbito de uma cultura humanista de tolerância e respeito pela dignidade de todas as pessoas será igualmente importante que a sociedade de acolhimento esteja informada acerca das características e necessidades específicas desta população e entenda o valor que esta pode trazer à sociedade portuguesa. Assim, o CPR promove também actividades na área de formação para estudantes universitários e técnicos, bem como informação pública com o objectivo de sensibilizar para a temática dos direitos humanos e dos refugiados. ASSISTÊNCIA JURÍDICA A REQUERENTES DE ASILO E REFUGIADOS O ASILO EM PORTUGAL Em 2011 foram apresentados 275 pedidos de asilo em Portugal, de 42 nacionalidades diferentes, o que consubstancia uma média aproximada de 25 pedidos por cada milhão de habitantes. É o número mais baixo, de entre os 27 Estados-membros, só acima da Estónia que recebeu 65 pedidos. Portugal continua, assim, a ser o país da União Europeia que menos pedidos de asilo recebe, em termos relativos, apesar do aumento de 71,8% em relação a 2010. A Guiné Conacri, a Somália e a Costa do Marfim são os países de origem mais representativos. O continente Africano, com cerca de 70% dos pedidos de asilo, é o mais expressivo, seguido da Ásia e da Europa. Os fundamentos para apresentação de pedido de protecção em Portugal consubstanciam, maioritariamente, situações enquadráveis no Artigo 7º da Lei de Asilo, no âmbito da protecção subsidiária, provenientes de países onde subsistem graves violações dos direitos humanos. O perfil do requerente de asilo continua a ser, em 2011 o de um jovem, do sexo masculino que foge do seu país de origem devido a razões relativas a violações sistemáticas dos seus direitos fundamentais, apresenta o seu pedido em território nacional (60%), onde chega só, sem família. Os menores não acompanhados representam cerca de 7,2 % dos pedidos. O Director Nacional do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras decidiu pela admissibilidade de 161 pedidos de protecção, dos 275 apresentados, o que representa uma taxa de 58,5%. O CPR pronunciou-se por uma taxa ligeiramente superior (62,5%). Foram reconhecidos, por parte do Ministro da Administração Interna, em 2011, 27 Estatutos de Refugiado e 38 Autorizações de Residência por Razões Humanitárias, consolidando a percentagem total de 23,6% de reconhecimentos (9,8 % estatuto de refugiado e 13,8 % protecção subsidiária) relativamente ao número total de pedidos apresentados. Os 275 pedidos acima referenciados não incluem os 30 refugiados recebidos ao abrigo do programa de Reinstalação Nacional de 2011. Ásia 13% América 5% Europa 12% Africa 70% Oceania 0% O aconselhamento jurídico é uma área determinante no trabalho do CPR uma vez que permite o acompanhamento jurídico do processo de acolhimento e integração dos refugiados em Portugal. O apoio jurídico a requerentes pretende, numa primeira fase, disseminar informação relativa ao procedimento de asilo em Portugal, prosseguindo, após efectiva apresentação do pedido de protecção, com entrevistas de elegibilidade para determinação do estatuto de refugiado, pelos correspondentes pareceres jurídicos e pela análise dos Relatórios e Informações relativas a cada Caso Individual (CI) elaboradas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras/Gabinete de Asilo e Refugiados (SEF/GAR). Em sede de procedimento de asilo, o CPR prestou apoio directo a 258 dos 275 casos referidos, o que representa 94% de assistência jurídica relativamente ao total de pedidos apresentados, valor que sublinha a necessidade contínua desta assistência. Durante o ano de 2011, o Departamento Jurídico efectuou um total de 3500 atendimentos a cidadãos de 52 nacionalidades, registando o acréscimo de 557 atendimentos relativamente ao ano passado, em que foram efectuados 2943 atendimentos. Os países mais expressivos foram a Guiné Conacri (540 consultas), a Colômbia (232) e a República Democrática do Congo (206). FEMININO 32% MASCULINO 68% O Departamento Jurídico efectuou, ainda, 231 entrevistas para determinação do estatuto de protecção internacional a partir das quais elaborou o respectivo parecer jurídico, deslocando-se aos locais onde os respectivos pedidos são apresentados, nomeadamente Centros de Instalação Temporária nos aeroportos de Lisboa e Porto, prisões, Unidade Habitacional de Santo António, no Porto. Em caso de admissibilidade, o Departamento Jurídico participou na instrução dos pedidos, nomeadamente, no âmbito das competências reconhecidas pelo número 4, do artigo 28 da Lei de Asilo. Em caso de não-admissibilidade, ou recusa do pedido. Este Departamento prestou igualmente apoio na organização de pedidos de protecção jurídica em nome de requerentes que pretendiam recorrer judicialmente, quer das decisões negativas, quer das decisões de transferência, ao abrigo do Regulamento Dublin II, emanadas pelas autoridades administrativas intervenientes no procedimento de asilo. Estes pedidos dirigidos aos serviços de Segurança Social, nos termos da Lei 34/2004, de 29 de Julho, permitem o acesso dos requerentes recusados ao apoio judiciário nos termos gerais, de acordo com a alínea d), do n.