TÍTULO: A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA PARA A
INCLUSÃO DE SUJEITOS COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO
REGULAR
Marilene Santos da Silva1
[email protected]
As novas políticas educacionais apontam na direção da inclusão do maior número
de alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares de ensino de
todos os níveis. Tendo em vista este referencial, optei em escrever e problematizar este
tema, pois pretendo constatar se de fato as escolas estão incluindo ou somente aceitando
alunos com a NEE para não contrariarem a lei.
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo discutir como está o processo de
inclusão do aluno com Síndrome de Down em duas escolas de Porto Alegre: uma de
caráter privado e a outra, público. A investigação buscou descrever, problematizar o
processo de inclusão nessas escolas.
O estudo caracterizou-se por uma abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos
por meio de entrevistas e observações e contou com a participação dos profissionais
envolvidos neste processo: coordenadores pedagógicos, psicólogos, diretores e vices,
professores, estudantes de psicologia.
Por fim, apresento uma proposta de inclusão que pode ser implantada tanto na
escola particular como na pública.
Palavra-chaves: inclusão, síndrome de down, políticas públicas educacionais,
proposta de inclusão.
1
Formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pós-graduada em Gestão
Escolar pela UFRGS e em Psicopedagogia pela PUCRS. Experiência de 8 anos na coordenação de
escolas infantis. Atualmente coordena e ministra cursos na área da Educação. Trabalhou com crianças
com síndrome de down em nível de reforço escolar. Recentemente iniciou atendimento psicopedagógico
a crianças com síndrome de down. Também atua como Acompanhante Terapêutica (AT) prestando
trabalhos a pessoas com deficiências e doenças mentais.
The recent educational politics shows that most of students with difficulty in
learning, understanding (special students) are included in regular schools. Ag with point
of view, I wonder if the regular schools are accepting special students just not be against
the law.
Then, this present work aims to discuss how is the process of including students
who have Dows´ Syndromme in two schools of Porto Alegre: one is particular and the
other one is public.
The research has the objective of describing and understanding hardly the process
in these schools. We found out many things by interviews and the research study was
like a qualified focus and had the organization of professionals like: pedagogic
coordinators, psychologist, directors and vice-directors, teachers, students of
psychology.
Finally, I present a propose of including to Down’s Sydromme students than can
be applied as in the public school as in the particular one.
Word-keys: inclusion, Down’s Sydromme, educational politics public, propose of
including.
INTRODUÇÃO
Os rumos das políticas públicas educacionais apontam na direção da
integração/inclusão do maior número de alunos com necessidades educativas especiais
nas classes regulares de ensino. Portanto, faz-se necessário considerarmos este novo
paradigma a fim de buscarmos efetivar práticas educativas coerentes com esta nova
perspectiva.
Ao longo de minha trajetória educacional constatei que temos um longo caminho a
traçar no que concerne à inclusão destes alunos com necessidades educativas especiais
(NEE). Percebo que um primeiro passo já foi dado: a integração destes alunos na rede
regular de ensino. Mas temos que incluí-los de fato, ou seja, auxiliá-los a construir seus
conhecimentos a partir de suas peculiaridades e ritmos. É neste ponto que se instala em
mim várias indagações: como incluir estes alunos no ensino regular? Por que a inclusão
da pessoa com necessidades educativas especiais (deficiência mental) está sendo um
processo árduo? Por que as tentativas de promoção da inclusão nas escolas regulares
não têm tido muito êxito? O que falta aos educadores e profissionais envolvidos para
que de fato tenhamos subsídios para incluir de o aluno NEE e não somente integrá-lo ao
ensino regular?
Estas são perguntas com as quais pretendo iniciar uma discussão a fim de refletir
sobre o processo de inclusão.
