XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
ANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS
EM UMA INDÚSTRIA DE BORRACHA
Samuel Melo Lima (UFPI)
[email protected]
Amanda Thamires Ferreira Santos (UFPI)
[email protected]
Jacira Nathercia Viana Soares (UFPI)
[email protected]
Maria do Socorro Ferreira dos Santos (UFPI)
[email protected]
O presente estudo teve como objetivo a identificação dos riscos
ergonômicos em uma Indústria de Borracha localizada na cidade
Teresina-PI. A ergonomia estuda a interação das pessoas com a
tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e
projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a
segurança, o conforto, o bem estar e a eficácia das atividades
humanas. Neste trabalho foram aplicados dois questionários a 10
operários distribuídos entre o setor de produção de piso partilhado e a
copa: um nórdico de sintomas osteomusculares e um outro traçando o
perfil dos funcionários, além do registro fotográfico e observação em
campo. Para a análise dos resultados foram utilizados a bibliografia
consultada bem como as Normas regulamentadoras que estabelecem
os parâmetros mínimos para a adequação do trabalho ao homem.
Foram identificados diversos riscos ergonômicos em relação as
posturas incorretas, condições inadequadas no ambiente e
equipamentos, e o uso irregular dos equipamentos de segurança
individual, podendo ocasionar acidentes de trabalho e doenças
relacionadas ao trabalho.
Palavras-chave: Ergonomia, questionários, riscos ergonômicos
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Análise dos riscos ergonômicos em uma indústria de borracha
1. Introdução
Com o avanço tecnológico e o crescimento mercadológico, as empresas estão sempre
com o desafio de acompanhar esse crescimento em busca da competitividade e sobrevivência
no mercado. Diante disso, é necessário dispor aos funcionários condições adequadas para que
possam realizar seu trabalho com conforto e segurança, adequando os processos de produção
e os postos de trabalho com a ergonomia.
A ergonomia é a adequação do trabalho ao homem, que contribui para o aumento da
qualidade de vida do funcionário, assim como a qualidade das operações industriais. Além de
ter importante contribuição para a prevenção das doenças osteomusculares relacionadas ao
trabalho (DORT), que são ocasionadas pelo comportamento do homem em atividade como
posturas incorretas, levantamento de cargas, movimentos repetitivos, dentre outros.
O objeto de estudo deste artigo é uma indústria de borracha, especializada na
fabricação de piso de borracha partilhado e produção de E.V.A (Etileno Acetato de Vinila)
para calçados e tatames, cujo nome fantasia é Indústria de Borracha SA. A empresa está
localizada na cidade de Teresina – PI, e encontra-se no mercado há 40 anos e atualmente
possui 40 funcionários.
O estudo considerou a área biomecânica da ergonomia aplicada ao trabalho, através do
estudo dos esforços feitos pelo trabalhador, o uso da coluna vertebral, o manuseio,
levantamento e transporte de cargas, na Indústria de Borracha SA, mediante da literatura
consultada.
2 Revisão bibliográfica
2.1 Ergonomia
Segundo Couto (2002) ergonomia é o trabalho interprofissional que, baseado num
conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente
de trabalho de forma confortável e produtiva, basicamente procurando adaptar o trabalho às
pessoas.
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Segundo a Norma Regulamentadora Brasileira n° 17, os conceitos ergonômicos foram
aplicados na indústria automobilística a partir de 1970, com o objetivo de tornar os veículos
mais confortáveis e funcionais de forma que pudesse satisfazer a sociedade, proporcionando
conforto e bem estar.
A ergonomia física, com características da biomecânica, abordando as posturas de
trabalho, manuseio de materiais e a incidência dos distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho (DORT) que são lesões que afetam os músculos, tendões e nervos nas articulações do
corpo, especialmente nas mãos, punhos, cotovelos, ombros, costas e joelhos, lesões essas que
se da em decorrência do esforço ou movimentos feitos de forma repetitiva (ARAUJO, 2010).
O autor acrescenta que a fadiga causada pela constante repetição desses esforços, traumatiza
gradativamente estas partes do corpo gerando dores que vão aumentando de intensidade e,
como consequência, dificultando o desempenho do trabalhador.