º 1, do artigo 49 da Lei de Asilo. Posteriormente, após nomeação, é prestado o necessário apoio individualizado aos defensores oficiosos, em sede de impugnação judicial para o competente Tribunal Administrativo e Fiscal, providenciando, igualmente, informações para os referidos tribunais sobre países de origem, solicitadas ex officio. O Departamento Jurídico acompanha, igualmente todas as questões jurídicas que se apresentam diariamente, agora enquadradas numa fase de integração: questões laborais, relativas à procura de habitação, reconhecimento de cartas de condução estrangeiras junto da Direcção Geral de Viação, processos de reunificação familiar, pedidos de retorno voluntário, processos de aquisição de nacionalidade Portuguesa por naturalização, processos de casamento e registos de nascimento, processos de regulação de poder paternal, bem como processos de equivalência de habilitações literárias e académicas, junto das universidades e/ou ordens profissionais, em coordenação com o Departamento de Emprego e Formação Profissional. ESPAÇO "A CRIANÇA» REINSTALAÇÃO DE REFUGIADOS APOIO A ACONSELHAMENTO SOCIAL O apoio e aconselhamento social são fundamentais para assegurar condições sociais RESIDENTES e de acolhimento dignas aos requerentes de asilo e refugiados, facilitadoras da sua ACONSELHAMENTO SOCIAL integração em Portugal. A equipa do Departamento Social do CPR aplica o auto1% diagnóstico e a tabela de negociação, instrumentos criados pela própria organização,Actualização Sociocultural 6% para que de uma forma gráfica e personalizada se possa atender à especificidade deDiversos cada utente, independentemente da sua língua de comunicação, percurso de vida e Formação 4% grau de escolaridade. Situação Legal 9% Subsistência 14% Habitação 25% Em 2011, o aconselhamento social foi efectuado por 3 assistentes sociais (em que se Educação inclui a Directora do CAR) com o apoio de estagiários e voluntários. Ao longo do ano prestou-se apoio e aconselhamento social a 556 pessoas oriundas Vestuário de 44 países. No total, foram cerca de 3514 atendimentos sociais. As famílias são as Comunicações/Transportes que mais procuram este serviço do CPR (46%), logo seguidas pelos indivíduos Emprego isolados, do sexo masculino (40%) e do sexo feminino (10%) e pelos menores não acompanhados (4%). Em 2011, as questões relacionadas com o alojamento (25%), a Saúde saúde (21%) e a subsistência (14%) foram as mais abordadas no atendimento social. 6% 6% 6% 2% 21% Procura-se, no atendimento social, explicar o mercado de arrendamento em Portugal e o seu funcionamento, agendando-se e acompanhando-se os beneficiários em visitas a imóveis. Neste âmbito, verificou-se um aumento considerável no número de atendimentos sobre Habitação, especialmente no último trimestre de 2011, que se prendeu com o facto de ser o CPR a prestar esse apoio, pois os utentes ANTIGOS RESIDENTES ainda não beneficiavam do apoio da SCML. O estado vulnerável em que as pessoas ACONSELHAMENTO SOCIAL chegam e a falta/ difícil acesso aos cuidados médicos, tanto físicos como 1% Actualização Sociocultural psicológicos, aquando da chegada a Portugal, leva a que haja uma procura 12% Diversos significativa dos serviços de saúde (21%), pelo que o CPR tem garantido os encaminhamentos para o Serviço Nacional de Saúde e para o CAVITOP 1% Formação (acompanhamento psiquiátrico), bem como a assistência medicamentosa. 5% Situação Legal No que diz respeito aos menores, para além dos acompanhamentos a serviços, são regulares os contactos com os estabelecimentos de ensino e respectivos directores de turma. Subsistência 36% Educação 4% Habitação 12% Vestuário Em relação aos antigos residentes, o CPR disponibiliza, aquando da sua saída do CAR,Comunicações/Transportes um pequeno panfleto informativo com direitos, deveres e locais onde terão de se dirigir, de modo a facilitar o acesso aos serviços. Ainda assim, são várias as pessoas Emprego Saúde que continuam a recorrer ao apoio social do CPR. Observa-se que 36% dos atendimentos são referentes aos problemas relacionados com a subsistência, à atribuição de géneros alimentares, no âmbito do PCAAC, e à facilitação com os serviços de emergência da SCML e Segurança Social. 3% Em 2011, cumpriu-se a quota de 30 refugiados reinstalados, ao abrigo da Resolução do Conselho de Ministros n.º 110/2007. Foram acolhidos em Portugal 23 nacionais da Eritreia, 2 do Senegal e 5 do Iraque. Estes refugiados foram reinstalados a partir da Tunísia, da Mauritânia, da Síria e da Ucrânia. Entre 2006 e 2011, Portugal recebeu 137 pessoas no âmbito de programas de reinstalação, maioritariamente da Eritreia (26%), do Iraque (20%) e da República Democrática do Congo (17%). Assim, se anteriormente caracterizámos o requerente de asilo em Portugal como sendo do género masculino, proveniente maioritariamente do continente Africano, fugindo por razões relacionadas com violações sistemáticas dos direitos humanos ocorridas no país de origem, podemos caracterizar o refugiado reinstalado em 2011 como sendo maioritariamente do género feminino, proveniente do continente Africano, necessitando de protecção pelas razões identificadas no parágrafo anterior, chegando a território nacional acompanhado por filhos menores. FORMAÇÃO E PROJECTOS DE COOPERAÇÃO O Departamento Jurídico do CPR é também responsável por iniciativas de formação na temática dos direitos humanos, asilo e refugiados, ao mesmo tempo que coopera com outras organizações