Para tanto busquei pesquisar sobre o tema- a inclusão do down no ensino regular
e utilizei como metodologia observações e entrevistas que buscaram compreender as
dificuldades, facilidades neste processo, ou seja, o percurso que cada escola está
construindo no que concerne à inclusão do aluno com Síndrome de Down no ensino
regular.
Veremos então alguns pressupostos a respeito das políticas educacionais no Brasil no
que concerne à Educação Especial.
Educação Especial e Política Educacional no Brasil
A necessidade de uma política de educação especial foi se delineando a partir dos
anos 70, quando o MEC passou a considerar que a clientela da educação especial é que
requeria “cuidados especiais no lar, na escola e na sociedade.”
Em 1986 a expressão “ alunos excepcionais” foi substituída por “ alunos
portadores de necessidades especiais’
O Brasil passou a assumir uma nova postura frente a educação de PNEE a partir
do momento em que participou da Conferência Mundial sobre Educação para Todos que
ocorreu na cidade de Jomtiem ,na Tailândia. Deste encontro, ficaram as sementes da
política de educação inclusiva.
O conteúdo da Política de Educação Especial, atualmente, está fundamentada na
Constituição Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) e no
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). A Educação Especial é considerada, pela
constituição Brasileira, parte da educação básica (MEC)2 . Esta forma de ver e conceber
a Educação Especial são recentes.
Pela Constituição Federal, capítulo II, Seção I, art.205, “ a educação,direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade(...).” Apenas este artigo já garantiria a inclusão dos sujeitos com NEE no
ensino regular haja visto que deixa claro que a educação é um direito de todos!
Além deste artigo, temos o 208, inciso III que reassegura o “ (...) atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência,preferencialmente na rede
regular de ensino.
A LDB (1996) dispõe em seu artigo 58 como se organizará a educação especial e
determina a criação de serviços de apoio específico na rede regular de ensino. Apenas
quando não for possível a integração do aluno com NEE na rede regular de ensino,
estabelece a instituição da educação especial.
A Lei Federal 7853 dispõe sobre o apoio aos deficientes e sua integração social,
definindo o preconceito como crime. Neste sentido, nenhuma instituição de ensino pode
2
O termo portador de necessidades educativas especiais ( PNEE) está sendo utilizado pelo MEC para
identificar as pessoas que precisam receber educação diferenciada.
recusar, sem uma boa argumentação, o acesso a PNEE à instituição. A pena para quem
não cumprir a lei é de um a quatro anos de reclusão, além do pagamento de multa.
Recentemente o MEC decretou o seguinte artigo (decreto Nº 6.571, de 17 de
Setembro de 2008). que dispõe sobre o atendimento educacional especializado,
regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e
acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007, destaco o
Art. 1o que diz que “ A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos
de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto,
com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular”.
A prática inclusiva está também alicerçada em um dos objetivos dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998), apontam em seus objetivos a necessidade implícita de
mudança de postura por parte dos educadores principalmente no que concerne aceitar a
diversidade como podemos constatar a partir do seguinte trecho
“ o educador deve compreender a cidadania como participação social e
política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais,
adotando no dia-a-dia, atitudes de
solidariedade e repúdio às injustiças,
respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito(PCN, 1998, p.7)
Por que explicitar todas estas e leis e decretos? Primeiramente para conhecermos
como está sendo pensada a educação inclusiva na atualidade, bem como refletirmos se
efetivamente estas políticas estão sendo colocadas em prática.
Infelizmente, ainda temos um longo percurso a percorrer se de fato desejarmos
efetivar uma educação de qualidade para todos.
Após discorrer sobre leis, decretos e políticas públicas sobre a educação especial
e inclusiva, veremos mais detalhadamente os pressupostos teóricos da integração e
inclusão destes alunos em classes regulares de ensino.
