CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
LINGUAGEM
UMA PROPOSTA FONOAUDIOLÓGICA DE
ESTIMULAÇÃO DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS
Monografia para o curso de metodologia
Orientadora Mirian Goldenberg
RENATA MARIA MOHALLEM
São Paulo
1998
1
“Lidar com a criança significa implicitamente lidar com seu
contexto, do qual a família é parte fundamental”
(Suzana Magalhães Maia)
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Dedico este trabalho a meus pais, e em especial a tia Welma.
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SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO....................................................................... 8
2- DISCUSSÃO TEÓRICA
2.1 Alimentação
2.1.1 Amamentação .......................................................10
2.1.2 Alimentação a partir dos 6 meses .....................12
2.2 Desenvolvimento da fala e da linguagem
2.2.1 Fase pré lingüistica ..............................................14
2.2.2 Primeiro desenvolvimento sintático ................15
2.2.3 Expansão gramatical propriamente dita..........15
2.2.4 Últimas aquisicões.................................................16
2.3 Como estimular a criança em seu desenvolvimento
2.3.1 Como estimular a criança em seu primeiro ano
de vida...........................................................................................17
2.3.2 Como estimular a criança no segundo e
terceiro ano de vida ...................................................................22
2.3.3 Como estimular a criança no quarto ano de
vida.................................................................................................25
2.3.4 Como estimular a criança no seu quinto ano
de vida............................................................................................27
COSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................32
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RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi criar um manual informativo dirigido a pais e
professores, assim como outros responsáveis pelas crianças, sobre o
desenvolvimento e estimulação infantil nas áreas: cognitiva, motora e da
linguagem. Numa linguagem simples e de fácil compreensão, este manual
pretende fornecer “dicas” de estimulação em cada fase do desenvolvimento da
criança de 0 a 5 anos.
Esta
pesquisa
foi
realizada
através
de
um
levantamento
bibliográfico de diversos autores que estudaram o desenvolvimento da
linguagem.
O trabalho fornece “dicas”, a partir da análise dos autores
pesquisados, sobre a importância da interação entre mãe e a criança na
amamentação e em outras atividades diárias de brincadeiras, entre outras.
Conclui-se, com este estudo, que o desenvolvimento da
criança depende do ambiente em que ela vive. Daí a importância das
atividades como as propostas, onde possam ocorrer trocas que contribuirão
na integração da criança na vida social.
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SUMMARY
The main aim from this sounding was tho criate an informative
manual directing to parents and teachers, as well as other responsables by
children, about the childish’s development and the stimulation in the following
areas: cognition, motory and language.
In a simple and easy language comprehension, this manual intend to
provide some ways in order to stimulate each fase the child’s development
among zero to five years old.
This souding was realized through a bibliography of several authors
who studied the language develoment. It was from the importance of the
interation between the mother and its child during the lactation and from the
other diary activities, principally in children’s plays.
The child’s development depends on the ambient that its lives. So,
the importance of the activity will cause exchanges that will contribute in the
child’s integration in its social life
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AGRADECIMENTO
Agradeço a minha tia Wanda pela boa vontade de
sempre estar revendo meu trabalho.
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1- INTRODUÇÃO
Desde o princípio da humanidade, o homem precisava se comunicar para
poder se expressar, trocar experiências, enfim, sobreviver, e, por isso, desenvolveu
gestos e sons. A comunicação passou a ser, então, efetuada através da linguagem, que é
um dos principais instrumentos na formação do mundo cultural e uma das mais
importantes formas de interação entre os homens.
A linguagem
começa com o nascimento, com o primeiro choro; é
comunicação, uma habilidade, e não uma simples questão de pronunciar as palavras.
Envolve os sentidos, o desenvolvimento de muitos músculos (principalmente da boca e da
língua), as experiências da criança com as coisas, pessoas e sensações diversas.
Desde a gestação, o feto mantém com a mãe um contato íntimo, de
dependência para a realização de suas funções vitais (respiração, alimentação). Quando
o bebê nasce, acontece uma ruptura dessa dependência. Ele próprio passa a realizar
essas funções, mas a dependência materna ainda é proeminente. Ele ainda dependerá
da mãe em seus primeiros anos de vida.
Atualmente, vivemos em uma sociedade onde a mulher tem desempenhado
vários papéis : ser mãe, dona de casa, profissional ;o que faz com que a convivência com
o bebê diminua. A mãe já não será mais o modelo, mas também não será o educador da
escola por não poder individualizar a atenção. Dessa maneira, a criança pode não ter um
adulto significativo, que sirva de modelo para sua aprendizagem, o que acarretará numa
menor estimulação.
Quanto mais a criança for exposta à linguagem, maiores condições ela terá de
adquirir regras que geram as estruturas lingüísticas.
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O objetivo dessa pesquisa é criar um manual informativo para auxiliar pais e
professores, auxiliares de classe e pajens a respeito do desenvolvimento e da
estimulação de linguagem de crianças de 0 a 5 anos.
Abordarei tipos de contribuições para o desenvolvimento da criança no dia a
dia; e como maior objetivo, mostrarei maneiras de como interagir, evitando assim,
alterações no desenvolvimento da linguagem.
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2- DISCUSSÃO TEÓRICA
Utilizamos os mesmos órgãos (língua, lábios dentes e palato e um grupo de
músculos) para comer e falar; por isso, a alimentação tem papel importante no
desenvolvimento da fala. É através dela que exercitamos e estimulamos a musculatura
bucal e facial, que participam da produção dos fonemas que, juntos, formarão palavras.