internacionais e regionais, como o ACNUR, o Conselho Europeu para os Refugiados e Exilados (ECRE), a Rede de Advocacy da ECRE (ECRAN), a Rede Legal Europeia sobre o Asilo (ELENA), bem como organizações nacionais, respondendo a questionários e elaborando relatórios, acompanhando as políticas de asilo nacionais através da apresentação de comentários e posições. Destacam-se as seguintes iniciativas no âmbito da formação em 2011: - Seminário Direito de Asilo e Refugiados (de 20/09/2011 a 13/12/2011), no âmbito do Mestrado em Direito, da Universidade Católica Portuguesa - Porto; - CIMIC na perspectiva das OI/ONGs - A convite do Estado-Maior do Exército, o CPR participou mais uma vez no "Curso CIMIC Nível Táctico", na Escola Prática de Engenharia, em Tancos; - Sessão de informação a técnicos superiores das Equipas Locais do Centro Distrital de Lisboa do Instituto de Segurança Social. 12% 2% 12% Para além dos contactos regulares com estas duas instituições, realizaram-se, durante o ano, reuniões para discussão de casos individuais e visitas domiciliárias conjuntas. Em 2011, o CPR alojou nacionais de 38 países, num total de 297 pessoas: Foram, igualmente, desenvolvidas acções de sensibilização sobre alimentação 223 no CAR, 61 pessoas em Pensões, saudável e cuidados de higiene, bem como sobre a importância do voluntariado 10 em quartos e 3 pessoas num enquanto forma de ruptura com a inércia de quem não pode trabalhar, permitindoapartamento. O CAR registou 234 novas entradas em 2011 (204 uma maior interacção com a sociedade de acolhimento e a prática da língua requerentes de asilo e 30 refugiados portuguesa. Através da Rede Alargada de Instituições para o Acolhimento e Integração de Requerentes de Asilo e Refugiados, e a título de exemplo, os Médicos do Mundo deslocaram-se ao CAR e apresentaram uma sessão sobre alimentação saudável a utentes internos e externos. Sem descurar os pedidos apresentados espontaneamente, o CPR presta apoio especificamente dirigido aos reinstalados, quer antes da sua chegada, através da organização de informação acerca de Portugal preparada em conjunto com o SEF/GAR, quer após entrada em território nacional, iniciando-se com a sua recepção no aeroporto, prosseguindo com o acompanhamento individualizado através dos vários serviços prestados pelo CPR. reinstalados), às quais se acrescem as 63 pessoas que transitaram de 2010. As nacionalidades mais expressivas foram a Guiné Conacri, a Eritreia, a Somália, a Nigéria e a Costa do Marfim. No cômputo geral, os utentes foram, em média, acolhidos pelo CPR durante cerca de 94 dias, um pouco mais que 3 meses. Em 2011, o CPR participou no projecto desenvolvido pelo ACNUR e financiado pela Comissão Europeia "Desenvolvendo a Qualidade do Asilo na UE - Estabelecendo Novos Mecanismos de Qualidade na Europa do Sul e Consolidando Mecanismos de Qualidade Nacionais na Europa Central e de Leste" que pretendeu examinar, analisar e desenvolver sistemas de verificação de qualidade no procedimento de asilo em 10 Estados-membros: Bulgária, Chipre, Grécia, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Eslováquia, Eslovénia e Portugal. O CPR também participou no projecto internacional "Promoção da Reinstalação na União Europeia através da Cooperação Prática entre Estados-membros e outros intervenientes - projecto conjunto do ACNUR, OIM e ICMC" que procurou implicar os Estados-membros com a reinstalação de refugiados. No âmbito deste projecto foram organizados dois eventos, nos quais o CPR participou: -Seminário "Parcerias na Reinstalação", que decorreu em Bruxelas, no mês de Março, tendo um jurista do CPR apresentado no painel "Mantendo a Qualidade na Reinstalação em Tempos de Crise - o caso Português"; - Visita de estudo ao Hub de Reinstalação do ACNUR, em Beirute, por representantes da Bélgica, Portugal e Suécia, sob o tema "Preparando Melhor os Dossiers de Reinstalação", pensado para os programas a decorrer nestes países. Portugal foi representado pela Coordenadora do Grupo do CPR e por dois elementos do SEF/ GAR. O objectivo desta actividade conjunta foi permitir aos países de reinstalação mais recentes, como é o caso de Portugal e da Bélgica, aprender com a experiência da Suécia, nomeadamente na gestão dos dossiers e no reforço da cooperação e comunicação entre stakeholders. FORMAÇÃO PROFISSIONAL ACTUAÇÃO SÓCIO-CULTURAL + REFUGIACTO www.cpr.pr ACONSELHAMENTO E APOIO PARA O EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL FORMAÇÃO EM PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) A questão do emprego é fundamental para a integração bem sucedida dos refugiados na sociedade de acolhimento. Neste contexto, e desde 2001, funciona no CPR um serviço de emprego e formação profissional, com o principal objectivo de promover a integração dos requerentes de asilo, refugiados e refugiados reinstalados no mercado de trabalho, apoiando individualmente os seus percursos formativos e profissionais. Em 2009, este serviço foi igualmente disponibilizado à comunidade envolvente ao CAR, através do, actualmente designado, Gabinete de Inserção Profissional (GIP). A aprendizagem da língua é fundamental no acolhimento e integração dos requerentes de asilo e refugiados. De facto, o conhecimento da Língua Portuguesa é necessário não só no início para que