2.2 Legislação
As legislações trabalhistas servem para equilibrar tudo que é relacionado ao homem e
o trabalho. As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho,
são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário,
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
(MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2013).
A norma regulamentadora nº 17 aborda os aspectos relacionados ao levantamento,
transporte e descarga individual de materiais, mobiliário dos postos de trabalho, equipamentos
dos postos de trabalho, condições ambientais de trabalho e organização do trabalho.
Outras normas regulamentadoras utilizadas nesta pesquisa são: nº 09 – que visa à
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, através do programa de
prevenção dos riscos ambientais; a nº 06 que considera os equipamentos de segurança
individuais – EPI; a nº 11 que considera o transporte, movimentação, armazenagem e
manuseio de materiais; e a nº 12 que define as referências técnicas, princípios fundamentais e
medidas de proteção e segurança do trabalho em máquinas e equipamentos.
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A legislação também contempla importantes programas definidos pela legislação
como: a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) que é definida pela NR 05; os
Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que é definido pela NR 07; e
os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT).
3. Metodologia
Para a metodologia buscou-se o embasamento teórico a partir da leitura seletiva de
textos encontrados sobre a ergonomia, através de artigos, livros, legislação, dissertações, teses
e outros. O objetivo deste estudo é descritivo, pois expõe as características de uma
determinada população ou fenômeno, demandando técnicas padronizadas de coleta de dados
(PRODANOV e FREITAS, 2013), aliado a técnicas quantitativas e qualitativas.
Foi utilizado o registro de imagens fotográficas, observação in loco e a aplicação de
questionários, com 10 funcionários da empresa do setor de produção. O primeiro questionário
buscou coletar informações sobre sintomas e doenças ocupacionais que prejudicam a saúde
dos mesmos. O segundo foi o questionário nórdico que buscou identificar os sintomas
osteomusculares, que aborda itens relacionados a diferentes regiões anatômicas do corpo,
buscando mensurar a presença de sintomas osteomusculares (PINHEIRO, TROCOLLI e
CARVALHO, 2002). Este é um questionário validado de domínio público e é composto por
30 questões com alternativas sim ou não, onde busca trazer informações sobre a ocorrência de
sintomas como dores, desconfortos e dormências em várias regiões do corpo.
Através de uma observação criteriosa, em todos os setores da empresa, escolheu-se o
subsetor de produção de piso de borracha partilhado, por ter uma maior incidência de riscos
ergonômicos. Este setor possui 9 funcionários, com diferentes funções, onde foi observado
um grande contato dos funcionários com as máquinas, com excessivo esforço físico e sujeito a
acidentes de trabalho, justificando assim a escolha da amostra em estudo e na copa há
somente 1 funcionário, totalizando 10 funcionários.
Os dados obtidos por meio dos questionários foram tabulados e representados por
gráficos percentuais, através do excel, que é um software de planilha eletrônica que permite
criar tabelas e analisar dados, com o uso da função estatística descritiva que tem o objetivo de
organizar, resumir, analisar e interpretar observações disponíveis (LAPPONI, 2005).
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As fotografias de campo foram analisadas à luz da teoria da Análise Ergonômica, o
que permitiu elaborar conclusões acerca dos possíveis riscos aos quais os funcionários possam
estar expostos, considerando a bibliografia consultada.
4.
Resultados e Discussões
Os questionários foram aplicados a 10 funcionários da Indústria SA, do setor de
produção de piso partilhado, sendo 4 são do sexo masculino e 6 do sexo feminino. A carga
horária de trabalho é de 44 horas/semanais, sendo apenas 1 hora para a refeição, que pode ser
realizada no local ou fora da empresa.
Todos os entrevistados responderam as questões, sem nenhuma recusa, porém foi
observado que alguns demonstravam receio de expor suas respostas acreditando que
pudessem ser prejudicados dentro da empresa.
4.1 Utilização dos EPI’s
A Figura 1 mostra a utilização dos EPI’s dos funcionários entrevistados. As Figuras 2
(a) mostra a utilização parcial dos EPI’s; (b) mostra funcionário sem a utilização de EPI’s.
Figura 1: Utilização dos EPI’s dos funcionários entrevistados.