Educação Integradora e Educação Inclusiva
Diferenciando os Termos Integração e Inclusão
Segundo SASSAKI (apud Bucher, 2000, p.243)
as palavras integração e inclusão, já em conformidade com a
modernidade terminologia da inclusão social, ou seja, com sentidos distintos- a
integração significa inserção da pessoa deficiente para conviver na sociedade
e da inclusão modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com
necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania.Para,
a ênfase na inclusão,como processo, nos leva a pensar em alternativas que
precisam ser adotadas para não segregar alunos que hoje estão erroneamente,
nas classes ou escolas especiais.
O termo inclusão tem sido utilizado com múltiplos significados. Alguns teóricos
definem a inclusão como colocação de todos os alunos, independentemente do grau e
tipo de incapacidade, na classe regular, excluindo-se toda e qualquer forma de apoio do
ensino especial. Encontramos, também, o conceito de inclusão utilizado apenas para
renomear integração, considerando que o melhor para o sistema educacional é a
colocação do aluno com deficiência na classe regular, desde que se enquadre aos prérequisitos da classe e, consequentemente, do currículo.
VOIVODIC (2004, p.21) ressalta que o termo não surge por acaso, como pudemos
perceber no capítulo anterior que abordava aspectos históricos da educação especial,
mas sim, de um movimento reivindicatório pela inclusão ao contrário do que se fazia
anteriormente, a exclusão desses sujeitos. A autora destaca:
Quando falamos em inclusão, é importante assinalar que não estamos nos
referindo a um modismo, ou apenas à tendência mais recente na educação. A
educação inclusiva não surgiu por acaso. É fruto de um momento histórico e faz parte
de um sistema social e econômico em transformação. Portanto, para entendê-la
precisamos nos reportar às suas origens históricas.
Os vocábulos integração e inclusão têm significados semelhantes, mas estão sendo
empregados
para
expressarem
situações
de
inserção
diferentes
e
mostram
posicionamentos divergentes no que concerne as metas das quais pretendem atingir.
Portanto, antes de esmiuçarmos o sentido etimológico dos termos, faz-se
necessário destacar alguns pressupostos importantes das origens históricas da filosofia
da inclusão.
Penso ser de suma importância diferenciar os termos integração e inclusão. Em
que sentidos são diferentes?
No sentido etimológico, integração vem do verbo integrar, que significa formar,
coordenar ou combinar num todo unificado. Inclusão - do verbo incluir, significa
compreender, fazer parte de, ou participar de. E, ainda, como destaca FONSECA (apud
STOBAUS & MOSQUERA, 2003, p.41) “significa ação ou resultado de incluir, de
envolver, de abranger, de fechar, de encerrar, de introduzir, de inserir, dentro de alguma
coisa. Nota-se que no significado de inclusão aparece a palavra participar, fazer parte, o
que pressupõe outra visão”. Tomando a definição do dicionário, integração deveria
consistir a ação de unir as distintas partes que formam um todo. Nessa perspectiva, o
fato de integrar deve ser considerado como adição de elementos que completa, se
igualam.
Quando se discute o tema da educação de crianças e jovens com dificuldades
especiais, utiliza-se o termo integração, querendo com isso significar a colocação de
pessoas com necessidades educacionais especiais com pessoas ditas “normais”.
Do ponto de vista educacional, embora tanto a integração como a inclusão tratem
da inserção da pessoa com NEE pelo ensino regular, existe uma diferença processual e
objetiva entre os termos.
A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando
aplicada à escola. O termo é encontrado até mesmo para denominar alunos agrupados
em escolas especiais para portadores de deficiência ou mesmo em classes especiais.
A noção paradigmática do termo integração é o princípio de normatização
(MANTOAN, 2001). Neste caso, o aluno NEE, pelo conceito referido, deve ter acesso à
educação, sendo sua formação adaptada às suas necessidades específicas.