possam contactar com as instituições, fazer as compras ou ir a consultas e exames médicos, como também se revela fundamental para prestar assistência à família, aceder à oferta formativa e ao mercado de trabalho e participar activamente na sociedade de acolhimento. Reconhecendo a importância da aquisição e DISTRIBUIÇÃO DOS FORMANDOS DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA desenvolvimento de competências linguísticas e comunicativas por parte Masculino Acolher os refugiados, dos requerentes de asilo e refugiados, o CPR promove no CAR aulas de apoiando o seufuturo Feminino Português Língua Estrangeira em dois níveis que, embora distintos, estão Masculino Construindo uma nova inter-ligados: vida em Portugal Feminino • Curso de iniciação: estruturado em três módulos de progressão, este Masculino Uma nova oportunidade nível incide no emprego da língua em situações da vida quotidiana, Feminino para os reinstalados procurando-se a familiarização com o idioma e a cultura portuguesas, ao Portugal Reinstala: Ao encontro Masculino mesmo tempo que se visa minorar o isolamento físico e psíquico, de um país seguro para viver Feminino estimular a autonomia e facilitar as relações interpessoais e inter-culturais; 0 10 20 30 40 50 60 70 • Curso de consolidação: estruturado em dois níveis de progressão, tem como principal objectivo consolidar e desenvolver, de modo efectivo, as capacidades de comunicação e uso da língua na vida social e profissional por parte dos refugiados. No caso específico dos refugiados reinstalados o CPR disponibiliza um programa intensivo de Língua Portuguesa de 100 a 150 horas. No total, em 2011, foram executadas cerca de 1205,3 horas de formação, dirigidas a requerentes de asilo, refugiados e refugiados reinstalados, no âmbito de quatro projectos financiados pelo Fundo Europeu para os Refugiados (FER) / Ministério de Administração Interna (MAI). Uma análise da distribuição dos formandos segundo o género, permite-nos concluir que há poucas mulheres a frequentar a formação em Língua Portuguesa, em consonância com os pedidos de asilo, também maioritariamente apresentados por pessoas do sexo masculino, como se pode observar no gráfico. ACTIVIDADES SOCIO-CULTURAIS Nos diversos cursos, a aprendizagem da língua nas diversas áreas temáticas é estimulada por uma componente sociocultural dentro e fora da sala de aula que, para além dos fins pedagógicos, visa criar e/ou reforçar laços sociais e afectivos, bem como facilitar a compreensão e interacção com a sociedade de acolhimento. As actividades socioculturais permitem aos requerentes de asilo e refugiados/as obter muita informação sobre o país e a cultura portuguesa, proporcionando um claro alargamento do vocabulário ao mesmo tempo que favorecem um maior relacionamento interpessoal e intercultural. Neste âmbito, em 2011 realizaram-se diversas actividades abertas a todos os requerentes de asilo e refugiados que nelas quiseram participar. Destacam-se as visitas de estudo a diversos locais e bairros históricos de Lisboa, passeios, actividades e piqueniques nos parques da Cidade (Monsanto e José Gomes Ferreira), uma ida a Amadora, visualização de filmes temáticos, entre muitas outras actividades. GRUPO DE TEATRO REFUGIACTO Ao longo do ano, o RefugiActo contou com cerca de 20 pessoas de diferentes origens (Afeganistão, Bielorrússia, Caxemira, Costa de Marfim, Geórgia, Guiné, Irão, Iraque, Myanmar, Palestina, Portugal, Rússia). Em geral, são refugiados que, ao conhecerem o trabalho do RefugiActo, se identificam de alguma maneira com o que viram e exprimem essa vontade. Entraram para o grupo 2 novos elementos no início de 2011 e mais 2 no último trimestre. Alguns elementos, apesar de indisponíveis para uma participação activa, por razões pessoais ou profissionais, mantêm o elo com o grupo, dando sugestões e participando em encontros e convívios do RefugiActo. Ao longo do ano de 2011, o RefugiActo efectuou 6 espectáculos, na Bobadela, Lisboa e na Lourinhã, onde apresentou a peça "Carlota" - Criação colectiva, a partir do texto de Annegert Fuchshuber, "Estar aqui" - Criação colectiva, cruzando vivências na sociedade de acolhimento e "Abrigo"- Psicodrama incluindo os textos: "Once again, Encore une fois, Mais uma vez", de Filomena Marona Beja e "Primeiro Dia", de Sérgio Godinho, com encenação de Davoud Ghorbanzadeh. Este projecto de intervenção artística dos refugiados é o eco de muitas outras vozes e contribui para aumentar a sensibilização e a permeabilidade da sociedade de acolhimento. Em 2011, inscreveram-se no GIP 297 novos utentes, registando-se um ligeiro DISTRIBUIÇÃO POR GÉNERO acréscimo do número de inscrições face ao ano anterior. De salientar, ainda, o DOS UTENTES INSCRITOS NO GIP número significativo de utentes que, embora se tenham inscrito em 2010, continuaram a ser acompanhados pela animadora do GIP no ano de 2011, face ao MASCULINO FEMININO 46% 54% contexto de crise económica que actualmente o país vivencia. Relativamente à nacionalidade, destaca-se uma enorme diversidade com inscritos provenientes de cerca de 39 países diferentes. Neste âmbito, Portugal é o país de origem mais representativo (152 utentes), seguindo-se a Guiné-Conacri, o Iraque, a Guiné-Bissau e a Somália. Este serviço continua a ser mais procurado por mulheres do que por homens, embora o diferencial não seja muito significativo, conforme se pode observar no gráfico seguinte. No que diz respeito à escolaridade dos novos inscritos, uma parte significativa dos utentes (44%) tem uma escolaridade igual ou superior ao 12.