Para falar, precisamos fazer movimentos com a boca, e esses são
desenvolvidos com a alimentação durante a sucção, mastigação e deglutição. Só
teremos uma fala clara, se tivermos uma boa habilidade desses movimentos.
O resultado da falta de experiência com o alimento sólido, que exige um
esforço do ato mastigatório, pode trazer como conseqüência, desenvolvimento
inadequado do sistema estomatognático, como: crescimentos assimétricos, respirações
bucais, deglutições atípicas, e outras alterações que resultam em maloclusão e desvios
de crescimento facial.
A criança com problemas de alimentação, freqüentemente, perde saliva pela
boca (cialorréia), o que pode acarretar seu isolamento social e reduzir a quantidade de
estimulação lingüística e social recebida.
2.1- ALIMENTAÇÃO
2.1.1- Amamentação
Para Kraus de Camargo(1997) , o leite materno é o alimento ideal, completo ,
suficiente, e oferece proteção extra contra doença para um bebê nos seus primeiros seis
meses de vida. Não precisa ser comprado, preparado, colocado na mamadeira e
aquecido; além disso, não existe o perigo de estragar.
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O peito , além de saciar a fome, remedia todos os incômodos e temores do
bebê. É um relacionamento íntimo com a mãe, e oferece estímulos psicológicos para o
desenvolvimento da criança.
A criança que estiver sendo amamentada no peito, não precisa de sucos, chás
ou papinhas nos primeiros seis meses de vida. Não é preciso a mãe se preocupar com a
falta de outras vitaminas se ela mesma as estiver ingerindo.
É necessário que a mãe tome bastante água em períodos mais quentes, para
que a criança fique hidratada ao mamar, e oferecer a mama mais vezes, pois nessa
época é comum os bebês mamarem um pouquinho e pararem. Assim fazem somente
para saciar a sede.
Barbosa e Schnonberger (1996) acreditam que a sucção é o exercício mais
eficaz e natural para uma criança poder desenvolver sua linguagem oral. Portanto, a
estimulação sensório-motor-oral realizada precocemente, dará a criança, subsídios de
melhor adequação dos OFA (Órgãos Fono Articulatórios). O esforço realizado pela
musculatura perioral do recém nascido é bem maior quando suga o peito materno do que
a força para sugar o bico de uma mamadeira.
Essas autoras sugerem uma técnica , onde mãe e filho são exemplo de
incentivo ao aleitamento materno:
A mãe deve escolher um local tranqüilo para amamentar, pedindo licença para
parentes e visitas presentes. Antes e depois do aleitamento, lavar as mãos e mamilos
com água pura e fervida. A mãe não deve estabelecer horários rígidos e nem interromper
o sono do bebê. Deve oferecer os dois peitos durante a mamada, esgotando pelo menos
um deles. Na próxima mamada deverá ser oferecido o seio sugado por último, na
mamada anterior, porque as substâncias gordurosas do leite materno são liberadas em
maior quantidade quando ocorre o esvaziamento completo da mama. A mãe deverá
introduzir o mamilo e toda ou quase toda aréola na cavidade bucal da criança para a
gengiva comprimir os vasos reservatórios de leite excitando as terminações nervosas que
estimulam a produção do mesmo. A mãe deverá ter o cuidado para que o peito não
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encoste no nariz do bebê obstruindo a via aérea. Se o recém-nascido dormir após o
início da mamada, este deverá sofrer estímulos externos para que possa continuar
satisfatóriamente o ato, e não usar o mamilo como chupeta, satisfazendo apenas o prazer
do contato oral .
Para G. Ramos (1994), a alimentação constitui um dos aspectos mais
importantes da saúde da criança, sendo o leite materno o melhor alimento nos primeiros
seis meses de vida. A insuficiência nutritiva pode provocar efeitos acentuados e
irreversíveis sobre o crescimento e desenvolvimento com sérias repercussões na vida
adulta.
A eficiência dos OFA se dá através do equilíbrio e da organização destes
como um todo. Qualquer alteração a nível funcional ou orgânico está praticamente
levando a uma deficiência. O peito da mãe, enquanto eficiente na fabricação e doação do
leite, não consegue funcionar bem, se a criança não desempenhar sua parte e atuar de
forma equilibrada, e o papel da amamentação para esse equilíbrio miofuncional é
fundamental. É o momento em que os OFA são altamente estimulados. Geralmente as
crianças que foram alimentadas por mamadeira apresentam um aspecto hipotônico dos
lábios, língua, e bochechas, com possível alteração de oclusão dentária.
2.1.2- Alimentação a partir dos 6 meses
Camargo(1997) acha que a papinha de frutas deve ser introduzida aos 6
meses pela manhã e deve ser oferecida antes da mamada. Nos primeiros dias somente
uma colher (das de chá), podendo
aumentar aos poucos,
não ultrapassando
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colheres(das de sopa) rasas, mesmo se o bebê der sinais que ainda quer mais. Após a
papa de frutas, oferecer o peito para a criança completar a refeição. Não se preocupar se
ele rejeitar, cuspindo o alimento, pois isso é um sinal de que ele não conhece o novo
sabor . Oferecer novamente, mais tarde, ou no dia seguinte, e tentar a tática de
experimentar o alimento dizendo: "hummmmm gostoso".
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Iniciar a papa de cereais à noite, após duas semanas da introdução da papa
de frutas. Começar em pequena quantidade até chegar ao limite de 3 colheres (das de
sopa) rasas. Oferecer o peito após a mamada.
