Indicadores em escala nacional: discussão conceitual e possibilidades para a PC&T brasileira Rogério Mugnaini Indicador: definições Indicadores proveem informação indireta do fenômeno ou evento a que eles estão aplicados. Um indicador é uma medida de um item usado para prover informação de outro, item imensurável (STEAD apud HOLBROOK, 1992, p. 264). Indicador: definições Chaparro (1996) explica que indicadores complementam estatísticas (medidas estáticas), ao passo que focam a dinâmica do processo de desenvolvimento da C&T a partir da análise conjunta de variáveis e verificando sua influência no processo. Indicador: definições Mais precisamente, um indicador em C&T é, em analogia a um indicador social ou econômico, uma medida em geral quantitativa usada para substituir, quantificar ou operacionalizar dimensões relacionadas à avaliação do processo e grau de desenvolvimento científico e tecnológico (JANNUZZI, 2001 e 2002). Indicadores e as políticas nacionais Indicadores de C&T propostos no PADCT III (Mugnaini et al., 2004) Cadeia de avaliação dos esforços e resultados de PC&T (Mugnaini et al., 2004) Princípios do indicador Excellence in Research for Australia (AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL, 2008) Princípios dos indicadores 1. Quantitativo – Medidas objetivas com metodologia definida que produzirá resultados sempre confiáveis, independente de quando ou por quem os princípios são aplicados; 2. Reconhecido internacionalmente – Considerando que nem todos os indicadores permitirão comparabilidade internacional direta, os mesmos devem ser medidas de qualidade de pesquisa reconhecidas internacionalmente; (AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL, 2008) Princípios dos indicadores 3. Comparável a indicadores usados por outras áreas – Devem ser capazes de identificar níveis comparáveis de qualidade de pesquisa entre as áreas; 4. Capaz de ser usado para identificar excelência – Devem ser capazes de avaliar a qualidade da pesquisa, e quando necessário, focado em identificar excelência; (AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL, 2008) Princípios dos indicadores 5. Relevante para pesquisa – Devem ser relevantes à componente de pesquisa de qualquer disciplina; 6. Reprodutível e verificável – Devem ser baseados em metodologias transparentes e disponíveis publicamente, ao ponto de instituições poderem reproduzi-los por si mesmas; (AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL, 2008) Princípios dos indicadores 7. Temporal – Devem ser específicos a um período de tempo particular conforme o período de referência; 8. Impacto contextual – Devem sugerir respostas/conclusões numa direção desejável e não resultar em consequências perversas indesejáveis; – Devem limitar seu escopo para impedir que grupos de interesses ou indivíduos manipulem o sistema a seu favor. (AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL, 2008) O que se deve esperar dos indicadores Van Raan (1993) elenca alguns grupos de problemas metodológicos: Validade e confiança relacionadas à: • Aplicabilidade - A espera de que os indicadores sanem as necessidades dos usuários e que eles meçam o que foram designados para medir, se referindo a validade. Na questão da segurança, espera-se que eles produzam os mesmos resultados quando recalculados. Diferenças podem advir de bases de dados utilizadas para construção dos indicadores. • Precisão e significância estatística de valores numéricos calculados e, em particular, de tendências de indicadores; e relatividade - Não há um padrão para comparação dos indicadores. Não se sabe o significado de magnitudes altas ou baixas (o autor diz que uma solução prática é a comparação com a média mundial, por exemplo). Fonte de dados dos indicadores cientométricos • Tipos de fontes de informação: – Bases de dados de periódicos; – Bases de dados de currículos; – Sistemas de bases de dados institucionais; – Bases de dados das agências de fomento. Bases de dados de periódicos Vantagens o Agregação de periódicos; o Estabelecimento de parâmetros de qualidade, proporcionando benchmarking; o Garante as informações do artigo. Desvantagens o Seu escopo de ação não chega ao nível dos autores; o Não garante a informação de autoria, nem mesmo das referências bibliográficas do artigo. Iniciativas o Author finder (Web of Science): efetiva, mas para buscas pontuais; o Researcher and Contributor ID (Orcid): recente e promissora. Bases de dados de currículos Vantagens o Contempla a produção do autor; o Contempla os vários tipos de documento; o Agrega outras informações sobre a carreira acadêmica (bancas, orientações, projetos, cargos administrativos, atividades de extensão). Desvantagens o Veracidade/validação da informação (autopreenchimento); o Informação incorreta. (SILVA & SMIT, 2009) Iniciativas o Crescente utilização em estudos cientométricos, vindo a ser conhecida mundialmente; (LANE, 2010 , p.489) o Script Lattes. Sistemas de bases de dados institucionais Vantagens o Contempla a produção do autor; o Garante a utilização de dados da carreira acadêmica; o Possibilita a análise das condições de trabalho. Desvantagens o Depende da iniciativa do pesquisador; o Limita-se aos dados do currículo, que são autopreenchidos. Iniciativas o Integração com a Plataforma Lattes. Bases de dados das agências de fomento Vantagens o Seleciona a produção da pós-graduação; o Permite identificar a área de atuação do pesquisador, assim como a linha de pesquisa; o Possibilita a análise da comunidade científica nacional. Desvantagens o Limita-se aos dados do currículo, que são autopreenchidos. Iniciativas o Coleta Capes. Possibilidades para a consolidação das fontes • Identificação de bancos de autoridade de cada fonte de informação; • Integração de informações dos diferentes sistemas, de modo a minimizar vieses; • Definição de aspectos do Sistema de C&T a se mensura; • Proposição, teste e validação de indicadores. Referências bibliográficas • • • • • • • • • AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL. ERA Indicator Principles. Canberra: Commonwealth of Australia, 2008. http://www.arc.gov.au/pdf/ERA_Indicator_Principles.pdf Accessed 10 March 2009 CHAPARRO, F. Introduction: some reflections on science and technology indicators. Research Evaluation, v. 6, n. 3, p. 175-178, 1996. HOLBROOK, J. A. D. Why measure science? Science and public policy, vol. 19, n. 5, p. 262266, out. 1992. JANNUZZI,P.M. Indicadores Sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. Campinas: Ed. Alínea, 2002. 141 p. JANNUZZI,P.M. Considerações sobre o uso, mau uso e abuso de indicadores sociais na avaliação de políticas públicas municipais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.36, n.1, p.51-72, 2002. Lane, J. Let´s make science metrics more scientific. Nature, v. 464,p. 488-489, 2010. MUGNAINI, R.; JANNUZZI, P.; QUONIAM, L. Indicadores bibliométricos da produção científica brasileira: uma análise a partir da base Pascal. Ciência da Informação, Brasilia, v. 33, n. 2, p. 123-131, 2004 SILVA, F. M.; SMIT, J. W. Organização da informação em sistemas eletrônicos abertos de Informação Científica & Tecnológica: análise da Plataforma Lattes. Perspectivas em ciência da informação. 14: 77-98, 2009. VAN RAAN, A. F. J. Advanced bibliometric methods to assess research performance and scientific development: basic principles and recent practical applications. Research Evaluation, vol. 3, n. 3, p. 151-166, dez. 1993. Obrigado! Rogério Mugnaini [email protected]