ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO PARALELA
3º Trimestre
3º ano
DISCIPLINA: LITERATURA
Observações:
1- Antes de responder às atividades, releia o material entregue sobre Sugestão de Como Estudar.
2 - Os exercícios devem ser resolvidos em folha timbrada e entregues ao professor da disciplina antes
da realização da prova.
CONTEÚDO:
Segundo e Terceiro Tempos Modernistas - principais autores e obras.
Interpretação de textos
Texto para as questões 1 e 2
Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve.
Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas
horas, não se podendo facilitar, é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho,
pois no fim dá certo.Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a
vida do homem está presa encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços.
(...) (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)
Umas das principais características da obra de Guimarães Rosa é sua linguagem artificialmente inventada, barroca até
certo ponto, mas instrumento adequado para sua narração, na qual o sertão acaba universalizado.
1) Transcreva um trecho do texto apresentado, onde esse tipo de “invenção” ocorre.
2) Transcreva um trecho em que a sintaxe utilizada por Rosa configura uma variação linguística que contraria o registro
prescrito pela língua padrão.
Texto para questões 3 e 4:
Quero me Casar
Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!
Carlos Drummond de Andrade, in 'Alguma Poesia'
3) Caracteriza brevemente a concepção de amor presente neste poema.
4) Compare essa concepção de amor com a que predominava na Literatura do Romantismo.
5) Na Terceira Fase do Modernismo, houve uma ruptura com os valores instaurados em 1922, dando lugar a uma
literatura com quais características?
a) Sentimentalismo; questionamento sobre a existência humana; arte engajada, com crítica social; linguagem
aproximada do popular.
b) Volta para o psicológico do ser humano; sentimentalismo; prosa intimista; presença de símbolos e imagens que
representam a realidade; questionamento sobre a existência humana.
c) Arte engajada; volta para o psicológico do ser humano; sentimentalismo; desejo de construção de arte brasileira;
vocabulário erudito.
d) Poesia com rigor das antigas formas, com valorização de rimas e vocabulário erudito; prosa intimista; volta para o
psicológico do ser humano; questionamentos existenciais.
e) Poesias com predominância de rimas e a prosa voltada ao regionalismo do sul do país.
Textos para as questões 6, 7 e 8:
Desenho, Cecília Meireles
Traça a reta e a curva,
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso.
De tudo viverás.
Cuida com exatidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
traçarás perspectivas, projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.
Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.
6) Tanto o título quanto as imagens do poema remetem a um domínio do conhecimento humano. Que domínio é esse?
7) Em que sentido são empregadas tais imagens no poema?
8) Esse sentido acaba por ser contrariado ao longo do poema?
9) O fragmento textual que segue, retirado da narrativa A terceira margem do rio, de João Guimarães Rosa, servirá de
base para esta questão 8.
Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e
o rio-rio-rio — o rio — pondo perpé tuo [grifo nosso]. Eu sofria já o começo da velhice — esta vida era só o
demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê?
Devia de padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem
pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o
fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranquilidade. Sou o culpado do que nem sei, de
dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando ideia.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.
Após a leitura do texto, escreva qual característica da linguagem é peculiar a escrita de Guimarães Rosa e pode ser
encontrado no fragmento acima?
Texto para as questões 10 e 11
Ode ao burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
[...]
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
[...]
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Oh! purée de batatas morais!
De Paulicéia desvairada (1922), Mário de Andrade
10) O poema utiliza construções frasais inovadoras e termos inusitados para retratar vários aspectos nefastos
(sinistros) do comportamento da burguesia. Com base na critica social, explique o significado do verso “Os barões
lampeões! Os condes Joões! Os duques zurros!”.
11) Esses recursos linguísticos e o tom empregado ao longo do poema adquirem um significado quando associados
ao termo “Ode”, presente no titulo. Explique qual é esse significado.
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