MRECH (apud VOIVODIC, 2004) afirma que a integração é uma prática seletiva,
pois é o aluno deficiente que deve se adaptar aos parâmetros de normalidade e, quando
isso não ocorre, esse aluno é colocado nas classes especiais. Privilegia-se, dessa forma,
o conceito médico de deficiência. Para a autora, na educação inclusiva, não são os
alunos deficientes que têm que se adaptar aos padrões normais, mas sim, os alunos sem
deficiência que devem aprender a conviver com os deficientes. O objetivo é que o aluno
com deficiência atinja o máximo de sua potencialidade em um ambiente menos
restritivo, com ajuda e suportes necessários.
Integração refere-se as intervenções necessárias para que o sujeito com
necessidades especiais possa acompanhar o currículo da escola, sendo o trabalho feito
individualmente com o sujeito e não com a escola, outros profissionais e sua família.
Acredito que integração pode ser compreendida pelo simples fato de propiciar a
convivência social entre alunos com NEE em classes regulares de ensino e inclusão é a
ação de incluir, bem como possibilitar que estes sujeitos recebam ensino adequado,
adaptado às suas necessidades. Nesta instância, estaríamos abordando a necessidade de
uma adequação curricular a fim de dar conta das diferentes formas de construir
conhecimento. Esta reformulação curricular vem a beneficiar não somente ao aluno com
NEE, mas também os demais. Esta tem sido a maior dificuldade que percebo para que
de fato possamos incluir os alunos com NEE, pois o que vemos com freqüência é a
integração e não a inclusão.
Educação Inclusiva
A chamada “educação inclusiva” teve início nos Estados Unidos em 1975, com a
lei pública 94.142. A busca por uma educação inclusiva tem uma interligação com o
movimento e a busca por uma educação de qualidade para todos.
Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão de sujeitos com
necessidades especiais ou distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em
todos os níveis, da pré-escola ao quarto grau. Segundo MRECH (2001, p.5):
na escola inclusiva o processo educativo é entendido como um processo
social, em que todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de
distúrbios de aprendizagem têm direito à escolarização a mais próxima possível
do normal. O alvo a ser alcançado é a integração da criança portadora de
deficiência na comunidade.
MRECH define inclusão destacando ainda alguns pressupostos:
inclusão é: atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na
vizinhança da sua residência: propiciar a ampliação do acesso desses alunos às
classes comuns; propiciar aos professores da classe comum um suporte técnico;
perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e
processos diferentes; levar os professores a estabelecer formas criativas de
atuação com as crianças portadoras de deficiência e propiciar um atendimento
integrado ao professor de classe comum.
Portanto, ao analisarmos este paradigma, percebemos uma certa complexidade ao
constatarmos que para que haja de fato a inclusão de um sujeito com NEE no sistema
regular de ensino temos de reorganizar vários aspectos , como: promover formação
especializada aos educadores, reorganizar os currículos,etc e, não somente transferir
uma carga de responsabilidades aos sujeitos que estão vivenciando o processo.
METODOLOGIA
Para este trabalho tive o interesse de problematizar como está ocorrendo o
processo em uma escola particular, e, também, em uma pública. Os sujeitos da pesquisa,
portanto, foram:
Escola 1 : particular - Ensino Infantil
Escola 2: pública - Educação básica
Muitas entrevistas referem que um primeiro passo já foi conquistado no processo
de inclusão do aluno com SD: o da integração. Referem, também, que o próximo passo
a ser conquistado deve ser o de auxiliar estes alunos a avançarem em seus
desenvolvimentos a nível cognitivo. Neste ponto estaria acontecendo com mais eficácia
a inclusão de fato. Não basta integrá-los ao ensino regular, mas sim, desenvolver suas
habilidades cognitivas:
“estamos numa caminhada constante quanto à integração dos alunos com SD. Já
avançamos muito. Porém, ainda necessitamos progredir em termos da avaliação do seu
crescimento cognitivo” ( Coordenadora, E2).
Fica-nos a interrogação: movidos, apenas pela “boa vontade de aceitar” o aluno
com SD, as escolas conseguem dar conta deste processo complexo que é a inclusão?