A papa de hortaliças deverá ser introduzida também duas semanas após a
papa de cereais e deverá ser como as outras, aos poucos, e não deverá ultrapassar 4
colheres de sopa rasas. A mãe deve oferecer o peito após a papinha.
Junto com a papa de hortaliças está na hora de introduzir a papa de carne,
pois o bebê está na idade de receber proteínas animais, variadas . Uma a duas colheres
de sopa rasas no máximo. Depois que o bebê aceitar a papa de carne, oferecer 2 à 3
vezes por semana , gema de ovo que deve estar bem cozida. Não dar a clara, pois esta
favorece o aparecimento de alergias, no primeiro ano de vida.
Alternar a papa de cereais do jantar com caldo de feijão, após a carne ter sido
introduzida.
Quando surgirem os primeiros dentinhos, dar pedaço grande de fruta e
incentivar a criança a morder e mastigar.
Segundo, Kraus de Camargo, para evitar que a criança se torne seletiva no
seu apetite, não se deve usar o alimento como recompensa ou recompensá-la por ter se
alimentado com este ou aquele alimento.
A alimentação básica da criança no seu segundo ano de vida (12 meses em
diante) é a alimentação da família, e lentamente, ela vai assimilando as bases da cultura
alimentar que a cerca. Não é necessário restringir o colesterol ou a gordura dos
alimentos, e ovos podem ser consumidos em maior quantidade. Nesta fase de
crescimento rápido a criança necessita deles.
Até os 3 anos de idade evitar: alimentos pequenos que possam fazer a
criança engasgar (pipoca, amendoim, nozes, balas); adoçar alimentos, sucos, leite, bem
como fornecer balas e pirulitos.
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2.2- DESENVOLVIMENTO DA FALA E DA LINGUAGEM
Aqui serão abordadas todas as etapas do desenvolvimento da fala e da
linguagem.
Fase pré lingüística:
Leme e Corrêa (1981) , descrevem que a criança
ouvinte está em contato com os sons da fala desde que nasce, pois a mãe fala com ela, o
tempo todo. A criança emite sons desde o primeiro dias de vida, que representam
sensações de prazer, dor. Esse é o estágio do gorjeio que irá até mais ou menos o
terceiro mês e é exteriorizado através de estalidos vagidos.
Em seguida, a criança passará pelo estágio do balbucio, onde os sons
vocálicos se associarão com os sons consonantais. Nessa fase, a criança emite sons
pela sensação agradável em emití-los. A partir do 6º mês, a criança estabelece o feed
back acústico, quando ela emite o som e o ouve, tentando repetir o padrão.
Fase lingüística: Surgem os primeiros fonemas, estabelecendo ligações
com uma imagem acústica articulatória e as situações ambientais que lhe permitem
decodificar a linguagem oral.
A próxima fase será a da Holofrase, ou seja, quando uma só palavra
significa uma frase. Depois ela emitirá 2 vocábulos e unindo-os em uma estrutura teremos
entrado na fase do pivo-open (PTO). No próximo estágio a criança passará a emitir 3
vocábulos. Ela vai começar a gerar suas próprias orações.
M.J.Del Rio e R Vilaseca , dividem as fases lingüísticas da seguinte forma:
2.2.1- Fase Pré Lingüística:
0 a 6 meses - vocalizações não lingüísticas biológicamente condicionadas;
6 a 9 meses - As vocalizações começam a adquirir algumas características da
linguagem propriamente dita: entonação, ritmo, tom...
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9 a 10 meses - Pré conversação; a criança vocaliza, e deixa espaços pras
respostas dos adultos;
11 a 12 meses - Compreende algumas palavras familiares. Vocalizações mais
precisas e melhor controladas quanto a altura tonal e a intensidade. Agrupa sons e
sílabas repetidas à vontade;
2.2.2- Primeiro desenvolvimento sintático:
12 a 18 meses - Surgem as primeiras palavras funcionais. Nestas palavras se
dá o prolongamento semântico (chama "gato" a todos os animais). Crescimento
quantitativo a nível de compreensão e produção de palavras;
18 a 24 meses - Surgimento de frases de dois elementos. Costumam
acontecer uma pausa entre as palavras. Começam a aparecer as primeiras flexões (plural
por exemplo). As orações negativas começam a ser utilizadas por meio do ‘’não’’ isolado
ou colocado no final ou princípio do enunciado. Aparecem as primeiras interrogativas;
24 a 30 meses - Iniciam as seqüências de três elementos.(ex: neném come
pão). Nesse período, não aparecem as principais palavras-função, como artigos,
preposições, flexões do gênero, número, pessoa e tempos verbais;
2.2.3- Expansão Gramatical Propriamente Dita:
30 a 36 meses - A estrutura da frase se torna complexa, chegando a
combinação de 4 elementos. Surgem as primeiras frases coordenadas, aumenta a
freqüência do uso das principais flexões. Aparecimento e uso sistemático dos pronomes
de primeira , segunda e terceira pessoas (eu, tu ele, ela) e dos artigos definidos (o, a).