º ano, e cerca de 28% tem entre o 9.º e o 11.º ano de escolaridade. Neste âmbito, e no caso específico dos requerentes de asilo e refugiados, note-se que dos 115 utentes acompanhados pelo CPR que se inscreveram no GIP em 2011, apenas 18 têm na sua posse os certificados comprovativos das suas habilitações literárias. Este facto condiciona fortemente o acesso à formação profissional e, consequentemente, a possibilidade de aumentar as suas competências de modo a serem mais competitivos no mercado de trabalho. Afim de ultrapassar esta dificuldade, o serviço de emprego tem vindo a estabelecer parcerias formais e informais com Centros de Novas Oportunidade com o objectivo de facilitar o acesso dos refugiados a processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. O balanço da actividade realizada pelo GIP é muito positivo, tendo vindo a cumprir os objectivos estabelecidos no contrato celebrado entre o CPR e o IEFP em Abril de 2009. A título de exemplo, salienta-se o facto de, em 2011, terem sido realizadas pela animadora do GIP 16 888 apresentações quinzenais aos desempregados subsidiados, abrangendo uma média de 910 utentes por trimestre. Em 2011, foram realizados cerca de 1438 atendimentos individuais, o que representa um acréscimo expressivo em relação ao ano anterior. Foram abordados assuntos como a procura activa de emprego, o voluntariado, o processo de reconhecimento, a validação e certificação de competências, a equivalência escolar, bem como a frequência de acções de formação em Língua Portuguesa no CPR e noutras instituições públicas ou privadas. Durante o ano em análise foram ainda realizadas duas sessões de técnicas de procura de emprego especificamente dirigidas aos refugiados. Problemas de Integração Profissional e Projectos Experimentais No contexto actual de crise económica, verifica-se que a (re)integração dos desempregados no mercado de trabalho realiza-se de modo cada vez mais difícil e moroso, facto que se concretiza no aumento significativo de apresentações quinzenais e no desemprego mais prolongado dos utentes inscritos. Estas dificuldades traduzem-se numa elevada taxa de desemprego entre os requerentes de asilo e refugiados, em percursos de mobilidade profissional descendente e num processo de perda de autoestima e de exclusão social que se vai agravando ao longo dos anos. É neste contexto que se considera fundamental a existência de projectos experimentais que possibilitem testar soluções inovadoras e procurar respostas individualizadas e ajustadas a cada requerente de asilo e refugiado. Um aspecto muito positivo no projecto "Começar de Novo - Apoio aos Projectos de Vida dos Refugiados em Portugal", que terminou no início de 2011, foi precisamente o facto de se ter adoptado uma abordagem individualizada, integrada e multidisciplinar, trabalhando sobre o refugiado, mesmo que isso significasse apoiar um número mais reduzido de pessoas: apenas através da definição conjunta de um projecto de vida nas suas diversas dimensões (social, emprego e formação, jurídica, saúde, habitação) é possível rentabilizar recursos e adoptar soluções à medida. INFORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO PÚBLICA Com o objectivo de disseminar o mais amplamente possível a problemática do asilo e refugiados, o sector da Informação e Divulgação Pública do CPR promove, anualmente, um conjunto de actividades de formação e informação, com o objectivo de chamar a atenção do público para as dificuldades dos refugiados, disseminando as suas histórias e o trabalho desenvolvido pelo CPR. Para cumprir este objectivo, em 2011, organizámos mais uma edição do Dia Mundial dos Refugiados que contou com a presença de centenas de pessoas em três eventos principais: a concentração dos Chapéus-de-chuva "Proteger os Refugiados", no Largo de S. Domingos, em Lisboa; a inauguração do Mural "CPR 20 Anos" no Espaço A Criança; e o Sarau do Dia Mundial do Refugiado, no Auditório Ângelo Vidal D'Almeida Ribeiro no Centro de Acolhimento para Refugiados, que contou com a presença dos artistas José Mário Branco, Pedro Branco, o rapper Chullage e a energia electrizante do grupo Flor-de-lis, e do grupo de teatro RefugiActo. FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO O CPR entende que a Educação para o Desenvolvimento (ED) é um processo de aprendizagem fundamental que tem como base determinados valores e compromete-se com a formação integral das pessoas. Nos últimos anos, o CPR tem procurado desenvolver iniciativas com o objectivo de sensibilizar e mobilizar para a necessidade de uma cidadania global responsável. Nesse sentido, durante o ano, o CPR realizou 30 acções de sensibilização com estabelecimentos de ensino, do Norte ao Sul do país. Igualmente, desenvolvemos um conjunto de 3 acções de formação para jornalistas onde participaram 20 profissionais, contribuindo, assim, para um conhecimento mais aprofundado e actual sobre a realidade do asilo e refugiados. A preparação de toda a acção de formação foi da responsabilidade dos técnicos do CPR, em