A resposta a meu ver é muito simples: embora a boa vontade seja condição
necessária, só isto não basta para que possamos incluir o aluno com SD nas escolas
regulares. Os pressupostos da inclusão, como podemos constatar em autores como
Voivodic e Mantoan, vão além de aceitar trabalhar com o aluno na escola e, sim, esta
deve rever paradigmas, reestruturar seu Projeto Político Pedagógico e seu Regimento,
trabalhar a comunidade de pais e profissionais para esta nova transformação, bem como
para a integração do aluno com SD.
UMA PROPOSTA DE INCLUSÃO PARA ALUNOS COM SD
Baseado nos estudos sobre a síndrome de down, experiências de inclusão com
alunos com SD em escolares regulares (Projeto Roma3 e Projeto Educar mais 14) e,
também, a partir da coleta de dados, pretendo apresentar uma proposta de trabalho
inclusivo que busque ir ao encontro da complexidade que permeia o tema- inclusão
e possa auxiliar os alunos com NEE a se desenvolverem plenamente: cognitiva,
social e afetivamente.
A proposta visa à inserção total dos alunos a partir dos seguintes pontos de
vista:
Da integração, com a inserção do aluno em classes regulares e sua participação
em todas as atividades escolares;
Social, com a aceitação da criança pela comunidade escolar e pela sociedade,
permitindo seu desenvolvimento global;
Pedagógico, possibilitando ao aluno realizar as atividades e, se for o caso,
readaptá-las, devendo ocorrer, para isso, se necessário, a mudança curricular.
Como deve estruturar-se a escola:
•
Reorganizar seu PPP (Projeto Político Pedagógico) e Regimento Interno,
ou seja, estabelecer como a escola concebe inclusão, bem como se estruturar para
que esse processo ocorra;
•
Esclarecer e discutir junto ao seu corpo docente, primeiramente, do que
vem a ser SD e após sobre o processo de inclusão;
•
Discutir e esclarecer dúvidas junto a grupo de pais da escola por meio de
palestras e encontros sistemáticos;
•
Realizar encontros junto à comunidade onde a escola está inserida seria
interessante na medida em que estaríamos divulgando os pressupostos da inclusão e,
3
Projeto Roma (in VOIVODIC, 2004) foi desenvolvido em Málaga, Espanha, coordenado pelo professor
Miguel Melero, iniciado na década de 90.
4
Projeto desenvolvido a partir de uma iniciativa de um grupo de pais de crianças com SD, em São Paulo.
também, esclarecendo dúvidas para diminuir o preconceito que ainda existe em
torno do sujeito com SD;
•
Traçar estratégias junto aos pais de alunos com SD, faz-se necessário na
medida que a parceria entre escola e família, comprometida com o processo de seu
filho, auxiliará para o pleno desenvolvimento desses sujeitos;
•
Promover discussões a respeito dos processos de desenvolvimento com
profissionais da escola e especialistas;
•
Designar um professor auxiliar nas turmas que têm alunos com SD cuja
função será a de mediador do aluno. A mediação terá o objetivo de facilitação da
aprendizagem do aluno, tanto no contexto escolar quanto familiar. Familiar na
medida em que se sistematizarão encontros com a família a fim de discutir o
processo e, também, traçar parcerias de apoio;
•
Propiciar aos professores que discutam e desenvolvam projetos junto ao
grupo na qual trabalham a fim de tratarem sobre as diferenças para que desta forma
todos compreendam sobre a SD e desenvolvam sensibilidade e respeito para lidarem
com as diferenças.