Diversas frases simples; começam a aparecer os advérbios de lugar combinados em
orações de forma coerente;
36 a 42 meses - A criança aprende a estrutura das orações complexas, de
mais de um período, com o uso freqüente da conjunção ‘’e’’. Aparecem as subordinadas
"mas", "porque" e as estruturas comparativas "mais que". Os auxiliares são usados na
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moioria das vezes, de forma correta, o que possibilita o uso do passado composto. A
criança aprendeu os recursos essenciais da sua língua, mas necessita aprender ainda
uma série de estruturas. A criança pode "brincar" com a linguagem e mostrar-se criativa
com ela;
42 a 54 meses - As estruturas gramaticais completam-se mediante o sistema
pronominal (me, te, se), pronomes possessivos, verbos auxiliares. Começa a aparecer
estrutura de voz passiva Os erros sintáticos e morfológicos vão eliminando-se
progressivamente (essas estruturas não se consolidam até aos nove ou dez anos). Uso
correto das principais flexões verbais. As diferentes modalidades do discurso (afirmação,
negação, interrogação) tornam-se cada vez mais complexas. Os advérbios de tempo são
usados com freqüência;
2.2.4- Últimas Aquisições:
54 meses - A criança aprende estruturas sintáticas mais complexas; passivas,
condicionais, circunstâncias de tempo. Diversas estruturas de frases vão aperfeiçoando e
generalizando, não chegando, porém, a uma completa aquisição até os sete ou oito anos
aproximadamente.
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2.3-
COMO
ESTIMULAR
A
CRIANÇA
EM
SEU
DESENVOLVIMENTO
O método de estimulação a seguir é baseado em Ramos(1978) e
Moraes(1994):
2.3.1- Como estimular a criança no primeiro ano de vida.
Logo ao nascer, a criança inicia o seu comportamento, desenvolvendo seus
atos reflexos, não percebendo a maioria das coisas ao seu redor. Começa a ter contato
com as coisas do seu meio, usando seus sentidos (tato, visão, olfato, audição, paladar).
A linguagem também começa com o nascimento, com o primeiro choro; é
comunicação, uma habilidade, e não uma simples questão de pronunciar as palavras.
Envolve os sentidos, o desenvolvimento de muitos músculos (principalmente da boca e da
língua), as experiências da criança com as coisas, pessoas e sensações diversas.
Aprenderá que linguagem é uma forma de interagir com o meio ambiente.
A criança usa as mãos para explorar o seu mundo. Tocar, pegar e alcançar,
ajudam a descobrir coisas e pessoas. Sente a diferença de coisas duras, ásperas,
suaves. É necessário proporcionar-lhe uma variedade de objetos coloridos e brincadeiras
que ela possa repetir várias vezes. Ela gosta e se beneficia com essas ações.
A medida que cresce, vai fazendo com que as coisas aconteçam,
necessitando de mais experiência e estimulação para incentivar o desenvolvimento dos
seus sentidos. Se receber a estimulação necessária nos primeiros meses, estará
capacitada a desenvolver uma ampla gama de respostas.
Quando começa a coordenar suas habilidades motoras, olha pra ver o que é
que faz ruído, volta-se pra ver a voz das pessoas, agarra a mamadeira que está
mamando , tenta alcançar o chocalho que vê, move seu corpo, sacode os pés, examina
os dedos dos pés, agita seus braços. Essas aquisições indicam que tanto as pessoas
que convivem e cuidam do bebê, com o meio que a cerca devem proporcionar-lhe
estímulos para seu desenvolvimento.
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Estimulação visual
Oferecer brinquedos simples, coloridos e pendurados como os que se movem
com a brisa, ou mesmo luminosos, todos que incidam sobre seu campo visual.
Pendurar móbiles coloridos, de formas diferentes e leves que se movam
facilmente nos berços ou no quadrado. À medida que a atenção da criança for mais
precisa, distanciar a localização desses estímulos, para que ela tente pegá-los.
Movimentar o corpo da criança, de parte em parte, para que ela possa
identificar e perceber a existência das mãos, pés, face...
Deixar brinquedos (argola de borracha, bonecos, bichos macios, chocalhos)
ao alcance de sua mão para que ela possa apalpar, segurar, e apertar.
Fornecer o espelho para que ela possa olhar sua imagem e objetos novos,
além de levá-la a diferentes locais da casa, diferentes passeios e ambientes.
Estimulação auditiva
Proporcionar novas experiências para a criança com sons e vozes e falar em
diferentes lugares da casa.
Cantar e conversar com ela enquanto está sendo cuidada (banho e
alimentação). É importante para ela qualquer tipo de som emitido pela voz humana.
Colocar no berço, sinos, chocalhos, pompons, e ou qualquer brinquedo sonoro
para alertá-la dos diferentes sons.
Falar com a criança e movimentar objetos sonoros fora de seu campo visual,
para que ela procure o som ou a voz.
Oferecer objetos coloridos, diferentes e sonoros, deixando-a explorar, tocar e
levar a boca. Levar a criança a perceber a relação entre causa e efeito, batendo os
objetos uns contra os outros e observar o som causado.
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Estimulação olfativa e gustativa
Deixar que a criança cheire o talco, sabonete, loções, perfumes, quando ela
tiver no banho e durante a troca da fralda, tomando cuidado de não colocá-los muito
próximos ao nariz
Levá-la sempre à cozinha, de modo que possa sentir o cheiro da comida e de
outros alimentos.
Utilizar de alimentos de diferentes sabores (doce e salgado) para que possa
desenvolver o sentido do paladar.
Estimulação do tato
Durante as rotinas, de higiene principalmente, passar em todo corpo da
criança, esponjas, cremes, talcos e tecidos de texturas diferentes, sempre nomeando-os.