parceria com o CENJOR (Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas). A nossa participação nas reuniões mensais do Grupo de Trabalho "Educação para o Desenvolvimento" da Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento é fundamental para consolidar conhecimentos no domínio da ED. Destacamos, ainda, a presença do CPR na 4ª Edição dos Dias do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). A Biblioteca/Mediateca do CPR também é fundamental neste domínio, não apenas na divulgação da temática especializada do Direito de Asilo, mas, também, na ocupação dos tempos livres dos beneficiários do Centro de Acolhimento e de apoio à aprendizagem da língua Portuguesa. Ao longo do ano foram várias as entidades que visitaram o Centro de Acolhimento para Refugiados, designadamente, elementos do Ministério da Administração Interna, técnicos das Câmaras Municipais de Loures e de Odivelas, da Santa Casa da Misericórdia, da Segurança Social, do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), da Direcção Geral de Saúde, do Instituto Nacional de Emergência Médica, também do ACNUR, por diversas vezes, bem como investigadores nacionais e internacionais, estudantes e jornalistas. À margem da Reunião Anual do Grupo Africano de Desenvolvimento, os cônjuges dos governadores, directores executivos e funcionários do Banco, visitaram o CAR e entregaram uma doação à Presidente, Teresa Tito de Morais. Destaca-se, ainda, a Assembleia Geral Ordinária do CPR que teve lugar no CAR, a 27 de Abril de 2011. O CPR contou em 2011 com 20 estagiários e 6 voluntários. Contámos, ainda, com o apoio de um médico psiquiatra voluntário, nos primeiros meses de 2011. Este apoio foi particularmente importante, na medida em que possibilitou o acompanhamento de algumas situações mais vulneráveis. Durante 2011, o CPR manteve, ainda uma presença activa na Internet (www.cpr.pt) procurando dar notícia dos acontecimentos que mais marcaram a vida da Organização e com relevância para o universo do asilo e refugiados. No decorrer do ano registaram-se 49.329 visitas ao site. ESPAÇO A CRIANÇA O Espaço A Criança está agora no seu quarto ano de funcionamento, possuindo desta forma uma equipa sólida e dinâmica, que partilha as mesmas ideias e visões relativamente à Educação da Primeira Infância. Todas as metodologias utilizadas são discutidas em equipa alargada (docentes e não docentes), para que as práticas se mantenham uma constante, criando segurança e empatia na relação com as crianças. A equipa educativa baseia-se na aprendizagem activa: a criança descobre, o educador apoia. É a própria criança que descobre as suas aprendizagens, aprendendo através da acção. A criança vive experiências directas e imediatas e retira delas significado através da reflexão. É assim construído o conhecimento que a ajuda a dar sentido ao mundo. Sendo esta uma escola integrada numa organização cuja missão é acolher e integrar indivíduos migrantes, é fundamental apostarmos na valorização de uma sociedade multicultural. Entendemos que na sociedade globalizada em que vivemos, a abertura à diversidade é não só uma mais-valia, mas também uma exigência. Educar para a multiculturalidade é abrir as portas a uma maior liberdade de escolha a todos os níveis: afectivo, social, profissional, cultural e estético. Ao longo deste ano, iniciámos o projecto pedagógico da Arte, que teve como tema: " A Arte - Literacia ao alcance de todos", que perdurará durante os próximos por 3 anos. De acordo com as metodologias desenvolvidas pelo Espaço A Criança, o Plano Anual de Actividades é elaborado e desenvolvido por cada educadora na respectiva sala, de acordo com as necessidades de cada grupo adequando os objectivos de cada temática de acordo com a faixa etária. Em 2011, foram desenvolvidas uma série de actividades ligadas ao tema da Arte, desde logo, a pintura/ construção do mural alusivo ao 20º aniversário do CPR. Durante todo o ano de 2011, as salas ("Cu-Cu Bebé", "Já Sei Andar", "Exploradores", "Eu e os Meus Amigos" e "Já Sou Grande") do Espaço A Criança mantiveram a sua lotação máxima. ENTIDADES PARCEIRAS E RESPECTIVOS CONTRIBUTOS O parceiro de excelência do Espaço A Criança são as famílias das crianças que acolhemos, sendo que, com estas necessitamos de realizar uma colaboração estreita e activa, no sentido de ampliarmos a relação escola-família, para a realização de diversas actividades que nos aproximam, enquanto agentes educativos, que trabalham para assegurar o bem-estar e a segurança das crianças. O Espaço A Criança do CPR tem como parceiro formal o Instituto de Segurança Social, I.P./CDSSLX, através de celebração, a 16 de Novembro de 2007, de um Acordo de Cooperação Típico para a valência de Creche, equiparando-a a uma IPSS, tendo sido alargado para a totalidade das crianças de Creche (37), em 2008. Em 2009, o Jardim-de-Infância do Espaço "A Criança" passou a receber o apoio financeiro da Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo. As restantes parcerias são apresentadas no quadro abaixo: ENTIDADE PARCEIRA ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DA PARCERIA ESTABELECIDA Instituto da Segurança Social, I.P. Acordo Típico. - Participação no Projecto do Círculo Mágico ligado à temática da Água. - Prémio (material didáctico) por termos vencido