Fonte: Elaborada pelos autores.
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Figura 2: (a) Funcionário com a utilização parcial dos EPI’s; (b) Funcionário sem a utilização
de EPI’s.
(b)
(a)
Fonte: Elaborada pelos autores
A Figura 1 mostra que apenas 40% utilizam todos os equipamentos de proteção
individual necessários, 10% raramente utilizam e 50% utilizam parcialmente seus
equipamentos.
A Figura 2 (a) mostra um funcionário que está utilizando botas, luvas, máscara, mas
não está utilizando o protetor auricular que é muito importante para protegê-lo dos ruídos e os
óculos de segurança. A Figura 2 (b) mostra a funcionária sem utilização de EPI’s.
Segundo a Norma regulamentadora nº 06, que considera o equipamento de proteção
individual, cabe ao empregador exigir o uso, bem como orientar e treinar o trabalhador sobre
o uso adequado, a guarda e conservação. A norma também estabelece normas para o
empregado, que deve utilizá-los sempre sendo apenas para a finalidade a que se destina,
responsabilizar-se pela guarda e conservação, comunicar ao empregador qualquer alteração
que o torne impróprio para uso e cumprir as determinações do empregador sobre o uso
adequado.
A máscara utilizada na empresa como mostra a Figura 2 (a) são máscaras cirúrgicas
que segundo a norma da ABNT 13698:2011, não é considerada um EPI, pois não possui
certificado de aprovação. A NR 06 estabelece que a máscara adequada para este tipo de
ambiente de trabalho devem ser máscaras que contem o respirador purificador de ar com
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filtro. Este tipo de situação foi identificado em todos os funcionários, apesar de 40%
afirmarem que usam todos os equipamentos, foram registradas falhas, que mostram o uso
parcialmente.
Ao observar a Figura 2 (b) nota-se a ausência das botas, protetor auricular, máscara e
em especial as luvas, pois o trabalho é realizado em prensas que operam em altas
temperaturas, podendo ocasionar sérias queimaduras, e a utilização de ferramentas
pontiagudas podem causar cortes.
Notou-se, também a ausência, da touca de cabelo,
imprescindível, para evitar que os cabelos não prendam na máquina causando um acidente e,
além disso, para evitar que os fios de cabelos caiam sobre o material podendo causar a não
conformidade do produto.
3.2 Posturas e levantamento de cargas
As Figuras 3 mostram (a) o corte do piso partilhado; (b) as seis funções das mãos
segundo Couto (2002).
Figura 3: (a) funcionário realizando o corte do piso partilhado; (b) As 6 funções das mãos.
(a)
(b)
Fonte: (a): Elaborada pelos autores; (b): Couto, 2002.
A partir da Figura 3 (a) é possível observar o processo de corte das rebarbas do piso
partilhado, e observa-se que na mão direita da funcionária, encontra-se a ferramenta de corte
que exige bastante esforço, além da ausência dos EPI’s. Nota-se que a operária está apoiada
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sobre a mão esquerda e com mais evidência de força no dedo polegar. Segundo Iida (2005)
posição, em pé, é altamente fadigante porque exige muito trabalho estático da musculatura
envolvida para manter essa posição.
A Figura 3 (b) mostra as 6 funções da mãos: pinça palmar, compressão digital, pinça
lateral, pinça pulpar, compressão palmar e preensão. Para Couto (2002) dessas funções apenas
a preensão pode fazer força, os demais são movimentos voltados para a precisão, onde a
exigência de força das outras funções pode ter como consequência o aparecimento de dor.
As Figuras 4 (a) e (b) apresentam as posturas dos funcionários executando suas
funções quanto ao levantamento de cargas; (c) a postura correta para levantamento de cargas
segundo Iida (2005).
Figura 4: (a) Postura dos funcionários ao levantar uma carga; (b) Postura de dois funcionários
ao levantar os materiais; (c) postura correta para levantamento de cargas.
(a)
(b)
(c)
Fonte: (a, b): Elaborada pelos autores; (c): IIDA, 2005.