Levar a sua mão até à borda de objetos para que ela possa examiná-los; até o
rosto das pessoas que cuidam dela, para que ela possa explorar o contorno, textura e
orifícios do rosto; até ao próprio pé, para que ela possa perceber o limite do seu corpo e
o espaço que o cerca.
Fazer a criança sentar, segurando suas mãos, trazendo a cabeça junto ao
corpo, não a deixando cair e manter essa posição por alguns instantes, mesmo que o
corpo fique arqueado, curvado para frente.
Colocá-la de bruços, incentivando-a a manter-se apoiada nos cotovelos e
abdômen. Segurá-la pelo tronco, colocando-a em pé por alguns instantes.
Possibilitar-lhe estímulos táteis que incidam sobre a pele, em diferentes partes
do corpo, especialmente nas mãos, para poder sentir o calor (das pessoas, da
mamadeira), o frio (da água, do metal), o macio (dos animais felpudos, esponjas, toalhas)
e prazer (cócegas, carícias).
Oferecer brinquedos com orifícios e de diferentes texturas, tamanho e peso,
para ajudá-la a discriminar entre duro e mole, suave e áspero, grande e pequeno,
pesado e leve.
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Estimulação motora
Sacudir chocalhos, chaves, campainhas ou qualquer objeto sonoro, movendoos de um lado para o outro e fazer com que a criança siga com a cabeça, a direção do
som.
Fazer esse mesmo estímulo quando a criança estiver deitada de bruços,
levando-a a levantar a cabeça na direção horizontal e vertical.
Amarrar guizos nos pés ou nos pulsos e incentivá-la a movimentar os braços e
pernas para que eles façam barulho.
Colocar algum objeto atraente que lhe chame a atenção para ela engatinhar
ou se arrastar até ele.
Colocar a criança sentada, por alguns minutos; a princípio, com o apoio e
depois, sem ele, com alguns brinquedos para manipular, a fim de adquirir melhor
equilíbrio no ato de sentar. Segurá-la pelo tronco, colocando-a em pé e deixá-la assim
com apoio.
Levá-la a tentativas de erguer-se apoiando em pessoas e objetos.
Estimulação cognitiva
Dar-lhe objetos com protuberâncias, orifícios e alças, para que ela possa
pegar e explorar e perceber seu uso.
Fazer a criança perceber a relação entre causa e efeito, batendo objetos um
contra o outro e observar o som causado.
Incentivar o desenvolvimento da atenção, seguindo com os olhos o
deslocamento dos objetos movimentados em várias direções.
Faze-la perceber que ela própria é agente da ação e fazer com que ela
movimente objetos atraentes ou brinquedos, como tocar sinos, apertar uma boneca e
produzir sons.
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Brincar com ela de encontrar pessoas ou objetos, escondendo-os , total ou
parcialmente, dentro ou fora de sua visão, para desenvolver-lhe a noção de permanência
dos mesmos.
Levá-la a buscar objetos escondidos para que os descubra, desenvolvendo
assim o sentido de antecipação.
Possibilitar meios para buscar objetos familiares ou brinquedos retirados de
seus lugares habituais, para desenvolver a capacidade de fixação.
Inverter a posição habitual de objetos que são familiares à criança (xícara de
cabeça pra baixo, bonecos de pernas pro ar), para desenvolver-lhe o sentido de posição
dos objetos no espaço.
Deixá-la em frente do espelho observando seus próprios movimentos para ela
adquirir conceitos de si mesma.
Estimulação da linguagem
Sempre que estiver perto da criança, usar a linguagem, especialmente quando
estiver fazendo algo nela ou por ela. A estimulação de linguagem deve ter lugar em
situações naturais, não deve ser forçada; não apresse e não antecipe o que a criança
quer dizer.
Iniciar o treinamento da linguagem, o mais cedo possível. Falar com a criança,
mesmo que ela não entenda.
Sorrir, acenar com a cabeça, chamar pelo nome, e nomear tudo que estiver no
seu campo de visão.
Fazer a criança discriminar os estímulos auditivos com suas origens, de modo
que, ao ouvi-lo, possa ver ou perceber, ao mesmo tempo, os agentes que o produzem,
para que se inicie nesta associação e possa reconhecer, pelo som, a sua procedência.
Criar situações em que a criança possa localizar as fontes dos sons,
colocados fora de sua visão, para desenvolver a habilidade de identificar os sons e
reconhecer sua origem.
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Incêntivá-la a reproduzir sons de objetos e encorajá-la a imitar a ação efetuada
pelo adulto, de acionar repentinamente o estímulo, para que ela continue e faça depois,
sem demonstração prévia.
Servir de modelo para a criança, demonstrando a mobilização do aparelho
fonador, e deixar que ela observe e imite os movimentos faciais que o adulto faz ao
produzir sons (tic- tac do relógio, barulho do carro, campainha, telefone, animais),e para
assim ela desenvolver a habilidade para vocalização.
Mostrar os gestos (dar tchau, jogar beijos, sacudir a cabeça para expressar
sim ou não) e incentivá-la a imitar, sempre verbalizando o seu significado. Esta atividade
conduz a criança a empregar gestos para comunicar-se e auxiliar a vocalização ainda
incipiente.