o 1º Prémio do Projecto - Círculo Mágico no ano lectivo 2009/2010 cujo tema era o Ar. - Visitas de Estudo ao Parque Urbano de Santa Iria da Azóia. - Aula de Sentidos e Saberes. - Visita ao Parque das Energias Renováveis (PTER). - Cedência de dois autocarros para deslocações em Visitas de Estudo. Câmara Municipal de Loures, mais propriamente com o Parque Urbano de Santa Iria da Azóia e o Projecto do Círculo Mágico Jardim Zoológico de Lisboa Rede Social São João da Talha DGIDC Fundação Ilídio Pinho CTT Telefónica - Apoio à concretização do Projecto "Grandes Primatas". - Actividades para as crianças e respectivas famílias. - Formações no âmbito do tema da Arte. - Apoio à concretização do Projecto "A água é de todos". - Projecto "Vai onde te leva o selo." - Projecto no âmbito da introdução das novas tecnologias nos espaços educativos. No nosso caso concreto permitiu a criação de um blog de divulgação do trabalho que tem sido realizado no âmbito dos vários projectos em curso. Leya - Apoio na realização de uma Feira do Livro. SER - Consultas de Desenvolvimento a preços acessíveis para as crianças do Espaço "A Criança" com relatório e encaminhamento por parte das Educadoras e Direcção. Junta de Freguesia da Bobadela Saúde Solidária Programa de estágios Erasmus - Colaboração com a Junta de Freguesia numa recolha de alimentos solidária. - Rastreio auditivo, visual e dentário às crianças de Jardim de Infância - Contámos com a colaboração de uma estagiária com o curso de Educação de Infância. Pedro Crisóstomo - Terapeuta da Fala - Realizou consultas de diagnóstico e acompanhamento com algumas crianças por solicitação das educadoras ou dos pais. - Realizou sessões de futebol com as crianças de Jardim de Infância. - Realizou sessões de movimento com as crianças ao longo do ano lectivo. João Catarino - Instrutor de Shorinji Kempo - Realizou sessões de Shoringi Kempo com as crianças ao longo do ano lectivo. Farmácia de São João da Talha - Diversos materiais como chuchas, biberões, cremes… - Formação sobre a protecção solar; Hugo Marques Joana Nortadas - Professora de Ballet CAR - Alexandra Carvalho - Apoio no Projecto subordinado ao tema do mar. - Visita a Estremoz. - Realização de actividades de dinamização da biblioteca. Colégio João XXIII - Campanha de doação de roupas, brinquedos e outros bens para o Espaço e para o CAR. Colégio Parque da Nações - Campanha de Doação de brinquedos para as crianças refugiadas. Kit do Mar CENTRO DE ACOLHIMENTO FINANCIAMENTOS E APOIOS PARA CRIANÇAS REFUGIADAS Actualmente, há 18 milhões de crianças refugiadas em todo o Mundo. Destas, mais de meio milhão foram separadas de ambos os pais ou outros familiares em períodos de guerra ou conflitos, pobreza ou catástrofes naturais. São seres vulneráveis, expostas a vários perigos desde o recrutamento militar, ao abuso e violência sexual, o trabalho forçado e o tráfico. Para contornar esta realidade e evitar que estas crianças sejam apanhadas nestas redes, existem no Mundo vários organismos locais que trabalham para reintegrá-las em ambientes equilibrados e sem perigos. ACORDOS E PROTOCOLOS Copyright Ram os Catarino Em 2009, o CPR formalizou a parceria do projecto "Uma Casa para o Mundo", com a Swatch - Tempus Internacional, Ministério da Administração Interna/SEF e Câmara Municipal de Lisboa, que visa a construção do primeiro Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas. os Catarino Copyright Ram O primeiro Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas em Portugal, que visa melhorar as condições de acolhimento dos menores desacompanhados, ficará situado em Lisboa, no Parque da Belavista. PROJECTOS Em 2011, o CPR continuou a contar com o apoio financeiro do Fundo Europeu para os Refugiados (FER), gerido pela Estrutura de Missão para a Gestão de Fundos Comunitários A sua construção é fruto do projecto "Uma Casa para o Mundo", do CPR em parceria com a Swatch Tempus Internacional, o Ministério da Administração Interna / Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e Câmara Municipal de Lisboa (CML). Em 2011, continuaram as obras de reabilitação da casa cedida pela Câmara Municipal de Lisboa, que estiveram a cargo da empresa Ramos Catarino, com fiscalização da Engexpor e coordenação da segurança em obra pela HSA Engenharia, S.A. O projecto de arquitectura foi da responsabilidade do Arqº. José Carlos Ferreira de Almeida e do Arqº. João Sampaio da Planarq - Gabinete de Planeamento e Arquitectura Lda. Após 9 meses de trabalhos, em Agosto, foram entregues as chaves do Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas ao CPR. O presente projecto teve, desde o seu início, o interesse e colaboração do Soroptimistic International Clube Lisboa Fundador, sobretudo, na pessoa da sua Presidente Dra. Lénia Godinho Lopes, que envidou todos os esforços para que a zona do recreio exterior se pudesse transformar numa realidade. No final de 2011, iniciámos a aquisição do mobiliário e decoração; sendo de realçar o donativo de alguns móveis, que nos foram cedidos gratuitamente pela loja "Area". O CPR continuou a beneficiar do apoio financeiro anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), organização com a qual tem um Acordo desde 1993. O MAI, através do SEF, mantém, desde 1998, um Protocolo de Cooperação com o CPR, destinado