Durante as observações foram observadas constantemente posturas inadequadas
quanto ao levantamento de cargas. A Figura 4 (a) mostra o funcionário levantando uma carga
na faixa de 50 kg, a Figura 4 (b) mostra dois funcionários levantando materiais necessários
para alimentar a máquina e a Figura 4 (c) mostra a postura correta de como esses materiais
devem ser levantados segundo Iida (2005). Segundo Couto (2002) ao levantar um peso
distante do corpo, o esforço é feito pelos músculos das costas, que estão muito próximos do
ponto de apoio, e o peso, distante do corpo exerce uma sobrecarga maior que a permitida. Iida
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(2005) recomenda que o levantamento de cargas seja realizado sempre com a coluna na
posição vertical, usando-se a musculatura das pernas que são mais resistentes, como é
mostrado na Figura 4 (c).
As Figuras 5 mostram (a) o local onde se encontra a balança e os materiais que são
utilizados para a fabricação dos pisos partilhados, (b) a postura de um funcionário na
realização da pesagem do material; (c) a postura do funcionário ao colocar o material no
bamburi; (d) o layout correto da balança e os materiais utilizados na pesagem segundo Iida
(2005).
Figura 5: (a) local na Indústria SA onde são armazenados os materiais e feita a pesagem; (b)
Postura do funcionário ao realizar a pesagem do material; (c) levantamento de cargas em
locais altos; (d) maneira correta do arranjo físico onde é feita armazenagem e pesagem dos
materiais.
(a)
(c)
(b)
(d)
Fonte: Elaborada pelos autores (a, b, c); (d) IIDA, 2005.
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A Figura 6 apresenta a organização dos equipamentos e materiais pelos funcionários.
A Figura 10 apresenta as considerações sobre a higiene do local de trabalho pelos
entrevistados.
Figura 6: Consideração sobre a organização dos materiais e equipamentos do local de trabalho
pelos entrevistados.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Figura 7: Consideração sobre a higiene do local de trabalho pelos entrevistados.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Fonte: Elaborada pelos autores.
A Figura 6, mostra que para a organização dos materiais e equipamentos apenas 20%
consideram boa e 80% estão distribuídos entre ruim e regular. Dentre os entrevistados apenas
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20% consideram a higiene do local boa, enquanto 80% estão distribuídos entre ruim, péssimo
e regular (Figura 7).
As Figuras 8 mostram (a) parte do setor de produção do piso partilhado; (b) Apoio
feito de paletes ao lado das prensas; (c) Organização de materiais necessários para a
produção; (d) Organização da mesa de corte do piso partilhado.
Figura 8: (a) local de produção do piso partilhado; (b) apoio feito de paletes; (c) Organização
de materiais dentro do setor de produção; (d) mesa de corte do setor de produção do piso
partilhado.
(b)
(a)
(c)
(d)
Fonte: Elaborada pelos autores.
A Figura 8 (a) mostra parte do setor de produção do piso partilhado, onde é visível a
falta de organização no ambiente e sujeira no ambiente; (b) mostra um apoio feito de paletes
que está em más condições podendo causar acidente; (c) mostra os materiais empilhados e
sem organização; (d) mostra a mesa utilizada para corte do material com um sapato e um
tambor em cima. Esse resultado é corroborado com as Figuras 9 e 10.
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As Figuras 9 apresentam (a) as medidas corretas de uma escada, bem como
recomendações quanto a borda anti-derrapante segundo Couto (2002); (b) a escada de acesso
ao bamburi da Indústria SA; (c) o funcionário subindo a escada de acesso ao Bamburi.
Figuras 9: (a) medidas corretas de uma escada; (b) escada de acesso ao Bamburi da Indústria
SA; (c) funcionário subindo a escada de acesso ao Bamburi.
(a)
(b)
(c)
Fonte: (a) COUTO, (2002); (b, c): Elaborada pelos autores.
Segundo Couto (2002), a altura ideal do degrau de uma escada deve ser entre 16 a 18
cm, como mostra a Figura 9 (a) enquanto que o degrau da escada do bamburi da Indústria SA,
Figura 9 (b), possui 35 cm, segundo medições realizadas no local, gerando grande esforço
físico na musculatura das pernas, além de não possuir borda anti-derrapante o que pode causar
um acidente, desde modo a escada para alcance do Bamburi, está fora das normas
estabelecidas. A Figura 9 (c) mostra que o funcionário não está com o pé totalmente apoiado
no degrau, ficando uma parte fora, podendo desequilibra-se e cair. Outro ponto observado foi
à ausência da proteção do corrimão na escada, no lado esquerdo, aumentando os riscos de
acidentes.