2.3.2- Como estimular a criança no segundo e terceiro ano de vida
Nesta idade, a criança já vai ter descoberto e aprendido muitas coisas. As
atividades, agora, serão cada vez, mais complexas , precisando, então, de uma pessoa,
sempre a encorajá-la a repetir as brincadeiras, com elogios e expressões afetuosas. É
preciso proporcionar-lhe um mundo feliz, divertido e engraçado, cheio de estimulação
apropriada às diferentes áreas do desenvolvimento infantil. Com essa idade, a criança já
experimentou uma variedade de jogos e muitas situações. Agora já pode planejar seus
atos e compreender como as coisas acontecem. Pode antecipar uma solução a um
problema sem ter que utilizar o ensaio e erro.
Começa a entender que os objetos têm um nome e as fotos e gravuras
representam coisas reais. Começa também a refletir sobre suas experiências e sobre
suas ações futuras.
Afim de produzir resultados novos e interessantes, a criança começa a
modificar sua forma de atuar. Está interessada no que é novo.
Dentro desse conjunto de novos comportamentos, são também sugeridas
novas formas de estimulação.
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Área sensório-perceptiva
Nomear as partes do corpo e pedir que a criança as indique no seu próprio
corpo. Para isso pode-se usar o espelho.
Usar expressões fisionômicas (caretas, piscar, sorris, beijoca) para que ela
imite as mesmas.
Facilitar-lhe lápis grosso e papel, para que ela rabisque, repasse as linhas,
ligue um ponto ao outro, pois isso facilitará o desenvolvimento da orientação espacial e
da coordenação viso-motora.
Inventar brincadeiras com bolas, petecas, balões, águas, massa plástica, para
desenvolver a percepção tridimensional, da distância, e orientação espacial. Dar
materiais diversos (fios plásticos, contas, tesoura sem ponta, cartolinas , caixinhas) para
o desenvolvimento da percepção da seqüência simples, do grande e do pequeno, do leve
e do pesado, acima e abaixo e dentro e fora.
Área motora
Proporcionar brincadeiras de andar, em diferentes ritmos e com certas
distâncias e também por imitação de movimentos (avião, pássaro, cavalo), para
desenvolver habilidade de caminhar.
Ensinar à criança, marchas rítmicas, com emprego de palmas, instrumentos
musicais ou de jogos motores. Isso ajudará a desenvolver a velocidade e o controle de
direção ao correr.
Dar para ela jogos de encaixe, de poucas peças, objetos pequenos e grandes,
anéis em pinos, arco com argolas, para desenvolver a coordenação motora e digital.
Fazer a brincadeira ''serra-serra-serrador'' para estimular as partes do corpo e
o movimento do tronco.
Área cognitiva
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Fornecer à criança objetos simples (caixas e carretéis) para que aprenda a
colocar coisas ''dentro'' , ''pegar coisas'' de dentro, colocá-las: ao lado, em cima, em
baixo.
Facilitar para que encontre intermediários para pegar objetos fora do seu
alcance, pois isso fará com que ela estabeleça relações entre os meios significativos e o
fim desejado.
Mostrar livros, revistas, fotos, para que identifique as gravuras pelo nomes das
mesmas e as suas ações. Mostrar também uma fruta ou outro tipo de alimentação que lhe
for familiar, para que assinale as ilustrações correspondentes.
Dar jogos de encaixe simples ou pinos e tabuleiros, para que desenvolva a
capacidade de discriminação e noção de espaço tridimensional.
Incentivar a realização de associações de objeto pelo uso (colher no prato,
barbante no carrinho, pente no cabelo), para que os agrupe e desenvolva a capacidade
de estabelecer relação entre os estímulos.
Dar brinquedos de formas variadas (quadrado, cilindro, círculo, triângulo) para
que ela efetue ''construções'' , e dessa maneira, relacionar e equilibrar formas.
Possibilitar situações para que vença obstáculos ou afastá-la de um
brinquedo desejado e encorajá-la a realizar a ação. Uma vez realizada, repeti-la de forma
mais complexa ( um brinquedo entre duas cadeiras) .
Brincar de esconde-esconde para que ela encontre o objeto ou pessoa
escondida.
Fazer a criança repetir movimentos com significado, para desenvolver a
capacidade de imitação intencional.
Área de linguagem
Dar telefone de brinquedo nos jogos de ‘’falar’’, para incentivar a comunicação,
sem ela ver a pessoa com quem fala.
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Incentivar o agrupamento das palavras que tem algo em comum (peças de
vestir, tipos de alimentos, cor) Assim ela estará desenvolvendo a conceituação verbal.
Estimular a formação de sentenças simples, com uso de pronomes em relação
a si mesma e aos outros; de formas adverbiais de lugar; de adjetivos qualificativos. Isso
ajudará a criança a melhorar a clareza na expressão de sua linguagem.
Dizer a ela palavras que conduzem à ação, relacionando o objeto, o nome que
o designa e o movimento solicitado. Com isso, a criança desenvolverá sua compreensão
e execução de ordens simples.
Ensinar canções, versos infantis, com palavras que ela conheça e saiba
pronunciar, de maneira a estimular o ritmo da expressão verbal.
Para ajudá-la no desenvolvimento do vocabulário, fazer com que ela identifique
as atividades realizadas por ela mesmo e atividades do cotidiano.
2.3.3- Como estimular a criança no quarto ano de vida.
Para estimular a memória, mostrar figuras de objetos e situações não
familiares, verbalizando o que significam e mais tarde solicitar que a criança evoque.
A percepção temporal poderá ser estimulada ao incentivar a criança a
antecipar suas rotinas do dia (noção de depois); no final do dia, incentivar a relatar a
seqüência das suas atividades durante o dia (noção de antes); auxiliar na fixação das
noções de ‘’dia’’ e ‘’noite’’ em termos de claro e escuro; e a percepção espacial ao
brincar com a criança proporcionando-lhe situações em que ela se coloque: na frente,
atrás, ao lado, longe, perto da pessoa que a atende; conversar com a criança sobre a
localização de objetos e lugares familiares.
