Série de BRIEFING da Rodada de Doha Tratamento Especial e Diferenciado O Mandato de Doha: “Reafirmamos que disposições para tratamento especial e diferenciado constituem parte integrante dos Acordos da OMC. Anotamos que as preocupações expressas relativamente ao seu funcionamento em abordar constrangimentos específicos confrontados por países em desenvolvimento, particularmente países menos desenvolvidos. Nesse contexto anotamos que alguns Membros propuseram um Acordo de Enquadramento Sobre o Tratamento Especial e Diferenciado (WT/GC/W/442). Concordamos portanto que todas as disposições de tratamento especial e diferenciado serão revistos visando reforçá-los e torná-los mais precisos, eficazes e operacionais. Ligado a isto, endossamos o programa de trabalho sobre o tratamento especial e diferenciado estabelecido na Decisão sobre questões e preocupações relacionadas à implementação.” (Parágrafo 44 da Declaração Ministerial de Doha) O tratamento especial e diferenciado (SDT, sigla em inglês) já foi considerado a pedra angular do desenvolvimento na Rodada de Doha. A expectativa era de que as negociações da “Agenda do Desenvolvimento” de Doha permitissem que os países em desenvolvimento (PEDs) tirassem mais proveito do fato de serem Membros da OMC e pudessem melhor integrar as regras da OMC a suas políticas nacionais. Para isso, o SDT deveria ser mais “preciso, eficaz e operacional”, por meio de melhor implementação, assistência técnica e capacitação. Os Membros também concordaram em buscar novas soluções para os desafios sui generis enfrentados por países de menor desenvolvimento relativo (LDCs, sigla em inglês) e pequenas economias. Contudo, às vésperas da Conferência Ministerial de Cancun, em 2003, muitas das questões relativas ao desenvolvimento foram adiadas. Alguns delegados sugerem que essa estagnação coloca em risco o espírito das negociações de Doha como uma “rodada do desenvolvimento”. Outros argumentam que as negociações sobre agricultura, acesso a mercados de bens não-agrícolas (NAMA) e serviços sobrepuseram-se às negociações sobre SDT no âmbito da Sessão especial da Comissão de Comércio e Desenvolvimento –(CTD-SS, sigla em inglês). O desafio agora consiste em assegurar que a Rodada de Doha como um todo traga benefícios para PEDs – incluindo as negociações da CTD-SS sobre as disposições de SDT e os resultados do acesso a mercados agrícolas, NAMA e serviços, fortalecendo o sistema de comércio multilateral. Tratamento Especial e Diferenciado Em 2005, as negociações na CTD-SS afastaram-se dos debates anteriores sobre a prioridade relativa de propostas de acordos específicos versus questões horizontais. Nos primeiros meses do ano, os Membros esforçaram-se para definir uma abordagem que tratasse de ambos os temas. Vários Membros, incluindo alguns países desenvolvidos (PDs), alegaram que as questões horizontais deveriam ser uma prioridade. Por outro lado, vários outros Membros sugeriram que as discussões prolongadas sobre a prioridade relativa de acordos específicos versus questões horizontais – que aconteceram de abril de 2004 até a primavera de 2005 – haviam desviado a atenção da revisão do SDT, que encontrava-se sob o Mandato de Doha e apoiava-se no Pacote de Julho de 2004. A abordagem sugerida em dezembro de 2004 pelo Presidente da Mesa da CTD-SS, Faizel Ismail, da África do Sul, tentou tratar ambas questões, mas em maio de 2005 os Membros decidiram centrar as discussões nas propostas de acordos específicos, esperando fazer progressos concretos durante as preparações para a Ministerial de Hong Kong. Em maio de 2005 os Membros começaram a examinar cinco propostas de acordos específicos apresentadas por LDCs e pelo Grupo Africano. No entanto, as negociações têm sido difíceis. Entre julho e setembro de 2005 os Membros não conseguiram chegar a um acordo quanto às propostas de emenda provenientes dos LDC e do Grupo Africano, e muitos exigiram que as propostas fossem redigidas novamente para melhor abordar as necessidades de seus proponentes. O impasse em relação aos textos propostos explica-se em parte pelo fato de muitos Membros acreditarem que os documentos não refletiam e tampouco abordavam as necessidades subjacentes de seus proponentes, contrariando os pilares nãodiscriminatórios