3.3 Questionário nórdico de sintomas osteomusculares
A Tabela 1 mostra os resultados dos questionários nórdicos de sintomas
osteomusculares aplicados com os funcionários, onde foram considerados se houve dores e/ou
desconfortos nos últimos 12 meses.
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De acordo com os resultados apresentados pela Tabela 1, sobre o questionário nórdico
de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses, foi observado que os membros que mais
apresentaram desconforto pelos funcionários foram os ombros, com afirmação de 70% dos
funcionários, a região lombar com 50%, a região dorsal com 50%, tornozelos e/ou pés com
50% e os antebraços com 40%. Esses membros condizem com as posturas mencionadas
anteriormente, pois de acordo com as funções registradas diante do processo de produção do
piso partilhado mostraram que há maior utilização de força nos braços e ombros no
levantamento de cargas e no processo de corte das peças, bem como as posturas constantes de
baixar e levantar causam dores na região lombar e dorsal. As dores no pés\tornozelos podem
estar associadas à ausência de pausas durante o trabalho, sendo que o trabalho é executado em
pé durante todo o turno.
Tabela 1: Porcentagem da periodicidade dos sintomas considerando os últimos 12 meses
segundo o questionário nórdico de sintomas osteomusculares.
Em caso afirmativo
Membro
Ombro
Cotovelo
Antebraços
Punhos/mãos/dedos
Pescoço
Região Dorsal
Região Lombar
Quadris e/ou coxas
Joelhos
Tornozelos e/ou pés
Membro
Não (%) Sim (%) esquerdo
(%)
30
70
0
100
0
60
40
0
80
20
0
80
20
50
50
50
50
90
10
90
10
50
50
Fonte: elaborada pelos autores.
Membro
Ambos
direito
(%)
(%)
0
25
50
-
100
75
50
-
A Tabela 2 mostra os resultados dos questionários nórdicos de sintomas osteomusculares
aplicados com os funcionários, onde foram considerados se houve dores e/ou desconfortos
nos últimos 7 dias.
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Tabela 2: Porcentagem da periodicidade dos sintomas considerando os últimos 7 dias segundo
o questionário nórdico de sintomas osteomusculares.
Em caso afirmativo
Membro
Ombro
Cotovelo
Antebraços
Punhos/mãos/dedos
Pescoço
Região Dorsal
Região Lombar
Quadris e/ou coxas
Joelhos
Tornozelos e/ou pés
Membro
Não (%) Sim (%) esquerdo
(%)
90
10
0
100
0
80
20
0
100
0
90
10
80
20
70
30
100
0
90
10
70
30
Fonte: elaborada pelos autores.
Membro
Direito
(%)
Ambos
(%)
0
100
50
50
-
-
A Tabela 2 mostra que nos últimos 7 dias considerando os resultados do questionário
nórdico de sintomas osteomusculares que os sintomas mais frequentes foram dores nos
pés/tornozelos com 30% dos funcionários, 30% na região lombar, 20% na região dorsal e
20% nos antebraços. Pode-se observar que os desconfortos são nas mesmas regiões que
exigem mais esforço dos funcionários na execução da função e que são os mesmos membros
que sofreram desconfortos\dores nos últimos 12 meses como visto na Tabela 4.1. Como não
há o rodízio de atividades na indústria e os funcionários afirmaram está muito tempo na
mesma função, esses sintomas podem ser ocasionados pela repetitividade dos movimentos
durante muito tempo, devido à permanência longa na mesma função, ressaltando também que
a falta de instrução sobre as posturas corretas a serem executadas colaboraram com os índices.
A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos relacionados a problemas como dor e\ou
desconforto nos últimos 12 meses, onde foi necessário evitar as atividades, segundo o
questionário nórdico de sintomas osteomusculares aplicados com os funcionários.