O pensamento deverá ser estimulado com perguntas sobre semelhanças e
diferenças entre objetos ou animais. Oferecer brinquedos de cor, forma, e tamanhos
diversos, solicitando que os agrupe levando em conta em cada agrupamento a
característica comum que ela percebe no momento; fazer-lhe perguntas sobre a função
25
dos objetos, estimular ativamente a brincadeira do “faz de conta’’ e dramatização, contar
estórias para desenvolver a imaginação.
A linguagem compreensiva e expressiva não se desenvolve com perguntas
que ela possa ter como resposta: ‘’eu’’, ‘’meu’’, ‘’teu’’, para isso, pedir que a criança
conte o que lhe aconteceu, o que realizou em um momento passado próximo; fazer
perguntas que envolvam conceitos de ‘’onde’’ e ‘’por que’’ referentes a sua realidade,
aperfeiçoar o uso de plurais e aceitar que ela relate fatos imaginários.
Nessa fase é importante observar o uso das mãos nas atividades que
envolvem rasgar, amassar e cortar papel e isso ajudará a desenvolver a destreza natural.
Dar bastante jogos de encaixe, anéis em pino, arco em argolas, porcas e parafusos para
desenvolver a coordenação motora e digital.
Colocar a criança em frente do espelho, e pedir que nomeie as partes mais
conhecidas do corpo humano. Esta é uma atividade que ajudará a desenvolver o conceito
de esquema corporal.
Brincar de subir em tocos, onde caibam só os pés, estimulando-a a colocá-los
junto um do outro; reforçar a criança a descer sozinha escadas, sem apoio e alternando
os pés; brincar de saltar com os pés juntos; fazer com ela jogos de atirar bolas em várias
direções para que perceba o movimento e reaja adequadamente; estimular o início do
desenho da figura humana, respeitando o nível de seus desenhos.
É importante começar estimular desde já o brinquedo em grupos pequenos,
realizando cada vez com mais freqüência atividades grupais, e orientá-las a esperar a
sua vez e a partilhar os brinquedos.
Auxiliar a criança no uso adequado dos talheres. Durante o banho, começar a
explicar para a criança a importância da limpeza de cada parte do corpo e falar sobre as
funções; estimular a criança a usar a escova e pasta de dente, permitindo que as
manuseie ainda livremente.
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2.3.4- Como estimular a criança no quinto ano de vida
Estimular a curiosidade pelo desconhecido, oferecendo experiências de
passeios a lugares novos, incentivando-a na descoberta da natureza e de coisas novas
que lhe desperte interesse. Responder ás suas perguntas e aos seus “porquês’’ dentro
dos limites da sua capacidade de compreensão, essas atividades ajudam a desenvolver
a memória.
A percepção temporal se desenvolve a partir de perguntas que envolvam as
noções de antes e depois, sem exigir precisão na utilização desses termos, mas sim
compreensão dos mesmos no sentido de passado e futuro; proporcionar situações em
que reconheça seqüências sonoras.
Encontrar funcionalidades diversas para um mesmo objeto, através de
experiências concretas ajudará a desenvolver o pensamento e levará a criança a
encontrar características comuns entre objetos.
A percepção analítica-sintética se desenvolverá em atividades como:
enquanto a criança monta quebra-cabeças, solicitar para discriminar e verbalizar as
partes que compõe o todo; apresentar gravuras incompletas de objetos, animais,
pessoas e flores, solicitando que os identifique ou aponte o que ou onde está faltando
uma parte.
Para o desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva deve-se
perguntar a criança o que fazer ao enfrentar situações sociais cotidianas e situações de
um modo geral; ajudá-la a organizar de maneira adequada, seu relato espontâneo;
estimular o uso de sentenças complexas com mais de uma oração; fazer com que a
criança atribua qualidade a pessoas, animais e objetos; iniciar a criança no uso
adequado dos tempos de verbos.
Para desenvolver a coordenação, levar a criança a correr em espaços
limitados, seguindo determinadas direções e solicitando-lhes paradas bruscas, bem
como ultrapassagem de obstáculos; realizar jogos de “pega-pega” para desenvolver a
velocidade; oferecer lápis diversos orientando a apreensão adequada.
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Organizar jogos que solicitem sincronização de mãos e pés, como: saltitar,
pular e dançar com ritmo, andar na ponta dos pés e calcanhares, brincar de amarelinha
são atividades lúdico-motoras.
É importante ajudar a criança organizar seu traçado gráfico numa orientação
horizontal esquerda-direita e vertical de cima para baixo; manter um padrão de
sinceridade no relacionamento com a criança; deixar livre a imaginação nos desenhos,
jogos e brinquedos, não fazendo por ela e não interferindo nos mesmos, isso incentivará
seu pensamento criativo. Elogiar suas idéias e realizações e colocar seus desenhos na
parede.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde as primeiras aulas no curso de fonoaudiologia, interessava-me, muito
em conhecer o desenvolvimento infantil;
etapa por etapa. Acontecimentos muito
significativos em curtos espaços de tempo; fase em que ocorrem grandes mudanças na
vida da criança e que envolve muito a família.