do sistema multilateral de comércio. Isso levou alguns Membros Copyright ICTSD et IISD, November 2005 52 Histórico A relação entre políticas de comércio internacional, regras, objetivos e estratégias nacionais de desenvolvimento é o centro das negociações da OMC sobre SDT. A origem do conceito de tratamento mais favorável para PEDs no sistema multilateral de comércio encontra-se nos primeiros anos do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, sigla em inglês), mas a forma que esse tratamento assumiu no âmbito das regras de comércio tem mudado com o tempo. Os acordos da OMC contêm aproximadamente 155 disposições sobre SDT, que visam capacitar os participantes da OMC a tirarem proveito das regras ao mesmo tempo em que respeitam suas obrigações. Essas disposições resultam de um consenso quanto à necessidade de integrar Membros com capacidades diversas, especificamente aqueles que apresentam mais desvantagens como participantes integrais do sistema multilateral de comércio. Durante a Rodada Uruguai, o conceito de SDT mudou. De provedor de uma gama de flexibilidades e “espaços para políticas de desenvolvimento” com base em critérios econômicos, o conceito passou a relacionar-se com a derrogação de normas temporalmente limitadas, tratamento mais favorável no que tange compromissos tarifários de redução de subsídios e limites mais generosos quanto à aplicação de medidas de defesa de mercado (i.e.medidas compensatórias e direitos antidumping). Os Acordos da OMC também cobrem um número muito maior de áreas que o GATT, muitas das quais ultrapassam fronteiras para regular aspectos centrais de políticas estatais econômicas. As disposições sobre SDT criadas para enfrentar os desafios que essa mudança de âmbito representou para países em desenvolvimento introduziram uma nova forma de SDT, que se traduz em declarações mais abrangentes a favor do desenvolvimento, mas que em sua grande maioria são impossíveis de serem aplicadas. Assim, pode-se dizer que o SDT evoluiu. Ele deixou de ser um instrumento de apoio ao desenvolvimento no contexto da liberalização comercial (no GATT) e passou a ser (na OMC) um instrumento que auxilia os países em desenvolvimento a criar capacidade legal e institucional para cumprir com suas obrigações de liberalização comercial. Essa transformação da natureza do SDT é reflexo de uma mudança do entendimento geral quanto à relação entre comércio e desenvolvimento. De acordo com a ortodoxia prevalecente, o aumento da liberalização comercial é tido como um elemento necessário à política do desenvolvimento. Essa escola de pensamento argumenta que o SDT é, na melhor das hipóteses, uma lenta forma de integração dos países em desenvolvimento à OMC e, na pior das hipóteses, causador de danos. Os PEDs concordaram com essa mudança na Rodada Uruguai – juntamente com os novos compromissos assumidos em propriedade intelectual, serviços e investimentos – pois esperavam beneficiar-se do maior acesso a mercados agrícolas, têxteis e vestuários. Esses países também esperavam que se criasse uma sensibilidade significativa em relação ao desenvolvimento a partir da implementação das disposições do SDT. No entanto, esses benefícios não se materializaram, e essas novas disciplinas foram vistas como “camisas de força”, limitando o uso de instrumentos econômicos em prol de avanços estratégicos de regiões e setores, e do estabelecimento ou aplicação de redes de segurança social e econômica. Assim, a frustração dos PEDs em relação a declarações de aspiração desenvolvimentista tem levado esses países a redirecionar o mandato da Declaração de Doha, de modo a tornar as disposições de SDT em acordos específicos da OMC mais “precisas, eficazes e operacionais”. Contudo, alguns países desenvolvidos questionam a extensão e eficácia do SDT. Para eles, existe uma limitação, já que todos os países “em desenvolvimento”, com exceção dos LDCs, devem ser tratados da mesma forma. Isso, dizem eles, limita a extensão do tratamento preferencial que pode ser direcionado para os Membros em diversas etapas de integração à economia global, exibindo capacidades diversas, condições setoriais e sub-nacionais heterogêneas e dimensões de mercado altamente diferenciadas. Os PDs alegam que o debate sobre