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Tabela 3: Porcentagem da periodicidade dos sintomas, onde foi necessário evitar as atividades
considerando os últimos 12 meses segundo o questionário nórdico de sintomas
osteomusculares.
Em caso afirmativo
Membro
Ombro
Cotovelo
Antebraços
Punhos/mãos/dedos
Pescoço
Região Dorsal
Região Lombar
Quadris e/ou coxas
Joelhos
Tornozelos e/ou pés
Membro
Não (%) Sim (%) esquerdo
(%)
90
10
100
100
0
100
0
80
20
50
90
10
70
30
90
10
100
0
100
0
90
10
Fonte: elaborada pelos autores.
Membro
Ambos
direito
(%)
(%)
0
0
50
-
0
-
A Tabela 3 mostra que houve ausência no trabalho de 10% por desconforto/dores nos
ombros, 20% nos punhos/mãos/dedos, 10% no pescoço, 30% na região dorsal, 10% na região
lombar e 10% nos tornozelos e/ou pés. Dos resultados apresentados apenas 1 funcionário
sofreu um acidente lesionando o dedo, os demais não sofreram acidentes na indústria podendo
ser associado os sintomas afirmados por eles, às atividades que estão executando.
A empresa não possui o registro nos Serviços especializados em Engenharia e em
Medicina do Trabalho (SESMT), que segundo a Norma Regulamentadora nº 04, tem a
finalidade de promover a saúde e promover a integridade do trabalhador no local de trabalho.
O SESMT associa o número de empregados do estabelecimento com os riscos expostos
dentro da atividade, buscando prevenir os funcionários dos acidentes ou danos a saúde dos
mesmos. O SESMT deve possuir todos os dados de acidentes ocorridos, no qual para este
estudo não foi possível analisar esses dados, a fim de relacionar aos resultados obtidos com os
sintomas osteomusculares sentidos pelos funcionários.
Na indústria, em estudo, existe a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),
que segundo a Norma Regulamentadora nº 05 que tem como objetivo a prevenção de
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acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA é
composta por representantes entre os empregados bem como um representante entre os
empregadores. Foi observado que também há falhas nesse sistema dentro da empresa, os
representantes da CIPA pouco sabem qual o objetivo e o que devem fazer na comissão, a
única atividade executadas pelos membros é observar quando os EPI’s estão quase em falta e
encaminharem para os seus superiores os pedidos para repor o estoque.
4. Conclusão
Nesta pesquisa foram identificados vários riscos aos quais estão as posturas
inadequadas na execução das atividades, onde não há o rodizio de tarefas, pausa para o
descanso, nem a ginastica laboral, havendo um índice considerado de fadiga e desconfortos na
região dorsal, região lombar, pés/tornozelos, antebraços e ombros. O uso dos equipamentos de
segurança individual é inadequada, com a maioria dos funcionários sem utilizar seus
equipamentos, correndo riscos de acidentes e problemas de saúde devido ao uso indevido ou
ausente, bem como alguns dos equipamentos utilizados estão inadequados para o tipo de
função.
O ambiente de trabalho não se adequada quanto a disposição dos materiais e a
estrutura do local, bem como para o levantamento de cargas e armazenagem dos materiais,
pois não há um estudo do layout na empresa e não há práticas ergonômicas. A empresa não
possui o registro no SESMT, PCSMO e os membros CIPA da empresa desconhecem as
informações necessárias para uma comissão eficiente.
Deste modo a empresa precisa proporcionar aos funcionários melhores condições de
trabalho, segurança e meios de prevenção dos sintomas osteomusculares, promovendo
programas de atividades e métodos educacionais de conscientização do uso dos EPI’s
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Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira 13698 – Equipamento de
Proteção Respiratória – Peça semifacial filtrante para partículas - Especificação. Rio de Janeiro: ABNT,
2011
COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho em 18 lições. Ilustrado por Ricardo Sá. Belo Horizonte: Ergo,
2002.
IEA
–
ASSOCIAÇÃO
INTERNACIONAL
DE
ERGONOMIA.
Disponível
em:
<http://www.iea.cc/01_what/What%20is%20Ergonomics.html>. Acesso em: 03 agosto 2013.
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análise dos riscos ergonômicos em uma indústria de