O principal ponto desta proposta vem ao encontro da possibilidade de oferecer
aos alunos com SD inclusos no ensino regular uma educação de qualidade e de
equidade para todos, respeitando o ritmo de cada aluno, sem que haja qualquer
forma de exclusão. Para finalizar, cito VOIVIDIC (2004, p. 163):
A inclusão não pode continuar a ser vista como uma utopia, não é um
modismo e não está ligada apenas às escolas. A inclusão é um processo social
maior, que engloba a educação inclusiva, estando vinculada ao respeito a direitos
humanos.Todos os indivíduos, com deficiência ou não, devem ter seus direitos
respeitados, podem fazer parte de fato da sociedade e, portanto, serem aceitos
nas escolas e terem suas necessidades educacionais atendidas. A inclusão
pressupõe mudanças nas atitudes das pessoas, na estrutura social e na educação.
Pressupõe a valorização da diversidade dentro da comunidade humana.
Portanto, os profissionais da Educação e da Psicopedagogia têm um longo
caminho pela frente , mas um possível caminho...
O papel da Psicopedagogia no Processo de Inclusão Escolar
A Psicopedagogia como área de estudo dedicada a compreender os processos
de aprendizagem e, consequentemente, das dificuldades de aprendizagem tem um
importante papel no processo de inclusão das PNEE.
Os profissionais podem tanto atuar auxiliando os sujeitos a se tornarem autores
de seu próprio processo de aprendizagem,bem como podem fazer parte da equipe
técnica que está frente a proposta de inclusão na instituição de ensino. Portanto,
atuará nos dois âmbitos possíveis do fazer psicopedagógico a constar: clínico e
institucional.
Primeiramente deverá servir de articulador de todos os envolvidos no processo
de inclusão a fim de fazer uma análise da aprendizagem de cada sujeito em
particular para auxiliar a escola num processo inclusivo que não culmine com a
exclusão.
Orientar a todos a não focar a “doença” como algo limite que impossibilite o
sujeito de aprender, bem como desmistificar alguns comportamentos e atitudes que
frequentemente são associadas a determinadas patologias e/ou síndromes. Este
profissional também orientará pais e profissionais a voltarem seus olhares para o
desenvolvimento possível e não aquele que eles imaginam ser o ideal para que o
aluno possa chegar onde é esperado.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito a rever métodos didáticos e
avaliativos. A contribuição do psicopedagogo volta-se a auxiliar os dirigentes das
escolas a adaptarem estes para não tornamos a escola excludente na medida,por
exemplo, que classificamos os bons e os ruins. A avaliação, por exemplo, deve-se
focar em dois pólos do ser humano: a individualidade e a grupalidade e, não
somente na análise individual de desempenho.
O
psicopedagogo
também
atuará
auxiliando
pais
e
educadores
a
compreenderem o processo de inclusão a partir de encontros, palestras e conversas
esclarecedoras. Poderá coordenar ou co-participar do Projeto de Formação
Continuada dos professoras da instituição de ensino que está vivenciando o processo
de inclusão juntamente com os demais profissionais envolvidos (coordenadores
pedagógicos, psicólogos, dentre outros).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente o olhar sobre os sujeitos com NEE está sendo paulatinamente
modificado, no entanto o preconceito ainda faz parte da nossa sociedade, que
sempre rejeitou os diferentes ou por ignorância ou por falta de informação.
De fato estamos vivendo uma mudança de paradigma que está em busca de
uma educação de qualidade e para todos.
Fica claro que os sujeitos com NEE devem freqüentar a escola regular e não
podem ficar segregados em instituições especiais por toda a sua existência. Eles
podem mais e a cada nova experiência que nos deparamos, os alunos com SD nos
mostram que podem alçar longos vôos.
A inclusão desses alunos não pode ser apenas promovida por decretos ou leis,
mas sim, devemos desejar e acreditar nesse processo. Aceitar o aluno porque a lei
obriga? Não! Não podemos aceitar estas práticas que acrescentam pouco para o
desenvolvimento dos alunos com SD.
As escolas estudadas, tanto a pública quanto a privada, apesar de aceitarem a
criança com deficiência, não estão preparadas para propiciar condições necessárias
para que ela tenha um desenvolvimento adequado, ou seja, auxiliá-la a construir
conhecimentos.