questões horizontais, como princípios e objetivos do SDT, elegibilidade, benchmarking (patamares mínimos), mecanismos de monitoramento e tratamento diferenciado melhorado, entre outros temas, permitiria que os Membros aplicassem o tratamento especial acordado a PEDs de modo diferenciado. TTratamento Especial e Diferenciado a concluir que abordagens comuns a questões horizontais seria a melhor solução para a acomodação de diferentes níveis de desenvolvimento e necessidades existentes sem comprometer as bases do sistema. Prazos De acordo com o mandato original de Doha, o CTD ficou incumbido de reportar-se ao Conselho Geral até 31 de julho de 2002 “com claras recomendações para uma decisão” no que tange o mandato do SDT, contido no parágrafo 44. Esse prazo foi prorrogado e não cumprido três vezes: dezembro de 2002, fevereiro de 2003 e julho de 2005. Estado Atual das Negociações O Comitê de Negociações Comerciais (TNC, sigla em inglês) atribuiu originalmente o mandato sobre SDT à CTD-SS em 2001. Em maio de 2003, o Presidente do Conselho Geral circulou uma lista categorizando as 88 propostas de acordos específicos sugeridas por PEDs. Na Categoria I havia 38 propostas, sobre as quais acreditava-se ser possível chegar a um acordo antes de Cancun, devido ao apoio já existente ou à sua urgência. A Categoria II continha Copyright ICTSD, Novembro de 2005 53 13 Série de BRIEFING da Rodada de outras 38 propostas que foram enviadas a órgãos relevantes da OMC ao final de maio de 2003. A Categoria III incluía 15 propostas sobre as quais os delegados tiveram maior dificuldade em chegar a um consenso. Vinte e oito recomendações de acordos específicos foram incluídas no anexo C do Draft da Conferência Ministerial de Cancún. No entanto, o fracasso da Conferência trouxe como conseqüência a não-adoção de 28 recomendações. Como resultado do enfoque pósCancún em agricultura, NAMA, algodão e as questões de Singapura ao final de 2003 e início de 2004, as discussões sobre SDT não recomeçaram até abril de 2004, quando os Membros então iniciaram uma tentativa (que duraria um ano) para esclarecer como priorizar questões relacionadas a acordos específicos e horizontais. O Presidente da Mesa, Ismail, perguntou aos Membros o que eles desejavam fazer com as propostas sobre as quais, em princípio, já havia consenso; como a discussão atual sobre SDT poderia ser mais produtiva e quais eram as sugestões para o futuro. As respostas refletiram as mais diversas preocupações: desde um lento progresso sobre como proceder até o desafio por parte dos PEDs da América Latina e do Leste Asiático relacionado à barreiras lingüísticas (o que, temiase, poderia criar uma nova categoria de fato de PEDs, incorporando o difícil tema da diferenciação). O resultado foi o Pacote de Julho de 2004, que simplesmente instruiu a CTD-SS a “concluir a revisão rapidamente” até julho de 2005. Em uma reunião de outubro de 2004, a CTD-SS continuou a discutir o processo a ser adotado e o equilíbrio entre questões horizontais e acordos específicos. A Suíça propôs um novo agrupamento de propostas em torno de temas específicos subjacentes, como restrições à capacidade e assistência técnica. Além disso, a Mesa concordou em pressionar os outros órgãos da OMC que examinavam as propostas da Categoria II a apresentar seus relatórios à CTD, e também foi mencionada 54 Copyright ICTSD, Novembro Doha a possibilidade de adoção de todas as 28 recomendações, juntamente com as propostas da Categoria I, até o fim de 2005. No entanto, em uma reunião de dezembro de 2004, o Presidente Ismail apresentou uma nova abordagem para as negociações, uma tentativa de superar os desentendimentos sobre a importância relativa das questões relacionadas a acordos específicos e horizontais. A abordagem “flexibilizada” do Presidente pede que os negociadores agrupem suas propostas de acordos específicos de SDT baseados em suas motivações e questões subjacentes. Vários PEDs temiam que a abordagem daria ênfase indevido a questões horizontais e poderia levar a um tratamento diferenciado entre os PEDs. Em reunião que aconteceu em fevereiro de 2005, os Membros decidiram continuar a negociar propostas de acordos específicos, tendo a abordagem proposta pelo Presidente da Mesa como ponto de