Fascinada por esse mundo infantil, e em busca de materiais informativos que
descrevessem em detalhes o desenvolvimento e formas de contribuir para tal; não
encontrava resposta para a minha busca de conhecimentos que orientassem sobre
atitudes a serem tomadas com as crianças.
Quando vimos ao mundo, temos nossa família como núcleo inicial, que servirá
de orientadora, protetora, estimuladora e repressora. É dela que obtemos os primeiros
modelos, sentimentos, emoções e a personalidade básica, suporte com o qual
enfrentaremos as complexas situações da vida psíquica.
De modo geral, as tarefas básicas da família são: proporcionar a
sociabilização
do indivíduo, em termos de
integração social; facultar e facilitar a
transmissão cultural; amparar o desequilíbrio existente entre o indivíduo e a sociedade; e
também a transmissão de valores econômicos.
Sendo assim, a família se torna o intermediário entre o indivíduo e o meio,
transmitindo informações, além de proteção econômica e embasamento referencial ao
indivíduo, na idealização e programação de sua própria família.
Durante os primeiros anos de vida, o ensino cabe totalmente aos pais. Para o
bebê é essencial a relação íntima e contínua com a mãe ou substituto materno
permanente onde ambos devem plena satisfação.
O desenvolvimento da criança depende muito do ambiente em que ela vive. É
através das experiências de vida diária que a fala irá se desenvolver. Sendo assim,
devem ser realizadas várias atividades onde possam ocorrer trocas, que irão contribuir
decisivamente na integração da criança, na vida social. As mães devem permitir que a
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integração dependa também da ação da criança, estando sempre atenta às reações do
bebê.
A criança aprende a formar conceitos, explorando os objetos, brincando e
ouvindo. É normal que ela observe, manipule e mesmo sorria, mas não emita nenhuma
palavra, apresentando interesse pela atividade somente algum tempo depois.
Muitos pais relatam a dificuldade em entender o que o seu filho fala, pois
geralmente desconhecem a capacidade da criança e pouco sabem sobre as suas
limitações. Eles podem e devem realizar várias atividades e também trocar experiências
com elas, contribuindo, assim, decisivamente, na integração da criança na vida social.
O comportamento social será de grande utilidade para a aquisição da
linguagem, por isso é necessário sempre colocar a criança frente a situações, onde ela
saiba, exatamente, o que se espera dela.
A prática na clínica me mostrou que por falta de informação, muitos pais,
considerando que estão fazendo o certo, superprotegem seus filhos, os poupando de
vivenciar experiências, que muitas vezes seriam essenciais e importantes para seu
amadurecimento.
Encontramos também, pais que exigem muito esforço da criança, acreditando
assim, que elas aprenderão e se tornarão independentes, deixando de lado a idéia que
esse tipo de atitude, poderá desencorajá-la de tomar decisões.
É necessário que a criança experimente o mundo que a cerca, e é ajudando e
encorajando a entender esse mundo que surge a fala. Havendo o desenvolvimento da
compreensão, ela aprenderá a emissão.
Por esse motivo, interessei-me em ler e pesquisar este tema. Assim surgiu a
idéia de criar essa proposta fonoaudiológica com ‘’dicas de estimulação e
desenvolvimento infantil, um manual que trouxesse informações de como agir, brincar,
ensinar, orientar e educar as crianças.
‘’É ganhando controle sobre o papel de falante que a criança conquista as
oportunidades mais eficazes de interagir com o meio. E assim, a sua fala, integrando-se
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cada vez mais a esse meio, torna-se objeto de ação. Ação do outro, que interpreta,
pontua, responde, insere essa fala num discurso. Ação da própria criança, que começa a
explorar os contornos desse gesto/voz para melhor dominá-lo” (Moraes 1994).
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARBOSA,T.C. & SCHNONBERGER,M.B.; Importância do leite materno. Tópicos em
fonoaudiologia, 28: 435-45, 1996.
CAMARGO,K.L. Alimentação e nutrição. Jan. 1997 ’’Internet”
http://www.geocities.com/hotsprings/3305/
DEL RIO,M.J. & VILA SECA,R. Sobre a aquisição e desenvolvimento da linguagem.
CASANOVA, J. P. Manual de fonoaudiologia, 2: 16-29, Editora Artes médicas Sul
Ltda. Porto Alegre, 2º edição 1992.
FRANCO,M.P.G. Estimulação precoce de 0 a 5 anos. APAE, julho de 1995, 61p.
LAAN,T.V.D.; A importância da amamentação no desenvolvimento facial infantil. Revista
pró fono, 7: 3-5, nº1 1995.
LEME,V.M.P. & CORRÊA,J.M.; Bases para estimulação precoce. Jornal brasileiro de
reabilitação vocal, 2: 33-5 Ano 2 nº8 jul/agost/set/1981.
MAIA,S.M. Considerações sobre a família no contexto fonoaudiológico. Distúrbios da
comunicação, 1: 21-31 nº1, Janeiro/março 1986.
MORAES,V. e outras. Monografia “A importância da estimulação familiar no
desenvolvimento da criança’’, Puccamp 1994, 70p.
RAMOS,A.M.Q.P. Estimulação precoce. Informação básica aos pais e profissionais,
gráfica Brasil Central 1978. 21p.
RAMOS,G.C. A relação entre a amamentação no seio e a dislalia. Revista de
fonoaudiologia, 1: 40-3 Ano 1, maio/out. 1994.
SABOYA,B. Desenvolvimento da linguagem estimulação essencial,
reabilitação vocal, 1: 5-7, Ano1, nº4, julho/1980.
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