às actividades de apoio jurídico aos requerentes de asilo e refugiados, assim como para o funcionamento da estrutura administrativa. O funcionamento do CAR e do Espaço "A Criança" são financiados ao abrigo de Acordos de Cooperação com o Instituto de Segurança Social, I.P., através do Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa (CDSSLx), celebrados em 2007. Em 2009, o Jardim-de-Infância do Espaço "A Criança" passou a receber o apoio financeiro da Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo. O CPR tem, desde 2007, uma parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que co-financia o Gabinete de Inserção Profissional (GIP). Copyright Ram os Catarino Copyright tarino Ramos Ca Todos os projectos foram co-financiados em 25% pelo Ministério da Administração Interna, através do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, ao abrigo de um Protocolo renovado anualmente. Os projectos FER têm sido determinantes para o trabalho do CPR, nos diversos domínios de actuação. As actividades desenvolvidas nestes projectos foram do âmbito do acolhimento e integração dos requerentes de asilo e refugiados, bem como iniciativas diversas de informação, sensibilização e formação. APOIOS Comemorações do 20º aniversário Plantação de árvores no Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas com o Soroptimistic International Clube Lisboa Fundador. O CPR recebeu ao longo do ano inúmeros apoios, financeiros e em géneros, para as diversas iniciativas e actividades. Destacamos o generoso contributo de várias empresas, como a Área, o BPI, a Deloitte, a Delta Cafés, a Dinalivro, a Draft FCB, o El Corte Inglês, a Engexpor, a Hempel,a HSA Engenharia, S.A., a Pastelaria Torp, a Play Planet, a Thyssen Krups; as Câmaras Municipais de Cascais, Coimbra, Lisboa e Loures; as Fundações Champalimaud, EDP, Gulbenkian e Montepio; o CENJOR, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Caritas e a Obra Católica para as Migrações O Banco Alimentar contra a Fome e o Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC) foram fundamentais para colmatar o apoio directo dado aos requerentes de asilo e refugiados, através da oferta regular de géneros alimentares. O Banco de Bens Doados da Entrajuda ofereceu equipamentos diversos, destinados aos refugiados. Por último, destacamos o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, do Instituto da Segurança Social, I.P. / Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa (CDSSLx), do Fundo Europeu para os Refugiados, através da Estrutura de Missão para a Gestão dos Fundos Comunitários (EMGFC), do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), do Ministério da Administração Interna (MAI) / Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do Ministério da Educação (Direcção Regional Educação de Lisboa e Vale do Tejo); dos parceiros da "Casa para o Mundo" (Swatch - Tempus Internacional, MAI/SEF, Câmara Municipal de Lisboa, SIC Esperança, BPI, Fundação Luís Figo e JC Decaux) e de muitos outros que colectivamente e individualmente se associaram ao CPR, e contribuíram para que fosse possível a concretização de todas as actividades ao longo do ano de 2011. A todos o nosso obrigado! EQUIPA DO CPR Presidente da Direcção Vogal Vice-Presidente J.M.Oliveira Antunes António Agostinho Homem Maria Teresa Mendes Vogal Tesoureira Lénia Lopes Maria José Matos 1 GRUPO JURÍDICO Coordenadora CAR Directora PROJECTOS Coordenadora PROJECTOS CIG / EMPR . . FORM.PROF Coordenador CONTABILIDADE Coordenadora Mónica Farinha Isabel Sales Bárbara Mesquita Tito Matos Cláudia Rodrigues ESP AÇO A CRIANÇA Educadora/Directora Pedagógica Ana Filipa Silva ESPAÇO A CRIANÇA Educadora Coord. Técnica de Projectos Silvia Ferreira Jurista Herculano 6 Vieira Jurista Carla 5 Narane Coordenador Manutenção Manuel Jorge Pereira Técnica Responsável Projectos Alexandra Carvalho Apoio Logístico Assistente Social João Libreiro Dora Estoura Formadora Língua Técnico Financeiro Por tuguesa Isabel Galvão José Oliveira Técnica GIP Contabilista Externo Filipa Silvestre Júlio Corredeira Apoio Logístico Jurista Domingos Gonçalves João 3 Vasconcelos Apoio Logístico Jurista Filipa 2 Costa José Terezo Assistente Direcção Internet e E-learning Mónica Frechaut Fernando Pereira Auxiliar Administrativa Joselma Capeleiro Educadoras de Infância Ana Mafalda Fernandes Ana Raquel Pião Ana Rita Costa 4 Delfina Monteiro Elizabete Raposo Fátima Almeida Halyna Bobyk Priscila Carvalho Yolanda Lajes Sónia Goinhas (1) Substituída em Novembro de 2011 por Maria Georgina Palma (2) A partir de Junho de 2011 (3) Até Março de 2011 (4) Até Dezembro de 2011 Segurança UM ABRIGO PARA OS REFUGIADOS DESDE 1991 Auxiliares de Educação (5) Duas vezes por semana Joaquim Batarda CPR I 2 ANOS (6) Três vezes por semana CONSELHO PORTUGUÊS PARA OS REFUGIADOS (SEDE) Av. Vergílio Ferreira, Lt. 764 - Lojas D/E 1950-339 LISBOA Tel + 351 21 8314372 Fax +351 21 8375072 Auxiliar Andelina Omeri Recepcionista Nasri Hazimeh CENTRO DE ACOLHIMENTO PARA REFUGIADOS - CAR Rua Senhora da Conceição, Bairro dos Telefones, 2685-854 BOBADELA - LOURES Tel + 351 21 9943431 Fax +351 21 9948719 ESPAÇO "A CRIANÇA» Rua Andrade Corvo, 2, Bairro dos Telefones 2685-854 BOBADELA - LOURES Tel +351 21 994 8740 Fax +351 21 994 8749 [email protected] www.cpr.pr