referência. Nessa ocasião, os Membros expressaram um certo receio quanto à formalização do processo, já que a reunião de abril da CTD-SS desintegrou-se logo após os Membros não terem conseguido chegar a um acordo quanto a uma agenda que atribuía um dia inteiro à discussão de questões horizontais. Ao que tudo indica, a agenda sugerida dividiu todas as propostas horizontais e de acordos específicos em duas categorias mais amplas: “flexibilização” e “capacitação”. A reunião de abril centralizou as discussões na categoria de flexibilização, examinando as propostas de acordos específicos no primeiro dia e as propostas horizontais no segundo, com uma reunião em maio voltada para as propostas de capacitação. Vários PEDs, incluindo Índia, Malásia, México, Camboja e Peru, reclamaram que não haviam sido adequadamente consultados sobre essa classificação. Eles temiam que a estruturação do trabalho ao longo dessas linhas mudaria a direção das negociações a favor das questões horizontais, em vez de assegurar que os Membros centrassem sua atenção em propostas de acordos específicos. O argumento era que o mandato da Declaração de Doha era muito mais forte, e possibilitaria que se alcançassem resultados específicos dentro do tempo previsto para as negociações. Como resultado, esses países recusaram-se a aceitar a agenda e a reunião foi encerrada mais cedo. Depois de exaustivas consultas, as reuniões de maio de 2005 progrediram ao analisar cinco propostas de acordos específicos sugeridas por LDCs. Conforme fosse apropriado, os Membros poderiam levantar questões horizontais como possíveis soluções para essas propostas. Essa foi a primeira vez em dois anos (desde Cancun) que propostas de acordos específicos foram examinadas com seriedade pelo grupo. Os Membros sugeriram que havia necessidade de nova redação para atualização, tendo me vista o Pacote de Julho e outros acontecimentos. Alguns PDs argumentaram que os LDCs teriam que assumir pelo menos alguns compromissos e não poderiam esperar receber isenções para sempre, já que o objetivo da OMC é integrar países, incluindo LDCs, em um único sistema multilateral de comércio. Os LDCs responderam que a intenção de sua proposta era encontrar soluções para os custos de implementação das disciplinas da OMC. O resultado foi a solicitação aos LDCs para que redigissem novas submissões e nelas abordassem melhor suas necessidades subjacentes. As novas versões foram apresentadas em junho de 2005. Novamente, os Membros criticaram os textos, alegando que as alterações feitas eram “cosméticas” e que as propostas poderiam beneficiar-seiam de uma nova redação, que esclarecesse e assegurasse a abordagem de todas as necessidades dos proponentes. Os Membros também expressaram receio quanto à “automaticidade” de algumas isenções contidas nas propostas. Apesar das negociações terem durado mais de onze horas, os Membros não conseguiram chegar a um acordo e elaborar um texto dentro do prazo estabelecido no ano anterior, 31 de julho de 2005. Desde julho de 2005, os LDCs vêm solicitando mais tempo para reconsiderar suas propostas, reunirem-se bilateralmente com os países que sugeriram mudanças e redigir novas submissões, mais adequadas. Enquanto isso, em consultas informais durante o mês de setembro e em uma reunião formal em outubro, os Membros revisaram as propostas africanas e depararam-se com as dificuldades similares no que tange esclarecimentos de linguagem e as intenções por trás das de 2005 Perspectivas para o Futuro. No momento, parece que o debate sobre questões horizontais “esfriou”, bem como o debate sobre princípios e objetivos do SDT, eligibilidade e tratamento diferenciado, que fazem parte do mandato de Doha. Embora os PEDs tivessem desejado que o novo enfoque fosse dado a propostas de acordos específicos, uma real revisão do texto revela que as propostas abordam muitos problemas horizontais. Deste modo, pode valer a pena considerar se pequenas alterações no texto de acordos específicos da OMC podem resolver as grandes necessidades do desenvolvimento que motivaram PEDs a desenvolver um novo texto. Se as propostas visam tornar o SDT mais operacional, elas devem abordar as necessidades de PEDs de modo mais direcionado e efetivo. Isso pode estreitar o âmbito e