Besma Massad FAAC_UNESP-BAURU N1inistrando a disciplina "Fundamentos semioticos para a leit~ ra dos objetos", na area de PO~TICAS VISUAlS do Curso de PosGraduagao PROJETO, ARTE E SOCIEDADE, tura, Artes e Comunicagao lando os conhecimentos da Faculdade de Arquite- da UNESP, campus de Bauru, assimi - de autores como 1i'lUKAROVSKY(Jan, Escri tos de Estetica y Semiotica del Arte, trad., Barcelona, 1i, 197Q), BAUDRILLARD Sao Paulo, Perspectiva, 'Iozes, 1972), esco- 1hemos duas obras de arte para uma analise comparativa 0 I 1973), MOLES (Abraham A. e outros, ~ miologia dos objetos, trad., Petropolis, tiCRI G.Gi- (Jean, 0 sistema dos objetos, trad., quadro "A cadeira", semio- de Van Gogh e a poltrona de Riet- veld. A cadeira de Rietveld, 1918, foi objeto de analise no livro': S¥miotica da Arte e da Arguitetura, de Decio Pignatari Paul~, Cultrix, 1981) p.? e ss.,e e'ilustragao (Sao da capa deste '..8 mesmo livro. Pignatari comega sua analise assim: "Esta Did paopriamente plasticista." urna cadeira: e urn pensamento. E urn manifesto E cita trechos &Dli~ra de Mondrian plasticista-teorico) que anuncia os princ{pios ne~ (pintor neo- de uma arte UR niversal, urna poss{vel arte coletiva. A cadeire de Van Gogh esta inserida no livro DRUMMOND, em eXRosicao (Rio de Janeiro, Salamandra-Record, com versos do poeta a Arte I ~990), p.76, p.?7: "Ninguem esta sentado mas adivinha-se Na biografia 0 homem angustiado." do pintor, Walmir Ayala se expressa logo no in{- cio: "Uma cadeira. Van Gogh queria mesmo pintar urna cadeira." Drummond escreveu cronicas que reuniu num livro que intitulou Cadeira de Balango (Rio de Janeiro, Jose Olympio, 1966). E se justificou: "Cadeira de balango e ra que nao fica mal em apartamento so e esti1!1ulaa contemplagao movel de tradigao bresileiT moderno. Favorece 0 repou- serena da vida, sem abolir 0 prq zer do movimento. Quem nela se instale podera ler eetas p~ginas mais a seu comodo. DaIo tItulo do livro •••" Mas a cadeira de Van Gogh nao e urna cadeira de balango. objeto domestico, urnmovel que tem as caracterIsticas gao da finalidade a que serve. A forma do objeto, de que e 0 E um em fun- material feito e cada urn dos componentes deste objeto tern seu valor. Qualquer objeto manufaturado pelo homem (objeto ~nico, ou objeto estetico ou obra de arte) e mesmo objeto' produzi do, em larga escala industrial e intencional no seu ato de criagao. Nas suas fungoes esta implIcita sua utilidade. Na forma ds ca~eira ja esta presente homem, ja se pressente 0 a mecanica do ato de sentar-se, de apoiar-se, de mudar de pos1gao de um lado para 0 outro. Esta e uma cadeira em cuja assento ha urna vela e livrosja ch~ ma da vela neo t em a intensidade d~quela da parede e mostra a falta do homem. o ambiente e fechado, sem as luminosidades de urn espago aber- to, as cores 1ntensas, "fauves", tragos bem definidos, porta!!. to diferente do impressionismo. Se 0 homem fizesse parte do quadro, pelo tratamento que da ao quadro com 0 tipo de pinceladas, chegaria ao expressionismo. A cadeira esta em foco, no quadro, e perfeito. A vela da parede ilumina 0 ra ilurnina a leitura. A cadeira sem 0 jogo de luz e sombra e quarto. 0 A vela da cadei- homem, mas com os elem~ tos do homem tern urna historia. Luz e livros denotam sabedoria.. Transpondo para a analise das imagens as figuras como faz Jacques Durand, no seu art1go Ret~1ca de retorica, e imagem publ1 c1taria (in: METZ, Christian e outros, A an~lise das imagens, Petropolis, Vozes, 1973, p.19-55), temos aI urn processo metonImico: os objetos do homem em lugar do homem. A arte exige a atengao e a participagao do leitor, do recep~ ou do espectador, que vai analisando os componentes da obra de arte: a superfIcie, as linhas, as cores, os contorno~, volume, 0 espago, os objetos, te caso, a ausencia de 0 I 0 cenario, luz e sombra e, nes- personagem, ou melhor do homem. t per- sonagem Central ; a cadeira. 43Y a sonho de todo arquiteto e criar a sua cadeira. Ha cadeiras famosas de arquitetos nao menos famoBos do seculo XX. Uma ve£ dadeira fixagao. t 0 lugar em que a maioria das pessoas se a- . , ' comoda para trabalhar, estudar, locomover-se nos ~numeros ve~ culos que circulam por toda parte. A cadeira de Rietveld e um exemplo dos tipos de cadeiras que sac projetadas por designers e arquitetos e revela a contrib~ igao do desenho industrial no ambito das artes. Fazer uma cadeira exige do designer um profundo conhecimento da anatomia humana, dos gestos humanos, os fatores de ambiencia, ou seja, a integragao do objeto com vista 0 0 ambiente,tendo em b em estar e a saude do usuario. Renato De Fusco (Hist~ria da Arte contemporanea, trad., Lis boa, Presenga, 1988, p.286)considera que na famosa poltrona / se encontram prefigurados e sintetizados quase todos os termos da linguagem neoplastica - um objeto de arte util: a decomposigao de volume' em planos, como acontece com 0 espaldar, 0 a~ sento e os bragos da poltrona; as pranchetas que formam a estrutura do m6vel nao sac encaixadas mas simplesmente encoatae das umas as outras e aparafusadas, formando amgulos de 902, a utilizaga~ do vermelho, do amarelo e do azul. Sao todos ele mentos invariantes e recorrentes do est1lo neoplastico, quer se trate de pintura, escultura, arquitetura ou objetosde de- si.n. A cadeira de Rietveld confort~vel. i e u~a escultura. Nao e se de um quadro bidimensional sa±sse para 0 e func1onal,nem um objeto art{st1co e nao pragmat1co. i como tridimensional,g~ nhando volume de escultura. Ganha status de arte. Um objeto que faz parte do cotidiano, sai do referente cotidi ana e se torna um referente do texto que e ele mesmo. Tem todos os elementos de uma cade1ra comam - bragos, assento, en _ costo - mas todos trabalhados art1Bticamente. Nao foi para fim deuso. Duas cadeiras em oposigao. S~ tem em comum 0 feita valor estetico.