Muitos professores não têm recebido o suporte e o apoio necessários para
capacitá-los a trabalhar com alunos com SD. Este fato foi constatado tanto na escola
pública quanto na privada.
A inadequação do currículo e da avaliação dificulta a participação dos alunos
com SD no processo de aprendizagem. Mas não podemos pensar que a mudança
curricular venha apenas a beneficiar os alunos NEE, mas sim, deve ser pensada para
oferecer a todos uma educação de qualidade. Uma educação de qualidade e para
todos tem sido um dos pilares da educação inclusiva e, portanto, devemos
reestruturar o sistema educacional para promover essas mudanças de paradigma.
Nas escolas estudadas, nas quais estão inseridos os alunos com Síndrome de
Down, a adaptação curricular é insuficiente para que haja de fato um ensino de
qualidade. Faz-se necessário prever atuações dirigidas à facilitar o pleno
desenvolvimento das potencialidades de cada sujeito.
A avaliação, na escola
pública ainda volta-se para uma análise quantitativa em detrimento de uma
abordagem
qualitativa,
portanto
dificultando
o
acompanhamento
do
desenvolvimento aluno com SD.
Foi possível verificar que as escolas pesquisadas estão bem mais avançadas
em seus processos de integração do que de inclusão. Faz-se necessário que cada
escola possa definir efetivamente estratégias para conduzir de fato o processo de
inclusão desses alunos.
Seria necessário, também, que aos pais fossem oferecidos um trabalho de
apoio na escola para que pudessem ser discutidos com eles os processos de seus
filhos.
O papel da Psicopedagogia e da Educação é delimitar caminhos que favoreçam
o acesso ao conhecimento, ou seja, auxiliar todos os sujeitos a garantirem o que é
seus de direito- a condição de aprendizes e a obtenção de uma educação de
qualidade.
Destaco que não podemos deixar de lutar por uma educação de qualidade para
todos e subentende-se com currículo adequado a realidade de cada comunidade, uma
avaliação qualitativa, com práticas igualitárias e não discriminatórias. Iremos
encontrar muitos obstáculos pelo caminho e dificuldades, também, mas isto não
pode servir de desculpas para não darmos continuidade a este desafio: incluir os
alunos com NEE nas escolas regulares.
O campo de atuação que se delineia é vasto e a psicopedagogia, como umas
das áreas responsáveis pela aprendizagem, tem muito a contribuir para o processo de
inclusão dos sujeitos com NEE, que contempla o trabalho com famílias e equipe de
profissionais da escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEYER, Hugo. História da Educação Especial no Brasil (texto digitado),2004.
BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases de Educação. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL Constituição Federal, Brasília: MEC 1988
BUCHER, Bernadeth. Integração ou inclusão? Uma Questão de conceito. IN:
ROMAN, Ernilda e STEYER, Vivian (org.). A Criança de 0 a 6 anos e a Educação
Infantil: um retrato multifacetado. Canoas: Ulbra, 2000.
FERREIRA, Julio Romero. A exclusão da Diferença: a educação do portador de
deficiência. Piracicaba: Unimep, 1994.
INEP, Informativo. 6 de outubro de 2004.
MANTOAN, Maria Teresa. A Integração de pessoas com deficiência:
contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997.
Parâmetros curriculares nacionais: Adaptações Curriculares/ secretaria de
Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. – Brasília:MEC/SEF/Seesp,
1998
VOIVODIC, Maria Antonieta. Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de
Down. RJ: Vozes, 2004.
Revista Nova Escola, setembro de 2003, Editora Abril, p.42-47.
STOBAUS, Claus Dieter & MOSQUERA, Juan José M. (orgs.). Educação
Especial: em direção à Educação Inclusiva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
WERNECK, Claudia. Muito Prazer, eu existo. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
Download

uma proposta de inclusão - ABPp-RS