nível de sua ambição. Contudo, poderá também implicar que questões sistêmicas que abrangem vários acordos representam um problema para o tratamento eficaz de PEDs na OMC. Nesse caso, essas questões deveriam ser abordadas juntamente com alterações textuais específicas. A maioria das propostas “mais fáceis” da Categoria I já foi abordada por meio de uma inclusão nos 28 textos que foram acordados pré-Cancún. As 38 propostas da Categoria II continuam nos respectivos órgãos de negociação. Como resultado, a maioria das propostas que estão sendo examinadas pela CTD-SS pertence à categoria III, denominada “difícil”, e não existe vontade política para que se chegue a um acordo quanto as vastas aspirações expressas nas propostas dos LDCs e do Grupo Africano. No entanto, pode haver incentivo para renegociação e nova redação dos textos caso seja possível alcançar bons resultados nas negociações sobre agricultura, NAMA e serviços. LDCs e Pequenas Economias Embora recebam menos atenção, os programas de trabalho para LDCs e pequenas e vulneráveis economias também são áreas ativas de negociação na OMC. Desde a reunião de Cancun, questões-chave nos Sub-Comitês da OMC para LDCs têm incluído: assistência técnica para LDCs que encontram-se em processo de adesão e com problemas de abastecimento; acesso a mercados (particularmente em relação à Austrália e Canadá); questões relacionadas à integração temporal; e, mais recentemente, a eliminação gradual de cotas para têxteis e vestuários (ver Briefing Número 4 da Rodada de Doha). Na Sessão dedicada a pequenas economias do CTD, os Membros têm lutado para encontrar soluções para as necessidades das pequenas e vulneráveis economias. O mandato da Declaração de Doha para “encontrar respostas para questões relacionadas ao comércio em prol da integração de pequenas e vulneráveis economias ao sistema multilateral de comércio” mostrou-se dificultado pela ordem da Declaração de “não se criar uma sub-categoria de Membros da OMC”. Em fevereiro de 2005, os Membros concordaram em adotar uma estratégia trifásica, sugerida pelo Presidente da Mesa, o Embaixador Trevor Clarke, de Barbados. A primeira fase considera as características para identificar o que pode ser aceito como “pequenas e vulneráveis economias”. A segunda fase, que foi eventualmente integrada à primeira, envolve as considerações dos problemas relacionados ao comércio que poderiam ser razoavelmente atribuídas àquelas características. A terceira fase enquadra as respostas aos problemas identificados. Os proponentes do plano de trabalho para pequenas e vulneráveis economias – incluindo catorze países da ACP – apresentaram um documento (WT/COMTD/SE/W/12) em fevereiro de 2005 que delineava 17 características e problemas que, como sugerido, permitiria que os Membros compreendessem as deficiências estruturais que impedem pequenas e vulneráveis economias de desfrutar os plenos benefícios do sistema multilateral de comércio. Em maio de 2005, os proponentes apresentaram outra proposta (WT/ COMTD/SE/W/13) que tinha como objetivo impulsionar as negociações sobre solução de problemas. TTratamento Especial e Diferenciado submissões. Assim, os PEDs têm sido constantemente questionado quanto aos objetivos de suas propostas e sobre os desafios específicos que impulsionaram a implementação dos acordos da OMC que esses países buscavam emendar. Atualmente, os LDCs e os países Africanos esforçam-se para converter seus textos atuais (que alguns descrevem como vagos) em propostas que proponham alterações concretas aos acordos da OMC. Com a aproximação da Conferência Ministerial de Hong Kong, reuniões intensivas sobre tópicos cruciais, como agricultura, NAMA e serviços, têm guiado as limitadas capacidades de negociação desses países. Ao decidir se devem melhor esclarecer a linguagem das propostas de SDT ou se devem priorizar negociações sobre questões high profile, muitos países têm preferido centrar-se em negociações que gerem resultados imediatos em outros órgãos, muitas das quais apresentam importantes implicações do ponto de vista do desenvolvimento. Em resposta às reações à proposta de maio de 2005, os 21 proponentes do plano de trabalho para pequenas e vulneráveis economias apresentaram uma proposta adicional (WT/ COMTD/SE/W/14) durante reunião que aconteceu no dia 17 de outubro de 2005. O texto sugeria uma abordagem dupla, na qual os proponentes apresentariam submissões sobre como seus problemas particulares poderiam ser levados diretamente aos órgãos relevantes da OMC, enquanto a Sessão dedicada a pequenas economias do CTD continuaria a monitorar o progresso dessas propostas. O documento também cita submissões apresentadas por países que patrocinam os grupos de negociação da OMC sobre agricultura, NAMA e regras (TN/RL/GEN/57/ Rev.2). Outros Membros mostraram-se favoráveis à abordagem dupla, defendida por PDs na Sessão dedicada a pequenas economias do CTD. Contudo, durante negociações informais que buscavam esboçar um texto preliminar para a Conferência Ministerial de Hong Kong, os Membros continuaram a discordar so- Copyright ICTSD, Novembro de 2005 55 13 Série de BRIEFING da Rodada de bre como apresentar um conteúdo substantivo que promovesse os interesses de pequenas e vulneráveis economias sem introduzir uma dife- Doha renciação entre PEDs. O que determinará quanto desse trabalho será integrado aos resultados da Conferência Ministerial é até onde a sessão dedicada a pequenas economias do CTD conseguirá concordar sobre o texto e como as submissões dos proponentes serão tratadas nos órgãos de negociação. A Série de Briefings da Rodada de Doha é publicada pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (ICTSD) em colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD). Os Directores de Séries são Ricardo MeléndezOrtiz e Mark Halle. A Série completa, assim como atualizações futuras podem ser encontradas na www.ictsd.org e na www.iisd.org. Direitos de Autor: ICTSD e IISD, 2005. The Centro Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (ICTSD - http://www.ictsd.org) é uma organização não lucrativa independente sedeada em Genebra. Fundada em 1997, a missão do ICTSD é de avançar o objetivo do desenvolvimento sustentável capacitando os intervenientes no sentido de influenciarem a feitura de políticas de comércio através da informação, networking, diálogo, pesquisa bem direcionada e capacitação. O ICTSD é a editora de PONTES Revita Mensal © e PONTES Semanário de Notícias sobre o Comércio©. É co-editora de PASSERELLES entre le commerce et le développement durable© (com ENDA Tiers-Monde); PUENTES entre el Comercio y el Desarrollo Sostenible© (com o Centro Internacional de Política Económica para el Desarrollo Sostenible - CINPE); e PONTES entro o Comércio e o Desenvolvimento Sustentável© (com a Fundação Getulio Vargas). Os principais fundadores do ICTSD em 2005 incluem agêncies de cooperação sobre o desenvolvimento dos Governos da Suécia, os Países Baixos, o Reino Unido, a Suiça, Luxemburgo e Dinamarca, assim como a Agência Intragovernamental da Francofonia, a Fundação Rockefeller, a Fundação William e Flora Hewlett, Novib, Christian Aid, Oxfam e a Coligação Suiça de Organizações para o Desenvolvimento. O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (www.iisd.org) contribui para o desenvolvimento sustentável avançando com recomendações de políticas sobre o comércio internacional e o desenvolvimento, política económica, mudanças climáticas, medidas e avaliações, e gestão de recursos naturais. Utilizando comunicações via Internet, apresentamos relatórios sobre negociações internacionais e corretagem de conhecimentos adquiridos através de projectos de colaboração com parceiros globais, resultando em pesquisas mais rigorosas, capacitação em países em desenvolvimento e melhoria de diálogo entre Norte e Sul. Fundada em 1990, o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentado (IISD) dedica-se a promover mudanças para um desenvolvimento sustentado. Através da nossa pesquisa e através de comunicação eficaz das nossas conclusões, engajamos responsáveis por decisões no governo, em negócios, ONGs e outros setores para desenvolver e implementar políticas que são simultaneamente benéficas à economia global, ambiente global e bem-estar social. Acreditamos também fervorosamente na importância de fazer crescer a nossa capacidade institucional ao mesmo tempo que ajudamos as nossas organizações-parceiras a se distinguirem no mundo em desenvolvimento. 56 Copyright ICTSD, Novembro de 2005